REVISTACARGILL Momento da retomada O ano de 2007 aponta perspectivas promissoras para o agronegócio ANO 27 - FEV. MAR. 2007 4 Perspectivas para 2007 3 I O mensagem Práticas empresariais 4 Prosperidade no campo U visão global Parcerias duradouras S M Á R entrevista com a palavra Saúde em Rio Verde responsabilidade social Boas notícias da Páscoa Biocombustível: uma importante reflexão directions O poder da diversidade expertise Notícias Cargill destaques Talentos reconhecidos personagem 9 10 12 14 16 17 19 Revista Cargill é uma publicação bimestral editada pelo Departamento de Assuntos Corporativos e dirigida aos funcionários, clientes e fornecedores da Cargill – Av. Morumbi, 8.234 – CEP 04703-002 – São Paulo – Tel.: (11) 5099-3311 – www.cargill.com.br – Direção Editorial: Afonso Champi – Coordenação Editorial e Jornalista Responsável: Lúcia Pinheiro (MTb 18.755) – Comitê Editorial: Andrea Anjos, César Infante, Débora Basso, Débora Sesti, Erick Ascenção, Felipe Rodrigues, Gonzalo Garcia, Lisandra Faria, Luciane Reis, Marcello Moreira, Neusa Duarte, Patrícia Garcia, Renata Holzer, Shirley Lobo, Sônia Matangrano, Vera Duarte, Valmir Tambelini, Vitor Ideriba e Walter Tommasi – Colaboração: Gabriela Guerra – Projeto Gráfico: Oz Design – www.ozdesign.com.br - Editoração e Direção de Arte: Arco W Comunicação & Design – www.arcow.com.br – Elaboração de Conteúdo: Thear Editora – Edição de Textos: Anna Costa e Letícia Tavares – Reportagem: Renata Rossi e Thais Corrêa – Foto Capa: Steve Satushek/GettyImages. A Revista Cargill não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em entrevistas. A N O 2 7 - N º - 4 F E V . / M A R . 2 0 0 7 consumo 6 Para comentários ou sugestões sobre a Revista, envie seu e-mail para [email protected] ou telefone para (11) 5099-3220. O T N E D I S E R P G A S N No campo dos projetos sociais, esta edição reitera a prática à qual a empresa tem-se dedicado desde a criação da Fundação Cargill, em 1973. Ainda neste primeiro semestre a Fundação Cargill entregará a primeira sala de cirurgia do Hospital do Câncer de Rio Verde – cidade do interior de Goiás com expressiva participação no desenvolvimento do agronegócio da região –, que, até então, não dispunha de local e equipamentos para intervenções cirúrgicas. Acreditamos que este é um exemplo de que ações sociais conjuntas entre empresas, instituições do terceiro setor e órgãos do governo aumentam a abrangência da iniciativa beneficiando, inclusive, comunidades mais distantes. E M Outro fator hoje de grande relevância para a Cargill reside na diversidade de sua equipe, na qual cada um representa um papel importante no desenvolvimento e crescimento da empresa. Valorizar essas diferenças, entender as peculiaridades de cada região é um de nossos compromissos. Transformar essa diversidade em vantagem competitiva, uma de nossas missões. O Visualizar e entender o contexto econômico em que se está inserido, além das rápidas mudanças – e, por que não dizer, muitas vezes dramáticas – que atingem o cenário mundial, são o primeiro passo para uma empresa se manter líder. Tanto assim que a Cargill ajustou o foco da sua Iniciativa Estratégica, e, até 2015, pretende ser a empresa preferida, reconhecida por ter pessoas de grande qualidade e com imaginação, comprometidas com a excelência nas soluções entregues aos parceiros que servimos nos setores agrícola, alimentício e de gerenciamento de risco. D Esse movimento de mercado já aportou por aqui e especialistas visualizam um ano promissor – com índice de crescimento projetado para o agronegócio de cerca de 10% ou mais –, impulsionado pelos melhores preços das commodities, pela renegociação da dívida dos produtores, mas, principalmente, pela larga produção de etanol e biodiesel que se anuncia. Mesmo diante de boas perspectivas, sabemos que o caminho é árduo, pois é necessária ainda uma série de medidas urgentes, além das reformas institucionais tão importantes. Muitas delas – como a questão da desoneração fiscal de toda a cadeia, a ampliação dos recursos para a defesa sanitária, o incentivo às pesquisas – não estão contempladas no novo Plano de Aceleração do Crescimento, denominado PAC, anunciado recentemente pelo governo Federal, mas nós, da Cargill, esperamos que essas medidas sejam tratadas com a devida atenção pelos órgãos competentes dentro de um prazo razoável para o setor. Definitivamente esperamos que se cumpra o que foi prometido com planejamento. E primeiro mês de 2007 já nos mostra o que esperar deste ano. A continuidade do processo de crescimento deverá ser a palavra-chave na Cargill e nos vários setores nos quais a empresa atua. Os bons ventos chegam com as perspectivas otimistas do setor agrícola mundial, com o avanço do biocombustível. Só os Estados Unidos anunciam ampliar sua produção de etanol em 50% até 2010. Boa leitura. E Sergio Barroso Foto: Rogério Pallatta M Presidente 3 Foto: Fernando Faria A T S A governança corporativa está para as empresas assim como o sangue está para o corpo humano: é o que dá a vida. E leis como a Sarbanes-Oxley ajudam as organizações a melhorar ainda mais as suas práticas empresariais E N T R E V I Mais transparência e segurança Ética. Segurança. Transparência. Responsabilidade. Gerenciamento de risco. Essas são palavras de ordem nas organizações preocupadas com a perenidade de seus negócios. Esses atributos são indispensáveis para atrair os investidores e podem ser traduzidos em duas palavras: governança corporativa. Revista Cargill - Como surgiu a SOX? Francisco Macedo - A lei foi criada depois dos escândalos contábeis que atingiram importantes e respeitadas companhias com a finalidade de proteger os investidores de possíveis fraudes. O principal objetivo é assegurar, através de controles internos rígidos e eficientes, que as demonstrações financeiras sejam mais precisas, completas e transparentes. Com a nova lei, a alta gestão das empresas é responsável pelas informações contábeis e responde criminalmente por possíveis fraudes. Nesse sentido, a lei Sarbanes-Oxley (SOX) é uma forte aliada das empresas que buscam melhores práticas de governança. Criada em 2002 para as companhias listadas em bolsas de valores americanas, a SOX é administrada pela Securities and Exchange Commission (SEC), instituição equivalente à brasileira Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e prevê elaboração de rígidos controles internos, confere transparência às demonstrações financeiras e exige responsabilidade das corporações quanto à veracidade dos números apresentados. Os resultados são mais proteção e segurança para os investidores e, conseqüentemente, um melhor desempenho na governança corporativa. Revista Cargill - De que maneira a SOX contribui para a segurança dos investidores? Francisco - Através da exigência de que as empresas mantenham adequados controles internos que assegurem que as operações sejam refletidas nas demonstrações financeiras. Estas, por sua vez, devem ser preparadas de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos. Adicionalmente, uma forte estrutura de controles internos proporciona melhores oportunidades para detectar e evitar