UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM RECURSOS HUMANOS E DEPARTAMENTO DE PESSOAL – FERRAMENTAS DA ADMINISTRAÇÃO Por: Fernanda Alves Teixeira Orientador Prof. Paulo José Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Fernanda Alves Teixeira. 3 AGRADECIMENTOS A Deus, pelo qual se realiza todas a coisas. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais que me incentivaram, a minha filha Beatriz e a Marcelo que me apoiou até aqui. 5 RESUMO O presente trabalho buscou conhecer o histórico da Administração Científica, para assim conceituar duas subdivisões denominadas Departamento de Pessoas e Recursos Humanos. Para isso, foi preciso identificar as ferramentas usadas por cada departamento, procurando também expor as diferentes atribuições de cada um e assim desmistificar o pensamento popular de que Departamento De Pessoal e Recursos Humanos tem a mesma função. A solução para este conceito errôneo seria a continua preparação do Gestor de RH para que suas atividades não se prendam a trabalhos meramente burocráticos e sim intelectuais, com foco no bem estar do trabalhador, aliado também aos interesses da organização. Porque apesar de terem uma base em comum, cada área tem suas próprias características. Palavras-chave: Administração, Recursos Humanos e Departamento de Pessoal. 6 METODOLOGIA Optamos como metodologia a adoção de uma abordagem dedutiva e bibliográfica. Utilizamos Gil (2002) para salientar que: ”A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.” (Gil, 2002: 44: 45) Tratando-se de totalmente de um estudo bibliográfico, nos direcionamos para coleta e seleção do material a ser utilizado, com enfoque nos autores que abordam sobre o tema escolhido. Análise de documentos através da leitura sobre os processos de RH assim como a aproximação da leitura através de alguns autores que tratam a temática aqui apresentada aprofundamentos. nos possibilitaram, futuramente, maiores 7 SUMARIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................08 CAPITULO I - A administração e suas divisões (diferentes atribuições e propriedades) ....................................................................................................10 1.1 – Breve introdução sobre a administração .............................................10 1.2 – Surgimento dos Recursos Humanos ...................................................14 1.3 – Conceituando Departamento de Pessoal ............................................20 CAPITULO II – Atribuições e Competências dos Recursos Humanos e do Departamento de Pessoal ................................................................................25 2.1 – RH e sua importância dentro das organizações ......................................25 2.1.1 – RH – Ferramenta estratégica organizacional .......................................27 2.2 – O Departamento de Pessoal ....................................................................35 CONCLUSÃO ...................................................................................................39 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................40 FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................44 8 INTRODUÇÃO O presente trabalho é o fruto de um trabalho de conclusão de curso que tem por objetivo cumprir o quesito de etapa monográfica para concluir o curso de pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos e tem como tema expor a origem do Departamento Pessoal e do Recursos Humanos nas empresas de forma geral. Nosso estudo tem como hipótese central identificar as características e as divergências entre estes dois departamentos e o que isso implica no funcionamento dos processos organizacionais. Para subsidiar esta hipótese utilizamos alguns atores como referencia na área administrativa que embasasse nossa discussão, como: Luiz Carlos Cabreira (2011), Idalberto Chiavenato (1983), Antônio Carlos Gil (1994) e Ana Maria Pereira Moraes (2000). A motivação para esta pesquisa surgiu a partir dos enganos cometido pelas organizações em mesclar estes departamentos em um apenas. A pesquisa é qualitativa e bibliográfica com base nos autores referidos acima dentre outros. O trabalho foi dividido em dois capítulos. No primeiro capítulo apresentaremos as origens da administração, sua implementação nas indústrias as diferentes nomeações e funções que agregaram-se a ela ao longo de sua evolução. Inicialmente voltada apenas para o aumento da produção e adequação do funcionário até dividir-se em Departamento Pessoal por sua vez divido novamente em Recursos Humanos, permanecendo até os dias atuais. No segundo capítulo pretendemos identificar as diferentes atividades de cada departamento, na tentativa de visualizar como se realiza seus processos dentro das empresas e a importância do RH em se transformar em um fator estratégico, inserido nos grupos de decisão, propondo novas idéias para que 9 se alcancem os objetivos da empresa e promovendo o alcance do bem estar profissional dos colaboradores de forma mais eficiente e satisfatória. Por fim concluiremos este trabalho propondo uma reflexão sobre as continuas mudanças que acontecem no meio organizacional por conta das exigências de mercado. Pois a fusão entre os dois departamentos não está associada somente a falta de informação sobre as áreas específicas, mas esta também associada ao enxugamento de departamentos e cargos com base na ideologia capitalista de que é preciso ter menos funcionários que realizem diversas tarefas ao mesmo tempo. 10 CAPITULO I- A ADMINISTRAÇÃO E SUAS DIVISÕES (DIFERENTES ATRIBUIÇÕES E PROPRIEDADES) Com o advento da Revolução Industrial e as novas exigências de se organizar os setores de produção começa a surgir à necessidade de criar ferramentas para organizar o processo fabril. Ao longo das mudanças ocorridas na esfera de mercado e o advento do Capitalismo moderno acirra-se também a competitividade entre empresas por novos mercados e pela maximização dos lucros. Para legitimar as práticas administrativas foi preciso investir em conhecimento e técnicas que propiciaram o alcance dos objetivos definidos pelas empresas. Uma das consequências de sua evolução foi o surgimento do Departamento De Pessoal e mais tardiamente a divisão deste e o nascimento dos Recursos Humanos, que da conta de outros processos de gestão enquanto o DP cuida da burocratização das atividades organizacionais. Estas duas subdivisões da administração tiveram a mesma origem, porém executam tarefas bem distintas. O presente trabalho procura conceituar as atribuições de cada uma delas e desmistificar a visão de que os Recursos Humanos e Departamento De Pessoal tem a mesma função. Neste capítulo abordaremos o surgimento da administração e sua constante transformação para tentar suprir as necessidades das empresas em dirigir seus negócios. 