GASODUTO CARAGUATATUBA - TAUBATÉ Relatório de Impacto Ambiental - RIMA Abril de 2006 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................. 1 O EMPREENDIMENTO ..........................................................3 IDENTIFICAÇÃO ..........................................................................3 O QUE É O EMPREENDIMENTO ...................................................4 POR QUE IMPLANTAR A UNIDADE DE TRATAMENTO DE GÁS DE CARAGUATATUBA .....................................................6 A ESCOLHA DO TRAÇADO DE INSTALAÇÃO ...............................7 A IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ..................................9 COMO O GASODUTO SERÁ CONSTRUÍDO ................................10 A OPERAÇÃO DO GASODUTO ....................................................21 DESATIVAÇÃO DO GASODUTO..................................................23 SEGURANÇA DO GASODUTO .....................................................23 A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO ...............................26 QUAIS SÃO AS ÁREAS DE ESTUDO ...........................................26 ASPECTOS FÍSICO-BIÓTICOS ...................................................28 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ...............................................41 RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA SUMÁRIO GASODUTO CARAGUATATUBA-TAUBATÉ i ABRIL / 2006 IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS RECOMENDADAS .................................................................55 IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES ASSOCIADAS À IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO GASODUTO ..........................55 IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO ...........................................56 IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO ........................................58 IMPACTOS SOBRE O MEIO ANTRÓPICO...................................62 PROGRAMAS AMBIENTAIS .............................................82 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ............................................84 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ..................................84 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................86 PROGRAMAS DE APOIO À LIBERAÇÃO DA FAIXA DE SERVIDÃO ..................................................................................86 PROGRAMA DE SUPERVISÃO E CONTROLE DAS OBRAS .........91 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DO EMPREENDIMENTO ....93 PROGNÓSTICOS E CONCLUSÕES .................................95 A REGIÃO SEM O EMPREENDIMENTO ......................................95 A REGIÃO COM O EMPREENDIMENTO ......................................96 CONCLUSÕES .............................................................................96 EQUIPE TÉCNICA ................................................................98 RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA SUMÁRIO GASODUTO CARAGUATATUBA-TAUBATÉ ii ABRIL / 2006 APRESENTAÇÃO O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté (GASTAU) tem por finalidade escoar o gás natural produzido no Campo de Mexilhão, localizado na Bacia de Santos, além de contribuir para ampliar a malha de dutos dos estados do Sudeste brasileiro, otimizar a distribuição e atender à crescente demanda por gás natural nas suas mais diferentes modalidades de uso — do consumo doméstico à produção de energia, servindo também como fonte de combustível alternativo para veículos. Esse empreendimento é parte do plano de expansão de gasodutos da PETROBRAS, especificamente da Malha Sudeste, e deverá interligar a futura Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA) à Estação de Compressão de Taubaté. O Gasoduto terá aproximadamente 94km de extensão e atravessará 6 (seis) municípios do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Paraibuna, Jambeiro, São José dos Campos, Caçapava e Taubaté. Será totalmente enterrado e seu diâmetro terá 28 polegadas (cerca de 70 centímetros). O Mapa 01 – Localização e Acessos, apresentado na folha a seguir, ilustra a localização do empreendimento. Como parte do processo de licenciamento, este Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresenta, de forma simplificada, um resumo dos estudos técnicos detalhados que estão incluídos no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté. Foi elaborado em linguagem acessível e objetiva, visando a uma divulgação e discussão a mais ampla possível. Este RIMA compõe-se empreendimento e de da descrição das seu processo de principais implantação características e operação; do da caracterização da região onde ele será implantado; da indicação de seus prováveis impactos ambientais e das medidas mitigadoras a serem adotadas; dos programas ambientais que deverão ser desenvolvidos e, finalmente, das conclusões sobre a viabilidade ambiental do Gasoduto. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), apresentado em outros volumes, e este Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram elaborados pela empresa BIODINÂMICA Engenharia e Meio Ambiente Ltda., contratada pela PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A. com vistas à obtenção da Licença Prévia (LP) no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA APRESENTAÇÃO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 1 ABRIL / 2006 O EMPREENDIMENTO IDENTIFICAÇÃO O EMPREENDEDOR Nome: PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S.A. – ENGENHARIA/IETEG/IESE CNPJ: 33.000.167/0016-98 Endereço: Rua Sebastião de Souza, 205 / 4º andar – Centro – Campinas/SP CEP: 13013-910 Telefone: (19) 3739-2000 Fax: (19) 3739-2001 Representante Legal: José Bernardino CPF: 160.146.856-34 Endereço: Rua Sebastião de Souza, 205 / 4º andar – Centro – Campinas/SP CEP: 13013-910 Telefone: (19) 3739-2000 Fax: (19) 3739-2001 E-mail: [email protected] Pessoa de Contato: João do Carmo de Souza CPF: 314.117.116-53 Endereço: Rua Sebastião de Souza, 205 / 4º andar – Centro – Campinas/SP CEP: 13013-910 Telefone: (19) 3739-2033 Fax: (21) 3229-2385 E-mail: [email protected] RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 3 ABRIL / 2006 A EMPRESA CONSULTORA BIODINÂMICA Engenharia e Meio Ambiente Ltda. CNPJ: 00.264.625/0001–60 Endereço: Avenida Marechal Câmara, 186, 3o andar, Rio de Janeiro - RJ CEP.: 20020-080 Tel.: (21) 2524-5699 Fax: (21) 2240-2645 E-mail: [email protected] Responsável Técnico pelo EIA/RIMA e Pessoa de Contato: Engenheiro Civil Edson Nomiyama E-mail: [email protected] O QUE É O EMPREENDIMENTO O empreendimento em estudo, que deverá ser implantado da UTGCA – Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba, no município de mesmo nome, até a futura Estação de Compressão de Taubaté, no município de Taubaté, ambos no Estado de São Paulo, é denominado Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté (GASTAU). Esse duto, com cerca de 94km e 28 polegadas de diâmetro (aproximadamente 70 centímetros), passará por seis municípios do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Paraibuna, Jambeiro, São José dos Campos, Caçapava e Taubaté, e servirá para escoar o gás vindo do Campo de Mexilhão, situado na Bacia de Santos, aumentando o suprimento de gás na malha de dutos da Região Sudeste nacional. O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté deverá transportar 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural e será totalmente subterrâneo, sendo que a travessia do Parque Estadual da Serra do Mar será feita por um túnel, cuja extensão será de 5,2km. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 4 ABRIL / 2006 Foto 1 – Local da futura UTGCA, no início do Gasoduto Foto 2 – Local da futura Estação de Compressão de Taubaté, no final do Gasoduto RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 5 ABRIL / 2006 POR QUE IMPLANTAR CARAGUATATUBA–TAUBATÉ O GASODUTO O gás natural é um combustível que permite uma redução da poluição, se usado em substituição a outros, sobretudo o óleo, o carvão e a lenha; portanto, é uma resposta às preocupações do mundo moderno com a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida nos centros urbanos. Seu crescente uso deverá contribuir para reduzir sensivelmente as taxas de poluição nas cidades, evitando danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Suas aplicações são bastante diversificadas. Abrangem o uso direto do gás em instalações industriais, em residências e estabelecimentos comerciais e na geração de energia elétrica; o uso como combustível em carros, caminhões e ônibus e como matéria-prima na indústria petroquímica, dentre outras utilizações. A certeza de uma disponibilidade maior de gás natural estimulará o desenvolvimento de tecnologias que aumentem a eficiência de seu uso, especialmente em substituição aos combustíveis que vêm sendo usados, como o carvão vegetal, aplicado como fonte de energia em vários processos industriais. Essa substituição contribuirá para a conservação de florestas naturais, que não mais terão suas árvores cortadas, e para a diminuição da poluição atmosférica. Atualmente, são consumidos cerca de 37 milhões de metros cúbicos de gás por dia, no Brasil, havendo um grande potencial de aumento dessa demanda. Entre 1999 e 2002, as importações de gás natural cresceram mais de 13 vezes, passando de 400 milhões para 5.411 bilhões de metros cúbicos, todas praticamente sendo efetuadas por meio de gasodutos. O Brasil dispõe de uma infra-estrutura significativa de transporte de gás natural, equivalente a 6.200km de gasodutos, e a intenção é de, nos próximos três anos, ampliá-la em cerca de 4.000km, chegando a aproximadamente 10.000km de gasodutos cruzando o País de norte a sul, de leste a oeste. A implantação do GASTAU se reveste, também, de importância social, pois trará benefícios decorrentes do aumento da oferta de empregos na região e da geração de demanda por serviços ao longo dos municípios atravessados — com conseqüente incremento na arrecadação de impostos, durante o período de sua construção. Com sua implantação, o gás transportado poderá futuramente concorrer para o surgimento de empreendimentos, principalmente novas indústrias, que poderão gerar mais empregos e aumentar a renda local e regional. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 6 ABRIL / 2006 A ESCOLHA DO TRAÇADO DE INSTALAÇÃO A escolha do traçado de instalação do GASTAU baseou-se na análise dos principais elementos com os quais o empreendimento, provavelmente, poderia interferir. O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) é o primeiro e principal obstáculo para a viabilização do empreendimento. Dessa forma, a análise das alternativas foi direcionada para a maneira como cada uma poderia transpô-lo, visto que os impactos mais significativos do Gasoduto poderão ocorrer nessa área. Após a serra do Mar, há apenas uma área de mata em bom estado de conservação, no limite norte do PESM, e, após essa mata, há basicamente pastagens e pequenos fragmentos de mata menos conservados. Foto 3 – Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) Alternativa 1 A primeira possibilidade considerada objetivou o maior uso possível das faixas já existentes de outros dutos, visando minimizar o impacto sobre a fauna e a flora. A diretriz do Gasoduto partiria do local da futura UTGCA, seguiria pela planície costeira até o limite do PESM, onde continuaria ainda em faixa a ser implantada em um trecho de 7km de extensão, transpondo a serra do Mar até encontrar a faixa existente de outros dutos já implantados. Desse ponto, prosseguiria por essa faixa até o limite norte do Parque, em um trecho de 13,6km de extensão; daí, continuaria também por faixa existente até o final, em Taubaté. A princípio, essa alternativa seria ambientalmente a menos impactante, pelo fato de ser construída, na maior parte, em faixas existentes. Entretanto, devido às condições geotécnicas e geomorfológicas da faixa existente, que apresentam demasiados riscos construtivos, as faixas existentes deveriam ser alargadas, mas isso geraria mais impactos sobre a fauna e a flora e, também, riscos para as obras e operação do duto. Dessa forma, esta alternativa foi descartada. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 7 ABRIL / 2006 Foto 4 – Faixa existente de um Gasoduto Alternativa 2 A Alternativa 2 considerou a implantação do duto totalmente em faixa nova, na área da serra do Mar, visando aumentar a segurança das obras. Para minimizar os impactos da supressão de vegetação nativa em bom estado de conservação existente, considerou-se o menor trecho possível para atravessar o Parque (PESM), com uma extensão de faixa totalizando 5,2km. Entretanto, apesar da maior segurança para as obras, o impacto sobre a fauna e a flora continuou muito grande. Além disso, existem algumas restrições legais para atravessar o Parque (Decretos Estaduais nos 25.341, de 04/06/1986, e 29.762, de 20/03/89). Esses decretos restringem a execução de obras dentro de Parques Estaduais, mesmo as de interesse e utilidade pública, as quais só poderiam ser concretizadas caso não houvesse comprometimento da integridade dos recursos naturais lá existentes e que justificam sua proteção. Assim, esta alternativa também foi descartada. Alternativa 3 Objetivando conciliar a segurança construtiva com a minimização dos impactos ambientais e o atendimento às restrições legais citadas, a Alternativa 3 foi concebida utilizando basicamente o mesmo traçado da Alternativa 2, prevendo, contudo, a construção de um túnel para atravessar o Parque Estadual da Serra do Mar, sem interferir na integridade da Natureza a ser protegida. Dessa forma, esta foi a escolhida como Alternativa Preferencial para a avaliação final dos impactos do empreendimento. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 8 ABRIL / 2006 A IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO O traçado projetado segue, inicialmente, por um trecho de 65,0km em faixa nova, com 20m de largura, até encontrar a faixa existente do Gasoduto GASPAL, nas proximidades da REVAP, no município de São José dos Campos. Daí, aproveita a faixa do Gasoduto GASPAL, já compartilhada pelo Oleoduto OSRIO, seguindo, por 29,1km, até a futura Estação de Compressão de Taubaté. O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté possui uma tubulação de 28 polegadas (cerca de 70 centímetros) e deverá ser enterrado, em toda a sua extensão, a uma profundidade mínima de 1,00m da superfície, exceto em trechos rochosos, onde será admitida uma profundidade de 60cm. O sistema está dimensionado para transportar 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. A tubulação será de aço-carbono e terá revestimento externo e interno para evitar que haja corrosão. O material utilizado e os métodos construtivos a serem aplicados proporcionarão a maior segurança possível aos trabalhadores e às comunidades vizinhas à faixa de implantação (ou “servidão”) do duto. Fotos 5 e 6 – Ilustração de um duto, antes da colocação na vala O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté terá como principais componentes: • sistema de proteção voltado para complementar a prevenção contra a corrosão promovida por seu revestimento externo; • válvulas de bloqueio automáticas para, em caso de um vazamento, impedir que o gás continue passando pela tubulação, no trecho a ser consertado, e seja lançado para a atmosfera; RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 9 ABRIL / 2006 • Sistema de Limpeza e Inspeção Interna, constituído por equipamentos (conhecidos como pigs), que são introduzidos no duto, impulsionados pelo próprio gás natural. Esses equipamentos são capazes de descobrir eventuais reduções no diâmetro interno do duto; realizar a limpeza interna da tubulação; detectar rachaduras e desgaste da parede interna, além de outros defeitos antigos ou novos do duto; • Pontos de Entrega futuros, do gás natural, em locais a serem definidos; • Sistema de Supervisão e Controle para sua operação, que será realizada através do Centro de Controle de Gás (CCG) da TRANSPETRO no Rio de Janeiro, o qual trabalha 24 horas por dia, 365 dias por ano. Este sistema é responsável por monitorar o Gasoduto e os Pontos de Entrega, enviando os dados ao CCG, por satélite; • Sistema de Telecomunicações, que deverá atender às necessidades operacionais e de manutenção e possibilitará as comunicações de ordem técnica e administrativa. Foto 7 – Sala do Centro de Controle de Gás (CCG) da TRANSPETRO, no Rio de Janeiro COMO O GASODUTO SERÁ CONSTRUÍDO A implantação do Gasoduto deverá, em princípio, durar cerca de 20 meses, desde o início efetivo das obras até a entrada em operação, sendo 15 meses só de obras. Essa previsão engloba as atividades de construção e montagem, envolvendo as obras de infra-estrutura de apoio (canteiros de obras, estocagem de tubos, abertura de acessos, etc.) e as obras principais. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 10 ABRIL / 2006 Calcula-se que o ritmo de implantação do duto seja de aproximadamente 6km por mês, considerando a utilização de várias frentes de trabalho. Esse esquema demandará uma força de trabalho direta, no pico das obras, da ordem de 2000 pessoas, entre engenheiros, técnicos, inspetores, soldadores, motoristas, serventes, etc. A estimativa é que cerca de 50% da força de trabalho possa ser recrutada no local, principalmente em funções não-especializadas. As comunidades locais, os proprietários e moradores das áreas próximas às obras, assim como as autoridades municipais da região, serão informados, com antecedência, sobre a finalidade do Gasoduto, suas características, o itinerário das obras e seu cronograma. Serão, também, instruídos quanto à segurança do Gasoduto e aos necessários cuidados, quando em operação, e também quanto aos procedimentos a serem adotados em caso de emergências. No processo de construção do Gasoduto, deverão ser estritamente observadas as recomendações presentes no Plano Ambiental para a Construção – PAC, que é parte integrante dos estudos realizados e apresentados detalhadamente no EIA. Cadastro, Negociação e Indenização Para fins de oficializar a passagem do Gasoduto e executar o cadastramento detalhado da faixa de servidão (20m de largura), deverão ser contatados os proprietários afetados, que receberão indenizações pelas avaliações das culturas, a serem realizadas por métodos diretos (comparativo e de custos) e indiretos (renda e residual). Tais indenizações incluem basicamente: • culturas na faixa, avaliadas pelo seu custo de produção, a valores de mercado, considerando-se o lucro que poderá deixar de existir, parcial ou totalmente, em função do futuro retorno ou não às condições originais de uso, e a cobertura vegetal de cada uma (perenes, temporárias e anuais); • recebimentos atuais dos proprietários, como renda de exploração direta, aluguel, arrendamento e parceria. Nas atividades para a indenização dos bens, além do cadastro da propriedade e da vistoria de avaliação local, constam as pesquisas de valores de mercado na região, levantadas em cooperativas e assemelhados, bancos, órgãos oficiais e de assistência técnica, entre outros. As indenizações pelas terras e os demais ônus delas decorrentes serão avaliados e calculados caso a caso e obedecerão às diretrizes estabelecidas em normas da PETROBRAS e da ABNT, procurando-se sempre um acordo amigável do empreendedor com cada proprietário. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 11 ABRIL / 2006 Foto 8 – Contato com os proprietários Início das obras: Fase de Mobilização e Serviços Preliminares Inicialmente, haverá a mobilização e os trabalhos preliminares, que darão suporte ao desenvolvimento das obras. Essas tarefas consistirão em preparar a logística e os acessos a serem utilizados, em instalar as áreas dos canteiros de obras e de estocagem de tubos, em contratar a mão-de-obra e em providenciar as demais medidas necessárias. Preparo de Acessos A empreiteira, antes do início dos serviços, deverá preparar um plano de acessos, apresentando uma planta-chave que indique as estradas principais, as estradas secundárias, vias vicinais, caminhos e trilhas existentes, cujos traçados serão utilizados como acessos à obra. Nas áreas onde houver necessidade de novos acessos, serão abertas vias de serviço, de acordo com as normas existentes e as seguintes premissas básicas: • aproveitamento máximo do traçado antigo dos caminhos, trilhas ou estradas vicinais existentes; • abertura de acessos provisórios somente onde for estritamente necessária e com autorização prévia do empreendedor e do órgão ambiental, priorizandose as áreas já impactadas; • promoção de melhorias das estradas, compatíveis com as novas necessidades de sua utilização; RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 12 ABRIL / 2006 • nas áreas atravessadas por novos acessos, deverão ser investigadas as evidências de sítios arqueológicos não-cadastrados, requerendo o acompanhamento de equipe técnica especializada para sua identificação e salvamento; • na transposição de pequenas redes de drenagem e em áreas de várzeas, os movimentos de terra deverão ser equacionados de forma a não provocar transporte de material sólido para as áreas onde houver água; • concluída a obra, as áreas dos acessos provisórios (caminhos de serviços) deverão estar completamente restituídas às suas condições originais, conforme documentação fotográfica registrada antes de sua abertura, a não ser que o proprietário prefira manter a nova situação. Foto 9 – Acesso ao Gasoduto Infra-Estrutura de Apoio Está prevista a instalação de quatro canteiros de obra fixos (principais) e quatro canteiros móveis (auxiliares), onde estarão localizadas as instalações, tais como refeitório, almoxarifado, oficina, depósitos de máquinas, equipamentos e materiais, sanitários, ambulatório, escritório de projetos e administração, entre outros. Ao lado dos canteiros fixos, serão instaladas áreas de armazenamento, onde serão estocados tubos de aço, tintas, cimento, etc. Veículos leves, carretas e caminhões também estarão nesses canteiros. Geradores a diesel produzirão a energia necessária para esses locais. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 13 ABRIL / 2006 A localização definitiva dos canteiros será proposta pela empreiteira na fase de contratação das obras, com sua respectiva análise ambiental e aprovação das Prefeituras Municipais, de maneira que ocorra o mínimo de impactos ambientais e de interferências com as comunidades locais. A empreiteira deverá obter as devidas licenças nos órgãos municipais e estaduais pertinentes, para que o empreendedor libere a instalação do canteiro. As diretrizes e os critérios a serem considerados, pelas empreiteiras, nos canteiros fixos, são os seguintes: • o local a ser escolhido deverá ter, como requisitos básicos, o tipo de solo e acessos compatíveis com o porte dos veículos e equipamentos e com a intensidade do tráfego. Deverá ser dotado de um sistema de sinalização de trânsito e de um sistema de drenagem superficial, com um plano de manutenção e limpeza periódica; • a localização não deverá interferir expressivamente com o sistema viário e de saneamento básico, sendo necessário contatar Prefeitura, órgãos de trânsito, segurança pública, sistema hospitalar, concessionárias de água, esgoto, energia elétrica, telefone, etc., antes de qualquer intervenção em suas áreas e redes de atuação; • mesmo havendo infra-estrutura no local, os efluentes gerados pelo canteiro de obras não deverão ser despejados diretamente às redes de águas pluviais e de águas servidas, sem que haja aprovação prévia do empreendedor, em conjunto com os órgãos públicos de cada município. Não existindo infraestrutura, deverão ser previstas instalações completas para o controle e tratamento dos efluentes, notadamente os de coleta de resíduos de esgotos dos sanitários e refeitório, com o uso de fossas sépticas; • quanto aos resíduos oriundos das oficinas mecânicas (águas oleosas), das lavagens e lubrificação de equipamentos e veículos, deverá ser prevista a utilização de sistema separador água/óleo — para posterior remoção do óleo através de caminhões sugadores ou de dispositivos apropriados —, com encaminhamento aos locais mais próximos, para refino do óleo; • os resíduos sólidos gerados deverão ser segregados e destinados à reciclagem, desde que haja essa possibilidade, incluindo papel, plástico, vidro e metal. O lixo orgânico doméstico deverá ser coletado e disposto em aterros sanitários controlados. Os resíduos hospitalares deverão ser coletados em recipientes plásticos com tampa rosqueada, que permitam seu transporte sem vazamento, até a disposição final em incinerador licenciado ou em célula isolada de aterro sanitário controlado. