1 1º Ten ...Al RAMOS.................................................................. 1º Ten Al RICARDO RAMOS DE OLIVEIRA UTILIZAÇÃO DE PRONTUÁRIOS ELETRÔNICOS NOS HOSPITAIS MILITARES: Proposta de implantação de modelo no Hospital Geral do Recife RIO DE JANEIRO 2009 2 1º Ten Al RICARDO RAMOS DE OLIVEIRA UTILIZAÇÃO DE PRONTUÁRIOS ELETRÔNICOS NOS HOSPITAIS MILITARES: Proposta de implantação de modelo no Hospital Geral do Recife Trabalho de conclusão de curso apresentado à escola de saúde de exército com requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares Orientador: Dr. Severino Ramos de Oliveira RIO DE JANEIRO 2009 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me permitir estar com saúde, podendo assim participar deste momento único aqui nesta Escola Militar. Ao meu pai Gen Div Med Severino Ramos de Oliveira espelho do meu caminho, razão incondicional de eu estar aqui. Homem justo, fiel, militar ímpar, excelente chefe de família, ser humano a ser seguido. À minha adorada mãe Maria das Graças, persistente, inteligente, que desde cedo me doutrinou na hierarquia e disciplina da casa, o que muito contribuiu para este início da minha carreira militar. Minha esposa Jayse, companheira, incentivadora, presença especial em minha vida, mulher na qual encontrei razão para perpetuar meus sonhos. Aos meus irmãos Marcelo e Roberto, grandes incentivadores da minha jornada desde épocas do colégio, passando pela universidade, até o atual momento. A minha avó Natália que sempre acreditou em mim, o início de tudo. A minha tia Edna com a qual a convivência durante toda a minha vida mostrou que na verdade é minha segunda mãe. A Sr. Nunes Galvão e Sra. Lourdes, meus sogros, que sempre estiveram ao meu lado na minhas decisões mais difíceis. Aos meus amigos, Yitzhak, Paula, Eduardo, Nassif que me acompanharam nas marchas, formaturas, instruções e acampamentos. 4 RESUMO Como é de conhecimento de todos vivemos na era da informação. A todo momento estamos rodeados de dados novos. Onde armazená-los ?. Na saúde encontramos esse dilema no contexto do prontuário médico. Avaliamos no âmbito do Hospital Geral do Recife como se encontra o nível de informatização daquele serviço fazendo uma comparação com outras unidades civis e militares. Propomos um modelo inicial de implantação da informatização deste serviço através do estudo com método de revisão bibliográfica de alguns trabalhos sobre Prontuário Eletrônico Paciente (PEP). Mostramos que é possível sua implantação e os ganhos diretos e indiretos para o Serviço de Saúde do Exército. Palavras chave: Prontuário Eletrônico, Informática Médica, Prescrições Eletrônicas. 5 ABSTRACT As is known to all live in the information age. The whole time we are surrounded by new data. Where to store them?. Health found that dilemma in the medical records. Evaluated under the General Hospital of Recife as is the level of computerization that service with a comparison to other civil and military units. We propose a model of initial implementation of the computerization of the service through the study of method for review of some work on Electronic Patient Prontuário (PEP). We show that it is possible its implementation and the direct and indirect gains to the Health Service of the Army. Key Words Key: Electronic medical records, Medical Informatics, Electronic Prescriptions. 6 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇAO....................................................................................................8 2 REFERENCIAL TEÓRICO.. ..............................................................................10 3 PROBLEMA.........................................................................................................11 4 JUSTIFICATIVA...................................................................................................12 5 OBJETIVO...........................................................................................................13 6 METODOLOGIA..................................................................................................14 6.