OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1
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Sindicato Municipal dos
Trabalhadores em Educação
Filiado à
Informativo do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã • nº 5 • OUTUBRo 2010
SIMTED
4 DÉCADAS DE HISTÓRIA, LUTAS
E COMPROMISSO SOCIAL
Ex-presidentes relembram as experiências à frente da primeira organização política dos
trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Na foto, membros da
Associação Pontaporanense de Professores na década de 70.
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OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1
EDITORIAL
Organização sindical para uma Educação de qualidade
O que levou
um grupo de professores de Ponta
Porã, em outubro
de 1970, a criar
uma Associação de
Professores?
Vivíamos num
regime de ditadura que considerava
ofensa e crime a organização de trabalhadores. O regime prendia, torturava
e matava os que reivindicavam melhores condições de trabalho. Somente
com a Constituição de 1988 é que garantimos nossos direitos sindicais.
Essa edição especial do Direto ao
Ponto conta um pouco dessa história.
Procuramos as pessoas que tiveram
ousadia para começar um trabalho
sindical e perseveraram na longa caminhada de lutas e conquistas trabalhistas. Durante meses, ouvimos vários colegas e o resultado é uma série
de entrevistas e pesquisas realizada
pelo SIMTED.
A maioria dos entrevistados começou a trabalhar na época em que
as lideranças políticas escolhiam e
apadrinhavam os servidores públicos.
Na alternância de poder, esses
servidores ficavam desempregados.
Estavam na rua! Os homens que lecionavam tinham a atividade como um
complemento. Enquanto as mulheres,
dependentes economicamente do
marido ou do pai, tinham a carreira na
Educação vista como uma continuida-
de da sua “missão” feminina.
Nesse período, o País passava
por transformações econômicas e
demográficas. As fronteiras agrícolas
avançavam, incentivando a ocupação
na região sul do então Estado de Mato
Grosso.
Essa população de imigrantes
gerou uma necessidade de expansão
dos serviços públicos. E profissionais
de várias regiões vieram para Ponta
Porã para atender essa demanda. As
instalações da Associação Pontaporanense de Professores abrigaram vários colegas que chegavam a trabalho.
Após a divisão do Estado, em
1977, os Trabalhadores em Educação
conseguem ingressar no serviço público através de concursos. Em 1989,
a Associação se transforma em Sindicato dos Trabalhadores em Educação.
Nasce então um Sindicato filiado à
CNTE e à CUT.
Hoje, nossa organização cumpre papel que ultrapassa a defesa dos
direitos de seus mais de mil filiados.
Nos orgulhamos de defender a escola pública com qualidade social, com
garantia do direito ao acesso e permanência.
Essa história deve ser contada e
não há narrador melhor do que quem
a viveu. Nós somos os protagonistas.
Que bela caminhada trilhamos e continuaremos a trilhar!
Denize Silva de Oliveira
Presidente do SIMTED Ponta Porã
Fatos que marcaram a história do SIMTED de Ponta Porã
1970
Fundação da Associação
Pontaporanense de
Professores
1981
Instalação da sede própria da
Associação Pontaporanense de
Professores
1976 a 1978
Luta contra a ditadura e
realização de concursos públicos
para professor no Estado
1978 a 1980
Fortalecimento da
Associação e profissionais
mais valorizados
1993 a 1995
Debates sobre a Lei de
Diretrizes e Bases da
Educação
1989
Fundação do Sindicato
Municipal dos Trabalhadores
em Educação de Ponta Porã
1994
Criação do Estatuto do
Magistério do Professor do
Município de Ponta Porã
1986
Realização do Congresso
Estadual de Professores
em Ponta Porã
1988
Início da
implantação do
SIMTED
2000
Realização do Congresso
Estadual dos Trabalhadores em
Educação em Ponta Porã
2000
Inauguração da nova sede
2006
Aprovação do Plano de Cargos
e Carreiras dos servidores
municipais
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1970 - Fundada a Associação
Pontaporanense de Professores
A Associação Pontaporanense de
Professores (APP) foi fundada no dia
10 de outubro de 1970, atendendo às
nescessidades de se criar um espaço
democrático para que professores
e funcionários das escolas de Ponta
Porã pudessem discutir e encaminhar
suas demandas e anseios. A primeira
diretoria da APP era presidida por Zaira Catarina Portela.
