ALFABETIZAÇÃO: DA ORALIDADE À PRODUÇÃO TEXTUAL Martins, Neide Aparecida Escola Municipal Leôncio Pinheiro da Silva Resumo Pretende-se com este trabalho mostrar uma experiência vivenciada em sala de aula com alunos de 1ª série da escola municipal Leôncio Pinheiro da Silva, MT. O projeto surgiu pela necessidade de contemplar a proposta pedagógica da escola e desenvolver nos alunos a oralidade, leitura e produção textual através de fábulas. A principio a fábula era lida, ou contada com dramatização, emoção, suspense, questionamentos e participação das crianças. As mensagens das fábulas eram discutidas e eram apresentadas outras versões para que os alunos pudessem perceber diferentes possibilidades de interpretação em cada história. Apos a oralidade partia-se para a montagem do livrinho onde os alunos apresentavam as fábulas ilustradas. Percebeu-se no decorrer do trabalho que os alunos sentiam-se seguros e entusiasmados na realização das atividades, despertaram o gosto pela leitura e avançaram no nível de desenvolvimento da leitura e escrita. Palavras-chave: alfabetização, autonomia, aprendizagem. O tema alfabetização tem sido muito discutido no cenário da educação brasileira. Os parâmetros curriculares nacionais - PCNs - (1997) coloca que “no ensino fundamental o eixo da discussão, no que se refere ao fracasso escolar tem sido a questão da leitura e escrita” desde então há muitas criticas às práticas de alfabetização pautadas em métodos tradicionais, pois este tipo de ensino desconsideram a linguagem do aluno, principalmente na alfabetização, que fragmenta a linguagem descaracterizando-a de seus reais valores de existir e comunicar, ou seja, a linguagem trabalhada desta forma a torna mecânica perdendo sua significação, e aponta “a necessidade da reestruturação do ensino de língua portuguesa/”. (PCNs. 1997). O enfoque está voltado em defesa de uma prática pedagógica que respeita e valoriza o rítimo de aprendizagem da criança, baseado em estudos feito desde o início da década de 80 que “deslocam a ênfase habitualmente posta em “como se ensina” e buscaram descrever “como se aprende””. (PCNs 1997 p. 20).. Fundamentado nas pesquisas de Ferreiro e Teberosky, (1989) apresenta a proposta de trabalhar a alfabetização a partir de texto. Orlandi (1995), afirma que os estudos dos Sociolinguínticos, dos Etnolinguísticos, da Pragmática , da Teoria da Enunciação e Análise do Discurso concebem a Linguagem como processo de interação verbal. Estes estudos estão voltados para a heterogeneidade e a diversidade, partindo do texto como unidade mínima de análise da língua. Nesta perspectiva foi realizado um trabalho com alunos de 1ª série da escola municipal Leôncio Pinheiro da Silva, situada na Rua Rio Grande do Sul, nº 208 no Bairro Benjamim Raiser, criada através do decreto Lei Nº. 864/00, município de Sorriso, Mato Grosso. A turma é composta por 28 alunos oriundos do bairro, bairros circunvizinhos, fazendas e do assentamento Jonas Pinheiro., com o objetivo de desenvolver nos alunos a oralidade, a leitura e produção textual. Porém para atingir este objetivo faz-se necessário fazer uma reflexão sobre como a criança aprende. Não basta apenas mudar o foco da unidade mínima de análise da linguagem (o texto), pois é preciso mudança de postura do professor alfabetizador. É preciso compreender como se dá esse processo no aprendizado da leitura e escrita da criança e respeitar este processo. Para compreender melhor esta questão buscou-se amparo na pesquisa de Ferreiro e Teberosky (1985) que descobriram que a criança vai formulando hipóteses de como se lê e como se escreve, e vai confrontando estas hipóteses com suas experiências, isto é, vai testando-as, até chegar a construir ela mesma, a hipótese utilizada na escrita e leitura de sua língua materna. Com base no trabalho das autoras citadas a cima foi feito um diagnóstico com os alunos no primeiro dia de aula (07/02/2008) e reforçado por outro em (28/02/2008) este