T71 - ESTIMATIVAS DE HERDABILIDADES EM POPULAÇÕES DE SOJA NAS GERAÇÕES F E F COM RESISTÊNCIA AO CANCRO-DA-HASTE E APTIDÃO PARA 5 6 CULTIVO EM ÁREA DE REFORMA DE CANAVIAL. I.M. Bárbaro*; M.A.C. Centurion; A.O. Di Mauro; S.H. Unêda-Trevisoli; M. M. Costa; M. Ticelli; F. B. Miguel; L.S. Bárbaro-Júnior; F.R.S. Muniz; G.D. Silveira; D. G.P. Sarti; A.A. Morceli-Junior. *Apta Regional Alta Mogiana, Av. Rui Barbosa s/no, 14770-000, Colina, SP; (550XX17)33411400/1155; [email protected]. Agrárias e Veterinárias/UNESP Jaboticabal, SP. Faculdade de Ciências Palavras-chave: Glycine max, genótipos, caráter, parâmetro genético INTRODUÇÃO A soja atualmente vem assumindo destaque para cultivo em áreas de reforma de canavial, aliado ao seu valor como uma das principais espécies graníferas e a mais importante oleaginosa cultivada em escala mundial, constituindo o óleo e o farelo uma das mais importantes “commodities” nacionais. O Brasil em 2005, figurou-se como o segundo produtor mundial com produção de 50 milhões de toneladas ou 25% da safra mundial (Embrapa, 2005). O interesse por parte do melhorista em se obter grande variabilidade para a imposição de um processo seletivo que efetivamente resulte em ganhos genéticos significativos, são pontos de suma importância para o desenvolvimento de novos cultivares, assumindo a estimativa de parâmetros genéticos importante papel preditivo para o direcionamento de programas de melhoramento em relação ao processo seletivo dos genótipos mais promissores. Assim, no presente trabalho, foram avaliadas cinco populações de soja nas gerações F5 e F6, com o objetivo de estimar alguns parâmetros genéticos como herdabilidades no sentido amplo e restrito entre e dentro de famílias segregantes, além de recomendar o critério de seleção mais promissor, para fins de seleção de novos genótipos de soja aptos para cultivo em áreas de reforma de canavial, com resistência ao cancro-da-haste e portadores de características agronômicas desejáveis. MATERIAL E MÉTODOS A estimação das herdabilidades ocorreu a partir da avaliação de caracteres em populações de soja, conduzidas como parte do programa de melhoramento da UNESP/FCAV, Jaboticabal, SP, nos anos agrícolas 2003/04 e 2004/05. Os cruzamentos biparentais foram feitos entre cultivares resistentes e suscetíveis ao patógeno agente causal do cancro-da-haste e a reação de resistência dos genótipos na geração F2 foi testada através do método de inoculação do palito-de-dente (Yorinori, 1996). Deste modo, somente as sementes F3 colhidas das plantas F2 resistentes foram semeadas no campo. Foram avaliadas populações de soja nas gerações F5 e F6 distribuídas no campo experimental no esquema de famílias com testemunhas intercalares, onde cada família era derivada da debulha de uma planta individual. Este delineamento foi adotado em função da pequena quantidade de sementes disponíveis, grande número de genótipos a serem avaliados e a falta de homogeneidade nas primeiras gerações de autofecundação, inviabilizando o uso de delineamentos estatísticos com repetições. Este sistema é, na verdade, uma derivação do delineamento de blocos aumentados (Federer, 1956), onde as testemunhas equivalem aos tratamentos comuns, e as famílias, aos tratamentos regulares. A genealogia dos cruzamentos, código e número de famílias nas duas gerações avaliadas encontram-se na Tabela 1. - 279 - Mejoramiento Genético Tabela 1. Relação dos cruzamentos avaliados, com as respectivas genealogias, e número de famílias selecionadas, nas gerações F5 e F6 de estudo, anos agrícolas 2003/04 e 2004/05. Jaboticabal, SP. Número de famílias Genealogia Geração F5 Geração F6 Tracy-M x Paraná 12 10 FT-Cometa x Paraná 166 61 FT-Cometa x Bossier 79 50 FT-Cometa x IAC-8 134 89 BR-16 x IAC-11 25 8 Cada parcela foi constituída por uma fileira, com cinco metros de comprimento representada por uma família (progênie de uma