FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
JOELY GABRIELA BRASIL
JULIANA FERREIRA DOS SANTOS
VERA LÚCIA PINHEIRO ALVES
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
BELÉM
2013
JOELY GABRIELA BRASIL
JULIANA FERREIRA DOS SANTOS
VERA LÚCIA PINHEIRO ALVES
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como
requisito avaliativo da disciplina Orientação de
TCC, do curso de Licenciatura em Pedagogia das
Faculdades Integradas Ipiranga. Orientado pelo
Prof. Me. Marcelo Augusto Vilaça de Lima.
BELÉM
2013
JOELY GABRIELA BRASIL
JULIANA FERREIRA DOS SANTOS
VERA LÚCIA PINHEIRO ALVES
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como
requisito avaliativo da disciplina Orientação de
TCC, do curso de Licenciatura em Pedagogia das
Faculdades Integradas Ipiranga.
Data:/
/
Joely Gabriela Brasil
Juliana Ferreira dos Santos
Vera Lúcia Pinheiro Alves
_____________________________________________
Avaliador: Prof.Me. Marcelo Augusto Vilaça de Lima
:_______
:_______
:_______
Dedicamos este trabalho, a todos que nos deram
força para chegarmos ao término do curso, em
especial aos nossos familiares e amigos, que muito
colaboraram com apoio moral e financeiro.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter nos possibilitado a oportunidade de cursar e terminar nossa graduação em
Pedagogia.
Aos nossos esposos, familiares e amigos, pelo incentivo e apoio que nos deram no decorrer
desta caminhada.
Ao professor orientador Marcelo Vilaça, pela dedicação, paciência e compreensão, que teve
na elaboração deste trabalho.
A turma PLPT 09, pelos anos de convivência e pelas lutas que realizamos em busca dos
nossos ideais.
Aqueles que colaboraram direto e indiretamente para elaboração deste trabalho.
"Estar junto é se aglomerar com pessoas que não
conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o
outro"
(Mantoan)
RESUMO
Objetivou-se analisar se as práticas pedagógicas adotadas pelos educadores tornam-se
efetivamente inclusivas. Utilizou-se como proposta metodológica estudos bibliográficos com
base nos autores como: Carvalho (2004), Schaffner e Buswell (1999), Stainback e Stainback
(1999), Guimarães (2003), Magalhães (2011), Ferreira (2003), Zabala (1998) e Denari (2006),
Garcia (2004), Shiroma (2000), Mantoan (2003), Jesus (2010) e Padilha (2007) que trabalham
a educação inclusiva em seus variados setores. Verificou-se a partir da fala dos autores que
este processo mesmo que bastante discutido, ainda é um assunto complexo o qual encontra
vários percalços, principalmente por ser tratado como um sistema político gerencial e não
uma questão de cunho pedagógico. Este desafio é de suma importância, pois é preciso
conhecer as políticas públicas educacionais e as práticas pedagógicas que deram certo, e que
as mesmas sejam pontos norteadores para reflexão e posteriores ações mais eficientes no
ensino e aprendizagem destes alunos. Conclui-se que as ações que devem ser implementadas
pelos educadores para tornar a sua prática efetivamente inclusiva decorrem do processo de
formação continuada, trocas de informações sobre metodologias que tiveram êxito, sendo
utilizadas como pontos norteadores para posteriores ações mais eficazes no ensino e
aprendizagem destes alunos e contando também com investimentos governamentais para dar
suporte a esses profissionais. E mediante a complexidade do tema, a educação inclusiva é uma
prática ainda em processo de construção, o qual requer novas reflexões e muitos estudos para
que seja realmente inclusiva.
Palavras-chave: Educação; Inclusão; Metodologias; Ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
It was aimed to analyze if the pedagogical practices adopted by educators could be effectively
inclusive. It was used as a methodological proposal bibliographical studies based on authors
such as: Carvalho(2004), Schaffner and Buswell (1999), Stainback and Stainback (1999),
Guimarães (2003), Magalhães (2011), Ferreira (2003), Zabala (1998) and Denari (2006),
Garcia (2004), Shiroma (2000), Mantoan (2003), Jesus (2010) and Padilha (2007) who
worked in inclusive education among its various sections. It was verified according to the
authors that this process is still a complex subject, even though very well discussed there are
many issues especially for being treated as a managing political system instead of a
pedagogical question. This challenge has a big importance because it’s necessary to know the
educational public policies and the pedagogical practices that succeeded, and that they can
guide to more efficient reflection and later actions in the teaching-learning process of these
students. It’s concluded that the actions which must be implemented by the educators to turn
this practice effectively inclusive happen by the process of continuing education, information
exchange about successful methodologies used as guides to posterior more effective actions in
teaching and learning of these students counting on government investments to give support
to these professionals.
Key Words: Education; Inclusion; Methodologies; Teaching-learning.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................
10
2 REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................................
14
2.1 HISTÓRICO DO DEFICIENTE NO CONTEXTO MUNDIAL E O PROCESSO
INCLUSIVO........................................................................................................................
14
2.2 SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.......................................................
18
2.3 O AMPARO LEGAL..................................................................................................
19
2.4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO ATUAL...........................................
21
2.5 OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL......
22
3 METODOLOGIA..........................................................................................................
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................
27
4.1 OS SIGNIFICADOS DA PRÁTICA INCLUSIVA NAS ESCOLAS..........................
27
4.2 AS METODOLOGIAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NO ENSINO E NO
APRENDIZADO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.......................................
30
4.3 AS POLITICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NA ÁREA DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................................................................................
32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................
34
REFERÊNCIAS..................................................................................................................
36
10
1 INTRODUÇÃO
A globalização veio com uma das finalidades de fortalecer uma nova ordem
econômica e política mundial, e a busca por maior eficiência e competitividade.
Indubitavelmente o conhecimento se torna fator de qualificação preponderante nas exigências
do mercado. Transforma-se em um fator de exclusão para os indivíduos com déficit de
aptidões, de forma a constituir-se em uma ameaça aos avanços do processo democrático de
educação.
O sistema educacional acompanha o homem em sua trajetória histórica, e se modifica
de acordo com o tempo e as necessidades da sociedade. O processo de globalização fez com
que a educação passasse por reformas e adequação a este novo contexto social. De acordo
com Libâneo, (2003), essas reformas são inerentes aos avanços tecnológicos e ao papel que o
Estado exerce diante da sociedade, seja na organização do trabalho ou em novas formas de
aquisição e consumo, e este processo tem como principal característica a exclusão daqueles
que apresentam alguma deficiência física ou algum distúrbio mental, que para este novo
contexto não são viáveis, pois o mercado exige pessoas competitivas e produtivas, no qual,
segundo este processo, tais pessoas não estão inseridas.
Segundo Gurgel (2007), a história universal mostra muitas práticas sociais
segregadoras, até mesmo ao acesso à educação e ao saber, e os indivíduos com deficiências,
rotulados como incapazes, viviam à margem da sociedade e lhes eram tirados os direitos
sociais, inclusive o direito a uma educação.
Ao longo dessa trajetória, a educação de pessoas com necessidades especiais
perpassou por diversas fases, desde os ditames da exclusão, marginalização, integração, até a
implantação de políticas de inclusão escolar e social, as quais são debatidas e exercitadas em
muitos países, inclusive o Brasil, que optou pela implantação de um sistema educacional
inclusivo ao aderir à Declaração Mundial de Educação para Todos, firmado na Tailândia em
1990, e ao apoiar os princípios criados em Salamanca (ESPANHA, 1994), na Conferência
Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, os quais pleiteavam uma igualdade no
acesso aos meios sociais e melhor qualidade de vida, entre outros.