último mais preciso pois já havia uma harmonia entre os alunos e entre os alunos e o professor, e no primeiro dia nem todos os alunos compareceram. O resultado demonstrou uma turma heterogênea onde 13 crianças apresentaram desenhos nos diagnósticos, podemos dizer então que estão no nível pré-silábico que segundo Ferreiro e Teberosky (1985) para a criança a escrita e o desenho é a mesma coisa. Ou ela pode encontrar na letra algum desenho. Em relação à escrita, a criança começa fazer rabiscos indiscriminados (garatujas) tanto quando quer desenhar, como quando quer escrever. Isto pode significar que estas crianças ainda não perceberam a escrita através das letras, ou se sentiram inseguros em escrever como pensam “garatujas”. Uma criança que faz uma escrita pré-silábica conforme Ferreiro e Teberosky (1985) observa algumas regras como: lei de diversidade, acha que as palavras são escritas com sinais (letras) diferentes. Lei de quantidade, exigência de um mínimo de letras para que algo seja legível. Porem estas 13 crianças ainda não chegaram neste pensamento. Quando uma criança acredita nestas leis já compreendeu que se escreve através de letras, e elas apresentaram desenhos. Foram identificados 05 alunos silábicos, Ferreiro e Teberosky (1985) afirmam que neste nível a criança atribui um valor sonoro às letras, cada letra corresponde a uma sílaba. Essa hipótese traz algumas dificuldades para a criança, pois força a derrubada das leis de diversidade e de quantidade. Esse conflito da criança precisa ser compreendido pelo professor, para fazer intervenções que ajudam a criança a avançar em suas hipóteses. O erro não é considerado como ponto negativo, não significa que a criança não sabe, ele é importante para compreender o pensamento da criança, a hipótese que ela está levantando, em que nível de desenvolvimento da leitura e escrita ela se encontra no processo de alfabetização. Ferreiro e Teberosky (1985), descobriram que quando a criança já está superando o nível silábico, domina o silábico, porém entra em contradição quando confronta a escrita com palavras corretas em livros, placas, fichas, embora escrevendo algumas palavras alfabéticas, escrevem outras silabicamente está no nível alfabético. E neste nível foram diagnosticados 08 alunos nesta turma. Foram diagnosticados também 02 alunos que as vezes escreviam silabicamente e as vezes alfabeticamente e conforme pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1985) podemos dizer que estes alunos estão na hipótese silábico-alfabética. Conforme as autoras quando o aluno escreve de acordo com as regras da língua escrita está no nível ortográfico. Tanto os alunos pré-silábicos quanto os silábicos apresentaram dificuldades em desenvolver as atividades propostas no diagnóstico argumentando que não sabiam fazer e demonstrando acentuado nervosismo, foi necessário muito incentivo para que os mesmos colocassem o que pensavam sobre a escrita no papel. È angustiante para o professor trabalhar com crianças inseguras em fazer as atividades por medo de errar, pois essa atitude prejudica a aprendizagem das crianças. Percebe-se no comportamento destas crianças a influência de práticas de alfabetização, que procuram mostrar que as línguas obedecem princípios racionais e lógicos e deve ser escrito corretamente, nesta concepção o erro é considerado um ponto negativo, Smith (1999) afirma que: “a sala de aula deve ser o lugar onde ocorrem as atividades de leitura e escrita significativas e úteis, onde é possível a participação sem coerção ou avaliação e onde haja disponibilidade de colaboração”. Faz-se necessário valorizar o trabalho do aluno para elevar a sua auto-estima, essa é uma tarefa muito importante do professor, pois é muito difícil trabalhar com crianças que não acreditam no potencial que tem. As crianças precisam acreditar que são capazes. Seria um desafio trabalhar com uma turma heterogenia (com alunos de todos os níveis) e principalmente com alunos