11 de maio de 2009 Muito mais do que um banco O BNDES é um dos principais formuladores e financiadores do modelo de crescimento econômico do Brasil. Elaborou, geriu e custeou a industrialização e as privatizações. Agora, investe centenas de bilhões de reais para realizar a inserção internacional competitiva que radicalizou como nunca antes neste País a exportação de natureza e a concentração de renda Criação, papel e fases Criado em 1952 para financiar a industrialização brasileira, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem hoje um papel bem mais importante, complexo e amplo do que simplesmente aquele para o qual foi planejado. Ele é muito mais do que um banco provedor de recursos de longo prazo – aliás, ele é praticamente a única fonte de financiamento de largo curso no Brasil. De posse de um orçamento de 70 bilhões de dólares em 2009 (o dobro do montante investido anualmente pelo próprio governo federal, seu dono e único acionista), ele é responsável por cerca de 20% de todo o crédito disponibilizado no Brasil. O BNDES desembolsa mais de duas vezes o total liberado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Banco Mundial. Pois, além da importância estratégica proporcionada pelo incrível orçamento que maneja, ao longo de sua história o BNDES se transformou em um dos principais centros de estratégias de gestão do Estado Brasileiro. Centro de produção de modelos liberais de gestão do estado O Banco nasceu para financiar a política de substituição de importações e a industrialização – como defendido pela Cepal. Porém, com ditadura de 1964, o Banco tornou-se o principal canal de importação de novas de gestão do Estado, que já àquela época preconizavam a retirada do Estado da economia. O BNDES então estabeleceu duradouras conexões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional FMI), de onde ainda hoje se alimenta teoricamente. Surgem no Banco, a partir dos técnicos que constantemente interagem com agências internacionais (por exemplo, desde 1998 com a Organização Mundial do Comércio – OMC) novas propostas sobre o modelo econômico vigente no Brasil e o papel do País em termos regionais, liderando um bloco dos megaexportadores de natureza. É o BNDES que consolida, no âmbito do Estado brasileiro, juntamente com o Itamaraty, a idéia de dotar o país e toda a América do Sul de infraestrutura associada ao setor primário da economia e voltada para exportação. Essa é a terceira de um total de quatro macrometas da Nova Política Industrial divulgada em fins de março de 2008: “3) crescer [até 2010] de 1,15% para 1,25% a participação das exportações brasileiras no mercado internacional”. É a tese chamada inserção internacional competitiva, que preconiza o apoio a determinados grupos econômicos de base nacional para que eles ganhem musculatura internacional. Assim, em respeito à Nova Política Industrial e à estratégia de criação de infraestrutura para beneficiamento primário para exportação, os setores do agronegócio que vêm recebendo os apoios mais significativos do Banco são decisivos na estruturação de um modelo agrícola e até de organização do território que em tudo dificulta qualquer estratégia de reforma agrária, agroecologia ou de agricultura familiar. Os boletins de desempenho do BNDES registram esse privilégio ao agronegócio. O setor recebeu do Banco, só entre 2003 e 2008, cerca de R$ 30 bilhões em financiamentos, ficando de fora desse cálculo setores como papel e celulose que, no mesmo período, absorveu outros R$ 8 bilhões. Em geral, os setores apoiados que mais demandam recursos do Banco, e que formatam o espaço econômico no meio rural, são voltados para a pouca agregação de valor. Alguns, como o de papel e celulose, têm quase 100% de sua produção exportada, evidenciando a vinculação do banco com o atendimento às demandas do mercado internacional e não às históricas demandas da sociedade brasileira. Entre os setores melhor aquinhoados pelos empréstimos do BNDES estão: 1. etanol - a média dos projetos apoiados nos últimos anos passou de R$ 80 milhões para R$ 300 milhões. A carteira de projetos do Banco está em U$ 7 bilhões, sendo que em 2008 foram contratados U$ 3 bilhões para o setor (mais informações sobre o etanol adiante). 