1.1 - Breve introdução sobre a administração Podemos conceituar a Administração como a ciência que se preocupa em tomar decisões sobre os recursos disponíveis, dentro de uma organização 11 e/ou instituição. Trabalhando com pessoas a fim de atingir objetivos, gerenciando as informações de diversos profissionais, visando às consequências de cada decisão. Também pode ser definida como uma disciplina das ciências sociais que se propõe a estudar e sistematizar as práticas utilizadas para administrar. A palavra administração, de acordo com Chiavenato (1982:3) tem sua origem do latim ad, que significa direção, tendência para, e minister que quer dizer subordinação ou obediência. De acordo com a FEA-USP (2008) para administrar um negócio, ou até mesmo nossa vida pessoal é preciso definir alguns pontos básicos como: planejar, organizar, dirigir e controlar as ações a serem realizadas pela empresa. Porém, segundo a faculdade de administração paulistana existem pelo menos oito funções administrativas classificadas como principais. São elas: - fixar objetivos; - analisar, conhecer os problemas; - solucionar os problemas; - organizar e colocar os recursos, tanto financeiros, quanto tecnológicos e humanos; - liderar, comunicar, dirigir e motivar as pessoas - ter poder de negociação; - saber tomar decisões; - fazer controle periodicamente, mensurando os dados e avaliando os resultados. Entretanto o desempenho positivo da administração depende de um fator, que muitas vezes é negligenciado, a capacidade de liderança do administrador. Pois, para ser um bom líder, é preciso saber lidar com pessoas, negociar, estabelecer comunicação, tomar decisões e ter visão dos processos de forma ampla. Ao longo da evolução das práticas administrativas, surgiram, 12 pelo menos, de acordo com CHIAVENATO (1983) quatro áreas de atuação básicas para o profissional: Finanças (contabilidade), Produção (linhas de produção, ex: indústrias), Marketing (propaganda e divulgação) e Recursos Humanos (administrar ou gerenciar pessoas). Existem, segundo o autor, ainda três fatores importantes em que podemos basear a administração, são eles: dar ênfase ao elemento humano dentro da organização, manter o foco de atenção nos resultados pretendidos de acordo com os objetivos ao invés de direcionar toda atenção para as atividades. Ou seja, refletir sobre o que determinada ação pode extrair de positivo para empresa e se isto tem a ver com os objetivos propostos pela equipe. E por fim, quando o objetivo for alcançado, analisar se o mesmo tem a ver com a realização dos objetivos profissionais de cada membro da organização. Faz sentido refletir sobre o impacto das ações dos recursos humanos sobre a empresa, pois ela pode determinar a sobrevivência do profissional deste departamento nas empresas e com isso enaltecer também a imagem do RH no ambiente externo. Na figura abaixo podemos visualizar um tipo de esquema que pode auxiliar no entendimento da relação entre objetivo, recursos e decisões. OBJETIVOS RECURSOS Para tanto, conhecimento, DECISÕES Recurso Espaço, compreende Tempo, Dinheiro a Pessoas, e Instalações. Informação E e Decisões compreende ao Planejamento, Organização, Direção ou coordenação e Controle. Sendo assim, esta ciência não se limita a estas áreas, utilizamos GIL (1994) para dizer que, ao contrário, se expande a diversas outras áreas do conhecimento. Está sempre num processo de transformação, desde as 13 ciências exatas até as ciências humanas, portanto difícil de mensurar e demarcar seus limites. O mercado de trabalho exige e se apropriam cada vez mais de administradores para dar estrutura e continuidade no funcionamento dos mais diversificados processos e setores das organizações. Principalmente, as empresas que precisam expandir-se e inevitavelmente, complexificar seu funcionamento, a fim de dar conta das exigências de consumo do mercado. O conhecimento técnico dentro da área administrativa é de suma importância, pois na atualidade para Moraes (2000) a pratica profissional não pode ser baseada em instintos ou intuições somente, porém não é o único fator que diferencia o profissional no mercado de trabalho. É preciso dar atenção à personalidade de cada gestor, enfim, conta-se também com as habilidades do administrador. Habilidades neste contexto referem-se à técnica, a humana e a conceitual. A habilidade técnica seria a utilização de seus conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos válidos para o cumprimento de suas tarefas diárias, por meio da qualificação e da experiência. As habilidades humanas dizem respeito à capacidade de discernir suas atitudes e a dos demais, em relação às pessoas do ambiente de trabalho e como aplicar uma liderança eficaz baseada nesta habilidade. Sobre habilidade conceitual podemos dizer que ela auxilia a compreensão da complexidade organizacional e o enquadramento do comportamento pelo qual o colaborador perpassa ao longo do processo de adequação institucional conforme CHIAVENATO (1983). Utilizando o pensamento do autor sabemos que através da combinação entre estas três habilidades se modificam de um indivíduo para outro e em que nível hierárquico ele se encontra. Dentro da hierarquia basicamente existem os níveis Institucional (Alta direção, habilidade conceitual), Intermediário (Gerência, habilidade humana) e Operacional (Supervisão, habilidade técnica). Não poderíamos deixar de explanar, que organizações administradas corretamente têm seu reflexo na qualidade de vida da população e seus produtos ou serviços já fazem parte do quotidiano das pessoas e até de outras organizações. Isto faz do administrador um importante recurso social. 14 De acordo com a premissa capitalista, ressaltamos também o aumento da administração voltada para o empreendedorismo. Onde se estimula a ideia de que o indivíduo deve se tornar seu “próprio patrão” ou ainda, a administração participativa, que visa a educação dos colaboradores como via de acesso a gestão independente de cada negócio. É impossível crescer de forma organizada e estruturada dentro do cenário capitalista sem a presença da administração. Pois não é incomum empresas abrirem e fecharem durante um curto período de tempo sem a oportunidade de expandir-se. De acordo com o SEBRAE, inúmeras empresas de (pequeno e médio porte), alcançam a vida útil de dois anos e fecham as portas, pois para administrar um negócio é preciso que os empreendedores tenham algum tipo de formação ou experiência. Esta experiência pode ser adquirida através do próprio órgão que disponibiliza cursos na área. O ponto negativo da administração seria a burocratização excessiva dos processos internos e a não formulação de metas a serem alcançadas pela empresa, pois não se chega a lugar algum sem meios que direcionem a existência da mesma. No próximo item falaremos sobre a necessidade de criar um departamento que desse conta da necessidade de administrar pessoas e procurasse valorizar o colaborador para que este realizasse suas funções da forma pretendida pela organização. Deste modo surge o Departamento de Recursos Humanos. 