fraudes. A Mosaic, empresa formada pela união entre a Cargill Crop Nutrition e a IMC Global – empresa norte-americana de fertilizantes –, tem ações negociadas na bolsa de valores dos Estados Unidos e adequou-se à SOX em 2006. A experiência adquirida pela companhia no processo de implantação dos requisitos da lei comprova que a Sarbanes é mais do que uma exigência legal. É uma ferramenta de gerenciamento de riscos. Revista Cargill - Qual o impacto da SOX para a auditoria externa? Francisco - Os auditores tiveram seu nível de responsabilidade ampliado. Antes, eles emitiam uma única opinião sobre as demonstrações financeiras. Hoje, emitem três: uma sobre o processo implantado pela administração da empresa para garantir que os controles internos sejam eficazes; outra sobre a operação dos controles internos; e, por fim, opinam sobre as demonstrações financeiras em si. Os auditores têm seu trabalho regulamentado pela entidade chamada Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), que monitora suas atividades a fim de proteger os interesses dos acionistas e assegurar o interesse público de que os relatórios de auditoria sejam informativos, apropriados e preparados de forma independente. Para falar sobre o impacto da nova lei no mercado e da experiência da Mosaic no processo de adequação de seus controles, a Revista Cargill conversou com Francisco Macedo*, gerente executivo da PricewaterhouseCoopers e consultor da Mosaic no projeto de implantação da SOX. Há quatro anos, Francisco vem coordenando trabalhos de auditoria e consultoria para certificação de controles internos, requerida pela Seção 404 da Lei Sarbanes-Oxley, em empresas americanas e européias. 4 Revista Cargill - Aumentou também a responsabilidade dos executivos? Francisco - Sim. O artigo 404 da lei diz que os controles internos devem ser avaliados pela administração da empresa. E isso tem um impacto enorme na governança corporativa. Um forte código de ética e conduta é exigido pela SOX. Em termos práticos, podemos verificar o engajamento do CEO e do CFO nas próprias demonstrações financeiras. Elas são publicadas anualmente e devem ter a certificação de ambos. Nesse documento, os executivos atestam que a estrutura de controles internos está adequada às operações da companhia. Eles podem também dizer que há deficiências nos controles internos e que ações corretivas estão sendo tomadas. O importante é ter transparência. O investidor tem de receber informações claras e precisas sobre a empresa, para saber se é um bom negócio investir ou não. Revista Cargill - Que benefícios a SOX traz para as empresas? Francisco - É uma boa ferramenta de gerenciamento de risco e transmite as melhores práticas de governança corporativa. As organizações que adaptam suas operações à lei passam por um processo de melhoria contínua. Estão sempre avaliando os controles já existentes e criando outros, de acordo com os riscos gerados por novas operações. Além disso, como os controles são analisados periodicamente, é possível encontrar deficiências no processo com tempo hábil para consertá-las sem prejudicar o negócio. Revista Cargill - Como foi a implantação da SOX na Mosaic no Brasil? Francisco - O trabalho de adequação dos processos começou em maio de 2005 e levou 12 meses. A primeira fase durou seis. Os controles considerados chave foram identificados e documentados. Além disso, desenhamos controles adicionais para os processos que julgamos relevantes. Depois, avaliamos os desenhos e verificamos se estavam mitigando o risco associado. Na fase seguinte, testamos sua operação e observamos se as pessoas responsáveis pelos controles estavam executando as tarefas com consistência. Revista Cargill - Há algum tipo de punição ao CEO e ao CFO caso ocorra fraude na companhia? Francisco - Sim. Eles podem pegar até 20 anos de prisão. Essa é uma das leis federais mais severas nos Estados Unidos. No caso da Enron, por exemplo, os executivos afirmavam que não sabiam de nada. A SOX não abre espaço para que isso se repita. Revista Cargill - Foi um trabalho bastante sistematizado? Francisco - Sim. A SOX pede isso. A divisão por fases e os testes internos dão segurança para receber os auditores externos e independentes que chegam à empresa para também realizar os mesmos testes. No caso da Mosaic, a KPMG foi o auditor externo e a PricewaterhouseCoopers fez parte do time de auditores internos, ao lado dos profissionais da Mosaic. Para cada deficiência encontrada nos controles internos, criamos planos de ação com prazos definidos para sanar o problema. Com a SOX, a responsabilidade pela segurança dos controles internos é compartilhada com todos os funcionários da empresa Revista Cargill - Quais aspectos foram determinantes para que a Mosaic conseguisse ajustar seus controles internos à lei? Francisco - O apoio e o comprometimento da alta administração, a cultura de colaboração que se instalou na empresa e os profissionais extremamente capacitados envolvidos no projeto. Apesar de a SOX ser tratada pela área financeira das organizações, é necessário que os funcionários de todas as áreas estejam envolvidos. Foi fundamental nesse contexto o processo de comunicação e treinamento. Outro aspecto importante é a questão do comportamento ético e do código de conduta existentes na Mosaic. Ambos dão suporte à implantação de leis tão rigorosas como a Sarbanes-Oxley. Revista Cargill - Quais as principais mudanças ocorridas nas organizações por conta da SOX? Francisco - A principal mudança diz respeito à necessidade de transformar políticas em controles internos. Isso exigiu uma adaptação significativa dos funcionários e sistemas de informação. Revista Cargill - Quais os principais desafios e obstáculos enfrentados pelas organizações na implantação da SOX? Francisco - Conversão das demonstrações financeiras para o padrão americano de contabilidade e vulnerabilidade no acesso aos sistemas de tecnologia de informação. Existem diferentes perfis de acesso aos sistemas e é difícil controlar e monitorar as mudanças realizadas. * Colaboraram com a entrevista Eduardo Monteiro, controller, e José Eduardo Bonjardim, supervisor de controle interno, ambos da Mosaic. 