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................14 6.2 POPULAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA ...................................................14 6.3 MÉTODO UTILIZADO PARA A COLETA DE DADOS E PARA ANÁLISE.......14 7 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................15 8 CONCLUSÃO ....................................................................................................25 REFERÊNCIAS .................................................................................................26 ANEXO...............................................................................................................29 8 1 INTRODUÇÃO Com o rápido desenvolvimento da tecnologia e diante do século 21, considerado por muitos como o século da informação, nos deparamos com um grande e talvez grave problema. Como e onde guardar nossas informações? Nos grandes Hospitais, entre os quais os nossos Hospitais Militares se incluem, este problema é muito comum . Não é raro a falta de espaço ou até mesmo de pessoal para manusear e arquivar nossas informações médicas (WECHSLER, 2003), ( SCHOUT, 2007) (CARNEIRO, 2002) (MURAHOVSCHI, 2000). No entanto, este problema não é observado apenas nos Hospitais Brasileiros. Desde a década de 60, os americanos já se preocupavam em como tornar o meio de arquivamento de prontuários cada vez mais rápido, seguro, eficaz e com redução dos custos. As primeiras medidas de implantação foram a comunicação entre as diversas funções do Hospital, tais quais prescrição, faturamento e controle de estoque. Lawrence-Weed em 1969 descreveu o chamado registro médico orientado no qual sugeria que todos os registros no prontuário ficassem organizados de modo a serem indexados por cada problema do paciente. Em 1972 foi realizado um congresso patrocinado pelo National Center for Health Services Research and Devlopment e o National Center for Health Statistics dos Estados Unidos com objetivo de estabelecer uma estrutura para os registros médicos ambulatoriais. Este congresso foi o pontapé inicial para a criação dos primeiros prontuários eletrônicos (NHS CONNECTING FOR HEALTH,2007). Iniciou-se assim a configuração de mais um grande problema: os diferentes meios de armazenamento das informações. Deparávamo-nos agora com as diferentes linguagens eletrônicas. Surgiam registros e prontuários hospitalares que não se comunicavam. Não era possível que pacientes atendidos em um Hospital tivessem seus dados migrados para outras casas de saúde (JOHANNA, 2007). Por outro lado, havia também problemas de aceitação dessa nova tecnologia por parte dos profissionais de saúde. Lembramos que até nos dias de hoje o manuseio de computadores ainda é de difícil aceitação para algumas pessoas (RIBEIRO, 2004). Não podemos esquecer também dos aspectos legais nos quais o prontuário eletrônico encontra-se envolvido.. Sabemos que as informações ali registradas são 9 confidenciais. Além disso, devemos pesquisar se há legalidade jurídica do papel eletrônico (FRANÇA, 2000). 10 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO Sabemos que é uma realidade a nova era da informação. Não obstante é sabido que a medicina evoluiu de forma exponencial os seus conhecimentos. Em hospitais, a forma de armazenar dados médicos é realizada sob a forma de prontuários, e esse armazenamento de informações tornou-se um desafio para a informática médica. A rapidez com que essas informações podem ser acessadas nos indicam o desenvolvimento e organização dos hospitais (WECHSLER, 2003), ( SCHOUT, 2007). A preocupação com a ética médica é uma constante no dia dia dos profissionais de saúde. Por outro lado, qualquer ato que envolva seres humanos é rodeado de protocolos. O prontuário eletrônico inclui-se também neste contexto. Como sabemos, as informações ali contidas são confidencias e devem ser guardadas com restrição (FURUIE, 2003). A presença dos Hackers na informática moderna exige uma preocupação com o seu uso. Outro aspecto a ser avaliado é o da assinatura eletrônica, cuja legalidade ainda é discutida (FRANÇA, 2000). 11 3 PROBLEMAS Como se encontra o nível de informatização dos hospitais militares? Por que devemos implementar um sistema de prontuários eletrônicos ? É viável a implantação do sistema ? Devemos padronizar o sistema de prontuários eletrônicos ? Qual seria o custo deste investimento,incluindo o financeiro e de pessoal ? Quais os ganhos para o Exército Brasileiro(EB)? Quais as dificuldades para implantação de um sistema único de prontuários eletrônicos ? Há pessoal qualificado para implantação do sistema no EB ? Quais as vantagens para o usuário do sistema de saúde? Quais as vantagens para os profissionais de saúde ? Quais os aspectos legais da utilização do prontuário eletrônico? 