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 14 ABRIL / 2006 Foto 10 – Vista de um canteiro de obras Métodos de Construção O método construtivo convencional deverá ser utilizado, basicamente, em quase todo o percurso do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, exceto nos cruzamentos com rodovias e travessias de rios e de áreas alagadas. A construção convencional comporta as ações descritas a seguir. Abertura, Limpeza e Nivelamento da Faixa Haverá necessidade de se realizarem abertura, limpeza e nivelamento da faixa para a passagem dos equipamentos e máquinas, que farão o transporte dos dutos. Os procedimentos-padrão são os seguintes: • a camada superior do solo (orgânica) deverá ser removida e armazenada para posterior recomposição da faixa; • as árvores localizadas fora da faixa de domínio não poderão ser cortadas com o objetivo de se obter madeira; • os bota-foras serão dispostos em locais preestabelecidos, com inclinações compatíveis com a natureza do material e com proteção contra deslizamento e obstrução de mananciais e benfeitorias de terceiros; • sempre que a faixa atravessar benfeitorias (cercas, valas de drenagem, culturas, estradas, etc.), o proprietário do terreno será notificado, pela empreiteira, com antecedência ao início dos serviços, para que sua autorização seja obtida. Toda cerca atravessada será provisoriamente aberta, provida com colchete (tronqueira) e restaurada após a conclusão dos serviços. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 15 ABRIL / 2006 FOTO 11 – Abertura de vala, durante uma obra Escavação da Vala Os serviços serão executados visando minimizar, ao máximo, os impactos. O fundo da vala deverá ser nivelado com a profundidade requerida no projeto, e completado por rampas em suas extremidades, para facilitar a fuga de animais que caiam acidentalmente nela. Nesse sentido, deverão ser tomadas as seguintes medidas: • na área rural, a vala deverá ser interrompida nos locais de cruzamentos com acessos de fazendas e em alguns pontos de passagem de animais. Na transposição de fragmentos florestais, o mesmo procedimento deverá ser adotado, visando à não-interrupção do trânsito da fauna silvestre; • o material escavado da vala não poderá interferir com o sistema de drenagem existente ou com outras instalações de terceiros. Movimentação e Estocagem de Materiais As operações de transporte de materiais, especialmente dos tubos, serão realizadas de acordo com as disposições das autoridades responsáveis pelo trânsito na região atravessada. As ruas, rodovias federais, estaduais e municipais ou estradas particulares não serão obstruídas durante o transporte, que deverá ser realizado de forma a não constituir perigo para o trânsito normal de veículos. Os tubos serão estocados nas áreas de armazenagem ou nos canteiros de obras e, no momento de distribuição, serão dispostos ao longo da faixa, de maneira a não interferir no uso normal dos terrenos atravessados. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 16 ABRIL / 2006 Soldagem da Tubulação Previamente ao acoplamento (ligação de uma parte do duto com a outra), as tubulações deverão ser inspecionadas, efetuando-se a sua limpeza interna com a remoção de detritos e impurezas. Após a soldagem, as extremidades deverão ser mantidas fechadas com o uso de tampões, para evitar a entrada de animais. Todas as sobras de materiais deverão ser recolhidas e levadas para o canteiro de obras. Abaixamento da Tubulação e Cobertura da Vala O abaixamento da tubulação será executado gradual e uniformemente, para evitar eventuais danificações na tubulação. Após o abaixamento, a vala deverá ser recoberta imediatamente, com o mesmo solo da escavação. O material deverá ser compactado, a fim de prevenir futuros problemas de erosão. A camada superior do solo orgânico, que foi retirada e reservada para esse fim, deverá ser restituída ao solo. O procedimento de cobertura deverá prevenir a ocorrência de danos ambientais, restaurando as condições naturais de drenagem e a estabilidade do terreno existentes antes da abertura da vala. Limpeza da Faixa de Servidão Os serviços de limpeza da faixa de servidão deverão ser executados imediatamente após a conclusão da cobertura da vala do Gasoduto, conforme os procedimentos a seguir indicados. • Os serviços de limpeza deverão deixar a área totalmente limpa e gradeada, em condições de receber o plantio da cobertura vegetal. • Deverá ser realizada a limpeza completa da faixa de servidão, da pista, dos acessos e das áreas de válvulas, assim como dos demais terrenos e estruturas de apoio utilizados nos serviços de construção e montagem do Gasoduto. Recuperação e Revegetação A operação de recuperação compreenderá a execução de todos os serviços necessários para devolver à faixa e aos terrenos atravessados ou vizinhos o aspecto e as características originais de drenagem e estabilidade. Para consolidar esses trabalhos, deverá ser obtido pela empreiteira um documento liberatório intitulado “Nada Consta”, a ser fornecido pelos proprietários ou responsáveis, atestando não haver restrição alguma, após o término da recuperação das áreas, com relação ao trabalho de recomposição dos locais impactados. O documento liberatório será complementado por um relatório fotográfico. Os serviços englobarão a faixa de servidão, os acessos existentes e provisórios, as áreas de RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 17 ABRIL / 2006 canteiros de obras e áreas de válvulas de bloqueio, bem como os demais terrenos e estruturas de apoio utilizados nos serviços de construção e montagem do Gasoduto. Nas áreas expostas à erosão superficial ou naquelas onde, por qualquer motivo, for necessário o restabelecimento da vegetação, deverão ser previamente definidos os métodos executivos de preparação do terreno, semeadura e correção do solo. Os serviços de revegetação das áreas deverão respeitar, obrigatoriamente, o perfil natural do local, e serão realizados com espécies nativas, aproveitando-se também mudas provenientes das áreas de supressão. Na recuperação de áreas cultivadas, deverão ser adotados cuidados especiais para assegurar que os terrenos possam ser preparados em condições para o plantio, permitindo sua reintrodução ao uso original pelos proprietários. As valas de irrigação e drenagem utilizadas pelos proprietários deverão ser reconstituídas nas suas condições originais. Os serviços de revestimento vegetal incluirão sua manutenção, até que venha a ficar comprovada, após a germinação, a pega total da vegetação nas áreas. Fotos 12 e 13 – Exemplo de áreas onde a faixa foi revegetada Sinalização e Proteção dos Dutos, Válvulas de Bloqueio e Pontos de Entrega A faixa de domínio será sinalizada, com o objetivo de proteger as novas instalações, impedindo a escavação ou o tráfego de veículos. As placas e marcos utilizados na sinalização serão padronizados. Em zonas residenciais que contenham serviços públicos ou instalações enterradas, como rede elétrica, de telefonia e de água, será executada proteção mecânica, além da sinalização subterrânea. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 18 ABRIL / 2006 Deverão ser ainda introduzidas, nas proximidades das áreas de interesse ecológico, sinalizações educativas de proteção à fauna e à flora e proibição da caça e da pesca predatórias. Métodos Especiais Cruzamentos de vias (estradas, ruas, ferrovias) Para a execução dos cruzamentos, deverá ser adotado um dos seguintes métodos: • destrutivo: abertura de vala a céu aberto, através da rodovia ou rua; neste caso, deverão ser adotadas as medidas necessárias e seguras para não interromper o tráfego; • não-destrutivo: fazendo uso de equipamento de perfuração abaixo de ferrovias e rodovias de porte (com alta densidade de tráfego). Após a perfuração, será introduzida a tubulação, de forma subterrânea, sob o cruzamento, sem a necessidade de se abrir a vala e de afetar o trânsito. Travessia de Áreas Alagadas Em todas as travessias de áreas que periodicamente permaneçam submersas, serão instaladas jaquetas de concreto que envolverão o duto, para sua proteção mecânica e impedimento à sua flutuação. Deverão ser adotadas as seguintes medidas específicas para minimizar os impactos ambientais: • nas regiões alagadiças, brejos e áreas de várzeas, dever-se-á otimizar a quantidade de equipamentos e atividades de construção a serem empregados na via principal, com o objetivo de reduzir os possíveis distúrbios nos solos úmidos; • deverão ser restauradas as áreas para a configuração e contornos originais; • deverão ser estabilizadas as áreas alagadas com diques laterais de pequena altura, quando necessário, para evitar erosões, e revegetada a faixa logo após o recobrimento da vala. A área de montagem da tubulação para travessias em zonas alagadas deverá limitar-se ao mínimo necessário, assim como deverão ser reduzidos os espaços adicionais de trabalho, como áreas de depósito de refugos. Travessias de Cursos d’Água Para proteger e minimizar os possíveis impactos sobre os cursos d’água, de médio e grande porte, serão adotados os seguintes procedimentos: RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 19 ABRIL / 2006 • otimizar as atividades de construção e limitar o número de equipamentos a serem utilizados; • reduzir, ao máximo, o decapeamento do solo e os movimentos de terra; • procurar manter o fluxo normal dos cursos d’água durante as obras; • executar os serviços de travessias nos períodos de estiagem, quando as águas estão baixas; • restaurar as margens e o fundo dos cursos d’água atravessados logo após o término dos serviços, para que continuem com suas características originais, efetuando-se a remoção de todo o material e estruturas de apoio das obras. Deverão ser cumpridas as medidas de prevenção para evitar a contaminação dos corpos d’água com os materiais a serem utilizados (produtos químicos, combustíveis, lubrificantes, etc.). O material escavado será estocado em locais protegidos, para evitar o assoreamento do rio. Os procedimentos a serem aplicados para travessias de pequenos cursos d’água (córregos intermitentes, perenes e pouco sensíveis) são: • o leito do curso d’água deverá ser restaurado imediatamente após o término dos trabalhos; • deverão ser removidos todos os materiais utilizados durante a construção, deixando o local, o máximo possível, nas suas condições originais. Nas travessias de cursos d'água de médio e grande porte, deverá ser utilizado o Método de Lançamento Subfluvial, em que, após a abertura da vala no leito do corpo d’água, o lançamento da tubulação é realizado por flutuação, arraste ou por barcaça de lançamento, com a abertura da vala submersa podendo ser executada com o auxílio de dragas de sucção ou jatos d’água de alta pressão. Nas travessias de rios de maior porte, deverá ser utilizado o Método de Furo Direcional, que consiste na perfuração de um furo-guia, longe da margem, onde é inserido o duto a ser instalado, abaixo do leito do curso d’água. Essas travessias serão alvo de projetos especiais, incluindo todos os cuidados ambientais que deverão ser seguidos na sua execução, para que não haja qualquer alteração nos escoamentos dos cursos d’água. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 20 ABRIL / 2006 Foto 14 –Travessia especial de um gasoduto em área de brejo A OPERAÇÃO DO GASODUTO A tecnologia empregada em todo o processo de implantação de gasodutos atende a normas internacionais consagradas por entidades que padronizam os procedimentos desde o projeto, passando pela construção e alcançando a fase de operação. Deverão ser cumpridas as diretrizes da PETROBRAS, que mantém uma Comissão de Normas Técnicas (CONTEC) formada por especialistas da empresa e das suas subsidiárias, que constantemente as atualizam, com base em suas experiências e nas normas internacionais. A tecnologia empregada em gasodutos atende, portanto, às normas nacionais e internacionais. Serão realizadas manutenções preventivas periódicas nos equipamentos do sistema de proteção, válvulas de bloqueio e no seu sistema de acionamento, manômetros, termômetros, medidores de vazão, sinalizadores e demais acessórios do Gasoduto, a fim de manter todos os sistemas em boas condições operacionais e de segurança durante toda a sua vida útil. A inspeção da faixa de servidão, que é realizada periodicamente, consiste em verificar, ao longo de toda a sua extensão, se há irregularidades que possam ocasionar esforços mecânicos nas tubulações ou pôr em risco as instalações existentes, tais como erosão, movimentação de terra e desmoronamento, tráfego de veículos e equipamentos pesados sobre a faixa, crescimento de RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 21 ABRIL / 2006 vegetação, deficiência do sistema de drenagem da faixa, queimadas, invasão da faixa por terceiros, realização de obras nas proximidades ou que com ela interfiram, deficiência na demarcação e sinalização de advertência, afloramento do duto, submetido às correntes das águas ou com processos erosivos que possam gerar riscos. São, também, verificadas as condições de tráfego das estradas de acesso às áreas das válvulas de bloqueio, estações e demais instalações. Possibilidades de uso do solo na faixa de servidão As possibilidades de uso do solo da faixa onde será instalado o Gasoduto ficarão estipuladas na Escritura de Servidão a ser firmada pelo proprietário e pela PETROBRAS. Permitir-se-á o trânsito a pé, livremente, pela faixa. O tráfego rotineiro de veículos de tração motora ou animal, como carros de passeio, jipes e carroças, com limitação a 10 toneladas por eixo, também será permitido na faixa. Em toda a extensão da faixa, será liberada a exploração de culturas, tais como: soja, feijão, arroz, trigo, aveia, sorgo, algodão, fumo, abóbora, alho, cebola, beterraba, cenoura, pimentão, quiabo, repolho, tomate, abacaxi, cana-deaçúcar, milho, mandioca, banana, capineiras e outras plantas de pequeno porte e que não tenham raízes profundas. Foto 15 – Plantação em faixa de servidão (arrozal) RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 22 ABRIL / 2006 DESATIVAÇÃO DO GASODUTO O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté foi projetado para operar durante uma vida útil estimada em, pelo menos, 20 anos. A retirada de operação desse Gasoduto deve ser precedida de remoção do gás natural e substituição por gás inerte. No caso de desativação permanente do Gasoduto, as instalações aparentes serão desmontadas. Todas as extremidades do Gasoduto deverão ser desconectadas, seladas e enterradas. Neste caso, incluem-se todos os locais onde houver o afloramento da tubulação (válvulas de bloqueio, pontos de entrega, etc.). Caso não permaneça nenhuma tubulação em operação, as áreas da faixa de servidão serão renegociadas com os proprietários, suprimindo-se as restrições impostas anteriormente. SEGURANÇA DO GASODUTO A segurança é uma das principais preocupações do projeto. As medidas de gerenciamento de riscos estão sendo tomadas desde a concepção inicial do traçado, com a elaboração do Estudo de Análise de Riscos (EAR), devendo prosseguir durante a construção e montagem, e permanecerão durante todo o período da vida útil do empreendimento, com uma constante manutenção dos equipamentos e inspeção da faixa de servidão e da tubulação. O principal objetivo, durante a operação, será prevenir eventuais acidentes, com rompimentos e vazamentos de gás natural para o meio ambiente. O Gasoduto está sendo projetado dentro de padrões internacionais de segurança e, durante sua construção, haverá um controle de qualidade rígido dos materiais a serem empregados, principalmente na montagem e na pré-operação. É importante registrar que as empresas responsáveis pelas etapas de construção e montagem deverão disponibilizar um plano de segurança detalhado que siga os padrões e normas nacionais e internacionais. Durante a operação e manutenção, serão tomadas todas as medidas preventivas de proteção, prevendo-se que o Gasoduto será dotado de um rigoroso sistema de controle e monitoramento, aliado a uma constante avaliação e inspeção. Segurança dos trabalhadores e da população Na fase de implantação do Gasoduto, antes do início das obras, a empreiteira deverá criar a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e efetuar RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 23 ABRIL / 2006 reuniões para transmitir ao seu pessoal as medidas mínimas de segurança que deverão ser adotadas durante o período das obras, dando ênfase à obrigatoriedade do uso de equipamentos de segurança e seus benefícios, para todas as equipes das diversas frentes de serviço e demais atividades de apoio. Dentre algumas atividades que requerem procedimentos de segurança, citam-se: transporte de pessoal, material e equipamentos para as áreas de trabalho; operação dos equipamentos; descarregamento e colocação de tubulações, corte e soldagem de tubos. As reuniões de segurança deverão ocorrer periodicamente, durante toda a etapa da construção, conforme regimento da CIPA, instruindo, também, os funcionários quanto aos procedimentos de primeiros socorros no caso de acidentes. Os procedimentos mínimos de segurança, a serem desenvolvidos para proteger a vida humana e salvaguardar o público de forma real dos riscos potenciais, abrangerão as seguintes ações, constantes no Plano de Gerenciamento de Riscos – PGR e no Plano de Ação de Emergência – PAE: • estabelecer e manter um canal direto de comunicação com a coordenação responsável para cuidar das emergências; • realizar reuniões periódicas com os Grupos de Emergência próprios, treinados para compor a comissão que atuará nesses casos, contando até com a participação de representantes da Defesa Civil, órgãos ambientais, Corpo de Bombeiros, Polícias Militar e Rodoviária, dentre outras entidades que, direta ou indiretamente, possam colaborar; • aprovisionar e preparar o pessoal, equipamentos, instrumentos e material necessário para emergências; • manter a estrutura organizacional atualizada para atendimento a emergências; • estabelecer um contínuo programa de educação para capacitar o público em geral, governo, autoridades, etc., a fim de que reconheçam emergências no sistema do GASTAU. Segurança Ambiental Durante todo o período de obras, serão realizadas atividades de Inspeção Ambiental baseadas nas diretrizes e recomendações do Plano Ambiental para a Construção – PAC do Sistema de Gestão Ambiental do empreendimento. Trata-se de um conjunto de técnicas que podem interferir diretamente nos procedimentos RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 24 ABRIL / 2006 construtivos, com medidas ambientais visando mitigar os impactos produzidos pela implantação do duto. Será realizado, durante o período de construção e montagem, o treinamento de todos os trabalhadores da obra para a aplicação das medidas ambientais preconizadas no PAC. A empreiteira deverá motivar os trabalhadores no sentido de que aceitem e pratiquem as medidas ambientais. Para isso, poderá instituir prêmios (pequenos brindes) e reconhecimentos de méritos ambientais para as equipes e trabalhadores que se destacarem no mês. Os objetivos do treinamento são os seguintes: • facilitar o conhecimento e a análise dos projetos executivos das empreiteiras, com vistas à preservação e proteção ambiental, principalmente quanto à recomposição e revegetação da faixa de servidão; • preparar e estimular os funcionários das empreiteiras envolvidos no empreendimento para que adotem as medidas de conservação e proteção ambiental preestabelecidas; • estimular o relacionamento respeitoso dos trabalhadores com as comunidades locais situadas no entorno dos canteiros de obras e da faixa de servidão; • alertar e orientar os trabalhadores e as comunidades vizinhas, previamente, sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTALRIMA O EMPREENDIMENTO GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 25 ABRIL / 2006 A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO QUAIS SÃO AS ÁREAS DE ESTUDO O GASTAU, para sua proteção, será instalado em uma faixa de servidão de 20 metros de largura, totalizando cerca de 189ha de área de implantação. Nela manifestar-se-ão seus impactos diretos mais significativos. Entretanto, como é o caso do Gasoduto Campinas–Rio de Janeiro, em construção, e do Gasoduto Nordestão II, em estudos, ampliou-se essa área e passou-se a considerar uma faixa de 800 metros (400 metros para cada lado do duto) como área de possíveis impactos diretos, incluindo, além dela, as vias de acesso, canteiros de obras, áreas de armazenamento de tubos, etc. Essa definição, recomendada pelo IBAMA, também foi adotada nos estudos do GASTAU como Área de Influência Direta (AID) do empreendimento, totalizando uma área de 7.712ha. Visando avaliar potenciais impactos indiretos, foi considerado um corredor de 10km de largura, no interior do qual se situa o traçado do duto, caracterizando-se essa superfície como o espaço limite em que os impactos podem vir a ser sentidos nos diferentes ambientes atravessados pelo empreendimento. Essa área foi considerada como Área de Influência Indireta (AII) do Gasoduto para os estudos dos aspectos físicos e bióticos da região. Por outro lado, dos pontos de vista econômico, social e cultural, os impactos indiretos do Gasoduto, como a geração de empregos e renda e o aumento da arrecadação, afetam os municípios como um todo. Em vista disso, para os estudos dos aspectos socioeconômicos da região, foi considerado, como Área de Influência Indireta (AII), o território dos seis municípios atravessados, listados a seguir. ITEM MUNICÍPIO EAA (km) 1 Caraguatatuba 9,65 2 Paraibuna 36,93 3 Jambeiro 9,97 4 São José dos Campos 16,40 5 Caçapava 14,85 6 Taubaté 6,30 EAA: extensão atravessada aproximada Fonte: BIODINÂMICA, março de 2006. No Mapa de Áreas de Influência, apresentado na folha a seguir, encontram-se ilustrados os limites dessas áreas. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 26 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 ASPECTOS FÍSICO-BIÓTICOS A região onde deverá ser implantado o Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté possui clima subtropical úmido, com inverno moderadamente seco e verão quente e úmido. No verão, em fevereiro, registram-se temperaturas mais elevadas, com as médias alcançando 25ºC, enquanto em julho, mês mais frio, chegam a 17ºC, em média. Em janeiro, ocorrem os valores mínimos de pressão atmosférica (1.010hPa), e, em julho, são registrados os valores máximos (1.022hPa). Em Caraguatatuba e São José dos Campos, os menores valores de umidade relativa ocorrem em agosto (70% e 55%, respectivamente) e, em janeiro, os valores máximos (86% e 82%, respectivamente). Na Área de Influência Indireta (AII) do empreendimento, a ocorrência de chuvas pode ser subdividida em dois períodos distintos: um seco (abril a setembro) e um chuvoso (outubro a março). No período seco, as chuvas são menos freqüentes e estão associadas à entrada de frentes frias. Em São José dos Campos, o mês mais seco, geralmente, é julho e o mais chuvoso, janeiro. Em Caraguatatuba, são observados volumes mínimos de chuva entre junho e agosto e valores máximos, em janeiro. A construção do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté insere-se em uma região de geologia complexa da denominada Plataforma Sul-Americana, composta, principalmente, de rochas que sofreram transformações sob a ação de variáveis temperatura e/ou pressão. As unidades mais antigas pertencem ao intitulado período Pré-Cambriano; as mais novas são representadas por rochas e coberturas sedimentares inconsolidadas e pelos sedimentos marginais aos cursos d’água de idades mais recentes. A porosidade das rochas cristalinas existentes é praticamente nula, o que confere uma permeabilidade baixa na região, ou seja, há uma dificuldade de penetração da água. Os aqüíferos existentes apresentam caráter descontínuo e sua infiltração ocorre, essencialmente, em zonas fraturadas. Na Bacia de Taubaté, os aqüíferos revelam, em geral, baixa capacidade, e, em Caraguatatuba, podem sofrer contaminação por água salgada em razão da proximidade do encontro água doce/água do mar e, também, pelo chorume proveniente dos diversos lixões existentes. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 28 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Na região, é pouco provável a ocorrência de tremores de terra, ou seja, a sismicidade natural é baixa, sendo muito remota a probabilidade de aparecerem sismos provocados pela implantação e operação do empreendimento. A estrutura geológica da área estudada favorece a extração de recursos minerais não-metálicos, sobretudo para a construção civil, apresentando grande importância econômica para a região, que possui diversos tipos de minerais explorados em larga escala, dentre os quais, areia, argila, gnaisse e granito. A Foto 16 mostra umas das áreas de exploração de areia no rio Tinga, em Caraguatatuba. Foto 16 – Exploração de areia no rio Tinga, no município de Caraguatatuba. A AII do empreendimento está inserida em duas províncias geomorfológicas, subdivididas em quatro grandes unidades definidas a partir de semelhanças, que caracterizam o relevo e a paisagem. A unidade Planalto do Paraitinga é drenada pela bacia do rio Paraíba do Sul e apresenta um relevo do tipo “mar de morros” e de serras extensas que podem atingir 1.300m de altitude. Definida como Médio Vale do Paraíba, esta unidade é composta por morros que se dispõem ao redor da Bacia de Taubaté e se localizam ao redor do relevo de colinas (Foto 17). Outra unidade, a Serrania Costeira, que faz parte da serra do Mar, é constituída por escarpas que restringem as áreas de planície (Foto 18). A Baixada Litorânea, última unidade, é composta por depósitos marinhos que são retrabalhados pela ação dos rios. Além das alterações naturais produzidas sobre o relevo, a influência humana contribui para a degradação do meio ambiente. O desmatamento — prática comum na região, em função da agropecuária — deixa os solos desprotegidos, facilitando o RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 29 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 escoamento superficial das águas. Algumas formas de relevo são mais conservadas, como as colinas, mas aquelas de maior amplitude, com declives de encostas mais íngremes, são consideradas mais instáveis, em razão da maior incidência dos processos erosivos acelerados e de movimentos de massa. Foto 17 – Área de contato entre as Foto 18 – Planície Costeira com colinas unidades de relevo colinas e “mar de isoladas e escarpas ao fundo. morros”. Município: Caraguatatuba Município: Taubaté Foram identificadas quatro classes principais de solos que possuem características bem definidas. O solo predominante nas Áreas de Influência do empreendimento (cerca de 40%) apresenta coloração vermelho-amarelada e é denominado Argissolo (Foto 19). Abrange o trecho entre Paraibuna e Jambeiro e a área de Caçapava e Taubaté. Originalmente, esse solo era coberto por vegetação do tipo floresta; atualmente, seu principal uso é a pastagem, com algumas ocorrências de florestas secundárias nele. A baixa fertilidade natural e a suscetibilidade à erosão, nos locais com maior declive, são os principais fatores limitantes à utilização agrícola desse solo. A presença de rochas no terreno, cujos tamanhos podem chegar a 1m, também pode ser um impeditivo para a agricultura em algumas áreas. Nas terras planas, em geral, não há restrições à utilização desse solo para a agricultura. No trecho de São José dos Campos a Caçapava, há ocorrência de um outro tipo de solo, que também apresenta coloração vermelho-amarelada, denominado Latossolo. Cobre, aproximadamente, 30% da área total estudada. Apresenta boa drenagem RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 30 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 interna, aeração e não há impeditivos físicos para a penetração de raízes de árvores e estruturas. Por suas características químicas, a utilização agrícola e comercial desse solo depende da adição de calcário e adubos. Foto 19 –Solo Vermelho-Amarelado, denominado Argissolo, encontrado entre Paraibuna e Jambeiro e no trecho de Caçapava e Taubaté. Município: Paraibuna Na porção inicial do futuro Gasoduto, próximo ao litoral, as restrições ao uso do solo se dão, parcialmente, pela declividade dos terrenos, rochosidade, pedregosidade nas encostas e, em parte, pela predominância de material arenoso, que aumenta a condutibilidade hidráulica e diminui a capacidade de retenção de umidade nas áreas planas. Para identificar as áreas onde podem ocorrer eventos erosivos e movimentos de terra, avaliou-se o comportamento do tipo de solo e de rocha a partir das variações nas texturas, espessura dos estratos sedimentares, a posição do nível d’água, os processos de transporte de sedimentos e a declividade das encostas. Ao longo da AII, foram encontrados terrenos compostos por materiais de texturas variadas, representados por areia, cascalhos e, principalmente, argila. Solos compostos por argila, na maioria das vezes, apresentam um risco maior para a colocação de estruturas, pois a reduzida coesão exige a implantação de estruturas proteção (contenção). A grande quantidade de água que se acumula nesses tipos de depósitos, em alguns trechos, pode trazer problemas para a limpeza da faixa de implantação do duto. Tanto a textura quanto a espessura da camada a ser perfurada podem influenciar na escavabilidade e, apesar de alguns trechos apresentarem dificuldades para a colocação do Gasoduto, em geral, não são previstos graves problemas para a abertura da cava. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 31 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Alguns trechos apresentam grande suscetibilidade a movimentos de terra, condicionados fortemente pela elevada quantidade de chuvas na região. Essa fragilidade dos terrenos está relacionada à declividade das encostas, com a presença de rachaduras (fraturas) nas rochas e de materiais inconsolidados na cobertura. A ação humana, que promove alterações na morfologia e altera o padrão de drenagem, consiste no grande potencializador e acelerador dos movimentos e mudanças nas encostas. Nos terrenos da serra do Mar, já foram registrados eventos de rupturas e movimentos de terra decorrentes de outros empreendimentos, abrangendo praticamente todos os tipos e processos de alterações em encostas. De acordo com a suscetibilidade à erosão, foi realizada uma classificação de áreas considerando o tipo de solo, a cobertura vegetal e o regime de chuvas. Embora a maior parte da AII receba grande volume de chuvas, cabe ressaltar que elas são bem distribuídas ao longo do ano, mesmo sendo relativamente freqüente a ocorrência de chuvas torrenciais, com implicações diretas nos processos erosivos. Os rios que drenam para o mar reagem imediatamente às chuvas intensas e, em geral, logo transportam os sedimentos provenientes da erosão e, esporadicamente, os movimentos de terra. A declividade acentuada de algumas áreas e solos de textura fina na maior parte da AII contribuem para a ocorrência de processos erosivos. As terras que possuem suscetibilidade à erosão forte e muito forte são as que estão localizadas em relevo ondulado ou montanhoso e escarpado, com solos profundos e bem-drenados. Essas áreas localizam-se, principalmente, em Paraibuna e Jambeiro, mas ocorrem também em pequena parte dos municípios de Caraguatatuba e Taubaté. Áreas esparsas de ligeira a moderada suscetibilidade à erosão aparecem nos municípios de Caraguatatuba, Paraibuna, Jambeiro e São José dos Campos. Há grande quantidade de terrenos, onde a possibilidade de ocorrência de processos erosivos é pequena, sendo classificados como ligeira a moderadamente suscetíveis. A maior parte do segundo trecho do Gasoduto, entre São José dos Campos e Taubaté, possui terras com ligeira suscetibilidade à erosão, em virtude do relevo plano e com ondulações suaves. Concluiu-se que, dos 94,1km de extensão do futuro duto, 34,4km ou 36,5% possuem elevada suscetibilidade à erosão (descontando-se o trecho do túnel, essa extensão diminui para cerca de 29km, RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 32 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 enquanto nos restantes 63,5% (59,7km), as terras têm suscetibilidade à erosão ligeira a moderada. Na maior parte das áreas onde a suscetibilidade à erosão é alta, os riscos geotécnicos estão associados. Trechos com essas características são encontrados na serra do Mar e em áreas espalhadas ao longo do município de Paraibuna. Nos trechos compreendidos entre o Km 50 e o Km 60, no município de Jambeiro e em parte do município de Paraibuna, é alta a probabilidade de ocorrerem processos erosivos. Apesar disso, a evolução desse evento para um movimento de terra considerável é pequena, pois o risco geotécnico não é alto. Foram identificadas algumas áreas onde há alto risco de escorregamento de encostas, das quais a mais relevante compreende o trecho entre os Km 0 e Km 2,1 e o Km 7,0 do futuro Gasoduto, onde o relevo mais movimentado de morros, com declividades mais elevadas, favorece o desenvolvimento de processos erosivos e de movimentos de terra. No trecho anterior, entre o Km 0 e o Km 2,1, os riscos são relacionados ao recebimento de massas de solo desprendidas dos terrenos de encostas e de inundação, devido ao terreno ser de baixada. Entre os Km 2,9 e 8,1, está prevista a implantação de um túnel onde será colocado o Gasoduto. Quanto aos recursos hídricos, procurou-se analisar todos os 98 cursos d’água que precisarão ser atravessados pelo futuro Gasoduto. Identificaram-se afluentes de duas bacias hidrográficas e de dois reservatórios. As duas bacias são separadas pela serra do Mar e apresentam comportamentos distintos. Em seu trecho inicial, no município de Caraguatatuba, o Gasoduto passa pela bacia do rio Juqueriquerê, entrando depois na bacia do rio Paraíba do Sul, no trecho afluente ao reservatório do rio Paraibuna. A partir daí, o traçado atravessa o trecho afluente ao reservatório de Santa Branca, no rio Paraíba do Sul e, depois, em seu trecho final, termina num trecho da bacia do Paraíba do Sul, próximo à cidade de Taubaté. A bacia do rio Paraíba do Sul abrange áreas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, drenando aproximadamente 57.000km² até a sua foz, no oceano Atlântico, no município fluminense de São João da Barra. Seu curso principal é formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, cujas nascentes encontram-se, respectivamente, nos municípios paulistas de Areias e Cunha. A parte da bacia do rio Paraíba do Sul, a ser atravessada pelo Gasoduto, das nascentes até o município de Taubaté, localiza-se inteiramente no Estado de São RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 33 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Paulo. Em função do porte dos cursos d’água, as travessias dos rios Paraíba do Sul e Capivari, ambos do reservatório de Santa Branca, destacam-se como as principais travessias do Gasoduto. As vazões d’água foram medidas através de postos de coletas já existentes. No trecho da bacia do rio Paraíba do Sul, na área do reservatório Santa Branca, as maiores vazões foram observadas entre novembro e março, com exceção das travessias dos rios Paraíba do Sul e Capivari, por estarem acumuladas em reservatório. No trecho localizado em São José dos Campos, o período do ano com maior freqüência de cheias vai de dezembro a março; na bacia do rio Juqueriquerê, as maiores vazões também acontecem nesse período. Foto 20 - Vista do rio Capivari no trecho remansado pelo reservatório de Santa Branca, cerca de 900m da travessia do futuro Gasoduto, em direção à foz do rio. A presença de sedimentos nos rios brasileiros é muito variável, dependendo da data de ocorrência e do comportamento das chuvas, que podem provocar o transporte de material sólido para os cursos d’água. No caso das áreas agrícolas, um aporte maior de sedimentos nos rios pode ser gerado, pois o solo está mais exposto. No âmbito regional, a presença do reservatório pode também interferir no transporte de sedimentos, retendo o material afluente. Em relação aos usos da água, existem, na bacia do Juqueriquerê, pontos de captação para abastecimento público e aqüicultura. As águas do Juqueriquerê também são utilizadas para diluição de esgotos domésticos. Nos trechos a serem atravessados pelo Gasoduto, citam-se os seguintes usos: captação para abastecimento público, diluição de lançamentos domésticos e industriais, agropecuária e a geração hidrelétrica. Os pontos de captação da água para abastecimento público localizam-se nos municípios de Caraguatatuba, São José dos Campos e Taubaté. Não há captações de água para abastecimento público registradas nos trechos de rios abaixo das travessias do futuro empreendimento. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 34 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foram realizados estudos detalhados ao longo da travessia do Gasoduto, para confirmar a Área de Influência Direta (AID) do empreendimento. A importância desses estudos é identificar áreas onde podem ocorrer eventos que ponham em situação de risco tanto o empreendimento quanto o meio ambiente. No primeiro trecho do futuro Gasoduto, quase toda a extensão é propícia a sofrer alterações localizadas nas condições de estabilidade dos terrenos e dar início a processos erosivos quando houver qualquer intervenção com cortes ou mesmo outros usos. Isso ocorre em virtude da exposição dessas áreas, que apresentam elevado grau de suscetibilidade à erosão sob a ação das chuvas intensas, não somente pela declividade como também pela pequena espessura dos solos. Qualquer prática desordenada de desmatamento nessas áreas poderá dar início a um processo erosivo e alterar a estabilidade das encostas, caso não sejam adotadas medidas preventivas e corretivas durante a fase de implantação do empreendimento. Esse impacto pode ser, em parte, aumentado pela ocorrência de chuvas, além de gerar problemas nos rios, por meio do transporte de sólidos. A Área de Influência Indireta do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté encontra-se na região de domínio da Mata Atlântica, havendo nela apenas uma classe de vegetação natural, a Floresta Ombrófila Densa. Essa classe é bastante densa e fechada e, no caso do Gasoduto, ocorre em três das suas diferentes formações: Terras Baixas, Submontana e Montana. Na região do empreendimento, muitas dessas áreas de vegetação nativa estão descaracterizadas, degradadas, fragmentadas ou isoladas no meio de silvicultura, pastagens ou de plantações. Somente em áreas de difícil acesso, pertencentes a Unidades de Conservação, ou em áreas de Reserva Legal, é que ainda pode ser encontrada uma vegetação mais bem preservada. Nas áreas de baixada, a modificação da paisagem se deu pela retirada quase que total da cobertura vegetal natural, sendo raro encontrar alguma área preservada. Essas áreas, em geral, são compostas por uma vegetação secundária, resultante do processo de sucessão natural. Em alguns trechos, a vegetação original da região foi praticamente retirada por completo e substituída por plantios comerciais de eucalipto, pertencentes a empresas do setor celulósico-papeleiro (Grupo Votorantim). RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 35 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foto 21 estádio - Vegetação inicial de Secundária regeneração, em Foto 22 - Vegetação Secundária em estádio com médio de regeneração, com sub-bosque presença marcante de imbaúba e bambus. denso, com presença de bromélias, epífitas Fragmento circundado por áreas de e indivíduos jovens. Município de Paraibuna pastagem, no município de São José dos Campos Há ainda as formações marcadas pela presença humana, como áreas de pastagens, plantadas ou não, de silvicultura, que ocupam áreas extensas e contínuas, e pequenas áreas de agricultura familiar de subsistência. As pastagens são o tipo de vegetação mais comum na área onde será instalado o Gasoduto. As plantadas são o resultado da substituição total da pastagem original por outra mais adequada para a pecuária, e a nativa é o resultado da regeneração natural após o corte da original. As pastagens plantadas são formadas principalmente por gramíneas de outras regiões, como capim-braquiária e capimcolonião, e, dependendo do grau de manejo, é comum a presença de diversas plantas invasoras, como, por exemplo, vassourinhas. Para a implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, será necessária a retirada de vegetação para que possa ser constituída a faixa de servidão, com cerca de 189ha. Dessa área, 167ha (88%) são compostos, basicamente, por pastagens e silvicultura, e 22ha (12%) são cobertos por vegetação nativa. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 36 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foto 23 - Silvicultura – eucalipto, Extenso reflorestamento de próximo a Caçapava Velha, no município de Caçapava Nessa região, existe uma densa rede de estradas e caminhos que pode ter colaborado para ampliar as áreas alteradas, modificando o comportamento dos animais, aumentando a mortalidade deles por atropelamento, alterando a vegetação, facilitando a propagação de fogo e de espécies de outras regiões, bem como modificando o uso humano da terra e da água. Apesar disso, não foram registrados, durante os trabalhos de campo, sinais de retirada recente de madeira, palmito, ou qualquer outro tipo de exploração vegetal. Por se tratar de uma região de vegetação secundária, entende-se que as espécies originalmente existentes, sobretudo as de grande interesse econômico, já foram retiradas, sendo atualmente encontradas somente em áreas protegidas. Em relação à fauna, pode-se dizer que a Mata Atlântica possui considerável riqueza em espécies de mamíferos, sendo que, na região atravessada pelo Gasoduto, predominam os animais de pequeno porte, como morcegos, roedores, marsupiais e animais adaptados a áreas abertas e alteradas. Foram encontrados, também, vestígios de onça-parda, veado-pardo e esquilos. É importante destacar que, durante o trabalho de campo, por duas vezes, na Fazenda Serra Mar, foi avistada uma anta, espécie ameaçada de extinção. Além disso, foram encontrados vários sinais da presença de espécies de outros animais ameaçados de extinção, como pegadas de suçuarana e mão-pelada. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 37 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foto 24 - Pegada de onça-parda, encontrada no município de Caraguatatuba A região é, também, uma das mais importantes no que se refere a aves da Mata Atlântica, por possuir um grande número de espécies que, naturalmente, só lá existem, das quais, podem ser citadas: o macuco, pica-pauzinho-verde-carijó, tiêsangue, araponga, saíra-militar e arapaçu-de-bico-torto, entre outros. Durante os trabalhos de campo, nenhuma espécie ameaçada foi observada na região. Para répteis e anfíbios, como o Gasoduto atravessa áreas abertas — pastagens, áreas agrícolas e/ou de ocupação humana —, a fauna é composta majoritariamente por espécies de ampla distribuição geográfica, ou seja, adaptadas e encontradas em diferentes regiões. Apesar disso, ainda existem fragmentos de mata com certa umidade, nos quais podem ser encontradas diversas espécies. Nessas áreas, há importantes rios, riachos e reservatórios, onde a mata, em geral, apresenta sub-bosques preservados, que proporcionam um bom sombreamento em seu interior. Alguns répteis preferem ambientes como esses, que abrigam uma grande quantidade de RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 38 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 presas potenciais, como as da anurofauna (rãs, sapos e pererecas) e roedores. Uma espécie muito encontrada nesse tipo de ambiente é a cobra caninana, de hábito diurno, que caça, por busca ativa ou por espreita, lagartos, pequenos roedores e aves. É freqüentemente avistada forrageando próximo a ninhos de aves, à procura de filhotes, mas pode alimentar-se também no chão de mata, buscando pequenos roedores. Nas áreas alteradas com predomínio de pastagens e com a presença de corpos d’água, brejos, riachos e poças, ocorrem freqüentemente espécies como a cobrad’água, a serpente limpa-campo e a cobra-do-lixo. Na Área de Influência Direta, foram encontrados os lagartos lagartixa-preta, lagartixa-de-parede (espécie de ampla distribuição no Brasil que está associada principalmente às habitações humanas), cobra-de-vidro e teiú; e as serpentes cobra-coral, urutu-cruzeiro, jararaca e jararacuçu. A jararaca e a teiú estão na lista publicada da fauna ameaçada de extinção do Estado de São Paulo. Foto 25 - Pegadas de teiú em estrada de acesso ao Gasoduto, no município de Caraguatatuba, avistadas durante os trabalhos de campo Muitas foram as espécies de sapos e rãs identificadas pelo coaxado e encontradas, durante amostragem noturna, em áreas alagadas à beira da estrada, próximo a pequenas concentrações de vegetação de porte arbustivo, às margens da represa de Paraibuna, em áreas alagadas rasas de borda de mata, em pequenos canais de drenagem, em brejos de áreas abertas e de borda de mata. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 39 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foto 26 - Espécie de sapo observada Foto 27 - Sapo-martelo, ou sapo-ferreiro, atravessando estradas e coaxando em áreas espécie observada coaxando em brejos de alagadas rasas e às margens da represa de borda de mata e de área aberta, no município Paraibuna de Caraguatatuba Foto 28 - Pererequinha, espécie observada coaxando em brejo próximo a fragmento de mata, no município de Paraibuna RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 40 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO De acordo com a legislação em vigor, todo empreendimento localizado a até 10km de uma Unidade de Conservação deve receber uma declaração de “nada a opor” pela sua administração. Por isso, levantaram-se todas as UCs existentes cortadas pelo duto ou até essa distância do empreendimento. Existem três Unidades de Conservação que são atravessadas diretamente pela diretriz do empreendimento: Parque Estadual da Serra do Mar, nos municípios de Caraguatatuba e Paraibuna; Área de Proteção Ambiental (APA) Federal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, em Paraibuna e Jambeiro; e APA Municipal da Serra do Jambeiro, em São José dos Campos. Além dessas três, estão localizados no raio de 10km do Gasoduto o Parque Natural Municipal Dr. Rui Calazans de Araújo, em Paraibuna; a APA Estadual do Banhado e a Zona Especial de Proteção Ambiental do Cajuru, em São José dos Campos, e Áreas de Interesse Conservacionista presentes no município de Caçapava. O Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté passará, ainda, dentro dos limites do Corredor da Serra do Mar, ou Corredor Sul da Mata Atlântica. A delimitação desse corredor faz parte do Projeto Corredores Ecológicos, do Ministério de Meio Ambiente, ligado ao Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais. Esse projeto inclui áreas de elevada biodiversidade, legalmente protegidas ou não. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS Os municípios da Área de Influência Indireta do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté possuem economia basicamente comercial e industrial, principalmente São José dos Campos e Taubaté, que representam 81% da população da AII, e turística, no caso de Caraguatatuba. As atividades agropecuárias são menos representativas nos municípios em estudo, sendo que a pecuária é mais importante economicamente que a agricultura. As grandes propriedades ocupam a maior parte da AII. Todos os municípios apresentam bons acessos, principalmente rodoviários. Os municípios contam com 36.204 estabelecimentos comerciais; destes, 58% estão em São José dos Campos e 23%, em Taubaté. São empregados, ao todo, 248.837 trabalhadores formais, concentrados também nesses dois municípios. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 41 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 As atividades de comércio e serviços (Setor Terciário) respondem por mais de 91% das unidades produtivas formalmente registradas na AII, e empregam 69% do total de trabalhadores ocupados entre os seis municípios analisados. Destacam-se São José dos Campos, Caraguatatuba e Taubaté por apresentarem maior número de unidades associadas ao Setor Terciário. Caraguatatuba, com grande vocação turística, é o município que apresenta o maior percentual de trabalhadores atuando nesse Setor (94%) e Jambeiro, o menor (30%). As indústrias formalmente (Setor Secundário) registrados na AII, respondem representando por 8% 2.968 do estabelecimentos total de unidades produtivas, de acordo com dados do Cadastro Central de Empresas (2002), estadual. São José dos Campos e Taubaté somam 81% das unidades industriais da AII (61% e 20%, respectivamente) e são responsáveis por 90% dos postos de trabalho do Setor Secundário (65% e 25%, respectivamente). São José dos Campos destaca-se como o maior pólo aeroespacial da América Latina, tendo, como principal indústria, a EMBRAER. O município conta, também, com pólos automotivos, de telecomunicações e químico-farmacêuticos. Nele está localizada a refinaria REVAP, da PETROBRAS, atualmente em processo de expansão. O município recebe importantes redes de gás natural, que abastecem grandes empresas e unidades residenciais. Segundo informações divulgadas no citado Cadastro Central de Empresas, das 92 unidades da AII que atuam no Setor Primário (agropecuária), 31 estão em São José dos Campos, 17 em Paraibuna e 16 em Taubaté. Os demais municípios apresentam, individualmente, menos de 10 unidades relacionadas ao Setor Primário. Quanto à utilização das terras, a atividade que mais se destaca é a pecuária, que ocupa 58% da área rural dos seis municípios. Caçapava e São José dos Campos apresentam as maiores participações relativas das áreas ocupadas com pastagens. Destaca-se ainda a ocupação de 27% da área rural por matas e florestas, artificiais e naturais. Nos municípios de Jambeiro e Paraibuna, encontram-se grandes áreas de plantações de eucaliptos, que abastecem uma fábrica de papel e celulose implantada na região. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 42 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Foto 29 – Atividade pecuária na região do empreendimento As lavouras temporárias respondem por apenas 7% da AII. Esse tipo de lavoura está concentrado em propriedades menores do que as relacionadas aos demais tipos de usos do solo. Apesar disso, as lavouras temporárias destacam-se por seus altos rendimentos (kg/ha). O milho é a principal cultura temporária em termos de área plantada na AII (39%), seguida pelas culturas do feijão e do arroz, que ocupam 24% e 23%, respectivamente. A cidade de Taubaté é a que apresenta maior vocação agrícola dentre os municípios em estudo, respondendo por 55% da área plantada com culturas temporárias. As lavouras permanentes, em que se inclui a cultura do café, antigamente de grande importância para a região, ocupam menos de 1% da área rural da AII. A produção de banana assume a liderança em termos de área plantada (100ha), com destaque para os municípios de Paraibuna e Taubaté. No que diz respeito ao tamanho das propriedades, informações do último Censo Agropecuário do IBGE (1996) revelam que os estabelecimentos com 100 ou mais hectares, por exemplo, somavam 76% da área total da AII nessa época. Quanto ao rendimento, 9% dos trabalhadores recebem até um salário mínimo e a maior parte recebe de 3 a 10 salários mínimos (42%). Dos municípios analisados, Paraibuna e Jambeiro são os que concentram mais trabalhadores que recebem até 1 salário mínimo (22% e 18%, respectivamente). São José dos Campos é o município que apresenta o maior percentual de trabalhadores com 20 ou mais salários mínimos (7%). RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 43 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Na região em estudo, 65% dos empregados são do sexo masculino. O município de Jambeiro tem a menor participação relativa das mulheres (28%) e Caraguatatuba destaca-se por apresentar a menor diferença entre a presença das mulheres nos empregos formais (44%) e dos homens (56%). Como citado, com relação à demografia, entre os seis municípios estudados, todos no Estado de São Paulo, destacam-se São José dos Campos e Taubaté. Os demais municípios têm população inferior a 100 mil habitantes, sendo Jambeiro o de menor densidade, representando apenas 0,4% da população da AII. No total, a AII conta 1.054.365 habitantes, distribuídos em uma extensão de 3.573km2, com densidade demográfica de 295 habitantes por quilômetro quadrado. De maneira geral, todos os municípios apresentam tendências a expandir seus núcleos urbanos e zonas econômicas. Alguns municípios têm na indústria a motivação para seu crescimento, como Jambeiro, São José dos Campos e Caçapava. Há, no entanto, cidades menores, como Jambeiro e Paraibuna, cuja população ainda é expressiva na área rural. Foto 30 – Igreja da Matriz, no município de Paraibuna A proximidade com a Rodovia Presidente Dutra, que liga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e o fácil acesso a três dos mais importantes portos do Brasil — Rio de Janeiro, Sepetiba e Santos — são atrativos para a instalação de novas indústrias na região. Com relação à infra-estrutura, a situação dos domicílios na Área de Influência Indireta é de predominância urbana (95%). Cerca de 70% dos domicílios são próprios. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 44 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 A infra-estrutura escolar na Área de Influência Indireta do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté é composta por unidades que, somadas, chegam a um total de 674, com predominância das escolas municipais no Ensino Pré-Escolar e de particulares e estaduais no Fundamental e Ensino Médio. Existem 262.346 alunos matriculados na região, com expressiva predominância de estudantes em colégios públicos, em todos os níveis escolares. A grande maioria dos alunos está concentrada no Ensino Fundamental, respondendo por 60% dos estudantes. O dados revelaram uma taxa alta de alfabetização, verificando-se uma média de 89% da população alfabetizada com mais de 5 anos. Taubaté apresentou a maior taxa de alfabetização (92%), e o índice menor é do município de Paraibuna (86%), apesar de ser também alto, em termos nacionais. A Educação Ambiental está presente nas disciplinas regulares e também é desenvolvida através de projetos municipais ou de Organizações Não- Governamentais, com a participação das escolas dos municípios da AII. Foto 31 – Escola Estadual Rural Pinhal do Lajeado, no município de Paraibuna Com relação à saúde, há 13 unidades hospitalares e 178 ambulatórios, com um total de 1.608 leitos. A maior parte dos hospitais é particular (10); o restante divide-se entre públicos (2) e universitário (1). É importante ressaltar que São José dos Campos reúne 7 de um total de 13 hospitais existentes na AII, embora os outros cinco municípios possuam ao menos uma unidade hospitalar. Dos leitos clínicos disponíveis na AII, 42% concentram-se em São José dos Campos e 36%, em Taubaté. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 45 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Segundo dados do IBGE, o serviço de abastecimento de água nos municípios da Área de Influência Indireta pode ser classificado como “bom”, já que 94% dos domicílios são abastecidos por água proveniente de rede geral e 6%, por poço ou nascente. A média é elevada em função dos municípios de São José dos Campos e Taubaté. As unidades rurais de Jambeiro e Paraibuna se abastecem por meio de poços, minas e córregos. Pode-se dizer, também, serem boas as condições médias de esgotamento sanitário encontradas. Segundo dados do Censo do IBGE de 2000, 82% dos domicílios situados na AII são ligados à rede geral de esgoto e somente 5% deles possuem fossa rudimentar. Esse cenário, no entanto, é também fortemente influenciado pela situação existente nos municípios de Taubaté, São José dos Campos e Caçapava, que concentram a maioria dos domicílios com rede geral de esgoto. Em Jambeiro e Paraibuna, 40% do esgoto são lançados em fossas rudimentares e no rio. A cidade costeira de Caraguatatuba é a única em que as fossas sépticas são a principal forma de esgotamento sanitário, 58%. A coleta domiciliar de lixo abrange 98% dos domicílios existentes na área em estudo. O lixo é queimado em apenas 2% dos domicílios e, em 0,5%, possui outro destino — situação similar à verificada no Estado de São Paulo, onde 96% do lixo domiciliar são coletados. Quanto à estrutura urbana, as principais vias de acesso entre os municípios da Área de Influência Indireta são as rodovias federais BR-101 e BR-116 e as rodovias estaduais: SP-055/BR-101 (liga o Rio de Janeiro a Santos, passando pelo município de Caraguatatuba); SP-099 – Rodovia dos Tamoios (liga Caraguatatuba a São José dos Campos, passando por Paraibuna e Jambeiro); SP-103 – Rodovia Professor Júlio de Paula Moraes (liga o município de Paraibuna a Jambeiro); SP-103 – Rodovia João do Amaral Gurgel (liga Jambeiro a Caçapava); SP-125 (liga Taubaté a Ubatuba); SP-070 – Rodovia Governador Carvalho Pinto (liga São Paulo a Taubaté); SP-088 – Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura (liga Mogi das Cruzes à Rodovia dos Tamoios); além das diversas estradas de acesso entre as sedes municipais e os povoados. Destaca-se o grande volume de tráfego das rodovias SP-099 e SP-055, o qual, durante o verão, é duplicado. A cidade de Caraguatuba recebe um contingente muito grande de turistas nessa época do ano. A rede ferroviária liga o interior do Estado de São Paulo e as regiões do Triângulo Mineiro e do sudoeste de Minas à Região Metropolitana paulista e ao Porto de Santos; a Região Metropolitana de São Paulo à região Metropolitana do Rio de Janeiro, passando pelas cidades de São José dos Campos, Caçapava e Taubaté, três dos seis municípios que compõem a Área de Influência Indireta do Gasoduto RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 46 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Caraguatatuba–Taubaté. Em toda a malha ferroviária, prevalece o transporte de mercadorias, como aço, açúcar, adubo, álcool, alumínio e carvão, entre outras. Foto 32 - Município de São José dos Campos As cidades litorâneas de São Sebastião e Ubatuba, vizinhas do município de Caraguatatuba, possuem portos marítimos. O Porto de São Sebastião tem-se consolidado como uma alternativa de grande potencial para o comércio exterior a partir das regiões do Vale do Paraíba e Campinas. Desde abril de 2004, veículos e chassis de caminhões, fabricados em Taubaté, são exportados por essa via para a Argentina. A AII conta com um aeroporto em São José dos Campos — o Aeroporto Professor Urbano Ernesto Stumpf, administrado pela Infraero desde junho de 1996 — e dois campos de pouso, um em Caraguatatuba e outro, em Taubaté. A Empresa Bandeirante de Energia (EBE) é a principal responsável pelo fornecimento de energia elétrica nos municípios que compõem a área em estudo. Em Paraibuna, o fornecimento de energia para a área urbana é da responsabilidade da empresa Electro e, na área rural, compete à CEDRAP. O maior número de consumidores é residencial, e o maior consumo é das indústrias, que são responsáveis por mais de 62% do consumo de energia elétrica na região em estudo. O consumo residencial representa 24% da energia consumida. Manifestações Artísticas, Culturais e Religiosas O Estado de São Paulo é rico em manifestações culturais que exprimem os modos de ser, viver e pensar da população, manifestados a partir da arte, da cultura e da RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 47 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 religião. Nos municípios em estudo, destacam-se danças folclóricas e tradicionais, em toda a região do Vale do Paraíba, tais como: Moçambique, Congadas, Catiras, Cana Verde, Jongo, Folia de Reis, Folia do Divino, Cavalhadas e Quadrilhas, entre outras. Em Taubaté, existe a arte tradicional das Figureiras, que modelam suas obras usando barro, amassado delicadamente com os dedos. Em Caçapava, a “cidade simpatia” do Vale da Paraíba, destacam-se os artesãos de doces e cachaças, cuja tradição vem passando de geração para geração. O cidadão caçapavense até recebe o apelido de "Taiada", o produto mais típico da cidade, um doce feito com caldo-de-cana, gengibre e farinha de mandioca. Em Jambeiro, destaca-se o artesanato de taipa e bambu confeccionado pelas mulheres, além do crochê, tricô e a Dança das Fitas, tradição que remonta aos imigrantes europeus que vieram para todo o Estado de São Paulo. A Festa do Tropeiro é uma tradição encontrada em Jambeiro e Paraibuna; apresenta manifestações típicas e reúne cavaleiros de vários bairros e de cidades vizinhas. Em Paraibuna, a festa relembra os primeiros formadores da vila. Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural Os estudos arqueológicos e histórico-culturais realizados permitem afirmar que, nas Áreas de Influência do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, existem evidências arqueológicas da presença de grupos caçadores-coletores, grupos pescadorescoletores e de grupos horticultores, identificados com várias tradições culturais conhecidas pela arqueologia pré-colonial. Trata-se de área com alto potencial arqueológico, na qual os vestígios subsistem, apesar das sucessivas ocupações humanas, mais numerosas e mais intensas a partir do início do século XX. Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Populações Não há Terras Indígenas nos seis municípios atravessados pelo Gasoduto; as mais próximas localizam-se a cerca de 25km do empreendimento. A Fundação Cultural Palmares confirmou a inexistência de comunidades quilombolas nos municípios em estudo. As comunidades mais próximas estão situadas no município de Ubatuba, vizinho a Caraguatatuba. As Populações Tradicionais mantêm uma relação não-destruidora do meio ambiente, utilizando-se dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, contribuindo para a conservação da Natureza. Tal é o caso das Comunidades Caiçara do Litoral Norte do Estado de São Paulo, do qual faz parte o município de Caraguatatuba. Os Caiçara eram predominantes até RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 48 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 meados do século XX, vivendo como seus antepassados, baseados na agricultura itinerante, pesca artesanal, extrativismo vegetal e artesanato. Atualmente, algumas Comunidades Caiçara ainda existem. Em Caraguatatuba, foram identificadas as Comumidades Massaguaçu, Camaroeiro e Porto Novo. Principais Interferências Socioeconômicas (AID) (1) Travessia de Áreas Agrícolas Não existem muitas variações no perfil do uso das terras na área do corredor do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté. Conforme já citado, as áreas destinadas a pastagens são predominantes. As florestas representam cerca de 15%; as áreas de silvicultura, 12%, e a área urbana, 2%. Não foram identificadas atividades agrícolas significativas na faixa de 800 metros (400 metros para cada lado do duto), havendo apenas culturas de subsistência (feijão, mandioca, milho e hortigranjeiros). Da extensão total do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, 65,0km serão em faixa nova e 29,1km, em faixa existente. No trecho de faixa existente, não haverá alargamento e, portanto, não será necessária a supressão de vegetação. Foto 33 - Área agrícola (2) Travessia de Áreas com Ocupação Humana Foram levantados os pontos de ocupação humana situados na Área de Influência Direta (AID) do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté — identificados dentro da faixa de 800 metros — que poderão sofrer interferências decorrentes das obras de implantação do empreendimento. As formas de ocupação humana ao longo da AID são pouco variadas, com predominância de moradias em áreas rurais — compostas, principalmente, por fazendas, sítios, chácaras e pequenos aglomerados rurais (ou bairros rurais) —, RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 49 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 além de alguns bairros na periferia das cidades. Nas áreas rurais, as atividades são diversificadas, mas a pecuária é que detém maior representatividade espacial. A maioria das propriedades na AID é de pequeno porte; encontram-se, também, grandes e médias. A produção de eucaliptos em propriedades de maior porte é encontrada ao longo de grande parte do traçado, desde o município de Paraibuna, passando por Jambeiro, São José dos Campos, Caçapava e Taubaté. Além das áreas rurais, que correspondem a aproximadamente 98% do total da AID, as áreas de periferia urbana também são encontradas, principalmente no município de São José dos Campos. Apesar de ocupar um percentual reduzido da AID (2%), grande parte da população que reside ao longo da faixa do Gasoduto concentra-se nessas áreas. As principais atividades da população nas áreas de periferia urbana são os serviços temporários e os subempregos oferecidos nas sedes municipais. A caracterização do território a ser atravessado pelo Gasoduto possibilitou a classificação das formas de ocupação em áreas rurais com baixa e média densidade de ocupação e áreas de periferia urbana, como descritas a seguir. Área Rural com Baixa Densidade de Ocupação: onde predominam atividades agropecuárias e, em termos de ocupação espacial, fazendas e sítios. A maior parte do território atravessado pelo Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté corresponde a esta unidade, onde as pastagens e a atividade pecuária predominam. Alguns bairros rurais foram classificados como de baixa densidade de ocupação, por serem compostos por um número reduzido de propriedades. Nessas localidades, os plantios de eucalipto também ocupam áreas significativas, geralmente, em fazendas da Votorantim Celulose e Papel (VCP) ou em áreas de outras fazendas arrendadas por esta. Ainda que em menor quantidade, áreas agrícolas ligadas à pequena produção de hortigranjeiros também são encontradas. Assim, o Gasoduto passará próximo a moradias isoladas e a algumas fazendas, principalmente no município de Paraibuna, tais como: Fazenda Bela Vista, bairro Cabeceira do Cedro, Fazenda Acarimocó, Fazenda São José, Sítio Laranjeiras, bairro do Salto (Paraibuna), Fazenda Patizal (Jambeiro) e Fazenda São José (São José dos Campos). Área Rural com Média Densidade de Ocupação: representa, principalmente, os bairros rurais dos municípios, onde se encontram pequenos aglomerados populacionais, sítios e chácaras, além de moradias de trabalhadores rurais. Grandes fazendas, com número elevado de empregados residentes, também foram consideradas áreas rurais com média densidade de ocupação. Essas localidades são, freqüentemente, compostas por residências simples, com casas de alvenaria, e costumam dispor de infra-estrutura de serviços essenciais, RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 50 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 ainda que, em alguns casos, bastante precária. São exemplos: os bairros Lajeado, Varjão, Espírito Santo e Damião (Paraibuna), Fazenda Brasil, bairros Canaã e Capivari (Jambeiro) e bairros Santo Antônio do Iguamerim, Tijuco Preto e Borda da Mata (Caçapava). Área de Periferia Urbana: é composta por bairros que se constituem em vetores de expansão das sedes municipais. Na AID, encontra-se esse tipo de ocupação, basicamente, na periferia da cidade de São José dos Campos, onde se observa a presença dos bairros Santa Cecília, Campos de São José (Parte Alta e Parte Baixa), Nova Esperança, Boa Esperança, Santa Lúcia, Portal do Céu, Capão Grosso e Majestic e a possível expansão com a implantação de novos loteamentos. Esses bairros são compostos por residências simples, com casas de alvenaria, e costumam dispor de alguns serviços essenciais. A infra-estrutura, tanto dos bairros quanto das moradias, ainda é bastante precária. Em geral, nessas áreas, localizamse, além das moradias, unidades de comércio e serviços. Foto 34 - Área Rural com Baixa Densidade de Foto 35 - Área de Periferia Urbana – Ocupação. Município de Paraibuna bairro Campo de São José, município de São José dos Campos (3) Cruzamentos com Rodovias, Linhas de Transmissão, Áreas Alagadas, Cursos d’Água e Proximidade de Instalações da PETROBRAS Foram verificados cruzamentos do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté com rodovias estaduais, destacando-se os cruzamentos com a Rodovia dos Tamoios (SP-099) e a Rodovia Governador Carvalho Pinto (SP-070). São ainda cruzadas a Rodovia Alfredo Rolim de Moura (SP-088), a Rodovia João do Amaral Gurgel (SP-103) e a Estrada do Cajuru. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 51 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Cruzamentos com a Linha de Transmissão de 500kV Mogi das Cruzes–Cachoeira Paulista ocorrem em quatro pontos do Gasoduto: no Km 50,63 e no Km 52,15, ambos em Jambeiro; no Km 59,58, em São José dos Campos, e no Km 84,80, em Caçapava. O Gasoduto deverá atravessar áreas alagadas do Reservatório de Santa Branca em três pontos: no Km 43,45 (Paraibuna), no Km 45,83 (divisa Paraibuna e Jambeiro) e no Km 51,69 (Jambeiro). Fará também a travessia de 98 cursos d’água, a maioria de pequeno porte. A partir do Km 65, nas proximidades da Refinaria Henrique Lage (REVAP), já em Taubaté, o Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté encontrará a faixa existente de outros dutos (GASPAL, OSRIO e OSVAT). Nos 2,65 quilômetros finais, o duto encontrará o Gasoduto Campinas–Rio de Janeiro, até chegar ao seu ponto final (Km 94,10) no Ponto de Entrega de Taubaté. Foto 36 - Cruzamento com Rodovia dos Foto 37 - Cruzamento com a Linha de Tamoios (SP-099) em Jambeiro Transmissão 500kV Mogi das Cruzes – Cachoeira Paulista, em São José do Campos Os principais pontos e áreas notáveis estão indicados no Mapa apresentado nas folhas a seguir. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO 52 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS RECOMENDADAS Ao final desta seção, é apresentada a Matriz-Síntese de Impactos, na qual são identificados os impactos ambientais do empreendimento, indicando as fases em que poderão ocorrer, sua classificação, locais de provável ocorrência e as medidas mitigadoras e compensatórias (para impactos considerados negativos) ou potencializadoras (para impactos considerados positivos). IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES ASSOCIADAS À IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO GASODUTO • Levantamentos topográficos • Mobilização de equipamentos e da mão-de-obra • Implantação de canteiros de obra e alojamentos • Abertura/melhoria de acessos • Supressão de vegetação • Escavação da vala • Movimentação e estocagem de materiais • Soldagem da tubulação • Abaixamento da tubulação e cobertura da vala • Concretagem • Limpeza/recomposição da faixa • Teste hidrostático • Proteção catódica • Instalação das válvulas de bloqueio • Construção das estações de medição e de limitação de pressão • Manuseios de óleos e derivados pelo uso de máquinas • Veículos e equipamentos • Desmobilização da mão-de-obra • Operação do Gasoduto • Desativação do Empreendimento RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS 55 GASODUTO CARAGUATATUBA– TAUBATÉ ABRIL / 2006 IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO (1) Alteração na Rede de Drenagem Com a execução de terraplenagens e movimentações de terra, deverão ser alteradas as drenagens superficiais dos terrenos atravessados, podendo dar origem a processos erosivos com a desagregação e remoção do solo, resultando no transporte de sedimentos para os cursos d’água, provocando assoreamento e afetando a drenagem e a qualidade da água, embora de forma temporária e de curto prazo. Das 98 travessias de cursos d’água identificadas, algumas de maior porte, como as dos rios Camburu, do Salto, Paraíba do Sul e Capivari, deverão ser executadas pelo método do furo direcional. Isso deverá evitar, nesses casos, as alterações na calha fluvial desses corpos d’água, por ser feito de forma totalmente subterrânea, não afetando o fluxo normal dos rios. Medida Recomendada • Atender às recomendações do Plano Ambiental para a Construção (PAC). (2) Início e/ou Aceleração de Processos Erosivos O traçado do futuro Gasoduto Caraguatauba–Taubaté passará em cerca de 29km de terras com elevada suscetibilidade à erosão. O alto potencial erosivo nesses trechos poderá causar transtornos, também, para a manutenção da faixa, ao longo da operação do Gasoduto, se medidas adequadas não forem tomadas. Qualquer supressão de vegetação maior nessas áreas poderá dar início a um processo de erosão que poderá alterar a estabilidade das encostas existentes, caso não sejam adotadas medidas preventivas e corretivas durante a fase de implantação do empreendimento. Mesmo em pequena escala, esse impacto poderá, também, gerar problemas nos corpos d’água próximos, por meio da acumulação, neles, de sólidos transportados. As obras de terraplenagem, corte e aterros poderão produzir um impacto de natureza local e temporária. Entretanto, não deverão ocorrer alterações que RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 56 ABRIL / 2006 possam comprometer, de forma marcante, a qualidade ambiental dessas áreas, uma vez que deverão ser adotadas medidas mitigadoras que incluem métodos construtivos específicos onde houver maior suscetibilidade à erosão. Medida Recomendada • Atender às diretrizes e técnicas ambientais básicas recomendadas no Plano Ambiental para a Construção (PAC) e no Programa de Controle de Processos Erosivos. (3) Interferências com Áreas de Autorizações e Concessões Minerárias Foram identificadas 16 áreas de Titularidade Minerária relacionadas com a faixa de servidão do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté. Dessas áreas, 10 encontram-se em autorização de pesquisa, 4 em fase de requerimento de pesquisa, 1 em concessão de lavra e 1 em disponibilidade. Medidas Recomendadas • Realizar, no DNPM, a análise atualizada dos processos de concessão das áreas que sofrem interferência direta com o traçado do Gasoduto. • Estudar a possibilidade de evitar a incompatibilidade entre a implantação e a operação do empreendimento e a exploração das jazidas das substâncias minerais de valor econômico significativo. • Providenciar o cadastramento da Área de Influência Direta do Gasoduto no DNPM e solicitar que se façam restrições a novos pedidos de pesquisa ou de licenciamento (bloqueio), para que não haja interferências futuras com o empreendimento. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 57 ABRIL / 2006 IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO As atividades relacionadas ao empreendimento que acarretam interferências sobre o ambiente biótico restringem-se, principalmente, à implantação da faixa de servidão do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, com supressão de cerca de 22ha de áreas florestadas. Essa supressão implica um amplo conjunto de ações impactantes comuns, tanto à cobertura vegetal como à sua fauna associada. Dessa forma, foram avaliados de forma integrada os impactos, o que possibilitou uma percepção mais ampla das interferências do empreendimento. As interferências limitaram-se a dois impactos gerais: “alteração nos remanescentes florestais ” e “pressão sobre a fauna e a flora”. (4) Alteração nos remanescentes florestais Este impacto está associada às mudanças que poderão ser causadas pela implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté nas comunidades animais e vegetais, em decorrência da supressão de vegetação necessária para abertura da faixa de servidão e de acessos. Nos remanescentes florestais, quaisquer alterações na vegetação, como a sua divisão em fragmentos, são também sentidas pelas comunidades faunísticas. Durante a abertura de faixa e acessos, serão cortados elementos arbóreos, arbustivos e herbáceos, atividade essa que poderá impactar esses ambientes, com a fragmentação de áreas de Mata Atlântica, onde houver travessias de remanescentes florestais. Essa interferência nos remanescentes florestais poderá promover a entrada de espécies invasoras, alterando a sua composição atual bem como servir de acesso de pessoas para a prática do extrativismo vegetal. Cabe destacar que, ao longo de toda a faixa de servidão, haverá manutenção da pista para que não haja regeneração natural da vegetação arbustivo/arbórea, o que poderia comprometer a segurança do empreendimento e, conseqüentemente, da população próxima ao duto — já que as raízes profundas das plantas poderiam romper a tubulação. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 58 ABRIL / 2006 A principal conseqüência dessas alterações, do ponto de vista da fauna, é o afugentamento de diversas espécies de aves, mamíferos, anfíbios e répteis. Na área existem registros de uma significativa quantidade de espécies endêmicas e ameaçadas. Várias delas foram assinaladas na Área de Influência Direta do empreendimento, e são caracterizadas como sendo, em sua maioria, dependentes de hábitats, geograficamente distribuídas em ambientes restritos e com exigências ecológicas muito restritivas. As áreas de maior concentração deste impacto foram identificadas nos conjuntos de remanescentes florestais (Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas), nas proximidades do emboque do túnel, entre o Km 2 e o Km 3 no início do Gasoduto; nos remanescentes florestais contínuos ao Parque Estadual da Serra do Mar, em bom estado de conservação (Floresta Ombrófila Densa Montana), localizados entre o Km 9 e o Km 12 do Gasoduto; no conjunto de fragmentos de mata, próximo ao Km 20 e o Km 23 (Floresta Ombrófila Densa Montana) e, em menor escala, no fragmento misto com eucalipto, entre o Km 56 e o Km 61 do Gasoduto. Medidas Recomendadas • Por ser um impacto permanente, na fase de localização precisa do traçado do Gasoduto, deverá ser executado, se possível, o máximo de desvios de áreas ocupadas pela vegetação nativa. • A utilização dos acessos já existentes deverá ser priorizada; outros acessos deverão ser abertos somente em áreas já impactadas. Sempre que possível, dever-se-á priorizar a própria diretriz do traçado como acesso. • A execução de procedimentos que garantam a minimização deste impacto ambiental está condicionada à implementação de ferramentas de acompanhamento e medição, traduzidas na forma de programas ambientais, mais especificamente, nos Programas de Supressão de Vegetação, de Resgate de Germoplasma e no de Monitoramento da Fauna e da Flora. (5) Pressão sobre a biota (fauna e flora) Após a supressão da vegetação, os fragmentos de floresta remanescentes passam a diferir, em muitos aspectos, do conjunto original que foi cortado. Primeiro, ocorre uma diminuição do tamanho das áreas naturais disponíveis, ficando os fragmentos relativamente isolados e expostos a invasões de outras espécies. Diversas espécies RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 59 ABRIL / 2006 de vertebrados assinaladas para a Área de Influência Direta do empreendimento apresentam requisitos de área, ocorrendo exclusivamente em porções relativamente grandes de florestas contínuas. Além disso, a localização geográfica dos ambientes que não foram afetados obedece a um padrão diferente do original, tanto em formato quanto em isolamento. Algumas características importantes podem desaparecer após a supressão. Por exemplo, os fragmentos ficar dispostos em áreas onde haja uma declividade maior; ou em área de solos menos produtivos; ou em áreas de sombra de uma montanha; ou, até mesmo, sem uma fonte de água satisfatória em seu interior. No processo de fragmentação, e conseqüente efeito de borda, ainda há uma outra diferença entre os ambientes contínuos e as áreas fragmentadas. A alteração climática (ventos, umidade, temperatura, luminosidade) nas bordas dos fragmentos influencia os organismos que habitam essas áreas. Essas características são importantes na determinação das alterações sobre os parâmetros biológicos. Das espécies que não conseguem sobreviver em fragmentos, as que demandam maiores áreas e que apresentam baixas densidades são as que primeiro desaparecem. As árvores são freqüentemente os organismos que mais sentem os efeitos da fragmentação, embora necessitem de mais tempo para demonstrá-la. A redução da abundância e da diversidade da flora está relacionada à supressão da vegetação nativa, expressa em termos quantitativos (número de indivíduos) e qualitativos (espécies), que poderá ocorrer ao longo de todo o traçado do Gasoduto, nos locais de interferência com fragmentos florestais. A atividade de supressão poderá implicar a eliminação de indivíduos de várias espécies vegetais, algumas das quais, atualmente, ameaçadas de extinção, endêmicas ou de interesse econômico, conforme anteriormente detalhado na caracterização florística, se medidas adequadas não forem tomadas. Por outro lado, nem todos os organismos sofrem os efeitos negativos da fragmentação. Por exemplo, sabe-se que as comunidades de pequenos mamíferos e de aves são mais ricas nas bordas do que no interior dos fragmentos. Dada a diferença na composição, uma parte das aves e mamíferos que se beneficia com a fragmentação e a criação de bordas não realiza os serviços ambientais das comunidades originais. Isso pode, também, influir negativamente sobre elas, por RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 60 ABRIL / 2006 competição, predação ou transmissão de doenças. Dessa forma, os processos biológicos terão dinâmicas diferenciadas, resultando num contínuo empobrecimento da diversidade. Há ainda os impactos temporários relacionados às obras, como aumento nos níveis de ruídos causados pela movimentação de maquinário pesado e de pessoas. Esses ruídos afugentam algumas espécies de animais e interferem no seu comportamento, podendo alterar seus padrões normais de reprodução, mesmo que momentaneamente. Além disso, poderão ocorrer, em menor escala, atropelamentos, em conseqüência do trânsito de veículos na faixa de servidão e nos novos acessos, aumento da pressão de caça — em função da utilização da faixa e de acessos para a entrada de caçadores — e queda de espécimes faunísticos na vala. Destaca-se que esta última, em função dos procedimentos construtivos e de segurança executados pela PETROBRAS, apresenta-se pouco representativa. As áreas de maior concentração de pressão sobre a fauna e a flora são as mesmas dos conjuntos de remanescentes florestais (impacto anterior). No caso da fauna aquática, a perturbação será sentida através da remoção da cobertura vegetal e da terraplenagem na pista de serviço, com o movimento de terra, que poderá contribuir para o assoreamento de alguns riachos, que serão atravessados pelo Gasoduto, e aumento da turbidez da água a jusante do ponto de travessia, durante o período das obras. Dependendo dos métodos de travessia utilizados, as margens dos rios e riachos na faixa de servidão poderão ser alteradas temporariamente, causando efeitos diversos sobre a dinâmica e a conseqüente influência sobre os hábitats disponíveis. Eventuais impactos ambientais resultantes da implantação do GASTAU sobre a ictiofauna estariam referidos, primariamente, à perturbação temporária dos principais ambientes aquáticos localizados ao longo do traçado planejado do empreendimento, os quais, necessariamente, deverão ser de alguma maneira transpostos para que ocorra a instalação do duto. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 61 ABRIL / 2006 Medidas Recomendadas • Desenvolver mecanismo de proteção, sobretudo nas áreas remanescentes mais significativas para a ocorrência de relevantes impactos, como um plano de fiscalização permanente, em sintonia com as instituições responsáveis, e com parcerias com proprietários. • Estabelecer corredores ecológicos entre os fragmentos atravessados e áreas florestadas adjacentes, de forma que os efeitos do isolamento acarretados pelo empreendimento sejam minimizados. Para isso, seriam utilizadas áreas de diferentes usos agrossilvicultura e e coberturas, tais reflorestamentos, como para fruticulturas, desenvolver um projetos de mosaico de ambientes que favoreça o fluxo genético e a colonização de áreas degradadas. • Planejar a conservação de áreas próximas, revertendo o mecanismo de degradação ambiental, como a perda de diversidade e as modificações nos processos biológicos, identificando e mantendo os necessários para a continuidade dos ecossistemas e viabilidade das populações de fauna e flora neles habitantes. Essas ações devem ser orientadas mediante a implementação de ferramentas de acompanhamento e medição, traduzidas na forma de programas ambientais, mais especificamente, no Programa de Supressão de Vegetação e no de Monitoramento da Fauna e da Flora. Impactos sobre o Meio Antrópico (6) Dinamização da Economia Local A implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté deverá representar, para a região localizada ao longo de seu traçado, um acréscimo significativo de recursos humanos e financeiros. Prevê-se maior dinamização da economia nos municípios, mesmo que de forma temporária, em especial nos que têm suas sedes mais próximas do empreendimento, ou naqueles que tiverem melhor infra-estrutura para atender às novas demandas que surgirão, principalmente as referentes ao comércio, hospedagem e outros serviços. Podem ser citados, como exemplo, os municípios de Caraguatatuba, São José dos Campos e Taubaté, onde provavelmente ocorrerão as maiores modificações no RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 62 ABRIL / 2006 atual padrão de atividades econômicas, por possuírem melhor infra-estrutura de serviços. Os municípios de Paraibuna e Caçapava também poderão sentir os efeitos deste impacto, em decorrência da maior proximidade das sedes municipais com o empreendimento, pois distam 3,07km e 3,75km, respectivamente. O município de Jambeiro, mesmo dotado de pequena infra-estrutura, também poderá sentir os efeitos dessa dinamização a partir da procura por gêneros de primeira necessidade pelos trabalhadores das obras. Essa dinamização decorre de um aumento da arrecadação municipal de impostos e taxas, em função da demanda por bens e serviços, por exemplo, materiais diversos, combustíveis, reparação de alguns equipamentos, consumo de água e energia elétrica. No caso específico dos municípios que receberão o canteiro principal e escritórios, a implantação do empreendimento poderá modificar de forma positiva o quadro das finanças públicas municipais, com o aumento da arrecadação do ISS e do aproveitamento de mão-de-obra local, que poderá trabalhar tanto diretamente, nos próprios canteiros, como indiretamente, mediante a prestação de serviços variados e pequenos comércios (fornecimento de refeições, bebidas, etc.). Com contingentes maiores de trabalhadores formais, locais e regionais, haverá uma circulação maior de moeda nos municípios, contribuindo diretamente para o aumento das vendas no comércio em geral. Este impacto poderá também ser sentido nos povoados localizados nas proximidades dos futuros canteiros de obra e alojamentos, assim como naqueles que estiverem mais próximos do local de instalação do Gasoduto, e que dispõem de infra-estrutura composta basicamente de pequenos comércios. Dentre as localidades que poderão sentir os efeitos dessa dinamização, estão: bairro Espírito Santo (Km 28,84), no município de Paraibuna; bairros Campos de São José, Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos (Km 63,92 a Km 71,67); bairro Caçapava Velha (Km 87,24), em Caçapava; e bairro Barreiro (Km 92,38), em Taubaté. De maneira geral, as demandas provenientes das obras, no entanto, serã temporárias, devendo perdurar apenas até a conclusão da implantação do Gasoduto. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 63 ABRIL / 2006 Medidas Recomendadas • Priorizar a contratação de mão-de-obra local ou dos municípios circunvizinhos ao empreendimento. Dever-se-á, também, dar preferência ao uso dos serviços, comércio e insumos locais. • Implantar o Programa de Comunicação Social. Aumento da Oferta de Postos de Trabalho A instalação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté poderá contribuir, temporariamente, para o aumento da oferta de empregos na região, absorvendo parte da demanda local, especialmente a mão-de-obra não-especializada. Para a fase de implantação do empreendimento, prevê-se a geração direta de cerca de 2000 postos de trabalho no pico das obras, que devem durar 15 meses. Desse total, estima-se que 50% da força de trabalho possam ser recrutados localmente, distribuídos entre os 6 municípios pelos quais o Gasoduto passará, especialmente nas funções não-especializadas. Considerando-se a criação dos empregos que serão gerados indiretamente, em função do empreendimento, avalia-se que a instalação do Gasoduto contribuirá para dinamizar temporariamente o mercado de trabalho regional. Os empregos indiretos na região surgirão em decorrência do aumento da procura por serviços de alimentação, hospedagens e serviços gerais. O fato de o empreendimento absorver um contingente significativo de trabalhadores suscita a possibilidade de algumas localidades e sedes urbanas tornarem-se pólos de atração de mão-de-obra, principalmente aqueles que forem mais estruturados para atender a essa demanda. Para isso, as localidades que poderão responder melhor são aquelas mais densamente expressivas, o que não descarta a possibilidade de haver pequenas alterações em todos os demais municípios e localidades que se encontram próximos à faixa de servidão do Gasoduto. Pode-se afirmar, dessa forma, que os municípios, principalmente nas suas sedes urbanas, e os aglomerados populacionais ou bairros passíveis de sofrer os efeitos RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 64 ABRIL / 2006 positivos da alteração na dinâmica da população decorrente da oferta de empregos, devido a sua proximidade com o Gasoduto, são os seguintes: bairro rural do Cedro (está fora da AID, mas faz parte do seu acesso pela SP-088) e bairro Espírito Santo, ambos em Paraibuna; bairros Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos; bairro Caçapava Velha, em Caçapava; as sedes municipais de Caraguatatuba e Paraibuna. Este impacto é previsto também no entorno das áreas que deverão ser selecionadas para a instalação dos canteiros de obra. Medidas Recomendadas • Priorizar a contratação de mão-de-obra que vive nas comunidades próximas à região atravessada pelo empreendimento e promover esclarecimentos à população quanto à quantidade, ao perfil e à qualificação da mão-de-obra que será contratada para as obras. • Implantar os Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental. (8) Interferências no Cotidiano da População Local A implantação de empreendimentos em locais habitados provoca, necessariamente, em maior ou menor grau, alterações na situação de equilíbrio social anteriormente existente. Essas mudanças no cotidiano da população se iniciam a partir dos estudos e projeto do empreendimento a ser implantado. A duração prevista para a construção do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté e suas obras associadas é de 15 (quinze) meses, no total. Para a implantação do Gasoduto, deverá haver várias frentes de obras, com alocação total de aproximadamente 2000 trabalhadores no decorrer desses meses, podendo haver uma pequena variação, em função dos métodos e rotinas de trabalho adotados por cada empreiteira que vier a ser contratada. A definição de locais dos canteiros de obras em empreendimentos lineares depende de uma série de fatores para escolha dos centros de apoio logístico e a forma estratégica de execução da empreiteira. Devido às próprias características, já apresentadas, não deverá ocorrer concentração de mão-de-obra representativa em RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 65 ABRIL / 2006 um único local, devendo-se considerar, ainda, que o avanço das frentes de trabalho é muito dinâmico, com deslocamento constante de trabalhadores de um local para outro. A escolha, portanto, das cidades que servirão de apoio logístico-operacional ao empreendimento, com melhor infra-estrutura, é de fundamental importância, de forma a se evitarem alterações na dinâmica diária da população e pressões sobre os serviços básicos a ela oferecidos, tais como saneamento, saúde e educação, principalmente. Em princípio, estão previstas quatro frentes de obras, as quais demandarão, cada uma, a instalação de 1 (um) canteiro fixo (principal) e 1 canteiro móvel (auxiliar) necessários para dar apoio logístico ao processo de construção e montagem do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté. Além desses, haverá necessidade de se instalarem outras pequenas áreas de montagem para as obras de travessias e cruzamentos especiais. Deve-se privilegiar a implantação dos canteiros principais e escritórios em municípios que ofereçam infra-estrutura necessária, ou cuja localização seja estratégica em relação ao empreendimento, tais como Caraguatatuba e São José dos Campos, segundo os estudos socioeconômicos da Área de Influência Indireta. Os municípios que, a princípio, poderão abrigar os canteiros secundários são Paraibuna e Taubaté. A instalação dos canteiros nessas localidades é favorecida pela infra-estrutura urbana (comunicações, água, esgoto, transporte, energia elétrica, coleta de lixo, etc.) e viária, condições de hospedagem e alojamento, suprimento de insumos, materiais, equipamentos e disponibilidade de mão-de-obra especializada. No período das obras, além dos transtornos mais localizados, ligados à construção propriamente dita (como ruído, poeira, aumento do tráfego de veículos), a chegada dos trabalhadores de outras regiões deverá também afetar o dia-a-dia local, situação que será intensificada caso esse contingente tenha hábitos sociais e culturais distintos dos vigentes entre a população rural residente no local. Em Caraguatatuba, que também receberá a Unidade de Tratamento de Gás (UTGCA), no Km 0 do Gasoduto, poderá haver maior atração de mão-de-obra RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 66 ABRIL / 2006 externa, o que poderá causar um afluxo de trabalhadores que podem não ser absorvidos integralmente, contribuindo para o adensamento populacional do município. Para evitar tais constrangimentos, de toda mão-de-obra necessária, apenas cerca de 1000 trabalhadores são previstos para serem mobilizados de outras regiões para a construção e montagem do Gasoduto, estimando-se a contratação de cerca de 1000 residentes no local/região, evitando-se, consideravelmente, os possíveis impactos. Além disso, as ações necessárias para a implantação do Gasoduto, como utilização das vias principais para transporte de material e pessoal, regularização de acessos e da faixa de servidão, transporte de materiais e mão-de-obra, dentre outras, interferirão no cotidiano das localidades mais próximas do Gasoduto e nas porções das propriedades rurais atravessadas pela faixa de servidão, principalmente pela movimentação dos veículos em serviço, podendo causar pequenas alterações, de diversas ordens. Medidas Recomendadas • Divulgar previamente, através de um Programa de Pré-Comunicação Social, todas as ações previstas na implantação do Gasoduto. • Implantar os Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental. • No Programa de Comunicação Social, implementar as seguintes ações: − manter a população informada sobre o planejamento das ações e mobilização de equipamentos, de modo a minimizar as perturbações em sua rotina; − realizar uma ampla campanha de divulgação de informações sobre a implantação do empreendimento e as medidas de segurança adotadas, de modo a evitar boatos que possam suscitar expectativas e/ou sentimentos negativos na região. Essa divulgação deverá ocorrer antes da obra e, progressivamente, durante sua execução; RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 67 ABRIL / 2006 − divulgar o Código de Conduta da população trabalhadora, tendo em vista manter sua convivência social com a população local em moldes aceitáveis. • Realizar campanhas temáticas centradas na convivência positiva entre trabalhadores e comunidades locais. Essas campanhas têm como objetivo divulgar os procedimentos a serem adotados pelos recém-chegados (trabalhadores de “fora” da região). • Disponibilizar um canal de contato telefônico direto com o empreendedor, através do sistema 0800 (Ligação Gratuita). (9) Aumento do Tráfego de Veículos, dos Ruídos e de Poeiras Para as obras de implantação do Gasoduto, serão utilizadas as rodovias federais e estaduais que cruzam a região, dentre as quais podem ser destacadas as rodovias BR-101 – Rodovia Rio-Santos, ligação entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo; BR-116 – Rodovia Presidente Dutra – liga o Estado de São Paulo ao Rio de Janeiro, passando por São José dos Campos, Jacareí, Caçapava e Taubaté; SP055/BR-101 – liga o Rio de Janeiro a Santos, passando pelo município de Caraguatatuba; SP-099 – Rodovia dos Tamoios, liga Caraguatatuba a São José dos Campos, passando por Paraibuna e Jambeiro; SP-103 – Rodovia Professor Júlio de Paula Moraes, liga o município de Paraibuna a Jambeiro; SP-103 (continuação) – Rodovia João do Amaral Gurgel, liga Jambeiro a Caçapava; SP-125, liga Taubaté a Ubatuba (rodovia importante para escoamento da produção de Taubaté pelo Porto de Ubatuba); SP-070 – Rodovia Governador Carvalho Pinto, liga São Paulo a Taubaté, permitindo o acesso ao sul de São José dos Campos; e SP-088 – Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura, liga Mogi das Cruzes à Rodovia dos Tamoios (SP099). São essas as principais rodovias que poderão absorver o tráfego da obra. Serão ainda utilizadas as estradas vicinais cortadas pelo duto, principalmente para o transporte de materiais e equipamentos ou mesmo do pessoal envolvido nas obras, acarretando um aumento no fluxo de veículos nessas vias. Esse aumento do tráfego poderá causar sobrecarga à estrutura viária existente, de proporções maiores ou menores, em função do grau de utilização dessas rodovias atualmente. Nas rodovias federais e estaduais, que registram hoje um volume de tráfego diário de médio a grande, o crescimento será muito pouco sentido, ou mesmo passará RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 68 ABRIL / 2006 despercebido, enquanto, em pequenas rodovias municipais e vicinais, a sobrecarga será mais acentuada, em função do baixo tráfego atual. Do mesmo modo, as áreas de periferia urbana sentirão menos os impactos relacionados ao aumento de tráfego do que as áreas rurais, onde há menor movimento nas estradas de acesso. Já na fase dos serviços preliminares, as estradas vicinais, a grande maioria com revestimento primário e utilizadas regularmente pela população residente nas comunidades rurais próximas ao Gasoduto, deverão receber as melhorias necessárias, compatíveis para absorver o tráfego previsto. Este impacto deverá ser mais sentido nas estradas que servirão de acesso direto às obras, principalmente as estradas vicinais, de revestimento primário, que vão para fazendas, sítios e bairros rurais. Nas estradas próximas à faixa de servidão do Gasoduto, apesar do pequeno tráfego, o impacto será bastante sensível durante a fase de construção e montagem. Isso poderá alterar o cotidiano normal dos usuários locais por causa do porte dos veículos pesados que deverão por lá circular, com diminuição da velocidade de operação nessas vias, por ser afetada a fluidez do tráfego, devido à poeira em dias secos e aos atoleiros em dias chuvosos. Será um impacto, no entanto, de pequena duração, até o transporte da tubulação, quando o tráfego voltará a ser reduzido nessas vias. Quanto à emissão de material particulado e a geração de ruídos, no processo de implantação, construção e montagem do Gasoduto, não constituem impactos relevantes, por serem restritos aos locais de obras e acontecerem, em sua maior parte, distantes de aglomerados urbanos e rurais. É importante frisar que esses processos, quando ocorrerem, deverão ser temporários e intermitentes. As máquinas e equipamentos a serem empregados nas obras serão suas principais fontes de ruídos, em especial as provenientes das operações de escavações, terraplanagem e soldagem, dentre outras. Os equipamentos para as construções aqui tratadas, do Gasoduto e das estruturas de apoio (canteiros, alojamentos, etc.), incluem um grande número de tipos de máquinas e dispositivos, variando bastante em tamanho, potência e princípios de operação. O impacto desses instrumentos tem maior significância nas frentes de RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 69 ABRIL / 2006 obras localizadas junto a aglomerados urbanos, principalmente nas vizinhanças das cidades, fazendas, sítios e bairros rurais. Os que estiverem próximos a essas intervenções e às áreas dos canteiros de obras poderão sentir mais os efeitos desse impacto. As localidades mais próximas são: bairro do Lajeado (Km 26,12), bairro do Varjão (Km 27,63); bairro Espírito Santo (Km 28,84); bairro do Salto (Km 40,78) e bairro Damião (Km 43,48), no município de Paraibuna; Fazenda Brasil (Km 49,86) e bairro Capivari (Km 51,69), no município de Jambeiro; bairros Santa Cecília, Campos de São José, Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos (Km 63,24 a Km 71,67); bairro Santo Antônio do Iguamerim (Km 74,96), bairro Tijuco Preto (Km 77,79) e bairro Caçapava Velha (Km 87,24), em Caçapava, e bairro Barreiro (Km 92,38), em Taubaté, onde este impacto será sentido tanto pelo pessoal envolvido na obra, quanto pelos que ali habitam, trabalham ou circulam. Já nas frentes de obras mais isoladas, o mesmo impacto atingirá apenas o pessoal envolvido nelas, ou os residentes nas pequenas vilas mais próximas ao traçado. Quanto ao aumento de ruídos decorrente do tráfego adicional de caminhões e carretas, pode-se considerá-lo insignificante, para a estrutura viária a ser utilizada, e de alta significância para as estradas vicinais a serem utilizadas como acesso às frentes de trabalho. As obras aqui consideradas não apresentam atividades com significativo potencial de poluição atmosférica. É, entretanto, previsível, a emissão de materiais particulados, impacto esse circunscrito, basicamente, aos locais das frentes de trabalho e, em menor escala, aos trajetos de materiais, equipamentos e pessoal, por estradas não pavimentadas. Este impacto mostra-se significativo, no entanto, apenas durante as escavações e operações de aterro, quando a mensuração do fator emissão se dará em função do tipo de solo, de seu teor de umidade e da forma de execução. As emissões de poeira provenientes da movimentação de terras são de difícil controle na área circunvizinha às obras, principalmente durante as estações secas. Nessas épocas, espera-se um aumento significativo de particulados no ar, o que incomodará, temporariamente, motoristas e pedestres. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 70 ABRIL / 2006 Durante as operações de soldagem dos tubos, é prevista, ainda, a emissão de fumos metálicos para a atmosfera, impacto de volume bastante reduzido, temporário e restrito às áreas das frentes de obra. Os soldadores estarão momentaneamente expostos aos fumos, mas os seus efeitos negativos serão atenuados com o uso de máscaras protetoras e pelo fato das atividades de soldagem serem realizadas ao ar livre. Medidas Recomendadas • Garantir a implantação de todas as diretrizes do Plano Ambiental para a Construção – PAC, referentes ao aumento do tráfego de veículos, dos ruídos e de poeiras. • Solicitar à empreiteira a preparação de um plano de transportes para as obras, exigência a ser estabelecida e especificada no contrato, obedecendo às prescrições constantes no PAC. • Realizar contatos com o DNIT, os DERs e as Prefeituras Municipais para, em conjunto com o empreendedor, serem definidas as alterações necessárias bem como obtidas as liberações e licenças exigidas. • Planejar o horário de transporte de pessoal, materiais e equipamentos, evitando-se os horários de pico do tráfego e noturnos, para não perturbar o sossego das comunidades próximas. • Implantar sinalização adequada e, no âmbito do Programa de Comunicação Social, fornecer as informações às comunidades a respeito das alterações nas condições de tráfego nos acessos e, principalmente, colocação de placas indicativas sobre o fluxo de pedestres, nos locais onde ele for mais intenso. • Realizar o controle dos níveis dos ruídos a serem emitidos pelos equipamentos utilizados nas obras, notadamente próximo às áreas urbanas, conforme especificado pelos fabricantes e obedecendo às Normas Brasileiras. • Utilizar equipamentos de segurança, como máscaras, botas, protetores de ouvido, luvas, capacetes, etc.: funcionários das obras (EPIs – Equipamentos de Proteção Individual). RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 71 ABRIL / 2006 • Controlar os ruídos a partir do padrão de cada equipamento. • Inspecionar todos os equipamentos utilizados, visando não ultrapassar os ruídos aceitáveis, associados aos tempos de emissão, nos locais das obras e nas áreas externas, conforme legislação em vigor. • Promover manutenção e operação adequada dos equipamentos para evitar descargas excessivas de poluentes atmosféricos. • Incluir, no Programa de Comunicação Social, a divulgação sobre o aumento do tráfego de veículos. (10) Pressão sobre a Infra-Estrutura de Serviços Essenciais As obras para instalação de empreendimentos de grande porte, freqüentemente, fazem-se acompanhar do aumento da demanda por bens e serviços urbanos básicos, sobretudo os equipamentos coletivos. Esse aumento ocorrerá em virtude do incremento da população de trabalhadores, o que dinamizará o Setor Terciário (comércio e serviços) na região do empreendimento. Dentre os serviços mais pressionados, destacam-se os de hospedagem, alimentação e saúde. Especificamente com relação aos serviços de saúde, foi observada, durante a elaboração dos estudos ambientais, através dos dados estatísticos obtidos nas fontes pesquisadas e em informações obtidas na campanha de campo, que a rede de saúde e equipamentos associados são suficientes para atendimento às demandas locais, ao menos as mais simples. São José dos Campos e Caçapava foram citados como referência para atendimentos especializados para a população de Paraibuna e Jambeiro, respectivamente. São José dos Campos reúne 7 de um total de 13 hospitais existentes na AII, embora os outros cinco municípios possuam ao menos uma unidade hospitalar. Caraguatatuba, entretanto, não dispõe de leitos hospitalares em número suficiente, segundo informações recebidas na pesquisa de campo. Estima-se que os trabalhadores envolvidos nas diversas etapas da implantação poderão, eventualmente, sofrer acidentes, inerentes a tais obras. Há também, RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 72 ABRIL / 2006 sempre, a possibilidade da ocorrência de problemas com animais peçonhentos, tudo isso gerando pressões sobre o sistema de saúde nas localidades próximas à obra. Além disso, a possibilidade de contratação de mão-de-obra de outras regiões pode contribuir significativamente para que haja pressões dessa parcela de pessoas contratadas na região sobre esses equipamentos de saúde. Com o afluxo de trabalhadores de fora da região, atraídos pela oferta de trabalho, poderá haver, também, pressão na infra-estrutura habitacional, que deverá, no entanto, ser minimizada com as ações de comunicação e divulgação da quantidade e perfil da mão-de-obra a ser contratada, ou seja, pela priorização da contratação de trabalhadores locais. Medidas Recomendadas • Realizar negociação com o Poder Público local, com vistas a buscar alternativas que reduzam a pressão que a chegada de população trabalhadora à região poderá provocar sobre os serviços essenciais. • Promover esclarecimentos à população quanto à quantidade, ao perfil e à qualificação da mão-de-obra que será contratada para as obras. • Seguir as Diretrizes de Saúde e Segurança nas Obras do Plano Ambiental para a Construção – PAC, com referência à realização de exames de admissão para os trabalhadores da obra, tendo em vista controlar o padrão de saúde dessa população. • Implementar medidas de manutenção da saúde dos trabalhadores e de saneamento nos canteiros e nas frentes de obras, para evitar a propagação de doenças na região. • No âmbito dos Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental, implementar campanhas temáticas educativas, objetivando conscientizar a população da importância das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e dos cuidados a serem tomados como prevenção. • Realizar a instalação de estrutura sanitária adequada nos canteiros de obras, de acordo com as diretrizes do PAC. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 73 ABRIL / 2006 • Adotar medidas em consonância com as normas técnicas previstas na Lei no 6.515/77 e na Portaria no 3.214/78 - Normas de Segurança e Medicina do Trabalho. • Manter as estruturas de primeiros socorros, nas frentes de trabalho e canteiros de obras, e de veículos para remoção e transporte de acidentados. Em casos graves, os pacientes deverão ser removidos para centros mais próximos, que dispuserem de maiores recursos hospitalares, sem que haja sobrecarga na infra-estrutura local. É necessário, no entanto, que seja realizado um estudo de alternativas desses centros, para garantir o atendimento aos trabalhadores. • Efetuar a aplicação do Código de Conduta, com ações de educação em saúde dirigidas à mão-de-obra e à população local. (11) Interferências sobre o Patrimônio Arqueológico Regional O diagnóstico do patrimônio arqueológico e histórico-cultural indicou que a área de inserção do empreendimento apresenta potencial para a ocorrência de remanescentes arqueológicos do período pré-colonial e histórico, caso de sítios arqueológicos e remanescentes arquitetônicos com relevância histórica. Considerando-se o potencial arqueológico indicado e o fato de que a vistoria realizada para a elaboração do diagnóstico não eliminou as possibilidades de identificação de bens arqueológicos e de remanescentes arquitetônicos históricos na Área de Influência Direta do Gasoduto projetado, avalia-se que existe o risco de que o Gasoduto comprometa a integridade dos que forem relevantes, se medidas adequadas não vierem a ser tomadas. Há, portanto, que se impedir a destruição total ou parcial de sítios arqueológicos, como antigos assentamentos, indígenas ou históricos. Os fatores que podem gerar tal impacto estão ligados às obras de implantação do empreendimento, em especial as que implicam serviços de supressão de vegetação, de escavação de vala, de terraplenagem para a instalação das áreas de apoio (canteiros, áreas de empréstimo e bota-fora, áreas para disposição de tubos, alojamento, etc.), e para a abertura de estradas de acesso. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 74 ABRIL / 2006 Trata-se de impacto possível de ser prevenido, através de um Programa de Prospecção Arqueológica intensivo que permita identificar os bens em risco, se existentes, antes que as obras os atinjam, e mitigá-lo por meio de um outro Programa, o de Salvamento Arqueológico que produza conhecimentos sobre os bens e promova a incorporação dos conhecimentos adquiridos à Memória Nacional. O levantamento sistemático e exaustivo do patrimônio arqueológico e histórico, ao longo da faixa de servidão do Gasoduto e de seu entorno imediato, tem como objetivo evitar que o patrimônio arqueológico e histórico eventualmente existente, lá, seja posto em risco com a instalação do Gasoduto projetado. Caso haja algum bem em risco, será necessário proceder-se ao seu resgate, medida essa de médio grau de resolução, porque não evita a perda física do bem; apenas promove sua compensação por produção de conhecimento. Essa medida só será adotada se for comprovada a existência de bens arqueológicos em risco. Medidas Recomendadas Implantação de um Programa de Arqueologia Preventiva, nos termos da Portaria IPHAN 230/2002, dividido em três Programas distintos e correlatos: • Programa de Prospecção Arqueológica intensiva, para verificar se há bens arqueológicos que possam vir a ser danificados pelas obras do Gasoduto; • Programa de Salvamento Arqueológico, se necessário, caso seja identificado algum sítio arqueológico em risco, que permita recolher e analisar dados relativos ao bem a ser afetado, de modo a inserir o conhecimento produzido no contexto etno-histórico regional e local; e • Programa de Educação Patrimonial, nos termos da Portaria IPHAN 230/2002, visando à difusão e à valorização do acervo cultural do País, considerando-se os diferentes segmentos da sociedade nacional. (12) Interferências com o Uso e Ocupação das Terras Este impacto ocorrerá durante as fases de implantação e operação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, restringindo-se à faixa de servidão de 20m e refletindo-se, principalmente, nas áreas com vegetação nativa e de silvicultura. Especificamente, RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 75 ABRIL / 2006 durante as obras, na faixa de 20m, todos os usos sofrerão restrição. Os estudos ambientais realizados na região mostram que na AID existem áreas de pastagem (70%), floresta (16%), silvicultura (12%) e pequenas áreas de culturas de subsistência (feijão, mandioca, milho, hortigranjeiros), distribuídas nas propriedades rurais. É importante destacar que a experiência em projetos semelhantes revelou que nem sempre essas interferências são negativas. Alguns proprietários que estavam descapitalizados, por exemplo, com as indenizações recebidas puderam fazer novos investimentos em suas propriedades. Outros se sentiram prejudicados pela restrição ao uso das terras, muito embora, após a implantação do Gasoduto, as pastagens e culturas de pequeno porte tenham voltado a ser cultivadas normalmente. diretamente Desse dos modo, o procedimentos caráter a positivo serem deste adotados impacto quando do dependerá processo indenizatório e dos interesses dos proprietários. Dentre os usos não permitidos na faixa de servidão, podem ser destacados: o plantio de culturas permanentes ou árvores que tenham raízes profundas (mais de 80cm), construções, utilização de arados ou quaisquer implementos agrícolas de grande porte, que tenham alcance superior a 40cm de profundidade, a partir do chão, e promoção de queimadas e/ou fogueiras. Foi possível verificar, com base nos serviços de campo e do mapeamento feito, no que, ao longo da faixa de 94,1km de extensão por 20m de largura, com exceção do trecho em túnel, cerca de 177,7ha deverão ser utilizados para a implantação do Gasoduto sendo que 81% (143,7ha) das áreas poderão retomar seus usos atuais, ou seja, as áreas de pastagens e as demais áreas com culturas de pequeno porte e corpos d’água, dentre outros usos, com 1,2% (2,1ha), não serão afetadas durante a operação do Gasoduto. Já as áreas com vegetação nativa, silvicultura e área urbana, após o estabelecimento da faixa de servidão, não poderão voltar ao seu uso atual, em função da incompatibilidade com a segurança das instalações do Gasoduto. Ressalta-se que, nas comunidades locais, proprietários e habitantes, bem como autoridades municipais da região, serão informados, com antecedência, sobre a RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 76 ABRIL / 2006 finalidade do Gasoduto, suas características, o itinerário das obras, seu cronograma e as interferências com o uso do solo, plantios e edificações. Deverão, também, ser instruídos quanto à segurança do Gasoduto e aos seus possíveis perigos, quando em operação, e também quanto aos procedimentos a serem adotados em casos de emergência. Medidas Recomendadas • No âmbito do Programa de Comunicação Social, prestar os devidos esclarecimentos a todos os interessados nas obras do Gasoduto. • Negociar com os proprietários, para que a faixa de servidão seja liberada. • Suprimir o mínimo possível da vegetação de porte arbóreo. • Nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), utilizar somente a abertura da faixa necessária para a instalação do Gasoduto. • Implementar o Programa para Estabelecimento da Faixa de Servidão Administrativa e de Indenizações com base em critérios justos e transparentes e que contemple as particularidades de cada propriedade atingida, definindo-se, então, as diretrizes necessárias para as indenizações. (13) Aumento da Disponibilidade de Gás Natural A implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté disponibilizará cerca de 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Essa contribuição visa aumentar a oferta desse produto para vários fins e minimizar os riscos de falta de energia elétrica. Prevê-se um aumento para 12%, até 2010, da participação do gás natural na denominada Matriz Energética Brasileira, composta pelas várias fontes de energia, associadas ao percentual de utilização de cada uma. Essa meta foi estabelecida no Programa Prioritário de Termeletricidade – PPT, que previu a instalação de 54 usinas termelétricas a gás natural, no Brasil, que necessitariam de um suprimento de cerca de 40 milhões de metros cúbicos por dia. Este impacto traz, portanto, conseqüências positivas. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 77 ABRIL / 2006 Medida Recomendada • Divulgar a maior oferta de combustível aos interessados, em especial às indústrias localizadas ao longo do traçado do Gasoduto, através do Programa de Comunicação Social. • Promover campanha permanente, com vistas a sensibilizar a população para o fato de o gás natural ser uma fonte de energia limpa, incentivando o seu uso. Síntese Conclusiva dos Impactos Ambientais Foram identificados 13 impactos ambientais principais que poderão ocorrer na implantação e operação do Gasoduto, dos quais 3 são positivos e 10 são considerados negativos. Dos positivos, todos têm seus efeitos no meio socioeconômico. Tais impactos positivos têm variada importância para a economia local. Um deles, o de Aumento da Disponibilidade de Gás Natural, é muito significativo, com conseqüente reflexo social na melhoria da qualidade de vida e no meio ambiente, já que poderá ser utilizado um combustível menos poluente e poder-se-á dispor de energia elétrica, sem cortes de árvores e sem um considerável aumento da poluição atmosférica. Em relação à duração, 6 impactos têm caráter temporário, ou seja, tendem a cessar após a ação impactante; desses, 4 são reversíveis. Há alterações que podem ser potencializadas ou otimizadas, no caso de alterações positivas, e, em alguns casos, mitigadas ou revertidas quando negativas. De maneira geral, os impactos apresentam grande probabilidade de ocorrer, isto é, representam alterações reais nos componentes ambientais impactados, em relação à situação anterior. Dizem, majoritariamente, respeito a alterações nos componentes socioeconômicos. Das análises apresentadas, pode-se deduzir que, em conjunto, os impactos identificados da implantação do Gasoduto são significativos, sendo que o único que é muito significativo é positivo. A análise de impactos ambientais permite, portanto, que sejam inferidas, resumidamente, as seguintes observações: • dentre os impactos socioeconômicos do projeto do Gasoduto Caraguatauba– Taubaté, há uma certa tendência de os positivos contribuírem para a melhoria RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 78 ABRIL / 2006 da qualidade de vida das populações das Áreas de Influência do empreendimento; • os impactos ambientais negativos que poderão decorrer do projeto não representam uma situação de grave degradação ambiental que fique além da possibilidade de controle, através das medidas mitigadoras recomendadas nestes estudos. RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE- RIMA IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GASODUTO CARAGUATATUBAMITIGADORAS TAUBATÉ 79 ABRIL / 2006 MATRIZ DE IMPACTOS AMBIENTAIS Ação Impactante Significância Importância Magnitude Reversibilidade Duração Temporalidade Forma Natureza DESATIVAÇÃO OPERAÇÃO INSTALAÇÃO PRÉ-INSTALAÇÃO Abrangência Classificação dos Impactos Fases Local de Ocorrência Medidas Mitigadoras (impactos negativos) Medidas Potencializadoras (impactos postivos) IMPACTOS NOS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO · Cada grande travessia deverá ser projetada seguindo as orientações do PAC. · Fazer um levantamento detalhado da seção transversal dos cursos d’água nas travessias principais, caracterizando as condições locais de estabilidade do leito e das margens. · Executar o assentamento do duto, nas travessias de cursos d´água, preferencialmente durante o período de estiagem de chuvas. · Deverão ser feitas drenagem de estradas de acesso e cortes das áreas terraplenadas. Esse impacto deverá ser sentido nas travessias identificadas como de maior porte: rio Salto; rio Paraíba do Sul; e · Todos os taludes de cortes e/ou aterros terão que ser devidamente drenados, preservando-se o terreno contra a Capivari. As duas últimas estão localizadas no remanso do reservatório de Santa Branca e possuem cerca de 180 erosão, com revegetação das área com solo exposto. metros de extensão. Outra questão relevante é que 46 travessias serão executadas em corpos hídricos da bacia do · Qualquer serviço de terraplenagem deverá ser planejado para evitar processos erosivos e risco de carreamento rio Paraíba do Sul enquadrados como classe 1, incluindo a represa de Santa Branca. As águas de classe 1 são de sólidos para os leitos dos rios ou talvegues receptores. destinadas a usos mais nobres e sua qualidade deve ser ainda mais protegida. · Na execução de qualquer obra em APP deverá ser garantido o escoamento normal do curso d’água. · Implantar o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Execução das terraplenagens ou movimentações de terra, necessárias para a melhoria/abertura dos acessos e instalação da faixa de servidão e alteração das drenagens superficiais dos terrenos atravessados. 