Em 1970, Ponta Porã contava
com pouco mais de 32 mil habitantes
e, desses, 19 mil viviam na área rural.
A maioria das escolas primárias e do
1º ciclo, das redes municipal e estadual de ensino, funcionavam na área
rural. Na cidade, apenas três escolas
ofereciam ensino do 2º ciclo, o que
equivale hoje ao Ensino Médio.
A professora Zaira Catarina Portela esteve à frente da APP de 1970 a
1976. Ela lembra que na época muitos
educadores eram de outras cidades.
“Havia poucos professores no Município, por isso, a Associação oferecia
alojamento para esses colegas.”
Professora Zaira Portela: ousadia para começar
Zaira Catarina Portela, 81 anos,
foi a primeira presidente da Associação Pontaporanense de Professores, que deu origem ao SIMTED
Ponta Porã.
Professora aposentada, ela
nasceu em Ponta Porã e estudou a
maior parte de sua vida no Rio de
Janeiro.
Começou a lecionar com 25
anos no Educandário São Francisco
e trabalhou na Escola Estadual Joaquim Murtinho. Em Campo Grande,
lecionou na MACE e na Escola Esta-
Galeria dos Presidentes
Zaira Portela
(1970 a 1976)
Glória Adela Cândia
(1991 a 1993)
Zilda Fuchs Mattos
(1976 a 1978)
Miriam Menezes
(1995 a 1997)
Mary Moraes Dias
(1978 a 1980)
Sônia Cintas
(1989-1991, 19931995, 1997-2000)
Roberto Margarida
(1980 a 1981)
Sindicato Municipal dos
Trabalhadores em Educação
Silvio
Soto
FiliadoEduardo
à
Oviedo
(1981 a 1981)
dual Vespasiano Martins.
Para ela, “professor ainda está
longe de ganhar pelo que faz em
benefício do País”.
Eva de Freitas
(1981-1983, 19831985, 1985-1988)
Professores unidos por
melhores condições de trabalho
Período marcado pela repressão
e luta dos movimentos sociais por liberdade de expressão e democracia.
Antes da década de 1980, sempre que
mudava o governo, todos os servidores contrários politicamente perdiam
o emprego.
Mas com a fundação de Associações de Professores, lembra a presidente da APP na época, Zilda Fuchs
Mattos, o governo foi pressionado a
Adir de Oliveira
(1988 a 1989)
realizar concursos públicos para contratação de professores. Com isso, as
perseguições políticas começam a diminuir.
“Na época, nossa principal luta
era a conscientização da necessidade
da filiação e eu insistia muito com os
colegas para que se filiassem”, conta a
professora Zilda.
“O desafio maior era enfrentar a
ditadura e as práticas que estavam a
ela associadas. Professor que se metia
em movimento de classe não era bem
visto. Muitas vezes, trabalhávamos e
não recebíamos o salário, mudava o
governo e ficávamos até seis meses
sem receber”, lembra.
Hoje, ela destaca a melhoria gradativa das condições de sobrevivência
do profissional de Educação, fruto da
luta política. “Valeu a pena todo o esforço”, comemora.
Iliana Maria Pilger
(2001 a 2003)
Marileide Peixoto
Ferreira
(2003 a 2006)
Denize Silva de
Oliveira
(2006 a 2009)
“Comecei como
professora leiga aos
17 anos, em Ponta Porã, no antigo
Ginásio São Francisco de Assis. Fui
coordenadora pedagógica e diretora.
