MODELOS MATEMÁTICOS PARA A ALOCAÇÃO DE PEÇAS A EMBALAGENS NO ABASTECIMENTO DE LINHAS DE MONTAGEM Maurício Cardoso de Souza Departamento de Engenharia de Produção Universidade Federal de Minas Gerais Av. Presidente Antônio Carlos 6627 Cep 30161-010 Belo Horizonte – MG [email protected] Carlos Roberto Venâncio de Carvalho Departamento de Engenharia de Produção Universidade Federal de Minas Gerais Av. Presidente Antônio Carlos 6627 Cep 30161-010 Belo Horizonte – MG [email protected] Wellington Bretz Brizon FIAT Automóveis S/A [email protected] Resumo: Este trabalho apresenta dois modelos de programação matemática para determinação de tamanhos de embalagens no abastecimento de peças em linhas de montagem. O estudo foi conduzido numa grande indústria do setor automobilístico. O problema logístico encontrado consiste em definir, para cada tipo de peça, qual o tamanho de embalagem deve ser utilizado no abastecimento da linha de maneira que o custo total com estocagem e movimentação no horizonte considerado seja minimizado. Devem ser consideradas as seguintes restrições: (i) o atendimento da demanda por cada tipo de peça; (ii) a constância, dentro do horizonte planejado, na alocação de um tipo de peça a um tamanho de embalagem; e, (iii) o limite sobre a quantidade de embalagens de um mesmo tamanho dísponíveis para a movimentação de peças num determinado período. São apresentados resultados numéricos preliminares sobre um cenário real do chão de fábrica onde o estudo foi conduzido. Palavras-Chave: abastecimento de linhas de montagem, tamanho de lote, programação matemática. Abstract: In this paper we present two mathematical models for lot sizing in assembly lines. We conducted our study in a major automobile industry. The logistic problem is to determine among discrete standard lot sizes which one to be used to feed the assembly line in order to minimize constant and inventory holding costs. The following constraints should be considered: (i) demand requirements; (ii) lot size can not be varied over the horizon; and, (iii) quantities of standard containers sizes are limited. Preliminary numerical results over a real problem from the shop floor are presented. Keywords: assembly-lines, lot sizing, mathematical programming. 1. Introdução Em um sistema de produção estruturado em linhas de montagem, um dos problemas importantes de logística interna consiste no abastecimento das linhas com as peças que compõem o produto. A questão crucial neste problema é definir o tamanho de lote que será utilizado no abastecimento. A resposta desta questão deve ser uma solução de compromisso que minimize custos fixos incorridos a cada liberação de ordem e/ou movimentação e custos variáveis que incidem sobre as peças em estoque ao lado da linha de montagem. O leitor pode se referir, por exemplo, a Bahl et al (1987) para uma revisão de literatura de modelos para definição de tamanho de lote em problemas de planejamento da produção. No caso específico de abastecimento de linhas de montagem, uma referência é o trabalho de Bitran e Chang (1987) para modelos de controle da produção via sistema Kanban, embora a questão do tamanho de lote não seja tratada por estes autores. Neste trabalho estuda-se o problema do abastecimento de linhas de montagem no ambiente de uma grande indústria automobilística. A empresa estudada ocupa hoje um lugar de destaque no ranking das montadoras no Brasil, tendo, por exemplo, a participação de 25,3 % do mercado brasileiro em 2003, e sendo uma das principais exportadoras privadas do Brasil – o volume de veículos montados e desmontados representa mais da metade de automóveis de passeio e comerciais leves exportados pela indústria brasileira em 2002. O artigo está organizado da seguinte forma. Na Seção 2 descreve-se o problema logístico do abastecimento das linhas de montagem da indústria do setor automotivo onde foi conduzido o estudo. Nas Seções 3 e 4 propõem-se dois modelos cuja diferença entre eles está no tratamento da demanda, e conseqüentemente em como os custos variáveis incidem sobre as peças em estoque. Na Seção 5 apresentam-se resultados numéricos preliminares sobre um cenário real do chão de fábrica onde o estudo foi conduzido. Finalmente, na Seção 6 apresentam-se conclusões e extensões. 