VIII Curso Nacional de Atualização em Pneumologia e Tisiologia Asma Aguda na Emergência Evidências Atuais para o Manejo do Paciente Adulto Paulo de Tarso Roth Dalcin Universidade Federal do Rio Grande do Sul Hospital de Clínicas de Porto Alegre A Dimensão do Problema Emergência médica muito comum Compreende 5% dos atendimentos de emergência Tempo de recuperação da crise 7 dias Pacientes liberados da emergência 7% retornam em 1 semana 15 - 17% retornam em 2 semanas Pacientes se tornam visitadores freqüentes da sala de emergência Am J Respir Crit Care Dis 2003; 168:7400 Algoritmo para Manejo da Asma Aguda no Adulto Sala de Emergência IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma J Bras Pneumol 2006; 32 (Supl 7) A história clínica contribui para a identificação do paciente de risco? a) Não b) Sim, com baixo valor preditivo negativo c) Sim, com alto valor preditivo negativo Resposta correta é a alternativa b) Asma Aguda Grave Identificação do Paciente de Risco Intubação e VM prévia Internação em UTI com acidose respiratória Internações freqüentes Visitas freqüentes à emergência Uso excessivo de beta2 de curta duração Tratamento crônico com corticóide sistêmico Suspensão recente do corticóide sistêmico Má adesão ao tratamento de manutenção Chest 2004; 125:1081 OR IC 95% p VM prévia 27,5 6,60 – 113,7 < 0,001 Internação prévia UTI 9,9 3,0 – 32,9 < 0,001 Piora da asma jan/fev 3,5 1,0 – 11,8 < 0,05 Ar condicionado 15,0 1,3 – 166,0 < 0,05 Am J Respir Crit Care Med 1998;157:1804 Asma Aguda Grave Identificação do Paciente de Risco História positiva para fatores de risco contribui para identificar o asmático de risco História positiva presente em apenas 36% dos casos de asma fatal e em 6% dos casos de estado de mal asmático A ausência de fatores de risco não contribui na avaliação do risco da crise atual Chest 2004; 125:1081 Avaliação Objetiva da Gravidade Pico de Fluxo Expiratório e Oximetria de Pulso PFE < 33% previsto SpO2 < 92% British Guildeline on the Manangement of Asthma, 2004 Resposta ao 2-Agonista Inalatório Am J Respir Crit Care Med 2003;168:740 A Avaliação da Gravidade após a Primeira Hora de Tratamento é Melhor para Prever a Necessidade de Internação por Asma Aguda? Respir Med 2004; 98:77. Predição Precoce da Resposta Precária em Pacientes com Asma Aguda No Departamento de Emergência Rodrigo G, Rodrigo C Escore 0 Escore 1 Escore 2 PFE após 30 min, % previsto 50 40 - 49 < 40 PFE após 30 min, l/min 90 60 - 89 < 60 Escore = 4 sugere hospitalização VP positivo = 0,94; VP negativo = 0,86 Chest 1998; 114:1016 Avaliação Prognóstica Precoce da Asma Aguda na Sala de Emergência PFE < 30% após 15 min VP + = 0,87 para desfecho precário PFE 40% após 15 min VP + = 1,00 para desfecho favorável Piovesan DM, et al. J Bras Pneumol 2006; 32:1 Qual o método mais eficaz para administrar o broncodilatador inalatório? a) Nebulização b) Spray acoplado a espaçador c) Os dois métodos acima têm igual eficácia Resposta correta é a alternativa c) Revisão Sistemática Aerocâmara versus Nebulizador para Tratamento 2-Agonista na Asma Aguda 880 crianças e 444 adultos em 22 ensaios clínicos Adultos RR admissão nebulizador foi 0,88 (0,56-1,38) para aerocâmara vs Crianças RR admissão nebulizador foi 0,65 (0,4-1,06) para aerocâmara vs Tempo de permanência na emergência, PFE e VEF1 similares Conclusão: desfechos equivalentes The Cochrane Library, 2003 Corticóide Sistêmico OR = 0,50 Respir Med 2004; 98:275 Qual a indicação do brometo de ipratrópio IN na asma aguda na sala de emergência? a) Não tem indicação b) Indicado em todos os casos c) Indicado em pacientes com VEF1 < 50% do previsto d) Indicado em pacientes com VEF1 < 25% do previsto e) Indicado na iminência de intubação endotraqueal Resposta correta é a alternativa c) Anticolinérgicos Na asma grave com PFE < 50% do previsto Múltiplas doses de brometo de ipratrópio – indicadas em crianças e adultos Redução das taxas de internação em 30 – 60%, NNT 5 a 11 Melhora no PFE 50 l/min – grupo de tratamento combinado Nenhum aumento de efeito colateral Vantagem adicional da dose associada de beta2-agonista e anticolinérgicos em adultos: 35% de redução nas taxas de internação (NNT 20) Chest 2002; 121:1977 Qual a indicação do sulfato de magnésio IV na asma aguda na sala de emergência? a) Não tem indicação b) Indicado em todos os casos c) Indicado em pacientes com VEF1 < 50% do previsto d) Indicado em pacientes com VEF1 < 25% do previsto e) Indicado na iminência de intubação endotraqueal Resposta correta é a alternativa d) Sulfato de Magnésio IV na Asma Aguda Grave 2 g de sulfato de Mg IV melhorou a função pulmonar, quando usado como adjunto do tratamento padrão na asma aguda grave (VEF1 < 25% previsto) Silverman RA, et al. Chest 2002; 122:489 Revisão Sistemática Sulfato de Magnésio para Tratar Asma Aguda no Departamento de Emergência 7 ensaios clínicos (5 