2. hidrelétricas - o financiamento de mais de R$ 15 bilhões às usinas no Madeira serão os maiores da história do Banco, apesar de todos os riscos (inclusive políticos e institucionais) envolvidos nessa operação, conforme a Plataforma BNDES já apontou ao Banco em fins de 2008; 3. extrativo/mineração - os desembolsos do BNDES a este setor passaram de R$ 258,5 milhões em 1999 para R$ 3,3 bilhões em 2008, boa parte destinados à Vale; 4. papel e celulose - através de inesperada operação com a Votorantin (aportando cerca de R$ 2,4 bilhões), o Banco duplicou em março sua participação no capital votante da falida Aracruz. Só no governo Lula o setor de papel e celulose recebeu empréstimos do Banco que alcançam a soma de R$ 8 bilhões. 5. agropecuária/negócio agrícola - frigoríficos recebem quase metade dos aportes do Banco à indústria no em 2009 (R$ 5,9 bilhões) e são o principal vetor de indução da fronteira agrícola sobre a floresta amazônica. O Banco também disponibilizou em 2008 R$ 213 milhões para o Unibanco financiar produtores rurais que forneçam exclusivamente à Sadia. Esta empresa – que não sai dos noticiários devido à sua saúde financeira - ainda recebeu do BNDES outros R$ 462,5 milhões em 2007. O caso do etanol O Grupo Usina São João (USJ) consta da lista do Ministério do Trabalho de empregadores de trabalho escravo. Atua em Araras-SP e nas cidades de Quirinópolis e Cachoeira Dourada, ambas localizadas no sul do estado de Goiás. Integra também o grupo USJ a Usina São Francisco - ou Agropecuária Campo Alto, divisão da empresa para a contratação específica da área rural (sobre a atuação do grupo ver www.usj.com.br/quem.php e www.usjnegocios.com.br/index_sobre.htm). Nesta unidade, instalada em Quirinópolis, o Ministério do Trabalho resgatou 421 trabalhadores em condições degradantes ou análogas à escravidão. Essas informações estão também disponíveis no relatório “O Brasil dos Biocombustíveis: cana – 2008”, produzido pela Repórter Brasil (www.reporterbrasil.org.br/agrocombustiveis). Segundo os dados da carteira do BNDES, o Banco contratou financiamento para o grupo UJS, incluindo empréstimos para a Usina São Francisco, no valor total de R$ 623 milhões. Não houve qualquer notícia sobre a suspensão do financiamento do Banco para o grupo USJ após as denúncias de violação. Sobre as informações relativas à localização ou ao mapeamento da atuação das usinas no país, pelo menos duas referências são fundamentais: - O projeto CANASAT fornece informações sobre a distribuição espacial da área cultivada com cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil utilizando imagens de satélites de sensoriamento remoto: http://www.dsr.inpe.br/mapdsr/frame.jsp - A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) possui informações atualizadas e georeferenciadas por safras e culturas:http://geote.conab.gov.br/pagina/usinasgoogle.php http://www.conab.gov.br/conabweb/geotecnologia/sigabrasil/mapa_producao_agricola/cana.jpg Outro ponto importante a destacar da atuação do Banco refere-se ao financiamento de grupos estrangeiros interessados nas oportunidades de negócio representada pelo Etanol. Não temos informações de irregularidades nas empresas sob controle de grupos estrangeiros. Mas, para efeito do acompanhamento, vale aqui assinalar alguns casos constantes da carteira do Banco. A LDC Bioenergia, empresa do Grupo francês Louis Dreyfus pegou R$ 719,7 milhões, ou 82,2% dos recursos destinados pelo Banco ao MS. Um dos projetos corresponde ao financiamento da Usina Rio Brilhante, nova e inaugurada em agosto de 2008. Esta é a oitava usina do grupo no país. Em fevereiro de 2007, o Grupo adquiriu a Usina Passatempo, também em Rio Brilhante, de propriedade do Grupo Tavares de Melo de PE. Em 2005, o BNDES havia concedido um financiamento de 21,5 milhões para o Grupo Tavares de Melo investir nesta Usina. Na listagem fornecida pelo Banco, o nome da empresa consta como Agroarte, mas na verdade a proprietária atual é a LDC Bioenergia. No quadro das carteiras