2. Descrição do problema logístico de abastecimento das linhas de montagem A unidade fabril onde o estudo foi conduzido tem uma capacidade produtiva estimada em 2.300 veículos por dia, com uma produção atual de aproximadamente 1.700 veículos por dia. A fábrica possui uma área total de mais de 2.000.000 m2 com 600.000 m2 de área construída. A produção é subdividida nas seguintes cinco unidades operativas (cada uma responsável por uma etapa do processo): mecânica, prensas, funilaria, pintura, e montagem final. O foco do presente trabalho é o abastecimento das linhas na montagem final. Esta unidade operativa é composta por quatro linhas de montagem onde os veículos produzidos pela empresa são agregados de acordo com as suas principais características, tais como, por exemplo, similaridade de peças. Cada veículo é composto de aproximadamente 4.000 itens. Ao todo, na montagem, existem 13.000 itens para compor as diferentes versões de cada modelo. O parque de embalagens da fábrica utilizada no estudo é de tamanho considerável quando comparado às grandes indústrias de manufatura discreta instaladas no Brasil. Entre as embalagens empregadas no abastecimento de suas linhas de montagem encontram-se vasquetas plásticas, caçambas metálicas, pallets, etc. As embalagens são utilizadas na movimentação entre almoxarifados e linhas de montagem e entre fornecedores de material direto e a própria fábrica. Grande parte dos fornecedores entregam seus materiais já nas embalagens adequadas ao abastecimento das linhas de montagem. A Figura 1 ilustra a movimentação interna no abastecimento de uma linha de montagem. 963 A produção é planejada num horizonte de tempo discretizado em dias. As demandas de uma determinada linha de montagem são portanto definidas em peças por dia. As embalagens são padronizadas em três tamanhos – grande, médio, e pequeno – para abastecer a linha de montagem. Existem custos associados tanto às movimentações de embalagens quanto aos estoques lado-linha. O custo de movimentação incide sobre toda embalagem que é carregada do almoxarifado à linha de montagem para seu abastecimento. Com relação ao custo de estoque lado-linha consideram-se no presente trabalho duas versões que estão relacionadas à maneira como a demanda é tratada. Por um lado, quando na existência de uma demanda uniforme sem horizonte pré-definido, o custo variável incide sobre o estoque médio que se observa ao lado da linha de montagem. Por outro lado, quando a demanda é variável por período dentro de um horizonte limitado, o custo variável incide somente sobre as peças que viram de período ao lado da linha de montagem. O problema logístico encontrado no abastecimento de uma linha de montagem consiste então em definir, para cada peça, qual o tamanho de embalagem deve ser utilizado no abastecimento da linha de maneira que o custo total com estocagem e movimentação no horizonte considerado seja minimizado. A decisão sobre a alocação de peças às embalagens é balizada por certas restrições. Inicialmente deve-se considerar o atendimento de demanda, pois a linha tem que ser abastecida com todas as peças necessárias à montagem do produto final. Deve-se também manter a constância, dentro do horizonte planejado, na alocação de um tipo de peça a um tamanho de embalagem; isto é, o mesmo tamanho de embalagem deve ser utilizado no abastecimento da linha com uma determinada peça em todos os períodos do horizonte considerado, com o intuito de evitar distúrbios no processo com modificações freqüentes na alocação de tipos de peças a tamanhos de embalagens. Uma última restrição está relacionada ao limite sobre a quantidade de embalagens de um mesmo tamanho dísponíveis para a movimentação de peças num determinado período. Esta última restrição pode ser interpretada, tanto como um limite físico sobre o número de embalagens de um determinado tamanho disponíveis, quanto como um limite sobre o número de viagens no chão de fábrica que pode ser realizado. 