OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 •1 Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação Filiado à Informativo do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã • nº 5 • OUTUBRo 2010 SIMTED 4 DÉCADAS DE HISTÓRIA, LUTAS E COMPROMISSO SOCIAL Ex-presidentes relembram as experiências à frente da primeira organização política dos trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Na foto, membros da Associação Pontaporanense de Professores na década de 70. 2• OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 EDITORIAL Organização sindical para uma Educação de qualidade O que levou um grupo de professores de Ponta Porã, em outubro de 1970, a criar uma Associação de Professores? Vivíamos num regime de ditadura que considerava ofensa e crime a organização de trabalhadores. O regime prendia, torturava e matava os que reivindicavam melhores condições de trabalho. Somente com a Constituição de 1988 é que garantimos nossos direitos sindicais. Essa edição especial do Direto ao Ponto conta um pouco dessa história. Procuramos as pessoas que tiveram ousadia para começar um trabalho sindical e perseveraram na longa caminhada de lutas e conquistas trabalhistas. Durante meses, ouvimos vários colegas e o resultado é uma série de entrevistas e pesquisas realizada pelo SIMTED. A maioria dos entrevistados começou a trabalhar na época em que as lideranças políticas escolhiam e apadrinhavam os servidores públicos. Na alternância de poder, esses servidores ficavam desempregados. Estavam na rua! Os homens que lecionavam tinham a atividade como um complemento. Enquanto as mulheres, dependentes economicamente do marido ou do pai, tinham a carreira na Educação vista como uma continuida- de da sua “missão” feminina. Nesse período, o País passava por transformações econômicas e demográficas. As fronteiras agrícolas avançavam, incentivando a ocupação na região sul do então Estado de Mato Grosso. Essa população de imigrantes gerou uma necessidade de expansão dos serviços públicos. E profissionais de várias regiões vieram para Ponta Porã para atender essa demanda. As instalações da Associação Pontaporanense de Professores abrigaram vários colegas que chegavam a trabalho. Após a divisão do Estado, em 1977, os Trabalhadores em Educação conseguem ingressar no serviço público através de concursos. Em 1989, a Associação se transforma em Sindicato dos Trabalhadores em Educação. Nasce então um Sindicato filiado à CNTE e à CUT. Hoje, nossa organização cumpre papel que ultrapassa a defesa dos direitos de seus mais de mil filiados. Nos orgulhamos de defender a escola pública com qualidade social, com garantia do direito ao acesso e permanência. Essa história deve ser contada e não há narrador melhor do que quem a viveu. Nós somos os protagonistas. Que bela caminhada trilhamos e continuaremos a trilhar! Denize Silva de Oliveira Presidente do SIMTED Ponta Porã Fatos que marcaram a história do SIMTED de Ponta Porã 1970 Fundação da Associação Pontaporanense de Professores 1981 Instalação da sede própria da Associação Pontaporanense de Professores 1976 a 1978 Luta contra a ditadura e realização de concursos públicos para professor no Estado 1978 a 1980 Fortalecimento da Associação e profissionais mais valorizados 1993 a 1995 Debates sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 1989 Fundação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã 1994 Criação do Estatuto do Magistério do Professor do Município de Ponta Porã 1986 Realização do Congresso Estadual de Professores em Ponta Porã 1988 Início da implantação do SIMTED 2000 Realização do Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação em Ponta Porã 2000 Inauguração da nova sede 2006 Aprovação do Plano de Cargos e Carreiras dos servidores municipais •3 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 1970 - Fundada a Associação Pontaporanense de Professores A Associação Pontaporanense de Professores (APP) foi fundada no dia 10 de outubro de 1970, atendendo às nescessidades de se criar um espaço democrático para que professores e funcionários das escolas de Ponta Porã pudessem discutir e encaminhar suas demandas e anseios. A primeira diretoria da APP era presidida por Zaira Catarina