5 Foto: Delfim Martins/Pulsar V I S Ã O G L O B A L Um ano fértil para o agronegócio A agricultura brasileira inicia 2007 com boas notícias. A produção de etanol, a recuperação do preço das commodities e a renegociação de dívidas formam o tripé que impulsiona o setor para um ciclo positivo O W. Bush deu detalhes do plano energético para o país durante um almoço num centro de pesquisas de combustíveis alternativos: ele defendeu a redução de 20% do consumo de gasolina e anunciou que o consumo de etanol de milho chegou a 18,9 bilhões de litros, uma expansão de 300% em cinco anos. O aumento da demanda por milho, aliado à baixa dos estoques do grão nos Estados Unidos, promete transformar o produto brasileiro em vedete e, claro, trazer dólares para o caixa dos produtores. sol volta a brilhar nos campos do Brasil. Após três anos conturbados, que não deixaram saudade para os produtores, as expectativas para o agronegócio em 2007 são positivas, embaladas pela recuperação dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional. As boas notícias não param por aí. No dia 23 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos George 6 Foto: Nellie Solitrenick No cesto das novidades ainda estão a renegociação de R$ 20 bilhões de dívidas dos produtores brasileiros e a queda dos custos de produção, em parte graças ao câmbio estável. A previsão é de Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e atual presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp. “Quanto tempo irá durar este período depende de uma série de fatores que já estão na pauta da agenda econômica, como continuação da queda dos juros e reforma tributária”, analisa. Segundo Roberto Rodrigues, o momento traz um alívio ansiosamente desejado durante o amargo ano de 2006, com uma crise de rentabilidade provocada por preços baixos e insumos caros, que culminou com a comercialização da maior parte dos produtos com prejuízos. O problema já vinha desde 2003, com o dólar em patamares que oscilavam na faixa de R$ 4,00. No ano seguinte, preços caíram e a disparidade de custos altos com vendas baratas foi o início da explosão da dívida do campo que continua até hoje. Somem-se a isso a seca que atingiu o sul do país, a falência da logística de distribuição da produção e os novos focos de febre aftosa. Entre o que se calculava receber e o que de fato se faturou, ficou um buraco de R$ 30 bilhões. Roberto Rodrigues: “Estamos entrando em um ciclo positivo muito desejado pelos produtores brasileiros” preços das commodities, especialmente milho, arroz, soja e trigo. No fim das contas, mesmo diante dos obstáculos, o setor revelou seu potencial ao fechar o ano com recorde nas exportações, somando US$ 49,4 bilhões – aumento de 13,4% em relação ao ano anterior. Os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento revelam também que os embarques de produtos agropecuários representaram 93% do saldo comercial do Brasil em 2006, de US$ 46,077 bilhões. Da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) vieram os números que confirmam o cenário favorável. A safra nacional de grãos E, quando não havia mais esperança, os últimos meses de 2006 surpreenderam o mercado. Os sinais da retomada chegaram antes do esperado, estimulados por um câmbio de cerca de R$ 2,20, pela renegociação de parte da dívida e pelo aumento dos Milho vira vedete Foto: Arquivo Arco W Os Estados Unidos já iniciaram a corrida para a produção do etanol, biocombustível desenvolvido com pioneirismo pelo Brasil. A diferença é que lá o etanol vem principalmente do milho, enquanto no Brasil é feito a partir da cana-de-açúcar. Diante desse cenário, as expectativas para o milho do Brasil não poderiam ser melhores. A relação estoque–consumo do milho nos Estados Unidos é a menor desde a safra 1995-1996, com o estoque estimado hoje em 23,76 milhões de toneladas, enquanto para o consumo e as exportações estão previstos 299,48 milhões de toneladas. Mas, como lembrou o presidente americano George W. Bush no dia 23 de janeiro, quando anunciou detalhes do plano energético para o país, há uma limitação para o uso do milho na fabricação de biocombustível, devido à produção de frango e suínos, que usa o grão como ração. O aumento da demanda já fez explodir o preço do milho nos últimos meses e puxou também o do frango. Dessa maneira, o Brasil entra na linha de frente dos países com potencial exportável de milho e o grão promete ser a vedete da agricultura em 2007. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estima 5 milhões de toneladas. 7 L do apoio à agroenergia com prioridade ao tema nas negociações internacionais. “Também precisamos reforçar a busca por agregação de valor aos produtos brasileiros e fortalecer as negociações comerciais internacionais, inclusive investimento na formação de pessoal”, aponta. Muitos desses itens já estão na pauta do governo, mas não entraram no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na segunda quinzena de janeiro. “Nossa esperança é que isso aconteça com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, conclui. G L O B A para o ciclo 2006-2007 deve ser de 121,5 milhões de toneladas, um crescimento de 1,59 milhão/toneladas, ou 1,3%, sobre a safra anterior. As culturas com maior destaque são a soja e o milho. A primeira deve alcançar 54,9 milhões de toneladas, 2,7% a mais que a safra anterior, e a produção de milho está estimada em 44,7 milhões de toneladas, 7,2% acima do mesmo período anterior. “O Brasil está vivendo um bom momento na sua história agrícola”, diz o otimista Roberto Rodrigues, “com excelente tecnologia tropical desenvolvida no país, quantidade de terra disponível e qualidade de recursos humanos atuais.” Império da carne V I S Ã O A melhor tecnologia tropical A recente recuperação dos preços de grãos nas bolsas do mundo deverá contribuir para que as exportações nesse segmento continuem se expandindo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já prevê taxa de crescimento de 10% a 15% para este ano. As expectativas para a próxima safra dos 11 principais produtos agrícolas do país já chegam a 603,5 milhões de toneladas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse volume é 2,85% superior aos 586,7 milhões de toneladas produzidos na última safra. A crise de preços de 2006 atingiu em cheio a pecuária brasileira. As cotações da arroba chegaram ao seu pior nível nos últimos 50 anos e, com o aumento dos custos de produção acumulados nos últimos três anos, a atividade apresentou significativa perda de rentabilidade. Os novos focos de febre aftosa ajudaram a tornar o período ainda mais crítico, pois vários mercados tomaram medidas sanitárias contra o produto brasileiro, com destaque para a União Européia e Rússia. Roberto Rodrigues observa que a produtividade na pecuária está igualmente crescendo e a quantidade de terras necessárias para a criação deve diminuir. As mudanças da política econômica na primeira metade da década de 1990, com a abertura do mercado brasileiro e a estabilização monetária, também contribuíram para formar um time de gestores capaz de tocar o negócio sem contar com a bengala do sistema financeiro. “A administração do negócio no campo atualmente é feita de forma extremamente profissional”, diz. Mas confortável na posição de um dos maiores produtores mundiais de carne do mundo, embalado pelos preços baixos, a abundância de terras e com a superação da crise aftosa a passos largos, também na pecuária o Brasil prepara-se para um 2007 com boas notícias. A maioria dos países que haviam adotado medidas sanitárias contra as exportações de carne do Brasil está voltando atrás e o mercado deve se estabilizar. Vale lembrar que a solução para um problema tão antigo chega a ser até simples demais: defesa sanitária mais eficaz, com rastreabilidade e certificação. Portanto, os US$ 16,3 milhões destinados pelo Mercosul à implantação do projeto-piloto do bloco de combate à febre aftosa nas áreas de fronteira – previsto para ter início nos próximos meses – são um passo real nesse sentido, pois se trata de um primeiro esforço conjunto – e não é segredo