ESTRATÉGIA Os altos e baixos dos preços dos insumos Para os restaurantes, reagir diante da variação no preço dos insumos é um desafio; empresários avaliam se podem e como enfrentar a subida dos preços 50 Diante da alta de preços, quem administra um restaurante avalia se pode e como pode enfrentar a subida dos preços. “Sempre procuramos suportar o máximo possível, às vezes um item sobe, outro abaixa, um compensa o outro e não há necessidade de reajuste, mas quando há uma disparada em quase todos os insumos, a única alternativa é reajustar”, destaca Jorge Torres, franqueador da China House. Se os valores dos insumos forem maiores que a margem de estabilidade do restaurante, o valor é repassado ao cliente, aumentando o valor do prato. Em suma, é avaliando o mercado que se vai definir se haverá repasse ou não. “Trabalhamos com uma margem que nos possibilita segurar os preços numa entressafra, por exemplo. A diferença só é repassada depois de comprovado que tal insumo não tem tendência de baixa, ou seja, a alta veio para ficar”, diz Edvan Santana, gerente de alimentos do hotel Crowne Plaza, onde está localizado o restaurante Zafferano. Cozinha Profissional 105 | www.cozinhaprofissional.com.br Para compensar a alta, é possível ao empresário escolher produtos de outra marca. “A troca de marca é viável e, sem dúvida, o empreendedor deve procurar alternativas que levem à redução de custo”, ressalta Oliveira Júnior. Mas nem sempre a alta dos insumos é generalizada. Por vezes, ficam estáveis. Diante da estabilidade nos preços, surge outra questão a avaliar: o aumento do consumo. “Ocorreu em 2007, em decorrência da melhora da economia, pois uma parcela cada vez maior da população passou a inserir-se na economia e a consumir. Logo, as áreas de plantação devem ser estendidas para atender a esse aumento de demanda”, destaca. www.fotolia.com D ados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o brasileiro pagou caro em 2007 para adquirir seu alimento. Como exemplo, o feijão carioquinha, cujo preço subiu 109%. Para quem, no entanto, por opção ou necessidade, come fora, o bolso agradeceu pela economia. Segundo o Instituto, quem comeu em restaurantes em 2007 pagou menos pela primeira vez em cinco anos. O preço dos alimentos subiu mais para os supermercados do que para quem come fora de casa. A média foi de 12,4% nos supermercados; nos restaurantes, 7,67%. Amanhã tudo vai mudar. Para os restaurantes, reagir diante da variação no preço dos insumos é um desafio. Um primeiro ponto a considerar, é tentar comprar com os mesmos fornecedores durante o ano todo para conseguir uma negociação e um produto melhor. “Mesmos nos momentos em que os produtos estão com uma variação maior”, afirma Giovani Laste, um dos sócios da casa Vento Haragano. Os produtos alimentícios são os mais suscetíveis a uma alta nos preços, principalmente aqueles que dependem do fator climático. “Uma seca no Sul afeta a produção de arroz ou de hortaliças no inverno; e ainda as frutas de época, tudo isso faz com que os preços se elevem”, explica o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carlos Eduardo Oliveira Júnior. Vladimir B raga Os preços sobem, ficam estáveis e... caem! Sim, com a estabilidade da moeda, o mercado passou a conviver com alta e até mesmo a queda de preços. Para que o cliente possa ganhar com a queda dos custos, avalia-se se não há nenhum outro insumo que esteja em alta na composição dos pratos, prejudicando o valor dos mesmos. “Se a queda nos preços é muito significativa, da mesma forma como subimos os custos, estes podem cair”, ressalta Sílvia Poppe diretora de alimentos do Hotel Intercontinental São Paulo, onde está o restaurante Tarsila. “Se a queda é considerável, sempre fazemos promoções ou combinados de pratos”, diz Torres do China House. No caso do Zafferano não ocorre o movimento de queda. Lá, entendem que quando esse fator acontece, o lucro vem compensar a margem anterior que foi menor. Na Vento Haragano, a busca é por manter a estabilidade. “Como trabalhamos com uma margem de segurança, tanto para baixo como para cima, tenta- “A troca de marca é viável e, sem dúvida, o empreendedor deve sempre procurar alternativas que levem à redução de custo”, Carlos Eduardo Oliveira Júnior, conselheiro do Corecon-SP mos manter os nossos preços mesmo em épocas de entressafra”, ressalta Laste. É possível para o empresário evitar o repasse? No caso do Zafferano, Santana explica que é possível. O restaurante procura trabalhar com uma margem que garanta sustentação a ele. “Claro que para trabalhar com tal margem, o estabele- cimento precisa oferecer produtos de qualidade e bom serviço, além de outros diferenciais”, destaca. Outra