Colégio Planeta Prof.: Ruberpaulo Lista de Literatura Aluno(a): Questão 01) O Barroco constituiu uma escola literária que enfocou a dualidade humana, empregando abundantemente a antítese. Assinale a alternativa que contém a expressão da visão de mundo, caracteristicamente, Barroca. A) Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido, Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. B) Assim era aquele casal: ele como o jerivá velho, ela como um cacho de flor. C) Tudo é deserto... somente À praça em meio se agita Dúbia forma que palpita, Se esforce em rouco estertor. D) Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. E) Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Questão 02) De acordo com as caracteristicas e obras da fase barroca, assinale a alternativa cuja imagem ou texto não corresponde a ela. A) Palacio Nacional de Mafra. B) A arte barroca retrata, na cultura ocidental, momentos de graves crises espirituais, fazendo renascer valores religiosos que haviam sido abandonados no mundo medieval. C) O poema abaixo e de Gregorio de Matos. Inconstância das coisas do mundo! Nasce o Sol e nao dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em continuas tristezas e alegria. D) A pintura abaixo e denominada “Os trapaceiros”, obra do pintor Caravaggio. ENEMais Data: 24 / 04 / 2015 Turma: Lista 06 Turno: Mat. Vesp. e Not E) O poema abaixo e de Sa de Miranda. Comigo me desavim. Comigo me desavim Vejo-me em grande perigo, Nao posso viver comigo Nem posso fugir de mim. Questão 03) Se acaso for assim — o que vos nao permitais — e esta determinado em vosso secreto juizo, que entrem os hereges na Bahia, o que so vos represento humildemente, e muito deveras, e que, antes da execucao da sentenca, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coracao enquanto e tempo, porque melhor sera arrepender agora, que quando o mal passado nao tenha remedio.[...] Padre Antonio Vieira. Padre Antonio Vieira e responsavel pelo desenvolvimento da prosa no periodo do Barroco. O texto acima e um trecho do Sermao pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda-1640. Assinale a afirmativa que não diz respeito a producao desse conhecido pregador. A) Escreveu cerca de duzentos sermoes em estilo conceptista, isto e, que privilegia a retorica e o encadeamento logico de ideias e conceitos. B) Sua obra era impregnada de filosofia, o que o levava a se considerar um filosofo. C) Autor de cerca de 500 cartas, que tratam de assuntos sobre a relacao de Portugal e Holanda, a Inquisicao e os cristaos-novos. D) Seus sermoes valorizavam o folclorico, o nacional, tudo que se manifesta pela exaltacao da natureza patria, pelo retorno ao passado historico e pela criacao do heroi nacional. E) Seus sermoes eram polemicos, criticava, entre outras coisas, o despotismo dos colonos portugueses, a influencia negativa que o Protestantismo exerceria na colonia. Questão 04) Escreva R para o que se refere ao movimento renascentista e B para o que se refere ao movimento Barroco. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequencia correta. ( ) Esse movimento significou um retorno as formas e as proporcoes da antiguidade greco-romana. ( ) As esculturas, nessa fase, mostravam faces humanas marcadas pelas emocoes, principalmente pelo sofrimento. ( ) Os artistas europeus dessa fase literaria valorizavam as cores, as sombras e a luz e representavam os contrates. ( ) Indo de encontro ao saber baseado na autoridade, tradicao e inspiracao religiosa, durante esse movimento, a razao passa a ser a base do conhecimento. A) B) C) D) E) R/ R/ B/ R. R/ B/ B/ R. B/ B/ R/ B. B/ B/ B/ R. B/ R/ R/ B. Questão 05) A concentração do poeta barroco nos problemas religiosos o afasta das questões sociais provocadas pelas relações de produção. Assinale os versos de Gregório de Matos em que este tipo de concentração se verifica: Marque a única alternativa correta sobre o excerto acima, retirado de um poema de Gregório de Matos Guerra. A) Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade, É verdade, meu Deus, que hei delinquido, Delinquido vos tenho, e ofendido, Ofendido vos tem minha maldade. B) Com o seu ódio a canalha, que consegue? Com sua inveja os néscios que motejam? Se quando os néscios por meu mal mourejam, Fazem os sábios, que a meu mal me [entregue. C) Senhor Antão de Sousa de Meneses, Quem sobe a alto lugar, que não merece, Homem sobe, asno vai, burro parece, Que o subir é desgraça muitas vezes. D) Tu de amante o teu fim hás