Em 1982, assumi voluntariamente a
presidência da Apae de Ponta Porã e
em 2004 inaugurei a Apae de Antonio
João. Para mim, o principal entrave
para a melhoria da Educação, hoje, é
a falta de investimentos dos profissionais em si mesmos.”
Zilda Fuchs Mattos, 64 anos. Presidente da APP de 1976 a 1978.
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OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1
1978 a 1980 - Luta por Educação de
qualidade vai às ruas
A falta de compromisso por parte de prefeitos e governadores faz
com que a APP, no fim da década de
1970, inicie movimentos reivindicatórios e grevistas. Segundo a professora
Mary Martins Moraes Dias, presidente à época, os trabalhadores em Educação sofriam com falta de pagamento e nomeações que atrasavam. “Não
sabíamos quando seria pago o 13º e
se seria pago. Enquanto presidente da
Associação, deveria estar à frente dos
movimentos reivindicatórios, inclusive greve”, relembra.
Mas o desafio era conciliar os
papéis de diretora de escola com o de
presidente da Associação. “No meu
cargo de diretora sempre entendi que
minha responsabilidade era a defesa do interesse do aluno. Não queria
abrir mão da presença dos professores no trabalho para que a escola funcionasse. Como então apoiar greve?”.
Hoje, porém, a professora Mary
Passeatas reivindicavam salário digno e realização de concursos
entende o impasse como fruto da falta de experiência e tem a certeza da
necessidade de um Sindicato atuante
em benefício da classe.
“Nossa organização sindical significou avanço na valorização profis-
sional. Lá atrás não tínhamos essa visão. Acredito que o principal objetivo
do nosso Sindicato seja levar os trabalhadores a perceberem a necessidade
de sua organização para conquistar
benefícios.”
“A Educação no País mudou muito. Hoje,
os jovens têm
mais atitude e a
escola nem sempre oferece resposta
a suas necessidades. Alguns profissionais não levam a sério o trabalho
de educar. Minha geração enfrentou
muitas dificuldades de acesso à formação profissional e viveu muitas cobranças quanto à dedicação plena e o
planejamento pedagógico.”
Mary Martins Moraes, 72 anos.
Presidente da APP de 1978 a 1980
No início, o desafio era conscientizar os professores
No início da década de 1980, associações de professores eram fundadas por todo o recém-criado Estado
de Mato Grosso do Sul. As passeatas
organizadas pela FEPROSUL, Federação que congregava as associações, já
pautavam a luta por Educação de qualidade, melhores condições de trabalho e salários dignos.
Segundo o presidente da APP na
época, professor Silvio Eduardo Soto
Oviedo, a prioridade era visitar todas
as escolas das Redes Estadual e Municipal para conscientizar os professores
sobre a importância da APP.
“Mas muitos dos professores jovens tinham receio de envolvimento
com a Associação, pois eram contratados ou estavam em estágio probatório
e temiam sofrer retaliações.” Mesmo
assim, quando os salários atrasavam –
Dificuldades não desanimavam e reuniões aconteciam em baixo de árvores
algo comum nesse período – sempre
eram auxiliados pela APP.
As dificuldades de trabalho eram
muitas. As reuniões, por exemplo,
aconteciam debaixo da figueira que
fica na calçada da Prefeitura.
“Avalio que a semente que plantamos frutificou. As conquistas que alcançamos foi através da participação
e da consciência de classe. Graças aos
Sindicatos, melhoramos a Educação
de um modo geral.”
“Hoje, vejo
a escola pouco preocupada
com o estudo.
Na família, não
há mais a convivência com as crianças, pois pais e
mães estão no mercado de trabalho.
Passam a maior parte da responsabilidade da Educação para o Estado. Infelizmente, algumas crianças vão à escola atrás de merenda e não em busca
do conhecimento. Por isso, penso que
deveria haver mais cursos para qualificar o profissional para o trabalho.”
Silvio Eduardo Soto Oviedo, 57
anos. Presidente da APP em 1981.