adultos e 2 pediátricos): 665 pacientes. Geral: PFE, VEF1 e taxas de internação sem diferença No subgrupo grave: melhora PFE 52,3 l/min (27-77,5 l/min), melhora do VEF1 9,8% (3,8 – 15,8) e redução das internações (OR 0,10 – 0,04 a 0,27) As evidências atuais não apóiam o uso de rotina. Parece ser útil e seguro na asma aguda grave Rowe BH, et al. The Cochrane Library, 2003 Revisão Sistemática Corticóide Inalatório na Asma Aguda na Emergência Edmonds ML, et al. Ann Emerg Med 2002; 40:145 Comparação da Fluticasona Inalatória com a Hidrocortisona Intravenosa no Tratamento da Asma Aguda no Adulto Fluticasona 250 mcg spray + espaçador - 2 jatos a cada 10 min (3.000 mcg/h) ou hidrocortisona 500 mg IV 4 jatos de salbutamol (2.400 mcg/h) + ipratróprio (504 mcg/h) 3 horas de tratamento Desfechos primários: VEF1, PFE e taxa de internação Rodrigo GJ. Am J Respir Crit Car Med 2005; 171:1231 Rodrigo GJ. Am J Respir Crit Car Med 2005; 171:1231 Rodrigo GJ. Am J Respir Crit Car Med 2005; 171:1231 Corticóide Inalatório na Asma Aguda na Emergência Dúvidas - Custo - Existe benefício da corticoterapia inalatória em conjunto com a corticoterapia sistêmica na asma aguda moderada a grave? - Qual droga, qual dose e qual freqüência? - Protocolo com maior duração Evidências de Pouco Benefício Beta2-agonistas de curta ação IV Determinar o benefício dos beta2-agonistas IV na asma AA grave tratada na sala de emergência Incluídos 15 ensaios clínicos com 746 pacientes Os beta2-agonistas IV não tiveram nenhuma vantagem sobre o tratamento IN nos desfechos de função pulmonar Não há evidência para o uso destas medicações na AA grave The Cochrane Library, 2003 Aminofilina IV Magnitude do efeito de adição da aminofilina IV aos beta2-agonistas na AA em adultos 15 estudos de qualidade moderada Não houve efeito significativo sobre o desfecho funcional pulmonar, nem mesmo em subgrupos mais graves Mais palpitações/arritmias (OR 2,9) e vômitos (OR 4,2) O uso da aminofilina não resultou em broncodilatação adicional e teve maior freqüência de efeitos adversos Parameswaran K, et al. The Cochrane Library 2003 Heliox na Asma Aguda: Revisão Sistemática Chest 2003; 123:891 Poucas Evidências Possível Benefício Montelukast IV Camargo, CA. Am J Respir Crit Care Med 2003; 167:528 Zafirlukast VO Silverman RA, et al. Chest 2004; 126:1480 Comparação do Levalbuterol com o Sabutamol Racêmico no Tratamento da Asma Aguda Grave em Adultos Tempo para o evento: curva de Kaplan-Meier invertida. Desfecho de VEF1 de 50% ou de 70% Variação do VEF1 Am J Emerg Med 2006; 24:259 Nebulização com Sulfato de Magnésio Isotônico como Adjuvante do Salbutamol no Tratamento da Asma Aguda Grave em Adultos Hughes R, et al. Lancet 2003; 361:2114 Sulfato de Magnésio Aerossolizado para Asma Aguda uma Revisão Sistemática Efeito sobre a função pulmonar Efeito sobre as admissões hospitalares Chest 2005; 128:337 BIPAP na Asma Aguda O uso do BIPAP, associado ao tratamento convencional, melhorou a função pulmonar, aliviou mais rápido a crise e reduziu necessidade de hospitalização Soroksky A, et al. Chest 2003; 123:1018 a BIPAP na Asma Aguda A utilização da VMNI parece indicada risco de evolução para IR ou como alternativa à intubação paciente de risco com evolução desfavorável A VMNI na asma aguda necessita de estudo adicional e alguns painéis de especialistas condicionam a sua utilização a essas evidências Chest 2004; 125:1081 Conduta na Alta da Emergência Por ocasião do manejo na alta da sala de emergência, qual a afirmativa é correta? a) O corticóide inalatório, somado ao corticóide oral, acresenta benefício adicional na redução de recidivas b) O corticóide oral isoladamente não reduz recidivas c) O corticóide inalatório isoladamente reduz recidivas nas crises de qualquer gravidade d) O corticóide oral só deve ser prescrito em caso de recidiva e) O corticóide inalatório só deve ser prescrito na reconsulta ambulatorial Resposta correta é a alternativa a) Corticosteróide Sistêmico na Alta da Emergência OR = 0,35 Rowe BH, et al. The Cochrane Library 2003 Corticóide Inalatório + Corticosteróide Sistêmico na Alta da Emergência OR = 0,68 Edmonds ML, et al. The Cochrane Library 2003 Corticóide Inalatório versus Corticosteróide Sistêmico na Alta da Emergência Prednisona oral versus dose elevado de CI Pacientes com exacerbações leves OR = 1,0 ( IC: 0,48 – 1,42) Dados limitados a exacerbações leves Edmonds ML, et al. The Cochrane Library 2003 Orientação ao Paciente na Alta da Emergência Medicações inalatórias – Ensinar a técnica e o propósito de cada medicação – Enfatizar o uso de espaçador – Checar a técnica inalatória Medicações orais – Selecionar o agente e dose: prednisona 40 mg/dia, mínimo 7 dias – Orientar propósitos e efeitos colaterais Visita de seguimento – Retorno ambulatorial com o seu médico nos próximos 7 dias Plano de ação GINA 2006 Obrigado! [email protected]