MARIA TÉRCIA BONAVIDES LINS (1903 - 1982): VESTÍGIOS DE UMA FEMINISTA Viviane Freitas da Silva-UFPB ([email protected]) Márcia Cristiane Ferreira Mendes-UFPB ([email protected]) Charliton José dos Santos Machado-UFPB ([email protected]) Considerações Iniciais Este trabalho, vinculado ao grupo de pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil – HISTEDBR – GT/PB e ao grupo de estudo intitulado “Educação e Educadoras na Paraíba do Século XX: práticas, leituras e representações”, tendo como objetivo trazer a baila à trajetória educativa da professora e escritora Maria Tércia Bonavides Lins tecendo reflexões sobre suas contribuições no que se refere ao movimento feminista na Paraíba da década de 1930. O interesse por esse tema se deu a principio através contato com a gama de fontes levantadas sobre Maria Tércia Bonavides Lins pelo o projeto citado acima, onde começamos a levantar as seguintes questões: Quem foi à professora Maria Tércia Bonavides Lins? Quais foram as suas contribuições para a educação na Paraíba? Como se deu sua atuação junto aos movimentos feministas da década de 30? Esses e outros questionamentos nos levaram a desenvolver esta pesquisa na tentativa de responder a tais perguntas. O estudo está situado no campo da abordagem teórico-metodológica da Nova História Cultural, por se compreender que essa corrente traz à baila novas questões relativas à problemática, aos métodos e aos novos objetos e com evidente implicação sobre os rumos das análises históricas e historiográficas. As pesquisas aconteceram na Biblioteca Nilo Peçanha - IFPB (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia da Paraíba), Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC), onde se identificou um acervo considerável de documentos como decretos, jornais e revistas, datados do 2 período histórico delimitado e que contribuíram para um maior aprofundamento sobre a memória e tempo vivenciados por essa educadora. A pesquisa também lança mão do método da História Oral, (ALBERTI, 2006, p. 12), (THOMPSOM, 2002, p.56) tendo em vista identificar através dos depoimentos dos seus ex-alunos vestígios da memória da professora Tércia Bonavides Lins. Para Alberti (2006, p.155), “A História Oral permite o registro de testemunhos e o acesso da história dentro da história e, dessa forma, amplia as possibilidades de interpretação do passado.” Assim, permite se ter múltiplos olhares de um mesmo acontecimento e dá a possibilidade de aproximação do passado com o presente. Para tanto, realizamos entrevistas com três ex-alunos da professora Maria Tércia Bonavides Lins, o que permitiu obter mais informações e aprofundar uma riqueza de detalhes dos momentos cotidianos da trajetória da referida educadora. A educadora Maria Tércia Bonavides Lins Maria Tércia Bonavides nasceu na Parahyba do Norte, atual cidade de João Pessoa - PB, em 02 de abril de 1903. Filha de Neófito Fernandes Bonavides, alto funcionário do Estado da Paraíba e de Adelaide Bonavides Lins, senhora de nobre família paraibana e prima irmã do escritor José Lins do Rego, que foi criado em sua casa. Maria Tércia Bonavides Lins revelou desde cedo interesse pelo magistério, ensinando em sua vizinhança com apenas doze anos de idade. Diplomou-se em 1919, com 16 anos, pela Escola Normal. Após a sua formação prestou serviços gratuitos no Grupo Modelo como professora adjunta da 15° Cadeira Mixta do ensino Primário. Exerceu o cargo de Professora de Geografia e História da Escola Aprendizes e Artífices da Parahyba. O historiador (ex-aluno de Tércia Bonavides Lins), Arion Farias (2010), relata que o quadro de professores da Escola de Aprendizes e Artífices era composto apenas por aproximadamente quinze professores no período, e Maria Tércia Bonavides Lins estava entre esses professores. Em seu depoimento, destaca Farias (2010): “[...] para ser professor da Escola de Aprendizes e Artífices na época, tinha que ter uma cátedra muito grande era como se fosse hoje, um professor de uma faculdade dessas particulares”. Nesse viés, o entrevistado destaca a competência profissional da professora Maria Tércia Bonavides Lins, que fez parte da Comissão do Exame de 3 Suficiência para o Registro de professor da Escola Aprendizes e Artífices em meados dos anos 30. Realizou com outros membros o Exame Vestibular da Escola de Aprendizes e Artífices em João Pessoa e recebeu a Medalha de Honra ao Mérito, pelos relevantes serviços prestados à Escola de Aprendizes e Artífices da Parahyba, das mãos do seu diretor, no período, Itapuan Botto. 