1.2 – O SURGIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS A administração de toda e qualquer atividade que tenha como foco a articulação entre trabalhador – organização – produtividade satisfatória tem relação com os Recursos Humanos. Este campo de atuação engloba processos de recrutamento e seleção, treino de pessoal, acompanhamento do desempenho de cada funcionário ou setor, manutenção, controlar e avaliar as atividades dos colaboradores. Com o surgimento e a implementação das idéias propostas pela Administração Científica, no final do século XIX, começa-se a valorizar as condições humanas para o efetivo desenvolvimento do trabalho. 15 Tornou-se relevante analisar os fatores psicológicos e sociais que pudessem interferir na produtividade. Segundo Mayo (1945), psicólogo americano, fatores simples como pouca iluminação no ambiente de trabalho, podem alterar o comportamento humano. Causando esgotamento, acidentes e inferindo diretamente sobre o produto final. Para solucionar esta questão, de acordo com CABREIRA (2011) foram valorizadas algumas ações de integração social dentro do ambiente organizacional, como comunicação interpessoal e intersetorial, motivação e liderança compartilhada. Para alguns estudiosos esta crescente visão humanizada tem a ver com a aproximação e colaboração entre capitalista e trabalhador. Entende-se que esta relação tem o intuído se ser satisfatória para ambos os lados. Porém, isto pode ser, na verdade, uma nova forma de exploração menos agressiva aos olhos da classe assalariada. Durante a Segunda Grande Guerra é possível notar o crescimento dos sindicatos da classe trabalhadora, sobretudo nos Estados Unidos. Isto provocou algumas mudanças sociais e dentro das organizações também. Ocorreram várias modificações no gerenciamento de pessoal, que até então se resumia a atividades de entrada e saída de trabalhadores e outras atividades inerentes a disciplinar o funcionário de acordo com as regras de cada organização. Para Gil (1994) a partir desse movimento deu-se maior enfoque ao bem estar físico, psicológico e biológico do trabalhador e a negociar suas reivindicações. Desta maneira, criou-se o Departamento de Relações Industriais. Entretanto este movimento não alcançou importância devida dentro das empresas brasileiras, frente à fraqueza dos movimentos nacionais e seu pouco espaço na arena política. Ao decorrer dos anos, houve um amadurecimento da Administração de Pessoal e das Relações Industriais, categorias utilizadas em décadas passadas que agora recebem uma nova nomenclatura. Nasce assim, os Recursos Humanos de acordo com GIL (1994). 16 As primeiras menções aos Recursos Humanos se dão a partir dos anos 1960 e se implanta até os dias atuais. Neste período a dinâmica interna das empresas necessita de uma nova termologia que contemple esta nova visão. Segundo GIL (1994-15 apud FEA/USP artigo), grande parte das organizações nacionais de grande, médio ou até pequeno porte, mantém internamente um departamento de RH, entretanto, isto não significa necessariamente, um avanço em termos de valorização do funcionário e/ou colaborador. Este véu de modernidade pode encobrir práticas restritas ao controle de entrada e saída de funcionários, assim como nos primórdios da Administração dentro das organizações. Mas antes de nos aprofundarmos nos Recursos Humanos, é necessário compreender primeiro, o que vem a ser a Teoria Geral de Sistemas. O conceito de Sistemas surgiu a partir dos trabalhos de Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão, que buscou elaborar soluções práticas que tenham possibilidade de serem aplicada na realidade. Sofrendo alterações de acordo com cada problema e cultura organizacional. O conceito de Sistemas difere entre os autores. Para CHIAVENATO (1983) este conceito está relacionado às ciências, sobretudo a Administração. Liga-se a ciência ao tipo de sistema que lhe corresponde, como por exemplo, a Sociologia, que se aprofunda em estudar os sistemas sociais. Sistema pode ser definido de diversas formas nos apropriamos de GIL (1994:16) para dizer que, dentre elas, temos “a interação e cooperação independente de vários elementos”; “o todo, como união de diferentes partes ou elementos que se agrupam para estruturar-se de forma mais organizada”. Podemos dizer, então, que os sistemas são conjuntos de comportamentos e ações de partes que se unem com foco em um determinado objetivo. A Administração de Recursos Humanos caracteriza-se pela priorização do sistema, mas isto não significa, como citado anteriormente, que ocorra nas empresas uma gestão de sistema de pessoal comprometida. Na maioria das organizações, é delegada ao RH a função de supervisionar e dar prosseguimento às atividades relacionadas ao trabalho e ações disciplinares 17 (admissão, demissão, férias, licenças, suspenções, advertências, transferência de cargo ou setor etc.). Nas organizações que sistematizam a gestão de RH é possível identificar algumas ações positivas, utilizamos o pensamento de GIL (1994) para dizer que: a) Partes Interdependentes entre si, como processos de seleção e recrutamento, que apesar de terem dinâmicas diferentes tem um objetivo em comum. Além disto, quanto melhor é a aplicabilidade de um, melhor será o resultado de outro; b) A organização deve ser vista como uma estrutura sólida, todavia, também deve ser vista como uma instituição que precisa transformar-se continuamente; c) Adotar teorias modernas entre as ciências humanas, relacionadas ao tipo de organização, pois não existe certeza absoluta sobre determinado assunto; d) Trabalhar conjuntamente com outras áreas das ciências humanas. Por isso, as equipes de RH devem ser compostas por várias pessoas de disciplinas e visões diferentes; e) Observar os fenômenos ocorridos á partir da analise dos inúmeros fatores que contribuíram para seu aparecimento; f) Buscar a compreensão dos fenômenos e delegar aos personagens inseridos nele, a tarefa de traçar métodos para alcançar os objetivos; g) Motivar sempre! Por diversas razões, inclusive por motivos que não estão necessariamente ligadas a remuneração. A motivação também pode ser aplicada na valorização do profissional ou para elevar o status do colaborador; h) Incentivar á Participação dos setores, desde o mais complexo ao mais simples. A ideia, é que, todas as decisões que vão interferir na politica organizacional principalmente sobre o RH, devem perpassar pela empresa dando