Asma Relacionada ao Trabalho X CURSO NACIONAL DE ATUALIZAÇÃO EM PNEUMOLOGIA – SBPT: 02 A 04 DE ABRIL DE 2009 Ubiratan de Paula Santos [email protected] Relevância • Elevada prevalência – 15 a 20% das asma do adulto • Prevenção coletiva – Medidas ambientais • Maior Gravidade Le Moual M et al. AJRCCM 2005 Foco da Discussão • • • • • • • Classificação Definição Epidemiologia Agentes Características Clínicas Diagnóstico Conduta Asma Relacionada ao Trabalho ART Asma Ocupacional (AO) AO Induzida por sensibilização Asma Exacerbada pelo Trabalho (AET) AO Induzida por Irritantes (Inclui RADS) Tarlo SM. Chest 2008 Asma Ocupacional • Bernstein IL, et al. Asthma in the Workplace 2006, 3 ed. • Mapp CE, et al. AJRCCM 2005 • Tarlo S. Chest 2008 Definição • “Doença caracterizada por limitação variável do fluxo aéreo e ou hiperresponsividade das vias aéreas e/ou inflamação, devido à causas ou condições atribuíveis a determinado ambiente de trabalho e não a estímulos fora do mesmo”. • Indivíduos sem antecedentes de asma ou manifestação de asma prévia quiescente (infância) ser Asma Exacerbada pelo Trabalho Tarlo SM. Chest 2008 • Asma pré-existente ou que surgiu concomitante ao trabalho, cujas crises são desencadeadas por fatores relacionados ao trabalho, tais como: Aeroalérgenos Exercício Temperatura Irritantes Asma Agravada????????? Asma Ocupacional- Epidemiologia Prevalência • 15 a 20% asma iniciada no adulto* 85 - 90% Asma Imunológica** 10 - 15% Asma induzida por irritantes • *Torén K e Blanc PD. BMC Pulmonary Medicine 2009 • **Malo J-L e Chan-Yeung M. J Allergy Clin Immunol, 2001 Incidência anual • 13 países, 28 centros, população entre 20-44 anos – 250-300 casos/milhão pessoas/ano Kogevinas M, et al. Lancet 2007 Asma Imunológica Características • Latência • Imunomediada IgE Não IgE Gustave Caillebotte (1848-94) Agentes Causadores > 300 •Bernstein IL, et al. In Asthma In the Workplace, 1.999 •Mapp CE. AJRCCM, 2005 • Agentes alto Peso Molecular >5.000 da Maioria IgE dependente Resposta imediata ou dual Maior tempo de latência do que agentes c/PM Rinoconjuntivite precede/associada • Agentes baixo Peso Molecular Principais agentes - IgE independente Resposta tardia ou atípica Menor tempo de latência Agentes •Nicholson PJ, et al. Occup Environ Med, 2005 Alto Peso Molecular • Cereais, flores, café verde, tabaco, gomas • Gatos, cachorros, animais fazenda • Fungos e bactérias • Enzimas detergentes, amilase • Látex • Frutos do mar • Antibióticos Baixo Peso Molecular • • • • • • • Isocianatos Poeira de madeira Acrilatos Gulataraldeído, formaldeído Colofônio, resina pinho Corantes reativos Cr, NI, Co (IgE mediada) • Anidrido trimetílico e ftálico • cloramina, persulfato, sais de platina Principais Agentes Relacionados à Asma (São Paulo-SP: Geral) Mendonça EM, et al. Am J Ind Med, 2003 N:394 casos AO AO com Latência – Características •Chan-Yeung M e Malo J-L N. England, 1995 •Mapp CE. AJRCCM, 2005 • Manifestação clínica: semanas, meses ou anos após iniciada exposição, maioria 2 anos • Rinoconjuntivite, mais frequente e precede asma por agentes alto PM • Sintomas melhora fins de semana/férias Asma e Rinite Malo J-L e col. Eur Respir J, 1997 Diagnóstico Rinite Conjuntivite • Asma Ocup. 37/40 (92%) 29/40 (72%) • Asma N Ocup. 39/58 (67%) 25/58 (43%) • Agentes com alto PM sintomas de rinite mais intensos e precede asma Agentes e Período de Latência Chan-Yeung M, Malo J-L. Asthma in Workplace, 1999 Proporção s/ sintomas Cedro verm 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 isocianato Alto PM 0 1 2 3 4 5 10 20 30 40 anos exp antes início sintomas Fatores de risco • Mapp CE, et al. AJRCCM 2005 • Nicholson PJ, et al. Occup Environ Med, 2005 • Exposições mais intensas • O nível de um agente para sensibilizar é diferente (>) do necessário para provocar crise em indivíduos já sensibilizados • Hiperresponsividade brônquica prévia • Poluição, tabagismo passivo, vírus • Febre fumos metálicos – marcador de AO por solda • Atópicos tem > risco por agentes de alto PM, fraco preditor (7-34%) • Reação cutânea a animais Procedimentos para Diagnóstico Tarlo S. Chest 2008 • Diagnóstico de asma • Relação com o trabalho Início no adulto Início associado a determinado trabalho Piora relacionada ao trabalho Presença de agente indutor no trabalho • • • • Testes cutâneos e sorologia IgE Medidas seriadas do pico de fluxo – PFE Broncoprovocação inespecífica e específica Análise do escarro, NOex e Condessado ar exal Medida seriada do PFE •Moscato G e col. Allergy,1995 •Annes W, et al. ERJ, 2004 •Tarlo S. Chest, 2008 • • • • • • • • Instruções detalhadas ao paciente Período: 4 semanas- 2 trabalhando e 2 afastado N0 medidas/dia: 4 ou +, com 3 exalações/vez Intervalo entre medidas: 2 – 3 hs Pelo menos 2 medidas c/ variação < 20 l/min Mesmo setor/função/turno e mesma moradia Medicação: manter a mesma Sensibilidade: 70-90%; Especificidade: 90-100% Diário para registro do PFExpiratório Data Trab Pico de Fluxo Exp hora 1 turno Sim 6:00 31/03 Não 8:00 10:00 12:00 D 14:00 N 16:00 18:00 2 3 Uso de broncodilatador Interpretação - PFE, VEF1 e BPI • Burge S, et al. In: Asthma in Work Place, 2006 • Anees W, et al. ERJ 2004 • Pico de Fluxo Expiratório Análise visual dos gráficos dos valores diários Comparação estatística entre valores ( t’Student) Variação diária do PFE >20%: PFE máx-min x 100 PFE máx Variação diária >20% mais frequente trab x afast Oasys-2: escore >2,5 Sensib= 75% e Especifi= 94% • Variação do VEF1 > 20% • Broncoprovocação inespecífica Variação do PC20 > 2 vezes afastado x trabalhando Curva de pico de fluxo expiratório AOG, 30 a, solda/tintas afast 800 trab PFE l/min 700 600 500 S h 400 D S D 300 200 dias 100 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Curva de pico de fluxo expiratório AJRA-24 Isocianatos 800 700 afast trab PFE l/min 600 500 400 h 300 200 100 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 dias BP específica – Látex (SNMF) 100 VEF1 (% basal) 90 80 70 BD 60 50 Basal 30min Início inflamação das VA História Natural História Natural AO AO - Latência - Latência rinoconjuntivite Início da exposição sensibilização Asma afastar exposição Asma persistente •Tempo total Agente exposição •R.brônquica •Medi•Atopia •Concentração •Duração exp> cação basal •Genéticos •Duração início sintomas •Tabagismo •Agente sens •Severidade no diagnóstico Fatores ass • RB •Vírus, poluição Malo J-L e Chan-Yeung M.J Allergy Clin Immunol, 2001 Asma Não Imunológica ou por Irritantes •Bernstein L, Chan-Yeung M, Malo J-L. Asthma in the Workplace, 2006 •Mapp CE. AJRCCM, 2005 •ATS . AJRCCM 2003; 167:450-71. • 10-15% AO • Ausência de período de latência • Exposição única ou múltiplas concentrações de irritantes a • Sem mediação imunológica comprovada • Reexposição a conc não induz crise • Etiologia → gases, vapores, fumos e fumaça • SDRVA (RADS) - Tipo de asma por irritantes altas Agentes Envolvidos • Bardana Jr EJ. Ann Allergy, Asthma,&Immunology, 1999 •Tarlo S. Chest 2008 Descritos mais de 30 agentes químicos • • • • • • • • • • Vapores ácidos - acético, sulfúrico, fosfórico Cloro, hipoclorito Diisocianato de Tolueno Formaldeído Amônia Fumaça/Incêndio Sódio metálico Selante de pisos (anidridos ácidos) Cloreto de zinco Dietilaminoetanol AO: Critérios para Diagnóstico Chen-Yeung M. ACCP Consensus Statement. Chest,1.995 A. Diagnóstico de asma B. Inicio sintomas após ingresso no trabalho C. Associação entre sintomas e o trabalho D. Critérios específicos 1. Exposição ocupacional a conhecido agente 2. Alterações de VEF1ou PFE relacionado ao trabalho 3. Alteração da broncoprovocação inespecífica 4. Broncoprovocação específica positiva 5. Início asma clara associação dos sintomas com exposição a agente irritante no Ambiente de Trabalho Diagnóstico Chan-Yeung M. ACCP