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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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A importância da parceria escola x família no processo
Por: Maria Antônia Barreiros de Moura
DO
CU
M
EN
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PR
OT
EG
educativo do ensino fundamental
Orientadora: Profª. MS Fabiane Muniz
Tutor (a): Profª Narcisa Castilho Melo
Porto Velho/RO
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A importância da parceria escola x família no processo
educativo do ensino fundamental
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito
parcial
para
obtenção
do
grau
especialista em Psicopedagogia Institucional.
Por: Maria Antônia Barreiros de Moura
de
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço
primeiramente
a
Deus
pela
força
recebida, a coragem e a persistência para superar
os obstáculos oriundos desta especialização e por
tudo de bom que ele tem me proporcionado.
A minha família pelo apóio e estímulo, a esta etapa
da minha vida acadêmica.
A Conceição pelo carinho e bom atendimento
sempre nos motivando e transmitindo segurança
para continuarmos no curso.
A minha prima Sula Moura que supriu minha
ausência de mãe cuidando carinhosamente bem de
minha filha Gabriele Sofia.
Aos mestres, que socializaram seus conhecimentos,
colocando
necessárias
em
minhas
para
a
mãos
as
ferramentas
concretização
de
meus
objetivos.
Ao coordenador do Pólo UAB Sr Sobrinho e aos
técnicos Cícero e Sissa que direto e indiretamente
contribuíram na realização deste trabalho.
A todos aqueles em especial a professora Luciete,
pela ajuda, presteza e paciência que gentilmente se
disponibilizou a revisar esta pesquisa em um dos
momentos mais difíceis dessa longa caminhada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Antônio Vieira
de Moura e Marlene Barreiros Lopes, pelo incentivo
e dedicação. A todos os meus familiares, meus
irmãos
Luzinaldo,
Fábio,
Francisco,
Romário,
Conceição e Cristiane, que muito me incentivaram a
prosseguir nesta jornada para realização dos meus
objetivos. E em especial ao meu maior tesouro
Gabriele Sofia motivo de alegria e realização.
5
RESUMO
Este trabalho discorre sobre “A importância da parceria escola x família no
processo educativo do ensino fundamental”, visa formar uma parceria que
unifique as mesmas finalidades em prol de uma educação de qualidade. A
problemática em pesquisa é como solucionar a indisciplina, desinteresse e
baixo desempenho de alunos decorrentes da ausência de parceria entre escola
x família. Têm-se como objetivos principais: verificar atitudes da escola e da
família com relação à problemática em questão, assim como, identificar como a
escola e a família vêm trabalhando a questão da indisciplina, desinteresse e
baixo desempenho das crianças no processo educativo; pesquisar estratégias
que estimule a aproximação da escola com a família ou vice versa. Com a
intenção de solucionarmos estes problemas sintetizamos vários teóricos e
pesquisadores que vem pregando com veemência a necessidade de uma
parceria entre escola e família para uma educação solida, critica e reflexiva.
Destaca-se como principal nesta pesquisa o trabalho coletivo entre escola e
família com base em grandes pesquisadores discutindo as dificuldades e
propondo possíveis soluções acerca dos seguintes assuntos: a importância da
parceria escola x família; com os conceitos de escola, família e educação;
enfocando o papel da escola e da família; salientando o desenvolvimento
social, afetivo e cognitivo das crianças; traçando estratégias de como atrair as
famílias para a escola; utilizando-se de uma gestão participativa; relatando-se
os desafios das relações sociais na escola como uma meta a vencer
cooperativamente. Finalizamos esta pesquisa com as conclusões, referencias e
anexos.
PALAVRAS-CHAVE: parceria – escola – família – educação.
6
METODOLOGIA
Para realizar este trabalho de cunho teórico, sobre a importância da
parceria
escola
x família,
utilizou-se
de
uma
pesquisa bibliográfica,
empregando-se uma abordagem critico-dialetica, pois a mesma defende a
importância de conhecer a realidade em sua concreticidade, contextualizando-a
historicamente, as intenções entre os sujeitos em processos de ação-reflexãoação. Assim sendo, o estudo foi fundamentado dentro dos princípios já
supramencionados
de
forma
descritiva
com
base
em
renomados
pesquisadores como: Paro, Dalmás, Ceccon, Freire, Wallon, Parolim,
Malconado, Szymansk entre outros que muito contribuíram para a realização
desta pesquisa.
De acordo com Severino (2007, p. 89):
“A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do
registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em
documentos impressos, como livros, artigos, teses etc..
Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas
por outros pesquisadores devidamente registrados. Os textos
tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O
pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores
dos estudos analíticos constantes nos textos”.
Diante disso a pesquisa realizou-se a partir das seguintes etapas:
Ø
Primeiro pesquisou-se amplamente vários teóricos e estudiosos
do tema em questão;
Ø
Selecionaram-se os teóricos e pesquisadores mais relevantes
para a problemática;
Ø
Sintetizou-se
e
analisaram-se
as
principais
contribuições,
sugestões e criticas fornecido nos livros, artigos e revistas sobre o
assunto em pauta;
7
De acordo com Tobias (1992) “a metodologia, como o nome indica, é a
ciência que trata do método, o qual por sua vez, vendo parte da lógica material,
é o caminho seguido pela razão humana para a aquisição da verdade”. (p.13).
Neste sentido utilizou-se a pesquisa bibliográfica durante todo
percurso de investigação. Optou-se pela pesquisa bibliográfica devido à
consistência cientifica nas informações, onde se constatou que a integração
escola X família é imprescindível no desenvolvimento da criança, pois a família
como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve
promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no
desenvolvimento integral da criança/adolescente.
Em resumo, esta pesquisa se propôs trabalhar cooperativamente
refletindo sobre o material pesquisado enfocando primordialmente, o
intercâmbio dos resultados obtidos com vistas a ampliar a compreensão dos
fenômenos que emergem das diversas situações individuais e institucionais em
que a família está envolvida, buscando convergências e divergências a nível
teórico. À busca conjunta de alternativa de soluções aos problemas
encontrados, bem como, sugestões para intervenções mais eficazes.
Esperamos que o estudo apresentado acerca da temática pesquisada com
fundamentos teóricos e embasada na realidade da escola e da família
possibilite aos alunos, e todo corpo docente a compreender a necessidade bem
como as contribuições fornecidas pela investigação.
A pesquisa objeto deste trabalho delimitou-se acerca da educação,
com base nas participações e atividades desenvolvidas no ambiente escolar
pelos professores, gestores, família e alunos do ensino fundamental, no
período de agosto de 2009 a julho de 2010, no município de Labrea-Amazonas.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................09
CAPÍTULO I – A IMPOTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA X FAMÍLIA NO
PROCESSO EDUCATIVO DO ENSINO FUNDAMENTAL.......13
1.1– Conceituando escola, família e educação............................18
1.2– O papel da escola e da família.............................................28
CAPÍTULO II– O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, AFETIVO E COGNITIVO...33
2.1 – Como atrair as famílias para a escola.................................37
CAPÍTULO III – OS DESAFIOS DAS RELAÇÕES SOCIAS NA ESCOLA.......43
3.1 – Gestão participativa.............................................................46
CONCLUSÃO...................................................................................................50
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................52
ANEXOS............................................................................................................55
9
INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa intitulada “A importância da parceria escola x
família no processo educativo do ensino fundamental” tem como problema
principal a indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente
da ausência de parceria entre escola x família. O tema sugerido é de
fundamental
relevância
educadores
que
e
buscam
discussão
entre
incessantemente
teóricos,
encontrar
pesquisadores
estratégias
e
que
possibilitem escola e família a caminharem numa mesma sintonia. Visto que a
ausência de parceria entre ambas se reflete em indisciplina, desinteresse e
baixo desempenho das crianças. Bem como, é nítido o quanto a defasagem da
educação pública vem aumentando no decorrer dos anos devido à falta de
integração entre escola e família.
Sabe-se, que educar é uma tarefa árdua, é por este motivo, que as
famílias têm que estar sempre atentas e acompanhar os acontecimentos do
cotidiano de seus filhos. Qualquer forma de participação dos pais é de grande
relevância para que eles não fiquem alheios às mudanças que acontecem na
vida das crianças, já que grande parte dessa transformação acontece, é claro,
dentro da instituição escolar e das salas de aulas.