atenção a opinião de todos os funcionários ligados à gestão de pessoas; 18 i) Ambiente de trabalho bem disposto proporciona aos colaboradores maior rendimento adaptando-se de acordo com as necessidades de cada um; j) Documentar todas as atividades, deixando bem claro todas as informações sobre a organização, perfil do funcionário, relacionamento com colegas de trabalho e com o cliente externo. Para tanto a forma sistêmica de administrar proporciona visualizar a organização como um grande sistema formado por sistemas menores, inserido e transformado a todo tempo pelo sistema social. Cada setor de uma empresa pode ser entendido como sistema menor, inclusive os Recursos Humanos. Porém, não existem delimitações rígidas entre um sistema e outro. Segundo GIL (1994) a troca de informações entre todos os sistemas deve ser priorizado, pois um sistema está inserido dentro de outro. A forma de organizar o sistema da Administração de Recursos Humanos vária de um autor para outro, por isso, utilizaremos GIL (1994) para expor como este sistema pode ser dividido e quais atividades de cada subsistema. Mas antes, descreveremos tais sistemas. O sistema de suprimento diz respeito ao componente utilizador para integrar os sujeitos com a organização. O sistema de aplicação se refere às técnicas usadas para reutilizar os recursos humanos disponíveis internamente de forma mais proveitosa para organização. O sistema de manutenção diz respeito às formas de traçar objetivos e desenvolvê-los de forma satisfatória, a fim de manter a sobrevivência do RH dentro das organizações. O sistema de capacitação e desenvolvimento é inerente à busca de atualização para desenvolver as atividades do RH. No sistema de avaliação e controle é possível agregar dados que possam ser utilizados para aumentar a qualidade dos recursos humanos. Utilizaremos GIL (1994) para explanar sobre a classificação dos subsistemas já citados, segundo o autor: 19 - Suprimento: Identificar as necessidades dos funcionários; Fazer pesquisa de mercado de recursos humanos; Recrutar; Selecionar os mais aptos. - Aplicação: Analisar e Descrever claramente as funções dos Cargos; Planejar e distribuir os funcionários; Elaborar Plano de Carreira. - Manutenção: Administrar Salários; Definir tipos de Benefícios; Priorizar a Higiene e Segurança do Trabalho. - Capacitação e Desenvolvimento: Treinamento regularmente de Pessoal; Desenvolvimento tanto de Pessoal como da Organização. - Avaliar e Controlar: Avaliar o desempenho periodicamente; Utilizar Banco de Dados inserido em um Sistema de Informações; Realizar Auditoria no setor de RH. Não é novidade que a sociedade brasileira vem sofrendo um processo de transformação cultural e social ao longo das últimas décadas do séc. XX. Portanto, estas mudanças afetaram intensamente as relações sociais existentes dentro das organizações, pois estas também são um tipo de sistema social, influenciado por mudanças externas, apesar de seus indivíduos serem moldados por normas e regulamentos correspondentes ao tipo de organização. Entretanto, por mais que a organização queira modelar o comportamento do colaborador através da elaboração de normas, condutas, benefícios e punições, não se pode ignorar sua vivência, conjuntura social e traços de personalidade. Estes fatores contribuem para conduta do colaborador dentro da organização, por isso, é tarefa do RH também procurar equilibrar estes elementos. De acordo com Cabreira (2011), ai esta o grande desafio da Gestão de Recursos Humanos na atualidade: saber lidar com os novos recursos humanos brasileiros. Este fenômeno, no entanto, não é referente apenas ao RH. Ele também afeta outros profissionais inseridos na organização, sendo líderes ou não, pois todos lidam com pessoas. Gerir o RH corresponde à responsabilidade de analisar, entender, compreender e formular ações com eficiência e eficácia junto à organização. 20 Atualmente é possível acessar trabalhos e literaturas que falem deste desafio, tanto no Brasil como no estrangeiro. Ressaltando que, a forma de administrar se modifica de acordo com valores e crenças culturais ou regionais, deste modo, técnicas de gestão que se aplicam no Japão não tem a mesma aplicabilidade no Brasil e vice-versa por exemplo. E por falar nisto, exatamente por ser passível a mudanças que foi, ao longo dos anos, tornandose uma administração mais humanizada, direcionada a satisfação dos funcionários e sua realização profissional. Para isso, é importante aprofundarse no estudo das teorias e práticas do comportamento humano dentro das empresas. Não é a toa que notamos o crescimento singular de trabalhos sobre Motivação, Liderança, Democratização Organizacional, Grupos de Trabalho e Comportamento, a fim de atualizar a prática dos Recursos Humanos nas instituições. Os incontáveis trabalhos sobre estes temas tem sua importância a partir do momento em que se objetivam a idealizar soluções e ações que auxiliem na evolução dos Recursos Humanos. No item a seguir falaremos sobre o Departamento de Pessoal e sua atuação dentro das empresas. Pretendemos também diferenciar este do departamento de Recursos Humanos. 1.3– CONCEITUANDO O DEPARTAMENTO DE PESSOAL A nomeação por “Departamento De Pessoal” é bem mais antiga do que supomos. Sua origem tem uma característica histórica, sendo utilizada desde os tempos da escravidão no Brasil. Sabemos que neste período os senhores davam aos capitães a tarefa de vigiar e punir os escravos, pois os mesmos tinham o mesmo valor de um objeto ou ferramenta, através do qual se tirava o máximo proveito para lucrar. Com o passar dos séculos surgiram as empresas, no entanto não existia nenhum tipo de lei trabalhista que protegesse o trabalhador. Era praticamente uma servidão sem chibatadas, pois apesar de haver remuneração (apesar de insuficiente pra sobrevivência do mesmo e sua família), era 21 atribuído a este indivíduo o mesmo valor de um escravo. Utilizamos a pesquisa da Fundação IDEPAC (2009) para dizer que: “Nessa fase o chefe de pessoal, tinha como atribuição apenas controlar em uma espécie de ficha ou escrita do pessoal, o valor que o trabalhador tinha a receber desde sua admissão até o dia de sua saída e também dar ordens, ou seja, um feitor. Sendo assim a administração tinha apenas uma função contábil.” (IDEPAC 2009: 4) Na Era Vargas, a partir de 1930, foram criadas várias leis trabalhistas e as empresas começam a sofrer o impacto destas mudanças em sua conjuntura. É fundado nesta época o Ministério do Trabalho e cria-se a Carteira Profissional, medidas de proteção ao trabalho da Mulher e do Menor. Com isto, aquele chefe de pessoal passa a ser um recrutador de mão de obra, em concordância com a s novas leis. Em 1º de maio de 1943 é aprovada a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, em