Portela. Em 1970, Ponta Porã contava com pouco mais de 32 mil habitantes e, desses, 19 mil viviam na área rural. A maioria das escolas primárias e do 1º ciclo, das redes municipal e estadual de ensino, funcionavam na área rural. Na cidade, apenas três escolas ofereciam ensino do 2º ciclo, o que equivale hoje ao Ensino Médio. A professora Zaira Catarina Portela esteve à frente da APP de 1970 a 1976. Ela lembra que na época muitos educadores eram de outras cidades. “Havia poucos professores no Município, por isso, a Associação oferecia alojamento para esses colegas.” Professora Zaira Portela: ousadia para começar Zaira Catarina Portela, 81 anos, foi a primeira presidente da Associação Pontaporanense de Professores, que deu origem ao SIMTED Ponta Porã. Professora aposentada, ela nasceu em Ponta Porã e estudou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. Começou a lecionar com 25 anos no Educandário São Francisco e trabalhou na Escola Estadual Joaquim Murtinho. Em Campo Grande, lecionou na MACE e na Escola Esta- Galeria dos Presidentes Zaira Portela (1970 a 1976) Glória Adela Cândia (1991 a 1993) Zilda Fuchs Mattos (1976 a 1978) Miriam Menezes (1995 a 1997) Mary Moraes Dias (1978 a 1980) Sônia Cintas (1989-1991, 19931995, 1997-2000) Roberto Margarida (1980 a 1981) Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação Silvio Soto FiliadoEduardo à Oviedo (1981 a 1981) dual Vespasiano Martins. Para ela, “professor ainda está longe de ganhar pelo que faz em benefício do País”. Eva de Freitas (1981-1983, 19831985, 1985-1988) Professores unidos por melhores condições de trabalho Período marcado pela repressão e luta dos movimentos sociais por liberdade de expressão e democracia. Antes da década de 1980, sempre que mudava o governo, todos os servidores contrários politicamente perdiam o emprego. Mas com a fundação de Associações de Professores, lembra a presidente da APP na época, Zilda Fuchs Mattos, o governo foi pressionado a Adir de Oliveira (1988 a 1989) realizar concursos públicos para contratação de professores. Com isso, as perseguições políticas começam a diminuir. “Na época, nossa principal luta era a conscientização da necessidade da filiação e eu insistia muito com os colegas para que se filiassem”, conta a professora Zilda. “O desafio maior era enfrentar a ditadura e as práticas que estavam a ela associadas. Professor que se metia em movimento de classe não era bem visto. Muitas vezes, trabalhávamos e não recebíamos o salário, mudava o governo e ficávamos até seis meses sem receber”, lembra. Hoje, ela destaca a melhoria gradativa das condições de sobrevivência do profissional de Educação, fruto da luta política. “Valeu a pena todo o esforço”, comemora. Iliana Maria Pilger (2001 a 2003) Marileide Peixoto Ferreira (2003 a 2006) Denize Silva de Oliveira (2006 a 2009) “Comecei como professora leiga aos 17 anos, em Ponta Porã, no antigo Ginásio São Francisco de Assis. Fui coordenadora pedagógica e diretora. Em 1982, assumi voluntariamente a presidência da Apae de Ponta Porã e em 2004 inaugurei a Apae de Antonio João. Para mim, o principal entrave para a melhoria da Educação, hoje, é a falta de investimentos dos profissionais em si mesmos.” Zilda Fuchs Mattos, 64 anos. Presidente da APP de 1976 a 1978. 4• OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 1978 a 1980 - Luta por Educação de qualidade vai às ruas A falta de compromisso por parte de prefeitos e governadores faz com que a APP, no fim da década de 1970, inicie movimentos reivindicatórios e grevistas. Segundo a professora Mary Martins Moraes Dias, presidente à época, os trabalhadores em Educação sofriam com falta de pagamento e nomeações que atrasavam. “Não sabíamos quando seria pago o 13º e se seria pago. Enquanto presidente da Associação, deveria estar à frente dos movimentos reivindicatórios, inclusive greve”, relembra. Mas o desafio era conciliar os papéis de diretora de escola com o de presidente da Associação. “No meu cargo de diretora sempre entendi que minha responsabilidade era a defesa do interesse do aluno. Não queria abrir mão da presença dos professores no trabalho para que a escola funcionasse. Como então apoiar greve?”