12 4 JUSTIFICATIVA Há uma necessidade crescente da utilização do prontuário eletrônico tendo em vista a rapidez observada na coleta, armazenamento e interpretação das informações obtidas no dia-a-dia. É frequente nos depararmos nos ambulatórios e emergências com a escassez de registro e a demora na obtenção dessas informações. Porém, em se tratando de saúde, frequentemente a vida do paciente está em perigo e a velocidade de nossas ações muitas vezes é determinante. Por outro lado, o estudo da situação atual da informatização nos Hospitais Militares Brasileiro poderá servir de parâmetro inicial para ações de melhoria futura nessa área, visando a melhoria da atenção à saúde nestas OMS. 13 5 OBJETIVO 1)Pesquisar a utilização atual de prontuários eletrônicos no Hospital geral do Recife. 2)Realizar uma abordagem crítica de diferentes modelos de gestão dos prontuários eletrônicos existentes em Hospitais Civis e Militares. 3) Propor um modelo de implantação de prontuário único que possa interagir com qualquer computador, obedecendo à mesma linguagem, e que seja de fácil manuseio, no Hospital Geral do Recife. 14 6 METODOLOGIA Foi realizado um trabalho de pesquisa através de revisão bibliográfica em sites de busca e bibliotecas oficiais sobre a utilização de prontuários eletrônicos, incluindo um estudo sobre a implantação de prontuários eletrônicos em Hospitais Militares do Exército Brasileiro. Paralelamente, foi feito um projeto de implantação do uso de prontuário eletrônico no Hospital Geral do Recife, além de uma pesquisa de campo em hospitais que utilizam prontuários eletrônicos, e que poderão servir de modelo para implantação dos prontuários eletrônicos no Hospital Geral do Recife. A pesquisa de campo foi realizada dentro das possibilidades devido ao tempo restrito que nos é ofertado. 15 7 DESENVOLVIMENTO A avaliação do sistema de informática do Hospital Geral do Recife nos demonstra que o Exército Brasileiro vem investindo de forma sumária e objetiva na ampliação e desenvolvimento da rede de informações. Neste Hospital em particular foi investido recursos financeiros na ampliação da rede lógica bem como, na aquisição de novos Hardwares (computadores e impressoras) ampliando assim a possibilidade de no futuro haver um investimento sustentável na aquisição ou criação de software na área médica. Existe uma grande deficiência no número de computadores nos diversos setores do Hospital. Nos consultórios médicos e em suas recepções não há número suficiente deste Hardware. Encontramos uma rede de computadores em maior número apenas no laboratório e no setor de administração. Portanto, nos deparamos com um grande problema. A rede lógica, isto é, os pontos de acesso a informática existem em todos os setores (administração, consultórios e recepções) faltando o computador e o software para a sua gestão. Há uma necessidade crescente de utilização da informática nos meios da saúde, visto que a crescente onda de informações nas quais os profissionais de saúde se deparam todos dias fazem com que dados importantes, se não bem acessados e armazenados se percam, causando grande prejuízo ao acompanhamento do paciente. (COSTA, 1997) Logo, a implantação da informatização no HGeR aprimoraria o acesso das informações colhidas. Vejamos algumas vantagens e desvantagens da aquisição do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP): 16 Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do (PEP). Vantagens. O texto se Desvantagens. O PEP depende torna mais legível. da existência de software, hardware e de infra-estrutura de redes, elétrica, de Texto mais consistente. manutenção, etc.. Os investimentos em hardware, software e treinamento dos diferentes usuários do prontuário não Texto mais completo. são triviais. O PEP necessita de constante manutenção, atualização e preservação dados, o de que abordagens Pode incorporar sistema requer dos diferentes organizacionais investimentos. O uso automatizados de alerta a apoio de treinamento, decisão. integridade do tanto PEP do e requer uso das ferramentas computacionais quanto do software propriamente dito. Este treinamento representa, muitas vezes, a pedra angular para a aceitação e utilização do PEP. O mesmo prontuário pode Deve-se ser acessado ao mesmo tempo de privacidade vários locais. dos manter dados em a meio eletrônico, dessa forma o investimento em segurança deve ser considerado. Para pesquisa os dados As dificuldades dos não precisam ser transcritos. profissionais da saúde que não foram submetidos