A família é fundamental para o desenvolvimento da criança, é no meio
familiar que o indivíduo tem seus primeiros contatos com o mundo externo,
com a linguagem, e com a aprendizagem, assim como aprende os primeiros
valores e hábitos. Tal convivência é essencial para que a criança se insira no
meio escolar sem problemas de relacionamento, disciplinar e desinteresse.
O ponto primordial dessa pesquisa serão as práticas educativas,
planejadas, investigadas e refletidas criticamente em processo colaborativo
entre escola, alunos e famílias de escola pública do ensino fundamental, por
meio da contextualização da temática e relatos de práticas educativas.
Também se justifica pela necessidade de acompanhar a questão da parceria
10
escola x família e seus reflexos de significação nas crianças/adolescentes do
ensino fundamental.
Percebe-se que com a união de escola e família trilhando o mesmo
propósito surgem possibilidades de parceria de sucesso entre escola e família,
pois acreditamos que só assim poderemos realmente fazer uma educação de
qualidade e que possa promover o bem estar de todos reduzindo o baixo
desempenho dos alunos.
Justifica-se também pela necessidade de contribuir por uma sociedade
coerente em que seus atores conheçam e cumpram seus papéis em todos os
processos, sobretudo, no processo educacional, sem deixar de lado o familiar e
o social. Pesquisas demonstram que as crianças que têm o acompanhamento
familiar, boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros têm bom
rendimento
escolar,
tanto
quantitativa,
quanto
qualitativamente,
não
apresentando dificuldades no processo de aprendizagem.
A importância da parceria escola x família no processo educativo visa
o acompanhamento familiar das crianças nas atividades propostas pela escola.
Sendo assim a participação recíproca entre escola e família pode evitar uma
possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando.
Ressalta-se que se houvesse essa parceria, possivelmente não ocorreria tanta
defasagem na educação.
No entanto, percebemos que com ingresso crescente das mulheres no
mercado de trabalho reduziu significativamente o tempo dedicado à
convivência familiar. Uma das conseqüências dessa nova realidade é que os
pais delegam à escola maior responsabilidade em relação à educação de seus
filhos e exigem da escola atitudes que são de sua competência, tais como a
formação de valores morais, do caráter, além da carência afetiva que muitas
crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade.
Por outro lado, algumas “famílias sentem-se desautorizadas pelo professor,
que toma para si tarefas que são da competência da família.” (Szymanski,
2003, p. 74).
Portanto, diante da realidade de falta de diálogo e interação recíproca
entre escola e família surge à importância da parceria escola x família que
11
buscará conhecer o imaginário social da família como contribuição a educação
dos alunos, tendo em vista subsidiar intervenções em níveis preventivos,
propomos a estudar tanto o cotidiano escolar como a realidade da família em
situações de dificuldade, com vistas à melhoria da qualidade do ensinoaprendizagem. Entendemos que a intervenção na perspectiva de parceria entre
escola x família deve ser um processo contínuo, com múltiplas possibilidades,
que retroalimenta na construção das mudanças positivas.
São, portanto, objetivos deste estudo verificar atitudes da escola e da
família com relação à indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos
decorrente da ausência de parceria entre escola x família no processo
educativo do ensino fundamental, assim como, identificar como a escola e a
família vêm trabalhando a questão da indisciplina, desinteresse e baixo
desempenho das crianças no processo educativo; reconhecer as diferenças e
dificuldades de cada família dentro do ambiente escolar; analisar as vantagens
e desvantagens da participação e/ou ausência da família e da escola no
processo educativo; pesquisar estratégias que estimule a aproximação da
escola com a família ou vice versa. Tem-se como hipótese que o emprego de
ações pedagógicas dissociadas não contribui na parceria escola x família. Vale
ressaltar
que,
pretende-se
utilizar
estratégias
que
possibilitem
uma
reciprocidade contínua nas atividades escolares entre escola e família. Pois, o
intuito da parceria é ajudar a família, sobretudo, poder sensibilizar os pais, os
adultos que são responsáveis pelo crescimento dos filhos.
O referido trabalho está dividido em tópicos: onde se inicia com um
Resumo da referida pesquisa; a Metodologia indicando como foi elaborado este
trabalho; o Sumário com os temas estudados e refletidos devidamente
numerados; a Introdução e os Capítulos estruturados em tópicos: onde no
primeiro capítulo ressaltamos a importância da parceria escola x família no
processo educativo do ensino fundamental; com os conceitos de escola, família
e educação; ressaltando-se o papel da escola e da família. No segundo
capítulo enfocamos o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo; traçando
estratégias de como atrair as famílias para a escola; utilizando-se de uma
gestão participativa; e finalizamos com o terceiro capítulo ressaltando os
12
desafios das relações sociais na escola; assim como as conclusões,
bibliografias e anexos reforçando ainda mais o estudo com contribuições e
anseios de uma parceria escola x família.
13
CAPÍTULO I
A IMPOTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA X FAMÍLIA NO
PROCESSO EDUCATIVO DO ENSINO FUNDAMENTAL.
O presente capítulo traz uma reflexão acerca da temática “A
importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino
fundamental”. Bem como, tem a finalidade de sensibilizar instituição, pais e
alunos numa parceria que almeje o mesmo propósito, com discussões e
análise em prol de uma educação mais sólida que formem cidadão capaz de
construir algo positivo para o coletivo.
Nesse sentido, é importante que família e escola saibam aproveitar os
benefícios desse estreitamento de relações, pois isto irá resultar em princípios
facilitadores da aprendizagem e formação social da criança.
“[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa:
preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem
suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas
necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A
escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma
criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o
seu projeto educativo.” (Parolim, 2003, p. 99).
Em vista disso, é que destacamos a necessidade de uma parceria
entre Família e Escola, visto que, apesar de cada uma apresentar valores e
objetivos próprios no que se refere à educação de uma criança, necessita uma
da outra e, quanto maior for à diferença maior será a necessidade de
relacionar-se. Porém, é importante ressaltar que nem a escola e nem a família
precisam modificar a forma de se organizarem, basta que estejam abertos à
troca de experiências mediante uma parceria significativa.
14
A escola não funciona isoladamente, faz-se necessário que cada um
dentro da sua função, trabalhe buscando atingir uma construção coletiva,
contribuindo assim, para a melhoria do desempenho escolar das crianças. Por
isso salienta-se Leila Franco Sanchez
1
“Eu educo, Tu educas, Nós educamos
em comunhão: Família, Escola e Comunidade juntos na Educação”.
A importância da parceria Escola x Família não diz respeito apenas aos
filhos x alunos, mas a todos, familiares, professores e comunidade em geral,
que se configuram na busca incansável pela educação. Pois, vida familiar e
vida escolar perpassam por caminhos concomitantes. É quase impossível
separar aluno/filho, por isto, quanto maior o fortalecimento dessa relação
família/escola, tanto melhor será o desempenho escolar desses filhos/alunos.
Segundo Brandão (1981, p. 7):
“Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou
na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos
pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para
conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação.
Com uma ou com várias: educação? Educações. [...] Não há
uma forma única sem um único modelo de educação; a escola
não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o
melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor
profissional não é seu único praticante”. (1981, p. 7).
Parece contraditório dizer que ninguém escapa da educação, na
verdade quando Brandão diz que ninguém escapa da educação é porque
existem varias formas de educar. Contudo ressaltamos a educação formal
ministrada na escola e a informal ensinada pelas famílias.
Diante de pesquisas percebemos que a educação tem como seu
principal responsável a família, e que a nos instituição cabe apoiar e completar
com o trabalho formal e socializador esse processo educativo.
1
Professora Esp. Psicopedagoga da Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz – FACIBRA, da
Rede Pública de Ensino – SEED/PR.
15
Um ensino de qualidade não pode ser fruto só de um bom trabalho
docente,
em
especial,
nos
momentos
de
globalização2.