encontrado, Essa flama girando apetecida; Eu girando uma penha endurecida, No fogo que exalou, morro abrasado. E) Em o horror desta muda soledade, Onde voando os ares a porfia Apenas solta a luz a aurora fria, Quando a prende da noite a escuridade. A) Questão 06) Leia o poema “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos: A vós, correndo vou, Braços sagrados, Nessa Cruz sacrossanta descobertos; Que, para receber-me, estais abertos E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos Olhos, eclipsados, De tanto sangue e lágrimas cobertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos E, por não condenar-me, estais fechados. A Vós, pregados Pés por não deixar-me; A Vós, Sangue vertido para ungir-me; A Vós, Cabeça baixa por chamar-me; A Vós, Lado patente, quero unir-me; A Vós, Cravos preciosos, quero atar-me; Para ficar unido, atado e firme. Assinale a alternativa incorreta: A) O último verso exemplifica o desejo de união espiritual com Cristo, ou seja, da manifestação do desejo humano de ligarse a Deus. B) O poema apresenta, de acordo com o estilo barroco, situações ambivalentes, o que se observa em relação aos braços e aos pés de Cristo. C) O sangue vertido adquire sentido simbólico, pois é através dele que o pecador será salvo. D) O texto é feito basicamente de metonímias, oque permite ao eu lírico não mencionar o nome de Cristo, deixando implícita, no entanto, a sua presença. E) O soneto é feito em versos decassílabos heroicos, com o seguinte esquema de rimas: ABBA / ABBA / CDC / DCD. A imagem do asno representa a esperteza dos que enriquecem rapidamente. B) A antítese entre salvação e condenação está representada nos verbos “subir” e “descer”. C) Segundo o excerto, o homem passa a asno e de herói a burro quando carrega no caráter os bons costumes morais. D) O fragmento mostra o enriquecimento fácil que em breve se transforma em ruína. E) A imagem da roda mostra que o enriquecimento, mesmo sem mérito, significa estabilidade definitiva. Questão 08) Acerca da linguagem utilizada nos versos a seguir de Gregório de Matos, um dos principais nomes do Barroco, é correto afirmar que Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. (Gregório de Matos. Poemas escolhidos (seleção, introdução e notas José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1981. Fragmento.) A) mostra-se predominantemente denotativa, evitando o uso de analogias. B) caracteriza-se pelo emprego de figuras de linguagem, classificando o trecho como cultista. C) é uma linguagem coloquial, buscando uma maior aproximação entre o eu lírico e o interlocutor. D) por meio da antítese – Depois da Luz se segue a noite escura – depreende-se que o eu lírico anula-se diante da passagem do tempo. Questão 09) ACONTECÊNCIA Acorda ligeira e vem olhar que lindo sobre o morro sol se debruçar leite novo espuma dessa madrugada passarada vem te despertar tantos pés descalços posso ver meninos a correr na direção do dia banho de açude alegre e lava o corpo fruta fresca é pra te alimentar acorda ligeira e vem ver que bonito pelo pasto solta a vacaria na barra da serra gavião campeiro vem primeiro vento costurar tantos pés descalços posso ver libertos a correr na direção do dia chuva desce pra regar a terra engravidar sementes em frutas se tornar NUCCI, Cláudio. Disponível em: < http://www.claudionucci.com.br/musica>. Acesso em: 07 set. 2014. Questão 07) Leia o excerto abaixo. A letra da canção “Acontecência” aproxima-se do ideário estético do Arcadismo por Senhor Antão de Sousa de Meneses, Quem sobe a alto lugar, que não merece, Homem sobe, asno vai, burro parece, Que o subir é desgraça muitas vezes. A) B) C) D) A fortunilha autora de entremezes Transpõe em burro o Herói, que indigno cresce Desanda a roda, e logo o homem desce, Que é discreta a fortuna em seus reveses. adotar a convenção pastoral. representar a natureza de modo bucólico. valorizar o campo em detrimento da cidade. propor uma vida equilibrada e sem excessos. Questão 10) Leia os versos abaixo. Deixa louvar da corte a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza! Os versos de Bocage, acima transcritos, sugerem a tese da superioridade da natureza sobre a civilização. Assinale a opção que apresenta uma das causas deste modo de entender a relação entre estas. A) O desejo de se afastar dos problemas da vida urbana provocados pela consolidação do modo de produção capitalista. B) O exacerbado crescimento do sistema feudal e a insatisfação dos poetas árcades com este crescimento. C) A