. Hoje, porém, a professora Mary Passeatas reivindicavam salário digno e realização de concursos entende o impasse como fruto da falta de experiência e tem a certeza da necessidade de um Sindicato atuante em benefício da classe. “Nossa organização sindical significou avanço na valorização profis- sional. Lá atrás não tínhamos essa visão. Acredito que o principal objetivo do nosso Sindicato seja levar os trabalhadores a perceberem a necessidade de sua organização para conquistar benefícios.” “A Educação no País mudou muito. Hoje, os jovens têm mais atitude e a escola nem sempre oferece resposta a suas necessidades. Alguns profissionais não levam a sério o trabalho de educar. Minha geração enfrentou muitas dificuldades de acesso à formação profissional e viveu muitas cobranças quanto à dedicação plena e o planejamento pedagógico.” Mary Martins Moraes, 72 anos. Presidente da APP de 1978 a 1980 No início, o desafio era conscientizar os professores No início da década de 1980, associações de professores eram fundadas por todo o recém-criado Estado de Mato Grosso do Sul. As passeatas organizadas pela FEPROSUL, Federação que congregava as associações, já pautavam a luta por Educação de qualidade, melhores condições de trabalho e salários dignos. Segundo o presidente da APP na época, professor Silvio Eduardo Soto Oviedo, a prioridade era visitar todas as escolas das Redes Estadual e Municipal para conscientizar os professores sobre a importância da APP. “Mas muitos dos professores jovens tinham receio de envolvimento com a Associação, pois eram contratados ou estavam em estágio probatório e temiam sofrer retaliações.” Mesmo assim, quando os salários atrasavam – Dificuldades não desanimavam e reuniões aconteciam em baixo de árvores algo comum nesse período – sempre eram auxiliados pela APP. As dificuldades de trabalho eram muitas. As reuniões, por exemplo, aconteciam debaixo da figueira que fica na calçada da Prefeitura. “Avalio que a semente que plantamos frutificou. As conquistas que alcançamos foi através da participação e da consciência de classe. Graças aos Sindicatos, melhoramos a Educação de um modo geral.” “Hoje, vejo a escola pouco preocupada com o estudo. Na família, não há mais a convivência com as crianças, pois pais e mães estão no mercado de trabalho. Passam a maior parte da responsabilidade da Educação para o Estado. Infelizmente, algumas crianças vão à escola atrás de merenda e não em busca do conhecimento. Por isso, penso que deveria haver mais cursos para qualificar o profissional para o trabalho.” Silvio Eduardo Soto Oviedo, 57 anos. Presidente da APP em 1981. •5 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 1981 a 1988 - Em sede própria, APP se estrutura e agrega mais associados Instalação da sede própria da APP e implantação do SIMTED de Ponta Porã marcaram a década de 1980 e os três mandatos da professora Eva de Oliveira Freitas. O foco do trabalho era a estruturação da Associação enquanto espaço de participação para os professores do Município. Depois de aposentar-se, em 1986, Eva Freitas dedicou-se ainda mais ao trabalho na Associação, representando-o em assembleias, semi- nários e congressos. “Minha prioridade quando assumi a APP foi a de fazer funcionar na sua própria sede. Com muita dificuldade e muita garra consegui estruturar a Associação. Também participei da implantação do SIMTED, vivenciando grandes desafios.” De acordo com a ex-presidente, uma das maiores conquistas de sua gestão, além da sede e da articulação para criação do SIMTED, foi o aumento do número de associados. Alojamentos na sede da APP abrigavam professores de outras cidades 1988 a 1989 - Criação de Sindicato inspira mobilização e realização de encontros Em 1988, com a aprovação da nova Constituição Brasileira, os movimentos sociais de todo o País começam a debater a criação de Sindicatos como forma de organização política. Com isso, o anseio de levar a APP à categoria de Sindicato ganha força. O professor Adir Teixeira de Oliveira, presidente entre 1988 e 1989, lembra que os debates eram calorosos. “Fizemos várias reuniões com a orientação da FEPROSUL e conseguimos transformar nossa entidade em um Sindicato de Trabalhadores em Educação. Sindicatos maiores como o de Dourados e Campo Grande não trilharam o mesmo