vigor ate os dias atuais. E mesmo com a Revolução de 1964 as leis trabalhistas ganharam novas medidas, que ampliam o direito dos trabalhadores e exigem sua valorização pelo empregador. Várias empresas mantém em seu quadro organizacional o departamento de pessoal, entretanto, com este movimento de valorização do funcionário é possível notar algumas modificações em seu perfil, para com isso, conseguir também motivar seus funcionários. Como aponta a IDEPAC (2009): “Ate hoje ainda temos empresas que mantem o departamento de pessoal, no entanto as empresas veem percebendo que não é mais possível tratar a sua organização apenas como uma máquina, visando apenas o lucro, que seus colaboradores têm sentimentos e que somente altos salários não satisfazem que é necessário investir em qualidade de vida, ou seja, as empresas estão percebendo a necessidade de trazer cada vez mais o colaborador para perto da empresa, fazendo investimentos, não visando apenas o retorno imediato e sem uma motivação para o trabalhador, o que seguramente vai retornar para empresa, pois um funcionário motivado certamente produz mais.” (IDEPAC (2009: 5) 22 O Departamento de Pessoal é uma área que esta em continuo processo de expansão nas organizações. O profissional desta área é responsável pela administração de cálculos e da folha de pagamento, dando conta de todo processo, desde a admissão até a demissão de um colaborador. Segundo Rocha e Macedo (2005) para uma empresa atingir suas metas é preciso mais do que tecnologia, pois uma organização se faz através de pessoas. “Para desenvolver suas atividades, a empresa precisa de pessoas. Essas pessoas, que constituem os recursos, são muito importantes para que a empresa possa atingir seus objetivos. A empresa será tão mais eficiente quanto mais eficientes forem as pessoas que a compõem. De nada adianta a empresa dispor de ótimos recursos materiais (máquinas, equipamentos, dinheiro, etc.) e de excelentes recursos técnico-administrativos (formulários, documentos, etc.), se não possuir recursos humanos capacitados e motivados para utilizá-los.” (Rocha e Macedo, 2005:10) Para atuar neste campo não é obrigatório ter uma formação, entretanto, recomenda-se um curso de especialização para qualificação do trabalho. O DP é geralmente composto por três setores, são eles: admissão, compensação e desligamento. Para Rocha e Macedo (2009) a admissão trata do processo de integração do colaborador com a organização, dentro das normas administrativas e jurídicas. A compensação cuida do controle da assiduidade, pagamentos, benefícios, taxas, impostos e das contribuições. O desligamento é o setor responsável pelo rompimento com o contratante e suas atividades estendem-se aos órgãos jurídicos como DRTs, sindicatos, justiça do trabalho, dentre outros. Por terem origem na área administrativa é comum confundir Recursos Humanos e Departamento de Pessoal, entretanto ambos possuem funções distintas. 23 O Departamento de Pessoal é uma parte dos Recursos Humanos, porém, é função do RH recrutar e selecionar os funcionários. Realizando treinamentos, planos de cargos e salários, observar se as medidas de segurança e medicina do trabalho estão sendo satisfatórias para o colaborador, por exemplo. Enquanto que a parte burocrática é responsabilidade do Departamento de Pessoas. Para salientar este pensamento nos apropriamos novamente da pesquisa da Fundação IBEPAC, para afirmar que a preocupação com o bem estar das pessoas é atribuição do RH pois: “Para isso sai o Departamento Pessoal e entra os Recursos Humanos, onde o responsável não somente elabora folha de pagamento, mais também se responsabiliza por projetos voltados ao bem estar dos funcionários, programas de motivação, investimento em treinamento de funcionários, dentre outras atribuições voltadas para a área humana da empresa.” (IBEPAC, 2009:5) Se pesquisarmos na web, sobretudo através do site Google, podemos notar que já existem também escritórios especializados em prestar assessoria e consultoria de DP para as organizações. No que tange a manutenção das empresas dentro das normas trabalhistas. Segundo estas mesmas normas, podemos dizer que existem quatro tipos de categoria que distinguem os trabalhadores. Utilizaremos a figura abaixo para exemplificar esta distinção: Categoria Trabalho Salário Subordinação Habitualidade Característica Empregado Existe Existe Existe Existe Vinculo empregatício Autônomo Existe Honorário Não existe Não existe Autonomia/ eventualidade Estagiário Existe pelo Bolsa/ ou Existe Existe aprendizado não Temporário Existe Existe Através da escola Existe Existe Através de 24 terceiros/ agencias emprego Figura 1.0 Fundação IBEPAC- Departamento Pessoal, 2009. No próximo capítulo nos aprofundaremos sobre as práticas dos Recursos Humanos e do Departamento de Pessoal, chamando atenção para a Estratégia, como ferramenta a ser usada dentro dos Recursos humanos. de 25 CAPITULO II – ATRIBUIÇÕES E COMPETENCIAS DOS RECURSOS HUMANOS E DO DEPARTAMENTO DE PESSOAL No decorrer das transformações organizacionais, surgiu-se a necessidade de criar uma ferramenta dentro da administração que tratasse dos assuntos voltados para o fator humano dentro das empresas. Um departamento que desse conta não se de assuntos burocráticos, como folhas de pagamento, admissão ou férias, mas sim, que utilizasse de recursos que valorizassem os trabalhadores, voltado também para elaboração de técnicas para recrutar, selecionar, treinar os contratados e buscar soluções para os desafios diários. 2.1 – A Importância dos Recursos Humanos dentro das Organizações Os Recursos Humanos são responsáveis pelas ações, pela elaboração de políticas e orientação, pela prestação de serviços específicos que auxiliam o trabalho dos gerentes, supervisores ou chefias. A nomenclatura RH é recente, como dissemos anteriormente, esta nova roupagem, procura distanciar-se da antiga, mas nem tanto, visão da gestão de pessoas, denominada primeiramente como Departamento de Pessoal. Exploraremos este conceito no item a seguir. 