influência do modo de produção capitalista e a ascensão da burguesia influenciando esteticamente o modelo poético árcade a ter uma visão negativa da natureza. D) A satisfação com as consequências do capitalismo e o repúdio aos ideais campesinos. E) A influência da propriedade da terra como fonte geradora de riqueza no modo de produção capitalista. Questão 11) Assinale a única alternativa cujos versos de Claudio Manuel da Costa exprimem as ideias que comumente estão associadas, no Arcadismo, às consequências negativas causadas pela expansão urbana capitalista no procedimento ético humano. A) “Adorar as traições, amar o engano, Ouvir dos lastimosos o gemido, Passar aflito o dia, o mês e o ano;” B) “Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço.” C) “Que inflexível se mostra, que constante Se vê este penhasco! já ferido Do proceloso vento, e já batido Do mar, que nele quebra a cada instante!” D) “Ah! queira Deus, que minta a sorte irada: Mas de tão triste agouro cuidadoso Só me lembro de Nise, e de mais nada.” E) “Mas ah delírio meu, que me atropelas! Os olhos, que eu cuidei, que estava vendo, Eram (quem crera tal!) duas estrelas.” Questão 12) Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as colunas seguir. ( 1 ) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. ( 2 ) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a exploração do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas. ( 3 ) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores por meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se viam divididos entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram mostradas cenas bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de dor imensa do sacrifício de Jesus Cristo. ( 4 ) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades, principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou a experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela chegada em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas. ( 5 ) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo positivismo de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram a retratar em seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados parte da personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia. ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) Arcadismo Romantismo Naturalismo Modernismo Barroco A sequência correta, de cima para baixo, é: A) B) C) D) 2 – 1 – 5 – 4 – 3. 4 – 5 – 1 – 3 – 2. 3 – 4 – 2 – 5 – 1. 5 – 2 – 3 – 1 – 4. Questão 13) Em relação ao Arcadismo, é correto afirmar que A) o movimento estético caracteriza-se, principalmente, pela retomada da cultura greco-latina, pela subjetividade e pela idealização do amor e da beleza. B) a estética simples presente no Movimento permite até a inserção da linguagem popular em textos épicos. C) o exagero transparece principalmente em relação a qualidades e defeitos dos personagens. D) a presença marcante do bucolismo implica exaltação da vida campesina em poemas do Período. E) a tendência ao sentimentalismo, assumida pelo Arcadismo em oposição ao Barroco, implica tematizar o sofrimento amoroso. Questão 14) Leia o poema abaixo e assinale o que for correto sobre ele e sobre seu autor, Tomás Antônio Gonzaga. LIRA XVIII Não vês aquele velho respeitável, Que, à muleta encostado, Apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, O tempo arrebatado, Que o mesmo bronze gasta! Enrugaram-se as faces e perderam Seus olhos a viveza; Volto u-se o seu cabelo em branca neve; Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, Não tem uma beleza Das belezas que teve. Assim também serei, minha Marília, Daqui a poucos anos, Que o ímpio tempo para todos corre: Os dentes cairão e os meus cabelos. Ah! sentirei os danos, Que evita só quem morre. Mas sempre passarei uma velhice Muito menos penosa. Não trarei a muleta carregada, Descansarei o já vergado corpo Na tua mão piedosa, Na tua mão nevada. As frias tardes, em que negra nuvem Os chuveiros não lance, Irei contigo ao prado florescente: Aqui me buscarás um sítio ameno, Onde os membros descanse, E ao branco sol me aquente. Apenas me sentar, então movendo Os olhos por aquela Vistosa parte, que ficar fronteira, Apontando direi: — Ali falamos, Ali, ó minha bela, Te vi a vez primeira. Verterão os meus olhos duas fontes, Nascidas de alegria; Farão teus olhos ternos outro tanto; Então darei, Marília, frios beijos Na mão formosa e pia, Que me limpar o pranto. Assim