do BNDES há a indicação de financiamento de R$ 58,8 para a LDC Bioeenergia sem indicação do município em que o projeto está/será instalado. A empresa possui também uma Usina em Maracaju, município vizinho de Rio Brilhante. Segundo informações divulgadas na imprensa e pela CUT, 700 trabalhadores desta Usina entraram em greve no início de setembro de 2008. O outro grupo beneficiado com recursos do BNDES é o ADECOAGRO, o qual na tabela fornecida aparece como Agroenergia. Este empreendimento pertence ao grupo George Soros, atuando na Argentina, Uruguai e Brasil. A Usina Monte Alegre, em Minas Gerais, foi a primeira aquisição do grupo no Brasil. A Usina Agroenergia da ADECOAGRO, inaugurada em julho de 2008, está¡ situada no município de Angélica-MS. A empresa possui cerca de 150 mil ha de terras entre os municípios de Angélica e Ivinhema, existindo a previsão de instalação de pelo menos mais 2 Usinas em MS, incluindo uma no município de Ivinhema. O caso da Vale do Rio Doce É com esse mandato não oficial, de elaborador de teses de gestão do Estado, que o BNDES vem concomitantemente financiando, principalmente com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), um seleto e diminuto grupo dos maiores agentes econômicos privados, mormente no setor industrial. Suas operações são sempre marcadas pela falta de explicitação pública dos critérios técnicos que as orientam, o que é explicado pelo corpo técnico do Banco como sendo fruto exclusivamente de uma suposta cultura gerencial fechada em si mesma. Em verdade, essa “cultura corporativa” na prática possibilita a manutenção do ambiente de obscuridade em que se dão as relações entre o BNDES e esses grupos econômicos, que há décadas se beneficiam dos aportes a taxas subsidiadas proporcionadas pelo Banco. Algumas dessas corporações, inclusive, mantêm com o BNDES relação ainda menos clara. O caso mais emblemático e exemplar de relações pouco claras é o da Vale do Rio Doce (comercialmente chamada de Vale). Com ela, o Banco tem uma relação privilegiada. Possui, mas não usa, valiosíssimas golden shares (ações de ouro), que lhe garante poder de veto em questões centrais para a companhia na Vale. Remanescentes da privatização da mineradora, elas dão ao Banco o poder de intervir naquelas decisões estratégicas da empresa. Como, por exemplo, na política de fabricação e compra de supernavios em estaleiros chineses, conforme divulgado pela própria corporação mineradora. A Vale é um dos maiores e mais assíduos clientes dos recursos do BNDES. O Banco é parte das estratégias da empresa de vicejar às sombras do Estado. Como exemplo típico dessas relações, nos relatórios de desempenho operacional do Banco, os empréstimos para a construção de sistemas de transporte ferroviário da mineradora são estrategicamente localizados em rubricas gerais de “infra-estrutura”, para não deixar claro que a operação favorece determinado grupo e que este utiliza essas vias não para transporte público, mas exclusivamente dentro de sua própria estratégia de logística. Junto com outros grandes grupos privados, a Vale integra o seleto círculo de empresas cujos projetos estão previamente bem avaliados pelo Banco e que, assim, têm trâmite de liberação de recursos acelerado. O BNDES a vê como um companhia de boa saúde financeira e pré-aprova quaisquer de seus projetos, independentemente de suas características específicas. Outro exemplo de relações pouco claras: entre 2007 e a segunda semana de abril último, seu diretor de assuntos estratégicos foi Demian Fiocca, que presidiu o BNDES entre março de 2006 e abril do ano seguinte. Ele deixou o Banco semanas após tomar parte do processo decisório de mais um empréstimo de alguns bilhões de reais à empresa mineradora. Antes, Fiocca, que foi chefe de gabinete de Mantega no Ministério do Planejamento e seu vice-presidente no BNDES, já havia representado o Brasil no BID e na Corporação Andina de Fomento (CAF). Banco regional mais importante do que o BID Seguindo a orientação geral de dotar de infraestrutura exportadora a América do Sul, que assim consolidaria no cenário internacional seu papel