ÍNDICES DE SOBREPESO, OBESIDADE E FLEXIBILIDADE DE MENINAS DE 7 A 10 ANOS DE
IDADE
PERONDI, Julyana Inês.1
ROMAN, Everton Paulo2
RESUMO
Introdução: Atualmente, a obesidade e o sobrepeso estão em estado alarmante, devido ao número de crianças, jovens, adultos que se encontram com
o peso corporal acima índices adequados, tornando-se um grande problema para saúde pública. Objetivo: avaliar os níveis de sobrepeso, obesidade e
flexibilidade em meninas de sete a 10 anos da rede pública e particular da Cidade de Cascavel - PR. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo
transversal realizado em 2014 com 178 meninas. Foram avaliados o peso, a estatura e a flexibilidade. Foram cumpridos todos os requisitos solicitados
seguindo a resolução 196/96 que trata de pesquisas que envolvem seres humanos. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva
com valores de média, desvio padrão. Resultados: Constatou-se que a maior média de flexibilidade foi obtida na faixa etária de 07 anos de idade
(28,8 cm ± 5,9). O maior percentual de IMC dentro do padrão de normalidade (eutróficas) foi observado na faixa etária dos 09 anos de idade (65,2%).
O maior percentual de meninas com sobrepeso foi encontrado aos 08 anos de idade (20%) e de obesas aos 10 anos de idade com 26,8%, dentro dos
quatro critérios de classificação do estado nutricional e os valores de flexibilidade tendem a se manter muito próximos demonstrando os maiores
valores de média nas meninas com baixo peso (28,0 ±3,4) e obesas com (27,4 ±6,4).Conclusão: os resultados dos testes apresentaram que meninas
com sobrepeso e obesidade não possuem tanta flexibilidade quanto meninas estróficas.
PALAVRAS-CHAVE: sobrepeso, obesidade, flexibilidade.
INDICES OF OVERWEIGHT, OBESITY AND FLEXIBILITY OF GIRLS FROM 7 TO 10 YEARS OF AGE
ABSTRACT
Introduction: Nowadays, obesity and overweight are in alarming state due to the number of children, youth, adults who meet the above weight
appropriate indices, making it a major problem for public health. Objective: To assess the levels of overweight, obesity and flexibility in girls seven to
10 years of public and private schools of the city of Cascavel - PR. Materials and Methods: This was a cross-sectional study conducted in 2014 with
178 girls. Weight, height and flexibility were assessed. All requested requirements following the resolution 196/96 which deals with research
involving humans have been met. Data analysis was performed using descriptive statistics with mean values, standard deviation. Results: It was found
that the highest average flexibility was obtained at the age of 07 years old (28.8 ± 5.9 cm). The highest percentage of BMI within the normal range
(normal weight) was observed in the age group of 09 years old (65.2%). The highest percentage of overweight girls was found at 08 years of age
(20%) and obese at 10 years of age with 26.8%, within the four criteria for classification of nutritional status and the values of flexibility tend to
remain very close to demonstrating the highest average values in girls with low birth weight (28.0 ± 3.4) and obese women (27.4 ± 6.4) .Conclusion:
test results showed that overweight and obese girls have no much flexibility as eutrophic girls.
KEY WORDS: overweight, obesity, flexibility.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a obesidade é uma epidemia que atinge não somente os adultos, mas também crianças e
adolescentes de diferentes níveis socioeconômicos, considerando um problema de saúde pública que afeta tantos países
desenvolvidos, quanto em desenvolvimento. Esse fato é decorrente da ausência de uma série de ações, especialmente
articuladas ás condições sociais, de educação, da medicina preventiva e assistencial. Por outro lado, o aumento da
qualidade de vida cresce com a vivência lúdica de hábitos saudáveis e de lazer, mantendo o sujeito ativo e integrada na
família e nos grupos sociais. Vivências prazerosas com variedade de movimento levam a orientação das habilidades e
capacidades físicas, ampliando o repertorio motor e possibilitando uma melhoria no condicionamento físico para a
prática de diferentes atividades físicas (SILVA, 2011).
O sobrepeso e a obesidade têm aumentado drasticamente, afetando cada vez mais crianças e adolescentes. Na
origem dessa situação, parece estar padrões de comportamento alimentar em que se destacam mais consumo de calorias.
