foto: dreamstime.com Gestão Eficiência e competitividade Aadoçãodeindicadoresdepolíticasdecompraspermite uma gestão eficiente de insumos, evitando desabastecimento e desperdício,eaindaauxilianapráticadobenchmarking PorEvanildodaSilveira P oucas organizações são tão complexas e difíceis de gerir quanto um hospital. Na verdade, para muitos especialistas essas instituições só perdem em complexidade e número de produtos, materiais e pessoas que têm de administrar para a indústria aeroespacial. Como lembra o pesquisador 12 Melh res Práticas André Teixeira Pontes, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), em artigo recente, ao concentrar recursos humanos altamente capacitados, tecnologia de última geração, processos diversificados e grande variedade de itens de consumo, os hospitais necessitam de uma gestão extremamente eficiente. Nesse contexto, o setor de compras é estratégico, diante do grande número de itens que uma instituição de saúde necessita, muitos dos quais de alto valor agregado. Por isso, o uso de indicadores de compras é fundamental para uma gestão eficiente de insumos. No artigo A utilização de indicadores de desempenho no setor de suprimentos hospitalares: uma revisão de literatura, Pontes e colegas ressaltam que “a grande variedade de itens utilizados aliada ao risco por desabastecimento pode provocar estoques em excesso, o que significa recursos financeiros imobilizados, espaços mal utilizados, consumo excessivo de energia e risco de descarte dos materiais”. Nesse sentido, “a gestão racional dos estoques é necessária para a competitividade de qualquer organização, porém no hospital se torna imprescindível em função do alto custo gerado pela complexidade da atividade e pela pressão sofrida pelas instituições por parte das seguradoras de saúde que as remuneram”. De acordo com Pontes, vivemos numa era em que “é necessário tomar decisões cada vez mais complexas e mais rápidas em meio a mudanças e desafios, crises e oportunidades. Os dirigentes e administradores hospitalares precisam estar alicerçados por informações confiáveis e oportunas. O discernimento para tomada de decisões deve estar embasado em conhecimento, habilidade, experiência e valor das informações que servem de suporte”. É aí que entram os indicadores. iNDiCaDoReS PaRa aS ComPRaS O Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) tem uma política bem definida para a área de compras. “Primeiramente, é necessário saber quais são os principais itens de consumo e seus valores, assim como o que representam em termos de criticidade para o hospital”, explica Carlos Oyama, diretor de Suprimentos da instituição. “Sob o ponto de vista operacional, é necessário ter uma política clara, que segmente os materiais e medicamentos, “É necessário saber quais são os principais itens de consumo e seus valores, assim como o que representam em termos de criticidade para o hospital” bem como possuir uma gestão adequada de seus fornecedores, quanto à política comercial, nível de serviço e de responsabilidade social e ambiental.” Para garantir a eficiência dessa política é fundamental o uso de indicadores para a área de compras. Segundo Oyama, há mais de oito anos, o Einstein tem adotado a estratégia de medir sua performance e compará-la com as boas práticas de mercado, por meio de seminários, cursos e visitas a empresas de outros segmentos. “Mas nada melhor que medir a performance dentro dos relatórios gerenciais, avaliando margem e despesas sobre receita”, diz. O HIAE trabalha com vários indicadores, como os de redução de custos e de avoidance (ações para reduzir o impacto da elevação de custos), medidos mensalmente, comparando volume e período de contrato. “Além disso, mensuramos nossas margens de materiais reembolsáveis e não reembolsáveis comprados com a receita de atendimento”, acrescenta. “Outro indicador importante é o prazo médio de pagamento (PMP), que demonstra o fluxo de caixa.” A Rede D’Or São Luiz também tem uma política de compras bem definida, com vários indicadores. “Temos critérios de reposição de materiais definidos e monitorados por indicadores do planejamento, como estoque mínimo e máximo, giro de estoque e controle de inventário”, explica Maurício Rocha, gerente de Compras da Rede. “Eles são mais voltados para o resultado financeiro, como evolução de custos, prazos de pagamento e formalização de acordos de fornecimento de médio e longo Melh res Práticas 13 foto: dreamstime.com prazo, sem desprezar o acompanhamento do desempenho dos fornecedores.” Tanto Rocha como Oyama ressaltam a importância dos indicadores. “Os de custos e prazos, por exemplo, são básicos em qualquer setor de compras”, diz o diretor de Compras da Rede D’Or São Luiz. “Afinal, muito do resultado da empresa depende do desempenho na aquisição dos insumos. Parcerias com fornecedores conceituados visam garantir as condições obtidas e o fornecimento dentro dos prazos definidos; e o acompanhamento do desempenho tem como objetivo aprimorar o atendimento ou mesmo corrigir eventuais desvios.” Oyama, por sua vez, lembra que os indicadores de custo são fundamentais, pois a receita do hospitais depende da prestação de serviço, mas também do consumo de materiais e medicamentos pelos pacientes. “Quando avaliamos a performance do fluxo de caixa, analisamos o balanço entre o contas a pagar e a receber, procurando uma gestão financeira adequada”, explica. “Mas, obviamente, quando falamos de hospitais temos de considerar a qualidade do serviço e, portanto, é necessário avaliar o desempenho dos fornecedores quanto à entrega, regularidade, tratamento de não conformidades, resposta às demandas, qualidade dos materiais, entre outros diversos fatores.” Além disso, os indicadores também tornam possível que os hospitais façam o benchmarking, ou seja, a comparação com instituições semelhantes, com o objetivo de troca constante de boas práticas. No caso dos hospitais da Rede D’Or São Luiz, isso 14 Melh res Práticas pode ser feito internamente. “Em relação a Compras, por exemplo, a Rede possui uma diretoria única que permite a adoção das políticas de aquisição de insumos de maneira uniforme”, explica Rocha. Segundo Oyama, no Einstein o benchmarking consiste em identificar o tratamento dos itens de consumo e comparar as políticas de compras. “A gestão de fornecedores, a comparação dos indicadores e a adoção das ferramentas de gestão e de operações também são importantes para o benchmarking com outras empresas”, diz. Ele lembra, no entanto, que a política para o setor deve anteceder a adoção dos indicadores e do próprio benchmarking “É importante definir antes as estratégias e diretrizes”, explica. “Com as ações definidas, poderemos verificar a performance por meio dos indicadores.” Seja como for, a adoção de parâmetros para verificar o desempenho e a eficiência do setor de compras tem trazido bons resultados. “Eles são nítidos se acompanharmos o desempenho financeiro do Einstein e a utilização dos recursos para expansão de nossas operações”, garante Oyama. No caso da Rede D’Or São Luiz, Rocha diz que o uso de indicadores consegue garantir o abastecimento da rede, minimizando ao máximo a possibilidade de risco no atendimento aos pacientes. “Além disso, garante as melhores condições comerciais do mercado, conciliando a padronização de produtos e fornecedores de ponta, com preços justos, que permitam um resultado financeiro positivo para a operação”, acrescenta. MP “Temos critérios de reposição de materiais definidos e monitorados por indicadores do planejamento, como estoque mínimo e máximo, giro de estoque e controle de inventário”