de plataforma de exportação, reservando ao Brasil a liderança do bloco regional, o Banco vem desde pelo menos 1999 ganhando musculatura para cumprir o seu papel. E, por conseguinte, tendo mais destaque do que o próprio Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por dispor de um volume de recursos substancialmente maior. Os desembolsos do Banco para empresas brasileiras produzirem bens e/ou serviços no exterior pularam de R$ 3.835,2 em 1999 (em operações diretas com o BNDES, ou seja, acima de R$ 10 milhões, somadas às indiretas, através da rede de bancos) para R$ 12.831,5 m 2008 e transformaram o BNDES em provedor de recursos para construção de infraestrutura maior do que agentes financeiros multilaterais tradicionais no atendimento à região, como o próprio BID, a CAF e o Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata). Com atuação casada com a diplomacia, o Banco vai no rastro da atuação do Itamaraty e passa a disponibilizar recursos às empresas brasileiras onde quer que o capital de base nacional tenha interesse. Na África, o caso mais recente é o da abertura do escritório da Embrapa em Moçambique. Seu primeiro projeto é o desenvolvimento agrícola da região de Moatize, onde estão as minas de carvão na mira da Vale, que deverão contar com recursos do BNDES. Não há informações detalhadas sobre essas operações. O Banco argumenta que os contratos internacionais estão “sujeitos a cláusulas de confidencialidade”. Porém, o que se consegue levantar através de informes de imprensa é a atuação crescente Banco na região sulamericana, através do financiamento a grande empreiteiras brasileiras (os casos mais recentes são o da Odebrecht no Equador e a Camargo Corrêa no Peru). Em linhas gerais, essas empresas operam de forma a expandir o território econômico do Brasil às demais nações da região, construindo uma infraestrutura articulada e orientada a extrair da forma mais intensa possível recursos naturais – energia hidráulica e carbonífera, água, nutrientes do solo, alimentos, madeira e diversos tipos de minerais – que imediatamente são colocados á disposição dos mercados internacionais. Desde a década de 1990, pelo menos, todos os grandes projetos de infraestrutura internos ao Brasil foram planejados para, um dia, conectarem-se a projetos complementares em países vizinhos.. Foi com essa perspectiva que o BNDES participou da elaboração de estudos e discussões que mais tarde se transformaram no: 1. Brasil em Ação (Investimentos Básicos para o Desenvolvimento), desenvolvido diretamente pelo Palácio do Planalto em 1996, com apoio de técnicos do Banco, preconizando a abertura econômica e a focalização dos investimentos do estado em algumas políticas públicas compensatórias; 2. Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento (ENIDs), em 1997. O BNDES contratou, para elaborar os ENIDs o Consórcio Brasiliana, integrado pelas consultorias internacionais Bozz Allen&Hamilton, Bechtel International e ABN Amro Bank. Mais tarde, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, essas mesmas consultorias formatariam, outra vez sob contratação do BNDES, várias das privatizações nos setores de energia elétrica, telecomunicações, siderurgia e mineração; 3. Nesse contexto, os programas Avança Brasil (de FHC), o PPA e o PAC (respectivamente Plano de Aceleração do Crescimento, estes dois já no período Lula), fortemente financiados pelo BNDES, apenas reforçaram a estratégia de colocar o Brasil na liderança econômica da América do Sul para construir a infraestrutura regional de exportação de natureza sob diversas formas; 4. Com base nos ENIDs, e seguindo a orientação do Banco Mundial, difusor da tese do “regionalismo aberto” (que embasa o NAFTA), o BNDES desenvolve os primeiros estudos que em 2000 resultariam no lançamento da Iniciativa de Integração da Infraestrutura da Região Sulamericana (IIRSA) e a aloca no BID, onde é liderada, entre outros, pelo brasileiro Mauro Marcondes Rodrigues, oriundo do próprio BNDES; e 5. Em 2007, já sob a presidência de Luciano Coutinho, o BNDES lidera, junto com o Banco do Brasil e outros seis bancos privados, a