O processo de inclusão de alunos especiais, no Brasil, teve inicio antes mesmo da
capacitação dos professores, o que tem gerado certo desconforto nestes últimos, por
se sentirem despreparados para lidar com essas dificuldades educativas (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI 2007, p. 265).
11
A educação inclusiva é um tema que não pode ser descartado no ramo educacional, já
que a qualidade desta educação mostra de fato o nível de socialização de um país. Diante
desta reflexão procurou-se verificar a seguinte problemática: Quais as ações devem ser
implementadas pelos educadores para tornar a sua prática efetivamente inclusiva?
Este tipo de pesquisa abre um espaço para reflexões e discussões, trata de pontos como
a prática do docente na educação inclusiva que contribui para um ensino de qualidade e
intelectualização desses educandos. Tem como objetivo preponderante investigar quais
práticas pedagógicas podem ser adotadas pelos educadores para tornar a escola realmente
inclusiva.
De acordo com art 5º da Constituição Federal de 1988, que diz que todos são iguais
perante a lei, ou ainda de que a igualdade é o ideal a ser alcançado, a educação inclusiva
silencia em determinado momento este artigo da Constituição e este ideal ao longo de
disparidades que podem provocar transformações produtivas no contexto escolar.
Segundo Cavallari (2010), trata dessas diferenças que precisam ser vistas e encaradas
de maneira objetiva já que são essas diferenças que causam esta exclusão dos alunos ditos
especiais. A partir do momento que essas divergências forem solucionadas, a educação
alcançará seu nível igualitário.
Para que se entenda esta educação inclusiva, Kassar (2011) auxilia para um estudo na
história da educação, dentro do próprio país para que se possa entender de fato como esta
área da educação é tratada pela sociedade e por seus governantes, ao saber que este problema
de exclusão causa sérios transtornos na educação e no contexto final que é a formação cidadã.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394/96, no capítulo V, art. 59,
aponta que a educação inclusiva precisa ter como instrumento de qualidade para um bom
desenvolvimento no trabalho, professores com especialização apropriada a uma educação
especial voltada para o serviço, amplificar o auxílio aos educandos com necessidades
especiais e atualização de recursos educativos adequados para melhor compreensão destes
educandos. Em sua maioria não é o que se observa na educação inclusiva já que alguns desses
itens não são atendidos por muitas instituições de ensino.
A partir desta problemática se fazem essenciais discussões a respeito da educação
inclusiva de qualidade já que também as pessoas ditas especiais fazem parte da sociedade.
Com isso desenvolver a percepção de quais metodologias podem ser utilizadas no ensino e no
aprendizado do aluno na educação inclusiva? Além disso, é preciso que a escola se adapte às
necessidades dos mesmos, pois o processo de globalização que vigora na sociedade moderna
exclui cada vez mais estas pessoas no âmbito trabalhista e no intelectual.
12
O processo de globalização procura promover cidadãos competitivos de acordo com as
exigências do mercado e deixa de lado os alunos da educação inclusiva, mas estes são
amparados por leis que exigem inserção nessa nova realidade.
Na educação tradicional da criança com déficit, as ações educativas sofrem uma
predisposição à filantropia, ao se interessar apenas pela deficiência e não com as práticas
metodológicas e didáticas para progredir linearmente com objetivo de superá-las. Atitude
discriminatória que afasta a criança com deficiência cada vez mais do convívio sociocultural
do qual depende para progredir intelectual e socialmente.
Conforme Góes (2007), mesmo temporalmente longe da realidade descrita por
Vygotsky, e em contextos políticos diferentes, constata-se o mesmo problema hoje em “nossa
República”, devido a não se chegar a um consenso em termos teóricos e práticos da educação
especial com a educação geral.
Para Feltrin (2004), estas dificuldades são vistas até hoje, principalmente por alguns
profissionais que utilizam ainda métodos tradicionais de ensino que são voltados apenas para
alunos padrões. O autor ainda cita a falta de dedicação de alguns profissionais em relação ao
aluno da educação inclusiva, por isso faz-se importante este tipo de discussões para que se
possam identificar os significados da prática inclusiva nas escolas e reverter este quadro da
educação.
É importante ressaltar que essas discussões não devem ficar apenas nos ambientes
escolares, mas que sejam levadas para a comunidade, que é uma das principais interessadas na
importância de se incluir de fato os alunos especiais e conhecer quais as políticas públicas
adotadas na formação docente na área da educação inclusiva. Para Segiovanni (1994), a
comunidade é importante para o ensino, já que ela une os alunos aos professores, em que os
valores e os ideais são compartilhados e levam o professor e o aluno diante da comunidade ao
compromisso de um bom desempenho da educação mesmo com seus fracassos e dificuldades
enfrentadas em suas vidas cotidianas.
A inclusão não é uma competição entre pessoas com deficiência e sem deficiência, e
sim uma educação adequada a este tipo de alunado, pois os alunos especiais despertam as
mesmas emoções e energias de um aluno dito normal.
A inclusão é importante por trazer benefícios a todos os alunos, porém, é necessário
que existam programas adequados para receber essa heterogeneidade e identificar quais os
significados da prática inclusiva nas escolas.
Isto é produtivo para ambos os alunos, pois acontecerá comunicação e a interação
entre eles, porque ajudam no desenvolvimento da amizade e nos trabalhos com os colegas.
13
Desta maneira trabalha-se a sensibilidade, a compreensão, o respeito, e principalmente, o
crescimento com respeito às diferenças.
Por este motivo, a busca por uma educação igualitária se fez relevante neste tipo de
educação, para que essas pessoas ditas especiais não ficassem à margem da sociedade, e que
esta inclusão tivesse como ponto de partida a escola, a fim de que o educador pudesse
conduzi-la a esta sociedade.
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A educação inclusiva é um assunto que é discutido ao longo de vários séculos, muitos
autores dedicaram e se dedicam a escrever e pesquisar sobre este assunto, para deixar a
sociedade, mas informada e tentar amenizar os preconceitos que ainda se tem em relação às
pessoas com deficiência. Neste caso o referencial teórico baseia-se nas ideias desses autores
para explanar este assunto, que tem como foco o histórico do docente no processo de ensino e
aprendizado na educação inclusiva os significados das mesmas leis que amparam este tipo de
educação e as praticas pedagógicas adotadas na educação inclusiva, pontos estes que serão
discutidos neste tópico.
2.1 HISTÓRICO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO CONTEXTO MUNDIAL E O
PROCESSO INCLUSIVO
A falta de informação em virtude do que é desconhecido, muito contribuiu para a
segregação e marginalização das pessoas com deficiência por serem consideradas “diferentes”
dos demais. E segundo Vieira e Pereira (2003), na Antiguidade, as pessoas com deficiência
foram rotuladas como possessões demoníacas e possuidores de maus espíritos, os quais
motivaram atitudes de rejeição e medo.
As questões que envolviam as pessoas com deficiências dependiam do momento
histórico e a sociedade envolvida neste contexto, pois, cada grupo social tinha uma relação
conceitual a respeito do assunto, que se alteravam de acordo com os preceitos sociais,
religiosos e econômicos desenvolvidos por cada sociedade. Em cada período notam-se
visivelmente estas mudanças comportamentais, mas ainda hoje a perfeição corporal é um
estereótipo social. Nas culturas mais primitivas, baseadas no nomadismo, a condição primária
era a sobrevivência individual, e com isso os velhos e os inaptos eram abandonados ou
isolados.
Os que não se enquadravam nos padrões sociais de “normalidade”, em decorrência de
problemas de nascimento ou por problemas externos como: guerras, acidentes e outros que
causassem a anormalidade, eram excluídos do convívio social, e de acordo com a civilização
ao qual se encontrasse eram exterminados, ato que não se caracterizava em barbárie, e sim
uma seleção natural onde só os mais fortes sobreviviam.