que a erradicação da aftosa só será possível dessa forma. Sim, as expectativas são boas, mas o caminho para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil ainda é árduo. Para fazer o país vencer no jogo internacional, um pacote de medidas precisa ser avaliado pelo governo federal. Segundo Rodrigues, na lista de necessidades urgentes estão: implementação do seguro rural com ênfase na criação do fundo de catástrofe; ampliação dos recursos para a defesa sanitária, com a complementação da rastreabilidade e da certificação; política de fomento e financiamento a cooperativas e associações de produtores para agregar valor a produtos exportados; desoneração fiscal de toda a cadeia; incentivo ao financiamento privado de pesquisas na Embrapa; e, por fim, ampliação 8 Desde julho de 2006, quando o programa foi lançado oficialmente, ações importantes estão sendo realizadas com o objetivo de estreitar o relacionamento com esse público. “Por meio de uma metodologia específica de levantamento de informações, queremos conhecer cada um dos nossos clientes”, conta Valdir Bertolino, gerente nacional de Originação. A A P A M O produtor credita o prêmio à forte parceria desenvolvida com a empresa. “Estamos há 12 anos no mercado produzindo sementes de soja, algodão e milho. E construímos um relacionamento com a Cargill baseado na ética e na transparência, características que temos em comum”, diz Scheffer. O A Cargill trabalha, há cerca de dois anos, no programa Futuro do Complexo Soja, cuja meta é tornar a empresa a opção preferida de comercialização aos fornecedores de grãos e oleaginosas de todo o Brasil. Nesse sentido, o programa prevê uma série de ações estruturadas voltadas para o relacionamento com o fornecedor, público que, na Cargill, é chamado de cliente de originação. C Para reconhecer os melhores clientes de originação, a Cargill elege, desde 2001, o Fornecedor do Ano. O prêmio tem abrangência nacional e destaca o cliente de originação que possuiu o maior volume de soja negociado ao longo do ano. Os critérios para a escolha incluem, entre outros aspectos, fidelidade, responsabilidade social e respeito pelo meio ambiente. Pela segunda vez consecutiva, Erai Maggi Scheffer, fornecedor da Cargill há cinco anos, foi eleito o Fornecedor do Ano. L A Fornecedor do Ano R Para a Cargill, produtores são considerados clientes que contam com todo o apoio da empresa, incluindo premiação àquele que foi destaque do ano V Bons negócios no campo Segundo Van Vliet, os profissionais da Cargill conhecem bem a história de sua empresa e já realizaram ações importantes para que os negócios prosperassem. “Contratos em dólar, investimento no tratamento do plantio, além de informações atualizadas sobre o mercado mundial de soja, são algumas das iniciativas da Cargill que nos ajudaram muito a crescer e nos manter ligados ao que acontece no segmento em que atuamos”, conta Van Vliet, que fornece o maior volume de sua produção à Cargill. Segundo ele, o foco desse trabalho é entender as necessidades do cliente, acompanhar de perto sua trajetória e oferecer soluções inovadoras, além de serviços diferenciados. Joanes Hermanus Van Vliet, um dos sócios da empresa Irmãos Van Vliet, localizada em Goiás, conta que um dos pontos fortes da Cargill está no empenho da companhia em construir um relacionamento de confiança. “Somos parceiros da Cargill no fornecimento da soja há mais de 20 anos. Ao longo desse tempo a empresa acompanhou de perto o nosso crescimento e sempre ofereceu soluções sob medida para os problemas que tínhamos de enfrentar”, lembra. Em contrapartida ao investimento feito em pesquisas, o produtor lembra do esforço comercial que a Cargill desenvolve na melhoria da alternativas na área de logística em Mato Grosso – estado em que ficam seus negócios. “A empresa tem dado muita atenção à região, principalmente no que diz respeito ao terminal portuário em Santarém (PA), que é a porta de saída alternativa para a produção local, pelo norte do país”, afirma Scheffer, que conta hoje com 2 mil funcionários em suas propriedades. 9 Foto: Delfim Martins/Pulsar Imagens Segundo ele, o diferencial de sua empresa está no trabalho realizado na área de pesquisas, o que garante um alto nível de produtividade. O foco dos estudos está nas doenças da soja, na fertilidade e na melhor variedade do produto. “Com esse trabalho conquistamos a confiança da Cargill”, diz. Hospital do Câncer na cidade de Rio Verde (GO) recebe investimento para construção de sala cirúrgica I itocentos mil habitantes em 50 municípios. Esse é o número de pessoas que poderão ser beneficiadas com a implantação da nova sala cirúrgica do Hospital do Câncer de Rio Verde, em Goiás. O projeto, coordenado pela Fundação Cargill, por meio de recursos financeiros doados pela Unidade de Negócio Complexo Soja, pela Mosaic e pela Cargill Foundation – um exemplo de que ações sociais conjuntas entre empresas, instituições do terceiro setor e órgãos do governo podem aumentar a abrangência da iniciativa, beneficiando, inclusive, comunidades mais distantes. R E S P O N S A Hospital de Rio Verde: parcerias entre instituições, empresa e governo para melhorar o atendimento aos pacientes de câncer B L I D A D E S O C I A L União pela saúde O Goiânia. São quatro horas para ir e quatro para voltar de ônibus, o que pode se tornar uma viagem extremamente desgastante para os pacientes. “Com a nova sala cirúrgica, evitaremos esse tipo de situação, o que é extremamente positivo para os moradores da região, que há tempos precisavam dessa estrutura perto de sua cidade. Além disso, irão contar com o que há de mais moderno em tratamento oncológico”, diz Geraldo Ribeiro de Carvalho, presidente do hospital. De acordo com Geraldo, o câncer traz um estigma de grande sofrimento ao paciente e seus familiares. Realizar o tratamento longe dos parentes pode comprometer os resultados e piorar a qualidade de vida do paciente. “Por isso, o benefício para a comunidade de Rio Verde e região é enorme”, afirma Paulo César de Carvalho Teles, vice-presidente do hospital. O Hospital do Câncer de Rio Verde, inaugurado em 1994, é um dos poucos existentes na região sudoeste do estado especializados no tratamento da doença. E, como a instituição era carente de sala cirúrgica e alguns tratamentos, como a radioterapia, muitos pacientes tinham de se deslocar para outros hospitais. O mais próximo deles fica a 220 quilômetros de distância, em A nova sala cirúrgica possibilitará a realização de procedimentos mais complexos na unidade, como 10 Fotos: Cairo Fagundes cirurgias de câncer de colo de útero e mastectomia, e casos mais graves de cirurgia de pele. “Esperamos iniciar ainda o tratamento cirúrgico do câncer de próstata e do aparelho digestivo. Também prevemos a realização de três cirurgias maiores por dia e outras de pequeno porte, conforme demanda exigida atualmente”, explica o vicepresidente do hospital. Ultra-sonografia, mamografia e radiologia são alguns dos serviços já prestados hoje. O hospital realiza campanhas freqüentes de informação à comunidade para a prevenção de câncer de colo de útero, mama, próstata e pele e recentemente