Micro e pequenas empresas resistem mais aos dois primeiros anos de vida Estudo mostra que as micro e pequenas empresas brasileiras resistem mais aos dois primeiros anos de vida. Os atributos que estão sendo usados para a sobrevivência do período crítico são: planejamento, inovação, educação e persistência. De cada 100 micro e pequenas empresas abertas no país, 73 permanecem ativas após os primeiros dois anos de existência. É o que mostra o estudo taxa de sobrevivência das empresas no Brasil, feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Hoje, não é mais uma pesquisa, é um senso, temos ai uma parceria com a Receita Federal que disponibilizou dados e hoje a gente tem um senso de como as empresas se comportam nos seus dois primeiros anos de existência. E nós estamos muito felizes porque o índice foi de 73% de sobrevivência. Apenas 27% das empresas morrem antes do segundo ano”, diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae. Das 27 unidades federativas, 18 aumentaram o índice de sobrevivência. Em 10 estados, a taxa supera a média nacional. Os melhores colocados são Roraima, Paraíba e Ceará, com um índice de sobrevivência de 79% após o segundo ano. É o caso de uma confecção de fortaleza. Com seis anos de atividade, o negócio é um sucesso. Mas lá, no começo faltava dinheiro até para comprar tecido. O empresário José Leôncio Cardoso Vasconcellos buscou ajuda na concorrência. Ele fez uma parceria com outros fabricantes de roupas para comprar matéria-prima em conjunto. “Juntávamos com 1, 2 ou 3 comerciantes, que compravam os mesmos produtos, e a gente fazia a compra em parceria. Podendo assim comprar uma quantidade maior e barganhar preço”, explica. O tecido chegou, as bermudas foram produzidas, mas e a clientela? Sem uma marca conhecida no mercado, o empresário precisou bater de porta em porta para conhecer e convencer lojistas. “Conseguimos graças a Deus ter bons clientes, que eu não considero nem clientes, são nossos parceiros e nos dão uma grande sustentabilidade”, afirma. Hoje a confecção vende 25 mil bermudas por mês para 120 lojas de todo o Brasil. “Devido a gente ter um produto diferenciado. Não focar em jogar muita mercadoria no mercado e sim, uma mercadoria de qualidade, diferenciada, na mão certa”, diz. Rafaele Ribeiro Ramos é dona de uma confecção de roupas femininas em Fortaleza. No começo, vivia no vermelho. Segundo o Sebrae, os dois primeiros anos de atividade são os mais críticos porque é necessário conquistar uma base de clientes, ficar conhecido no mercado, superar as dificuldades de gestão e reinvestir a maior parte das receitas na empresa. “Só depois de cinco anos foi que eu fui conseguir ter um bom pró-labore, porque antes, tudo o que a gente ia lucrando, a gente ia reinvestindo”, diz a empresária Rafaele Ribeiro Ramos. A fábrica faz roupas para mulheres que se vestem com sobriedade. “São senhoras jovens, trabalhadoras, que têm um rendimento certo, buscam qualidade, buscam estar bem vestidas no seu trabalho”, afirma. A confecção cria vestidos, saias, casacos e calças. E com uma consultoria feita pelo Sebrae, a produção aumentou 50%. Hoje, 1800 peças chegam ao mercado todo mês. As roupas têm clientes em vários estados do Nordeste e da região Norte do Brasil. Por isso, o novo investimento da empresária é um site. Agora, os lojistas lá do Acre, de Rondônia, por exemplo, podem comprar sem sair de casa. Basta escolher os modelos pela internet e fazer o pedido. “Elas vão ter acesso a todo o nosso estoque, e todas as peças que estão em coleção, e ali elas podem fazer o pedido on line, e aqui será atendido e enviado a mercadoria”, afirma a empresária. O estudo do Sebrae mostra que o índice de sobrevivência das empresas no Brasil é superior ao de outros países. Na Espanha, a taxa é 69%. Na Itália, 68%. Na Holanda é bem menor, 50%. A explicação para o bom resultado brasileiro está nos avanços da legislação. “A taxa é reflexo, de um lado, do ambiente externo, a economia brasileira tem crescido muito nos últimos anos. O ambiente legal melhorou, a lei do Super Simples, a lei geral da micro e pequena empresa, melhoraram o ambiente legal. Melhoraram a questão tributária e também o empresário brasileiro. O empresário brasileiro tem se capacitado mais, tem procurado mais conhecimento sobre o seu negócio e os índices de escolaridade no Brasil melhoraram muito. Então acho que é uma somatória de esforços individuais e melhoria do ambiente externo”, avalia Barreto.