Precisa,
fundamentalmente, de uma relação de interação com os pais tendo em vista a
sua responsabilização efetiva, cooperação e envolvimento em algumas
tomadas de decisões. Quanto mais for se desenvolvendo a participação, os
receios vão se dissipando, e verificar-se-á que, para um ensino de qualidade,
necessitamos do engajamento dos pais, do diálogo sistemático com eles, de
sua intervenção como também responsável no processo de ensino e
aprendizagem.
Daí a importância da parceria escola x família em sensibilizar todos os
envolvidos no processo de aprendizagem. É um trabalho difícil, mas que
pesquisas demonstram resultados satisfatórios.
Claro que falar em parceria é fácil. Construí-la é um trabalho exigente
que terá de levar em consideração as condições reais da Escola, da família e,
também, desses novos filhos/alunos. É uma parceria entre instituições
distintas. Se a desejamos eficazes temos de reconhecer as características de
cada uma e desvendar as peculiaridades das mesmas alem de descobrir as
pontes possíveis existentes.
Ao refletir acerca do tema “Parceria Família x Escola” percebe-se não
estar presente um terceiro componente, o “filho – aluno”. Afinal é ele o elo
destas duas instituições, ambas em “crise”, sendo criticadas pelo que “não”
fazem (e deveriam fazer) numa realidade de intensas transformações. Por mais
que seja criticada a Escola e a Família vista como desestruturada, ambas são
instituições valorizadas. Talvez seja o aluno quem capte o atual desejo da
Escola como instituição de ter a família mais próxima dela, para enfrentar as
atuais dificuldades, senão as intencionalidades e obrigações decorrentes para
efetivar a parceria desejada.
Se pensarmos em parceria entre estas duas instituições, temos de
compreender suas diferenças. Na educação dos alunos valoriza-se sua
2
Segundo Silva: “O mundo que a globalização produz envolve diferentes
movimentos e sentidos. No caso da Amazônia, os impactos da globalização confundem com os
processos de domínio da natureza, de ocupação econômica, de fronteiras físicas e políticas”.
(1999, p.3).
16
autonomia, autenticidade e criticidade. Onde escola e família devem unir forças
para que seja despertado o potencial do mesmo. Contudo, sabe-se que a
família coloca filhos na escola e não alunos, mas esta recebe alunos e não
filhos. Assim como a família lida com os filhos 24 horas por dia, durante a
semana toda. Já a escola lida com os alunos por período determinado e,
normalmente, apenas algumas horas em 5 (cinco) dias da semana.
Ressaltamos a importância da parceria escola x família no processo de
aprendizagem, com a idéia de que a escola não tem como resolver sozinha as
contradições e os novos desafios da família, sendo relevante que ambas
estabeleça uma constante reciprocidade. Diante da problemática indisciplina,
desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente da ausência de
parceria entre escola x família, problema esse que tem se tornado cada vez
mais recorrente nas instituições de ensino.
Nesta expectativa, ressalta-se Ceccon (1983) quando este diz que:
“Os pais devem encorajar e elogiar as aprendizagens das
crianças. Para tal podem propor à criança que faça a autoavaliação dos seus desempenhos. Podem perguntar-lhes:
achas que conseguistes alcançar teus objetivos? Serás que te
esforçastes o suficiente? De forma a ajudá-las a refletir e a
delinear estratégias para melhorar o rendimento.” (1983, p.39).
É essencial que os pais valorizem o esforço das crianças, por menores
que
sejam,
pois
esse
incentivo
reage
positivamente
às
atividades
desenvolvidas, fazendo comentário de ânimo sobre a escola, ajudando-os nos
momentos difíceis e nas dificuldades de aprendizagem.
Não temos a intenção com esta pesquisa de trazer uma receita
milagrosa que aponte o que a escola ou família devam fazer para solucionar a
problemática. No entanto sugerimos uma reflexão com uma dupla pergunta: “O
que a família espera da escola e o que a escola espera da família?
Com base na pesquisa as famílias estão cada vez mais depositando a
escola toda responsabilidade de educar, criar valores além de sua principal
função que é de ensinar o conteúdo programático. Já a escola como já foi
mencionado anteriormente recebe alunos e não filhos e isso designam uma
17
menor autoridade sob os alunos para lidar com a indisciplina, desinteresse e
conseqüentemente o baixo desempenho.
Portanto a principal perspectiva da parceria escola x família é trabalhar
temas do cotidiano que desperte interesse e ajude canalizar a indisciplina em
ações pensadas, inteligentes permitindo a escola exercer sua função
transformadora criando um elo social entre família e instituição ambas trilhando
um único objetivo educar para a vida.
A articulação entre a escola e a família é fruto de reflexão e trabalho
solidário e participativo, comprometidos com a formação de cidadãos
responsáveis pela transformação da sociedade na qual está inserido. Somente
por intermédio dessa interação, haverá um considerável envolvimento dos pais
e comunidade, possibilitando uma visão crítica e totalitária que trará benefícios
para ambas as partes.
Na concepção de Bastos et alii:
“É aqui que entra o tema da participação da população na
escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se
não se partir de uma postura positiva da instituição com
relação aos usuários, em especial com os pais e responsáveis
pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de
convivência
verdadeiramente
humana,
em
suma,
de
participação na vida da escola”. (2002, p. 66)
A perspectiva da participação através dessa interação é condição
fundamental para o pleno exercício da cidadania, pois a escola é o lugar onde
a criança vive, sente, age e reage na busca da construção de sua identidade e
autonomia e juntamente com a família torna-se mais participativo e consciente
de seus direitos e deveres.
Sabe-se que a educação não é apenas dever do Estado, mas de toda
a sociedade, onde as escolas garantam uma prática pedagógica que leve ao
pleno exercício da cidadania, levando-se em conta as experiências de vida e a
realidade social de seus alunos.
A escola que tem como objetivo permitir que as famílias e a
comunidade
participem
e
discutem
as
atividades
que
estão
sendo
desenvolvidas, possibilita conhecer seus contextos de vida, como também seus
18
costumes e valores culturais, favorecem e complementa o trabalho pedagógico,
o que significa dar ao aluno oportunidade de participar de atividades que
possam
favorecer
o
ensino-aprendizagem
e,
conseqüentemente,
o
desempenho escolar. Desse modo, tende a fortalecer os efeitos positivos e as
trocas de saberes decorrentes da relação da escola com a família, ampliando o
universo de conhecimentos dos alunos por meio de atividades culturais,
respeitando aos diferentes modos de agir e pensar valorizará seus costumes e
tradições, ao mesmo tempo em que prioriza as necessidades educacionais, por
meio de um diálogo aberto com as famílias, considerando-as assim parceiras e
integrantes do processo educacional.
1.1
– Conceituando escola, família e educação
ESCOLA:
Escola pode se referir a uma instituição de ensino ou a uma corrente
de pensamentos com características padronizadas. É um espaço que
possibilita transformações, desperta potencial, organiza conhecimentos prévios
e projeta sonhos.
Segundo o Dicionário Aurélio, (2001):
“Es.co.la sf. 1. Estabelecimento público ou privado onde se
ministra ensino coletivo. 2. Alunos, professores e pessoas
duma escola. 3. Sistema ou doutrina de pessoa notável em
qualquer dos ramos do saber”.
Uma escola agradável e democrática com profissionais comprometidos
aguça o interesse dos alunos estreitam os laços entre instituição e família
facilitando a aprendizagem, bem como forma parceria para buscar soluções
para aqueles alunos indisciplinados e desinteressados.
No processo de aprendizagem a escola representa o momento
culminante. Educa de modo consciente almejando eficaz num tempo
infinitamente curto. Neste sentido, trabalham-se com os alunos com os
problemas de seu tempo de forma clara e objetiva, sem preconceitos nem
exageros, mas também sem dissimulações.
19
Em suma, a escola de acordo com Pestalozzi (1946) e Dewey (1962)
tem sido considerada um meio de melhora social. Doutro modo, a escola não
seria mais do que um asilo de crianças e, não uma “oficina de homens” como
queria Comenius.
No entanto, a instituição escola teve sua gênese no lar, nas
comunidades passando pelas fábricas num processo de industrialização.