Por outro lado, os níveis de atividade física estão reduzidos, pois a modernização trouxe implicações no estilo de vida
da população, tornando-se pouco ativa. Tal tendência provoca aumento de doenças crônicas não transmissíveis: a
obesidade, levando a custos elevados, assim como enormes impactos econômicos na saúde pública (CARREL et al.,
2009).
A obesidade esta caracterizada como epidemia mundial que tem aumentado também em crianças. Estudos
epidemiológicos realizados no EUA mostram que a prevalência de crianças obesas entre 1976 e 2002 duplicou
(HEDLEY et al, 2004), e que 25% das crianças apresentam sobrepeso ou são obesas (ADES; KERBAUY, 2002).
E não bastasse a obesidade agregar sérios riscos a saúde do indivíduo, atualmente, é considerada um dos
problemas mais graves de saúde pública do mundo (ADES; KERBAUY, 2002). Isso por que o excesso de gordura é
1
Acadêmica curso Educação Física Bacharel, FAG. E-mail: [email protected]
² Doutor em saúde da criança e do adolescente pela INICAMP e docente FAG.
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acompanhado por mais suscetibilidade de uma variedade de doenças crônico-degenerativas que levam, de forma
significativa, os índices de morbidade e mortalidade, trazendo consequências diretas na expectativa e qualidade de vida
dos indivíduos (GUEDES; GUEDES, 2003).
A composição corporal é outro fator que pode influenciar na flexibilidade. A concentração de tecido adiposo em
torno das articulações pode vir a comprometer negativamente nos índices de flexibilidade. Guedes e Guedes (1997)
especificam que com o avanço da idade, principalmente, durante a puberdade, ocorre uma relação inversa entre a
espessura do tecido muscular e ósseo e a de gordura, ou seja, um acentuado ganho de massa muscular e óssea, com
concomitante diminuição no ganho da massa de gordura.
A palavra flexibilidade significa diferentes coisas para pessoas diferentes, dependendo de seu ponto de vista. Por
exemplo, ela pode ser aplicada a objetos animados e inanimados. Em consequência, o termo pode ser definido de várias
formas diferentes, dependendo da disciplina ou da natureza da pesquisa. A palavra flexibilidade é derivada do latin
flectere ou flexibilis, “curvar-se” (ALTER, 1999).
Quando uma pessoa inicia um programa de treinamento de flexibilidade, os possíveis benefícios são
potencialmente ilimitados. A qualidade e a quantidade desses benefícios são posteriormente determinadas por dois
fatores. O primeiro desses fatores corresponde aos fins do indivíduo (as metas ou objetivos do indivíduo, cujo contexto
pode ser biológico, psicológico, sociológico ou filosófico). O segundo fator, os meios, são os métodos e técnicas para
atingir os objetivos de uma pessoa. Se os fins de um indivíduo são puramente emocionais ou psicológicos, ao contrário
de biológico ou fisiológico, então certas técnicas de alongamento serão empregadas e outras não (ALTER, 1999).
Sabendo da relevância desta pesquisa para o aumento do conhecimento científico, o objetivo deste estudo foi
avaliar o sobrepeso, obesidade e a flexibilidade em meninas na faixa etária de sete a 10 anos de idade das escolas
públicas e particulares na cidade de Cascavel, região oeste do estado do Paraná.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal realizado no ano de 2014 em 6 escolas públicas e 3 particulares, na cidade de
Cascavel, oeste do Estado do Paraná – Brasil.
Para sua realização foram consideradas pertencentes à população todas as escolares de sete a 10 anos de idade do
sexo feminino que estivessem matriculadas nas instituições de ensino que participaram da pesquisa.
Para o cálculo da amostra foram utilizados os procedimentos descritos por Barbetta (2003). De acordo com o
setor de Estatística do Núcleo Regional de Ensino da Secretaria de Educação do estado do Paraná na cidade de
Cascavel, a população deste estudo constituiu-se de 178 meninas da rede pública e particular. As escolas participantes
foram selecionadas por sorteio, onde foram enviados termos de consentimento livre e esclarecido a todos os
pais/responsáveis das meninas que frequentavam as escolas. A amostra foi constituída de 178 meninas escolares.
O agrupamento das idades foi estabelecido pelos critérios estabelecidos por Ross e Marfell-Jones (1982) em cada
idade utilizando os intervalos de -0,50 a +0,49.