26 Com o aprimoramento da teoria e prática da Administração e o surgimento da Escola de Relações Humanas nos Estados Unidos em 1920, e, além disto, o aprimoramento também de teorias sobre o Comportamento Organizacional foi possível orientar as ações para administrar pessoas. Estas ações correspondem a atração, fixação, remuneração, motivação, treinamento, desenvolvimento e encaminhamento de recursos (CABREIRA, 2011:3). Os funcionários passaram a ser vistos como recursos estratégicos e não com meros executores de tarefas, que tinha que tornar-se cada vez mais eficiente. A dominância da eficácia sobre o ser é prioridade neste contexto. Eficácia aqui corresponde, a integração e participação. No entanto esta categoria não tem a mesma importância da eficiência. Pois era preferível elaborar e concluir as tarefas da forma pretendida pelo empregador. Uma amostragem clássica deste tipo de conduta é encontrada no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin, conforme a imagem abaixo. Imagem do filme “Tempos Modernos” (Google.com.br) Este processo acarretou a expansão da atuação dos Recursos Humanos de forma mais concreta. Estando sua atuação atrelada a estratégia 27 de negócios da empresa em concordância com a realidade social e econômica do meio externo. O RH é um departamento, que por assim dizer, deve ter uma visão estratégica dos processos organizacionais à fim de orientar a cúpula executiva em termos de decisões, técnicas a serem utilizadas, sistemas, práticas de administrar pessoas, a partir da filosofia da empresa. Os Recursos Humanos precisou ao longo de sua evolução, apropriar-se de outras ciências, principalmente das ciências humanas, dentre elas podemos destacar a psicologia, sociologia, política, antropologia, comportamento organizacional e filosofia. Estas fontes em conjunto deram um importante suporte teórico que embasou o RH atual e auxiliou consequentemente, na resolução de problemas diários. Voltamos a dizer que a gestão de RH deve incentivar o desenvolvimento pessoal e profissional do colaborador, estabelecendo uma relação favorável entre Capital e Trabalho. Para Cabreira (2011) o cenário para gestão de Recursos Humanos se mostra ”desafiador, estimulante e abrindo espaço para novos profissionais amplos, que tiverem a humildade de desaprender para poder de novo aprender”. No próximo subitem falaremos sobre a apropriação da teoria da Estratégia pelo RH e como a aplicação desta teoria pode auxiliar a tomada de decisão do gestor, facilitando deste modo as atividades do setor. 2.1.1 – RH – Ferramenta Estratégica Organizacional Com valorização do elemento humano e o reconhecimento do mesmo como fator decisivo para o seu sucesso da organização, surge um novo tipo de interação entre as empresas e o meio externo, deixando de ser uma relação puramente comercial para uma relação de origem sistêmica. Claro que estas mudanças ocorreram de forma gradativa, observando as influencias do meio social-politico e econômico no meio organizacional. Este processo se deu de forma mais rápida em algumas empresas e mais lentamente em outras. 28 Para Cabreira (2011) toda ação necessita de planejamento e estratégia, sobretudo nos negócios. Por isso: “É difícil dizer quem nasceu primeiro, se a empresa ou a estratégia, ainda que a terminologia e racionalidade da gênese da primeira organização empresarial não estivesse embasada em princípios da teoria estratégica conceituada e compilada muito mais tarde.” (Cabreira, 2011:4) Supomos que os primeiros empreendedores tenham se baseado em normas comerciais já utilizadas. A relação entre a energia humana e o produto de seu trabalho está intrinsecamente ligada aos Recursos Humanos. Esta energia provem dos líderes, colaboradores, incluindo fornecedores, terceirizados, contando-se ainda com os clientes que se tornam propagadores de uma marca ou produto, dependendo do nível de satisfação do que lhe é oferecido. Concordamos com Cabreira (2011) ao salientar que: “Não se trata aqui de uma mera energia física para produzir, vender e entregar, mais de uma energia interativa entre os diversos segmentos e estratos do complexo social ao qual uma organização se expõe, estabelecendo uma sinergia que extrapola os limites da empresa e provoca uma relação em cadeia que pode ser polarizada positivamente quando é orientada por políticas e estratégias corretas, aplicando os bons princípios da Eficácia, da Ética e da Estética. (Cabreira, 2011:5) A Gestão de RH está atrelada a esta troca de energia entre estes sujeitos, independente do tipo de empresa ou o que ela produz. Tornando-se mais complexa a medida que esta troca amadurece e o meio externo se torna mais dinâmico. Isto acontece constantemente com empresas em processo de expansão. Apropriamo-nos novamente de Cabreira (2011) para dizer que: “A complexidade no ambiente interno cresce não só com o aumento das dimensões da organização, mas também com a incorporação de tecnologias mais avançadas, de estruturas organizacionais mais arrojadas e descentralizadas, empregados criados e desenvolvidos com centros urbanos “cosmopolizados”. Além disso, o ambiente 29 externo torna-se mais desafiador à medida que aumenta a mundialização da informação, mais ao mesmo tempo condicionado pelas incertezas econômicas, instabilidades políticas, evoluções sociais, movimentos sindicais, pressões concorrenciais.” (Cabreira, 2011:5) Por este motivo o administrador de RH deve elaborar estratégias que vão de encontro as tendências de mercado. Isto não só fortalece sua gestão, como também, neutraliza possíveis ameaças dentro e fora da empresa. Planejar as ações depende de uma avaliação prévia das variáveis que prejudicam a Gestão de RH. Elaborando de forma sensata e sistemática para definir que estratégia utilizar para alcançar, sempre, os objetivos (voltamos a dizer) formulados pela Política Organizacional. Isto permite que não só o Rh mas de preferência todos os setores, estejam preparados para alguma eventualidade, podendo assim, agir de forma preventiva, mas apesar disso, de forma planejada. Concordamos com Cabreira (2011) ao dizermos que: “O planejamento das Políticas e Estratégias de Recursos Humanos exige uma revisão de conceitos ortodoxos que ficaram arraigados em consequência do racionalismo que reinou nas empresas desde a Revolução Industrial. O tecnicismo contaminou os princípios da organização do trabalho, visando a maximizar a energia física dos recursos humanos. Não há sombra de dúvida que isso viabilizou e acelerou o desenvolvimento industrial, permitindo a alocação e emprego de grande número de pessoas com pouca ou nenhuma formação escolar, treinando-se apenas a sua destreza para utilização da energia física. Os efeitos perversos dessa “Estratégia” não tardaram a aparecer, pois a urbanização anulou algumas forças iniciais, fundamentadas na troca de trabalho árduo e incerto que reinava no campo pelo trabalho aparentemente mais leve e seguro das fábricas. Entretanto, os empregados também aprenderam a formular as suas estratégias, para confrontarem-se com as organizações empresariais, estruturando organizações sindicais.” (Cabreira, 2011:6) 30 Como vemos na citação a cima, organizar e planejar de forma estratégica não de limita apenas ao campo empresarial. Estas ferramentas tem sido usadas com propriedade em outros segmentos, por exemplo, nos Sindicatos, que devem basear suas reivindicações em estratégias bem definidas para fortalecer o movimento na arena política. Dentro da estratégia podemos destacar ainda, pelo menos três importantes aspectos para estabelecer um relacionamento entre o meio organizacional e o meio externo, ou seja, o fator social-cultural-politicoeconômico de um país. Esta relação se manifesta através da eficácia, da ética e da estética. Porque para empresas que procuram conceituar-se no mercado isto é fundamental, ainda que de forma discreta dentro da estratégia. Isto é o mesmo que status. Empresas mais antigas, muitas vezes continuam a competir no mercado por conta do status que alcançaram, numa relação de confiança entre empresa e consumidor, tornando-se vital na vida das pessoas. Apropriamo-nos de Chiavenato (2002) para entender as técnicas utilizadas na Administração de Recursos Humanos, seus processos e subprocessos dentro das organizações conforme as figuras abaixo: 31 1 Figura 2.0 Técnicas da ARH aplicadas diretamente sobre pessoas ou indiretamente através dos cargos ocupados globais ou específicos. 