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OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1
1981 a 1988 - Em sede própria, APP se
estrutura e agrega mais associados
Instalação da sede própria da
APP e implantação do SIMTED de Ponta Porã marcaram a década de 1980 e
os três mandatos da professora Eva de
Oliveira Freitas.
O foco do trabalho era a estruturação da Associação enquanto espaço
de participação para os professores
do Município.
Depois de aposentar-se, em
1986, Eva Freitas dedicou-se ainda
mais ao trabalho na Associação, representando-o em assembleias, semi-
nários e congressos.
“Minha prioridade quando assumi a APP foi a de fazer funcionar na
sua própria sede. Com muita dificuldade e muita garra consegui estruturar a Associação. Também participei
da implantação do SIMTED, vivenciando grandes desafios.”
De acordo com a ex-presidente,
uma das maiores conquistas de sua
gestão, além da sede e da articulação
para criação do SIMTED, foi o aumento do número de associados.
Alojamentos na sede da APP abrigavam professores de outras cidades
1988 a 1989 - Criação de Sindicato inspira
mobilização e realização de encontros
Em 1988, com a aprovação da
nova Constituição Brasileira, os movimentos sociais de todo o País começam a debater a criação de Sindicatos
como forma de organização política.
Com isso, o anseio de levar a APP à categoria de Sindicato ganha força.
O professor Adir Teixeira de Oliveira, presidente entre 1988 e 1989,
lembra que os debates eram calorosos. “Fizemos várias reuniões com a
orientação da FEPROSUL e conseguimos transformar nossa entidade em
um Sindicato de Trabalhadores em
Educação. Sindicatos maiores como
o de Dourados e Campo Grande não
trilharam o mesmo caminho, transformando-se em sindicatos somente de
professores.”
Na época, o trabalho à frente da
APP era feito paralelamente ao compromisso com a sala de aula porque
a licença sindical havia sido proibida.
As articulações políticas e mobilizações aconteciam à noite e nos finais
de semana.
Outro problema naquele período, conforme Adir, era a falta de
atendimento de saúde por parte do
Previsul. “Em nossa gestão, fizemos
convênio para pagar somente a tabela
da Associação Médica Brasileira, equivalente a 50% do valor da consulta e
nos hospitais.”
Na avaliação do ex-presidente, a
incorporação dos trabalhadores administrativos no Sindicato foi um avanço.
“Nessa época, os sindicatos estavam
fortes no País. Nossos movimentos
grevistas causavam desgaste. Nosso
trabalho era para o fortalecimento da
participação no Sindicato.”
Em 1986, SIMTED organiza Congresso Estadual de Professores
“Comecei minha carreira em 1961.
Lecionei em escola rural durante 10 anos
e no ensino básico em escolas urbanas. Fui
diretora da Escola Estadual Ramiro Noronha e a primeira mulher a assumir o cargo
de Secretária Municipal de Educação do
Município de Ponta Porã (MS), em 1993.
Com um plano de trabalho com objetivos e metas concretas,
conseguimos mudar o rumo da Educação de Ponta Porã. Muitos
dos projetos elaborados na época hoje são realidade.”
Eva de Oliveira Freitas, 70 anos. Presidente da APP entre
1981 e 1988.
“A Educação hoje é marcada pela interdisciplinaridade e uso de tecnologias. A
abertura pedagógica que experimentamos pode ter melhorado, mas a carga horária
em um só turno prejudicou a
formação do cidadão. Penso que a escola deveria
ser oferecida em dois turnos, com um currículo
mais completo.”
Adir Teixeira de Oliveira, 56 anos. Presidente
da APP de 1988 a 1989.
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1989 - Marco histórico:
Fundado o SIMTED de Ponta Porã
Um processo de amadurecimento leva à transformação da APP em
Sindicato. Em abril de 1989 é criada
uma comissão provisória com o objetivo de organizar as eleições da nova
diretoria e providenciar a tramitação
de documentos e estatuto.
