A Gestão nas Organizações sem Fins Lucrativos – Converter boas intenções em resultados Em geral, dá-se pouco relevo às questões da gesta nas organizações sem fins lucrativos. Esta situação pode ter várias razões: exiguidade de meios disponíveis, uma certa tendência para privilegiar a acção sobre a organização, ou, mesmo, pelo peculiar sistema de relações em que muitas vezes assenta o funcionamento destas instituições. Se nas empresas a eficácia é importante, nas organizações não lucrativas ela deve considerar-se duplamente importante. Primeiro, porque os meios disponíveis são sempre escassos face ao que há para fazer, depois, porque esses meios (ou em parte significativa deles) em geral, são financiamentos públicos ou donativos de terceiros. Não obstante a importância destas organizações, tanto pela acção que desenvolvem como pela importância dos meios que movimentam, os seus dirigentes dispõem de muito poucas fontes de consulta centradas na realidade da gestão destas instituições. Alguns pontos que podem favorecer o encontro de situações úteis e convenientes: 1- A importância crescente destas organizações, tanto no que concerne ao significado social das suas actividades, como no que diz respeito ao volume de recursos movimentados( não raro subsidiados pelo Estado ), são algumas das razões que justificam a maior atenção por parte destas instituições e o apoio por parte das entidades que as coordenam, no sentido do aperfeiçoamento das suas estruturas, instrumentos e técnicas de gestão. 2- Importa que todos os órgãos tenham a composição mais adequada às funções que têm que desempenhar e que a organização não entrave, antes favoreça, a observância dos princípios essenciais da gestão. 3- Não faz muito sentido admitir a existência de uma gestão “particular” para estas organizações. Trata-se, apenas de Gestão. 4- A gestão é uma actividade complexa que inclui o planeamento, organização e coordenação de meios, a direcção e tomada de decisões e o controlo do cumprimento dos objectivos e tarefas planeadas. Para a realização destas actividades, experiência e intuição, só por si, não bastam; ou se dominam as questões técnicas da gestão, ou trão que se apoiar em quem as conheça. 5- Importante é a definição clara da Missão. A missão é a razão de ser duma organização. A definição da missão preceda a concepção da estrutura e dos seus membros, o estabelecimento de objectivos, e é em função da missão que se devem eleger os critérios de avaliação. 6- A circunstância de ,no geral as actividades das organizações não se pautarem por critérios de mercado ( como as empresas ), não significa desnecessidade de ponderar custos. 7- Julgar que tudo o que se fizer é uma causa moral, justificável em si mesma, que se deve levar por diante sem olhar a resultados, é uma tentação comum neste tipo de instituições. “É sempre louvável fazer o bem, mas melhor será fazer bem o bem”A contabilidade é uma técnica apropriada para medir a eficiência da gestão. 8- Muitas instituições ainda se mantêm graças à colaboração generosa e dedicada de colaboradores. No entanto, não é seguro que a presença prolongada das mesmas pessoas em cargos dirigentes, configure, em todas as situações, condições favoráveis ao dinamismo e à modernização da sua acção. Convém evitar que situações de perpetuação nos órgãos dirigentes se possam confundir com objectivos menores como sejam, eventualmente, satisfação de vaidades pessoais, favorecimento de interesses e obtenção de vantagens diversas. (Revista Dirigir, nº81/82, pag.s 42 a 47)