caminho, transformando-se em sindicatos somente de professores.” Na época, o trabalho à frente da APP era feito paralelamente ao compromisso com a sala de aula porque a licença sindical havia sido proibida. As articulações políticas e mobilizações aconteciam à noite e nos finais de semana. Outro problema naquele período, conforme Adir, era a falta de atendimento de saúde por parte do Previsul. “Em nossa gestão, fizemos convênio para pagar somente a tabela da Associação Médica Brasileira, equivalente a 50% do valor da consulta e nos hospitais.” Na avaliação do ex-presidente, a incorporação dos trabalhadores administrativos no Sindicato foi um avanço. “Nessa época, os sindicatos estavam fortes no País. Nossos movimentos grevistas causavam desgaste. Nosso trabalho era para o fortalecimento da participação no Sindicato.” Em 1986, SIMTED organiza Congresso Estadual de Professores “Comecei minha carreira em 1961. Lecionei em escola rural durante 10 anos e no ensino básico em escolas urbanas. Fui diretora da Escola Estadual Ramiro Noronha e a primeira mulher a assumir o cargo de Secretária Municipal de Educação do Município de Ponta Porã (MS), em 1993. Com um plano de trabalho com objetivos e metas concretas, conseguimos mudar o rumo da Educação de Ponta Porã. Muitos dos projetos elaborados na época hoje são realidade.” Eva de Oliveira Freitas, 70 anos. Presidente da APP entre 1981 e 1988. “A Educação hoje é marcada pela interdisciplinaridade e uso de tecnologias. A abertura pedagógica que experimentamos pode ter melhorado, mas a carga horária em um só turno prejudicou a formação do cidadão. Penso que a escola deveria ser oferecida em dois turnos, com um currículo mais completo.” Adir Teixeira de Oliveira, 56 anos. Presidente da APP de 1988 a 1989. 6• OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 1989 - Marco histórico: Fundado o SIMTED de Ponta Porã Um processo de amadurecimento leva à transformação da APP em Sindicato. Em abril de 1989 é criada uma comissão provisória com o objetivo de organizar as eleições da nova diretoria e providenciar a tramitação de documentos e estatuto. Assembleia especial foi realizada no dia 17 de junho de 1989, na Câmara Municipal de Ponta Porã, para oficializar a criação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação – SIMTED. Na solenidade, o presidente da Associação Pontaporanense de Professores, professor Adir Teixeira de Oliveira, empossa a diretoria do Sindicato recém-criado. A primeira presidente do SIMTED Ponta Porã foi a professora Sônia Cintas. Ela comemora os 40 anos do Sindicato e afirma estar feliz com as oportunidades que teve de aprender com o movimento sindical. Em sua gestão, a prioridade era trabalhar pela qualificação profissional dos trabalhadores em Educação e melhores salários. “Pensávamos que a qualificação representava avanço para o trabalhador.” Ela se recorda da mobilização feita pelos sindicalistas, no início de 1990: “Fiquei 30 dias acampada na governadoria, enquanto os companheiros arrecadavam alimentos para que pudéssemos continuar com a mobilização. Negociamos com o governador eleito o pagamento dos salários atrasados como condição para desocupar a governadoria.” Também foi em sua gestão que o SIMTED de Ponta Porã filiou-se à CUT, unificando, junto com a FETEMS, as lutas dos trabalhadores. “Realizamos congressos, conferências e formações para debater os rumos da Educação no País.” Primeira Diretoria do SIMTED de Ponta Porã Primeira Diretoria da APP de Ponta Porã Presidente Sônia Cintas Vice-Presidente Maria Jurandi Amarília Secretária Geral Maria Aparecida de Almeida Dorneles 1ª Secretária Maria Madalena Prandi Duarte Tesoureiro Geral Osvaldo Pereira Leme 1ª Tesoureira Maria Mercedes Gonçalves de Souza Secretária de Imprensa e Divulgação Denize Silva de Oliveira Secretária Educacional Dionisia Colman Cardoso Secretária de Formação Sindical Maria Rosa Prandi Adelino Secretária Cultural e Social Célia Augusta Pinheiro Pereira Secretária Ético-Jurídico Eva de Oliveira Freitas Presidente Zaira Portela de Souza Vice-Presidente Marta Maria Monteiro Correia Lima 1ª Secretária Maria Mardine Fraulob 2ª Secretária Jelsa Fretes 1º Tesoureiro Pe. Pedro Smith 2º Tesoureiro Fernando Peralta Procurador Dr. Gaze