15
Silva (1986) caracteriza várias civilizações tidas como ícones das sociedades atuais, e
como eles se comportavam diante da questão das pessoas com deficiência: Na Grécia Antiga,
mais especificamente em Esparta, quando uma criança nascia, os pais tinham por obrigação,
apresentá-la aos funcionários do Estado, para ser avaliada, devido ao esforço que sua
educação exigiria. Caso não valesse, o bebê seria jogado do alto do monte Taigeto, localidade
destinada ao extermínio dos recém-nascidos com alguma deficiência. Os hebreus, por sua vez,
consideravam a deficiência física e sensorial, uma punição de Deus, a qual lhe era negado
acesso à direção dos serviços religiosos. Com relação à Lei das XII Tábuas, na Roma Antiga,
os governantes autorizavam os patriarcas a matarem seus filhos com deficiências, segundo
afirma Sêneca:
Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as
cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos
os fetos e os recém-nascidos monstruosos; afogamos se nascerem deformes e
monstruosos, não por ódio, mas por razão, no sentido de distinguir as coisas inúteis
das saudáveis. (SÊNECA, apud SILVA, 1986, p.129)
Afirma Silva (1986), que há exemplos de comportamentos opostos a esses, povos que
sempre cuidaram de seus deficientes, e outros que evoluíram moral e socialmente, mudaram
sua postura com relação a essas pessoas. Os hindus, ao inverso dos hebreus, consideravam
seus cegos, pessoas de apurada sensibilidade, justamente pela privação da visão, os
encorajavam para as funções religiosas ou sua adaptação para trabalhos apropriados. Os
atenienses, influenciados por Aristóteles, protegiam seus doentes e as pessoas com
deficiência, por meio de um sistema que se assemelha à Previdência Social, em que todos
contribuíam para a manutenção do mesmo.
No discorrer histórico, Silva (1986) acrescenta os pensamentos religiosos, em especial
a Igreja Católica, no período medieval, que julgava as pessoas com deficiências como
demônios.
Até o século XVIII, as informações a respeito da educação de pessoas com
deficiências não eram significativas e baseavam-se em misticismo e ocultismo, sem contexto
científico correlacionados com o desenvolvimento de noções realísticas. O respeito pelas
diferenças não era compreendido ou avaliado, e as noções democráticas e de igualdade não
existiam.
O consenso social convertia-se no preconceito, o qual se fundamentava na ideia do ser
“incapaz”, com sua condição imutável, que vivia à margem da sociedade. Não tinha
significado a deliberação de esforços organizacionais de serviços para atender a essa classe. E
somente quando o “clima social” tornou-se favorável, é que surgiram líderes sociais que
16
tentaram viabilizar medidas para o atendimento às pessoas com deficiências. Líderes que se
tornaram representantes dos interesses desta classe ou a eles ligados. Com isso abriu-se
espaço na vida social, no desenvolvimento de conhecimentos e alternativas para atuarem na
melhoria das condições de vida destas pessoas.
Segundo Mazzotta (2003) e Jannuzzi (1985), no Brasil, ainda no período da Colônia,
no ano de 1854, D. Pedro II criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro,
especialmente para pessoas com deficiências mentais, que em 1890 sofreu reformas em suas
metodologias educacionais, a fim de valorizar a vertente científica no ensino destas pessoas.
Em 1891, passa a denominar-se de Instituto Benjamin Constant (IBC), e em 1857, portanto,
três anos depois, fundou também no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos,
estabelecimento de ensino que girava entorno da “educação literária e o ensino
profissionalizante” de meninos “surdos-mudos”, com faixa etária de 7 a 14 anos. Em 1957, ou
seja, cem anos após sua fundação, passaria a denominar-se Instituto Nacional de Educação de
Surdos (INES).
Conforme Jannuzzi (1985), a instalação do IBC e do INES abriu precedentes para
discutir a educação de pessoas com deficiências, no 1º Congresso de Instrução Pública, em
1883, reunido pelo Imperador em dezembro de 1882, entre os temas do congresso estavam a
sugestão de currículo e formação de professores para cegos e surdos.
Mazzotta (2003) afirma que no período do Segundo Império, houve registros de outros
trabalhos vinculados ao auxílio pedagógico ou médico-pedagógico voltado as pessoas com
deficiências, mais especificamente em 1874, como o atendimento assistencial prestado pelo
Hospital Estadual de Salvador, hoje denominado Hospital Juliano Moreira, mas não se
encontrou dados suficientes que caracterizar-se o atendimento como educacional.
Destaca Mazzotta (2003), que no início do século XX, a sociedade começou a mostrar
interesse com relação à educação das pessoas com deficiências, e de 1900 a 1915, foram
publicados vários trabalhos importantes na área, como: “Da Educação e Tratamento MédicoPedagógico” pelo dr. Carlos Eiras; “A Educação da Infância Anormal da Inteligência no
Brasil”, do professor Clementino Quaglio; “A Educação da Infância Anormal e das Crianças
Mentalmente Atrasadas na América Latina” e “Tratamento e Educação da Crianças Anormais
da Inteligência”, de autoria de Basílio de Magalhães.
Afirma Jannuzzi (1985), que em meados de 1930 o conceito de deficiência que era o
modelo médico, foi substituído paulatinamente pela pedagogia e psicologia, que Jannuzzi
caracterizou como vertente psicopedagógica, principalmente pela atuação dos educadores
Norberto Souza Pinto e Helena Antipoff.
17
Destaca Mazzotta (2003), que em 1945, no Estado de São Paulo, foi inaugurado o
primeiro curso que visava a especialização de professores para o ensino de pessoas com
deficiências visuais, implantado no Instituto de Educação Caetano de Campos.
Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, na qual rezava: “Todo
ser humano tem direito à educação”, as pessoas com deficiências passaram a ser vistas como
cidadãos com direitos e deveres, mas ainda dentro de um contexto assistencial e segregatório.
Segundo Jannuzzi (1985), a sociedade civil começou a se mobilizar pelas causas em favor
destas pessoas, ao promover a criação de centros de reabilitação e clínicas psicopedagógicas,
no entanto anexas aos hospitais.
Segundo Mazzotta (1993), foi iniciada em 1970, a formação de professores de
educação especial de ensino superior. Em 1973, criou-se o Centro Nacional Especial de
Educação (CENESP), responsável pela melhoria e expansão em todo território nacional do
atendimento as pessoas com deficiências em todas as instâncias educacionais, e em 1986, foi
substituído pela Secretaria de Educação Especial (SESPE). Devido à reestruturação do
Ministério da Educação, em 1990 a Secretaria de Educação Especial (SESPE), foi extinta e,
diante de uma nova organização do magistério, em 1992 surgiu a Secretaria de Educação
Especial (SEESP).
Destaca Mazzotta (2003), com a promulgação da Nova Constituição Brasileira em
1988, mais especificamente no Artigo 208, capítulo III, que reza: “O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado as
pessoas com deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Segundo Carvalho (2003), com a Conferência Mundial de Educação para Todos, na
década de 1990, surgiu a necessidade de diversificação. Consideravam cada indivíduo como
sujeito de direito, no sentido de democratizar o ensino e diminuir o processo de exclusão,
assegurada através da Declaração de Salamanca (1994), que propôs uma educação com
atenção voltada para as pessoas com deficiências.
Jannuzzi (2006) enfatiza que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) de 1996, reconhece a essas pessoas o direito de estar incluso na rede regular de
ensino, mesmo que o educando frequente a rede especial, este não pode deixar de estar
matriculado na rede de ensino, que é uma organização legal instituída pelo MEC.