a um treinamento prévio, no processo manutenção da de digitação, relação médico- paciente na frente de um computador e tempo gasto com a consulta diante de um computador devem ser 17 observadas. Tendências são facilmente detectadas. Imagens podem ser armazenadas. O (PEP) pode destacar importantes componentes do prontuário do paciente, como alergias, diagnósticos, problemas ativos, tratamentos ativos e observações clínicas recentes (sumário clínico) que, além de facilitar a abordagem do paciente pelos diferentes profissionais com acesso constituir ao em PEP, pode documento se de acompanhamento do paciente em caso de migração para locais de prestação de serviços de saúde sem infraestrutura computacional. FONTE JORNAL DE PEDIATRIA- Vol.79, Supl.1, 2003 Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens para Exército. Atual Prontuários de papel não padronizados que na maioria das vezes se perdem. A Proposta utilização de mídia para armazenamento de dados facilitaria o 18 deslocamento das informações de saúde daquele militar e de sua família para outras cidades na qual o militar fosse Algumas vezes encontramos transferido. vários Prontuário único, isto é, o militar ao prontuários com diferentes números de entrar para o quadro do Exército assim inscrição para o mesmo paciente. como é feito com a criação do precp. Este teria um registro único de prontuário que serviria para qualquer unidade onde ele fosse servir, podendo Perda constante de prontuários. Letras ser até mesmo o número do preccp. O risco praticamente nulo de perda de ilegíveis. informações referente a quadro de saúde daquele militar, melhorando assim o seu diagnóstico podendo com isto prevenir, tratar e curar. Demora para Junta de Inspeção devido Rapidez no transcurso da avaliação das a grande perda de prontuários, letras Juntas de Inspeção de Saúde de tal ilegíveis e perda de exames. forma que por não haver perda de dados os médicos teriam mais rapidez na resolução dos quadros. Demora nas consultas devido a perda Rapidez nas consultas. dos prontuários. Demora na marcação de consultas. Dificuldade na análise dos dados devido Rapidez na marcação das consultas. Estatísticas de saúde com maior rapidez a despadronização e dificuldade na contribuindo assim para melhoria das aquisição dos mesmo. prevenções em saúde. A Dsau e o DGP teriam quase que de forma instantânea informações de quantas consultas cada médico por especialidade atendeu ou deixou de atender. Quais as principais patologias por CID. Qual a especialidade que economiza mais entre outras ações que podem ser implementadas software. Necessidade do número mais elevado Diminuição de custos. no 19 de funcionários aumentando os custos com pessoal. Dificuldade para o profissional de saúde na aquisição de dados do seu paciente. Acesso pelo oficial médico dos dados do prontuário de seu paciente podendo ofertar ao seu superior informações coesas, rápidas e objetivas sobre o estado geral do mesmo. Não existe de forma prática e clara a Telemedicina, isto é, o médico estando telemedicina implantada nos grandes em Hospitais Militares. regiões recursos de difícil humanos obtenção (outro de colega especialista) utilizaria dos recursos da eletrônica para enviar tais resultados para um centro de maior referência a fim de obter apoio. A viabilização desses sistema de informação da saúde vem sendo demonstrada através de vários trabalhos que diminuem seus custos. No exército não seria diferente. Com o uso da máquina desde a Revolução Industrial houve uma realocação do ser humano no sentido de otimizar seu trabalho. Com a informática, isto é uma realidade. Ao invés de vários profissionais desenvolvendo o mesmo trabalho para adiantar o serviço, com a utilização de softwares adequados podemos reduzir em número significante a quantidade de funcionários necessários para realização de uma mesma função, diminuindo assim recursos financeiros. Vale ressaltar que o material de informática reduziu de formar significativa seus valores e sua portabilidade com adventos dos netbooks, notebooks e handheld. Durante a implantação do sistema não devemos incorrer nos vários erros que já aconteceram inclusive nos países ditos 1º mundo. Nos EUA por exemplo foi criado uma comissão para resolução da falta de compatibilidade dos sistemas de informações criados. Deveremos implantar um sistema único, com 100% de compatibilidade entre as diversas OMS a fim de evitar tal problema. Hoje encontramos diversas tentativas isoladas de criação de software. Portanto a padronização se faz mais do que necessário para a redução dos custos e do tempo para sua implantação. 