que ainda não identificavam as letras do alfabeto. De acordo com Smith (1999), “as crianças aprendem naturalmente, não decorando ou pela adivinhação irresponsável, mas tentando avaliar a probabilidade de que algo esteja certo”. Tendo como princípio que a criança elabora suas hipóteses sobre como se lê e escreve naturalmente, percebeu-se a necessidade de trabalhar uma metodologia que atendesse todos os alunos em seus respectivos níveis e os despertassem para a autonomia e autoconfiança na realização das atividades. Envolvendo-os num ambiente alfabetizador de construção de conhecimento. “a criança que não sabe ler nem escrever pode ter interesse em aprender ao perceber a possibilidade de apropriar-se do que está escrito. O simples saber ler já lhe confere um grande prazer e independência”. TIBA (2006 p.61) A leitura de textos baseados na literatura infantil para os alunos, apresentou-se apropriada para o inicio de cada aula, uma vez que para Smith (1999): “a única maneira que as crianças têm de se tornarem familiarizadas com a linguagem escrita, antes que possam ampliar o seu conhecimento lendo sozinhas, é através da leitura que outra pessoa faça para elas” Outras atividades como: músicas infantis para cantarem juntos; oferecer letras de música com letras em caixa alta, em formato grande, para cantarem lendo juntas, era associado às leituras textuais, pois Smith (1999) afirma que: “é importante ler para as crianças, porém ainda mais importante é ler com elas, as crianças recebem a sua primeira chance de resolver muito dos problemas de leitura quando elas lêem com um adulto o mesmo texto ao mesmo tempo” O trabalho foi realizado com os mais diversos gêneros textuais, literatura infantil, recorte de jornal, revistas, receitas, rótulos etc.vários destes recursos trazidos pelos próprios alunos, porém a experiência apresentada aqui traz como referencia mais especificamente as atividades com o gênero textual fábulas. O interessante deste gênero é que se por tratar de textos curtos são de fácil leitura e como se utilizam de personagens animais prendem a atenção da maioria das crianças. Todavia, o mais interessante é que a função da fábula é passar uma moral ou no meu ponto de vista uma mensagem. Um ensinamento. Disponível no site. http://andressacf.blogspot.com/2008/07/fbula-e-profisses.html O projeto fábulas teve inicio em 03 de março/2008 e surgiu pela necessidade de apresentar o resultado do trabalho na amostra pedagógica da escola em setembro/2008. A principio a idéia era contar ou ler cada fábula, discutir com os alunos depois montar um livrinho com as fábulas trabalhadas, ou seja, cada página contendo uma fábula representada por desenho e/ou escrita conforme o nível de cada aluno, ao final do projeto, cada aluno apresentaria seu livro contendo todas as fábulas trabalhadas. Os alunos precisam ser encarados como pessoas que precisam ter sucesso em suas aprendizagens. E para se desenvolver pessoalmente, podem e devem ser incentivados a ler e escrever antes mesmo de o fazerem convencionalmente e cabe ao professor propor situações desafiadoras de alfabetização pautadas na leitura e na escrita, tendo o conhecimento das principais variáveis que interferem na aprendizagem, fazendo uso deste conhecimento para organizar seu trabalho. Disponível no site. http://www.jornallivre.com.br/15172/artigocomentado.html#co mentario Para estimular à produção escrita as fábulas foram lidas ou contadas com dramatização, emoção, suspense, questionamentos e participação das crianças . As mensagens discutidas e apresentadas em outras versões, para que os alunos pudessem perceber diferentes possibilidades de interpretação de uma mesma história. A primeira fábula trabalhada foi a Cigarra e a Formiga (período de 03/03 à 14/03) que traz a formiga como trabalhadora e a cigarra preguiçosa, com a mensagem de punição para quem não trabalha, sendo considerado apenas o trabalho árduo da formiga. A segunda versão foi contada