FACULDADES INTEGRADAS EINSTEIN DE LIMEIRA Curso de Graduação em Engenharia Civil Resistência dos Materiais II - 2012 Prof. José Antonio Schiavon, MSc. NOTAS DE AULA – Aula 3: Flexão Oblíqua 1. Objetivo: determinar as tensões normais nas seções transversais de uma viga ou pilar submetido a carregamentos em duas direções perpendiculares entre si. 2. Introdução Até agora vimos como se determinar as tensões normais em barras submetidas a um carregamento em uma direção, por exemplo, a vertical. Estudamos barras submetidas também a uma força normal. Mas às vezes ocorrem situações em que pilares ou vigas sofrem carregamento em duas direções ortogonais entre si. Por exemplo, um pilar de canto que deverá resistir a cargas verticais de compressão e carregamento lateral em duas direções: O pilar acima sofrerá flexão em torno dos dois eixos principais de inércia da seção transversal, além de esforço normal de compressão devido à carga vertical. Quando há flexão em dois planos perpendiculares entre si, chamamos esta de flexão oblíqua. Se há também atuação de esforço normal, temos a flexão oblíqua composta. A flexão oblíqua também acontece quando o momento fletor não atua em torno de um dos eixos principais de inércia. Nas cantoneiras, os eixos principais de inércia não coincidem com os eixos vertical (z) e horizontal (y) da figura. Então, teremos que decompor o vetor momento em relação aos dois eixos principais de inércia 1 e 2. Em torno de um determinado eixo temos o valor maximo do momento de inercia. Num outro eixo, perpendicular a este primeiro, teremos o mínimo momento de inercia. Estes dois eixos são chamados de eixos principais de inércia. carregamento é aplicado num ângulo α em relação ao eixo z. O vetor momento M é perpendicular ao plano das cargas e forma também um ângulo α em relação ao eixo y. O vetor que representa esse momento pode ser decomposto nos vetores My e Mz, respectivamente nas direções y e z. Dessa maneira, podemos escrever as componentes do momento M em relação aos eixos principais de inércia, que nesse caso já coincidem com os eixos y e z. M y = M cos α M z = Msenα A decomposição do vetor momento depende do ângulo α, que neste caso foi dado em relação ao eixo y. Toda vez que se decompor um vetor, deve-se observar se o ângulo é dado em função do eixo y ou z, para se fazer a correta decomposição. A tensão normal num ponto com coordenadas y e z será determinada pela soma das tensões originadas por M y e M z: My M σ= z+ z y Iy Iz Ao invés de se trabalhar com convenção de sinais em função do sentido do eixo coordenado y ou z, podese analisar o sinal da tensão resultante de outra maneira: • Verifique qual o sentido de giro do momento; • Se a seta do momento estiver saindo do ponto: momento está tracionando o ponto; • Se a seta chegar no ponto: ocorre compressão. 3. Flexão Oblíqua A viga abaixo sofre a ação de cargas num plano que não coincide com o plano formado pelo eixo x e por um dos eixos principais de inércia (z e y neste caso). O Faculdades Integradas Einstein de Limeira – Eng. Civil –Resistência dos Materiais II - 2012 1 Vamos analisar a viga abaixo: Ponto 1 2 3 4 My tração tração compressão compressão Mz tração compressão tração compressão Portanto teremos a máxima tração no ponto 1 e a máxima compressão no ponto 4. Exemplo 1 – determinar o valor da tensão normal nos quatro vértices da seção transversal. Dados: M = 8 kNm; α = 20°. - ponto 1 My M 752 140 σ1 = − z+ z y=− 15 + 7 ,5 Iy Iz 33750 8437,50 σ 1 = −0,21 kN cm² - ponto 2 752 140 σ2 = − 15 − 7 ,5 = −0,46 kN cm² 33750 8437,50 - ponto 3 752 140 σ3 = 15 + 7 ,5 = 0,46 kN cm² 33750 8437,50 - ponto 4 752 140 σ3 = 15 − 7 ,5 = 0,21 kN cm² 33750 8437,50 3.1. Posição da Linha Neutra Já foi visto que a linha neutra é o lugar geométrico na seção transversal onde a tensão normal é nula. 1° Passo: determinação dos esforços solicitantes. Como o momento fletor já foi dado, será necessário decompôlo em função dos eixos principais de inércia, que neste exercício coincidem com os eixos coordenados. - Momento em relação ao eixo de inércia principal maior (maior inércia na flexão em torno desse eixo): M y = M cosα = 0,940M = 7 ,52kNm = 752 kNcm - Momento em relação ao eixo de inércia principal menor (menor inércia na flexão em torno desse eixo): M z = Msenα = 0,174M = 1,40kNm = 140 kNcm 2° Passo: características geométricas transversal. - Momento de inércia principal maior (Iy): Iy = da seção b × h3 = 33750 cm 4 12 - Momento de inércia principal menor (Iz): 3 Iy = h×b = 8437,50 cm 4 12 Mas se não conhecermos tal linha, poderemos determiná-la facilmente igualando a zero a equação da obtenção da tensão normal. M M M M σ = y z+ z y→0= y z+ z y Iy Iz Iy Iz Após algumas transformações, teremos uma equação da reta do tipo y = a·z: −M y I z y= × ×z Mz Iy Os momentos My e Mz são resultado de uma decomposição do vetor M segundo os eixos principais de inércia. 