20 Ressaltemos também que financeiramente a implantação desse sistema torna-se cada vez mais barata. A redução dos custos dos Hardwares nos últimos 10 anos foi de mais de 50%. Tecnologias novas como redes wireless tornam a integração dos computadores bem mais viáveis. Não é necessário a quebra física de barreiras, isto é, não precisamos mais do uso restrito de fios. O número de profissionais que já possuem seu equipamento pessoal de informática torna-se cada vez maior. Da mesma forma que alguns Governos Estaduais com recurso do Governo Federal incentivam o uso do computador pessoal em seu local de trabalho poderíamos seguir tal exemplo. Em Pernambuco, professores do estado e município receberam cada um o notebook de uso pessoal com finalidade de ajudar no adestramento de informática aumentado assim sua rapidez de atualização profissional melhorando assim seu rendimento para com os alunos. Na nossa força, além da melhoria pessoal, poderíamos levar as informações obtidas no nosso ambiente de trabalho para qualquer parte fazendo com que possamos atender em 100% as necessidades de informações dos nossos comandantes e pacientes. Imaginemos levar para residência um prontuário de um paciente com diversas complicações patológicas. Se for na forma eletrônica basta o seu notebook, mídia ou até mesmo email para o acesso aos dados. Dessa forma em casa você poderia avaliar, analisar e tomar decisões mais adequadas para aquele quadro clínico. O ganho real para nosso Exército ficaria sem sombra de dúvidas na rapidez da informações diminuindo assim seus custos financeiros. Façamos um comparação com um Hospital Privado. Na mais simples recepção encontramos modelos práticos de marcação de consulta e no mínimo prescrições médicas informatizadas o que não ocorre nas OMS. Analisaremos de forma prática os passos de um paciente ao procurar o Hospital do Exército e suas informações como são acondicionas nos dias de hoje. Ao chegar na Organização Militar de Saúde, se o militar for oriundo de outra região deverá abrir novo número de prontuário o que vai gerar uma nova identificação. Temos o primeiro problema. Militar e seus dependentes ficariam sujeitos a várias numerações o que poderia causar duplicidade de prontuários. 21 Quebrado a primeira barreira, este militar deve se dirigir ao setor de marcação de consulta. Na maioria dos Hospitais Militares já existe software específico para isso, porém diferentes e sem compatibilidade entre si e com recursos restritos. Após a marcação de consulta o militar se dirige ao médico iniciando um dos problemas mais graves para o profissional de saúde que é a falta de informações anteriores daquele militar. Lembramos que aquele paciente já tem uma história pregressa de sua patologia que ficou em outro Hospital. Podemos requerêla? Sim. Mais a demora no trânsito dos dados pode levar ao atraso da tomada de decisão para aquele moribundo. Isso sem levar em conta a possível perda de dados no trajeto (folhas soltas). Se já estivéssemos com o prontuário eletrônico, esses dados poderiam ser obtidos através da mídia ou por um simples download de uma OMS para outra já que a proposta é de 100% compatibilidade entre os programas. Para a DSau chegaria as informações de forma quase que instantânea dos pacientes que necessitassem da avaliação para junta médica. As Juntas de Inspeção de Saúde Regionais teriam o mesmo acesso instantâneo aos dados. E o mais interessado que é o paciente, nossa razão fim de existência do Serviço de Saúde do Exército, seria em fim beneficiado pela rapidez e eficiência na resolutividade de seus problemas. Como todo projeto teremos várias barreiras a derrubar. A primeira seria a financeira já descrita anteriormente sendo talvez a mais fácil de contornar. Porém, há o maior empecilho de todos, o ser humano. Apesar de vivermos no século da informação, da tecnologia, nos deparamos com uma grande resistência por parte de alguns profissionais para o uso dos recursos da informatização. Devemos investir na reciclagem gradativa do pessoal de saúde montando cursos de informática básica nos Hospitais a fim de formar profissionais qualificados para o uso dos Prontuários Eletrônicos de Pacientes (PEP). De nada adianta o uso de tal recurso tecnológico se houver resistência dos profissionais de saúde. 