planta selecionada na geração anterior) ou cultivar-padrão (testemunha), com espaçamento entrelinhas de 0,5 m e com densidade média de 15 a 20 plantas por metro. Como bordadura experimental foram utilizados os cultivares-padrão COODETEC-205 e BRS/MG 68 (Vencedora) os quais foram também intercalados às famílias das populações em estudo, no ano agrícola 2003/04 e FTCristalina no ano agrícola 2004/05, e como cultivares-padrão COODETEC-205 e MSOY7501, os quais foram intercalados também a cada dez linhas experimentais. No estádio R8 de desenvolvimento foram selecionadas quatro plantas fenotipicamente superiores por parcela para avaliação dos caracteres: número de dias para o florescimento (NDF); número de dias para a maturação (NDM); altura da planta na maturação (APM); altura de inserção da primeira vagem (AIV); acamamento (Ac); valor agronômico (VA); número de sementes (NS); número de vagens (NV); número de ramificações (NR); número de nós (NN): e produtividade de grãos (PG) (valores ajustados para 13% de umidade). Foram realizadas análises de variância de cada um dos caracteres avaliados, para cada um dos cultivares-padrão e para a geração segregante (família), nas populações avaliadas nas 2 gerações, segundo modelo estatístico (Cruz, 2001 e Backes et al., 2002): Yij = µ + f + e i + p ij + � ,em que: Yij = observação relativa à j-ésima planta, do i-ésimo i ij tratamento; µ = média geral da população (cultivar-padrão ou linha segregante); f i = 2 ), com i= 1,2...,n; Para os efeito genético atribuído à i-ésima família, sendo fi~NID (0, � G cultivares-padrão este efeito é inexistente; ei = efeito ambiental entre fileiras (de um cultivar-padrão ou linha segregante), sendo ei~NID (0, � e2 ); p ij = efeito genético atribuído a j-ésima planta da i-ésima família, sendo pij~NID (0, � 2 w ), com j = 1,2...,p; para os cultivares-padrão este efeito é inexistente; e � ij = efeito ambiental entre plantas dentro de fileiras (de um cultivar-padrão ou de linhas segregantes). Observação: f i , e i e p ij são independentes; NID: normal e independentemente distribuído. Na tabela 2 é apresentado o esquema das análises de variância realizadas, bem como os estimadores das variâncias relativas às fontes de variação de famílias segregantes, sendo o estimador da variância fenotípica entre famílias ( � 2 Fb ) o QMEf, e o estimador da variância fenotípica dentro ( � 2 Fw ) o QMDf. - 280 - Mejoramiento Genético Tabela 2. Esquema da análise de variância. FV Famílias 1/ GL f-1 QM3/ QMEf Cultivar-Padrão 1 GL2/ QM3/ r1-1 QMEp1 Cultivar-Padrão 2 GL2/ QM3/ r2-1 QMEp2 Entre parcelas Dentro de fn-f QMDf r1p-r1 QMDp1 r2p-r2 QMDp2 parcelas r2p-1 Total fn-1 r1p-1 GL = grau de liberdade; 1/f = número de famílias em avaliação; n = número de plantas por família;2/ r1 e r2 = número de repetições do cultivar-padrão 1 e 2, respectivamente; p = número de plantas por 3/ cultivar-padrão; QME = quadrado médio entre famílias ou entre repetições dos cultivares-padrão; e QMD = quadrado médio entre plantas dentro das famílias ou entre plantas dentro das repetições dos cultivares-padrão. A variância ambiental foi estimada com base na variação fenotípica entre as repetições dos cultivares-padrão intercalados entre as famílias. Desta forma, a variação 2 ambiental entre (� Eb ) e dentro (� 2Ew ) de famílias foi estimada, respectivamente por: ( r1p - r1 )QMD p1 + ( r2 p - r2 )QMD p 2 (r1 - 1)QME p1+ (r2 - 1)QME p2 e � 2Ew = . � 2Eb = p( r1 + r2 ) - r1 - r2 r1 + r2 - 2 2 ) e dentro (� 2 ) de famílias foram estimadas As variâncias genotípicas entre (� Gb Gw 2 = �2 - �2 por diferença, respectivamente da seguinte forma: e � Gb Fb Eb 2 = � 2 - � 2 . A variância genotípica foi decomposta em variância aditiva (� 2 ) e � Gw Fw Ew A devido à dominância (� 2D ) , por intermédio das expressões de distribuição desta entre e dentro de famílias autofecundadas, citadas por Falconer (1987). 