3° Passo: determinação da tensão normal. O sentido de giro dos vetores momento é dado pela regra da mão direita. Faculdades Integradas Einstein de Limeira – Eng. Civil –Resistência dos Materiais II - 2012 2 M y = a × P = 0,04 × 135 = 5,4 kNm = 540 kNcm No eixo y, a distância entre o CG e o ponto de aplicação da carga é: b = 27 - 6/2 = 24 mm M z = b × P = 0,024 ×135 = 3,24 kNm = 324 kNcm My temos que: M tgα = z My A equação da linha neutra também poderá ser expressa em função do ângulo α: −M y I z y= × ×z Mz Iy Já que temos a equação da reta, para desenharmos ela basta adotarmos dois valores de z para calcularmos y. Obteremos dois pares de coordenadas coordenada que poderemos plotar em um gráfico em escala, juntamente com a seção transversal do elemento em análise. Como o diagrama das tensões normais na seção transversal é linear, a tensão máxima surge no ponto mais afastado da linha neutra, seja ela tração ou compressão. Se as coordenadas deste ponto forem y1 e z 1: My M σ máx = z1 + z y1 Iy Iz Mz O esforço normal será: N = P = 135 kN. 2° Passo: características da seção transversal. O momento de inércia Iy é o máximo momento de inércia e o Iz é o mínimo momento de inércia. Temos então que os eixos y e z são os eixos principais de inércia. Iy = I1 = 916 cm4 Iz = I2 = 600 cm4 A = 44,50 cm² 3° Passo: equação da linha neutra. A equação tensão normal de um elemento submetido a flexão oblíqua composta é dada por: My M N z+ z y+ σ= Iy Iz A A equação da linha neutra é obtida igualando-se igualando σ = 0: My Mz N z+ y+ 0= Iy Iz A Substituindo, 540 324 135 0= z+ y− → y = −1,092 z + 5,618 916 600 44,50 Exemplo 2 – Determinar a posição da linha neutra, σmáx e σmin. Dados: a = 40mm; A = 4450 mm²; Iy = 9,16 x 106 mm4; Iz = 6,00 x 106 mm4. 1° Passo: determinação dos esforços solicitantes. Como a carga é excêntrica em relação ao centro geométrico nas duas direções y e z. Trata-se se de um caso de flexão oblíqua composta. Adotando duas coordenadas zI = 1,02 cm e zII = - 1,02 cm, teremos yI = 4,50 cm e yII = 6,73 cm. Repare que estas coordenadas tem a origem no CG. O desenho da linha neutra e dos dois pontos mais distantes do CG em relação a uma linha perpendicular à linha neutra serão: Como a carga de compressão está aplicada na aba direita da seção transversal, logicamente o ponto que sofrerá a maior tensão de compressão (σ ( min) será o ponto da direita. Consequentemente o ponto de maior tensão Faculdades Integradas Einstein de Limeira – Eng. Civil –Resistência dos Materiais II - 2012 3 normal de tração (σmáx) estará no outro ponto mais distante do CG, que é a extremidade da aba esquerda. O ponto submetido à máxima tensão normal terá coordenadas z = 10,2 e y = 2,1. O ponto sujeito à mínima tensão normal tem coordenadas z = -10,2 e y = 2,7. 3.2. Núcleo Central de Inércia Uma barra tracionada por força axial tem o diagrama de tensões uniformemente distribuídas ao longo de sua seção transversal. A linha neutra está situada no infinito acima da peça. x eixo horizontal da seção transversal, a linha neutra será paralela ao eixo vertical da seção transversal. A linha neutra se aproximará da face direita da peça. LN Se a força for deslocada para o lado oposto, ou seja, lado direito do eixo vertical, a linha neutra se aproximará pela esquerda. LN Se deslocarmos a força para baixo do eixo baricêntrico, a distribuição das tensões deixa de ser uniforme. A linha neutra se aproxima da seção, embora ainda não a intercepte. LN Temos então quatro pontos, dois em cada eixo central de inércia. Um ponto situado sobre a linha que une o ponto inferior e o direito produzirá uma linha neutra que passa pelo vértice formado pela linha neutra desses dois pontos. x LN Ao deslocar a força axial um pouco mais para baixo, ao longo do eixo z, a linha neutra vai coincidir com a borda superior da peça. As tensões normais na seção transversal ainda serão de tração, exceto na borda superior, onde serão nulas. LN x Ao abaixar um pouco mais a força começaria a aparecer tensões de compressão acima do eixo baricêntrico da peça. LN x Em qualquer ponto situado sobre os segmentos que unem os quatro vértices do losango, a linha neutra tocará apenas um ponto da seção. O losango formado é chamado de Núcleo Central de Inércia. Se uma força normal de tração for aplicada dentro desse núcleo, surgirão apenas tensões normais de tração. Se a força normal for de compressão, apenas surgirão tensões normais de compressão. Todas as seções tem um núcleo central. O das circunferências também é um círculo de mesmo centro, e raio igual a ¼ do raio da seção. b/3 Se repetirmos o procedimento com o deslocamento da força para o lado de cima do eixo baricêntrico, a linha neutra se aproximará da seção vindo de baixo, até atingir a borda inferior. x D/4 h/3 D LN Se deslocarmos a carga para a esquerda, ao longo do Faculdades Integradas Einstein de Limeira – Eng. Civil –Resistência dos Materiais II - 2012 4