DECLARAÇÃO POLITICA O Mundo Rural e as Politicas Governamentais Há precisamente doze meses, na qualidade de Deputado pelo Circulo Eleitoral de Santiago Norte subira a esta Tribuna para reclamar da necessidade de um plano de emergência inclusiva, para todo o mundo Rural cabo-verdiano, perante o cenário de mau ano agrícola generalizado e de nefastos efeitos económicos, sociais e psicológicos que impunha medidas para mitigar os seus impactos junto das mais de 48% da população do País que vive e trabalha no campo. Lamentava, na altura, o facto da seca madrasta nos tivesse batido á porta, como no passado, nas vésperas da conclusão de importantes infraestruturas de retenção e armazenamento de água para o mundo rural, promissora de um novo paradigma de agricultura para a alavancagem da economia rural. Hoje, Outubro de 2015, num quadro completamente diferente, de abundante pluviometria, e concluídos como se encontram alguns dos emblemáticos investimentos programados para a VIII Legislatura, volto a esta Tribuna, desta feita, em nome da bancada do PAICV para propor aos sujeitos Parlamentares um olhar retrospectivo e prospectivo, do mundo rural cabo-verdiano, avaliando, com sentido de responsabilidade, o impacto das medidas de politicas desta maioria viradas para a transformação do mundo rural. Falar do mundo rural é falar de um espaço de vida e de oportunidades. Aqui em Cabo Verde, País saheliano e territorialmente descontinuo, falar do mundo rural foi sempre reviver o drama das irregularidades pluviométricas e da falta de água; dos trabalhos públicos para garantir a sobrevivência das populações; das cíclicas razias de culturas e de gado por parte de agricultores sem água ou de criadores sem pasto, em fim, de migrações, quantas vezes maciças e sem destino certo. Porém, o desafio de mudança desse paradigma para o mundo rural cabo-verdiano, convictamente assumido nos sucessivos programas de Governo da VI, VII e VIII Legislatura, e traduzidas em ações tendentes á integração das áreas rurais na agenda de transformação, aumentando a sua capacidade produtiva através de inovações, nomeadamente, no domínio da mobilização de água e da produção agrícola, longe de estar completamente realizado, parece-nos bem encaminhado, autorizando-nos nesta altura a defender a continuidade do rumo traçado para a sua completa concretização. Com efeito, depois de um ano de seca, a regularidade como que se comportou o mercado de frescos e produtos hortícolas nacionais, impactando a moderada inflação de 0,3.%, particularmente na Ilha de Santiago, a mais agrícola do País e onde se testou a primeira barragem – a de Poilão, constitui um exímio indicador da assertividade da visão desta maioria para o mundo rural. Mas, Colegas Deputados Sr. Ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares Sr. Presidente da AN, Ao longo desta legislatura, debatemos aqui, nesta casa parlamentar, por iniciativa dos vários sujeitos, temas como a agricultura, o saneamento, a pesca, a educação, a saúde, o desporto, etc,, todos de maior interesse para a vida do mundo rural. Porém, hão-de convir comigo de que a irreversibilidade do desenvolvimento do mundo rural cabo-verdiano é decisivamente condicionado pela disponibilidade de água de que formos capazes de mobilizar para sustentar a produção agrícola, a pecuária o turismo e o consumo doméstico. Falar de água é falar da produção de alimentos de que necessitamos, é falar da nossa vida, do nosso sustento e da nossa sobrevivência. Queremos por isso, nesta oportunidade e neste ano de abundante pluviometria, enfatizar a clareza de visão que permitiu importantes aprovisionamentos de água de escorrimento, através de Barragens que hoje simbolizam a modernidade de Cabo Verde e a esperança de melhores dias para o Mundo Rural. As grandes albufeiras de água das Barragens constituem sem dúvida, nesta altura, atrativos turísticos internos, dos mais visitados pelos cabo-verdianos. A barragem de Saquinho transbordou de água: são mais de700.000 m3 de água armazenada para desenvolver a agricultura de regadio em Santa Catarina; A barragem de Faveta também transbordou de água: são cerca de 670.000 m3 de água para a agricultura em S. Salvador do mundo; A barragem de Polião transbordou mais uma vez: são mais de 1.700.000m3 de água para a agricultura em S. Lourenço dos órgãos e Sta Cruz A barragem de Figueira Gorda, a maior até esta erguida ficou perto do transbordo: estima-se em mais de 1.000.000 de m3 de água armazenada para transformar o vale de Sta cruz A barragem de Canto Cagarra em Stº Antão transbordou: mais de 500.000m3 de água para a agricultura no vale da Garça em Stº Antão A Barragem de Banca Furada em S. Nicolau que esperávamos poder também armazenar muita água revelou problemas já diagnosticado mas que esperamos seja rapidamente ultrapassado para bem de S. Nicolau. É pois, entendimento do GPAICV e desta maioria que este é o rumo certo que nos levará a bom Porto e que não vale a pena alterá-lo. Antes de concluirmos, permitam-me que, desta Tribuna, em nome do Grupo Parlamentar do PAICV e, em meu próprio nome enquanto representante de um círculo eleitoral com forte predominância do ambiente rural, saúde toda a população rural cabo-verdiana, de Santo Antão á Brava e compartilhe com ela a satisfação de vivermos este momento de eminente bom ano agrícola, quase generalizado, como de há muito não se via. Quero também deixar uma palavra de solidariedade para com aqueles que sofreram perdas em decorrência das fortes chuvas que se fizeram sentir em alguns pontos do território. Espero que todos, agricultores, criadores de gado, homens do agronegócio, autoridades públicas, juntos, saibamos minimizar os efeitos dos estragos e, ao mesmo tempo, maximizar o que a natureza nos deu para uma boa oxigenação da economia rural e melhoria da qualidade de vida dos homens do campo que tão bem merecem. Bem-haja Cabo Verde! Bem-haja o Mundo Rural!