1 Lecionou no Lyceu Paraibano e na Escola Normal durante muitos anos. Sobre uma das suas nomeações o Jornal A União de 09 de Junho de 1922 publicou: O sr. dr. Sólon de Lucena, presidente do Estado, assignou hontem os seguintes actos officiaes: Nomeando d. Maria Tércia Bonavides, professora diplomada, para exercer, interinamente, o cargo de adjuncta do grupo escolar Modelo, anexo á Escola Normal. [...] Maria Tércia Bonavides Lins também fundou e administrou por mais de vinte anos a Escola Santa Terezinha, que funcionava em sua residência na Rua das Trincheiras no centro de João Pessoa - PB. Na década de 40, não existiam muitas escolas primárias na Paraíba, por isso, as professoras instalavam nas suas próprias residências. Segundo Mello (1956, p. 118) “essas escolas eram reconhecidos oficialmente pelo Estado”, desde que seguisse os seus regulamentos, ou seja, fosse regida por uma normalista diplomada ou por uma pessoa que não possuindo título de habilitação, se submetesse ao exame, no Departamento de Educação, e ministrasse o ensino gratuitamente, de pelo menos 30% dos seus alunos. Mas, vale ressaltar que estes estabelecimentos de ensino particular eram sujeitos á fiscalização do Departamento de Educação onde seria avaliada a disciplina, a estatística e a moralidade da instituição. Além disso, tinha a avaliação dos pais que geralmente escolhiam para colocar seus filhos as escolas em que os professores eram mais ‘afamados’ na sociedade paraibana, ou melhor, mais conhecidos por sua rigidez e dureza. Como destaca Farias (2010), “[...] havia uma preocupação maior com a disciplina do que com a questão didática e pedagógica”. Ainda em relação à Escola Santa Terezinha, temos alguns depoimentos de 1 Itapuan Bôtto Targino nasceu no dia 10 de maio de 1938, na cidade de João Pessoa, Paraíba. Titulou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Paraíba, em 1960, e se formou em Licenciatura em Pedagogia (Habilitação em Administração Escolar) pelo Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, em 1975. Exerceu o cargo de Diretor da Escola Técnica Federal da Paraíba no período de 1964-1983. 4 seus ex-alunos relatando como funcionava a instituição o que nos permite aproximar e reconstruir essa memória educacional. Sobre o período em que foi aluno da professora Maria Tércia Bonavides, relata Arion Farias (2010): [...] Tércia Bonavides era de uma família tradicional. A Escola de Tércia Bonavides funcionava na Rua da Trincheiras, em um terraço bem grande que tinha atrás da casa e servia de sala de aula, era um aglomerado de mesas grandes com bancos de madeira pé-deperiquito[...]. Cada mesa daquela equivale dizer como primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto ano. Cada mesa era uma série variada. Era uma barulheira muito grande, os meninos falavam entre si, trinta metros dali você chegando, já dava para ouvir o barulho da escola. E cada professora tinha sua classe, Tércia Bonavides era do exame de admissão e Daluz a irmã dela, era do quarto ano primário. Eram todas muito exigentes, como dizia no palavreado, “eram muito brabas”. [...] Mas muitas personalidades da Paraíba foram alunos de Tércia Bonavides, eu vou citar alguns que eu estudei com eles, como: Otinaldo Lourenço, José Octávio de Arruda Melo, Álvaro Emiliano e tantos outros (ARION FARIAS, entrevista concedida em: 01/02/2010). Para administrar a Escola Santa Terezinha a professora Tércia Bonavides contava com o auxilio de suas irmãs: Maria de Lourdes Bonavides Lins e Maria da Conceição Bonavides Lins, conhecida por Concita, que foi esposa do ex-governador João Agripino, ambas professoras. No que se refere à postura dessas educadoras em sala, rememorou em seu depoimento o ex-aluno Haroldo Lucena: [...] Eram professoras