Segundo Enguita (1989):
“Sempre existiu algum processo preparatório para a integração
nas relações sociais de produção, e com freqüência, alguma
outra instituição que não a própria produção em que se
efetuou esse processo. Nas sociedades primitivas podem ser
os jogos ou as fatrias
3
de adolescentes, marcado seu
desenvolvimento por algum que outro rito de iniciação. Em
alguns casos, a iniciação de crianças e adolescentes é
responsabilidade dos adultos em geral ou dos anciãos; em
outras, de estruturas mais ou menos fechadas de parentesco
ou da família, que é de qualquer forma uma estrutura
ampliada”. (1989, p.105).
Do ponto de vista da sociedade, a primeira função da escola é a de
manter e de transmitir cultura, na medida em que procura transmitir padrões
culturais básicos para a sobrevivência da sociedade. Ao fazer isto - transmitir
cultura - a escola age como mantenedora do "status quo", uma vez que é parte
da sociedade, todo ao qual pertence enquanto grupo social. Seus objetivos são
elaborados a partir e em função desse todo.
Pensando a escola, na sociedade brasileira, a vemos marcada por
profundas desigualdades sociais e econômicas, onde a concentração de renda
deixa a maioria da população empobrecida, e a sem perspectivas de acesso a
um ensino de qualidade, que lhe assegure oportunidade de um conhecimento
sistematizado consistente cientificamente.
Hoje, a escola deve ser vista como um espaço privilegiado para a
aprendizagem. Na qual se somam experiências, conhecimentos e afetos,
3
Fatrias – Subdivisão de tribo ou outro agrupamento, constituída por indivíduos ou
grupos ligados a um genitor ou antepassados.
20
desenvolvendo e possibilitando aos alunos o exercício do respeito às normas,
às diferenças culturais e às opiniões, dando oportunidades dos alunos para
exercitar de forma consciente sua cidadania.
FAMÍLIA:
Segundo Ferreira (2001, p.304): “Família são pessoas aparentadas que
vivem, geralmente, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos,
quase sempre pessoas do mesmo sangue”.
No dicionário Aurélio, família significa “[...] o pai, a mãe e os filhos;
pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança; [...]
comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço
matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união”. Mas a noção contemporânea
torna o significado de família bem mais amplo, portanto, de acordo com o
mesmo dicionário: “Grupo formado por indivíduos que são ou se consideram
consangüíneos uns dos outros, ou por um descendente de um tronco ancestral
comum e estranho admitidos por adoção”.
A família é o primeiro grupo social da qual participamos. Antigamente,
as famílias eram numerosas e os pais dificilmente se separavam. Mas com o
tempo as pessoas foram mudando e as famílias mudaram. Hoje em dia há
famílias bem diferentes das antigas. Quando os pais são separados, muitas
crianças moram só com a mãe, ou com o pai, ou avós, ou tios, ou amigos.
Outras crianças vivem em orfanatos, com pessoas que cuidam delas e outras
vivem nas ruas. Há também os casais que ainda não tiveram filhos.
Por outro lado, a família é um núcleo originário da sociedade. Partindo
de suas primeiras manifestações em sua cultura e de suas formas como
matriarcado ou patriarcado, a família foi adquirindo cada vez maior
aperfeiçoamento, até chegar à forma monogâmica atual. A família constitui o
tipo de comunidade perfeita, a que nela existem unidos pelos laços do sangue
e do afeto, todos os aspectos da sociedade: econômicos, espirituais, jurídicos,
culturais, etc. Neste sentido, a família forma um mundo próprio, de caráter
altruísta, com referencia a seus membros.
A família, contudo, não tem hoje em dia, as mesmas funções que em
tempos anteriores, quando provia as próprias necessidades. Em casa se
21
faziam as roupas, amassava-se o pão, tecia-se o pano e educavam-se os
filhos. A maior complexidade da vida atual fez com que essas funções fossem
confiadas a pessoas especializadas e a casa se convertesse num refugio, no
lar da vida familial, com as funções necessárias a conservação de seus
membros.
No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, aborda a questão
da família com um novo conceito no artigo 226, parágrafo 4º: “Entende-se,
também, a entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e
seus descendentes”.
Em fim, a definição do conceito de família é muito difícil de fazer, sendo
que a definição de família varia conforme o tempo e a evolução da própria
sociedade; ela já não é formada da mesma forma que era há 30, 60 ou 100
anos, já que ela evoluiu com a sociedade. Naquela época era considerada
família apenas os núcleos formados por pai, mãe e filhos. A forma de
constituição e os relacionamentos envolvendo a família é um dos temas mais
polêmicos que existem na atualidade, talvez por envolver questões éticas,
morais, religiosas, etc.
EDUCACÃO:
Já a educação segundo o Dicionário Aurélio (p.334) “é promover o
desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física de alguém”. Assim
sendo, educar depende de uma relação mais ampla entre os pais do aluno e os
professores de que a prevista em uma mera prestação de serviços.
Acreditamos que uma boa educação e formação podem, sim,
influenciar decisivamente para uma sociedade onde a paz supere a violência.
Acrescentamos que a família desenvolve papel fundamental na concretização
da educação das crianças. É no seio familiar que as crianças recebem a
primeira educação, os elementos essenciais para sua vida, com sentimentos,
idéias e, sobretudo, a linguagem, nela também se estabelecem as normas e
formas da vida moral.
Contudo, não se deve esquecer que nem toda influencia familial é
benéfica para a vida da criança. Não é nas famílias de vida irregular, nas
famílias em discórdia, naquelas em que existe miséria material ou moral que
22
contribui com uma boa educação. É evidente que a educação não se pode
realizar plenamente na vida familial atual, por ignorância dos pais, por falta de
tempo ou por ausência de elementos apropriados. Daí, a necessidade da
educação intencional e, especialmente da escola.
Reportando-nos
neste
momento
ao
cenário
brasileiro
atual,
destacamos a concepção de educação do antropólogo Carlos Rodrigues
Brandão (1984), com vasta publicação nos campos da cultura e da educação
popular. Embasando-se na definição dada pelo sociólogo Emile Durkheim (s/d),
ele define a educação como “uma prática social”. Em outras palavras,
“O que existe são exigências socais de formação de
tipos concretos de pessoas na e para a sociedade. São,
portanto, modos próprios de educar – por isso, diferentes de
uma cultura para outra – necessários à vida e à reprodução da
ordem de cada tipo de sociedade, em cada momento da
história. Não se trata de dizer que a educação tem, também,
de modo abstrato e muito amplo, um compromisso com a
“cultura”, com a “civilização”, ou que ela tem um vago “fim
social”. O que ocorre é eu ela é inevitavelmente uma prática
social que, por meio da inculcação de tipos de saber, reproduz
tipos de sujeitos sociais” (Brandão, 1984, p.71).
Cabe então observar que, para ambos - Durkheim e Brandão -, as
postulações sociais têm supremacia sobre os indivíduos e sobre os princípios e
as propostas educacionais. Ampliando nosso olhar sobre o conceito de
Educação, apresentamos outra perspectiva, a qual percebe o ato educativo
como emergente da prática docente e encharcado de procedimentos, em que
se destacam a mediação, a criação e a construção do saber. Para tal,
selecionamos intelectuais que, apesar de pertencerem a bases filosóficas
distintas, aproximam-se ao conceberem propostas educacionais pautadas
nesses pressupostos (a mediação, a criação e a construção do saber).
Em termos gerais, a educação pode ser definida como a ação das
gerações adultas sobre as mais jovens, que visa criar e desenvolver nos
indivíduos – física, moral e intelectualmente – todas as condições consideradas
23
essenciais pela sociedade política e meio social a que pertencem4. Por isso, a
educação é algo eminentemente social.
Verificamos, pois, que há vários conceitos referentes à educação, e
que variam conforme os autores. Existem inúmeras formas de educação e
cada uma desenvolve-se conforme a sua sociedade, reproduzindo sua cultura,
como já foi mencionada acima. Por isso, ela está todos os lugares e
desenvolve-se de várias maneiras e com uma identidade própria. Na visão
atual, não há um modelo de educação, encontramo-nos diante de novas
realidades, onde todos os segmentos como: escola, família, comunidade e etc.,
devem estar envolvidas neste processo.
Suas fases ao longo história da educação podem ser assim
distinguidas:
1ª A Educação Primitiva, dos povos originais, anteriores á
história propriamente dita, e que podemos caracterizar como
educação natural, [...].