inaugurou o serviço de quimioterapia em parceria com uma empresa de Goiânia. Doação de equipamentos e construção de nova sala (foto acima) levam mais qualidade ao tratamento de pacientes com câncer na região de Rio Verde Dedicação e comprometimento muito séria, que se mobiliza freqüentemente”, diz Denise Cantarelli. Além disso, a Cargill tem forte ligação com Rio Verde. Investimentos importantes foram feitos no local pela empresa, como sua mais nova fábrica de processamento de soja, inaugurada em maio de 2004. “O sudoeste goiano é um local estratégico. Há um significativo desenvolvimento do agronegócio, principalmente no segmento de grãos”, conta Ingo Kalder, gerente Comercial de Fábricas e Mercado Interno. O projeto consistiu na construção e montagem da sala, incluindo toda a infra-estrutura, mobiliário hospitalar, equipamentos e a casa das máquinas, que dará suporte para o bom funcionamento do local. “Montar uma sala cirúrgica foi algo que nunca fizemos e envolveu vários detalhes que não imaginávamos. Houve muita dedicação e comprometimento”, conta Denise Cantarelli, gerente da Fundação Cargill. Rogério Noce, diretor Industrial da Mosaic, afirma que um dos princípios básicos da companhia – resultado da união entre a Cargill Crop Nutrition e a IMC Global, empresa norte-americana de fertilizantes – é trabalhar para a melhora da qualidade de vida das regiões em que atua. A Mosaic também possui uma unidade industrial no município, inaugurada em 2005. “Essa iniciativa vem ao encontro dos nossos objetivos, uma forma de demonstrar nosso compromisso para com a comunidade de Rio Verde”, finaliza. Com investimento total de R$ 500 mil, a obra foi realizada em parceria com o hospital, mantido por uma entidade sem fins lucrativos, e a Prefeitura de Rio Verde, responsável por garantir mão-de-obra especializada. Segundo Denise, não seria possível realizar um projeto como esse sem as parcerias. “Nós convidamos a sociedade a participar e, com isso, vamos conseguir ajudar muita gente”, pondera. O projeto contou com o apoio de voluntários e teve também a colaboração da Transportadora Expresso Araçatuba, que cedeu o frete de todos os equipamentos para Rio Verde, além do seguro desses equipamentos. Hospital mais que comunitário Afora a montagem completa da sala cirúrgica, de 32 metros quadrados, o projeto ainda vai oferecer treinamento aos profissionais do hospital. “Não adianta construir e entregar equipamentos, se as pessoas não souberem utilizá-los. Para alguns será uma reciclagem, para outros, novidade, pois são equipamentos modernos, de primeira linha”, conta a gerente. O projeto foi assinado em setembro de 2006, as obras começaram em outubro e a inauguração está prevista para o primeiro semestre deste ano. O Hospital do Câncer de Rio Verde surgiu da iniciativa de um casal que perdeu a filha em um acidente automobilístico. Foram anos de luta com o auxílio constante da comunidade para arrecadar fundos. Houve também colaborações da Prefeitura e do estado. “O grande pedreiro nessa obra sempre foi a população rio-verdense. Hoje, 15% do projeto inicial do hospital está pronto. Temos em torno de 2 mil metros quadrados de área construída, contando com a nova sala”, afirma o vice-presidente do hospital. Uma das razões para a empresa ter escolhido investir na sala cirúrgica, em Rio Verde, foi a necessidade e a idoneidade do hospital. “Trata-se de uma instituição 11 O M U S N O C Páscoa: sabor de sucesso A produção de chocolate aumentou 4,6% no Brasil no último ano, uma aceleração positiva para os fabricantes da guloseima e fornecedores de insumos A pesar do cunho religioso, é impossível falar de Páscoa sem pensar em chocolate. E a tradição de presentear as pessoas com essa deliciosa guloseima movimenta um importante segmento de mercado que dá início aos preparativos para a ocasião em setembro do ano anterior, ou seja, sete meses antes da data. Chocolate é quase uma unanimidade: agrada à maioria dos paladares e dá aquela boa sensação de prazer. Tanto é verdade que as recentes pesquisas apontam o crescimento do consumo do produto. De 2005 a 2006 as empresas brasileiras comemoraram aumento de 4,6% na produção de chocolate, e o consumo cresceu 8,4%. “Durante a Páscoa do ano passado a produção do chocolate subiu 13%, com a fabricação de 10,9 mil toneladas de ovos”, comemora Getulio Ursulino Netto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). Quando o assunto é previsão de consumo para o mesmo período em 2007, Getulio arrisca um palpite. “Observando o comportamento do mercado nos anos anteriores, estima-se que o crescimento na produção de chocolate para a próxima Páscoa será da ordem de 5% a 7%”, analisa. Fotos: Arquivo Arco W Cacau e produções caseiras A data, porém, movimenta não apenas a grande indústria de alimentos, como também o produtor caseiro e todas as empresas que estão relacionadas com venda de insumos, como é o caso da Cargill. “Percebemos um crescimento significativo nesse mercado e, com isso, a Cargill também amplia sua produção, principalmente nos meses de setembro a dezembro, pois fornece manteiga de cacau e liquor para as maiores indústrias de chocolate do Brasil”, afirma Eliana Ianez, gerente Comercial da Unidade 12 Fotos: Arquivo Cargill de Negócio de Cacau. Os dois ingredientes são utilizados na fabricação de chocolates e coberturas em barras ou tabletes. indústrias. “Elas mantêm segredo sobre seus produtos, só anunciam as novidades bem próximo à data. Isso tem uma explicação: o mercado de chocolate é aquecido e muito competitivo. A concorrência é grande, e os consumidores estão cada vez mais exigentes e em busca de novidades”, conta Eliana. A Cargill se encarrega do abastecimento. As novidades para a Páscoa ficam por conta das grandes Azeite também participa da festa Além das boas notícias para o chocolate e seus insumos, a Páscoa também movimenta o mercado de azeite. Para se ter uma idéia, os meses de março e abril representam 20% do volume total de vendas no ano. Muito utilizado em pratos preparados com peixe, alimento mais consumido por ocasião da comemoração, o azeite é presença garantida na maioria dos lares brasileiros nessa época do ano. Atenta a essa demanda, a Cargill, que comercializa e distribui o azeite Gallo desde 2003, investe em ações promocionais nesses períodos. Para a próxima Páscoa, Gallo terá novidades no pontode-venda, incentivo à equipe de vendedores e mídia televisiva confirmada para a data. O filme do azeite criado pela agência TBWA, que começou a ser veiculado em outubro de 2006, continuará sendo exibido até a Páscoa. A propaganda retrata o jantar de um casal, ocasião em que o marido descobre que será pai. Além disso, uma ação especial está sendo desenvolvida para a venda do azeite Gallo Novo – safra 06-07, lançado em dezembro de 2006. Em 2006 o mercado de azeite cresceu 4% na Páscoa, o que significa um aumento de produção de 22.674 toneladas para 23.581 toneladas. “A expectativa para a data em 2007 é de que a expansão seja semelhante ao do mesmo período do ano anterior”, diz Eliza Estrada, gerente de Grupo de Produtos da Unidade de Negócio Cargill Foods. 