O BALANÇO DE NUTRIENTES COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL EM REGIÕES COM CONCENTRAÇÃO DE CRIAÇÕES ANIMAIS James Luiz Berto Nas complexas relações existentes para o equilíbrio dos agroecossistemas, destaca-se o balanço de nutrientes. No longo prazo, tanto entradas como saídas em excesso podem trazer graves problemas ambientais. Pesquisadores que utilizam a proposição do balanço e nutrientes para discutir o uso de dejetos como fertilizantes SEGANFREDO, 2000, 2001 e 2004. MIRANDA, 2000. KONZEN, 2003. BERTO, 2004. LOVATTO, 2003, 2005 E 2006. ANTONELO, 2011. AGNE, 2007; PRESTES, 2009; INTRODUÇÃO A região Oeste Catarinense é reconhecida nacionalmente pela agricultura familiar. Porém, quando o tema é meio ambiente, é destaque como uma das regiões com maior poluição de suas águas superficiais. Nas atividades agrícolas se localizam as principais fontes desta poluição, com destaque para os dejetos de suínos, a erosão do solo e o uso de agrotóxicos. A concentração da produção de aves e suínos tem gerado grandes excedentes de dejetos em áreas cada vez menores. O principal destino dos dejetos é o seu uso como fertilizante agrícola. O uso como fertilizante não pode ser realizado de forma indiscriminada devido aos riscos ambientais. Há necessidade de se verificar se as quantidades de dejetos disponíveis podem ser totalmente ou parcialmente recicladas. Maximizar o aproveitamento de nutrientes e minimizar os riscos ambientais inerentes. Um dos problemas encontrados é a determinação dos excedentes de nutrientes produzidos nos sistemas de criações animais e a capacidade de exportação dos sistemas de produção vegetal. O presente trabalho propõe a utilização do balanço de massas de nutrientes (aproximado) como importante servindo instrumento como para elemento de a gestão ambiental, diagnóstico e como ferramenta para a montagem de cenários alternativos e tomada problema dejetos. de do decisões, destino no dos sentido de nutrientes equacionar presentes o nos PRINCIPAIS ATIVIDADES PECUÁRIAS DA REGIÃO OESTE Suinocultura; Avicultura; Bovinocultura de leite. METODOLOGIA Balanço Geral: Entradas: - Adubo - Ração - Animais e sementes UP Saídas: - Leite - Carne - Grãos Produtividade das culturas para os diferentes níveis tecnológicos de manejo Cultura Níveis de produtividade (kg/ha) P1 P2 P3 Milho 3450 6000 9000 M. Safrinha soja 2800 4000 6000 1991 3000 4000 Trigo 1612 2800 4000 Feijão 697 2000 2800 F. Safrinha 600 1100 1800 Eucalipto 8171 12257 163426 ESTIMATIVA DA VOLATILIZAÇÃO DE AMÔNIA NA SUB-BACIA Ausência de resultados sobre as condições da região. No Brasil há pesquisas com volatilização a partir da uréia. Fatores de emissão de N-NH3 aplicados na estimativa da sub-bacia do Lajeado dos Fragosos. Espécie Suínos Aves Bovinos (não confinados) Fatores de emissão 37 % 38 % 4 kg/ha CARACTERÍSTICAS DA SUB-BACIA - Estrutura fundiária da sub-bacia do Lajeado dos Fragosos Predomínio da pequena propriedade. Mais de 90% dos produtores possuem menos de 50ha. Distribuição das atividades pecuárias na sub-bacia do Lajeado dos Fragosos. Espécie No de criadores Rebanho (no de cabeças) Densidade (cabeças/km2) 60 730.602 11.415 Bovinos 171 4.276 66,8 Suínos 111 36.232 566 Aves Ocupação do solo na sub-bacia do Lajeado dos Fragosos (atividades e estabelecimentos agrícolas). Área (ha) Área total agrícolas dos estab. (%) 4.742 Lavoura temporária Milho Feijão Trigo Soja 1386 1341 122 2 8 29,2 28,3 2,6 0,2 Lavoura permanente 114 2,4 Pastagem de inverno 387 8,2 1780 37,5 Capoeira* 679 8,7 Mata 414 8,7 Reflorestamento 117 2,5 Pastagem perene * valor citado por SILVA (2000) Áreas aptas ao uso de dejetos