Os dados foram coletados por um dos pesquisadores auxiliado por um grupo de professores e graduandos de
Educação Física previamente treinados. A coleta foi realizada no horário de aula, onde as meninas foram conduzidas até
uma sala designada para realizar a avaliação. Foram mensurados o peso e a estatura e com estes dados foi calculado o
índice de massa corporal (IMC).
No teste de flexibilidade utilizou-se o Banco de Wells para avaliação da flexibilidade da musculatura da cadeia
posterior. Para realizar o teste, a criança precisou retirar o sapato, se sentar de frente para o aparato com a região plantar
do pé contra a borda final, com os joelhos totalmente estendidos e os pés separados na largura dos ombros. Em seguida,
estendeu os braços sobre a cabeça com uma mão colocada sobre o dorso da outra, flexionando a coluna, palmas da mão
para baixo encostando-as ao longo da escala de mensuração do aparato do teste.
O estado nutricional foi determinado pelo WHO 2007 foi classificado, segundo o percentil do IMC para a idade
e sexo, em: baixo peso se percentil <5; eutrófica entre >5 e < 85, sobrepeso entre >85 e <95 e obesidade se ≥ 95. O
estado nutricional segundo os dados propostos por C&M também foi classificado em baixo peso, excesso de peso e
obesidade. Mesmo estando subentendido, os autores do presente estudo, consideraram como eutróficos os valores
subsequentes a baixo peso e que antecediam o ponto de corte para o excesso de peso. Para a padronização das
informações neste trabalho, a palavra excesso de peso foi considerada como sobrepeso.
Os dados foram armazenados no programa SPSS for Windows versão 15.0. Inicialmente foi realizada a análise
descritiva dos dados com cálculos de média, desvio-padrão, frequência absoluta e relativa e construção de tabelas. Para
verificar possíveis associações entre as idades, estágios maturacionais, tipo de escola e nível socioeconômico (tercis) em
relação ao estado nutricional foi utilizado o teste de quadrado (χ2). O nível de significância adotado em todas as análises
foi p ≤ 0,05.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Assis Gurgacz sob o parecer
220/2013.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na tabela 1 estão apresentados os resultados referentes à flexibilidade entre as meninas na faixa etária de 07 a 10
anos de idade. Constatou-se que a maior média foi obtida na faixa etária de 07 anos de idade (28,8 cm ± 5,9). Foi
observado que os valores de média de flexibilidade tendem a diminuir, mesmo que de forma sensível com o avançar da
idade.
Tabela 1: Análise descritiva da variável flexibilidade em meninas de 07 a 10 anos de idade.
Avaliados (N)
Média (cm)
Mínimo (cm)
Máximo (cm)
Desvio Padrão
07 Anos
41
28,8
15,0
40,0
5,9
08 Anos
20
26,8
13,5
37,0
6,7
09 Anos
46
26,0
15,0
40,0
6,6
10 Anos
71
25,2
8,0
39,0
6,5
Na tabela 2 são apresentados o estado nutricional das meninas participantes da pesquisa. O maior percentual
dentro do padrão de normalidade (eutróficas) foi observado na faixa etária dos 09 anos de idade (65,2%). O maior
percentual de meninas com sobrepeso foi encontrado aos 08 anos de idade (20%) e de obesas aos 10 anos de idade com
26,8%.
Tabela 2: Análise comparativa entre a variável idade e classificação do IMC em meninas de 07 a 10 anos de idade.
Baixo Peso (%)
Normal (%)
Sobrepeso (%)
Obeso (%)
07 Anos
01 (2,4)
26 (63,4)
04 (9,8)
10 (24,4)
08 Anos
-
11 (55,0)
04 (20,0)
05 (25,0)
09 Anos
-
30 (65,2)
07 (15,2)
09 (19,6)
10 Anos
02 (2,8)
39 (54,9)
11 (15,5)
19 (26,8)
Na tabela 3 estão apresentados os valores de média de flexibilidade de acordo com a classificação do estado
nutricional pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Observa-se que dentro dos quatro critérios de classificação do estado
nutricional os valores de flexibilidade tendem a se manter muito próximos demonstrando os maiores valores de média
nas meninas com baixo peso (28,0 ±3,4) e obesas com (27,4 ±6,4).
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Tabela 3: Comparação entre as variáveis de flexibilidade e classificação do IMC em meninas de 07 a 10 anos de idade, utilizando OneSample Test.