1 São aplicadas indiretamente às pessoas, seja através dos cargos que ocupam, sejam através de planos ou programas globais ou específicos. (CHIAVENATO, 2002:148) 32 2 Figura 2.1 Técnicas de ARH que fornecem dados e decisões de ARH baseadas em dados. 2 Ilustra, algumas técnicas de ARH visam à obtenção e ao fornecimento de dados, enquanto outras são basicamente decisões tomadas sobre dados. (CHIAVENATO, 2002:149) 33 Figura 2.1.1 Processos e subprocessos de ARH. (Chiavenato, 2002:157) Figura 2.1.2 Processo global de ARH. (Chiavenato, 2002:159) 34 Figura 2.1.3 Política de recursos humanos. (Chiavenato, 2002:161) 35 Conforme os exemplares acima, é possível organizar em processos as atividades a serem realizadas pelos Recursos Humanos, entretanto, isto não quer dizer que a atuação do RH não tenha seus obstáculos. Utilizaremos Chiavenato (2002) para apontar as dificuldades básicas da administração de RH: a) (...) lida com meios, com recursos intermediários e não com fins. É uma função de assessoria, cuja atividade fundamental consiste em planejar, prestar serviços e especializados, assessorar, recomendar e controlar. b) (...) lida com recursos vivos, extremamente complexos, diversificados e variáveis, que são pessoas. Esses recursos são importados do ambiente para dentro da organização, crescem, desenvolvem-se, mudam de atividade, de posição e de valor. c) Os recursos humanos não estão somente dentro da área de ARH, mas principalmente alocados nos diversos órgãos da organização e sob a autoridade de diversos chefes ou gerentes. (...) d) (...) preocupa-se fundamentalmente com a eficiência e eficácia. Porem o fato mais concreto é que ela não pode controlar os eventos ou condições que as produzem. (...) e) (...) trabalha em ambientes e em condições que não determinou e sobre os quais possui um grau de poder e controle muito pequeno. Daí estar geralmente destinada à acomodação, adaptação e transigência. (...) f) Os padrões de desempenho e de qualidade dos recursos humanos são complexos e diferenciados, variando de acordo com nível hierárquico, com a área de atividade, com a tecnologia aplicada e com o tipo de tarefa ou atribuição. (...) g) (...) não lida diretamente com fontes de receita. (...) A grande maioria das empresas ainda aloca os seus recursos humanos em termos de centros e não em termos de centros de lucros, como realmente devem ser considerados. h) (...) dificuldade de se está fazendo ou não um bom trabalho. A ARH está cheia de desafios e de riscos não controlados ou não controláveis, não padronizados e imprevisíveis. (...) (Chiavenato, 2002:162:163) 36 Para superar estas dificuldades o RH pode valer-se de algumas ferramentas como elaboração indicadores, feitos a partir dos critérios de desempenho dos funcionários (a partir dos dados sobre eficácia, eficiência e qualidade) pra elaboração de metas; Treinamento de pessoal; Avaliação 360º; Painel de Desempenho Balanceado ou Balanced Scorecard; Feedback e outras fórmulas de RH. A seguir abordaremos sobre o que é o departamento pessoal, explicitando de forma clara, quais são suas atribuições e descreveremos sobre cada uma destas atividades. 2.2 – O Departamento De Pessoal Para atuar no Departamento De Pessoal de uma organização o profissional deve ter definido o tipo de função que ira realizar. Para IBEPAC (2009), dentre as tarefas burocráticas estão as seguintes atividades: 1) Admissão: que se refere ao processo pós a aprovação do candidato na fase de seleção, esta tarefa cabe, na maioria das vezes ao departamento de recrutamento e seleção ou pelos Recursos Humanos e o supervisor da área em que atuará o contratado. Nesta fase é importante que o candidato apresente os seguintes documentos: Carteira de Trabalho, Cédula de identidade, Título de eleitor (obrigatório para os candidatos a partir de 18 anos), Certificado de reservista (para os candidatos do sexo masculino com 18 anos ou mais), C.P. F, Atestado de Saúde Ocupacional (Admissional), Fotos 3 x 4, Certidão de Casamento, Certidão de Nascimento dos filhos (até de 21 anos ou inválidos de qualquer idade), necessária para o pagamento do salário família e dedução do Imposto de Renda. Observação importante: “É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória para efeito de admissão de empregado, manutenção do contrato de trabalho, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade” (Artigo 7º, XXXIII-CF). Por esta mesma razão foi 37 proibido à requisição de testes de gravidez na admissão de candidatos do sexo feminino. 2) Registro de Empregados: conforme o Art. 41 CLT temos: “Para todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.” (Redação dada pela Lei n.º 7.855-, de 24-1089, DOU 25-10-89). Parágrafo único - Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador. (Redação dada pela Lei n.º 7.855-, de 24- 10-89, DOU 25-10-89). Além das documentações requeridas anteriormente, é preciso deixar claro para o funcionário a política da empresa quanto à forma de pagamento, local e horário de trabalho, concessão de férias, identificação junto ao FGTS para recebimento de PIS/PASEP, prevenção e medidas a serem tomadas em caso de acidente de trabalho dentre outras informações. O ideal é que o registro dos colaboradores deve passar por avaliações em determinados períodos de tempo para manter-se sempre atualizado. 3) Principais cálculos na Folha de Pagamento: 3.1) Informações Básicas para calcular o valor devido ao funcionário: são realizados com base no valor do salário, remuneração, jornada mensal e jornada diária. 3.2) Proventos são referentes ao cálculo de Horas Extras; Adicional Noturno; Adicional de Insalubridade; Adicional de Periculosidade; Salário Família e outros. 