Assembleia especial foi realizada
no dia 17 de junho de 1989, na Câmara Municipal de Ponta Porã, para oficializar a criação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação
– SIMTED. Na solenidade, o presidente da Associação Pontaporanense de
Professores, professor Adir Teixeira de
Oliveira, empossa a diretoria do Sindicato recém-criado.
A primeira presidente do SIMTED
Ponta Porã foi a professora Sônia
Cintas. Ela comemora os 40 anos do
Sindicato e afirma estar feliz com as
oportunidades que teve de aprender
com o movimento sindical.
Em sua gestão, a prioridade era
trabalhar pela qualificação profissional dos trabalhadores em Educação e
melhores salários. “Pensávamos que a
qualificação representava avanço para
o trabalhador.”
Ela se recorda da mobilização
feita pelos sindicalistas, no início de
1990: “Fiquei 30 dias acampada na
governadoria, enquanto os companheiros arrecadavam alimentos para
que pudéssemos continuar com a mobilização. Negociamos com o governador eleito o pagamento dos salários
atrasados como condição para desocupar a governadoria.”
Também foi em sua gestão que o
SIMTED de Ponta Porã filiou-se à CUT,
unificando, junto com a FETEMS, as
lutas dos trabalhadores. “Realizamos
congressos, conferências e formações
para debater os rumos da Educação
no País.”
Primeira Diretoria do
SIMTED de Ponta Porã
Primeira Diretoria da
APP de Ponta Porã
Presidente
Sônia Cintas
Vice-Presidente
Maria Jurandi Amarília
Secretária Geral
Maria Aparecida de Almeida Dorneles
1ª Secretária
Maria Madalena Prandi Duarte
Tesoureiro Geral
Osvaldo Pereira Leme
1ª Tesoureira
Maria Mercedes Gonçalves de Souza
Secretária de Imprensa e Divulgação
Denize Silva de Oliveira
Secretária Educacional
Dionisia Colman Cardoso
Secretária de Formação Sindical
Maria Rosa Prandi Adelino
Secretária Cultural e Social
Célia Augusta Pinheiro Pereira
Secretária Ético-Jurídico
Eva de Oliveira Freitas
Presidente
Zaira Portela de Souza
Vice-Presidente
Marta Maria Monteiro Correia Lima
1ª Secretária
Maria Mardine Fraulob
2ª Secretária
Jelsa Fretes
1º Tesoureiro
Pe. Pedro Smith
2º Tesoureiro
Fernando Peralta
Procurador
Dr. Gaze Esgaib
Bibliotecária
Ennê Russul Vieira
Diretor Social
Munira Campos
Conselho Fiscal
Carolina Pelusch, Edith Elfrida
Antunes, Helga Cardoso, Mary Dias e
Nerino Pires de Cravalho.
Professora Sônia Cintas inaugura nova sede do SIMTED
Sônia Cintas:
dedicação à luta sindical
Aos 54 anos, a primeira presidente do SIMTED é pedagoga, especilizada em Administração Escolar e em
Administração Hospitalar. Começou a
lecionar na Escola Estadual Mendes
Gonçalves, em 1976, onde trabalhou
seis anos. Em 1982, assumiu a direção
da Escola Estadual Ramiro Noronha,
onde ficou até 1987. Volta para a sala
de aula na Escola Estadual Joaquim
Murtinho.
Sempre participou da luta dos
professores, sendo membro de todas
as diretorias da APP e SIMTED. Foi Secretária Municipal de Educação. “Estive nas discussões para a implantação
do FUNDEF. Estudamos muito e procuramos intervir de modo a fortalecer
a escola.”
Para a professora, o Piso Salarial
Nacional começou uma nova etapa na
valorização dos profissionais, embora os governos não tenham aplicado
corretamente a lei. “Falta muito para
atingirmos uma Educação de primeiro mundo.” Sônia Cintas exerceu três
mandatos no SIMTED: de 1989 a 1991,
de 1993 a 1995 e de 1997 a 2000.