2 2 2 2 2 2 � Gb = 2Fn � A + Fn (1 - Fn )� D e � Gw = (1 - Fn )� A + (1 - Fn )� D . Conhecendo-se que o coeficiente de endogamia (Fn ) das gerações F5 e F6, de respectivamente, 87,50 e 93,75, conforme Ramalho et al. (1978), é possível estimar a variância aditiva nestas populações e, conseqüentemente, as herdabilidades no sentido restrito. 2 ) e restrito (h 2 ) , para a média das famílias, As herdabilidades no sentido amplo (h ab rb 2 � Gb 2Fn � 2 A 2 2 foram estimadas, respectivamente por: h ab = e h rb = . As herdabilidades no 2 2 � Fb � Fb 2 ) e restrito (h 2 ) para plantas dentro de famílias, foram estimadas, sentido amplo (h aw rw 2 � Gw (1 - Fn )� 2 A 2 2 respectivamente por: h aw = e h rw = . 2 2 � Fw � Fw As análises estatísticas foram feitas com o auxílio do programa computacional GENES, desenvolvido por Cruz (2001). RESULTADOS E CONCLUSÕES Para as herdabilidades no sentido amplo e restrito entre e dentro de famílias, em ambas gerações, foi observada para a maioria dos caracteres nas diferentes populações, superioridade das herdabilidades entre famílias. Valores de herdabilidades entre famílias no sentido amplo abaixo de 50% foram obtidas para quase todos os caracteres, variando estes, no entanto, de acordo com a população e a geração avaliada, com exceção dos - 281 - Mejoramiento Genético caracteres número de dias para a maturação na geração F5 e número de dias para o florescimento nas gerações F5 e F6 que apresentaram valores superiores a 50% nas 5 populações. Verificou-se também, grande faixa de variação nas estimativas de herdabilidade de um mesmo caráter e entre caracteres que podem ser atribuídas à diferenças populacionais, amostragem e natureza do caráter. As estimativas de herdabilidade ampla e restrita entre famílias, para um mesmo caráter, apresentaram valores com magnitudes próximas, sobretudo nos caracteres secundários de produção, evidenciando a pouca contribuição dos desvios causados pela dominância para o valor genotípico, indicando que provavelmente a maior parte da variância genética é de natureza aditiva. Analisando o caráter produtividade de grãos na geração F6, as estimativas de herdabilidade restrita entre famílias, mostraram valores de diferentes magnitudes, sendo a população FT-Cometa x IAC-8 a de menor valor, daí espera-se menor proporção do diferencial de seleção passado à geração seguinte, e deste modo, as populações mais promissoras são Tracy-M x Paraná e FT-Cometa x Paraná. Deste modo, o presente trabalho permite concluir que: as herdabilidades de maiores magnitudes foram verificadas nos caracteres de controle gênico mais simples, sendo em geral, de maior magnitude aquelas associadas à média de família; as populações mais promissoras são Tracy-M x Paraná e FT-Cometa x Paraná, devido aos valores mais altos encontrados para as estimativas de herdabilidade restrita entre famílias para o caráter produtividade de grãos. BIBLIOGRAFIA Backes, R.L.; Reis, M.S.; Sediyama, T.; Cruz, C.D.; Teixeira, R. C. Estimativas de parâmetros genéticos em populações F5 e F6 de soja. Revista Ceres, v. 49, n. 282, p.201-216, 2002. Cruz, C. D. Programa Genes – Versão Windows – Aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa, Ed. UFV, 2001. 648p. EMBRAPA, 2005. Tecnologia de produção de soja – região central do Brasil- 2005. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste: Fundação Meridional, 2004. 239p. Falconer, D. S. Introdução à genética quantitativa. Viçosa, Ed. UFV, 1987. 279p. Federer, W.T. Augmented (or hoonuiaku) designs. Hawaiian Planters Record, Honolulu, v.55, n.2, p.191-208, 1956. Ramalho, M. A. P. & Vencovsky, R. Estimação dos componentes da variância genética em plantas autógamas. Ciência Prática., v.2, p.117-40, 1978. Yorinori, J. T. Cancro da haste da Soja: epidemiologia e controle. Londrina: EMBRAPA/CNPSo, 1996. 75p. (Circular Técnica, 14). - 282 - Mejoramiento Genético