referindo-se a um outro formigueiro e uma outra cigarra, onde a formiga reconhece o trabalho artístico da cigarra e a presenteia com hospedagem e alimentação na época de inverno. A apresentação desta fábula foi também com o objetivo de que os alunos pudessem entender a importância de todas as profissões na vida em sociedade. As crianças participaram das discussões, levantaram hipóteses a respeito do assunto em questão, foram desafiadas a fazer outras leituras para se envolverem tornando a aprendizagem significativa. Após trabalhar a oralidade partia-se para a confecção do livrinho, onde as fábulas eram ilustradas e escritas conforme capacidade de cada aluno. Muitos alunos se sentiam inseguros para escrever mesmo aqueles que apresentavam a hipótese alfabética, e era sugerido aos mesmos que escrevessem o que sabiam e como sabiam a respeito da fábula, então eles levantavam suas hipóteses em relação á escrita, faziam questionamentos sobre as palavras que queriam escrever e eram desafiados a descobrir. Este trabalho é muito importante para fazer o aluno pensar sobre a escrita, porém os alunos pré-silábicos sempre pediam para que fosse colocado o texto no quadro. Então eram mostradas a eles as palavras que queriam escrever. Em seguida foi realizado o trabalho com a fábula da zebra com listras atravessadas, no período 17/03 à 27/03, que vivia angustiada por ser diferente, um dia resolveu fugir e encontrou a girafa quadriculada e ao sentir a segurança da girafa conseguiu perceber que a posição de suas listras não era o mais importante. A partir daí refletindo sobre a diversidade cultural com as crianças. Durante o trabalho com estas fábulas foram desenvolvidas várias atividades de caça-palavras, palavras cruzadas, montagem de palavras com o alfabeto móvel, usando as palavras mais enfocadas nos textos, com os alunos silábicos e pré-silábicos para que os mesmos pensassem sobre a escrita e confrontassem suas hipóteses O trabalho com fábulas foi se ampliando e ganhando uma dimensão inesperada, as crianças entusiasmadas, todos se envolviam demonstrando interesse em realizar todas as atividades propostas. Após ter confeccionado duas páginas do livrinho surgiu a idéia de confeccionar um livrinho para cada fábula. O lobo e os sete cabritinhos esta trabalhada no mês de abril, eram confeccionados, página por página já com desenhos a ser coloridos com espaço para a produção da escrita. Neste momento as crianças já se apresentavam mais confiantes em relação à escrita, os alunos pré-silábicos já não tinham receio de colocar no papel as “garatujas”. Uma fábula que os alunos gostaram muito foi “O Burro Peidorreiro”, a qual pedia que fosse repetida diariamente. A cada página feita do livrinho sentia-se o prazer das crianças, que vinham me encontrar todos os dias no portão da escola e perguntavam: “Professora hoje nos vamos fazer mais uma página do livrinho”? É a história de um fazendeiro que tinha um milharal que estava sendo atacado por macacos que comiam todas as espigas de milho, então contratou o leão, depois a onça e depois o elefante do circo para assustar os macacos. Nenhum destes animais conseguiu. Os macacos continuaram comendo o milho. No circo tinha um burro velho e o dono do circo queria sacrificá-lo, pois já não servia para nada. Ao ouvir o que dissera o dono do circo, o burro muito triste resolveu salvar sua vida e fugiu dali. Foi então que se lembrou do fazendeiro e resolveu pedir ao mesmo para tentar acabar com os macacos. O fazendeiro achou graça, afinal nem o leão que é o rei da floresta tinha conseguido. Agora aquele burrinho de nada... queria fazê-lo. Como não tinha nada a perder o fazendeiro permitiu que o burro tentasse. O burro acordou bem cedo e foi se deitar bem no meio do milharal quando os macacos apareceram o burro quietinho deitado no chão soltou um pum. Os macacos ficaram horrorizados, nunca tinham sentido um cheiro tão ruim em toda vida. Começaram a procurar de onde vinha o cheiro