3.3) Salário é o pagamento do valor devido, ao funcionário, pelo serviço prestado. Podendo ser pago de forma Mensalista (por mês), Horistas (por horas trabalhadas), Comissionado (comissões, ex: 38 vendas), Horas extras (total de horas trabalhadas além do exigido), Adicional noturno (valor atribuído as horas trabalhadas entre 22:00 h as 05:00 h do dia seguinte); Adicional de Insalubridade (para funcionários expostos a ambientes nocivos a saúde); Adicional de Periculosidade (atribuídos a funções de risco); Salário família (determinado pela Previdência Social aos trabalhadores com filhos menores de 14 anos ou inválidos); Descontos (INSS, IRRF, Sindicatos, Faltas, Atrasos e Saídas antecipadas injustificadas e DSR (Descanso Semanal Remunerado). Podemos visualizar estas requisições sobre pagamentos e descontos do INSS e IRRF com mais facilidade através da tabela a seguir: Descrição do Item IRRF INSS FGTS Sal. Família Salário Mensal Sim Sim Sim Sim Semanal Sim Sim Sim Sim Hora-atividade Sim Sim Sim Sim Licença Paternidade Sim Sim Sim Sim Licença maternidade Sim Sim Sim Sim Horas Normais Trabalhadas Sim Sim Sim Sim Hora aula Sim Sim Sim Sim Hora extra Sim Sim Sim Sim DSR por Hora Extra Sim Sim Sim Sim Diárias e ajuda de custo (até Não Não Sim Não Descanso Remunerado 50% salario) Adicional Noturno Sim Sim Sim Sim Insalubridade Sim Sim Sim Sim Periculosidade Sim Sim Sim Sim Adicional de Tempo de Serviço Sim Sim Sim Sim Alimentação Não Não Não Não Comissão Sim Sim Sim Sim Aviso Prévio Indenizado Não Não Sim Não 39 Art. 9º da Lei 7238/84 Não Não Não Não Férias Sim Sim Sim Sim durante Sim Não Não Não Sim Não Não Não e Sim Não Não Não Adicional de 1/3 de Férias Sim Sim Sim Não Não Não Não Sim Não Não Não Adicional de 1/3 sobre Abono Sim Não Não Não Férias em Dobro contrato Férias em Dobro na rescisão Férias Proporcionais Indenizadas sobre Férias Gozadas Adicional de 1/3 de Férias Sim sobre Férias Proporcionais ou Indenizadas Abono Pecuniário de Férias de Férias 13º Salário Sim Sim Sim Não 13º Salário Indenizado Não Não Sim Não Adiantamento de 13º Salário Não Não Sim Não Faltas Não Não Sim Não Atrasos e Saídas Antecipadas Sim Sim Sim Não DSR Falta Sim Sim Sim Não Fundação IBEPAC- Tabela para descontos do INSS E IRRF, 2009. Esta tabela nos alerta para os tipos de descontos e pagamentos existentes numa relação de trabalho, pois, para os leigos é difícil saber pelo que estamos sendo descontados ou que tipo de bonificação está recebendo e por que. Isto se agarrava ainda mais om a falta de troca de informações entre o departamento de pessoal e o colaborador. Para transpor este obstáculo é preciso que o DP se prontifique a esclarecer todas as dúvidas do colaborador, eixando de ser um profissional meramente executivo. Por fim, apresentaremos a seguir a conclusão do trabalho e qual nossa reflexão sobre o tema proposto. 40 CONCLUSÃO Ao nos aprofundarmos sobre a temática da administração, percebemos que suas transformações ocorrem de forma gradual, porém intensa para dar respostas às contínuas mudanças de mercado que ocorrem no contemporâneo. Um exemplo destas mudanças foi à própria criação do Departamento de Relações Industriais, que dava conta de assuntos que tratassem da adequação dos funcionários, mas com o tempo precisou aprender a lidar também com os sindicatos e foi transformando-se até ser nomeado como departamento de pessoal. Por consequência destas mesmas transformações no mundo do trabalho, foi identificada pelas empresas a necessidade de se criar os Recursos Humanos para dar resposta a crescente valorização do ser humano dentro das organizações. De acordo com SILVA (1996): “Com a mudança de atuação da área administrativa, podemos aferir alguns pontos importantes, tais como, a adoção de uma postura mais “pró-ativa”, uma visão mais centrada no cliente e em suas necessidades, resultados como meta e não como consequência, parceiros e não concorrentes das demais áreas e, sem dúvida, maior credibilidade em toda organização.” (Silva, 1996:45) Nesse sentido confirmamos que a origem do departamento de pessoal e dos recursos humanos é a mesma, ou seja, ambas são um braço da administração, contudo, como já dissemos anteriormente, elas divergem quanto a teorias e praticas, cada qual em seu campo de atuação. Podemos notar que de duas décadas para cá, tem-se exigido um novo tipo de profissional polivalente e dinâmico. Por conta disto é crescente a junção entre o DP e o RH, pois este fator correlacionado a falta de informação dos gestores, propicia a ideia de que ambos exercem as mesmas atividades. O assunto escolhido não se esgota no trabalho apresentado, pois precisa de maior aprofundamento sobre o tema. Por isso, pretendemos explora-lo posteriormente no mestrado. 41 Bibliografia Cabreira, Luiz Carlos de Queiroz. Administração de Pessoal- Gerencia de Recursos Humanos e Gestão Estratégica. FGV, São Paulo, 2011. CF - Constituição Federal Brasileira, 1988. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. 3ª ed. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Empresa. São Paulo: Atlas, 1989. Vol1. CHIAVENATO. Idalberto. Administração de empresas: uma abordagem contingencial. São Paulo: McGraw-Hill, 1982. CHIAVENATO. Idalberto. Recursos Humanos Edição Compacta. Editora Atlas, 2002. 7ª ed. CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, 1943. cotidiano de um executivo de recursos humanos. São Paulo: Negócio Editora, 1996. FEA-USP. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. O que é Administração. São Paulo, 2008. GIL, Antônio Carlos. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1994. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002, 4ª ed. IDEPAC- Fundação de Educação e Emprego para Desenvolvimento Profissional, 2009. MACEDO. Manoel Carlos dos Santos e ROCHA. Renato Mendonça da. Rotinas Aplicadas ao Departamento Pessoal da Empresas. Porto Alegre: CRCRS, 2005. 42 Mayo, Elton. The social problems of an industrial civilization. Boston: Division of Research, Graduate School of Business Administration, Harvard University (1933/1945). MORAES, Ana Maria Pereira. Introdução ao Estudo da Administração. São Paulo: Makron Books, 2000. SILVA, Fernando Antônio da. Administrando pessoas: reflexões do WEBGRAFIA www.administradores.com www.artigonal.com/gestão-artigos/a-administração-de-recursos-humanos-2009 www.Google.com.br www.sebraerj.com.br 43 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPITULO I A administração e suas divisões (diferentes atribuições e propriedades) 10 1.1 – Breve introdução sobre a administração 10 1.2 – Surgimento dos Recursos Humanos 14 1.3 – Conceituando Departamento de Pessoal 20 CAPITULO II Atribuições e Competências dos Recursos Humanos e do Departamento de Pessoal 25 44 2.1 – RH e sua importância dentro das organizações 25 2.1.1 – RH – Ferramenta estratégica organizacional 27 2.2 – O Departamento de Pessoal 35 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 40 INDICE 42 FOLHA DE AVALIAÇÃO 44