Consensus Statement. Chest,1.995 • Asma Ocupacional Encontro dos critérios A+B+C+D2 ou D3 ou D4 ou D5 • Provável Asma Ocupacional Encontro de: A+B+C+D1 (VPP=64%) Mulher, 36 anos, não fumante • Tosse seca, sibilância e dispnéia desde há 3 anos • No início melhora nos fins de semana e ferias, atualmente não mais • Ultimo ano sintomas de rinite e seguidas crises com idas a PS • Sintomatica, usando corticosteróide oral e nasal História Ocupacional • Trabalha em fábrica de luvas e equipamentos de segurança há 5 anos, com exposição a solventes e vernizes Ex. Físico • FR: 24 ipm, sibilos expiratórios Espirometria Pré-BD • CVF: 3.0 litros (85%), VEF1: 2.0 litros (70%), VEF1/CVF: 0.67 Pós-BD • CVF: 3.2 litros (91%), VEF1: 2.4 litros (86%) Medidas seriadas de PFE • Periodos • Medidas/dia trabalhando afastada P1= 8 dias P3= 8 dias 5 P2=9 dias • Interpretação analise visual Oasys estatísticas 5 PFE 400 350 300 250 200 150 100 50 0 trab PFE litros/min trab afastada 1 3 5 7 9 11 13dias 15 17 19 21 23 25 OASYS: PFE Análises Estatísticas Medidas seriadas de PFE 1o periodo, trab Media (DP)=299 (13) l/min 2o periodo, afast Media (DP)= 340 (10) l/min 3o periodo, trab Media (DP)= 303 (23) l/min ANOVA: periodo 1=3≠ 2 (p= 0,001) Test t: P1 x P2; P2 x P3 (p<0,01) VRS: Homem, 43 anos • • • • Carpinteiro desde 15 anos Ex-fumante, parou há 10 anos Nega asma na infância Há 1 ano iniciou sintomas de sibilância, tosse seca e dispnéia • Sintomas melhoram fins de semana e feriados • Manipula madeiras, colas, tintas e vernizes VRS – dez/2006: Medida seriada de PFE Trabalhando 700 Afastado 600 500 400 300 200 100 0 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 Comparação PFE por períodos Média L/min DP Mediana Vmin-max DP PC20 mg/ml Afastado 569,3 5,9 570 20 5,9 4,4 Trabalhando 543,2 38,5 550 140 38,5 1,2 VRS-Marcineiro Curva de PFE 15 dias trab x 15 dias afast 620 600 PFE - L/min 580 560 540 520 500 480 460 1 2 1= trab; 2= afast Investigar possível relação com o trabalho Confirmar Diag. Asma e seu início Asma Investigar: exposição/fatores que causam ou exacerbam Tarlo SM. Chest 2008 Em todos os pacientes com início de asma e/ou piora dos sintomas de asma Não é asma investigar: bronquite eosinofílica, DCV, rinusinusite, PH Investigar relação de asma com trabalho (sintomas e exames-PFE, BP) AO •Sensibilizante •Irritantes Asma Exacer p/Trab Asma não relacionada ao trabalho Monitoramento de expostos a possíveis riscos D Fishwick, et. Thorax 2008;63:240-50 • Investigação sobre sintomas de asma e Espirometria na admissão • Informar os trabalhadores sobre possíveis exposição e sintomas • Informar os trabalhadores para relatarem sintomas • Questionário 6 e 12 semanas do início • Questionário anual Bancos de dados sobre agentes que causam asma ocupacional • Asthma in the workplace. Bernstein IL, ChangYeung M, Malo JL, Bernstein DI. New York: Marcel Dekker, 1999.p.565-93 e 683-720. • Bernstein DI. JAMA 1997;278:1907-13. • Van Kampten V et al. Am J Ind Med 2000; 38:164218 • Mapp CE. Occup Environ Med 2001; 58:354-60 • www.asmanet.com • www.asthme.csst.qc.ca Bibliografia • Tarlo SM, et al. Diagnosis and Management of • Work-Related Asthma. Chest 2008; 134:1S-41S • D Fishwick, et al.Standards of care for occupational asthma. Thorax 2008;63:240-50 • Bernstein IL, Chang-Yeung M, Malo JL, Bernstein DI. Asthma in the workplace. New York: Marcel Dekker, 2006 • Mapp CE, et al. Occupational Asthma. Am J Respir Crit Care Med, 2005; 172 Bibliografia • Nicholson PJ, et al. Evidence based guidelines for the prevention, identification, and management of occupational asthma.Occup Environ Med, 2005; 62 • ATS. American Thoracic Society Statement: Occupational Contribution to the Burden of Airways Disease. Am J Respir Crit Care Med, 2003; 167: 78797 • Chan-Yeung M, et al. ACCP Consensus Statement. Assessment of Asthma in the Workplace. Chest 1995;108:1084-117