13 S N O Biocombustíveis levantam questões importantes I R E C Foto: Arquivo Cargill T I Dave Raisbeck* O setor de biocombustíveis vai de vento em popa. Nos últimos cinco anos, a produção dobrou ao redor do mundo. Apenas nos Estados Unidos existem mais de 100 usinas de etanol em atividade, outras 42 em construção, e entre 50 e 60 em fase de planejamento. Projeções indicam que até 2010 o país terá uma produção de etanol 50% acima da atual. D A Cargill faz parte desse movimento, com investimentos de US$ 1 bilhão em diferentes partes do mundo. Contudo, seus líderes manifestaram em público certa cautela com relação à expansão da produção de biocombustíveis – que é o uso de produtos agrícolas como combustível, e não como alimento. “Deveríamos usar nossa safra agrícola para produzir combustíveis, em vez de alimentar o mundo?” Estamos confusos? Estamos em contradição? Não, eu diria que estamos levantando algumas questões que precisam ser respondidas. Estamos tentando estruturar uma discussão séria que deveria ocorrer em âmbito global. São perguntas difíceis, mas se o mundo deixar de fazê-las – ou, até pior, deixá-las sem respostas – poderemos enfrentar conseqüências inesperadas e difíceis. As perguntas não tem sido feitas porque a aprovação dos biocombustíveis é praticamente unânime. O atual Congresso dos Estados Unidos pôs em pauta mais de 290 projetos de lei versando sobre eficiência energética e fontes renováveis de energia. Sob a ótica política, o etanol é muito bem-visto. É uma questão emocional. É ecologicamente correta. É até patriótica. Parece ser uma resposta fácil para reduzir a dependência do petróleo estrangeiro. Mas será que estamos analisando todas as implicações a longo prazo? Gostaria de deixar claro que a Cargill é um grande produtor de biocombustíveis. Nos Estados Unidos somos o quarto maior produtor. Estamos construindo usinas de etanol nos Estados Unidos e usinas de biodiesel nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil temos uma joint venture para a produção de etanol. Comercializamos em escala global os combustíveis e as rações animais produzidas nessas unidades. Também prestamos serviços para outros produtores de etanol. 14 A Cargill atuará de maneira ampla no mercado de biocombustíveis. Temos que integrar a cadeia de produção e atender nossos clientes. Muitas de nossas competências tradicionais – em transportes, comercialização, gestão de riscos, produção industrial e commodities – são facilmente aplicáveis ao setor de biocombustíveis. Quando os governos impõem leis, os mercados são distorcidos. A Cargill acredita que o desenvolvimento de biocombustíveis deve ser baseado em critérios econômicos e regido pelas leis de mercado. Fontes de combustível competitivas deverão prevalecer sobre o favoritismo trazido pelos subsídios governamentais. Acreditamos que os biocombustíveis devem integrar o abastecimento de combustíveis. Mas podem ser apenas parte desse abastecimento. Atualmente, etanol supre somente 3% das necessidades energéticas dos Estados Unidos, consumindo cerca de 13% da safra de milho. Uma lei de Minnesota, estado que sedia a Cargill, determina que 20% do abastecimento de combustível seja feito em etanol ou biodiesel. Se todos os 50 estados norte-americanos tivessem essa exigência, e se fosse usado apenas etanol produzido naquele país, toda a safra de milho seria consumida para a produção de combustível. Não há como não se sentir otimista com a produção de combustível a partir de nossos próprios produtos agrícolas, ao invés de depender de petróleo estrangeiro. Contudo, leis que determinam que esses produtos agrícolas sejam utilizados para combustível podem ter efeitos futuros. Com o tempo, os mercados resolverão essa questão. A dúvida é quanto de distorção acontecerá e quanto isso prejudicará outros grupos. Biocombustíveis são um negócio crescente para a Cargill. Temos muita satisfação em liderar esse mercado. Contudo, estamos adentrando o mercado de biocombustíveis com nossos olhos abertos. É importante que consideremos as conseqüências da expansão da produção de biocombustíveis. Deveríamos usar nossa safra agrícola para produzir combustíveis, em vez de alimentar o mundo? Em que grau podemos ampliar a produção de milho, e qual seria seu efeito sobre as outras culturas? *Dave Raisbeck é vice-presidente do Conselho Administrativo da Cargill. A seção “Directions” traz artigos escritos pela Equipe de Liderança Mundial da Cargill e são dirigidos aos funcionários da companhia em todo o mundo. Esta seção é publicada bimestralmente na revista Cargill News International, com distribuição para todas as unidades da empresa nos diversos países em que atua. Embora os biocombustíveis sejam unanimidade atualmente, precisamos entender as possíveis conseqüências das políticas públicas e das escolhas feitas pelos empresários. Com maior volume de milho voltado à produção de combustíveis, outros de seus usos mais tradicionais sofreriam. Os preços dos alimentos poderiam subir. E essa questão pode-se tornar ainda mais complexa, se considerarmos que até meados desse século precisaremos do dobro dos alimentos produzidos atualmente. É totalmente possível que as mudanças trazidas pelos biocombustíveis nos mercados de alimentos sejam muito mais significativas que seus efeitos no setor de combustíveis utilizados pelos veículos. Na Europa já estamos vendo o surgimento de um conflito entre energia e alimentos. A União Européia estabeleceu a meta de ter combustíveis renováveis representando 5,7% de seu abastecimento de combustível até 2010. Isso já provocou uma mudança nas plantações européias, com grandes áreas dedicadas à colza, principal matéria-prima para o biodiesel. Há indícios de que a União Européia possa rever essa meta, devido a dúvidas com relação ao aumento nos preços dos alimentos e à capacidade do governo de subsidiar combustíveis renováveis. 15 Ilustração: GettyImages E S I T R E P X E Valorizar diferenças: estímulo à inovação e ao sucesso Margaret Studer* A Cargill cresceu, a partir de um único silo graneleiro na região central dos Estados Unidos, para tornar-se uma fornecedora internacional de produtos e serviços alimentícios, agrícolas e de gestão de risco. A sua história nos ajuda a compreender como é importante ter uma visão que comunique claramente aquilo que fazemos: alimentar idéias e alimentar pessoas. capacidade de valorizar diferenças – não apenas ao redor do mundo, mas na nossa cidade, no nosso local de trabalho, na mesa ao lado. Porque, mesmo em unidades como as localizadas em São Paulo, no Brasil, ou de Xangai, na China, nossos funcionários são únicos, assim como os fornecedores que contratamos, os clientes que atendemos e as comunidades que enriquecemos. A mudança começa por você Também passamos a entender a importância de valorizar as diferenças. Elas ampliam nossa experiência, reforçam nossa competitividade, estimulam soluções para os clientes e promovem a inovação. Funcionários que estão preparados para as demandas sociais, culturais e técnicas do mundo globalizado são melhores cidadãos das comunidades locais, nacionais e internacionais nas quais vivemos. Na