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Anos 90:
Uma década de Sindicato
De 1993 a 1995, o SIMTED mobiliza-se para debater a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Com isso,
assuntos como a melhor qualificação
dos trabalhadores em Educação entra
na pauta. Em 1994, outra conquista:
é elaborado o Estatuto do Magistério
do Professor de Ponta Porã.
A efervescência do movimento
sindical faz com que a rede de filiados
cresça, agregando os servidores da
rede municipal. O SIMTED começa a
construir sua sede atual. A presidente na época, professora Sônia Cintas,
lembra que a obra foi concluída na
gestão de 1997 a 2000, incluindo a
área de lazer.
“Nessa trajetória, devo muito
aos meus colegas. Não havia licença sindical e eu só pude exercer meu
trabalho porque tive apoio de outras
professoras que assumiam os cuidados com meus alunos.”
Inauguração da nova sede, em agosto de 2000, reúne ex-presidentes do SIMTED
Em 2000, ainda na gestão de Sônia Cintas, é realizado, em Ponta Porã,
o maior Congresso Estadual de Trabalhadores em Educação, com participação de mais de 2000 congressistas.
Glória Cândia Rodrigues:
cada época, um desafio
A professora Glória Cândia,
hoje com 68 anos, esteve à frente do SIMTED entre 1991 e 1993.
Pedagoga, começou sua carreira
profissional na Educação em 1968,
quando foi convidada para secretariar a Escola Normal de Ponta Porã.
“Eu tinha experiência administrativa
e podia fazer o trabalho. Depois me
pediram para ficar como vice-diretora até assumir a função de diretora.
Cargo que exerci até 1978.”
Com a divisão do Estado e criação do Mato Grosso do Sul, foi admitida como professora. “Haviam
poucos professores formados, então
eu lecionava vávias matérias”.
Para ela, a categoria está mais
forte hoje: “Cada época traz seus desafios. Os avanços tecnológicos impuseram alterações nos hábitos até
para os mais velhos.”
Miriam Menezes, presidente
entre 1995 e 1997, lembra que os debates sobre a política de Educação do
município eram polarizadas entre as
teses de direita e da esquerda. “Era
uma discussão inicial e não havia ainda compromisso com as teses de esquerda”, afirma. “Mergulhei de cabeça no movimento sindical através da
FETEMS, CNTE e CUT.”
Miriam Menezes:
militância política
Licenciada em Letras, com habilitação em Língua Inglesa, a professora
Miriam Menezes, 54 anos, foi presidente do SIMTED por dois anos, de
1995 a 1997. Ela conta que se mudou
para Ponta Porã em 1986, quando começou a lecionar na Escola Estadual
João B. Calvoso. Era diretora da Escola Geni Marques Magalhães quando
saiu para assumir a presidência do
Sindicato.
Miriam Menezes também foi Secretária de Formação da FETEMS, Presidente da CUT e ocupou vários cargos
no Governo do Estado. “Não existe
outro instrumento político que represente melhor o trabalhador como o
Sindicato. É nele que seus problemas
são pautados. A organização sindical
tem outros horizontes”.
Segundo ela, os governantes não
se comprometem com a Educação,
tratando-a com descaso. “Continuamos a ter mão de obra desqualificada
e profissionais descompromissados.
Houve avanços. As escolas estão informatizadas, mas os professores não.”
8•
OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1
SIMTED 40 ANOS: descentralização,
transparência e legitimidade política
Os anos 2000 foram de amadurecimento para o SIMTED. As ex-presidentes Iliana Maria Pilger (2001-2003)
e Marileide Peixoto Ferreira (20032006) herdaram um Sindicato com
sede própria, estruturado, com quase
mil filiados.
O desafio era garantir melhores
condições de trabalho e direitos trabalhistas. Internamente, buscava-se
maior transparência e descentralização das decisões.
