Qualidade de Vida nas Organizações: promovendo a saúde integral para além do discurso Editorial O Mundo da Saúde, São Paulo - 2013;37(2):129-130 130 A Qualidade de Vida no Trabalho envolve ações e programas realizados nas instituições, alinhadas com a cultura organizacional, tendo como referencial o bem-estar das pessoas. O mundo do trabalho, inclusive no Brasil, envolve muitas facetas e desafios, como a questão da competitividade, do estresse, da convivência das diferentes gerações e das diferentes características e culturas. A Qualidade de Vida no Trabalho não deve ser restrita a ações pontuais ou de conveniência, como feiras de saúde, descontos em academias, sessões de massagem ou eventos culturais. Ela só é efetiva se permear os valores e a cultura da organização, com transparência, pela comunicação aberta em todos os canais, pela meritocracia e pela busca do equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Empresas e outras entidades que investem em programas de bem-estar e qualidade de vida realizando avaliação adequada, gestão eficiente, comunicação eficaz e que possibilitem o acesso dos profissionais terão um importante retorno no que se refere ao controle de faltas ao trabalho e do presenteísmo, à motivação dos funcionários, à retenção de talentos, à redução nos acidentes laborais e às doenças ocupacionais com um maior controle nos custos de assistência médica. Pesquisas em outros países demonstraram que os programas bem-sucedidos estão atrelados à liderança comprometida em todos os níveis (presidente, diretores, média liderança e gerentes), ao escopo, à relevância e qualidade de todas as ações, à acessibilidade das atividades (não restritas à sede ou em unidades administrativas), à capacitação dos gestores dos programas, ao alinhamento do programa com as metas e visão da empresa e à comunicação ampla e em sintonia com os diferentes públicos. A prevenção pode reduzir o grande impacto econômico da doença, além de aumentar a duração e a qualidade da vida das pessoas. Os custos dos tratamentos, da perda da produtividade e da assistência à saúde afetam significativamente a economia, as famílias e as atividades organizacionais. As políticas de prevenção e os programas são frequentemente custo-efetivos, ou seja, reduzem os custos em assistência médica e tendem a aumentar a produtividade. Neste contexto insere-se a presente edição da revista O Mundo da Saúde. Torna-se cada vez mais premente o desafio de ampliar a base de conhecimentos no campo da Promoção de Saúde e Qualidade de Vida em nosso país por meio da realização de pesquisas mais abrangentes e pela divulgação científica acessível e de alta qualidade, tanto para apoiar a reflexão sobre as estratégias atuais e futuras, como para contribuir com a refinação das práticas ligadas à formação de profissionais capacitados para realizar a gestão dos programas de maneira mais efetiva e especializada nas organizações. Agradecemos aos coordenadores científicos da edição, Prof. Clóvis Castelo Júnior e Prof. Alberto José Niituma Ogata, pela dedicação e comprometimento com a organização deste número, assim como aos autores e colaboradores. Leo Pessini* * Doutor em Teologia/Bioética. Pós-graduado em Clinical Pastoral Education and Bioethics at St Luke’s Medical Center. Docente do Programa Stricto sensu em bioética (Mestrado e Doutorado) do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. E-mail: [email protected]