irá, Marília, docemente Meu corpo suportando Do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília Quem, sentida, chorando, Meus baços olhos cerra. (GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret, 2009. p. 56-57.) E vós, oh cortesãos da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores. (Bocage. Sonetos, 1994.) Questão 15) Nesse poema, predomina A) o sentimentalismo exagerado, pois o eu lírico expressa seu amor não correspondido. Trata-se de um poema romântico, que traduz o descontrole emocional. B) o subjetivismo, pois o eu lírico expressa seu pessimismo existencial. Trata-se de um poema árcade, no qual há prenúncios de características românticas. C) a idealização de uma relação amorosa, pois o eu lírico sugere poder reverter o amor não correspondido. Trata-se de um poema barroco, que expressa os dilemas do amor. D) a sugestão de descontrole emocional, pois o eu lírico recorre à noite como forma de fugir da tristeza amorosa. Trata-se de um poema romântico, que traduz a ideia de morte. E) a objetividade, pois o eu lírico analisa friamente a decepção amorosa por que passa. Trata-se de um poema árcade, que privilegia a expressão comedida do sentimento. TEXTO: 2 - Comum à questão: 16 01. 02. 04. 08. 16. A temática da passagem do tempo, que perpassa a lira reproduzida, aproxima-se de um dos aspectos mais representativos do Arcadismo: o carpe diem, ou seja, a necessidade de se aproveitar o momento em função de sua fugacidade. O locus amoenus, lugar de tranquilidade no qual os amantes podem celebrar seu amor, encontra-se representado em passagens como “Irei contigo ao prado florescente”. Além disso, a maneira como o elemento natural surge no poema aponta para outro tema representativo do Arcadismo: o fugere urbem, destacando a preferência pela fuga do ambiente urbano em privilégio da vida no campo. A linguagem utilizada no poema é marcada pela simplicidade, seja em termos de estrutura formal, seja em termos de organização de ideias. Desse modo, a “Lira XVIII”, em consonância com os preceitos do movimento árcade, afasta-se dos jogos e das tensões de forma e raciocínio presentes na escola literária precedente, o Barroco. Ao optar apenas por redondilhas maiores na composição de seus versos na “Lira XVIII”, Gonzaga buscava métricas e ritmos tipicamente brasileiros em sua obra, o que se alinhava com as propostas de afirmação nacional da Inconfidência Mineira, movimento do qual Gonzaga não participou, mas que apoiava filosoficamente. Gonzaga, apesar de representante da escola árcade, é conhecido também como poeta pré-romântico, sobretudo devido à ênfase ao elemento amoroso. Na “Lira XVIII”, a presença da morte na última estrofe é um exemplo da “morte de amor” que será tão produtiva na segunda geração romântica brasileira. A HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA NO BRASIL: REFLEXÕES (1) (2) (3) (4) TEXTO: 1 - Comum à questão: 15 Oh retrato da morte, oh noite amiga Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha do meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga: (5) O caráter multifatorial da saúde expressa o quanto ainda pode ser feito na redução das doenças marcadas pelo contexto social, além de promover-se o bem-estar físico e mental da população brasileira. A sociedade, em especial a comunidade científica, deve lutar arduamente pela universalização deste novo conceito de saúde, buscando sempre defender a necessidade de construção de uma sociedade mais igualitária e aliar os ideais políticos com a promoção da saúde. A Saúde Pública brasileira evoluiu muito nos últimos anos, quando muitas questões sociais e estruturais foram adicionadas ao seu contexto. As Conferências Nacionais de Saúde, os Conselhos Municipais, a descentralização das ações e a universalização dos direitos representam excelentes conquistas do Sistema Único de Saúde (SUS). Não obstante, o momento atual revela ainda a precariedade de investimentos em políticas intersetoriais. A estrutura do SUS ainda é centrada principalmente no modelo assistencial, e o Ministério da Saúde é organizado segundo a lógica hospitalar. É necessário redefinir prioridades e um modelo que preconize um contrato global – com metas de desempenho e qualidade definidas pela população. Outro desafio para o século XXI é a necessidade de humanização da saúde. A adaptação do currículo médico à visão moderna de saúde – através das novas diretrizes curriculares dos cursos de medicina no Brasil – representa uma importante conquista. Além