Cargill, procuramos criar um ambiente que valoriza as diferenças individuais em nossos funcionários, fornecedores e comunidades. Valorizar as diferenças começa em cada um de nós quando abraçamos as várias maneiras de pensar, sentir, expressar, viver e ser. Aqueles dispostos a desafiar o status quo e encorajar os outros a expressar seus pontos de vista criam uma cultura que promove a livre troca de idéias e estimula todos a assumir riscos e oportunidades. O sucesso de nosso negócio exige habilidades e talentos colaborativos de todos os nossos funcionários. Isso significa criar, ao redor do mundo, ambientes de trabalho nos quais se promova a individualidade de todos os nossos funcionários. Nossa empresa conta, atualmente, com mais de 149 mil funcionários, que vivem e trabalham em mais de 63 países e falam mais de 30 idiomas. Nessa diversidade – nas forças, habilidades e experiências individuais de cada pessoa – reside um poder surpreendente. É o poder de muitos! Cada um de nós tem sua própria história especial, com suas vitórias e derrotas. Somos motivados por algo diferente. E isso contribui para resolvermos os problemas e desenvolvermos melhor nosso raciocínio. Entender como somos diferentes é o primeiro passo. O segundo é saber fazer disso uma vantagem competitiva. Valorizar diferenças significa criar um ambiente em que as idéias e opiniões díspares não nos dividem, mas nos unificam para alcançar o melhor desempenho, além de gerar uma experiência de trabalho mais interessante. E tudo isso começa com você, e, na Cargill, essa valorização significa sucesso nos negócios. Isso vale hoje e valerá ainda mais amanhã. Quando, verdadeiramente, valorizamos as diferenças e promovemos a diversidade de nossas experiências, perspectivas e pontos de vista, estimulamos a inovação e promovemos o sucesso permanente da Cargill. O futuro é brilhante e o nosso crescimento depende de nossa permanente disposição em trabalhar em equipe – de forma global. Isso começa com nossa *Margaret Studer é vice-presidente de Diversidade Global. 16 T odos pela Educação. A Fundação Cargill amplia sua ação em favor da qualidade da educação no Brasil, por meio da integração ao movimento Todos pela Educação, que reúne empresas, instituições e poder público. A Fundação Cargill irá participar com ações que auxiliem o principal objetivo do movimento: garantir educação pública de qualidade às crianças e aos jovens de todas as regiões do país. As cinco metas propostas pelo movimento são: toda criança e jovem de 4 a 17 anos estará na escola; toda criança de 8 anos saberá ler e escrever; todo aluno aprenderá o que é apropriado para sua série; todos os alunos vão concluir o ensino fundamental e o médio; e o investimento na educação básica será garantido e bem gerido. A ção reconhecida. Em novembro, a Cargill foi reconhecida pelo Instituto Ronald McDonald, entre os oito maiores fornecedores contribuidores, pela doação de farinha, gordura vegetal, xaropes e coberturas para o McDia Feliz 2006. A Cargill, representada por Rubens Pereira e Luiz Góes, recebeu um troféu das mãos de Sérgio Alonso, presidente do McDonald’s Brasil. Foram também homenageadas entidades beneficiadas com as doações do Instituto em 2006. P rêmio Bramex 2006. A Cargill participou, em novembro, do Prêmio Ambiental Brasil–México, apresentando um trabalho que reúne as Unidades de Três Lagoas (MS), Rio Verde (GO), Barreiras (BA), Ilhéus (BA), Mairinque (SP), Ponta Grossa (PR), Guarujá (SP), Uberlândia (MG) e Itumbiara (GO). A empresa obteve a pontuação máxima e recebeu um certificado com o prêmio de ganhador da categoria. O reconhecimento só foi possível graças ao comprometimento e dedicação dos funcionários com as atividades que estão sendo desenvolvidas pela empresa na área de meio ambiente. 17 A T S C argillPrev com novo portal. No primeiro semestre, a Sociedade de Previdência Complementar da Cargill terá seu novo portal na internet. Destinado a todos os participantes (funcionários e aposentados), o portal terá como objetivos facilitar o acesso a informações sobre a entidade e melhorar a comunicação com seu público. Além disso, os participantes contribuintes poderão acompanhar seus investimentos, verificar os retornos e repiques, conferir extrato e realizar simulações em um espaço restrito, mediante uso de senha. E C apacitação na Fundação Cargill. Até o mês de abril será realizada mais uma etapa da capacitação dos educadores dos programas “de grão em grão”, voltado ao incentivo à segurança alimentar e à agricultura familiar, e “Fura-Bolo”, de apoio ao ensino fundamental e voltado à literatura infantil e resgate da cultura popular. Este ano, a capacitação terá duas novidades: a inclusão da cidade de Tatuí (SP) no programa “Fura-Bolo” e a união das merendeiras e dos professores em uma única capacitação do programa “de grão em grão”. Na capacitação, realizada anualmente, professores, merendeiras, diretores das escolas, coordenadores pedagógicos e participantes da Secretaria de Educação recebem treinamentos para obter um melhor aproveitamento do material pedagógico utilizado nos programas da Fundação. Q U E S E m nossas próprias palavras. A Cargill produziu um DVD intitulado Em nossas próprias palavras, gravado em diferentes instalações da empresa ao redor do mundo. O DVD traz comentários feitos por funcionários sobre confiança, liberdade e compromisso. Gravado na língua nativa de cada funcionário, com duração de 12 minutos, vem com legendas em 13 idiomas. Esse DVD foi encartado na revista da Cargill, Cargill News, editada mundialmente. D P esquisa de avaliação. Em sua quarta edição, a Revista Cargill quer ouvir seus leitores e saber a sua opinião a respeito da nova publicação. Funcionários, clientes, fornecedores, poderes constituídos, entidades de classe e mídia terão acesso a um questionário de avaliação que poderá ser respondido até o dia 19 de março. Em algumas unidades da Cargill a pesquisa será aplicada por amostragem. Sua contribuição será muito importante. Participe. Unidos a reiniciar a exportação de carne para o Japão, após o surto da vaca louca, ocorrido no fim de 2003. As fábricas passaram por inspeção de uma equipe japonesa, que liberou o embarque. A primeira remessa de carne aportou no Japão no segundo semestre de 2006. C liente satisfeito. Em novembro, representantes da Cargill e do McDonald’s no Brasil e na Europa se reuniram na sede da Cargill em São Paulo (SP) e, também, na Unidades de Sinop (MT), Santarém (PA), Paranaguá (PR), Porto Velho (RO) e Itapiranga (SC) para conhecer melhor a origem do produto que é exportado para a rede McDonald’s na Europa. Os visitantes ficaram satisfeitos com as instalações e procedimentos de gestão, tendo inclusive elogiado o padrão de organização e limpeza, e com o cumprimento das leis vigentes para fábricas. O encontro foi positivo e nossos clientes se certificaram da qualidade e conservação do produto que é enviado a eles. M 18 Cargill nos Estados Unidos, no Brasil denominados Garantia Plus, já ultrapassam US$ 100 milhões em benefícios. O programa, iniciado em 1999, funciona como um seguro para os agricultores, garantindo um valor mínimo