Esgaib Bibliotecária Ennê Russul Vieira Diretor Social Munira Campos Conselho Fiscal Carolina Pelusch, Edith Elfrida Antunes, Helga Cardoso, Mary Dias e Nerino Pires de Cravalho. Professora Sônia Cintas inaugura nova sede do SIMTED Sônia Cintas: dedicação à luta sindical Aos 54 anos, a primeira presidente do SIMTED é pedagoga, especilizada em Administração Escolar e em Administração Hospitalar. Começou a lecionar na Escola Estadual Mendes Gonçalves, em 1976, onde trabalhou seis anos. Em 1982, assumiu a direção da Escola Estadual Ramiro Noronha, onde ficou até 1987. Volta para a sala de aula na Escola Estadual Joaquim Murtinho. Sempre participou da luta dos professores, sendo membro de todas as diretorias da APP e SIMTED. Foi Secretária Municipal de Educação. “Estive nas discussões para a implantação do FUNDEF. Estudamos muito e procuramos intervir de modo a fortalecer a escola.” Para a professora, o Piso Salarial Nacional começou uma nova etapa na valorização dos profissionais, embora os governos não tenham aplicado corretamente a lei. “Falta muito para atingirmos uma Educação de primeiro mundo.” Sônia Cintas exerceu três mandatos no SIMTED: de 1989 a 1991, de 1993 a 1995 e de 1997 a 2000. •7 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 Anos 90: Uma década de Sindicato De 1993 a 1995, o SIMTED mobiliza-se para debater a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Com isso, assuntos como a melhor qualificação dos trabalhadores em Educação entra na pauta. Em 1994, outra conquista: é elaborado o Estatuto do Magistério do Professor de Ponta Porã. A efervescência do movimento sindical faz com que a rede de filiados cresça, agregando os servidores da rede municipal. O SIMTED começa a construir sua sede atual. A presidente na época, professora Sônia Cintas, lembra que a obra foi concluída na gestão de 1997 a 2000, incluindo a área de lazer. “Nessa trajetória, devo muito aos meus colegas. Não havia licença sindical e eu só pude exercer meu trabalho porque tive apoio de outras professoras que assumiam os cuidados com meus alunos.” Inauguração da nova sede, em agosto de 2000, reúne ex-presidentes do SIMTED Em 2000, ainda na gestão de Sônia Cintas, é realizado, em Ponta Porã, o maior Congresso Estadual de Trabalhadores em Educação, com participação de mais de 2000 congressistas. Glória Cândia Rodrigues: cada época, um desafio A professora Glória Cândia, hoje com 68 anos, esteve à frente do SIMTED entre 1991 e 1993. Pedagoga, começou sua carreira profissional na Educação em 1968, quando foi convidada para secretariar a Escola Normal de Ponta Porã. “Eu tinha experiência administrativa e podia fazer o trabalho. Depois me pediram para ficar como vice-diretora até assumir a função de diretora. Cargo que exerci até 1978.” Com a divisão do Estado e criação do Mato Grosso do Sul, foi admitida como professora. “Haviam poucos professores formados, então eu lecionava vávias matérias”. Para ela, a categoria está mais forte hoje: “Cada época traz seus desafios. Os avanços tecnológicos impuseram alterações nos hábitos até para os mais velhos.” Miriam Menezes, presidente entre 1995 e 1997, lembra que os debates sobre a política de Educação do município eram polarizadas entre as teses de direita e da esquerda. “Era uma discussão inicial e não havia ainda compromisso com as teses de esquerda”, afirma. “Mergulhei de cabeça no movimento sindical através da FETEMS, CNTE e CUT.” Miriam Menezes: militância política Licenciada em Letras, com habilitação em Língua Inglesa, a professora Miriam Menezes, 54 anos, foi presidente do SIMTED por dois anos, de 1995 a 1997. Ela conta que se mudou para Ponta Porã em 1986, quando começou a lecionar na Escola Estadual João B. Calvoso. Era diretora da Escola Geni Marques Magalhães quando saiu para assumir a presidência do Sindicato. Miriam Menezes também foi Secretária de Formação da FETEMS, Presidente da CUT e ocupou vários cargos no Governo do Estado. “Não existe outro instrumento político que represente melhor o trabalhador como o Sindicato. É nele que seus problemas são pautados. A organização sindical tem outros horizontes”. Segundo ela, os governantes não se comprometem com a Educação, tratando-a com descaso. “Continuamos a ter