forma de avaliar se será necessário repassar preços ou não, é uma análise financeira completa no restaurante. “No caso do quadro de colaboradores, avaliar se é preciso haver redução de pessoal ou corte de horas extras, ou buscar novos fornecedores, que devem ser homologados por nutricionista e adequados ao nosso padrão de qualidade; realizar análise de desperdício, se está dentro das metas previstas ou se podemos reduzi-lo ainda mais”, entende Torres. A Vento Haragano, explica Laste, compra a longo prazo e fecha contratos de fornecimento. “Oferecemos uma maior segurança para os fornecedores, pois têm a venda garantida por contrato.” No Zafferano, para evitar o repasse, buscam-se alternativas para comprar melhor. “Comprando melhor, melhora-se o lucro sem fazer repasse”, diz Santana. ESTRATÉGIA Reduzindo despesas www.sxc.hu www.sxc.hu Análise financeira, estudo de caso, avaliação econômica. Tudo se resume em saber onde evitar desperdícios. Um estudo feito pelo Sebrae-DF aponta soluções para reduzi-los. Em um restaurante, é necessário, primeiro, monitorar o que é servido e consumido, pois “escolher os itens que serão oferecidos ao público e adotar ações corretivas é sinônimo de economia”. Segundo o estudo, “o desperdício em uma empresa pode estar em qualquer parte: água, energia elétrica, matérias-primas utilizadas no processo produtivo, entre outros insumos. Em um restaurante, as dificuldades podem ser ainda maiores, principalmente, se o estabelecimento trabalha com o sistema de buffet e o proprietário não controla de perto a quantidade de produtos expostos e o que é consumido efetivamente”. No estudo feito, o Sebrae-DF “diagnosticou que o maior desperdício estava no buffet de frios. Estimou-se, inicialmente, que a geração de resíduos de todo o produto servido e não consumido na mesa de frios era de 10%”. “Se a baixa nos preços é muito significante, da mesma forma como subimos os preços, estes podem cair”, Sílvia Poppe, do restaurante Tarsila (no Hotel Intercontinental São Paulo) Oliveira Júnior do Corecon-SP entende que uma possível troca de fornecedores pode ser salutar. “Desde que, é claro, não altere a qualidade.” O economista defende que o empreendedor deve sempre procurar alternativas e inovações. “Para o bem-estar e também para a redução de custo, visto que é um mercado com vários concorrentes, em que o empreendedor ou a família sempre tem várias opções 52 Cozinha Profissional 105 | www.cozinhaprofissional.com.br de compra.” No China House, para haver troca de fornecedor, é preciso que o novo possua dois requisitos. “Só ocorre troca de fornecedor se o mesmo for homologado e se possuir uma matéria-prima de igual ou superior qualidade a que estamos acostumados a trabalhar”, afirma Torres. A escolha de produtos de outra marca para buscar compensar a alta ocorre, no caso do China House, com produtos que possuam característica sazonal. “Um exemplo é a ervilha torta, que nem sempre encontramos. A variação de preço é terrível”, lembra Torres. A Vento Haragano só opta por trocar no caso de qualidade ou escassez no mercado. “Nesses casos, substituímos por algo similar como, por exemplo, alface americana por alface crespa”, explica Laste. Como a época do ano é fator conhecido dos empresários para que haja elevação nos preços, pois já sabem que os produtos não estão presentes durante os 12 meses, o mercado já absorve as eventuais alterações de preços. Índice de preços ao consumidor O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) é um indicador de quanto custa viver. Um índice de inflação. O índice da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) é um dos mais antigos. Começou a ser calculado em 1939. É avaliado com base em um mês (30 ou 31 dias) de modo quadrissemanal. Obtém-se variação do custo de vida ao dividir os preços médios das quatro semanas de referência com as quatro semanas posteriores. Consideram-se as variações de preços de produtos e serviços com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares, que indica o que cada família gasta em média e quais são os itens de mais destaque. A Fipe utiliza seis grupos de análise (em ordem decrescente de peso nos cálculos): alimentação, transportes, despesas pessoais – itens como bebida, higiente, recreação –, saúde, vestuário e educação. O indicador é reflexo do custo de vida de famílias que possuem renda entre um e 20 salários mínimos. O IPC da Fipe é um índice calculado na cidade de São Paulo. Conheça o camarão aprovado e mais consumido no mundo. • peso líquido sem perda • classificado • compre direto do produtor sem intermediários Entrega para todo o Brasil em qualquer quantidade. 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