De acordo com estas leis se fizeram presentes as mudanças na educação,
principalmente na área especial que ocasionou adaptações nas estruturas físicas das
instituições para atender a este público, exigidas pelas leis que foram criadas. Todavia, é
18
importante entender de fato o significado da educação especial que será explanado no
próximo tópico.
2.2 SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
O histórico da educação sempre deixou evidente que pouco ou nada se tinha a respeito
da educação inclusiva, seja no caso da universalização ou em termos de qualidade oferecida.
Hoje com o novo panorama de educação, faz-se necessário uma discussão acerca dos direitos
humanos como uma proposta da educação inclusiva, principalmente entre aqueles que
defendem a ideia.
Para que se esclareça melhor a respeito da educação inclusiva, é preciso entender o seu
significado. Segundo Carvalho (2004), a educação inclusiva é a escola para todos, que implica
no sistema educacional que reconheça e atenda as diferenças individuais, que respeite as
necessidades de qualquer aluno.
Esses desafios da educação inclusiva só vêm contribuir para a melhoria da qualidade
da educação. Pode-se entender também a educação como uma forma de concepção que não
exclui nenhum tipo de pensamento, já que as ideias democráticas são aceitas e proclamadas
universalmente. Carvalho (2004) também afirma que a educação inclusiva é o conhecimento e
a experiência específica no ramo da educação. Ela serve também como suporte para o
trabalho dos professores junto com os familiares.
A educação inclusiva também é uma forma de educar de acordo com as diferenças
individuais sem que qualquer manifestação se traduza em impedimento a educação. De
acordo com este aprendizado, Carvalho (2004) afirma que a construção do saber se faz com as
limitações que a deficiência lhe impõe, que segue um modelo social.
A educação inclusiva pode ser considerada como aquela especializada aos alunos com
deficiências. Por este motivo que segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica (BRASIL, 2001. Pág. 17).
Esses
serviços
educacionais
especializados
serviram
como
suplemento
e
complemento, para dar apoio à educação inclusiva e consequentemente uma melhoria nesta
área educacional.
Para Baptista (2010), a educação inclusiva era considerada como uma identificadora
de barreiras, as necessidades que impediam os alunos ditos diferentes. Foi por isso que se
valorizou a diversidade cultural, com a necessidade e perspectiva de construir acessibilidade a
estes alunos. Não se podia entender a educação especial como uma aceitação da diferença,
19
mas sim uma igualdade de direitos que buscou fazer a relação de oposição entre a igualdade e
desigualdade.
Foi importante entender a educação especial como uma educação social, que para
Vygotsky apud Góes (2010), era o único caminho cientificamente comprovado para que a
criança com deficiências tivesse êxito na sua educação, mas para que isso ocorresse foi
preciso avançar em novas pesquisas rumo às estratégias de aprendizado do sujeito com
dificuldades especiais.
Numa escola inclusiva é preciso que todos participem e interajam sem exclusões, para
reconhecer a individualidade de cada um, por este motivo as escolas e o sistema de educação
precisam passar por transformações para atender este público. Portanto, é importante defender
a igualdade de oportunidades, e dar o que cada um necessita em sua função e interesse de
cada característica individual.
Para entender de fato a educação especial foi preciso fazer um apanhado a respeito da
palavra inclusão, que na área educacional significava práticas mais justas, democráticas e
solidárias, e que segundo Klein (2010) era uma preocupação de abarcar o ensino para todos,
ou seja, manter todos incluídos. Com isso se fez necessário uma formação na área da
educação especial, que para Klein (2010) é esta que proporcionava um ensino mais eficaz que
garantia a aprendizagem de determinados sujeitos.
A educação inclusiva nada mais é do que a inclusão daqueles que são rejeitados e
levados para fora dos espaços do mercado de trabalho, dos padrões sociais e vítimas de
representações estigmáticas. Hoje devido aos avanços do processo de socialização da
informação, essas desigualdades sociais são denunciadas publicamente, deixando-as mais
conhecidas e combatidas por meios de comunicação como a internet e de programas sociais
que atendam a esta parcela da sociedade, por este motivo se faz necessário a discussão a
respeito da educação inclusiva para que se tenha a igualdade entre todos através dos seus
amparos legais.
2.3 O AMPARO LEGAL
Segundo Carvalho (2003) e Aranha (2004), em 1980, em função de vários avanços
tecnológicos, propiciou-se o surgimento de novas propostas de mudanças sociais, voltadas à
garantia dos direitos das pessoas com deficiências em busca de uma melhor qualidade de vida.
Porém, só passou a ser discutida devido a Conferência Mundial de Salamanca em 1994, que
teve a participação de 92 países, entre eles, o Brasil, que afirmou mudanças no sistema de
20
ensino, com a visão de incluir, ao contribuir com o ingresso de indivíduos com deficiências
no ambiente escolar, no sentido de garantir o direito de educação de qualidade a todos.
Shiroma (2000) comenta que a educação brasileira segue os preceitos dos organismos
internacionais, com o propósito de levar o país ao progresso, e que servem como
direcionamento de nossas políticas educacionais.
Esses movimentos trouxeram reestruturação para a escola (no sistema de ensino), que
visa atender as diversidades. A educação especial está respaldada, como já citados em
documentos e leis que sustenta esse modelo de inclusão, não somente na área de educação,
mas também como na área de saúde, formação profissional, recursos humanos etc.
A Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989, em seu artigo 1º, que dispõe sobre o apoio as
pessoas com deficiências, a efetivação e integração do mesmo no contexto social.
Conforme esta lei, no inciso 1º, devem-se considerar os valores básicos de igualdade
de formas de tratamentos e de oportunidades com respeito à dignidade humana, com oferta
obrigatória e gratuita em estabelecimento de ensino público ou particular.
Entretanto, com todas essas obrigatoriedades, a partir da Constituição de 1988, obtevese um novo olhar a respeito do atendimento a pessoas com deficiências. Porém, só foi
regulamentada em 1999, com a Lei nº 3. 294 de 20 de dezembro de 1999, que estabelece uma
política para integração destas pessoas, no sentido de obrigar as escolas a aceitarem e
matricularem essas crianças.
Segundo Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394/96:
[...] o art. 58 ilustra que a Educação Especial é a forma de educação escolar que é
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando com
necessidades especiais. Ao ressaltar os seguintes parágrafos desta lei:
1- O apoio especializado, no momento que se faça necessário para atender às
particularidades da clientela de educação especial, dentro da escola regular.
2- O apoio educacional poderá ser feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que for necessário para beneficiar as condições de integração
do aluno especial nas classes comuns de ensino regular.
3- A oferta de educação especial é um dever constitucional do Estado, com inicio na
faixa etária de zero a seis anos, na educação infantil.
[...] no artigo 59, inciso I, II, III e IV, os sistemas de ensino asseguram aos
estudantes com necessidades especiais o tratamento diferenciado, com o objetivo de
facilitar o aprendizado. (1996).
De acordo com Prietro (2002), a Resolução CNE/CEB 2/2001, concomitantemente
com as diretrizes do Plano Nacional de Educação para a Educação Especial, formam as
recentes bases das politicas nacionais vigentes para atender as pessoas com deficiências, ao
seguir uma tendência mundial de concepção democrática de educação escolar que não aceita
qualquer tipo de exclusão.
21
A Resolução CNE/CEB 2/2001 determina que o atendimento dos alunos com
deficiências deva ser realizado em salas comuns de ensino regular, ao contar com a presença
dos professores especializados e capacitados para auxiliar este alunado. O professor
especialista trabalha em cooperação com o professor da sala comum, ao desenvolver práticas
necessárias para promover a inclusão destes discentes de forma a assegurar uma educação de
qualidade para todos (MEC/SEESP,2001).
