Copa do Mundo, muito mais do que um evento esportivo James Zomighani Especialista Formador de Geografia do IQE – Instituto Qualidade no Ensino Dia 12 de junho terá início uma nova Copa do Mundo, esse grande evento esportivo internacional agora realizado em terras brasileiras. No entanto, essa Copa do Mundo em particular, diferentemente daquela realizada pela primeira vez no Brasil de 1950 (primeira vez que o mundial foi aqui realizado), encontrará um país diferente, muito maior, mais complexo, mais desenvol- vido socioeconomicamente, portanto mais contraditório que aquele Brasil de meados do século XX. Alguns eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mexem com os ânimos, emoções e esperanças de milhões, talvez bilhões de pessoas, em todo o mundo. Mas, muito mais do que apenas os interesses relacionados ao esporte, há também grandes interesses SROtWLFRV H ÀQDQFHLURV (P época de realização desses grandes eventos, às vésperas das semanas ou dias que antecedem os jogos, o clima envolvente do esporte chega também às escolas. E surge uma grande oportunidade para o professor UHÁHWLU FRP VHXV DOXQRV sobre vários temas correlacionados com o mundo dos esportes e suas implicações políticas e sociais. Em tempos de globalização, pela conexão mundial dos sistemas planetários de informação, as notícias circulam rapidamente. E a produção e o consumo dessas notícias podem ser estimulados por diferentes agentes políticos e econômicos, de modo a agudizar FRQÁLWRV RX YLDELOL]DU SURcessos e disputas no campo da economia ou da política, envolvendo complexos contextos em que essas áreas se organizam no território de um país enorme como o Brasil. É assim que o futebol, em tempos de globalização, também se torna uma poderosa arma dos negócios e da política, envolvendo profundos interesses nacionais e internacionais. Conhecer parte dessa complexidade pode ser possível no ambiente escolar, desde que o professor desenvolva uma metodologia adequada. O Brasil, pelo fato de organizar um evento desse porte, envolvendo responsabilidades em diferentes escalas, permite que o proIHVVRUGH*HRJUDÀDHVWXGH juntamente com seus alunos, a organização dos níveis de governo (do município ao governo federal, passando pelos estados federativos), bem como as ligações entre a política, o esporte e a economia. $ÀQDOQmRIDOWDPQDPtGLD impressa ou televisionada, argumentos a favor ou contra a construção de estáGLRV DR DXPHQWR GR ÁX[R de turistas, à implantação ou modernização de infraestruturas viárias, rodoviárias e aeroportuárias. Informações que, corretamente tratadas, poderão servir à UHÁH[mR H j FRQVWUXomR GR pensamento analítico e crítico em sala de aula. De posse de um pequeno conjunto de mapas (de sua cidade, do país por estado e do mundo), o professor pode DFRPSDQKDUHUHÁHWLUVREUH algumas das transformações sofridas pelo território nacional para abrigar um evento mundial. Além disso, pode levar os alunos a reconhecer como isso movimenta a política, a economia, a cultura, alimentando as análises com informações distintas, a favor ou contrárias, à realização do mundial. Pode, ainda, romper preconceitos buscando notícias sobre a realização de Copas passadas em outros países, e reconhecer quais avanços FRQTXLVWDUDP H DV GLÀFXOdades que eles também enfrentaram para abrigar o mundial do futebol. Desse modo, pode-se ir além de alguns dos trabalhos bastante limitados comumente realizados nessa época nas escolas, e que geralmente se resumem a reconhecer os países que irão participar do grande campeonato de futebol, tal qual um grande álbum pouco SHGDJyJLFR GH ÀJXULQKDV esportivas. Tudo isso para dizer que, em tempos de grandes eventos mundiais, o professor pode ir muito além, ao transformar suas DXODVGH*HRJUDÀDHPDOJR muito maior do que uma narrativa focada apenas na descrição de bandeiras e países, portanto desencontrada dos principais fatos e eventos contemporâneos os quais, com toda sua riqueza e complexidade, animam profundamente a cena política e econômica brasileira atual.