2ª A Educação Oriental, ou seja, a dos povos em que já
existem civilizações desenvolvidas geralmente de caráter autocrático,
erudito e religioso. [...].
3ª A Educação Clássica, em que começa a civilização
ocidental e que tem, sobretudo, caráter humano e cívico. [...].
4ª
A
Educação
Medieval,
na
qual
se
desenvolve
especialmente o cristianismo, [...].
5ª A Educação Humanista, [...]. Esta fase representa o
retorno à cultura clássica, mas, ainda mais, o surgir de uma nova
forma de vida, baseada na natureza, na arte e na ciência.
6ª A Educação Cristã Reformada. [...]. Ocasiona de um
lado, o nascimento das confissões protestantes, doutro, a reforma da
igreja católica.
7ª A Educação Realista, em que se iniciam propriamente os
métodos da educação moderna, baseados na filosofia e ciências
novas (de Galileu e Copérnico, de Newton e Descartes). [...]; e dá
lugar a alguns dos maiores representantes da didática (Ratke e
Comenius).
8ª A Educação Racionalista e Naturalista. Própria do século
XVIII, no qual culmina com a chamada ilustração, ou seja, o
4
Durkeim, Emile: Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
24
movimento cultural iniciado na Renascença. É o século de Condorcet
e Rousseau, em cujo final começa o movimento idealista na
pedagogia, com Pestalozzi por mais alto representante.
9ª A Educação Nacional, iniciada no século anterior com a
Revolução Francesa, chaga ao máximo desenvolvimento no século
XIX e promove intervenção cada vez maior do Estado na Educação
formação de consciência nacional, patriarca, em todo o mundo
civilizado e estabelecimento de escola primária universal, gratuita e
obrigatória.
10ª A Educação Democrática. Posto seja muito difícil
caracterizar a educação do século XX, seu traço mais marcante será
talvez a tendência para a educação democrática, que faz da livre
personalidade humana o eixo das atividades independentes de
posição econômica e social, e proporciona a maior educação possível
ao maior número possível de indivíduos. (Marrou, 1979).
Na idade antiga a concepção de educação era a de promover o
ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição
da experiência, através da imitação; das cerimônias de iniciação que tinham
valores educativos, morais, sociais e políticos, religiosos e práticos. Os
primeiros professores eram os chefes de grupos familiares e posteriormente os
sacerdotes. Não existia escola, propriamente dita, mesmo assim existia a
educação. A aprendizagem era na família e participação nas tarefas da vida
adulta e o doutrinamento religioso.
Na idade média a educação teve como ponto de partida a doutrina da
Igreja. Somente por intermédio da religião foi possível educar os novos povos.
Assim, a instrução nessa doutrina baseada no aspecto moral e a prática do
culto substituiriam o elemento intelectual. Todos os tipos de educação que se
desenvolveram nesse período não passaram de modalidades diferentes de
preparação para um estado futuro. A aprendizagem era no seio de outra
família. Para os que se convertiam à religião cristã, recebiam a instrução da
doutrina cristã nos catecumenatos.
Já na idade moderna a educação era privilégio dos nobres e dos
clérigos, enquanto a maior parte da população permanecia na ignorância. Era
limitada para conhecer as leis e obedecer aos governantes, o ensino primário
estava nas mãos dos religiosos e o secundário e universitário dos leigos. A
25
reforma religiosa e a ciência moderna contribuíram para o surgimento de novas
idéias e novos fatos educacionais.
Nestas fases percorridas pela educação até nossos dias, vemos que
ela naturalmente continuará por todo o tempo enquanto o homem viver.
Passando para o Brasil, o início da educação, dar-se na colonização
portuguesa, com a chegada dos jesuítas, ou seja, religiosos que detinham os
conhecimentos e os transmitia àqueles desprovidos do saber, e com o intuito
de catequizar os indígenas. Como descreve Werebe:
“E assim se iniciou a educação no Brasil, respondendo aos
interesses políticos da Metrópole e aos objetivos religiosos e
políticos da Companhia de Jesus. A companhia se propunha,
desde suas origens, a combater o protestantismo, ocupando
uma posição proeminente nas lutas que se travavam na
Europa. À Metrópole interessava a catequização dos indígenas
que, assim, se tornariam mais submissos e poderiam mais
facilmente
aceitar
o
trabalho
que
deles
exigiam
os
colonizadores”. (1997, p.23).
Quanto mais conhecemos a verdadeira história do nosso país, vamos
compreendendo os reais motivos pelos quais à educação tornou-se tão
desvalorizada. Nunca houve interesses em educar, realmente, nosso povo e
sim, buscou-se por intermediação de uma visão tradicional, pacificá-lo.
Passados mais de cinco séculos, o nosso país apresenta uma imensa
deficiência no sistema educacional. A pesada herança da escravidão tem
conseqüência de longo prazo para a sua evolução, criando problemas
específicos de acesso à escola e, o analfabetismo, doença que corrói o Brasil,
fazendo vítimas ano a ano, com cifras alarmantes. Com isso, a história da
educação que foi traçada por muitas lutas, com alguns avanços que poucos
efeitos tiveram, ainda está longe de ser ideal, para sanar com nosso povo essa
dívida histórica.
Na Constituição Federal de 1988, no artigo 205 diz que:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com
a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
26
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho”.
Sendo reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
9394/96, no seu artigo 2º:
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.
A educação na família reconheceu-a quase todos os educadores. Não
o fizeram, sem dúvida, os grandes pedagogistas da Grécia, como Platão e
Aristóteles, que acentuaram sobre a educação do Estado, tampouco o fizeram
os romanos, como Quintiliano, que preconizava, sobretudo, a educação
escolar. Somente a partir do cristianismo essa educação adquiriu importância
cada vez maior, até chegar aos pedagogistas da época moderna, que a
reconhecem, em geral, como base ou ponto de partida da educação imediato.
Assim, diz Locke (1632 -1704), de um ponto de vista aristocrático: “A
sociedade conveniente as crianças é o lar... Se considerarmos até que ponto a
arte de viver e de conduzir seus negócios como se deve pelo mundo é
radicalmente oposta a esses hábitos de petulância, de malícia e de violência
que se aprendem no colégio, havemos de nos convencer de que os defeitos de
uma educação particular valem infinitamente mais do que as qualidades desse
gênero e que os pais devem reter seus filhos em casa para preservar-lhes a
inocência e a modéstia...” (p.58).
De sua parte, Pestalozzi (1946), o fundador da escola popular, diz, de
um ponto de vista democrático: “As relações domésticas da humanidade são
as suas primeiras e mais excelsas relações. O homem trabalha em sua
profissão e suportam as cargas da cidadania para poder desfrutar, com
sossego, a felicidade pura de sua ventura doméstica... Por isso és, o lar
paterno, o fundamento de toda educação natural da humanidade...”.(59).
27
Finalmente, Froebel, o fundador do jardim da infância, reconhece o
valor da educação familial, segundo ele: “Este primeiro sentimento da
comunidade, sentimento que une primeiramente a criança, o pai e os irmãos,
serve de base a uma união mais alta e espiritual, da qual nasce a absoluta
certeza de que o pai, a mãe, os irmãos e os homens todos sentem-se também
unidos e em comunidade com algo superior, com a humanidade, com Deus”
(p.60).
Não obstante, nos tempos modernos tem sido impostos limites a
influencia da vida familial, em defesa dos outros fatores sociais e, sobre tudo,
da própria criança. Neste sentido, diz Dilthey: “O direito a educação acha-se
predominantemente baseado na relação de domínio que o pai exerce sobre a
própria criança. Mas essa relação de domínio está sujeita a deveres e é
regulada, conseqüentemente, por associações de domínio mais extensas. A
família não é autônoma. Conforme a estrutura da organização externa acha-se
em relação de dependência com respeito à comunidade local, ao Estado e a
Igreja... Neste ponto, resolve-se o problema de que a obrigatoriedade escolar
seja imposta pelo Estado aos pais. Nela apóia o Estado, pelo seu poder volitivo
com respeito aos pais, o fim em sim da criança. Com ela protege a criança
diante do perigo de que suas energias sejam exploradas para o trabalho e em
beneficio do pai” (p.61).