3. Demanda uniforme – custos sobre o estoque médio lado-linha No caso em que a taxa de demanda por unidade de tempo é constante, consideram-se custos variáveis incidindo sobre o estoque médio de peças mantido ao lado da linha de montagem. As decisões de tamanho de lote – que, para cada tipo de peça visto de forma independente, poderiam ser tomadas com o modelo clássico de lote econômico (ver, por exemplo, Hillier e Lieberman 964 (2002)) – estão entretanto sujeitas a restrições de acoplamento entre os tipos de peças, já que o número de embalagens de um determinado tamanho disponíveis é limitado. A demanda uniforme acontece quando a empresa mantém um fluxo de materiais constante em linhas de montagem trabalhando sem interrupção. Sendo I o número de tipos de peças, tem-se que a demanda di pela peça i, i = 1, ..., I, por unidade de tempo é constante. Sendo K o número de tamanhos diferentes de embalagens, tem-se a quantidade qik de peças do tipo i que cabem na embalagem de tamanho k, k = 1, ..., K. Portanto o custo de estocagem por ciclo qik/di ao se abastecer a linha com a peça do tipo i na embalagem de tamanho k é ci(qik)2/2di onde ci é o custo unitário de estoque que incide sobre a peça i. O custo fixo de movimentação da embalagem k é dado por bk. O limite sobre o número de embalagens do tamanho k disponíveis para a movimentação de peças é representado por lk. O número wik de embalagens do tamanho k necessárias ao abastecimento da linha com a peça i pode ser calculado utilizando-se a fómula para o número de cartões Kanban (ver, por exemplo, Monden (1981) ou Krajewski e Ritzman (1993)), wik=dih/qik, onde h é o tempo de ressuprimento – tempo que decorre desde que a embalagem é liberada vazia ao lado da linha até retornar cheia. No presente estudo considera-se a demanda estipulada por dia e o tempo de d ressuprimento de um dia, daí wik = it . qik A variável de decisão xik assume o valor 1 se a linha de montagem será abastecida com a peça i na embalagem de tamanho k, e 0 caso contrário. Propõe-se então o seguinte modelo, doravante denominado MDU, para o problema logístico do abastecimento de uma linha de montagem considerando-se a demanda uniforme e os custos variáveis incidindo sobre o estoque médio ladolinha. K Minimizar d i bk ci qik xik + 2 q ik I ∑∑ k =1 i =1 K Sujeito à ∑x k =1 =1 ik I ∑w ik x ik ≤ l k (1) para todo i = 1, ..., I (2) para todo i = 1, ... I, k = 1, ..., K, (3) para todo i = 1, ..., I, k = 1, ..., K, (4) i =1 xik ∈ {0,1} A função objetivo (1) contabiliza, para o tamanho k de embalagem utilizado para abastecer a linha com a peça i, o custo total (movimentação e estocagem) por dia segundo o modelo de lote econômico. A restrição (2) garante que cada tipo de peça será alocado a apenas um tamanho de embalagem. A restrição (3) garante que o número de embalagens do tamanho k utilizadas no abastecimento da linha não excede o limite de embalagens deste tamanho disponíveis para a movimentação de peças. Vale notar que sem a restrição (3) o problema seria separável por peça, podendo em cada peça ser resolvido analiticamente a partir da solução ótima do modelo de lote econômico. 4. Demanda variável – custos sobre o estoque lado-linha ao fim de cada período Wagner e Whitin (1958) desenvolveram um modelo cujas restrições de balanço (que incluem estoques incial e final e quantidades produzidas) garantem que demandas diferentes em cada período do horizonte de planejamento sejam atendidas. Este tipo de situação é encontrada quando um horizonte de planejamento é discretizado em períodos e há uma interrupção de produção de um 965 período para o outro. Os custos variáveis incidem então sobre as peças que viram o período em estoque ao lado da linha de montagem. O horizonte de planejamento neste caso é discretizado em t = 1, ..., T períodos, e tem-se portanto uma demanda dit pela peça i, i = 1, ..., I, no período t. O modelo proposto apresenta três grupos de variáveis. O primeiro grupo, de maneira análoga ao modelo anterior, diz respeito às decisões de alocação de cada tipo de peça à cada tamanho de embalagem (a variável binária xik assume o valor 1 se a linha de montagem será abastecida com a peça i na embalagem de tamanho k, e 0 caso contrário). O segundo grupo indica a freqüência fkit de abastecimento no período t com a peça i na embalagem de tamanho k; ou seja, o número de