para o lote do produto e, caso haja aumento de preço, é repassado ao fazendeiro um valor médio de mercado. Essa ferramenta dá sustentabilidade ao produtor, que fica imune às baixas de preço das commodities e pode beneficiar-se dos ganhos no aumento do preço. A LNB International Feed B.V, empresa de nutrição animal, está prestes a fazer parte da Cargill. O processo de compra está em andamento e a aquisição deve ser encerrada no fim de fevereiro. A LNB irá complementar o negócio de rações para animais e será responsável pela produção de concentrados e alimentos prontos. Com a empresa, a atual rede de fornecimento da Cargill atingirá novos mercados estratégicos e importantes. O principal foco de negócio da LNB é a produção do premix, um suplemento mineral e vitamínico que os fazendeiros e produtores de alimentos utilizam para enriquecer rações já prontas. Esta será a segunda maior empresa de nutrição animal adquirida pela Cargill. A primeira foi a Agribrands, em 2001. N U M O L Os contratos ProPricing oferecidos pela E N P chinesa Shandong Huanghelong Group, a Cargill passou a deter 100% do negócio de goma xantana na China. O produto atua como texturizante na indústria farmacêutica e de alimentos, entre outros segmentos. Com isso, é agora proprietária da Zibo Cargill Huanguelong Bioengineering (ZCHB), uma das fábricas mais modernas de goma xantana. Essa transação é parte da estratégia da Cargill para tornar-se uma das principais produtoras da substância no mundo. D Depois de comprar as ações da empresa ovo posicionamento. Desde julho a equipe de Vendas da Mosaic alinhou suas estratégias à missão da empresa: “Criar valor diferenciado aos clientes”. Por meio do programa “Se vira nos 30”, a área comercial passou a segmentar seus clientes, posicionando-os por ordem de importância e definindo objetivos a serem atingidos, sempre baseados nas necessidades de cada um deles. A equipe, que recebeu treinamentos específicos, evoluiu de um processo de venda transacional para um processo de venda consultiva, de relacionamento. O programa é baseado em três pilares – foco no/do cliente, pensamento estratégico e atitude – e tem por objetivo estabelecer com os clientes um relacionamento de longo prazo e de fidelidade, reforçando o reconhecimento da Mosaic como especialista em fertilizantes na nutrição de diferentes culturas. erenda premiada. A gestão da merenda escolar das oito escolas municipais de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, que fazem parte do programa “de grão em grão” da Fundação Cargill recebeu, em novembro, o Prêmio Gestor Eficiente da Merenda, concedido pela ONG Apoio Fome Zero, na categoria Desempenho Financeiro. O programa, que implementa hortas escolares para a produção de legumes e verduras, colaborou para a Prefeitura Municipal reduzir o custo da merenda, oferecida diariamente a 1.800 crianças. O A Cargill é a primeira empresa dos Estados Foto: Arquivo Cargill D E S T A Q U E S P róxima do consumidor. A Unidade de Negócios Cargill Nutrição Animal - Purina conta agora com um serviço específico para responder às dúvidas, reclamações e sugestões de seus clientes. É o novo SAC - Serviço de Atendimento ao Consumidor. Esse canal exclusivo e reservado é responsável por passar rapidamente informações sobre produtos, serviços e programas da Cargill Nutrição Animal - Purina. O SAC agrega valor e profissionalismo aos produtos e serviços da empresa. O número de contato é 0800 7041241 e começa a ser divulgado em todas as embalagens de produtos Purina. Talentos reconhecidos “ Trabalhar como trainee valeu como um amplo aprendizado. A primeira lição aprendida foi que flexibilidade é essencial na Cargill. Comecei na área comercial na Unidade de Negócios de Citrus. Passei um mês em treinamento e em contato com todos os setores. Alguns meses depois, a Unidade foi vendida e passei para a Unidade de Negócios de Açúcar. Após um ano e quatro meses fui transferido para Genebra, na Suíça. Estou passando por um período de desenvolvimento para apoiar a área de Açúcar, que está se expandindo no Brasil. Atualmente trabalho como coordenador de mercado de futuros. Enfim, em pouco mais de dois anos, passei por várias funções em que tive apoio de uma excelente equipe de profissionais e oportunidades para mostrar meu trabalho. Aprendi que a Cargill é uma empresa em que as coisas acontecem, basta querer. O processo seletivo consiste em cinco etapas: triagem de currículos de acordo com os requisitos do Programa, testes on-line e presenciais, dinâmica de grupo e entrevista com os gestores. Após as avaliações, os aprovados são recebidos em um programa estruturado para que possam assumir, no futuro, posições de destaque na empresa. Durante 18 meses, os jovens talentos têm a oportunidade de conhecer os negócios e estratégias da empresa, os mercados em que atua, os desafios, objetivos, produtos e tecnologia. A coordenação e o acompanhamento do Programa são feitos pela área de RH, em acordo com tutores e líderes das diversas Unidades de Negócio. Para 2007, foram selecionados dez jovens, que enfrentaram um processo de seleção acirrado com mais de 12 mil inscrições. Estou feliz com minha carreira. Trabalho em uma grande organização, com a qual me identifico com valores e comportamento. Tenho aprendido e amadurecido muito. As oportunidades realmente existem. Planejo voltar para o Brasil no final do primeiro semestre de 2007 para participar de um grande momento de expansão e desenvolvimento de negócios. Essa é a vantagem de trabalhar em uma empresa estruturada e diversificada como a Cargill. Gabriel Carvalho, 26 anos, entrou na Cargill como trainee em janeiro de 2004 e vem construindo uma carreira de crescimento na empresa. Ele conta como foi sua experiência. ” 19 S N E G A N O S R A parte mais difícil do Programa foi o início, pois, entre milhares de candidatos, os avaliadores poderiam não perceber o quanto eu estava disposto a trabalhar na empresa. A possibilidade de não dar certo me assustava. Entretanto, o processo foi muito válido, pois tive a oportunidade de conversar com todos os diretores das Unidades de Negócios antes mesmo de ser selecionado. E O Programa de Trainees da Cargill, nos últimos quatro anos, contratou cerca de 50 profissionais, que antes mesmo de ingressar na empresa enfrentam o primeiro desafio, o processo de seleção. “Buscamos candidatos que tenham perfil proativo e inovador frente aos desafios, foco em resultados e com habilidade para trabalhar em equipe”, conta Rosely Saca, analista de Recursos Humanos, responsável pelo processo seletivo de trainees da Cargill. Gabriel Carvalho Enquanto cursava Administração de Empresas, fiz dois estágios remunerados e passei por experiências diferentes. Minha vontade sempre foi atuar na área de agronegócio e a empresa com a qual mais me identifiquei foi a Cargill. E tive a sorte de ser selecionado. Também participei de outros processos. Cheguei a ser selecionado em um deles, mas não tive dúvida ao ser aprovado na Cargill de que essa seria a minha melhor opção. P Há 20 anos a Cargill abre as portas para os trainees. Um deles compartilha sua experiência no Programa