mão de obra desqualificada e profissionais descompromissados. Houve avanços. As escolas estão informatizadas, mas os professores não.” 8• OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1 SIMTED 40 ANOS: descentralização, transparência e legitimidade política Os anos 2000 foram de amadurecimento para o SIMTED. As ex-presidentes Iliana Maria Pilger (2001-2003) e Marileide Peixoto Ferreira (20032006) herdaram um Sindicato com sede própria, estruturado, com quase mil filiados. O desafio era garantir melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas. Internamente, buscava-se maior transparência e descentralização das decisões. “Acredito que todos os membros da diretoria tem que estar informados e dar respostas para os filiados”, afirma Iliana Pilger. Nesta última década, o enfoque do SIMTED foi investir na formação política da diretoria a fim de qualificar a atuação do Sindicato. “A busca pelo conhecimento prepara e muda a atitude das pessoas.” Para a professora Iliana, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã hoje é uma entidade forte e respeitada. Conquistas Uma vez que a Rede Estadual já tinha avançado em termos de política salarial, a prioridade foi a Rede Municipal. O SIMTED conseguiu implantar o Plano de Cargos e Carreiras dos servidores do Município, em janeiro de 2006. Também foi modificado o Estatuto dos Servidores Municipais, de forma a favorecer os trabalhadores. Exemplo disso foi a redução da carga horária do administrativo e a reposição salarial de 8%. Novos Desafios A professora Iliana acredita que as eleições para diretores da Rede Estadual fortaleceram a escola pública. No entanto, esse mecanismo de escolha deve ser adotado também pela Rede Municipal de Ponta Porã. O SIMTED defende também mais tempo para planejamento de ativida- “Quanto à Educação, penso que ela deva criar a consciência da necessidade da busca do conhecimento. Quando a pessoa não tem acesso ao conhecimento, ela é excluída do mercado de trabalho e de uma vida social mais saudável. A escola deve conscientizar as pessoas sobre a importância do conhecimento na vida delas e de seus filhos.” Iliana Maria Pilger, 52 anos. Presidente do SIMTED de 2001 a 2003. des e Piso Nacional para 20 horas. A professora Marileide Ferreira acredita na maior participação nas atividades sindicais como forma de “Sempre lutamos para receber o salário e oferecer uma Educação de qualidade. A luta foi correr atrás, ir para Brasília, Campo Grande. Fazer enfrentamento com os governos estadual e municipal. Na diretoria da FETEMS, continuamos lutando pelos direitos das mulheres, dos negros, participando das reuniões. Aprendi a valorizar mais os seres humanos. Como liderança, acertei, errei e aprendi com os erros.” Marileide Peixoto Ferreira, 53 anos. Presidente do SIMTED de 2003 a 2006. fortalecer o movimento. “É pela união que nos fazemos fortes e respeitados e a auto-estima dos profissionais em Educação anda em baixa.” "Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore. Não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação." Antônio Ramos Rosa Uma publicação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã – [email protected] – Travessa Iguatemi, 38 - Centro - Ponta Porã - MS - CEP 79.900-791. Fone: (67) 3431.4531. Presidente: Denize Silva de Oliveira; Vice-Presidente: Marcia Cristina Ortis da Silva; Secretária Geral: Vitória Elfrida Antunes; Primeiro Secretário: Luiz Carlos Marques Valejo; Tesoureira Geral: Cléa Canavieira Fonseca; Primerira Tesoureira: Kedma Caroline de Souza Moraes; Secretário de Imprensa e Divulgação: Edivaldo Viera; Secretária Educacional: Maria Ramona Amâncio; Secretária de Formação Sindical: Kelem Cristiane Brum Carminate Pereira; Secretário Cultural e Social: Sergio Alencar Semensato; Secretária Ético-jurídica: Eva de Oliveria Freitas; Secretária de Política Municipal: Orízia Silva de Oliveira; Secretátio de Esportes: João Antonio da Silva Barbosa; Secretária de Política dos Administrativos: Luzia Alves Marques; Secretária de Política dos Aposentados: Maria Helena Simczak Zanin; Edição: Laura Samudio Chudecki (DRT-MS 242) e Ivanise Andrade (DRT-MS 098), Fotos: SIMTED de Ponta Porã; Editoração e Programação Visual: Íris Comunicação Integrada.