até que viram o burro esticado no chão. Acharam que o burro estava morto e por isso fedia, então os macacos resolveram tirá-lo dali para não estragar os milhos com aquele cheiro horroroso. Pegaram cipó e amarraram no burro, cada um segurou em uma ponta do cipó. Quando eles estavam puxando o burro, o mesmo começou a soltar pum, e os macacos não conseguiam ficar muito tempo por perto. Der repente o burro levantou e saiu dando coice nos macacos, soltando pum para todo lado, e os macacos saíram correndo assustados, achando que o burro tinha ressuscitado. Os danados dos macacos nunca mais voltaram. O dono do milharal deu para o burro bastante milho e deixou que ele ficasse morando em sua fazenda até quando desejasse. (autor desconhecido) Está fábula foi importante para discutir a inteligência do burro na resolução do problema, enquanto na força do leão, no tamanho do elefante ou na bravura e agilidade da onça não houve resultado. Foi refletido sobre nossa cultura onde a figura do burro é trazida como antônimo de inteligência e que muitas vezes em nossa sociedade denomina-se como burro os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Também foi trabalhada a valorização das pessoas e a história de vida de cada um, porém o mais importante foi o envolvimento dos alunos na elaboração do texto, cada aluno levantava sua hipótese de escrita, conforme seu nível de conhecimento e interpretação do texto. Este livro com 15 páginas já com desenhos a ser coloridos (as figuras foram pesquisadas na internet organizadas, imprimidas foi pintado pelos alunos) com espaço para a produção da escrita como o livro citado a cima, foi trabalhado durante o mês de junho. Cada página confeccionada percebia-se o desenvolvimento dos alunos em relação à escrita, os alunos pré-silábicos que não tinham segurança pediam pra que a história fosse escrita no quadro para que copiassem, enquanto que os outros ignoravam a escrita do quadro e escreviam como pensavam, sempre tirando as dúvidas com a professora em relação às palavras que queriam escrever.. O professor não precisa ficar preso aos métodos tradicionais que enfatizam sílabas e ou palavras soltas, mas precisa mostrar para a criança como se escreve corretamente, sem exigir do aluno que ele faça isso de forma insignificante. A obtenção do conhecimento é um resultado da própria atividade do sujeito. Um sujeito intelectualmente ativo não é um sujeito que “faz muitas coisas” nem um sujeito que tem uma atividade observável. FERREIRO e TEBEROSK ( 1985 p 29). Não foi exigida dos alunos uma determinada quantidade de frases e/ou palavras, cada aluno representava seu texto conforme seu entendimento, não é necessário aquelas listas incansáveis de palavras para copiar, pois quando o professor escreve para o aluno as palavras que ele pergunta ou que quer escrever, a aprendizagem se dá de forma significativa, “a leitura não é uma simples decodificação de sinais, mas a busca de significações, marcadas pelo processo de produção de leitura.”Orlandi (1996). Quando o aluno pergunta ao professor como se escreve determinada palavra o professor precisa instigá-lo a escrever como sabe depois questionar, para que ele avance, não deve frisar o erro, mas depois da palavra escrita pelo aluno oportuniza-lo a ver a palavra correta para confrontar suas hipóteses. Um sujeito ativo é um sujeito que compara , exclui, ordena, categoriza , reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza, etc. em ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu nível de desenvolvimento. FERREIRO e TEBEROSK (1985 p.29) Para que o aluno compare e organize é preciso oportunizá-lo, então confeccionamos um álbum seriado, com a mesma fábula, em papel pardo com figuras grandes, contendo 15 páginas, medindo 40cm de largura por 60cm de altura, as figuras em tamanho maior e pintada pelos alunos. O texto foi escrito em fonte 28, recortado palavras por palavras, para que os alunos montassem cada página. Para desenvolver