Conclui-se enfatizando que escola, família e educação trilhando num
mesmo percurso as possibilidades de sucesso na aprendizagem são muito
maiores. Pode-se perceber, portanto, que a parceria da família é fundamental
na educação das crianças, pois, é ela a primeira e principal instância
responsável por esse processo, é ela que deve zelar para que sejam
garantidos os direitos que a Organização das Nações Unidas aponta como
essenciais no desenvolvimento das crianças e esses devem ser resgatados
tanto pelos pais como pelos professores e pela sociedade em geral. Mas
garantir os direitos das crianças não significa que ela não tenha deveres, eles
também estão presentes no processo de socialização da criança e quando ela
exercita tarefa está mais próxima de viver de forma sadia na sociedade a qual
está inserida.
28
1.2- O papel da escola e da família
A pesquisa sobre “A importância da parceria escola x família no
processo educativo do ensino fundamental analisa o papel da escola e da
família diante da indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos
decorrente da ausência de integração entre ambas as instituições.
“Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem às
condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e
quase sempre, também na escola em termos de indisciplina e
de baixo rendimento escolar”. (Maldonado, 1997, p. 11).
Sintetizamos que ninguém nasce rebelde ou disciplinado, já que essas
características não são inatas nem todo adolescente será necessariamente
indisciplinado, já que é impossível postular um comportamento padrão
universal para cada estagio da vida humana. Em outras palavras, o
comportamento (in) disciplinado é aprendido. Podemos inferir, portanto, que o
problema da (in) disciplina não deve ser encarado como alheios a família, nem
a escola, já que, em nossa sociedade, elas são as principais agencias
educativas. Segundo Prestes (2005):
“A educação dos filhos assume um caráter de maior
permissividade junto aos pais, com as mudanças ocorridas na
estrutura familiar, permitindo maior liberdade aos filhos,
esquecendo que eles necessitam de apoio e educação. Nesta
dinâmica familiar, temos visto à crescente “crise de gerações”,
a dificuldade no relacionamento pais/filhos, no estabelecimento
de laços familiares.” (Prestes, 2005. p.35).
Nesse sentido, a indisciplina parece indicar que a educação está em
falta. Contudo, o papel da família, entendida como o primeiro contexto de
socialização, exerce decisivamente, grande influencia sobre a criança e o
jovem. A atitude dos pais, suas práticas de criação e educação são aspectos
que interferem no desenvolvimento individual e, por conseguinte, influenciam o
comportamento do aluno na escola. É impossível negar, então, a importância e
29
o impacto que a educação familiar tem sobre o individuo do ponto de vista
cognitivo, afetivo e moral. Entretanto, seu poder não é absoluto e irrestrito.
Para isso a escola, entendida como o local que possibilita uma vivencia
social diferente do grupo familiar, já que proporciona o contato com o
conhecimento sistematizado e com um universo amplo de interações, com
pessoas, ambientes e materiais, tem um relevante papel, que não é como já se
pensou o de compensar carências (culturais, afetivas, sociais) do aluno, e sim
o de oferecer a oportunidade para que ele tenha acesso a informações e
experiências novas e desafiadoras, capazes de provocar transformações e
desencadear novos processos de desenvolvimento e aprendizagem.
E, o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069 de 13 de julho
de 1990, diz que:
“Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação,
à
educação,
ao
esporte,
ao
lazer,
à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
Tudo o que vimos, acarreta conflitos e problemas, pois, os pais estão
cada vez mais sobrecarregados, trabalhando mais, para tentar manter ou se
manter em um nível de vida, digno para toda a família, o que nem sempre é
possível, e os filhos já carentes em relação ao carinho de seus pais, que
dedicam menos tempo a eles, não porque não queiram, mas por necessidade,
lutam também com problemas assumidos muito cedo e com complexos
oriundos de todas essas mudanças. Portanto, é imprescindível que a escola
estabelece uma relação de confiança com as famílias, objetivando uma
parceria que vise ao bem-estar dos alunos.
Sabemos, mesmo que seja pelo senso comum, que a educação
compete a família e a escola, prioritariamente. Porém, mesmo que saibamos
disso, nem sempre tais instancias se responsabilizam pela educação das
crianças, criando o famoso “jogo do empurra em empurra” tão conhecido pelos
educadores no interior das escolas. Tal fato dificulta e muito a construção, pela
criança, das noções sociais necessárias ao seu desenvolvimento. Isto porque
30
os pais esperam que a escola ensine as noções de certo e errado, de justiça e
moral, e a escola, por sua vez, espera que os pais façam a mesma coisa antes
de enviarem seus filhos ao convívio coletivo.
No meio deste “jogo de empurra” está à criança, que sem ser ensinada
corretamente pela família e pela escola, constrói a noção de que a regra é não
ter regras, o que mais tarde gera na sociedade a impressão de uma criança
sem limites. Ora, os limites como chamamos não são inatos, ou seja, não
nascem com a criança, precisam ser ensinados para que possam ser
colocados em prática. Mais que isso, precisa ser cobrado para que a criança
perceba a importância das regras sociais para o convívio em sociedade.
É neste sentido que a família e a escola devem se preocupar com a
socialização de suas crianças. Quando falamos de socialização, não estamos
nos referindo apenas ao contato da criança com outras, mas a este contato
mediado pelas regras que vão sendo ensinadas. Assim, socializar significa
apresentar as crianças às regras sociais presentes nas relações estabelecidas
com as outras pessoas. A família faz isso quando, no dia-a-dia, mostra a
autoridade materna e paterna, construindo o respeito pelo dialogo em lugar da
obediência cega por meio de castigos e quando, de fato, insere limites sobre as
ações das crianças.
A escola, por sua vez, atua de forma a ampliar a noções de meio
social, desfazendo a coação muito comum na relação entre crianças e adultos,
construindo a noção de cooperação. Segundo Sá (2001, p. 104), “o professor
deixa de ocupar o papel de grande árbitro e a prática da auto-avaliação pelo
grupo passa a ser construída no dia-a-dia escolar”. Para Cunha (2003, p.98).
“Genericamente, pode-se dizer que a cooperação, como
recurso pedagógico, coloca em prática a tese piagetiana de
que não é conhecimento aquilo que o educando adquire
passivamente e, mais ainda que não é possível conhecer um
objeto qualquer por meio de um único ponto de vista. O
trabalho em equipes permite que os alunos atuem sobre os
saberes a serem aprendidos, que pesquisem que busquem
novas fontes de informações, que levantem dados sobre os
conteúdos escolares e principalmente, que façam tudo isso
31
traçando
idéias,
uns
com
os
outros,
trabalhando
cooperativamente na construção do conhecimento”.
Como vemos, a cooperação insere uma noção lúdica no ato de
aprender, permitindo não somente a construção de novos conhecimentos
formais, mas também a construção sobre conhecimentos sociais como noção
de respeito. E já que falamos no caráter lúdico da cooperação, passemos
agora a compreensão de como a ludicidade ou brincadeira pode ser útil ao
processo de aprendizagem.
Dalmás alerta que “[...] colaboração não é participação. [...]” (1994,
p.20), neste sentido não se deve apenas desenvolver tarefas sem se preocupar
com os resultados, é preciso participar em todos os níveis do processo,
proporcionado um envolvimento que determinarão os rumos da escola.
Sendo assim, é importante ressaltar que a escola tem como papel
estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas
fundamentais para o processo de formação de seus alunos. É verdade que a
modernidade trouxe uma serie de mudanças, inclusive na família, mas tal
realidade não isenta a instituição familiar de seu papel educador, primordial ao
desenvolvimento e integração do filho a sociedade.
Em conseqüência, antes de ensinar é necessário ouvir, aprender com
os alunos. Conforme Sforni e Galuch (2005. p. 7),
“É papel da escola tomar como ponto de partida os
conhecimentos prévios, com o claro objetivo de transformá-los,
envolvendo-os em problematizações cujas resoluções exijam
novos e, por vezes, conhecimentos mais complexos do que os
iniciais. Procedimentos de ensino desta natureza favorecem a
articulação entre o conteúdo que faz parte do currículo escolar
e o seu uso cotidiano. Possibilitam ainda a organização de um
planejamento adequado às necessidades cognitivas dos
alunos”.