Por este motivo, as leis da educação precisavam ser colocadas em prática e
fiscalizadas para que os alunos ditos especiais fossem inseridos no contexto social atual, e é
desta maneira que a educação especial será retratada no próximo tópico.
2.4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO ATUAL
De acordo com a cultura mundial da globalização, percebe-se a crescente e
contraditória marginalização de alguns segmentos populacionais que são cada vez mais
discriminados em sua capacidade de se apropriar de bem e serviço disposto na sociedade, que
são expostos ao desemprego. Neste caso, incluem-se os alunos da educação inclusiva, já que a
globalização prioriza uma educação formal, que tem como principal objetivo a formação de
capital humano, com mão de obra capaz de enfrentar a competitividade.
Segundo Carvalho (2003), este é um fator positivo para a globalização, já que estes
indivíduos são bem aproveitados na produção de bens de consumo e na absorção de novas
tecnologias. Neste caso as pessoas que apresentam algumas limitações são deixadas de lado
neste novo processo mundial.
A educação especial no século XXI, faz-se necessária a construção de cenários com
perspectivas políticas, sociais, econômicas, científicas e tecnológicas da educação em geral.
Não se pode isolar nenhum desses indivíduos. Para Carvalho (2003), é importante reconhecer
a desigualdade, pois reflete na condição de acesso à escola e extensão da escolaridade. Na
globalização observa-se que as pessoas com deficiências são desprezadas não pelas suas
limitações, mas pelas representações sociais, que as colocam como incapazes e dependentes, e
sentem-se discriminadas e com visões contraditórias em relação ao mundo.
Segundo Guimarães (2003), é como se esses alunos fossem um fardo social, que
através da invalidez e da incapacidade que lhes são atribuídas pela sociedade em geral, fossem
impedidos de fazer qualquer tarefa de um dito “normal”. Esses grupos experimentam a
discriminação social e vocacional e carregam consigo um forte sentimento de rejeição, que
por este motivo em sua maioria, desenvolvem subculturas separadas. É preciso repensar e
22
reestruturar o sistema de educação convencional, a fim de diminuir ou até eliminar os
obstáculos para os alunos ditos normais.
É importante ressaltar que a estrutura no sistema de ensino mudou bastante devido às
conquistas através de lutas feitas por profissionais da educação, isso inclui a criação de leis
que amparam os alunos ditos especiais como foi visto na Constituição Federal do Brasil de
1988 no art. 206, que ressalta o dever do Estado com a educação, que garante o ensino para
todos e atendimento especializado as pessoas com deficiências, que segundo Ribeiro (2003)
as escolas regulares deveriam acolher todas as crianças, independente de suas condições
físicas, intelectuais e outras.
Em pleno século XXI ainda se formulam leis que amparam os alunos com deficiência,
como o Plano Nacional de Educação, que segundo a lei 10172/2001, que segundo este, a
educação deveria produzir uma construção de uma escola inclusiva, que garanta o
atendimento a diversidade humana. Já em 2004, o Ministério Público Federal divulga um
documento que inclui os alunos com deficiência em classes comuns da rede regular de ensino
com o objetivo de inserir estes alunos neste contexto social.
Com o Decreto Lei nº 6094/2007, estabelece também que a educação garanta o acesso
e permanência das pessoas com deficiência no ensino regular, e assim fortalecer a inclusão
educacional nas escolas públicas.
Neste caso a escola do século XXI deveria criar possibilidades e vantagens para a
convivência entre os diferentes tipos de indivíduos, e desta forma se alcançaria uma educação
unificada com cidadania igualitária e eficaz. Porém, para que isso aconteça é necessário que
sejam revistas as práticas pedagógicas na sala de aula, tendo assim de fato essa educação tão
esperada.
2.5 OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Segundo Mantoan (1997), o grande desafio para os docentes na questão que envolve a
sua atuação diante do currículo de educação voltada para os alunos com deficiências está em
fazê-lo encarar o discente como uma pessoa que age, decide e pensa com seus próprios meios.
E de acordo com a autora, antes de tudo o professor necessita conhecer o seu aluno, e usar
este perfil como base para elaboração das atividades. Perceber o aluno como um sujeito
inteiro e não como um traço restrito ao um único aspecto do desenvolvimento.
Segundo Stainback e Stainback (1999), o profissional da educação, no caso o
professor, precisa apresentar um novo perfil e um dos primeiros é conhecer as necessidades
23
dos alunos, e por meio desses conhecimentos, saberá como prosseguir com os mesmos. Para
os autores, criar métodos de ensino que promovam a aprendizagem do aluno tanto na forma
individual quanto a turma como um todo, e estabelecer relações positivas que ajudam a
atender as necessidades psicológicas básicas dos alunos.
O profissional da educação inclusiva precisa utilizar uma variedade de métodos que
envolvam os alunos no exame e na correção dos comportamentos inadequados. É preciso que
se tenha em mente que os bons mediadores em classe são frutos da aprendizagem, e não
nascem com ela, mas para que isto ocorra é preciso se ter capacitação profissional, estudo
continuado para que se tenha um bom desempenho em sala de aula.
A disciplina deste profissional é fundamental para que conduza com paciência e
inteligência a sala de aula, já que, a disciplina é um exemplo de saber lidar com situaçõesproblema em sala de aula, e solucioná-las, e lembrar que a capacitação específica para o
profissional da educação é de suma importância.
Esta capacitação se faz necessária para que o profissional tenha um bom desempenho
em sala de aula, e desta forma procure modificar as atividades em que determinados alunos
participam, com a verificação por parte deste profissional da maneira em que os objetivos são
atingidos. De acordo com Stainback e Stainback (1999), essas modificações ajudam nas
habilidades dos alunos que podem ser implementadas simultaneamente, para atingir os
objetivos de aprendizado individual.
Outro desafio da educação especial seria em relação a uma abordagem em equipe, que
faz com que as atividades atinjam toda a turma. Segundo Stainback e Stainback (1999), isso
só será possível se os educadores apresentarem algumas experiências e práticas no
planejamento e nas adaptações curriculares que inclua e desafie todos os alunos.
Para finalizar, este docente precisa ter a formação continuada, que segundo Caiado
(2010), investir na formação continuada destes profissionais é de suma importância, pois
alcança o fim da ignorância com o domínio e consciência na hora das decisões que são
defendidas nas políticas de educação no Brasil.
É importante ressaltar que para isto ocorrer, é preciso que o professor peça ajuda aos
colegas especialistas, alunos e pais para desenvolver procedimentos ou acomodações
curriculares contínuas. Para Stainback e Stainback (1999), antes de tudo os professores
precisam da ajuda de uma equipe que ofereça a eles um ensino que discuta experiências de
aprendizagem adequadas para os diferentes alunos e suas turmas.
24
Para Stainback e Stainback (1999), os alunos “especiais” requerem oportunidades para
aprender habilidades da vida prática, vocacionais e sociais com orientações e oportunidades
concebidas a eles.
O modelo de gestão também necessitava se adaptar a estas mudanças para atender
estes alunos, precisava-se criar projetos pedagógicos que permitissem ajustar a pedagogia às
peculiaridades de cada aluno, que segundo Ribeiro (2003), cada criança apresentava
interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem individual, por este motivo é que se
dava a necessidade de criar programas aplicativos que visavam abarcar essas diferenças de
cada indivíduo.
A democratização no espaço escolar também é um ponto a ser visto pela gestão, já que
a inclusão escolar perpassava também pelas mudanças estruturais físicas da escola, que
segundo Oliveira (2009), a escola é o eixo referencial pedagógico de aprendizagem para que
de fato os ditos especiais fossem incluídos no âmbito social.