1 Alteração drenagem da rede de NEG DIR LOC CP TEM REV PEQ MED PS · Evitar, sempre que possível, áreas classificadas como de alta limitação, sob o ponto de vista construtivo. · Definir as obras especiais nos trechos indicados de maior fragilidade, no que se refere à suscetibilidade à erosão. · Executar drenagem na faixa, a fim de assegurar o bom escoamento das águas. · Executar revestimento vegetal das rampas sujeitas à erosão. · Evitar, sempre que possível, obras no período de chuvas nas áreas sujeitas à erosão. Dos trechos considerados como sensíveis, com suscetibilidade à erosão forte a extremamente forte, destacam-se · Usar sempre equipamentos leves ou mesmo de operação manual nas áreas mais críticas. os que ocorrem do Km 2,2 ao Km 13,5; do Km 20,2 ao Km 28,7; do Km 31,0 ao Km 34,0; do Km 34,1 ao Km 38,8 e · Instalar bermas transversais à faixa para reduzir o escoamento superficial das águas pluviais, diminuindo, assim, do Km 40,8 ao Km 51,0. Em parte do primeiro trecho ( Km 2,2 ao Km 8,2), deverá ser construído um túnel (do Km a intensidade da erosão superficial. 2,9 ao Km 8,1) e, dessa forma, nesse trecho, não haverá impacto decorrente de processos erosivos. . Executar os serviços associados a áreas de empréstimo e bota-foras de forma adequada, para não incrementar o transporte sólido e o assoreamento dos cursos d´água. . Implantar Projeto de Gerenciamento de Resíduos. Supressão de vegetação provocando erosão e instabilização de encostas. Execução, de forma inadequada, de áreas de empréstimo e bota-foras. 2 Início e/ou aceleração de Processos Erosivos, Transporte Sólido e Assoreamento NEG DIR LOC CP CIC REV MED MED S · Análise atualizada e detalhada dos processos de concessão das áreas que sofrem interferência direta com o traçado do Gasoduto no DNPM. · Avaliação do potencial mineral a ser afetado. Na AID, foram identificadas 16 áreas de Titularidade Minerária. Destas, apenas o processo 1995820597, referente a · Localização da jazida da substância mineral de interesse dentro da área requerida. Concessão de Lavra de areia, de Soares Penido Participações e Empreendimentos S.A, com 50,00ha, em · Desvio, se necessário, durante a fase de elaboração do traçado final visando evitar incompatibilidade entre Caraguatatuba, interfere diretamente com o traçado do futuro Gasoduto, pois tem parte de seu polígono sobreposto implantação e operação do empreendimento e a exploração das jazidas das substâncias minerais de valor econômico significativo. à AID do futuro empreendimento. · O empreendedor deverá providenciar o cadastramento da AID do Gasoduto no DNPM. Inviabilização de atividade minerária por conflito de usos na faixa de servidão. 3 4 Interferência com Áreas de Autorizações e Concessões Minerarias Alteração nos remanescentes florestais NEG NEG DIR DIR LOC LOC CP CP PER PER IRR IRR PEQ MED PEQ GDE PS MS Mudança nas composições de espécies, a variação das densidade de indivíduos da fauna e da flora, a perda de estratificação da floresta, a taxa de descontinuidade dos dosséis, o índice de desaparecimento de formas de vida e grupos funcionais, etc. Este impacto impacto deverá deverá ser ser sentido sentido nos nos conjuntos conjuntos de de remanescentes remanescentes florestais florestais (Floresta (Floresta Ombrófila Ombrófila Densa Densa de de Terras Terras Este Baixas), proximidades do 2 e e 33 no no início início do do Gasoduto; Gasoduto; nos nos remanescentes remanescentes Baixas), nas nas proximidades do emboque emboque do do túnel, túnel, entre entre os os Km Km 2 florestais contínuos ao PESM, em bom estado de conservação (Floresta Ombrófila Densa Montana), localizados entre florestais contínuos ao PESM, em bom estado de conservação (Floresta Ombrófila Densa Montana), localizados os Kmos 9 Km e 129do Gasoduto; no conjunto de fragmentos de mata, aos Kmaos 20 Km e 2320(Floresta Ombrófila Densa entre e 12 do Gasoduto; no conjunto de fragmentos de próximos mata, próximos e 23 (Floresta Ombrófila Montana) e, em menor no fragmento misto com eucalipto, entre os entre Km 56ose Km 61 do Densa Montana) e, emgravidade, menor gravidade, no fragmento misto com eucalipto, 56Gasoduto. e 61 do Gasoduto. Supressão de vegetação, alteração microclimática, fragmentação de áreas contínuas de floresta. 5 Pressão sobre a biota (fauna e flora) NEG DIR LOC MP PER IRR MED GDE MS Este impacto deverá ser sentido nos conjuntos de remanescentes florestais (Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas), nas proximidades do emboque do túnel, entre os Km 2 e 3 no início do Gasoduto; nos remanescentes florestais contínuos ao PESM, em bom estado de conservação (Floresta Ombrófila Densa Montana), localizados entre os Km 9 e 12 do Gasoduto; no conjunto de fragmentos de mata, próximos aos Km 20 e 23 (Floresta Ombrófila Densa Montana) e, em menor gravidade, no fragmento misto com eucalipto, entre os Km 56 e 61 do Gasoduto. • Por ser um impacto permanente, na fase de micro-localização do traçado do Gasoduto, deverá ser executado o ajuste, buscando-se atravessar as menores extensões das áreas ocupadas pela vegetação nativa. • A utilização dos acessos já existentes deverá ser priorizada, e a abertura de outros acessos deverá ser feita em áreas já impactadas. Sempre que possível, deverá ser priorizada a própria diretriz do traçado como acesso. • A execução de procedimentos que garantam a minimização desse impacto ambiental está condicionada à implementação de ferramentas de acompanhamento e medição, traduzidas na forma de Programas Ambientais, mais especificamente nos Programas de Supressão de Vegetação, Resgate de Germoplasma, e de Monitoramento da Fauna e da Flora. • Construção de cercas vivas para a proteção das bordas, barreiras para o vento e luminosidade. • Desenvolver mecanismo de proteção, sobretudo nas áreas remanescentes mais significativas para a ocorrência de relevantes impactos, como um plano de fiscalização permanente, em sintonia com as instituições responsáveis, e com parcerias com proprietários. • Estabelecer corredores ecológicos entre os fragmentos atravessados e áreas florestadas adjacentes. • Planejar a conservação de áreas próximas, revertendo o mecanismo de degradação ambiental. • Executar as obras de travessias de corpos d'água de acordo com as recomendações do PAC. • Essas ações devem ser orientadas através da implementação de ferramentas de acompanhamento e medição, traduzidas na forma de Programas Ambientais, mais especificamente nos Programas de Supressão de Vegetação e de Monitoramento da Fauna e da Flora. Legenda: POS - positivo; NEG - negativo; DIR - direto; IND - indireto; LOC - local; REG - regional; EST - estratégico; CP - curto prazo; MP - médio prazo; LP - longo prazo; PER - permanente; TEM - temporário; CIC - cíclico; REV - reversível; IRR - irreversível; GDE - grande; MED - médio; PEQ - pequeno; PS - pouco significativo; S - significativo; MS - muito significativo. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBA-TAUBATÉ 80 ABRIL/2006 RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA MATRIZ DE IMPACTOS AMBIENTAIS Ação Impactante Significância Importância Magnitude Reversibilidade Duração Temporalidade Forma Natureza DESATIVAÇÃO OPERAÇÃO INSTALAÇÃO PRÉ-INSTALAÇÃO Abrangência Classificação dos Impactos Fases Local de Ocorrência Medidas Mitigadoras (impactos negativos) Medidas Potencializadoras (impactos postivos) IMPACTOS NO MEIO ANTRÓPICO Aumento da circulação de pessoas e monetária e da arrecadação municipal de impostos e taxas em função da demanda por bens e serviços. 6 7 Dinamização local da economia Aumento da Oferta de Postos de Trabalho POS POS DIR DIR LOC REG CP CP TEM TEM IRR IRR MED MED PEQ MED PS S Dentre as localidades que poderão sentir os efeitos dessa dinamização, estão: Bairro Espírito Santo (Km 28,84), Bairro do Salto (Km 40,78) e Bairro Damião (Km 43,48), no município de Paraibuna; bairros Campos de São José, Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos (Km 63,92 a Km 71,67); Bairro Caçapava Velha (Km 87,24), em Caçapava, e bairro Barreiro (km 92,38), em Taubaté. - Priorizar a contratação de mão-de-obra local ou dos municípios circunvizinhos ao empreendimento. Dever-seá, também, dar preferência ao uso dos serviços, comércio e insumos locais. Geração de postos de trabalho diretos e indiretos em função do aumento da procura por serviços de alimentação, - Priorizar a mão-de-obra que vive nas comunidades próximas à região atravessada pelo empreendimento. hospedagens e gerais. Este impacto deverá ser sentido nos seguintes locais: bairro rural do Cedro (está fora da AID, mas faz parte do seu - Implantar os Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental. acesso pela SP-088) e bairro Espírito Santo, ambos em Paraibuna; bairros Campos de São José, Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos; bairro Caçapava Velha, em Caçapava; as sedes municipais de Caraguatatuba, Paraibuna. - Implantar Programa de Comunicação Social. - Divulgar previamente, através de contato direto, todas as ações previstas na implantação do Gasoduto. - Divulgar o Código de Conduta da população trabalhadora, tendo em vista manter sua convivência social com a Caso sejam escolhidos os municípios de Caraguatatuba e São José dos Campos, para a instalação dos canteiros população local. principais, e Paraibuna e Taubaté, para os secundários, esses deverão ser os locais onde este impacto será - Realizar campanhas temáticas centradas na convivência positiva entre trabalhadores e comunidades locais. sentido. - Disponibilizar um canal de contato direto com o empreendedor, através do telefone 0800. Criação de frentes de obras e instalação de canteiros fixos (principais) e móveis (auxiliares). 8 Interferência no cotidiano da população local NEG DIR LOC CP TEM REV MED MED S Sobrecarga à estrutura viária, incluindo os acessos para execução das obras. 9 10 Aumento do Tráfego de Veículos, de Ruídos e de Poeiras Pressão sobre estrutura de essenciais a infraserviços NEG DIR LOC CP TEM REV MED MED S As cidades, fazendas, sítios, e bairros rurais que estiverem próximos a essas intervenções e nas áreas próximas aos canteiros de obras poderão sentir mais os efeitos desse impacto, tais como: Bairro do Lajeado (km 26,12), Bairro do Varjão (km 27,63); Bairro Espírito Santo (km 28,84); Bairro do Salto (km 40,78) e Bairro Damião (km 43,48), no município de Paraibuna; Fazenda Brasil (km 49,86) e Bairro Capivari (km 51,69), no município de Jambeiro; bairros Santa Cecília, Campos de São José, Nova Esperança, Boa Esperança, Bom Retiro, Santa Lúcia, Portal do Céu e Capão Grosso, em São José dos Campos (km 63,24 a km 71,67); Bairro Santo Antônio do Iguamerim (km 74,96) e Bairro Tijuco Preto (km 77,79) e Bairro Caçapava Velha (km 87,24), em Caçapava, e Bairro Barreiro (km 92,38), em Taubaté. - Garantir, de um modo geral, a implantação de todas as diretrizes do PAC. - Preparação, pela empreiteira, de um plano de transportes para as obras, exigência a ser estabelecida e especificada no contrato, obedecendo às prescrições constantes no PAC. - Planejamento para transporte de materiais e equipamentos, evitando-se horários de pico e noturno nas autoestradas. - Contatos com o DNIT, os DERs e as Prefeituras Municipais para, em conjunto com o empreendedor, serem definidas as alterações necessárias, bem como obtidas as liberações exigidas. - Controle dos níveis dos ruídos a serem emitidos pelos equipamentos utilizados nas obras, conforme especificado pelos fabricantes e obedecendo às Normas Brasileiras. - Manutenção e operação adequada dos equipamentos para evitar descragas excessivas de poluentes atmosféricos. - Implantar o Programa de Comunicação social. - Implantação de uma infra-estrutura de atendimento à população trabalhadora. - Seguir as Diretrizes para o Programa de Saúde e Segurança nas Obras.. - Implementar campanhas temáticas educativas objetivando conscientizar a população para a importância das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e os cuidados a serem tomados como prevenção . - Manutenção de estruturas de primeiros socorros, nas frentes de trabalho e canteiros de obras, e de veículos para Este impacto deverá ocorrer principalmente nas sedes municipais que integram a Área de Influência Indireta do remoção e transporte de acidentados. Empreendimento, principalmente nos municípios de Caraguatatuba, São José dos Campos e Caçapava. - Aplicação do Código de Conduta, com ações de educação em saúde dirigidas à mão-de-obra e à população local. Incremento da população de trabalhadores, provocando pressão principalmente nos serviços de hospedagem, alimentação e saúde. NEG DIR LOC CP TEM REV MED MED S Implantação de um Programa de Arqueologia Preventiva, dividido em três Sub-programas distintos e correlatos, a saber: • Sub-programa de Prospecção Arqueológica Intensiva, para verificar se ocorrem bens arqueológicos que possam vir a ser danificados pelas obras do gasoduto. Há duas áreas de ocorrências arqueológicas, com vestígios resultantes de atividades ou ocupações humanas • Sub-programa de Salvamento Arqueológico, caso seja identificado algum sítio arqueológico em risco, que pretéritas, potenciais para sofrerem este impacto. Das ocorrências verificadas, uma apresenta potencial para a permita recolher e analisar dados relativos ao bem a ser destruído, de modo a inserir o conhecimento produzido descoberta de sítio arqueológico mais significativo, possivelmente indígena (Ribeirão do Cedro, no município de no contexto etno-histórico regional e local. Paraibuna). • Sub-programa de Educação Patrimonial, nos termos da Portaria IPHAN 230/2002, visando a difusão e a valorização do acervo cultural do país considerando-se os diferentes segmentos da sociedade nacional. Limpeza dos terrenos, movimentação de maquinário e do pessoal da obra e abertura de acessos e das valas. 11 Interferência Patrimônio regional sobre o Arqueológico NEG DIR LOC CP PER IRR GDE MED MS Proibição, na faixa de servidão, do plantio de culturas permanentes ou árvores que tenham raízes profundas, de construções, da utilização de máquinas de grande porte, de queimadas e/ou fogueiras. 12 Interferência com o Uso e a Ocupação das Terras NEG DIR LOC CP TEM/ PER REV/ IRR MED MED S Em toda a extensão do Gasoduto, de forma diferenciada, de acordo com o uso das terras. Disponibilização de até 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. 13 Aumento da disponibilidade de gás natural POS DIR EST LP PER IRR MED GDE MS Região Sudeste, interligado a rede dutoviária do Sudeste com o Nordeste. - Indenização da produção renunciada, temporariamente, durante as obras. - Elaboração de um cronograma de implantação adequado, de maneira a que as obras não coincidam com as fases de desenvolvimento e colheita. - Implementar o Programa para Estabelecimento da Faixa de Servidão Administrativa e de Indenizações, baseado em critérios justos e transparentes . - Divulgação da maior oferta de combustível aos interessados, em especial às indústrias regional e nacional. - Promover campanha permanente, com vistas a sensibilizar a população para o fato de o gás natural ser uma fonte de energia limpa, incentivando o seu uso. Legenda: POS - positivo; NEG - negativo; DIR - direto; IND - indireto; LOC - local; REG - regional; EST - estratégico; CP - curto prazo; MP - médio prazo; LP - longo prazo; PER - permanente; TEM - temporário; CIC - cíclico; REV - reversível; IRR - irreversível; GDE - grande; MED - médio; PEQ - pequeno; PS - pouco significativo; S - significativo; MS - muito significativo. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 81 GASODUTO CARAGUATATUBA-TAUBATÉ ABRIL/2006 PROGRAMAS AMBIENTAIS A avaliação dos impactos ambientais decorrentes do processo de implantação, construção e operação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté indicou a necessidade de se elaborarem programas que, uma vez executados, deverão possibilitar a adequada inserção do empreendimento à região. Além disso, esses programas deverão contribuir para a manutenção da qualidade ambiental da região. Para o acompanhamento da implantação dos programas propostos, foi definida uma estrutura de Gestão Ambiental, que deverá ser implementada quando da obtenção da Licença de Instalação (LI) e que terá o apoio do Programa de Comunicação Social, que vigorará durante todas as fases da obra, estabelecendo um fluxo de informações sobre o empreendimento e a implantação dos outros programas. A estrutura organizacional proposta para o Sistema de Gestão Ambiental é apresentada na folha a seguir. Os diversos Programas Ambientais estão divididos em três conjuntos: • Programas de Apoio e Liberação da Faixa de Domínio; • Programas de Supervisão e Controle das Obras; • Programas de Monitoramento do Empreendimento. Como apoio a vários desses Programas, foi concebido, além do Programa de Comunicação Social, o de Educação Ambiental. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 82 ABRIL/2006 Sistema de Gestão Ambiental Programa de Comunicação Social Programas de Apoio e Liberação da Faixa de Servidão • Programa de Prospecção Arqueológica • Programa de Educação Patrimonial • Programa para o Estabelecimento da Faixa de Servidão Administrativa e de Indenizações • Programa de Supressão de Vegetação • Programa de Salvamento de Germoplasma • Programa de Gestão das Interferências com as Atividades de Mineração RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA Programa de Educação Ambiental Programas de Supervisão e Controle das Obras • Programas de Controle de Processos Erosivos • Programa de Recuperação de Áreas Degradadas • Plano Ambiental para a Construção – PAC Programas de Monitoramento do Empreendimento • Plano de Gerenciamento de Riscos / Plano de Ação de Emergências • Programa de Monitoramento da Fauna e da Flora • Projeto de Gerenciamento de Resíduos PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 83 ABRIL/2006 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL O objetivo geral do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é dotar o empreendimento de mecanismos eficientes que garantam a execução e o controle das ações planejadas nos programas ambientais e a adequada condução ambiental das obras, no que se refere aos procedimentos ambientais, mantendo-se um elevado padrão de qualidade na sua implantação e operação. Este Sistema deverá: • definir diretrizes gerais, visando estabelecer a base ambiental para a contratação das obras e dos serviços relativos aos programas; • ampliar procedimentos e instrumentos técnico-gerenciais, para viabilizar a implementação das ações propostas nos programas ambientais, nas diversas fases do empreendimento; • estabelecer mecanismos de Supervisão Ambiental das obras; • proceder ao de acompanhamento, por profissionais especializados, dos Programas Ambientais. Para cumprir esses objetivos, propõe-se a criação de uma estrutura gerencial composta por dois grupos de especialistas, sendo o primeiro responsável pela supervisão ambiental das obras e o segundo, pelo acompanhamento dos planos e programas ambientais não vinculados diretamente às obras. Essa estrutura deverá garantir que as ações socioambientais sejam executadas. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL No âmbito geral, este Programa, seguindo os procedimentos gerais do Plano de Comunicação Social da PETROBRAS — que visam à gestão dos processos de informação, educação e comunicação, com a força de trabalho (empregados e empresas contratadas) e comunidades localizadas nas Áreas de Influência —, pretende difundir e monitorar adequadamente as informações sobre o Gasoduto, de forma contínua, eliminando boatos e eventuais distorções de notícias que poderiam gerar expectativas negativas entre os diversos segmentos de público envolvidos. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 84 ABRIL/2006 Nesse sentido, objetiva-se informar e orientar todos os interessados nas Áreas de Influência do empreendimento sobre as diferentes etapas de implantação e seus impactos sociais, prestando à coletividade um serviço essencial, sem jamais perder de vista o respeito, a atenção e o direito à informação que deve ser garantido a todo cidadão. Este Programa visa: • conhecer a população dos municípios atingidos, no que diz respeito aos aspectos culturais, sociais e econômicos locais e regionais; • criar e manter canais de comunicação e uma relação de diálogo entre o empreendedor e a população das Áreas de Influência do Gasoduto; • informar, através dos meios apropriados e em linguagem adequada, acessível, clara e precisa, as fases e características do empreendimento; • divulgar objetivos, ações, etapas e resultados dos projetos ambientais a serem realizados pelo empreendedor; • promover a importância estratégica do Gasoduto, como uma iniciativa voltada para o bem público e de utilidade local, regional e nacional, em função do variado uso a ser promovido com o gás natural; • contribuir para conscientizar a população local dos riscos reais das obras, assim como instruí-las sobre as regras de segurança, destacando ainda o Código de Conduta do Trabalhador, os cuidados com a preservação da faixa de servidão e das Unidades de Conservação existentes; • prevenir possíveis transtornos e conflitos decorrentes da circulação intensa do contingente de trabalhadores empregados na obra, visando, dentre outros aspectos, à ordem, ao respeito à população e à conservação do meio ambiente. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Constitui-se como objetivo geral deste Programa desenvolver a prática da Educação Ambiental nas Áreas de Influência do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté. O Programa se destina a difundir entre as populações locais novos conhecimentos e RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 85 ABRIL/2006 hábitos sustentáveis, ou seja, de conservação permanente do meio ambiente, de acordo com suas atividades produtivas e com a região onde elas vivem. A divulgação de noções fundamentais de Educação Ambiental, principalmente através de professores e agentes multiplicadores, trará, a longo prazo, alterações nos usos dos recursos naturais, a serem feitos de forma não-destrutiva, revertendose em benefícios socioambientais para as comunidades locais, em especial. PROGRAMAS DE APOIO À LIBERAÇÃO DA FAIXA DE SERVIDÃO Programa de Prospecção Arqueológica Considerando a necessidade de proteção possibilidade de ocorrência de sítios na do Patrimônio Área de Arqueológico Influência Direta e a do empreendimento, há necessidade de se efetuarem prospecções sistemáticas, de modo a evitar que o empreendimento concorra para a destruição da memória regional. Está prevista a realização de pesquisa arqueológica, nos termos da legislação em vigor, nos seis municípios atravessados pelo GASTAU. É importante destacar que os sítios arqueológicos que, porventura, venham a ser identificados durante a abertura da faixa de servidão e que apresentarem alta a média visibilidade poderão requerer desvios no traçado, se isso for viável. Considera-se como objetivo geral do Programa garantir a proteção ao Patrimônio Cultural, Histórico e Arqueológico na Área de Influência Direta do empreendimento, em consonância com a política ambiental brasileira. Se vier a ser necessário algum resgate, deverá ser concebido um Programa de Salvamento Arqueológico. Os objetivos específicos que norteiam este Programa são: • evitar interferências do empreendimento com o Patrimônio Arqueológico; • atender à legislação vigente sobre a proteção e o salvamento de sítios, com aplicação da metodologia adequada a esse processo; RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 86 ABRIL/2006 • resgatar e registrar adequadamente o máximo de informações sobre os sítios arqueológicos que forem identificados; Programa de Educação Patrimonial Os bens culturais são os elementos definidores das identidades sociais de uma população. Portanto, descaracterizar tais bens constitui um grande impacto sociocultural, e a única maneira de prevenir ou reverter esse processo consiste em fomentar sua valorização. O Programa de Educação Patrimonial atende a exigências do IPHAN e será apresentado a esse órgão, juntamente com o Programa de Prospecção, e, se for o caso, com o Programa de Salvamento Arqueológico, se este último vier a ser realmente necessário. Os objetivos gerais são desenvolver iniciativas locais e regionais de promoção e defesa dos bens arqueológicos regionais e incentivar a formação de agentes locais de preservação do Patrimônio Arqueológico regional. Os objetivos específicos se resumem a: • informar aos profissionais direta ou indiretamente ligados ao empreendimento as especificidades da pesquisa arqueológica e das implicações jurídico-legais de qualquer tipo de dano ao patrimônio arqueológico nacional; • sensibilizá-los sobre a importância de preservar os bens arqueológicos regionais e incentivá-los a atuar como parceiros na identificação e defesa desse material; • esclarecer às comunidades de alguma maneira envolvidas no Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté o significado dos bens arqueológicos regionais. Programa para Estabelecimento da Faixa de Servidão Administrativa e de Indenizações Para a implantação do empreendimento, torna-se necessária a liberação de áreas de terras, de maneira a permitir a execução das obras, nas quais adquirem destaque especial os trabalhos de levantamento e avaliação de imóveis, para instituir a faixa de servidão. O empreendedor fará o levantamento e esclarecerá ao RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 87 ABRIL/2006 proprietário as condições do estabelecimento da servidão administrativa e de indenização. Este Programa tem como objetivo principal executar todas as atividades necessárias à liberação das áreas para a implantação do empreendimento, privilegiando mecanismos de negociação, com base em critérios de avaliação justos para as indenizações da população e atividades econômicas e governamentais afetadas. Este Programa deverá envolver: • os proprietários das terras; • os arrendatários, parceiros, meeiros, agregados, posseiros e outros, detentores dos bens a serem afetados, visando ao ressarcimento financeiro pelas perdas; • as Prefeituras Municipais, órgãos administradores de bens públicos ou privados sob concessão, tais como rodovias, ferrovias, linhas de transmissão de energia elétrica, dentre outros, visando obter a autorização de cruzamento pela infraestrutura sob domínio/administração do respectivo órgão. Programa de Supressão de Vegetação A execução deste Programa se justifica para atender à legislação vigente, que dispõe que, para a supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente, é necessária prévia autorização do Poder Executivo Federal para as obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, o que é o caso do empreendimento em questão. No entanto, ainda que autorizado, o desmatamento deverá ser objeto de mitigação sempre que possível e, quando não puder ser minimizado ou corrigido, deverá ser compensado através de programa ambiental. São objetivos do Programa de Supressão de Vegetação: • realizar o levantamento das áreas de vegetação nativa, passíveis de supressão em função das atividades de instalação do Gasoduto; • definir as áreas de supressão total (faixa de serviço), como subsídio para a obtenção da Autorização para Supressão de Vegetação Nativa; • identificar a ocorrência de espécies protegidas de corte e propor medidas para sua preservação, quando possível; RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 88 ABRIL/2006 • obter as Autorizações para Supressão de Vegetação Nativa; • minimizar a procedimentos supressão de ambientais, a vegetação serem através adotados do estabelecimento durante as atividades de de instalação e através da adoção de medidas de controle e monitoramento eficientes; • quantificar a vegetação efetivamente suprimida, visando ao controle do material lenhoso, oriundo das atividades de supressão licenciadas para a instalação do Gasoduto; • atender aos critérios de segurança para a instalação e operação do Gasoduto; • atender à Legislação Ambiental em geral. Programa de Salvamento de Germoplasma Germoplasma é o material que constitui a base física da herança genética, que é transmitida de uma geração para outra. Significa a matéria onde se encontra um princípio que pode crescer e desenvolver-se, definindo-se, ainda, como a soma total dos materiais hereditários de uma espécie. Dessa maneira, o salvamento dessa base física garante a integridade genética das espécies componentes do ambiente que será perturbado. Assim, há necessidade de se resguardar material de espécies típicas de plantas da região do empreendimento, principalmente das espécies da flora que estejam ameaçadas e/ou protegidas por lei, formando, ainda, um “banco de germoplasma” para usos futuros. Esse banco poderá ser utilizado para a recuperação das áreas impactadas pela implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, através da produção de mudas e salvamento de epífitas. O principal objetivo deste Programa é garantir a integridade genética da área de mata afetada pela supressão da vegetação, particularmente, espécies da flora endêmica, típicas da região, ameaçadas e protegidas por lei. Especificamente, serão definidos critérios para determinar os grupos vegetais objeto do resgate, identificando e classificando as espécies desses grupos existentes na área, considerando a resistência de cada uma ao processo de realocação. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 89 ABRIL/2006 Programa de Gestão das Interferências com as Atividades de Mineração Há interferências do traçado do Gasoduto com áreas correspondentes a processos minerários requeridos no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, órgão do Ministério das Minas e Energia, responsável pela gestão dos recursos minerais do País. As interferências poderão, ainda, ocorrer nas áreas com processos de concessão em andamento em toda a Área de Influência Direta do empreendimento, que poderão impor restrições às futuras operações nas áreas requeridas e interceptadas pelas obras. Este Programa visa solucionar as possíveis interferências ou impactos negativos resultantes da construção e operação do Gasoduto sobre as áreas de exploração mineral requeridas, em diferentes estágios de licenciamento. Tais impactos estão ligados a eventuais restrições ou impedimentos operacionais que dificultem ou impeçam o prosseguimento da atividade exploratória, ou provoquem limitações na definição do real potencial mineral da área requerida. Dessa forma, procurar-se-á estabelecer estratégias para 0 tratamento dos impactos, estabelecendo acordos com os detentores do direito minerário, satisfatórios para ambas as partes, de modo a ressarcir eventuais perdas de receita e, assim, liberar as faixas de implantação do empreendimento, sem que restem pendências judiciais. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 90 ABRIL/2006 PROGRAMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE DAS OBRAS Programa de Controle de Processos Erosivos Nas áreas com elevada suscetibilidade à erosão, quando ocorrerem alterações no ambiente natural e/ou preexistente para o estabelecimento de áreas de estocagem, formação de taludes e abertura de novos acessos e das valas para o enterramento do duto, será necessário adotar medidas preventivas e corretivas para evitar o início e/ou a aceleração de processos erosivos e para preservar de possíveis acidentes as instalações existentes na região e o próprio empreendimento. O objetivo principal deste Programa é localizar as áreas de maior fragilidade, ao longo do traçado proposto, sugerindo pequenas alterações na localização do empreendimento, caso sejam necessárias, e propondo medidas de prevenção e monitoramento para as obras e para a fase de operação. Há necessidade, ainda, de serem identificados os principais processos deflagradores de erosão e a interferência que as estradas de acesso e o tráfego associado, ao longo delas e na faixa, poderá causar. Este Programa deverá ter uma relação direta com o Plano Ambiental para a Construção (PAC) e com o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), considerando as diretrizes e as técnicas básicas recomendadas para serem empregadas durante a fase de construção e montagem do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté. Programa de Recuperação de Áreas Degradadas A recomposição de áreas degradadas pós-obras é necessária e de fundamental importância para o meio ambiente, pois evita que sejam instaurados ou acelerados processos erosivos em curso, além de possibilitar a retomada do uso original ou alternativo das áreas que sofrerem intervenções diretas decorrentes da implantação do Gasoduto. A recomposição dessas áreas, ou mesmo daquelas que não sejam resultado dessas intervenções, mas que possam vir a afetar a faixa de servidão, é de extrema importância para a segurança do Gasoduto após a sua inserção. Procedimentos ambientais específicos deverão ser incorporados às atividades RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 91 ABRIL/2006 convencionais de construção, com vistas à implantação de canteiros, estradas de acesso, áreas de empréstimo e bota-fora, para que todas essas áreas sejam recuperadas e recompostas, retornando o mais próximo possível à sua condição original. O principal objetivo deste Programa será, portanto, a recuperação de áreas degradadas pelas obras do Gasoduto, através de procedimentos que visarão atenuar os impactos sobre a paisagem. Plano Ambiental para a Construção O Plano Ambiental para a Construção – PAC do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté tem por objetivo apresentar as diretrizes e orientações a serem seguidas pelo empreendedor e suas contratadas durante as fases de implantação das obras que compõem o empreendimento. O PAC apresenta os cuidados a tomar, com vistas à preservação da qualidade ambiental dos meios físico e biótico das áreas que vão sofrer intervenção e à minimização dos impactos sobre as comunidades vizinhas e os trabalhadores. O PAC inclui, em seu escopo, o “Código de Conduta dos Trabalhadores” e as “Diretrizes para o Programa de Saúde e Segurança nas Obras”. Programa de Gerenciamento de Resíduos O Programa de Gerenciamento de Resíduos constitui-se em um conjunto de recomendações com o objetivo de assegurar que a menor quantidade possível de resíduos seja gerada durante a construção do Gasoduto e que esses resíduos sejam adequadamente coletados, estocados e dispostos de forma a deles não resultarem emissões de gases, líquidos ou sólidos que representem impactos significativos sobre o meio ambiente. Tais procedimentos e diretrizes deverão estar incorporados às atividades desenvolvidas, diariamente, pelas empreiteiras que construírem o empreendimento, desde o início das obras. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 92 ABRIL/2006 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO DO EMPREENDIMENTO Programa de Gerenciamento de Risco / Plano de Ação de Emergência O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) tem caráter preventivo, devendo ser implantado para que se evitem problemas durante a construção e operação do duto. Quando isso não for possível, deverá ser acionado, de forma corretiva, o Plano de Ação de Emergência (PAE). O Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR), a ser desenvolvido pela empreiteira, terá por objetivo básico a execução de ações que minimizem ou evitem acidentes durante as obras. Para a fase de operação, o PGR deverá proceder à prevenção de acidentes, através das adequadas manutenção e inspeção do empreendimento, promovendo, para tal, treinamentos e auditorias periodicamente. O Plano de Ação de Emergência – PAE, a ser implementado, terá como finalidade estabelecer procedimentos técnicos e administrativos a serem adotados em situações de dificuldades que eventualmente venham a ocorrer, resultando em atuações rápidas e eficazes, visando preservar a vida humana bem como a segurança das comunidades circunvizinhas. Os objetivos específicos desse Plano, tanto na fase de construção quanto na de operação, são: • estabelecer uma sistemática de promoção e de ações para o combate a eventuais emergências, de modo que sejam rapidamente adotadas as providências, através da utilização de matrizes de ação necessárias à minimização das conseqüências geradas pela ocorrência; • estabelecer responsabilidades e rotinas de desencadeamento de ações necessárias para o pronto atendimento emergencial, identificando antecipadamente a disponibilidade de recursos humanos e materiais, meios de comunicação e órgãos externos que possam contribuir para o PAE; • criar uma rotina de ações que devam ser ordenadamente aplicadas para atendimento a emergências, de maneira clara, objetiva e direcionada. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 93 ABRIL/2006 Programa de Monitoramento da Fauna e da Flora Este Programa justifica-se como uma estratégia para minimização dos impactos sobre o meio biótico — alteração nos remanescentes florestais” e “pressão sobre a biota (fauna e flora)”. Inicialmente, busca-se estabelecer um quadro do atual estado de conservação dos diferentes fragmentos florestais atravessados pelo empreendimento e de suas comunidades faunísticas. A seguir, procura-se identificar áreas ambientalmente sensíveis, onde os impactos seriam mais relevantes, traduzindo-se em alvos para implementação de medidas de proteção e controle ambiental. Para a execução deste Programa, são definidos grupos que podem indicar, em função da existência de espécies da fauna, a qualidade ambiental de uma região e suas alterações ao longo do tempo. Esses grupos são denominados “bioindicadores”. Em geral, seleciona-se o grupo de aves, por ser o mais facilmente identificável. Por outro lado, o monitoramento da flora será desenvolvido através de estimativas das taxas de mortalidade dos indivíduos arbóreos, pela variação das quantidades de epífitas (bromélias e orquídeas) e por meio de identificação de áreas em regeneração natural. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGRAMAS AMBIENTAIS GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ 94 ABRIL/2006 PROGNÓSTICOS E CONCLUSÕES A REGIÃO SEM O EMPREENDIMENTO Apesar de a região sem o empreendimento manter as condições físicas e bióticas preservadas em alguns trechos, algumas áreas encontram-se degradadas, com poucos remanescentes de Mata Atlântica e com uma fauna já empobrecida, à exceção da área do Parque Estadual da Serra do Mar e do seu entorno no limite norte, onde a flora e a fauna originais ainda são representativas. A região apresenta problemas típicos de zonas com uso intensivo das terras para fins agropecuários. Sua cobertura vegetal original já está bastante descaracterizada, o que traz sérias conseqüências para a fauna, acelerando ainda os processos erosivos e o esgotamento de seus solos agrícolas. Além disso, as intervenções sofridas através de coletas de espécies vegetais para uso doméstico, como lenha e carvão, madeira para construção de residências e cercas, desmatamento para plantio de culturas de subsistência (milho, feijão, arroz, etc.), têm provocado sérios problemas para os poucos ecossistemas remanescentes. Isso pode ser observado principalmente em pontos das matas ciliares existentes, onde a retirada da vegetação provocou um transporte maior de sedimentos para os rios e córregos locais. Por outro lado, caso os esforços conservacionistas que surgiram, nos últimos anos, não sejam suficientes para reverter o quadro atual de degradação, e mantendo-se as tendências atuais de desenvolvimento da região, não só industrial, mas também turístico, provavelmente, haverá uma ampliação gradativa dos problemas ambientais, ou seja: • nas regiões de encosta, em função da retirada de vegetação, observam-se processos erosivos que, se não forem controlados, tenderão a evoluir, aumentando a produção de sedimentos e o conseqüente transporte para os corpos d’água, principalmente em Caraguatatuba, onde há áreas de grande risco de escorregamentos de terra; • no caso dos remanescentes de vegetação nativa, deverá ser controlado o acesso das pessoas a eles, de forma a promover um uso mais racional, para que não sejam extintas espécies florestais e da fauna associada. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGNÓSTICO E CONCLUSÕES 95 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 A REGIÃO COM O EMPREENDIMENTO A implantação do Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, para somar-se aos demais dutos em operação na região, reforçando a Malha Sudeste, deverá funcionar como um injetor de energia na dinâmica econômica regional e nacional, suprindo, melhor e com mais segurança, a população residente nas áreas urbanas e até rurais, futuramente. Além disso, a possibilidade de exploração do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, poderá concorrer para tornar o País auto-suficiente na produção de gás natural. Este Gasoduto surge, na Região Sudeste, como um empreendimento que faz parte de um conjunto indispensável para o Brasil, concorrendo para uma mudança estrutural na utilização de energia, além de estimular a instalação de novas indústrias locais com menor geração de poluição e degradação. Contribui, ainda, de forma direta e indireta, para o aumento de postos de trabalho, o incremento da arrecadação do ICMS e de outros impostos e taxas públicas. Esses benefícios já justificariam, por si só, a presença do Gasoduto nos municípios atravessados do Estado de São Paulo, podendo, no entanto, ser enumerados outros, específicos, como: • provável diminuição da queima da madeira e, conseqüentemente, um aumento da preservação de ecossistemas florestais; • estímulo à modernização e competitividade da economia regional; • substituição de produtos energéticos poluidores, por exemplo, a gasolina no abastecimento de veículos e a madeira nas atividades domésticas e industriais, pelo gás natural, menos impactante, com conseqüente melhoria dos padrões ambientais; • aquecimento do mercado de bens e serviços. CONCLUSÕES No planejamento energético do Brasil, há uma grande preocupação de que não só os riscos de falta ou de racionamento de energia sejam os mínimos possíveis, como também de que a geração se proceda de forma adequada e respeitando o meio ambiente. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGNÓSTICO E CONCLUSÕES 96 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 O gás natural é um combustível considerado ambientalmente limpo, econômico e de grande versatilidade, pois pode ser utilizado na geração de energia em usinas termelétricas, em residências, em veículos automotores em substituição ao óleo diesel e à gasolina, mais poluentes, e em indústrias, como matéria-prima. Nesse contexto, o Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté torna-se relevante, pois poderá escoar todo o gás produzido no Campo de Mexilhão — a maior e mais nova reserva brasileira para a exploração de gás natural na Bacia de Santos — até a Estação de Compressão de Taubaté, inserindo-se na malha dutoviária já existente que integrará, dentro do Plano Estratégico da PETROBRAS, grande parte do território nacional. A PETROBRAS, objetivando a verificação da viabilidade desse empreendimento, vem procedendo aos estudos necessários, tanto os técnicos, de engenharia, quanto os econômicos e, em especial, os ambientais. Em função disso, pode-se finalmente afirmar que os impactos provocados pelo Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté, conforme demonstrado neste documento, não têm, em sua maioria, média ou grande significância, sobretudo se forem consideradas as medidas mitigadoras e compensatórias que a PETROBRAS se propõe a aplicar durante a fase de construção do empreendimento. Na fase de operação, os benefícios deverão superar, em grande escala, qualquer eventual impacto negativo, se forem implantados os Programas Ambientais aqui propostos. Quanto à desativação, em princípio, não são esperados impactos de grande significância, os quais deverão ser avaliados futuramente, quando da proximidade do fim da vida útil do empreendimento, prevista para um tempo provavelmente superior a 20 anos. Desse modo, o empreendimento Gasoduto viável Caraguatatuba–Taubaté técnica, econômica, foi social avaliado e como um ambientalmente, proporcionando, potencialmente, benefícios diversos que poderão concorrer para a melhoria da qualidade de vida dos municípios atravessados no Estado de São Paulo e, indiretamente, de outras regiões do Brasil que vierem a fornecer materiais e equipamentos para a implantação da obra e que se interligarem à Malha Sudeste de gasodutos. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA PROGNÓSTICO E CONCLUSÕES 97 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 EQUIPE TÉCNICA Nome Profissão Responsabilidade EDSON NOMIYAMA Engenheiro Civil Coordenação Geral RAUL ODEMAR PITTHAN Engenheiro Civil Supervisão FABRÍCIA GUERREIRO MASSONI Bióloga Coordenação Adjunta DOMINGOS SÁVIO ZANDONADI Engº Agrônomo Coordenação do Meio Físico Biólogo Coordenação do Meio Biótico Cientista Social Coordenação do Meio Antrópico PAULO HENRIQUE CORDEIRO LUCIANA FREITAS PEREIRA GABRIEL DE BARROS MENDES JOSÉ COSTA MOREIRA ANTÔNIO CARLOS BERNARDI SÍLVIA DE LIMA MARTINS Biólogo Assessoria à Coordenação Engº Eletricista Geoprocessamento Geólogo Geoprocessamento Biblioteconomista Legislação, Bibliografia e Glossário HOMERO TEIXEIRA Geólogo ANTONIO IVO MEDINA Geólogo Geologia, Recursos Minerais, Geomorfologia LUIZ CARLOS BORGES RIBEIRO Geológo Paleontologia EDGAR SHINZATO Engº Agrônomo Solos, Capacidade de Uso das Terras e Erosão JORGE PIMENTEL Geólogo Geotecnia MARIA CLARA R. XAVIER Engª Civil Recursos Hídricos RODRIGO PALMA DA TRINDADE Engo Civil Recursos Hídricos ELISANGELA BAYERL Geógrafa Apoio na elaboração do RIMA RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA EQUIPE TÉCNICA 98 Caracterização do Empreendimento GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Nome Profissão Responsabilidade Bióloga Análise de Alternativas, Unidades de Conservação MARIA AMÉLIA DA ROCHA Engª Florestal Vegetação WILSON HIGA NUNES Engº Florestal Vegetação CLÁUDIA MAGALHÃES VIEIRA Bióloga Vegetação RICARDO MACHADO DARIGO Biólogo Vegetação FABIO SCHUNK PIRES GOMES Biólogo Ornitofauna PAULO GUSTAVO HOMEM PASSOS Biólogo Herpetofauna CLARISSA COIMBRA CANEDO Bióloga Herpetofauna MICHEL MIRETSKI Biólogo Mastofauna RICARDO CAMPOS DA PAZ Biólogo Ictiofauna ALEXANDRE LUCCAS BITAR Biólogo Limnologia BRANCA MARIA OPAZO MEDINA ADALTON CERQUEIRA DE ARGOLO Economista Socioeconomia Cientista Social Socioeconomia Economista Socioeconomia PAULO JORGE VAITSMAN LEAL Geógrafo Socioeconomia MARCIUS VINICIUS COUTINHO Cientista Social Socioeconomia MÁRCIO LIMA RANAURO Cientista Social Socioeconomia DEBORA GEHRSON HENRIQUE JAGER TATIANA FERREIRA V. PITTHAN ELISANGELA BAYERL Arquiteta e Urbanista Socioeconomia Geógrafa Apoio na elaboração do RIMA EVALDO COELHO THOMÉ Aux. Técnico Socioeconomia VINÍCIUS DA SILVA SCOTT Aux. Técnico Socioeconomia RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA EQUIPE TÉCNICA 99 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006 Nome Profissão LAERCIO LOIOLA BROCHIER Arqueólogo CAETANO AIOLFI OLIVEIRA Arqueólogo Responsabilidade Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico FERNANDA VARELLA FRANÇA Técnica Edição de Textos ANA LÚCIA MARTINS DA SILVA Técnica Edição de Textos FERNANDO LUIZ REGALLO Técnico Desenhos JORGE BARBOSA DE ARAÚJO Técnico Desenhos NEIDE PACHECO Professora Português Revisão Ortográfica e Gramatical YVANA ARRUDA Técnica Programação Visual ROBERTA COSTA VELLOSO Técnica Programação Visual RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL- RIMA EQUIPE TÉCNICA 100 GASODUTO CARAGUATATUBATAUBATÉ ABRIL / 2006