de um modo geral do curso primário, muito exigentes pra educar as crianças que saiam de casa e os pais não tomavam conta. Naquele tempo tinha família que não tomavam conta dos filhos, nem punia os filhos e ainda ia discutir com o professor como hoje acontece; não mudou, as coisas não mudaram. Ai eles tinham que ser exigentes, cobrar mesmo (HAROLDO LUCENA, entrevista concedida em: 04/ 05/2009). Nas pesquisas realizadas na internet encontramos o depoimento de outro exaluno da professora Maria Tércia Bonavides Lins recordando os momentos vividos no Instituto Santa Terezinha, em seu Blog, Hugo Caldas2 relata: 2 Hugo Caldas - Nasceu em João Pessoa, PB. Foi ator, cineasta, professor de inglês e atualmente está aposentado. Esse depoimento foi colocado no seu Blog (hugocaldas.blogspot.com) n o Sábado, 13 de janeiro de 2007. 5 A primeira vez em que, levado por minha Tia Aurinha, subi os degraus de uma escola, lembro bem, foi numa terça-feira ensolarada. Era a escola de Dona Tércia Bonavides, ali na Rua das Trincheiras. Sua irmã, dona Daluz, também professora e diretora, vivia aterrorizando os pobres garotos de sete anos de idade. Eu, inclusive. Dona Daluz, também dava aulas em um Grupo Escolar na Av. João Machado e somente aparecia às onze horas. Ao chegar punha as mãos nos quartos e gritava a plenos pulmões, no meio da sala com os olhos aboticados, "eu já cheguei, viu?" Uma onda de arrepio passava por sobre toda a classe. Dizem até que certa vez um garoto urinou nas calças tal o pavor. Certa vez um aluno meio gordinho veio se espremendo entre as mesas e eu disse em tom de zombaria, "lá vem o gorducho"... ele, assim como vinha, deu meia volta e foi se esquivando das mesas se contorcendo todo, prestar queixa à Dona Tércia que também era gorda, coitada, veio se espremendo e ao chegar junto de mim fuzilou: "Ele é gordo mas é bem educado, você é magro e mal educado." Ato contínuo, tacou um beliscão daqueles no meu braço magro jogou-me contra a parede, onde fiquei até o final das aulas naquele dia. (CALDAS, 2007, s/p) Percebemos através dos depoimentos, histórias com fatos semelhantes, porém, cada relata produzido com percepções e interpretações diferentes daqueles mesmos acontecimentos vividos (PORTELLI, 1998). Nesse viés, é perceptível nos depoimentos dos seus ex-alunos os métodos rígidos e disciplinares utilizados pelas professoras especialmente na escola em que coordenava o Instituto da Santa Terezinha, o que era comum no período, entre os educadores. Vale ressaltar, que a disciplina empregada no ato de educar da professora Maria Tércia Bonavides Lins não deve ser entendida unicamente como mecanismo de controle para causar medo nos educandos, mas acreditava-se no período que esse seria o meio mais eficaz de educar as crianças, e para que elas tivessem um bom desempenha no aprendizado. No que se refere à relação professor e aluno as fontes orais também nos dão um vislumbre do ambiente educacional e dessa relação que eram geralmente relações muito formais e limitadas ao espaço escolar o que era uma questão até cultural da sociedade do período histórico estudado, pois se pensava que caso os professores mantivessem relações de muita proximidade com os alunos perderia sua autoridade como professor, e era até mesmo uma forma de diferenciar quem detinha o conhecimento. No caso especifica da professora Maria Tércia Bonavides Lins, percebemos que a mesma, mantinha essa postura de linha tradicional e conservadora manifestada através das suas práticas educativas em sala de aula e da sua relação com seus alunos que era se limitava 6 ao ambiente escolar. Mas, não poderíamos deixar de destacar a importância e reconhecimento que seus alunos demonstram em suas falas em relação a educadora Tércia Bonavides Lins na interface da educação na Paraíba. Ou seja, fica evidente que Maria Tércia Bonavides Lins educou gerações que estão espalhadas pelo Brasil, tendo um número considerável dos seus ex-alunos obtiveram êxito profissional, e atribuem o sucesso vivenciado ao método educacional tradicional que a mesma defendia. Parafraseando Dias(1998, p.11) daí vem a relevância da utilização da