As situações-problema devem envolver, portanto, os conhecimentos
que o aluno já possui e os conhecimentos científicos que deve aprender dentro
de cada disciplina. O desafio não pode situar-se no nível em que o educando
se encontra, pois assim não seria desafio. O estímulo passa a existir a partir do
32
momento em que o educando liga o que já sabe com aquilo que vê que pode
alcançar, mas que ainda não está sob o seu domínio. Assim, os obstáculos se
tornam degraus positivos que põem em ação o potencial de cada educando.
Na realização desse processo, entra em ação o conhecimento do professor,
sua preparação didática, sua capacidade de unir o conhecimento cotidiano do
educando ao conhecimento científico, dando um passo adiante, realizando uma
nova síntese, conduzindo o aluno a um novo patamar de compreensão da
realidade estudada.
Segundo Libâneo, “A prática educativa não se reduz à escola [...]. Há,
portanto, agentes educativos convencionais – família, escola, comunidade –
[...]. A escola, portanto, não detém o monopólio do saber” (2001, p.56)
No entanto, um dos maiores problemas com o qual as escolas
defrontam-se é o de conseguir uma eficaz interação com as famílias e a
comunidade, onde os pais delegam somente à escola, sem assumir suas
responsabilidades, na formação do aluno e conseqüentemente esta ausência
se revela no baixo desempenho do aluno.
Portanto, concluímos que o papel da escola e da família de acordo
Líbaneo, Sforni e Galuch, Cunha, Sá, Estatuto da Criança e Adolescente e
Dalmas é assumir o compromisso de reduzir a distância, que há com a família
e a comunidade, articulando-se para desenvolver um trabalho mais
democrático, participativo e solidário com propósitos nítidos que possibilitem
coletivamente encontrar caminhos que proporcionem um equilíbrio no processo
ensino-aprendizagem. E, para isso é preciso abrir espaços onde as pessoas se
sintam reconhecidas, que suas idéias sejam valorizadas, que sejam ouvidas. É
importante que no cotidiano da escola todos possam fazer a relação entre o
seu modo de ver o mundo, de lidar com as adversidades da vida e das
possibilidades de mudá-las.
33
CAPÍTULO II
O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, AFETIVO E COGNITIVO.
A importância da parceria escola x família no processo educativo do
ensino fundamental, em relação ao desenvolvimento social, afetivo e cognitivo,
segundo: Kaloustian (1988), Gokhale (1980), ECA (Lei 8069/90), Lippi (2001),
Gadotti (1992) e wallon (1978).
A família é o primeiro contexto na qual a criança desenvolve padrões
de socialização, deste modo, ela se relaciona com todo o conhecimento
adquirido durante sua experiência de vida primaria que vai refletir na sua vida
escolar. Sendo assim, o sucesso da tarefa da escola depende da colaboração
familiar.
De acordo com Wallon (1978), a primeira relação do ser humana ao
nascer é com o ambiente social, ou seja, com as pessoas ao seu redor.
Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a
garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando.
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes.
Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da
cultura e da base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A
educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio a sua
criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto.
Por isso concordamos com Lippi et alii5, quando dizem que, o homem é
um ser social no tempo e no espaço. E, segundo relatam:
“O homem não vive sozinho. Ele é um ser social, Isto é, vive
com
5
outros
homens,
organizando-se
em
grupos
LIPPI, Valéria Martins. SIEBERT, Célia. Amazonas: História. São Paulo: FTD, 2001.
ou
34
sociedades. A formação de grupos ou sociedades foi essencial
para a sobrevivência do homem na Terra. Somente com o
trabalho coletivo os homens conseguiram agir sobre a
natureza, modificando e organizando o espaço de acordo com
suas necessidades. Os primeiros grupos humanos que
habitaram a Terra tinham uma organização simples, vivendo
em comunidades. Viver em comunidade significava levar uma
vida em comum, respeitavam as mesmas normas e tinham os
mesmos interesses. A terra e o produto do trabalho pertenciam
à comunidade. Todos participavam da defesa da comunidade.
Com o passar do tempo, a vida nessas comunidades foi se
transformando: houve a divisão do trabalho entre os homens e
as mulheres, sugiram novos instrumentos e técnicas de
trabalho, o homem passou a produzir mais, melhor e em
menos tempo, originando os excedentes de produção, isto é,
uma produção maior do que a necessária para o próprio
consumo”. (2001, p.5)
“Das primeiras civilizações até hoje, as sociedades
humanas passaram por muitas transformações e deixaram
marcas no espaço”. (2001 p.6)
“Atualmente, a sociedade da qual fazemos parte é
uma sociedade capitalista [...] uma minoria é dona dos meios
de produção (terras, máquinas, dinheiro, etc.), enquanto a
grande maioria trabalha em troca de salário, isto é, vende a
sua força de trabalho”. (2001, p.7).
A vivência em comunidade é determinada por uma instância social que
dá sentido aos grupos a que pertencemos, no qual lidamos com regras o tempo
todo. Desse modo, o homem tende a captar essa realidade, fazendo-a objetivo
de seus conhecimentos, à medida que reflete sobre as condições seu contexto
de vida.
No mundo atual, globalizado e mergulhado num processo de
aceleração capitalista, é impossível dissociarmos os mundos do trabalho e do
conhecimento. Desse modo, a educação exerce uma função pedagógica
imprescindível para a melhoria da qualidade de vidas das pessoas.
Nesse processo aparece a escola, que envolve um mundo social, com
uma diversidade de papéis, assimilando padrões de comportamento captados
35
pelo convívio em sociedade. Diante disso, a escola não dá conta de todo o
processo de socialização, precisando da ajuda da família e de outros
segmentos da comunidade, buscando assim conhecimento mútuo para
progredir e atingir seus objetivos.
Para Gadotti:
“A educação comunitária contribui para que os indivíduos
construam suas vidas e achem seu lugar na sociedade. Ela
objetiva
desenvolver
nas
associações
e
movimentos
(cooperativa, de mulheres, de crianças e adolescentes,
indígena, negro, de comunidades eclesiais de base, ecológico,
direitos humanos, etc.) a capacidade de enfretamento de
problemas
comuns,
tais
como:
alimentação,
moradia,
emprego, vida familiar, saúde, transporte, educação, meio
ambiente, etc. ela procura fazer que as pessoas tomem
consciência de seus direitos e participem coletivamente das
decisões a serem tomadas para enfrentar os seus problemas”.
(1992, p.27).
Vivemos num mundo, repleto de milhões de pessoas na luta para
sobreviver, gerando desigualdades e exclusão social, e no processo
educacional
é
incorporada
uma
diversidade
de
tarefas
a
serem
desempenhadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O
entendimento de que a escola não está isolada do contexto social, deve estar
presente no processo de organização da sociedade, de modo que as ações a
serem desenvolvidas estejam voltadas para as necessidades de formar
parcerias entre escola e família em processo de recíproco dialoga.
Por isso, a escola atual precisa repensar freqüentemente e discutir
abertamente sua prática, no intuito de revelar e assumir os interesses que ela
se propõe a atender, pois, é nela que as famílias e a sociedade creditam todas
as suas esperanças na condução dos destinos de suas crianças e futuros
cidadãos.
A escola é o lugar em que a criança vive, sente, age e reage na busca
da construção de sua identidade e autonomia. Por isso que cabe à escola
discutir como poderá agir na educação das crianças, com a perspectiva da
36
participação em relação às condições sociais, políticas e culturais, na busca de
uma sociedade democrática e não excludente.
É impossível colocar a parte escola família e sociedade do
desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, pois, se o individuo é aluno, filho e
cidadão, ao mesmo tempo. A tarefa de ensinar não compete apenas à escola,
por que o aluno aprende também através da família, dos amigos, das pessoas
que ele considera significativas, dos meios de comunicação, do cotidiano.
Sendo assim, é preciso que professores, famílias e comunidade tenha claro
que a escola precisa contar com o envolvimento de todos.