este trabalho os alunos foram organizados em grupos contendo quatro elementos cada grupo. Os grupos eram heterogêneos organizados pelo nível de desenvolvimento, todos os grupos eram compostos por alunos: a) pré-silábicos, pois para Smity (1999) “não importa se no inicio a criança não reconhece nenhuma das palavras para as quais está olhando” nesse caso era dado aos alunos um texto organizado para compararem e observarem a ordem das palavras e os espaços entre as mesmas, pois Smity (1999), afirma que “é durante o processo de confronta mento com palavras desconhecidas que elas encontram a motivação e a oportunidade de começar a distinguir e reconhecer determinadas palavras”; b) silábicos, esses alunos conforme Ferreiro & Teberosk (1985) “escrevem uma letra para cada sílaba”, porém na leitura percebe-se que já lêem as palavras; c) alfabéticos que se encontram mais desenvolvidos tanto na leitura quanto na escrita, desta forma uns ajudavam os outros e todos participaram da atividade, pois para Vygotsky (1984), “o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com indivíduos de sua espécie”. Nesta atividade os alunos tiveram a oportunidade dividir as tarefas com seus parceiros; de perceber a organização do texto; os parágrafos; os espaços entre as palavras; a pontuação, além de confrontar suas hipóteses de leitura e escrita. Neste momento os alunos estavam apresentando maior envolvimento e segurança na produção de texto, então retomamos a confecção do livrinho uma fábula cada página e decidimos dar continuidade a este livro até o final do ano. Houve durante este período uma rotatividade de alunos conforme quadro abaixo: Quadro 01: Rotatividade de alunos de março à agosto de 2008 Níveis Alunos transferidos Alunos matriculados Pré-silábico - 03 alunos Silábico 04 alunos 03 alunos Silábico-alfabético 01 alunos - Alfabético 04 alunos 03 alunos Total 09 alunos 09 alunos Este trabalho desenvolveu nos alunos o gosto pela leitura, tanto que foi necessário organizar um cronograma de leituras, pois todos queriam ler para os colegas textos que traziam de casa. Foi muito importante o despertar da auto-estima, deu aos mesmos a oportunidade de trabalhar suas dificuldades; resolver seus problemas na interação entre os elementos do grupo., tomar decisões sobre o que escrever e como escrever agindo com autonomia. Oportunizou o entendimento sobre a escrita como representação da fala e por em jogo tudo o que sabe ajustando o falado ao escrito. A circulação das informações e idéias proporcionou o enriquecimento do vocabulário. No decorrer dos trabalhos foi diagnosticado o avanço dos alunos em relação em suas hipóteses, porém apresento o resultado do primeiro e ultimo diagnostico, conforme tabela abaixo. Quadro 02: Demonstrativo do avanço dos alunos de março a agosto de 2008. Níveis 28/02/08 26/08/08 Pré-silábico 13 alunos 02 alunos Silábico 05 alunos 04 alunos Silábico-alfabético 02 alunos 03 alunos Alfabético 08 alunos 19 alunos Total 28 alunos 28 alunos REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2ª ed. São Paulo: Cortez,1994. FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. 4ª ed. São Paulo: Cortez,1992. FERREIRO, Emilia, TEBEROSKY Ana. Psicogênese da língua escrita Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. FRANCO,Sergio Roberto Kieling O Construtivismo e a educação. 5ª ed. Porto alegre: Mediação, 1995 ORLANDI. Eni. O que é lingüística. São paulo: brasiliense. 1987. PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS . Língua Portuguesa, ensino de 1ª à quarta série, 1997. RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. 6ª ed. SÃO PAULO: Cortez/autores associados, 1987. SMITY, Frank. Leitura significativa. Porto. Alegre, 1999. Artmed. (2º vol) TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. 27ª ed. São Paulo; integrare, 2006 http://andressacf.blogspot.com/2008/07/fbula-e-profisses.html. http://www.jornallivre.com.br/15172/artigo-comentado.html#comentario