fonte oral, ou seja, de fazer falar a multidão de figurantes mudos que também podem construir uma versão da história de sujeitos silenciados de forma mais interessante e significativa. Por isso, este trabalho não se prendeu aos documentos escritos, mas procurou através da memória dos ex-alunos aproximar-se da história da professora Maria Tércia Bonavides Lins, e assim desvelar sua memória educacional. Maria Tércia Bonavides Lins e os movimentos feministas Nas primeiras décadas do século XIX, alguns movimentos surgem para expressar as insatisfações das mulheres diante da falta de representatividade política, objetivando serem reconhecidas como sujeitos da história, com direitos iguais nas relações familiares e em outros lugares que eram determinados pela sociedade, na qual elas não tinham espaço, ou seja, coloca-se em discussão a necessidade das mulheres participarem politicamente e socialmente para a construção de uma nova cidadania. Sobre essas questões ressalva Pinto: [...] a luta das mulheres cultas e das classes dominantes se estruturavam a partir da luta pelo voto, não era tão somente porque essa se colocava como a luta do momento nos países centrais, mas também porque encontrava respaldo entre os membros dessa elite e conseguia respeito até na conservadora classe política brasileira. Era, portanto um feminino bem-comportado, na medida em que agia no limite da pressão intraclasse, não buscando agregar nenhum tipo de tema que pudesse por em xeque as bases da organização das relações patriarcais. (Id. ibid. p.26) Nesse entendimento essas mudanças ocorridas no Brasil, influenciaram diretamente o meio social, econômico e político da Paraíba. O Movimento Feminista foi um desses movimentos que foi logo aderido pelas mulheres paraibanas que passaram a 7 erguer a bandeira do feminismo lutando pelos mesmos ideais em favor dos direitos da mulher. No dia 11 de março de 1933 a Associação pelo Progresso Feminino instalou sua sede na Escola Normal, na cidade de João Pessoa, liderada pelas educadoras: Lylia Guedes e Olivina Olívia Carneiro da Cunha entre outras mulheres. Trazendo para a mulher paraibana uma nova consciência do seu papel na sociedade e se utilizando da Associação pelo Progresso Feminino para despertar nas mulheres outros valores, articulado de forma comportada, não somente para chegar a sociedade, mas também para lidar com suas leitoras e seguidoras por um viés de respeito e consciência com as mesmas, que apesar de serem considerados ‘adornos” femininos, não eram utilizados em seu próprio tratamento, por parte da sociedade de um modo geral. Sobre essas questões complementa Maria Falcone: A mulher moderna apercebendo-se de seu valor, compreendeu que podia prestar a humanidade outros serviços, além dos de esposa e mãe [...] Era tempo de libertar-se do monopólio injusto dos homens sobre os direitos, privilégios e dignidade, fugir a uma situação escravizante de calar, obedecer, soffrer [...] Com base nos depoimento dos ex-alunos da professora Tércia Bonavides Lins, a não demonstrava interesse por esses assuntos e não manteve nenhum envolvimento político nesses movimentos, dedicando-se integralmente a docência, e o fez durante mais de quarenta anos de sua vida. Segundo o historiador (ex-aluno de Tércia Bonavides Lins), José Octávio de Arruda Melo: “Maria Tércia Bonavides se interessava mais por questões religiosas, frequentando a Igreja Nossa Senhora de Lourdes” que se localizava-se próximo a sua residência. Também realizou uma viagem a Europa em 1966, tendo visitado a Espanha, trazendo muitos presentes para seus alunos e José Octávio teve o privilégio de ser contemplado. No entanto, as fontes escritas nos deram indícios de uma feminista comportada que era ativa e participativa nas causas de cunho feminista no cenário paraibano como pudemos observar na matéria publicada pelo Jornal A União em 13 de Julho de 1931, onde alguns feministas se reúnem com o Interventor do Estado Odon Bezerra para eleger uma representante que iria defender os pontos de vista da mulher paraibana no I Congresso Feminino Mineiro e dentre essas feministas está Maria Tércia Bonavides Lins. 8 Hontem em Palacio, attendendo a convite da senhorita Analice Caldas para resolver-se sobre a representação da Mulher Parahybana no primeiro Congresso Feminino Mineiro que as realizará na cidade de Bello Horinzonte, reuniram as Sras. Contintha Rosas Monteiro, Amelia Rosas Rattacaso, Liliosa Paiva Leite, Dra. Cathatina Moura Amstein, Alexandrina Pinto Cavalcanti, senhoritas: Analice Caldas, Maria Daluz Bonavidez, Maria Thercia Bonavides, Geny Mesquita e Rita Miranda.