nas diferentes sub-paisagens presentes na sub-bacia do Lajeado dos Fragosos Área considerada apta Sub- Área total Aptidão a receber dejetos Paisage (ha) % Área (ha) m Ee 1292 10 129,20 4ppr Eec 3183 25 795,75 3dp + 4e Ep 554 90 498,60 2dp Ece 308 90 277,20 2pd + 2d Ec 246 90 221,40 1e2 Fve 554 0 0 5 6.100 Total 1.922,15 FONTE: SILVA (2000) e EPAGRI (2000). RESULTADOS OUTRAS ESTIMATIVAS DE CONTRIBUIÇÃO DE N E P PARA A SUB-BACIA Suinocultura Kg de N e P excretados na sub-bacia Balanço de nutrientes N P USDA ASAE 400.226 264.901 388.804 62.766 97.937 134.598 MIRANDA et al SILVA (2000)* (2000)* 335.000 415.300 118.400 143.700 * valores reajustados em função do rebanho Avicultura kg/ano de N e P excedentes da avicultura na sub-bacia Balanço de nutrientes USDA MIRANDA et al (2000) N 244.272 229.088 219.730 P 77.852 70.795 67.890 Parâmetro Número de aves calculado pelo balanço de nutrientes Estimativa do balanço na sub-bacia Saldos de N e P na pecuária da sub-bacia estimado pelo balanço de nutrientes. Espécie N P kg % kg % Suínos 400.226 64,49 62.767 47,09 Aves 216.655 34,91 70.330 52,76 Bovinos 3.769 0,61 206 0,15 Total 620.650 133.302 Os adubos sintéticos representam 2,69% do N e 5,43% do P Exportação de N e P em diferentes níveis de produtividade e a relação com o ingresso total dos nutrientes (saldo pecuária mais ingresso VIA adubos sintéticos) Nutr. Nível de Exportação % do saldo % do saldo produtividade total da pecuária N P1 69.614 10,9 11,2 P2 120.565 18,9 19,4 P3 179.718 28,2 29,0 P P1 P2 P3 11.935,0 21.124,8 31.480,9 Entrada N 620.000kg, P 133.000kg 8,5 15,0 22,3 9,0 15,8 23,6 Tabela 8.8 – Saldos de N e P na sub-bacia considerando os índices de excreção do USDA (1996) Nut. Nível prod. saldo da pecuária % da export. em relação a pecuária N P1 P2 P3 396.578,0 396.578,0 396.578,0 17,6 30,4 45,3 P P1 P2 162.097,0 162.097,0 7,4 13,0 P3 162.097,0 19,4 PROPOSIÇÕES •Aumento da exportação via produção vegetal e da bovinocultura de leite; • redução no ingresso de nutrientes; • Tratamento de dejetos; •Produção de suínos no sistema de leito de cama; • Aproveitamento da capacidade de depuração e afastamento de poluentes através do Lajeado dos Fragosos. (N 40.429, P 101) AUMENTO DA EXPORTAÇÃO VIA PRODUÇÃO VEGETAL E DA BOVINOCULTURA DE LEITE • Área potencial para recebimento dos dejetos e a aptidão dessas áreas; • readequação do uso do solo; • aumento da produtividade das culturas; • modificações na bovinocultura. Proposta de uso do solo para as áreas aptas a receber dejetos na subbacia dos Fragosos. Área de cultivo (ha) Atual Total proposto Culturas Milho safra 1386 1325 Milho safrinha 0 Soja 8 0 Trigo 2 331 Feijão 35 0 Feijão safrinha 87 380 Pasto de verão 1780 500 Pasto inverno 387 993 A reordenação do uso com culturas anuais promove um incremento na exportação de N e P de 29% e 20%, respectivamente. Somada a proposta de aumento da produtividade das culturas anuais com a reordenação do uso do solo proposto, haveria um aumento na exportação de N e P, respectivamente, de 126% e 109%. Em relação ao ingresso via saldo da pecuária, o total exportado pelos grãos passaria a representar 24% do N e 18% do P. A inclusão da bovinocultura, na nova forma proposta tem uma importante contribuição na exportação de N e P. Nesse caso, a exportação de N e P passariam a representar 30% do N e 23% do P do saldo da pecuária, um aumento respectivo de seis e cinco pontos percentuais na exportação, aproveitando-se áreas com maiores limitações. Limitações • Simplificações; • incertezas; • maior número de informações e processamento. A reversão desse processo é uma opção, mas pode vir a ser uma imposição.