ENTREVISTA
Com uma forma detalhista e obcecada de trabalhar que casou
perfeitamente com o segmento, o empresário revela números
impressionantes do crescimento do mercado no Brasil.
Confira, abaixo, a matéria completa.
R
eferência no segmento, Carlos Ferreirinha ou, simplesmente, Ferreirinha se
especializou em compreender o que faz do luxo algo especial e aplica esse
conhecimento em várias empresas, desde o varejo de massa até as instituições
financeiras. Após sua saída da presidência da Louis Vuitton Brasil, fundou a MCF Con sultoria, empresa que traduz os atributos do luxo e premium para diversas ativida
des de negócios. Em entrevista exclusiva para a Revista Minas em Cena, Ferreirinha
mostra a evolução do mercado que, entre 2006 e 2012, expandiu-se em 239%. “Sem
dúvida, é um número extremamente relevante, o que demonstra a força do Brasil e
justifica o grande número de operações de luxo internacionais que chegaram recen
temente ao país”. Confira!
Minas em Cena (MC): A 6ª edição da pesquisa “O Mercado de Luxo no Brasil”,
realizada pela MCF Consultoria, em parceria com o grupo GfK, aponta que o mer cado de luxo brasileiro prevê cerca de R$ 2 bilhões em investimentos para a
abertura de novas lojas em 2012. Isso mostra que o segmento está expandindo
e que cada vez mais as marcas estão investindo neste tipo de público no país.
A que se deve esse resultado?
“BELO HORIZONTE
É UMA CIDADE
COM I N DÚSTRIAS ,
COM COMÉRCIO
FORTE E
POPULAÇÃO
COM RENDA
PER CAPITA EM
CRESCIMENTO ”
Ferreirinha (F): A diversos pontos como aos investimentos públicos e privados que
impulsionaram um grande número de pessoas à classe média; à descentralização do
consumo de luxo, uma vez que diversas regiões do país ganham força no consumo de
luxo; ao perfil do consumidor brasileiro, que busca produtos e serviços diferenciados,
e está disposto a pagar por eles.
MC: A pesquisa mostra que o Rio de Janeiro foi o “queridinho” dos investidores
do segmento no Brasil em 2012, mas aponta também que Belo Horizonte teve
crescimento significativo nos últimos dois anos. O que você poderia sinalizar
como sendo fatores que elevaram a cidade mineira a esse status?
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terísticas muito próprias, que facilitam
esse contato, como o parcelamento e o
que deseja produtos diferenciados.
MC: Quais são as melhores maneiras
para aproveitar as oportunidades
para crescer no mercado de luxo?
F: Obsessão pelos detalhes. O consu midor de produtos de luxo é muito
exigente e demanda perfeição em
relação a sua experiência de compra.
Para marcas internacionais, conhecer
profundamente o mercado brasileiro
e o nosso consumidor, fazendo uso de
especialistas locais.
MC: Quais são as marcas associadas
ao luxo mais influentes e consumi das no Brasil? Quais são as tendên cias e perspectivas para 2013?
F: Belo Horizonte é uma cidade com
indústrias, com comércio forte e popu
lação com renda per capita em cresci
mento e tem um bom número de pessoas com real potencial de consumo
para o luxo. Além disso, tem um grande
número de habitantes, o que aumenta
as possibilidades de desejo para marcas
aspiracionais. Esses fatores somados
criam um ambiente positivo para o seg
mento, atraindo as empresas.
MC: O levantamento mostra tam bém o interesse de 68% das marcas
de luxo consultadas pela mão de
obra no Brasil. No entanto, nenhuma
dessas empresas relatou estar ple namente satisfeita com a oferta de
mão de obra brasileira. O que o país
está perdendo com essa rejeição?
Como reverter esse quadro?
mento de impostos, criação de empregos. Há marcas que atrasam expansão
ou deixam de expandir em função da
carência de mão de obra qualificada. A
reversão desse quadro é a longo prazo,
por meio de capacitação, mas precisa
ser iniciada agora.
MC: De acordo com a pesquisa, há
uma tendência da democratização
do luxo, o que já havia sido detecta do nos últimos anos. Um dos indícios
são as criações de submarcas para
atingir potenciais consumidores,
com linhas de produtos mais acessí veis. Isso já é efeito do crescimento
da nova classe C ou o luxo é ainda
acessível para poucos?
F: O luxo pode ser dividido em três ní
veis: acessível, intermediário e absoluto.
Quando tratamos do primeiro nível, há
F: Certamente o país está perdendo. um grande número de pessoas que
Perde em geração de riquezas, recolhi- podem acessá-lo. O Brasil tem carac -
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F: A Louis Vuitton é uma referência
no Brasil, tanto para as marcas quanto
para o consumidor. Para 2013, assim
como para os anos que virão, a expec tativa é de mais crescimento, próximo
a 20% ao ano.
MC: Os consumidores estão cada
vez mais exigentes e informados
sobre o que e onde comprar, des de jatos e iates a serviços espe cíficos, como hotéis, hospitais e
restaurantes. O que esses clien tes, ávidos por novidades, podem
esperar do mercado de luxo em
2013 no Brasil?
F: O Brasil tem enormes possibilidades
no que tange a serviços. Mas, mais im
portante que isso, é a experiência de
compra, seja de produtos ou de ser
viços. O consumidor quer ser envol vido, não apenas comprar. As marcas
precisam inovar para levá-lo a sensa
ção de envolvimento. Em relação aos
segmentos dentro do luxo, o mercado
é favorável a tudo o que está relaciona
do ao bem-estar, seja em cosméticos
e perfumaria, seja em spas, hotéis, via
gens exclusivas.
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O Luxo por Carlos Ferreirinha ::: Revista Minas