[...] (A União – Sabbado, 13 de julho de 1931 – numero 135pag. 08) Além da sua participação nas reuniões da Associação Paraibana Pelo Progresso Feminino encontramos diversos artigos escritos por Maria Térica Bonavides Lins dentre esses está um artigo sobre a feminista e colega de trabalho na Escola de Aprendizes e Artífices da Paraíba, Analice Caldas. No artigo Maria Tércia Bonavides Lins destacou a mulher comprometida com o social que fora a professora de Analice Caldas incluído sua luta pelos direitos das mulheres, “sua atuação como educadora, voltada principalmente, para os menos favorecidos, a quem se dispunha ensinar gratuitamente em sua casa.” (LINS, 1976). Também localizamos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro uma publicação de Maria Tércia Bonavides na Revista Brasil Feminino intitulada “Minha Terra” onde retrata as belezas naturais do Parahyba do Norte e o sofrimento do povo nordestino devido aos longos períodos de seca. “No Nordeste é assim: o homem para viver luta mais vezes desesperadamente contra a própria Natureza”(Brasil Feminino, dezembro de 1932, nº 8, s/p). No artigo Maria Tércia Bonavides não trata de assuntos de cunho feministas, mas acreditamos que somente as mulheres que levantasse essa bandeira poderia ter espaço para publicar na revista que como seu nome sugere era a voz das feministas brasileiras impressa na luta pelo reconhecimento dos seus direitos como cidadãs. A professora Tércia Bonavides Lins também foi Membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba, Ocupando a cadeira de n° 12, após sua morte em 1982, aos 79 anos na cidade de João Pessoa – PB, sua cadeira ficou vaga. Como reconhecimento a sua grande contribuição durante mais de 40 para educação paraibana, a professora Maria Tércia Bonavides Lins foi homenageada no Governo de Wilson Leite Braga como patronesse da Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Tércia Bonavides Lins. A escola está localizada no bairro do Valentina Figueiredo, na Rua Vereador Francisco Leite Cavalcante, nº 315, e foi criada 9 pelo decreto n° 10.611 de 01 de marco de 1985. A criação da Escola Tércia Bonavides Lins foi uma forma de homenageá-la, reconhecendo o seu legado para a educação paraibana, o que permite também, através dessa homenagem, deixar sempre viva a sua história. Considerações Finais Em suma, este trabalho se constituiu na tarefa de desvelar a memória da educadora Maria Tércia Bonavides Lins, oferecendo uma retrospectiva da história da educação na Paraíba, haja vista que, inserida no seu tempo, a citada educadora trouxe relevantes contribuições no campo educacional e social. A partir da leitura e interpretação dos indícios presentes nas fontes pesquisadas, também buscamos tecer reflexões sobre suas contribuições no que se refere ao movimento feminista na Paraíba da década de 1930. Rompendo com silêncio enigmático que por vezes se sobrepõe às memórias e às histórias de sujeitos sociais relevantes. Tendo em vista decifrar as lacunas existentes na historiografia paraibana no que se refere à história de Maria Tércia Bonavides Lins. Referências ALBERTI, Verena. Histórias dentro da História. In: PINSKY, Carla Bessanezi, (Org.), Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2006. ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO. A União, João Pessoa, p.8, maio. 1933. BRASIL FEMININO, dezembro de 1932, nº 8, s/p. BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. São Paulo: Editoria EDUSP, 1987. BRUM, Argemiro J. O Desenvolvimento Econômico Brasileiro. Petrópolis: Vozes / UNIJUÍ, 1998. CALDAS, Hugo. Recuerdo escola de dona Tércia. 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