Avaliados (N)
Média (cm)
Mínimo (cm)
Máximo (cm)
Desvio Padrão
Abaixo
3
28,00
19,39
36,60
3,4
Normal
106
26,61
25,30
27,93
6,8
Sobrepeso
26
24,00
21,88
26,11
5,2
Obeso
43
27,48
25,49
29,47
6,4
>0,005
Neste estudo verificou-se na amostra geral a prevalência de melhor flexibilidade em meninas de sete anos
(28,8±5,9) assim a flexibilidade tende a diminuir de forma sensível conforme o avanço da idade. Em relação ao peso
normal meninas de nove anos apresentaram 65,2% da população estudo, meninas de oito anos apresentaram sobrepeso
20%, já as meninas de dez anos com obesidade 26,8%.
Observa-se que na classificação do estado nutricional de (baixo do peso, normal, sobrepeso e obesidade) os
valores de flexibilidade tendem a se manter muito próximos, demonstrando os maiores valores de média nas meninas
com baixo peso (28,0 ±3,4) e obesas (27,4 ±6,4).
Constatou-se em relação aos índices de sobrepeso e obesidade que as meninas de 10 anos estão com obesidade
26,8% enquanto o sobrepeso está 20% em meninas de oito anos. E em relação à flexibilidade a média para obesidade é
27,4 cm, em relação ao sobrepeso é de 24,0 cm.
Resultados semelhantes em relação à obesidade e sobrepeso foram encontrados por Lima (2011) avaliou 50
escolares de 9 e 10 anos, dos quais 25 eram meninos e 24 meninas. Com relação ao IMC, 26% das crianças
apresentaram sobrepeso e 20%, obesidade. Entre os meninos, 32% apresentaram excesso de peso e 24%, obesidade.
Entre as meninas, 20% tinham excesso de peso e 16%, obesidade. No que diz respeito à flexibilidade, as crianças com
peso normal apresentaram melhor desempenho no teste de sentar e alcançar (27,18 cm) em comparação àquelas com
excesso de peso (24,69 cm) e obesidade (18,30 cm). Com esses resultados o autor sugeriu influência negativa da
obesidade na flexibilidade.
Pesquisa realizada por Borges (2011), foram avaliadas 33 crianças com idade entre 7 a 9 anos, sendo deste total,
19 (dezenove) crianças do gênero masculino e 14 (quatorze) crianças do gênero feminino, cujas médias de altura e peso
foram 1,32±0,06 metros e 31,58±5,99 kg, respectivamente. Entre as crianças participantes identificou-se que o IMC
médio foi de 17,97±2,93 kg/m² e entres os meninos houve maior incidência acima do peso ideal.
Afonso (2012) avaliou 50 adolescentes na faixa etária entre 14 e 17 anos, sendo 36% (18) meninos e 64% (32)
meninas. Os índices de massa corpórea (IMC) foram relacionados observando a idade e o sexo. A prevalência de
sobrepeso nas crianças analisadas foi de 20% e de obesos 8%. Houve a prevalência de baixo peso em apenas uma das
crianças do sexo feminino, totalizando um percentual de 2% em relação ao número total de participantes. Sendo que a
prevalência de sobrepeso nos adolescentes do sexo masculino foi de 8% em relação a número total e de 22,2% em
relação número proporcional do sexo masculino. Enquanto a prevalência de sobrepeso nas adolescentes do sexo
feminino foi 12% em relação ao número total e de 18,7% em relação número proporcional de adolescentes do sexo
feminino. Em relação à prevalência de obesos nos adolescentes do sexo masculino foi de 2% em relação ao número
total e de 5,5% em relação número proporcional. Já a prevalência de obesos entre as adolescentes do sexo feminino foi
6% em relação ao número total de voluntários e de 9,3% em relação ao número proporcional.
Quanto à flexibilidade, para Zuntini et.al. 32 (32%) crianças não alcançaram os escores previstos para a idade e
gênero. Entre as meninas, 18 (34,6%) tiveram desempenho abaixo do esperado, enquanto entre os meninos, o
desempenho foi ligeiramente melhor com 14 (29,1%) apresentando índice abaixo do normal. Crianças que se
encontravam dentro da faixa de normalidade no que tange ao IMC. Neste grupo, a média de peso foi de 30,9 kg (±
8,63), a altura média foi de 1,36 m (± 0,14), IMC médio de 16,3 kg/m² (± 1,59) e distância média alcançada no teste de
sentar e alcançar de 23,4 cm (± 4,85). Entre essas 55 crianças, apenas 15 (27,27%) apresentavam flexibilidade
diminuída. Crianças que se encontravam dentro da faixa de sobrepeso ou obesidade quanto ao IMC. Neste grupo, a
média de peso foi de 42,2 kg (± 13,15), a altura média foi de 1,39 m (± 0,14), IMC médio de 21,3 kg/m² (± 3,28) e
distância média alcançada no teste de sentar e alcançar de 23,3 cm (± 5,81). Entre essas 45 crianças, apenas 16 (35,5%)
apresentavam flexibilidade diminuída.
