JS - Maio de 2014 - Página 8 O Taxistas ainda não têm banheiros nos pontos fixos, mas o poder público municipal vai cobrar o uso da camisa azul tempo está passando e o prefeito José Fortunati ainda não conseguiu resolver o problema da falta de banheiros nos pontos fixos de táxis da capital gaúcha. Embora já esteja no segundo mandato - Fortunati foi viceprefeito de Fogaça -, a equipe responsável pelo estudo do mobiliário urbano não apresentou nenhum resultado sobre os lavabos que deveriam ser instalados para que os taxistas possam utilizálos quando estão trabalhando. O presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, lamenta a inércia da prefeitura e cobra uma posição do prefeito. “Até quando os taxistas terão que urinar em copos, garrafas plásticas e descartá-los nas ruas?” Os agentes de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) vão cobrar dos taxistas o uso de camisa de cor azul. Quem não estiver utilizando a vestimenta determinada pelo poder público municipal pagará multa, mas os profissionais do volante não têm um local adequado para urinar e defecar, necessitando da boa vontade dos proprietários de bares, restaurantes e lojistas que emprestam os banheiros de seus estabelecimentos comerciais. O dirigente sindical questiona o setor responsável pelo mobiliário urbano devido a demora na conclusão do estudo e apresentação de um projeto que seja colocado em prática logo, para que os pontos fixos possam se adequar e oferecer esta comodidade ao taxista. Projeto Em 12/05/2009 foi apresentado um projeto para a instalação de cápsulas pré-moldadas de aço equipadas com lavabo, sala de multiuso, local de espera, telefone público, lixeiras, mapa da cidade e quadro informativo. A ideia é dos arquitetos Jair Oliveira e Maria Bernadete Sinhorelli, da J.MBS, empresa de arquitetura e construções. O projeto foi mostrado aos membros do Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu) e dois dias depois ao então vice-prefeito, José Fortunati e representantes de diversas secretariais municipais. A instalação das cápsulas não gera custos à prefeitura, sendo que as paredes externas podem ser utilizadas para publicidade, desta forma os taxistas podem arrecadar a quantia necessária para a colocação e manutenção do equipamento. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) já havia autorizado a instalação de Não existem lavabos nos pontos fixos de táxis Editoria de Arte/SP Comunicação um protótipo no ponto de táxi localizado na Rua 24 de Outubro esquina Rua Hilário Ribeiro, no bairro Moinhos de Vento, mas voltou atrás, prejudicando a execução do projeto que seria pago por uma empresa de telefonia. Segundo Maria Bernadete, a cápsula tem 2,25 x 1,28 m e a área total no ponto é 3,85 x 2,00 m. É feita com aço, PVC rígido e policarbonado, sendo colocada numa base, apoiada com pilares e uma cobertura.Também é possível instalar uma placa solar fotovoltaica, que capta a energia do sol. Ainda em 2011 o projeto seguia a “interminável” discussão e outros dois pontos fixos foram designados para receber o protótipo, o do Capitólio, na Praça Daltro Filho, no Centro Histórico, ou o do bairro Floresta, situado na esquina da Rua Félix da Cunha com Av. Cristóvão Colombo. Porém nenhum dos dois pontos recebeu o protótipo e o projeto parou nas mãos da coordenadora-geral do Gabinete de Planejamento Estratégico, Izabel Matte. Para o presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, esta situação mostra o descaso da prefeitura de Porto Alegre com os taxistas. Não adianta “mascarar” a realidade obrigando os profissionais do volante a utilizar determinado tipo de roupa, enquanto eles não têm condições de trabalhar. Faltam lavabos nos pontos fixos para que os taxistas possam urinar e defecar, o que é uma questão de dignidade. Não existem locais de desembarque no Centro Histórico de Porto Alegre, obrigando os profissionais do volante a parar em fila dupla. Isto significa que os visitantes terão dificuldades de chegar aos pontos turísticos localizados naquela região da cidade. Falta segurança de verdade, já que diariamente os trabalhadores são vítimas de assaltos e roubos, fato que só chama a atenção da imprensa, sociedade e autoridades públicas, quando ocorre violência física, muitas vezes resultando na morte do taxista. A tarifa do táxi está defasada há muitos anos e a prefeitura se nega revisá-la com medo da reação da imprensa e da população no período eleitoral. Onze táxis, oriundos do município vizinho de Viamão, ingressaram pela “porta dos fundos” e a prefeitura de Porto Alegre ficou em silêncio aceitando e oficializando a irregularidade. “É possível nominar uma série de problemas que o sistema de táxi de Porto Alegre registra, mas a prefeitura não está muito interessada nisto e só pensa na Copa do Mundo, fazendo com que os taxistas utilizem uniforme e sustentem as administradoras de cartões e bancos pagando taxas e tarifas. Tudo isto para ‘inglês ver’, ou seja, uma grande mentira, como se a capital gaúcha fosse uma grande cidade e tudo estivesse certo”, desabafa Nozari. O dirigente sindical não entende os motivos da burocracia da prefeitura de Porto Alegre para dar o devido andamento ao processo do mobiliário urbano. “O atual governo ainda não conseguiu resolver esta questão e, no entanto, está preocupado apenas com ‘perfumaria barata’, já que o taxista deve usar um determinado tipo de roupa, como se isto fosse primordial para o exercício da atividade com qualidade. O serviço bem prestado não depende do tipo e da cor da roupa que o profissional do volante usa, desde que esteja trajado de forma adequada com calça, camisa e calçado. Bem vestido, cabelo cortado, barba feita e roupas limpas, isto é o ideal. Agora, o essencial, que são os lavabos nos pontos fixos, bem isto fica para o futuro incerto, que ninguém sabe exatamente quando e como isto acontecerá de forma efetiva”, conclui Nozari.