vezes no período t que as embalagens de tamanho k com peças do tipo i serão movimentadas do almoxarifado para a linha de montagem. Finalmente, o terceiro grupo indica a quantidade sit de peças do tipo i em estoque lado-linha ao final do período t. Propõe-se então o seguinte modelo, denominado MDV, para o caso em que a demanda é variável. T Minimizar I K ∑∑ (c s + ∑ b i it t =1 i =1 k =1 k f itk ) (1) K Sujeito à s i (t −1) − sit + ∑ qik f itk = d it para todo i = 1, ..., I e t = 1, ..., T (2) para todo i = 1, ..., I (3) para todo i = 1, ..., I e k = 1, ..., K (4) para todo i = 1, ... I, k = 1, ..., K, e t = 1, ..., T (5) k =1 K ∑x k =1 =1 ik T Mxik − ∑ f itk ≥ 0 t =1 I ∑w ik x ik ≤ l k i =1 xik ∈ {0,1} e sit e f itk ∈ N para todo i = 1, ..., I, k = 1, ..., K, e t = 1, ..., T (6) A função objetivo (1) é composta, no somatório em todas as peças e todos os períodos, de duas parcelas. A primeira parcela corresponte ao custo de estoque lado-linha que incide sobre o número de peças em estoque no fim de cada período. A segunda parcela corresponde ao custo total de movimentação das embalagens. A restrição (2) garante que a diferença entre os estoques nos fins dos períodos t e (t-1) somado ao total de peças com que a linha foi abastecida no período t é igual à demanda do período. As restrições (3) e (4) garantem respectivamente que: (i) cada peça será alocada a apenas um tamanho de embalagem; e, (ii) somente esse tamanho de embalagem será utilizado para abastecer a linha montagem com a peça em questão. Na restrição (4), o coeficiente M d it : i = 1, ..., I }, onde k' é a menor embalagem. t =1 ik ' T assume um valor maior ou igual ao max{ ∑q Assim, caso uma peça i for alocada em um tamanho de embalagem k (ou seja, xik = 1), a restrição é satisfeita, pois, o número de vezes que a linha de montagem é abastecida com a embalagem k no horizonte de planejamento não pode ser maior de que M. Caso contrário, se uma peça i não for alocada em um tamanho de embalagem k (ou seja, xik = 0), garante-se que não haverá, em nenhum período, abastecimento com a peça i no tamanho de embalagem k (ou seja, Σt fkit = 0). A restrição (5) garante que o número de embalagens do tamanho k utilizadas no abastecimento da linha não excede o limite de embalagens deste tamanho disponíveis para a movimentação de peças. Os domímios das variáveis são definidos pela restrição (6). 966 5. Resultados preliminares Considera-se, para fins de uma primeira noção sobre a potencialidade dos modelos propostos para abordar o problema logístico de abastecimento de linhas de montagem, um cenário restrito a uma Unidade Tecnológica Elementar (UTE) da fábrica onde o estudo foi conduzido. Uma UTE é um trecho da linha de montagem responsável por um certo número de operações no veículo. Cada UTE tem total responsabilidade e controle sobre suas operações e sobre a gestão dos custos envolvidos em seus processos. No cenário utilizado na condução de um experimento numérico, são considerados 191 tipos de peças com as quais uma determinada UTE deve abastecer sua linha de montagem. Vale notar que os tipos de peças podem ser vistos como diferentes famílias onde diversas peças são agregadas, por exemplo, por alguma similaridade funcional. As demandas por cada tipo de peça e seus custos unitários de estoque variam, respectivamente, de unidades a dezenas de milhares, e, de centavos a dezenas unidades monetárias. Observa-se que não existe nenhuma relação entre demanda e custo unitário de estoque (pode por exemplo haver uma alta demanda por uma peça com alto custo unitário de estoque). O custo de movimentação é constante para qualquer um dos três tamanhos de embalagem (grande, médio, e pequeno) e seu valor está em torno de uma unidade monetária. Para efeito de comparação da dificuldade de se resolver cada um dos modelos, optou-se por rodar MDV (c.f. Seção 4) com as mesmas demandas utilizadas em MDU (c.f. Seção 3), ou seja, os valores das demandas de cada tipo de peça em MDV são os mesmos em todos os períodos do horizonte – fixado em uma semana e discretizado em dias. Foi utilizado o CPLEX para obter todos os resultados apresentados. O cenário com 191 tipos de peças e 3 tamanhos de embalagem geram