A estrutura física da escola também era uma grande colaboradora para a adaptação da
inclusão destes alunos, que para Oliveira (2009), as mudanças neste espaço viabilizavam as
mesmas condições e oportunidades de acesso aos indivíduos ditos especiais, que contribui
com a convivência destes com a diversidade cultural com os ditos “normais”.
O profissional da educação especial precisa entender que a razão para a inclusão não
está na proficiência em socialização, história ou matemática, e sim dá oportunidades para
todos crescerem e aprenderem. Este fator segundo Stainback e Stainback (1999), é de suma
importância já que os alunos ditos “normais” ensinam os alunos com deficiência que todos
são membros igualmente valorizados, a fazer com que todos enxerguem que é possível incluílos na sociedade.
25
3 METODOLOGIA
Os métodos são de suma importância para um projeto de pesquisa, já que é ele que
delimita as atividades de como vão ser praticadas dentro do objetivo estudado. Segundo
Lakatos e Marconi (2010), não são todas as ciências que utilizam métodos científicos, e que
esses métodos são conjuntos de atividades sistemáticas. Para Bervian (2007), os métodos
científicos não substituem a inteligência do cientista, já que também tem seus limites e não
pode ser entendido como uma fórmula ou uma receita que colhe sem erros os resultados
desejados.
Neste sentido a pesquisa foi de cunho bibliográfico, pois para Lakatos e Marconi
(2007), a pesquisa bibliográfica é importante, por abranger um fato ocorrido que se tornou
público e objeto de estudo, que exige uma elaboração do plano de trabalho, e principalmente
um fichamento da obra utilizada, com suas análises e interpretações. Uma das características
das pesquisas bibliográficas é fazer com que o pesquisador tenha contato direto com tudo que
já foi escrito por determinados autores de determinados assuntos publicados ao identificar os
tipos de fontes a serem utilizados na pesquisa por meio de livros, referências, artigos etc.
Segundo Lakatos (2007), estes tipos de pesquisas vêm oferecer meios para resolver
possíveis problemas existentes, e abrir a possibilidade de explorar outras áreas onde tais
situações ainda não são visíveis, como é o caso da dificuldade dos docentes em trabalhar com
a educação inclusiva. Para estes autores a pesquisa bibliográfica não é apenas uma repetição
daquilo que já foi dito, mas propicia um novo debate ou uma nova abordagem do referido
tema.
A pesquisa bibliográfica se instrumentaliza no trabalho de coletas de dados, que faz
um levantamento dos principais autores, como: Baptista, Padilha, Caiado, Jesus, Oliveira,
entre outros, que discutem a temática da avaliação. As principais fontes, ou seja, os objetos de
estudos são artigos científicos, livros técnicos, relatos publicados em congresso, entre outros.
Depois do levantamento bibliográfico, todos os dados coletados serão tratados em forma de
análises apresentados nas concepções de avaliação com suas devidas análises. Segundo
Lakatos e Marconi (2010), os tratamentos de dados exigem um rigoroso controle na aplicação
desses instrumentos de pesquisa. Isto serve para evitar erros e defeitos resultantes de algumas
informações incoerentes.
Para Bervian (2007), esta pesquisa busca conhecer e analisar os aspectos culturais e
científicos do passado referente ao assunto, tema ou problema da atualidade. Já Lakatos e
26
Marconi (2010) preferem colocar a pesquisa bibliográfica como uma fonte da experiência
pessoal ou profissional, de estudos, leituras e observações, e interage com os outros estudos e
disciplinas.
Esta pesquisa apresentou uma abordagem qualitativa. Segundo Lakatos e Marconi
(2010), esta abordagem permite uma pesquisa bibliográfica, sem a participação da pesquisa de
campo, não apresenta gráficos, entrevistas, dados relacionados à quantidade. Consiste nas
investigações empíricas, com o objetivo de delinear ou analisar as características dos fatos ou
fenômenos, ou a avaliação de programas, ou isolamento de variáveis principais ou chave.
Segundo Lima (2004), abordagem qualitativa é um método de estudo que condiz a
uma maneira de realizar uma pesquisa empírica de caráter qualitativo de um fenômeno a ser
estudado em seu contexto real. Envolve a execução de atividades sistêmicas de descrição e
análise de uma ou várias unidades de estudos. Para isso, faz-se necessário uma variação de
relevantes de fontes, com o objetivo de internalizá-las, mediante aos seus próprios termos, ao
possibilitar a absorção integral, profunda e de forma minuciosa da pesquisa realizada.
Os dados foram trabalhados por eixos com bases nas questões norteadoras apontadas
nas intervenções.
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo apresenta os principais resultados obtidos através de pesquisa mediante a
análise dos autores propostos no referencial teórico, como: Carvalho (2004), Schaffner e
Buswell (1999), Stainback e Stainback (1999), Guimarães (2003), Magalhães (2011), Ferreira
(2003), Zabala (1998) e Denari (2006), Garcia (2004), Shiroma (2000), Mantoan (2003),
Jesus (2010) e Padilha (2007), os quais geraram as discussões que fomentaram o
entendimento em relação à educação inclusiva.
4.1 OS SIGNIFICADOS DA PRÁTICA INCLUSIVA NAS ESCOLAS
Com base nas leituras realizadas, percebeu-se que a sociedade sofreu várias mudanças
comportamentais ao longo de sua história, e a questão do processo de inclusão das pessoas
com deficiência é motivo de discussão e análise, não com objetivo de ser apenas um
percentual estatístico a ser inserido na rede regular de ensino, e sim, para que haja uma
inclusão real destas pessoas em nível social, com isso, se dignifica o ser humano e não a
deficiência por ele portada.
Nas leituras realizadas, foi possível verificar que existem vários significados que
envolvem os processos da inclusão, um deles é reconhecer as necessidades individuais de
cada aluno, e que os princípios da inclusão aplicam-se não somente as pessoas com
deficiências, mas a todos os alunos. De acordo com os autores Schaffner e Buswell (1999),
uma das grandes discussões desafiadoras enfrentadas pelos educadores e alunos nas escolas,
hoje, é justamente não admitir que as crianças fiquem isoladas ou se concentrem em um único
grupo de crianças. Porém, para evitar essas questões desafiadoras é relevante promover a
interação para que todos venham se unir e participar em conjunto.
O processo de inclusão é muito mais do que uma integração de crianças com
deficiências, e não deve ser confundido entre o ato de integração e inclusão, pois ambos
possuem definições e significados completamente diferentes. Sabe-se que o processo de
ensino educacional de uma escola deve oferecer um ensino de qualidade para todos, quer seja
inclusiva ou não, onde se atendam, respeitem e reconheçam as necessidades individuais de
cada aluno. O processo de inclusão se dá por meio da participação e interação efetiva a partir
de todos os envolvidos que compõem e estão inseridos no meio.
28
Por isso, de acordo com os conceitos dos autores a cima, a inclusão é muito mais que
apenas integrar essas pessoas na escola ou na sociedade. Inclusão é, portanto, proporcionar
qualidade de ensino, pronto atendimento em oferecer-lhes subsídios para desenvolverem a
aprendizagem e habilidades desses alunos, conforme a lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9394/96, que vem firmar o direito e oportunidades de acesso à escolarização de
todas as crianças no ensino regular. No entanto, quando se toma a decisão de incluir as
pessoas com deficiências, é preciso formar e recriar ações com desempenho metodológico
para que venhamos sair e não cair no erro de não saber que maneiras ou atitudes tomar em
determinadas ocasiões, e chegar onde realmente se quer, que é poder conviver e trabalhar
dignamente com os “diferentes”.
Para que se tenha a criação de uma escola inclusiva de qualidade o principal passo é
que se estabeleça uma filosofia baseada nos princípios da democratização e igualização da
inclusão, a fim de prover a inserção de uma educação de qualidade para todos os alunos.