“Acredito que todos os membros
da diretoria tem que estar informados
e dar respostas para os filiados”, afirma Iliana Pilger. Nesta última década,
o enfoque do SIMTED foi investir na
formação política da diretoria a fim de
qualificar a atuação do Sindicato. “A
busca pelo conhecimento prepara e
muda a atitude das pessoas.”
Para a professora Iliana, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação
de Ponta Porã hoje é uma entidade
forte e respeitada.
Conquistas
Uma vez que a Rede Estadual já tinha avançado em termos de política salarial, a prioridade foi a Rede Municipal.
O SIMTED conseguiu implantar o Plano
de Cargos e Carreiras dos servidores do
Município, em janeiro de 2006.
Também foi modificado o Estatuto dos Servidores Municipais, de
forma a favorecer os trabalhadores.
Exemplo disso foi a redução da carga
horária do administrativo e a reposição salarial de 8%.
Novos Desafios
A professora Iliana acredita que
as eleições para diretores da Rede Estadual fortaleceram a escola pública.
No entanto, esse mecanismo de escolha deve ser adotado também pela
Rede Municipal de Ponta Porã.
O SIMTED defende também mais
tempo para planejamento de ativida-
“Quanto à Educação, penso
que ela deva criar a consciência da
necessidade da busca do conhecimento. Quando a pessoa não tem
acesso ao conhecimento, ela é excluída do mercado de trabalho e de
uma vida social mais saudável. A
escola deve conscientizar as pessoas sobre a importância do conhecimento na vida delas e
de seus filhos.”
Iliana Maria Pilger, 52 anos. Presidente do SIMTED
de 2001 a 2003.
des e Piso Nacional para 20 horas.
A professora Marileide Ferreira
acredita na maior participação nas
atividades sindicais como forma de
“Sempre lutamos para receber
o salário e oferecer uma Educação de
qualidade. A luta foi correr atrás, ir
para Brasília, Campo Grande. Fazer enfrentamento com os governos estadual
e municipal. Na diretoria da FETEMS,
continuamos lutando pelos direitos das
mulheres, dos negros, participando das
reuniões. Aprendi a valorizar mais os seres humanos. Como
liderança, acertei, errei e aprendi com os erros.”
Marileide Peixoto Ferreira, 53 anos. Presidente do
SIMTED de 2003 a 2006.
fortalecer o movimento. “É pela união
que nos fazemos fortes e respeitados
e a auto-estima dos profissionais em
Educação anda em baixa.”
"Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos
sobre as costas
e a aurora indecisa demore.
Não posso adiar para
outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação."
Antônio Ramos Rosa
Uma publicação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã – [email protected] – Travessa Iguatemi, 38 - Centro - Ponta Porã - MS - CEP 79.900-791.
Fone: (67) 3431.4531.
Presidente: Denize Silva de Oliveira; Vice-Presidente: Marcia Cristina Ortis da Silva; Secretária Geral: Vitória Elfrida Antunes; Primeiro Secretário: Luiz Carlos Marques Valejo; Tesoureira Geral: Cléa Canavieira Fonseca; Primerira Tesoureira: Kedma Caroline de Souza Moraes; Secretário de Imprensa e Divulgação: Edivaldo Viera; Secretária Educacional: Maria Ramona Amâncio; Secretária de Formação Sindical: Kelem Cristiane Brum Carminate Pereira; Secretário
Cultural e Social: Sergio Alencar Semensato; Secretária Ético-jurídica: Eva de Oliveria Freitas; Secretária de Política Municipal: Orízia Silva de Oliveira; Secretátio de Esportes: João Antonio da Silva Barbosa; Secretária de Política dos
Administrativos: Luzia Alves Marques; Secretária de Política dos Aposentados: Maria Helena Simczak Zanin; Edição: Laura Samudio Chudecki (DRT-MS 242) e Ivanise Andrade (DRT-MS 098), Fotos: SIMTED de Ponta Porã; Editoração
e Programação Visual: Íris Comunicação Integrada.
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