em MDU 573 variáveis binárias. Estuda-se, neste caso, o impacto do limite ao número de embalagens de um mesmo tamanho disponíveis para movimentação tanto no custo total da solução quanto no salto (gap) entre a solução inteira e a obtida com a relaxação linear. A Tabela 1 apresenta, para cada valor do limite ao número de embalagens (considerado o mesmo para todos os tamanhos, i.e. l1 = l2 = l3), os custos totais sobre todo o horizonte da solução ótima inteira e da relaxação linear. Para valores de lk abaixo de 325, o problema não é viável. Para o valor 1.000 de lk, a restrição sobre o número de embalagens disponíveis já não interfere no modelo, isto é, o problema passa a ser separável por tipo de peça e pode ser resolvido pelo modelo de lote econômico. Para valores de lk maiores que 1.000 portanto o custo da solução não muda. Percebe-se que neste caso não há salto entre os valores da solução ótima inteira e da relaxação linear. Nos outros casos o salto é pequeno (não chegando a 1%) devido ao fato que para no máximo 2 ou 3 tipos de peça dentre os 191 os davariável xik são fracionários. Os tempos de execução são da ordem de frações de segundos. lk 325 350 400 500 750 1000 solução inteira relaxação 20.162,2 20.127,5 18.183,4 18.183,1 17.972,0 17.971,5 17.729,5 17.726,6 17.481,7 17.480,3 17.441,0 17.441,0 Tabela 1: custos da solução inteira e relaxação 967 O gráfico da Figura 2 ilustra a queda no custo da solução ótima quando o valor de lk aumenta. 20250 19750 19250 18750 18250 17750 17250 lk = 325 lk = 350 lk = 400 lk = 500 lk = 750 lk = 1000 Figura 2 : queda no custo da solução ao se aumentar o valor de lk A dificuldade numérica cresce substancialmente ao se tratar o problema com o modelo MDV (considerando os custos variáveis incidindo sobre as peças em estoque no final de cada período). O mesmo cenário com 191 tipos de peças e 3 tamanhos de embalagem, considerando um horizonte de 7 períodos, geram em MDV 5.921 variáveis inteiras. Para a instância mais simples no modelo MDU, aquela em que o valor de lk é 1.000, após 42.073 segundos de execução no CPLEX não foi obtida a solução ótima. Os custos da melhor solução inteira e do melhor limite inferior obtidos foram respectivamente 159.149 e 135.846 – um salto de 14%. 6. Conclusões e extensões Os modelos matemáticos apresentados neste trabalho surgiram de um problema real encontrado na logística interna de uma grande indústria do setor automobilístico. O sistema de abastecimento das linhas de montagem por meio de embalagens padronizadas está em fase inicial de implantação no chão da fábrica onde foi conduzido o estudo. A diferença entre os dois modelos propostos – MDU e MDV – está no tratamento da demanda, e conseqüentemente em como os custos variáveis incidem sobre as peças em estoque. Constatou-se, com resultados numéricos preliminares, que a dificuldade de se resolver instâncias com os mesmos tipos de peças e suas respectivas demandas com o modelo MDV é substancialmente maior que com o modelo MDU. Pretende-se seguir duas linhas em extensão ao trabalho ora apresentado, ambas com o intuito de melhorar a performance de resolução quando o problema é abordado com o modelo MDV. A primeira extensão seria aproveitar, no desenvolvimento de algoritmos exatos, o fato que o problema é separável nos tipos de peças se relaxada a restrição sobre o número de embalagens disponíveis. A segunda seria desenvolver metaheuristicas para obter soluções de boa qualidade em tempos computacionais razoáveis. Referências Bahl, H.C., L.P. Ritzman, e J.N.D. Gupta. 1987. “Determining lot sizes and resource requirements: a review.” Operations Research 35, 329 – 345. Bitran, G.R., e L. Chang. 1987. “A mathematical programming approach to a deterministic Kanban system.” Management Science 33, 427 – 441. 968 Hillier, F.S., e G.L. Lieberman. 2002. Introduction to Operations Research. McGraw Hill. Krajewski L.J., e L.P. Ritzman. 1993. Operations Management. Addison Wesley. Monden, Y. 1981. “What makes the Toyota production system really tick?” Journal of Industrial Engineering 36, 36 – 46. Wagner H.M., e T.M. Whitin. 1958. “A dynamic version of the economic lot size model.” Management Science 5, 89 – 96. 969