22 No entanto, se mostrarmos a este profissional as vantagens de utilização dos meios eletrônicos como facilitador de suas tarefas este passará a ser um colaborador. É só lembrar que hoje ao atendermos um paciente, tanto o médico como o corpo de enfermagem deve preencher várias requisições o que consome tempo e aumenta o cansaço pessoal. A um simples clique tecnológico tais informações seriam impressas aumentando sua eficiência (CASSIANI, 2002). Há também grande resistência quanto a legalidade do uso de prontuário eletrônico. O Conselho Federal de Medicina através da RESOLUÇÃO CFM Nº 1.639/2002 normatiza a utilização de prontuário eletrônico. Deve-se respeitar os preceitos da ética médica, sigilo médico, disponibilidade imediata dos dados ao paciente bem como a autoridade judiciária pertinente (KOBAYASHI, 2007) (GRINBERG, 2005) (MOTTA, 2001). Para isto, as Organizações Militares de Saúde devem manter uma Comissão Permanente de Avaliação de Documentos juntamente com a Comissão de Revisão dos Prontuários. Portanto, já existe uma legalidade para implantação da utilização de Sistema de Informatização de Prontuários. Na cidade de Santos foi desenvolvido um excelente programa de prontuário eletrônico. O programa é completo e reduziu significativamente os custos com os pacientes e até mesmo regulamentou o uso dos medicamentos. Segue tabela com as principais funções do HYGIA (Programa de Prontuário Eletrônico). Tabela 3 – Principais Funções do Programa Hygia (PEP). As consultas podem ser agendadas em centrais de atendimento, por telefone, internet, em unidades referenciadas ou no próprio local do atendimento. Os registros clínicos da população atendida são mantidos online, em uma base central de dados, que guarda todas as informação de todas as atividades realizadas, no período definido pelo usuário. As informações retidas incluem dados demográficos, diagnósticos, procedimentos, imunizações, encaminhamentos, medicamentos receitados, ministrados e entregues, internações, exames realizados, atendimentos médicos, atendimentos odontológicos e atendimentos dos demais profissionais da saúde. Os registros clínicos podem ser localizados pelo nome, pelo número do paciente 23 (número do SUS) e por outros dados pessoais. Apresenta relatórios e resumos de prontuários, baseados nos dados guardados de todas as informações coletadas de cada paciente. Mantém os arquivos de procedimentos realizados e de CID - Código Internacional de Doenças, padrão para codificar diagnósticos, assim como possibilita a inclusão de mais que um código para descrever o diagnóstico (hipótese diagnóstica, diagnóstico principal secundário, etc). As requisições dos exames são feitas online, os resultados recebidos online e registrados no prontuário do paciente. O acesso ao Prontuário do Paciente é auditado e fica documentado todo o pessoal que acessou online o prontuário. Registra o medicamento prescrito e ministrado, e envia a prescrição à farmácia, gerenciando os estoques locais e central. Gerencia dados dos profissionais de saúde, que inclui o código de controle, nome, especialidades, identificação no conselho profissional, cargo contratado e função executada, endereço e número de telefone. Programação das agendas de trabalho dos profissionais de saúde que realizam atendimentos. Registros e controle dos programas de saúde, projetados para ajudar e assistir os grupos de risco (recém nascidos de risco, gestantes de risco, diabetes, hipertensão, etc). Protocolos internos para a imunização, de acordo com o perfil do paciente: faixa etária, sexo e etc. Programa de controle de imunização, que controla e emite relatórios gerenciais e cartas convocando os pacientes que faltaram na data da vacinação. Produz dados estatísticos de procedimentos realizados, produtividade dos profissionais de saúde, epidemiológicos, de doenças por região, sexo, idade, além de muitos outros. Automatiza o faturamento ambulatorial para o SUS. Abaixo segue tabela com os principais artigos que normatizam o uso do prontuário eletrônico. Tabela 4 - Resolução CFM Nº 1.639/2002 Art. 1º - Aprovar as "Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico", anexas à esta resolução, possibilitando a elaboração e o arquivamento do prontuário em meio eletrônico. Art. 2º - Estabelecer a guarda permanente para os prontuários médicos arquivados eletronicamente em meio óptico ou magnético, e microfilmados. Art. 3º - Recomendar a implantação da Comissão Permanente de Avaliação de 24 Documentos em todas