da diversificação dos cenários de aprendizagem, a consolidação definitiva desse novo olhar para a saúde exige também o incentivo cada vez maior de projetos na área de medicina preventiva. Importa salientar ainda a necessidade de maiores investimentos em políticas de gestão participativa em saúde. A exigibilidade do direito à saúde requer que a população se aproprie de informações sobre os princípios e diretrizes do SUS. Os espaços compartilhados de controle social deverão assumir o desafio de formação de uma cultura de corresponsabilidade, pautada na concepção da saúde como bem público, direito social, e dever do Estado, incluindo governo e sociedade. (...) (6) As iniciativas voluntárias – pautadas em valores de humanização e solidariedade – promovem espaços compartilhados de atuação e englobam outros setores do governo comprometidos com a produção de saúde (ex. as universidades federais). Tais iniciativas constituem exemplos de práticas de articulação intersetorial, fundamentais para a efetiva inclusão social da população brasileira. (Israel de L. M. Ferreira; Tiago P. Tabosa e Silva. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442302007000300013. Acesso em 01/10/2013. Adaptado). Questão 16) Nas alternativas abaixo, constam caracterizações de diferentes períodos da literatura brasileira. Identifique a alternativa em que os comentários feitos podem ser considerados corretos. Barroco – período em que a literatura expressa a tentativa histórica de conciliar forças contrárias, como razão e fé, céu e terra, sagrado e profano, matéria e espírito. Os Sermões, de Padre Antônio Vieira, são uma das expressões desse período. B) Romantismo – as mudanças em curso no Brasil da época acabaram por gerar uma nova concepção de mundo e, com isso, um novo estilo literário. À arte foi atribuída uma função social, como se pode ver no romance O Cortiço, de Aloísio Azevedo. C) Realismo/Naturalismo – esse período literário caracteriza bem o momento histórico brasileiro: o interesse por valorizar o passado nacional, a paisagem tropical, a idealização do índio, o regionalismo. Gonçalves Dias representa bem esse momento da nossa literatura. D) Parnasianismo – uma época áurea da poesia nacional, que explora o misticismo, a expressão vaga e espiritualista da realidade e enfatiza o imaginário e a fantasia, como se pode ver nos poemas de Cruz e Sousa. E) Simbolismo – expressa em um vocabulário rico, incomum, (uma espécie de preciosismo verbal) pretendia atingir leitores da elite brasileira. Seus temas eram universais e seu princípio mais expressivo era: “A arte pela arte”. Basta ver os poemas de Olavo Bilac. A) TEXTO: 4 - Comum à questão: 18 Leia a letra da canção De volta pro aconchego. Estou de volta pro meu aconchego Trazendo na mala bastante saudade Querendo um sorriso sincero, Um abraço para aliviar meu cansaço E toda essa minha vontade. Que bom poder tá contigo de novo Roçando teu corpo e beijando você Pra mim tu és a estrela mais linda Teus olhos me prendem, fascinam A paz que eu gosto de ter. É duro ficar sem você vez em quando, Parece que falta um pedaço de mim. Me alegro na hora de regressar, Parece que vou mergulhar na felicidade sem fim. (Dominguinhos e Nando Cordel. Um barzinho, um violão – Novelas anos 80, Universal Music e Zecapagodiscos, 2013.) Questão 18) Podemos relacionar, corretamente, essa canção A) às cantigas trovadorescas de amor, pois há a concretização física do relacionamento amoroso entre eu lírico e mulher amada. B) às cantigas trovadorescas de amigo, pois homem e mulher passam por um período de separação, de distanciamento físico. C) às novelas de cavalaria, pois o protagonista defende a integridade da mulher amada por meio de atos heroicos. D) à maioria dos sonetos de Camões, pois nesses poemas a figura feminina não é apresentada de forma idealizada. E) aos poemas líricos de Gregório de Matos, pois a mulher é vista, ambiguamente, como um ser angelical e perverso. TEXTO: 5 - Comum à questão: 19 TEXTO: 3 - Comum à questão: 17 TEXTO 1 Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa. SENHORINHA Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Moça de fazenda antiga, prenda minha Gosta de passear de chapéu, sombrinha Como quem fugiu de uma modinha Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado; Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Sinhazinha No balanço da cadeira de palhinha Gosta de trançar seu retrós de linha Como quem parece que adivinha (amor) Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Será que ela quer casar? Será que eu vou casar com ela? Será que vai ser numa capela De casa de andorinha? Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! (Obras, 1996.) Questão 17) No soneto, o eu lírico expressa-se de forma A) B) eufórica, reconhecendo a necessidade de mudança. contida, descortinando as impressões auspiciosas cenário. C) introspectiva, valendo-se da idealização da natureza. D) racional, mostrando-se indiferente às mudanças. E) reflexiva, explorando ambiguidades existenciais. do Princesinha Moça dos contos de amor da carochinha Gosta de brincar de fada-madrinha Como quem quer ser minha rainh Sinhá mocinha Com seu brinco e seu colar de água-marinha Gosta de me olhar da casa vizinha Como quem me quer na camarinha (amor) Será que eu vou subir no altar? Será que irei nos braços dela? Será que vai ser essa donzela A musa desse trovador? 12 13 14 Ó prenda minha Ó meu amor Se torne a minha senhorinha Mas ah! delírio meu que me atropelas! Os olhos que eu cuidei que estava vendo, Eram (quem crera tal!) duas estrelas. Cláudio Manoel da Costa (GUINGA; PINHEIRO, Paulo César. “Senhorinha”. In: Noturno Copacabana. Faixa 8; Velas, 2003.) TEXTO 2 Questão 20) A respeito do momento histórico-literário brasileiro, à época do Arcadismo, pode-se afirmar que: A) “O trovador, obediente a estritas normas de cortesia – o ‘amor cortês’ –, rendia vassalagem à dama (o ‘serviço amoroso’), prometendo servi-la e respeitá-la fielmente, ser discreto embora ciumento, empalidecer na sua presença, perturbar-se interiormente, ser temeroso de não ser correspondido, nada recusar à dama eleita.” (MOISÉS, Massaud. “Trovadorismo”. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 455.) Questão 19) Escrita por compositores brasileiros contemporâneos, a letra da canção faz referência direta às cantigas de amor mencionadas no Texto 2. Dentre os fatores que contribuem para essa intertextualidade com a literatura medieval, destaca-se: A) o sentimento de incerteza do eu lírico, expresso pelas interrogações do texto. B) a idealização da mulher amada, sintetizada na figura da “senhora”. C) o eu lírico feminino, recurso característico da literatura da Idade Média. D) o sofrimento amoroso decorrente da impossibilidade de união com a dama. TEXTO: 6 - Comum à questão: 20 ocorre a transferência do centro econômico do Nordeste para a região Sudeste, com destaque para Minas Gerais, onde os poetas mantêm uma relação com sua geografia, sua política e sua história. B) as invasões holandesas foram o maior conflito políticomilitar ocorrido no período, que estimularam o engajamento político-literário e a confecção das Cartas Chilenas. C) a utilização do ouro, do aço e do petróleo impulsionaram o avanço científico da colônia, possibilitando a criação da Arcádia acadêmica, fonte de cultura para toda uma geração de poetas. D) o nacionalismo ufanista e o irracionalismo alimentaram os primeiros momentos da Inconfidência Mineira, estabelecendo a permanência de uma literatura libertária no aspecto formal. E) o lucro obtido com a extração do ouro e com a economia cafeeira estimularam as manifestações de independência, representada literariamente pela utilização constante dos versos livres. GABARITO: 1) Gab: A 2) Gab: E 3) Gab: D 4) Gab: B SONETO VI 5) Gab: A 1 2 3 4 Brandas ribeiras, quanto estou contente De ver-vos outra vez, se isto é verdade! Quanto me alegra ouvir a suavidade, Com que Fílis entoa a voz cadente! 5 6 7 8 Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, Tudo me está causando novidade: Oh! como é certo que a cruel saudade Faz tudo, do que foi, mui diferente! 9 10 11 Recebi (eu vos peço) um desgraçado, Que andou até agora por incerto giro, Correndo sempre atrás do seu cuidado: 11) Gab: A 12 13 14 Este pranto, estes ais com que respiro, Podendo comover o vosso agrado, Façam digno de vós o meu suspiro. 13) Gab: D Cláudio Manoel da Costa 6) Gab: B 7) Gab: D 8) Gab: B 9) Gab: B 10) Gab: A 12) Gab: A 14) Gab: 07 15) Gab: B SONETO 16) Gab: A 1 2 3 4 Estes os olhos são da minha amada, Que belos, que gentis e que formosos! Não são para os mortais tão preciosos Os doces frutos da estação dourada. 5 6 7 8 Por eles a alegria derramada Tornam-se os campos de prazer gostosos. Em zéfiros suaves e mimosos Toda esta região se vê banhada. 9 10 11 Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo Do rosto do meu bem as prendas belas, Dai alívio ao mal que estou gemendo. 17) Gab: E 18) Gab: B 19) Gab: B 20) Gab: A