Para que a inclusão de fato aconteça, as escolas devem quebrar os paradigmas
oriundos do tradicionalismo, que ainda é muito existente em relação aos ensinos e práticas
adotadas na educação, não somente com as crianças com deficiências, mas também com todos
que a compõe.
Ao fundamentar-se nas ideias dos autores, já que se quer uma escola inclusiva de
qualidade, por sua própria natureza. Este sistema de ensino deve se voltar às necessidades
gerais de todas as crianças, pois a definição da missão a ser desenvolvida pela escola é o
primeiro passo do processo de planejamento estratégico para que todos sejam de fato bem
recebidos, envolvidos e apoiados como membros participantes em suas escolas de forma
significante neste processo.
O gestor deve propiciar uma liderança forte no sentido de que se deve reconhecer suas
responsabilidades em função de definir os objetivos da escola, ao garantir as tomadas de
decisões, a fim de enfrentar os desafios existentes, e oferecer apoio às interações e aos
processos que as enfatizam.
Como principal fonte de sentidos na escola, faz-se necessário saber que o papel a ser
desenvolvido pelo gestor é garantir que a mesma eduque com sucesso todos os alunos sem
especificidades, no sentido de propiciar práticas, a fim de que os professores aprendam
técnicas educacionais para saber lidar e ajudar a escola, a fim de transformá-la e torná-la
acolhedora como laço familiar, já que a interação entre ambos é um grande suporte para esse
desenvolvimento e amadurecimento do conhecimento.
29
As escolas são de caráter microcósmica, ou seja, uma mini sociedade, e a ela cabe a
responsabilidade de eliminar o lado negativo existente no indivíduo enquanto ser que está em
formação, para que se desenvolva positivamente na sociedade, haja vista que no meio social
existem grupos diversificados, e essas diversificações refletem e possuem cultura, saberes e
valores. Valores estes que devem ser respeitados como colaboradores para o bem comum,
onde todos compartilham os mesmos direitos básicos da Constituição.
Acredita-se que desde o princípio até o presente momento a educação inclusiva atingiu
um grande salto em seu desenvolvimento, mais ainda muito se deve fazer. Na perspectiva de
que o sistema educacional brasileiro é regido por leis, sejam federais, municipais ou estaduais,
o governo tem propiciado movimentações para democratizar ainda mais o sistema de ensino,
movimento este que venha inserir de forma total todas as crianças com seus respectivos
valores e direitos. Assim, a discussão a respeito dos significados da inclusão, hoje, é
justamente fazer com que a educação abranja o ensino de forma que todos se façam presentes,
importante e necessário neste processo, não somente no que diz respeito ao lado educacional,
mas também no meio social.
Por isso, faz-se necessário que a sociedade veja e tenha consciência de que
independente das dificuldades que se encontra o indivíduo, é fundamental a convivência com
o outro, pois compartilham de diferentes socializações entre as pessoas e favorecem o
reconhecimento de suas habilidades e necessidades, com o intuito de fazer crescer o respeito e
segurança para se desenvolverem no meio, com objetivo de aprender e fazer descobertas sem
medo de suas possíveis dificuldades.
Com o objetivo de fazer a inclusão de forma total, ressalta-se que não vale apenas
pensar em um processo destinado às crianças com necessidades especiais, e sim desenvolver
qualquer atividade que necessitem de adequações para progredir o cognitivo desses alunos,
sejam elas de forma curricular, metodológica, física ou até mesmo afetiva para que possam se
desenvolverem e se transformarem enquanto seres viventes e presentes na sociedade.
A partir de então é possível observar que a cada momento o mundo passa por diversas
mudanças. Por isso, entender e compreender o verdadeiro funcionamento do significado da
inclusão requer ter um olhar crítico que vem de dentro para fora, a fim de reconhecer sua
fundamental e necessária importância neste processo de transformação.
No entanto, a instituição escolar é um dos locais onde o ser humano busca meios e
alternativas para se tornar e se assumir enquanto sujeito ativo.
30
4.2 AS METODOLOGIAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NO ENSINO E NO
APRENDIZADO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
De acordo com os estudos feitos dos seguintes teóricos: Guimarães (2003), Magalhães
(2011), Ferreira (2003), Zabala (1998) e Denari (2006), percebe-se a necessidade de se
discutir metodologias aplicadas na prática de ensino e aprendizagem na educação inclusiva.
Mesmo com alguns avanços nesta área, ainda precisa se fazer reajustes para que se tenha
êxito.
A respeito desta questão é preciso investigar as práticas adotadas pelos profissionais
em relação à educação inclusiva, já que velhos paradigmas ainda permeiam o surgimento do
novo modelo e isto acarreta uma grande confusão de ideias.
Acredita-se que estes desafios exigidos pelo processo de globalização e pela
complexidade dos fatos é que o profissional da educação precisa enfrentar estes desafios e
colocá-los em prática na educação inclusiva.
Para isto é preciso que se acabe com o preconceito em relação ao aluno da educação
inclusiva, vistos por muitos como inválidos, um ser digno de caridade, marginalizados e
humanamente humilhados.
Esta inferioridade em relação à estrutura física destes alunos é vista como uma
incapacidade produtiva e acarreta numa dificuldade dentro da instituição escolar como forma
de saber lidar com estes alunos. Diante deste ponto de vista é preciso que o profissional da
educação tenha a capacidade de entender que estes alunos são capazes de produzir
conhecimento e que carregam desejos, anseios, aspirações que contribuem para a
aprendizagem do aluno.
Se isto for alcançado, já demonstra ser um grande salto para compreender a
necessidade de aprendizagem destes alunos, para que depois possa de fato fazer um trabalho
com os mesmos. Neste caso é importante que se tenha um olhar diferenciado com os alunos
da educação inclusiva, de uma forma igualitária e acreditar que o mesmo possa e deve
apresentar uma evolução em seu conhecimento.
A tecnologia é um ponto a favor para uma grande metodologia no ensino e
aprendizagem destes alunos, os quais podem trabalhar com imagens associadas ao cotidiano
dos mesmos.
Esta ideia é vista de forma positiva, já que o uso da tecnologia serve também como
uma forma de comunicar este aluno ao mundo em que vive e desta maneira ele se socializa
com os outros.
31
A tecnologia por si só não conseguirá grande êxito e precisa que o profissional
disponha de conhecimentos para lidar com a educação inclusiva. Para isso é preciso que se
invista na formação continuada que inclui a participação em palestras, conferências e o
contato na sala de aula com estes alunos, próximo de sua realidade.
É este contato profissional que modifica seus aspectos nas práticas docentes e procura
aplicar estratégias que facilitem o ensino e aprendizagem, e assim inserir este aluno no seu
contexto social.
Esta formação continuada é de suma importância para que se possa mudar com as
questões da educação inclusiva e da diversidade cultural. É preciso também que se promovam
diálogos entre a pedagogia e outras ciências para compreender melhor o ser humano e assim
problematizar o papel social da escola no trabalho educacional com os indivíduos ditos
normais e especiais. Mesmo com esta formação continuada, é preciso ver que o ser humano
tem a capacidade de aprender e a obrigação do educando é colocar este fator em prática.
Em relação à avaliação é preciso que se tenha cuidado com os métodos ditos
tradicionais vistos de forma uniformizada. No que diz respeito a estes modelos, acredita-se em
forma centrada na formação integral das pessoas, mas que neste caso implica em mudanças
fundamentais no conteúdo e no modo de trabalhar. É importante ressaltar a precisão do
conhecimento de mundo deste aluno, interagir e socializar este conhecimento com os demais
indivíduos. Por este motivo, as avaliações precisam ter um caráter mais dinâmico e sem
atribuições de notas e provas sistematizadas, ou seja, de maneira expositiva, que estimule a
discussão em sala de aula e desta forma alcançar a socialização.