as unidades que prestam assistência médica e são detentoras de arquivos de prontuários médicos, tomando como base as atribuições estabelecidas na legislação arquivística brasileira (a Resolução CONARQ Nº 7/97, a NBR Nº 10.519/88, da ABNT, e o Decreto Nº 4.073/2002, que regulamenta a Lei de Arquivos – Lei Nº 8.159/91). Art. 4º - Estabelecer o prazo mínimo de 20 (vinte) anos, a partir do último registro, para a preservação dos prontuários médicos em suporte de papel. Parágrafo Único - Findo o prazo estabelecido no caput, e considerando o valor secundário dos prontuários, a Comissão Permanente de Avaliação de Documentos, após consulta à Comissão de Revisão de Prontuários, deverá elaborar e aplicar critérios de amostragem para a preservação definitiva dos documentos em papel que apresentem informações relevantes do ponto de vista médico-científico, histórico e social. Art. 5º - Autorizar, no caso de emprego da microfilmagem, a eliminação do suporte de papel dos prontuários microfilmados, de acordo com os procedimentos previstos na legislação arquivística em vigor (Lei Nº 5.433/68 e Decreto Nº 1.799/96), após análise obrigatória da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos da unidade médico-hospitalar geradora do arquivo. Art. 6º - Autorizar, no caso de digitalização dos prontuários, a eliminação do suporte de papel dos mesmos, desde que a forma de armazenamento dos documentos digitalizados obedeça à norma específica de digitalização contida no anexo desta resolução e após análise obrigatória da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos da unidade médico-hospitalar geradora do arquivo. Art. 7º - O Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), mediante convênio específico, expedirão, quando solicitados, a certificação dos sistemas para guarda e manuseio de prontuários eletrônicos que estejam de acordo com as normas técnicas especificadas no anexo a esta resolução. Fonte: Conselho Federal de Medicina. 8 CONCLUSÃO Vivemos a era da informação. Falamos muito em quanto vale uma informação. Na saúde podemos afirmar que vale a vida de um ser Humano. Portanto, quando nos deparamos com perguntas técnicas como, se devemos implantar sistema informatização de prontuários, quanto vai custar, se é viável financeiramente, devemos lembrar que o intuito de qualquer melhora a nível 25 de serviço de saúde pode sim propiciar no momento final a melhora incondicional da vida do paciente. Quando expomos a necessidade de implantação do PEP, pensamos do maior bem que um ser humano tem, sua vida. Portanto, através da revisão bibliográfica e pesquisa de campo em um Hospital da nossa força, fica evidente que com a implantação do sistema unificado de prontuário, este bem maior que é a vida ficará protegida. Vale ainda ressaltar que pela grandeza do nosso Exército o trabalho em conjunto se faz mais do que necessário. Profissionais da área de Informática do nosso valoroso QCO deverão se unir aos profissionais da área de saúde. Não adiantaria nada este profissional desenvolver um programa apenas na linguagem técnica sem vivenciar a rotina de um hospital. Devemos tal qual os americanos criar uma comissão permanente de desenvolvimento e atualização de softwares ligado a área de saúde. Poderíamos aproveitar softwares já existentes como o Hygia criado na cidade de Santos e já empregado em várias cidades de diferentes estados Brasileiros. Temos a certeza plena que o Exército Brasileiro encontra-se no momento de transição para implantação de novas idéias o que nos diferenciará ou nos igualará as melhores redes de saúde civil e militar. Sabemos desenvolver muito bem nosso “braço forte”, podemos fortalecer mais ainda nossa mão amiga. REFERÊNCIAS KOBAYASHI, LUIZ OCTÁVIO MASSATO, FURUIE, SÉRGIO SHIGUEMI. Segurança em informações médicas: visão introdutória e panorama atual. Rev. bras. eng. biomed Braz. j. biomed. eng;23(1):53-77, abr. 2007. ilus. 26 GRINBERG, MAX. Prontuário do paciente: o papel na defesa profissional do médico. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo;15(4):319-327, jul.-ago. 2005. FURUIE, S. S., GUTIERREZ, M. A., FIGUEIREDO, J. C. B., TACHINARDI, U., REBELO, M. S., BERTOZZO, N., MORENO, R. A., MOTTA, G. H. M B., NARDON, F. B., OLIVEIRA, P. P. M. . Prontuário eletrônico de pacientes: integrando informações clínicas e imagens médicas. Rev. bras. eng. biomed Braz. j. biomed. eng;19(3):125-137, dez. 2003. ilus. 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