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Em relação a nossa pesquisa, quando somadas as médias entre as idades de 7, 8, 9, e 10 anos a média de
flexibilidade foi de 26,5 cm com desvio padrão de ±5,4. Constata-se em que quando somadas as médias, as crianças
deste estudo tiveram valores de média maiores do que as crianças do estudo de Zuntini et al.
Pesquisa realizada por Werk et al (2009) onde foram avaliados 290 escolares de 7 a 10 anos, sendo 161
meninas e 129 meninos, em Campo Grande (MS). Onde a mesma identificou índices de sobrepeso e obesidade de
38,84% entre as meninas e 27,64% entre os meninos. A flexibilidade, por meio do teste de sentar e alcançar, também foi
avaliada. Constatou-se que 82,15% das meninas e 91,05% dos meninos apresentaram flexibilidade adequada para a
idade. Não foi citada nenhuma relação entre flexibilidade e obesidade.
Em estudo realizado por Fernandes, Penha e Braga (2012) foram avaliados quanto à flexibilidade, força
explosiva, velocidade, peso corporal e estatura, 357 escolares entre 6 e 10 anos. Somando-se sobrepeso e obesidade,
17,92% das crianças, sem distinção de gênero, estavam com IMC acima do esperado para a idade. Em relação à
flexibilidade, avaliada por meio do teste de sentar e alcançar, as crianças eutróficas apresentaram desempenho
significativamente melhor (22,35 cm) que as crianças com sobrepeso ou obesidade (20,14 cm) (p = 0,018). Os autores
defendem, assim, que a obesidade limita o movimento das crianças em decorrência da maior sobrecarga nos segmentos
corporais. Em nossa pesquisa para as meninas eutróficas apresentaram desempenho de flexibilidade média de
26,61±6,8, e as meninas obesas 27,4±6,4.
Algumas dificuldades foram encontradas para a realização desta pesquisa, dentre elas a não assinatura de alguns
pais do termo de consentimento livre e esclarecido para autorização de suas filhas para a participação no estudo, a não
avaliação dos níveis de atividade física das participantes, hora de sono diária e ocupação do tempo livre.
Sugere-se que novos estudos sejam realizados para melhor monitoramento dos índices de sobrepeso e obesidade
e níveis de flexibilidade para que se possa acompanhar possíveis modificações com o passar da idade e com o
surgimento cada vez mais de novas tecnologias, que acabam influenciando decisivamente na saúde e qualidade de vida
das pessoas.
5. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos sinalizam a necessidade de maior atenção para a saúde infantil no município de
Cascavel - PR, visto que a obesidade pode acarretar vários problemas à saúde da população, além da possibilidade de
crianças obesas virem a se tornar adultos obesos e sofrerem cronicamente as consequências da obesidade por toda a
vida, visto que 45% das meninas de 7 a 10 anos estão com sobrepeso e obesidade (20% de sobrepeso, 25% de
obesidade). Além disso, uma vez que as crianças obesas apresentaram desempenho inferior em relação às crianças
eutróficas, pode haver também comprometimento em atividades lúdicas e desportivas. Conclui-se que os índices de
sobrepeso e obesidade estão elevados para meninas de sete a 10 anos de idade, e em relação à flexibilidade constatou-se
que a mesma encontra-se em valores que tendem a se manter muito próximos demonstrando os maiores valores de
média nas meninas com baixo peso (28,0 ±3,4) e obesas com 27,4 ±6,4).
Acompanhando os resultados obtidos em outros estudos, observou-se que quando relacionada à flexibilidade
ao estado nutricional não houve diferença estatisticamente significativa, ou seja, a classificação do estado nutricional
(baixo peso, eutróficas, sobrepeso e obesas) não interfere nos valores de flexibilidade entre as meninas avaliadas.
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REFERÊNCIAS
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