Acredita-se que o conjunto destas atividades contribui para uma prática menos
tradicional e favorece e atende as peculiaridades de cada um desses alunos da educação
inclusiva. É algo que em tempos remotos não se tinha essas compreensões, ou seja, não se
dava a importância para entender esses alunos, já que o conhecimento a este tipo de educação
era bem restrito, pois o ensino e a aprendizagem estavam relacionados aos ditos normais.
Neste caso os profissionais da educação envolvidos precisam repensar suas
concepções acerca desses sujeitos para que possam saber suas características peculiares.
Compartilhar estas ideias, acreditar nas mesmas e repensá-las torna-se um papel
crucial para o desenvolvimento cognitivo destes alunos em todas as esferas educacionais.
De acordo com estas discussões e apresentações pode-se notar algumas concepções a
este tipo de educação no novo paradigma educacional, que tenta fazer com os alunos da
educação inclusiva não se sintam excluídos. Mesmo com todas essas mudanças é preciso que
32
se tenha o olhar mais sensível para os alunos da educação inclusiva, por este motivo é que se
devem discutir esses assuntos.
Acredita-se e concorda-se na formação continuada dos docentes e nas políticas
operacionais e serviços que devem ser modelos educativos e concepções diversas para
entender estes alunos. É importante a formação continuada desde que estes profissionais
adotem elementos teóricos, metodológicos e técnicos, que sirvam para desenvolver práticas
profissionais.
Para que tudo isto de fato possa acontecer é importante a formação do docente e o
conhecimento do mesmo na área da educação inclusiva, mas é importantíssimo que ocorra
também o apoio das políticas públicas nesta área como forma de investimentos, que será
colocado no próximo tópico.
4.3 AS POLITICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NA ÁREA DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Com base nos estudos dos autores: Garcia (2004), Shiroma (2000), Mantoan (2003),
Jesus (2010) e Padilha (2007), analisa-se que as ações docentes partem do pressuposto que os
mesmos têm um papel crucial a desenvolver no processo enquanto mediadores entre o
conhecimento cientifico e o discente, e com isso, percebe-se a crescente necessidade de uma
formação para o educador, de forma a conseguir trabalhar eficazmente dentro do contexto
atual de diversidade que permeiam a sala de aula, e diante da necessidade de uma formação
inicial e continuada do docente, que deve romper com as práticas tradicionalmente
excludentes encontradas ainda hoje nas escolas, e desenvolver a percepção primordial
principalmente na área da educação do discente com deficiência, e o respeito à singularidade
de cada aluno.
E estas questões servem para investigar o Programa de Formação de Professores já
previsto pelo MEC/SEESP e agora reinstituído na apresentação do Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE). A formação de professores para ajudar na política de educação inclusiva
que vem desde a LDBEN 9.394/96, ao caracterizar a diferença entre professores capacitados e
especializados, e a Resolução CNE/CEB 2/2001 (Brasil, 2001) que definiu mais precisamente
a formação de competências e habilidades de cada categoria docente. E essa estrutura define
uma ruptura na formação dentro da área educacional, de um lado os pedagogos e de outro os
33
professores. Para estes seria oferecida uma formação especifica, destituídas das condições
para a pesquisa e que prioriza a pratica profissional técnica. Quanto ao primeiro, seria
garantida a formação que lhes permitem gerenciar o processo pedagógico, a serem
caracterizados como os verdadeiros profissionais.
Percebe-se que a educação brasileira atual se mostra puramente política, e adequada
aos moldes internacionais, com relação aos programas e serviços utilizados para atender a
essa diversidade de alunos. Observa-se uma habilidade para trabalhar com as “inclusões
educacionais”, puramente vinculadas ao gerenciamento das redes de ensino, ou seja, não
existe uma real discussão a respeito da educação em nível pedagógico, discute-se o que fazer,
mas nunca, como se fazer.
Nota-se que, mesmo que a implantação de serviços especializados das redes de ensino
represente um grande avanço em termos de oferta educacional para os alunos com
deficiências, se torna importante investigar qual o real papel exercido por estes serviços, e
como se relaciona ao trabalho pedagógico realizado na educação. E que os programas de
formação deveriam trazer mudanças em nível qualitativo e que conduzissem há novas
possibilidades educacionais como forma de lidarem com a pluralidade existente no contexto
de sala de aula. Assim, formar professores pedagogicamente competentes e que garantam o
desenvolvimento cognitivo de todos os alunos de forma igualitária, e principalmente os com
deficiência. Ter como ponto primordial a relação de interação em nível de convivência deste
alunado com seus pares “ditos” normais nas salas regulares, sem os ranços discriminatórios de
uma didática segregatória.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os estudos referenciados em autores que embasam a importância da
educação especial, verificou-se que são muitos os desafios encontrados para que de fato a
educação inclusiva seja concreta. Um desses desafios é a falta de estrutura física para atender
a demanda que necessita de seu espaço totalmente adaptado para poder ter o acesso livre e
direto em todo o ambiente escolar.
Além da falta de estrutura das escolas, é perceptível a falta de profissionais
capacitados com práticas pedagógicas para atuar nessa área, de forma que venha somar no
desempenho e desenvolvimento não somente cognitivo mas sobretudo afetivo e até mesmo
físico desses alunos que necessitam de uma atenção e tratamentos diferenciados já que as
mesmas ainda são bem deficientes em relação ao ensino e à aprendizagem desses alunos, que
ora ficam à mercê desses profissionais em sala de aula.
Apesar de todas as leis que respaldam o direito das pessoas com deficiência, o Brasil
ainda não se encontra totalmente desenvolvido e preparado para atender a esses “diferentes”
de forma positiva, além do constante apoio dos governantes com construções de projetos que
visem cada vez mais à inclusão dessas pessoas.
Neste caso, não são as pessoas com deficiências que devem se adequar à sociedade ou
ao ambiente escolar, mas, a sociedade deve se adaptar e se adequar a essa nova visão de
transformação para seguir em frente unidos nesta nova etapa de aprendizagem.
Esta análise só foi possível devido às pesquisas bibliográficas que discutem as práticas
pedagógicas na educação inclusiva. Neste caso constatou-se de fato que os métodos
pedagógicos utilizados em sala de aula não conseguem alcançar a maior parte desses alunos,
já que os planos efetivos para essas práticas ainda não conseguem suprir as necessidades deste
publico e que as políticas educacionais criadas para atender este tipo de aluno, em sua maioria
não são colocadas em práticas.
Neste contexto chegou-se à conclusão que o tema devido a sua complexidade, ainda se
encontra em processo de construção, e no momento, as ações que devem ser implementadas
pelos educadores, para tornar a sua prática efetivamente inclusiva, além de perpassar por uma
formação continuada, devem-se envolver as trocas de informações sobre metodologias que
deram certo, sendo utilizadas como pontos norteadores para posteriores ações mais eficazes
no ensino e na aprendizagem destes alunos, contando também com investimentos do governo,
ou seja, subsídios que possam dar suporte a esses profissionais.
35
Logo, os investimentos que são feitos pelos governos ainda são insuficientes, para
atender a estas pessoas na área educacional e também ainda se tem muito preconceito por
parte da sociedade, vista por alguns como indivíduos sem capacidade intelectual. Por este
motivo é de suma importância este tipo de pesquisas e discussões em relação à educação
inclusiva, para que se tenha uma perspectiva de melhora na área desta educação, e com isso
vir a diminuir o preconceito em relação aos mesmos.
36
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. S. F. Programa de Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. A
Fundamentação Filosófica. v.1. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
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