criação da Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), uma empresa privada cuja missão é elaborar os estudos de viabilidade técnica, econômica de financeira grandes projetos de infraestrutura que serão, posteriormente, oferecidos ao financiamento dessas mesmas instituições. Na crise, aumenta a importância do Banco (e explode o seu orçamento) Desde pelo menos 1999, já se observa um aumento constante a taxas crescentes no orçamento do BNDES, que recebe de basicamente quatro fontes os recursos que empresta: 1. o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, responsável por cerca de 50% do orçamento do Banco; 2. Retorno dos empréstimos; 3. Aportes conseguidos junto ao mercado internacional; e 4. Empréstimos do Tesouro nacional. Ano 1999 De18 sembolso** 2000 23 2001 25.2 Orçamento do BNDES 2002 2003* 2004* 2005* 2006* 2007* 2008* 37.4 33.5 39.8 47 51.3 65 90.9 *Governo Lula; ** Em bilhões de Reais; Fonte: BNDES No contexto da crise financeira que se inicia em meados de 2008, o governo Lula vê no BNDES a principal porta de saída para o problema da escassez de crédito no mercado nacional e internacional. Assim, em 15 de abril edita Medida Provisória autorizando o Tesouro a emitir papéis no valor de R$ 100 bilhões, que foram colocados à disposição do Banco. Assim, seu orçamento em 2009 deve chegar a R$ 166 bilhões, ou cinco vezes o orçamento da instituição verificado em 2003, primeiro ano do primeiro governo Lula. O dado confirma que o BNDES é, junto com o Banco Central e a Petrobras, um dos três vértices do tripé de poder econômico no Brasil atualmente. Na crise, entretanto, o BNDES ratifica e aprofunda o modelo econômico vigente, ao financiar ações de empresas que de alguma forma se vinculam à própria crise. Nesse período, ele financia fusões (casos da Oi com a Brasil Telecom) e aquisições (casos dos frigoríficos JBS e Friboi), além da compra da Aracruz pelo grupo Votorantin, quando já era pública a perda que a corporação de papel e celulose teve no mercado de derivativos. Luciano Coutinho e a Plataforma BNDES Em julho de 2007, cerca de três meses após tomar posse na presidência do banco, o economista Luciano Coutinho se reúne duas vezes no espaço de 30 dias com dezenas de movimentos sociais, entre eles o MST, ONGs e redes, ali constituindo o grupo que se convencionou chamar de Plataforma BNDES (www.plataformabndes.org.br). Ali se acertaram as bases de um diálogo que visava a reorientar o Banco nas suas principais linhas de financiamento e dar transparência às suas operações, como preconiza a Constituição federal. Depois de dois anos de inúmeras tentativas por parte da Plataforma, que se empenhou em debater com o Banco duas questões (os financiamento à indústria do etanol e ao setor elétrico, em especial as usinas no rio Madeira (RO), não conseguimos sensibilizar suficientemente os funcionários e a alta direção do Banco a adotar minimamente a pauta que propusemos e que pode ser consultada em nossa página na internet. Apenas nas demandas relativas à transparência das operações avançamos um pouco e conseguimos que o BNDES publicasse em sua página a relação de todas as operações diretas com agentes privados, no período dos últimos 12 meses. Porém, sequer esta demanda – simples e absolutamente legal – foi cumprida na íntegra, como acordada. Assim, a Plataforma BNDES desenvolveu uma estratégia nova de pressão: a de responsabilizar o Banco pelos impactos negativos dos projetos que ele financia, especificamente nos setores de etanol, hidrelétricas, papel e celulose, mineração e agronegócio, onde se verificam os maiores efeitos nocivos, com extrema concentração de renda, dos financiamentos do Banco. Para isso, estamos organizando nesse momento o I encontro nacional dos atingidos pelo BNDES, que ocorrerá no Rio de Janeiro, entre 23 e 25 de novembro. www.plataformabndes.org.br www.ibase.br/userimages/Plataforma%20BNDES.pdf Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas Av. Rio Branco, nº 124, 8º andar - Centro - Rio de Janeiro - CEP 20040-916 - Telefone: (21) 2178-9400 Contatos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]