Portanto Pino (1997) afirma:
“Os fenômenos afetivos representam a maneira como os
acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser
humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas
que definem seu modo de ser no mundo. Dentre esses
acontecimentos,
as
atitudes
e
as
reações
dos
seus
semelhantes a seu respeito são sem sombra de duvida, os
mais importantes, imprimindo as relações humanas um tom de
dramaticidade. Assim sendo parece mais adequado entender o
afetivo com uma qualidade das relações humanas e das
experiências que elas evocam (...). São as relações sociais,
com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao
conjunto da realidade que forma se contexto (coisas, lugares,
situações, etc), um sentido afetivo”.(p. 130-131).
Embora os fenômenos afetivos sejam de natureza subjetiva, isso não
os torna independentes da ação do meio sociocultural, pois se relacionam com
a qualidade das interações entre os sujeitos, enquanto experiências
vivenciadas. Dessa maneira, pode-se supor que tais experiências vão marcar e
conferir aos objetos culturais um sentido afetivo. Wallon (1971) concorda com
Pino e afirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na
constituição e funcionamento da inteligência, determinando os interesses e
necessidades individuais.
Em suma, para que ocorra desenvolvimento social, afetivo e cognitivo é
necessário que família e escola se encarem responsavelmente como parceiras
37
de caminhada, pois, ambas são responsáveis pelo que produz, podendo
reforçar ou contrariar a influencia uma da outra. Família e escola precisam criar
vínculos sociais, afetivos e cognitivos através desta parceria entre escola x
família. Bem como, precisam criar através da educação, uma força para
superar as suas dificuldades construindo uma identidade própria e coletiva,
atuando juntas como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do
educando.
2.1 Como atrair as famílias para a escola
Segundo Mário Quintana “O segredo não é correr atrás das borboletas,
mas cuidar do jardim para que elas venham até você.”
É um desafio que paulatinamente vem sendo conquistado. As práticas
pedagógicas mais democráticas com estratégias diversificadas que estimula
estreitar a relação família x escola e formar uma parceria produtiva e participar
no processo educacional dos filhos, não como “cliente”, mas como pessoa
critica e ativa.
Como se pode observar, a parceria escola x família requer, então, dos
professores uma tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em
temas teóricos para falar dos problemas dos alunos, sobre notas baixas, não
proporciona um início de parceria. A escola deve buscar construir por meio de
uma intervenção elaborada e consciente a criação de espaços de reflexão e
experiências de vida numa comunidade educativa, instituindo acima de tudo a
aproximação entre as duas instituições (família x escola).
Como diz Vitor Paro (2001), para atrair as famílias é necessário que a
escola utilize todas as oportunidades de contato com os pais, para passar
informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também
sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometido
com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho
como ser humano. Muitas instituições não informam a família sobre o trabalho
ali desenvolvido e isso dificulta o dialogo. Ou ficam desmotivados e não
participam de uma comunidade que não deixam claros seus objetivos e
dinâmicas.
38
No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do
Adolescente (BRASIL, 1990), diz que "é direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já
está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente o que esta faltando é
concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao
ser humano, são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria
entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do
educando/filho. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser
constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e
complementares.
A escola e a família, cada qual com seus valores e objetivos
específicos na educação de uma criança/adolescente, constituem uma
estrutura intrínseca, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da
outra. Desse modo, cabe a toda sociedade, não apenas aos setores
relacionados à educação, transformar o cotidiano da escola e da família,
através de pequenas ações modificadoras, para que esta (a família)
compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o
seu lugar de co-responsável nesse processo (família).
De fato, é um erro atribuir à escola a total responsabilidade pelo
desempenho escolar das crianças. Pesquisas em todo mundo mostram que o
envolvimento da família na vida escolar dos filhos é vital para o
desenvolvimento deles. A parceria pais, professores é considerada tão
importante que governos pelo mundo investem em medidas para incentivar a
presença dos pais na rotina da escola. Em Nova York (Estados Unidos), onde
medidas fizeram com que a cidade fosse considerada um dos sistemas com
trajetória de forte melhoria no mundo, segundo um relatório da consultoria
Mckinsey, de 2008, existem políticas públicas específicas para estimular a
participação dos pais.
Uma das principais iniciativas tomadas pela prefeitura foi a de criar a
posição de coordenador de pais para cada uma das escolas públicas da
cidade. Esse profissional trabalha como mediador entre a escola e a família:
acolhe os pais, tira dúvidas e ajuda quem não pode participar de reuniões da
39
Associação de Pais e Mestres. No Brasil, o MEC, secretárias estaduais e
municipais começam a se engajar nessa luta para envolver a família. As
escolas brasileiras mais bem colocadas no Ideb (índice de desenvolvimento da
educação básica) também têm estratégias para atrair os pais para dentro da
escola. "Isso faz a diferença entre uma boa escola e uma mediana", diz Eliana
Aparecida Piccini Coelho, diretora da escola André Ruggeri, de Cajuru (SP),
com nota 7,9 no indicador governamental
A participação é importante, sim, e por isso o trabalho dos pais precisa
estar em sintonia com a escola. E, nada melhor, do que uma conversa (ou
várias) com o professor da criança para descobrir como ajudar. "A família tem
de contar com a escola para cuidar dos filhos, mas essa responsabilidade deve
ser compartilhada. Senão, vira um jogo de empurra-empurra e quem sofre é a
criança" diz Luciana Fevorini, coordenadora de ensino fundamental II do
Colégio Equipe, em São Paulo.
É papel da escola propor momentos de contato entre pais e
professores. Se a escola não fizer isso, a família pode exigir a abertura de um
espaço para conversa.
Muitos pais, no entanto, podem sentir-se constrangidos em questionar
os professores sobre a vida da criança na escola. O motivo, muitas vezes, é o
desconhecimento.
Demonstrar
interesse
pelo
aprendizado
do
filho,
independente do nível socioeconômico, é o primeiro passo para que ele
melhore na escola. "Mesmo que não tenham estudos, os pais podem, sim,
conversar com o professor", diz a pedagoga paulista Carmen Galuzzi.
A visita domiciliar tem o objetivo de orientar a família do educando,
quanto às mais eficientes maneiras de colaborar com a escola na educação de
seus próprios filhos, assim, o orientador educacional vai conscientizar a família
do que ela pode fazer, apesar de suas muitas limitações quanto à educação de
seus filhos, e a escola sozinha, está longe de poder realizar toda a tarefa de
adequada formação dos estudantes.
Na visita, o orientador vai criar um clima de cooperação e gerar
condições para um trabalho construtivo, positivo, integrativo e continuo, e
acima de tudo, atrair a família para a escola. Além disso, o orientador vai
conhecer melhor o nível sócio-econômico, cultural e educacional da família.
40
Para proporcionar uma educação de qualidade é necessário que a escola
entenda cada indivíduo como um ser único, pertencente a um contexto social e
familiar que condiciona formas diferentes de viver, pensar e aprender. É
necessário obter espaço para refletir sobre a realidade em que o educando e
suas famílias estão inseridos, ou seja, tudo o que contribui para a situação de
aprendizagem em que se encontram.
A visita domiciliar auxilia a escola a obter informações importantes
sobre o cotidiano do educando e com isso ajudá-lo, entende-lo e ajustá-lo ao
meio educacional. Também é uma maneira comum de atrair os pais para a
escola é por meio dos projetos pedagógicos. Convidar um adulto para contar a
história da família e do bairro e recordar as brincadeiras preferidas da infância
valoriza a participação familiar e coloca os responsáveis em contato direto com
o trabalho pedagógico.
Como formar famílias envolvidas em dez passos6, segundo a
professora Eliete Correa que ainda enfatiza: "Aprendo coisas novas cada vez
que participo de uma atividade coletiva”.
1- Fale sobre o projeto pedagógico, facilite a linguagem e mostre, desde a
matricula, como a escola concebe a Educação e planeja o trabalho
pedagógico;
2- Mostre o valor da rotina, trate da organização dos espaços e do tempo:
atividades diárias e projetos, currículo e segurança;
3- Destaquem as linguagens, fale da importância do brincar, expressão
artística, da fala e da escrita (conte como em que momento elas são
desenvolvidas);
4- Mostre como é a avaliação, explique como e quando ela é feita, por que
fazer um portfólio e por não comparar crianças;
5- Explore os recursos e materiais pedagógicos, dê atenção ao papel dos
brinquedos e dos livros no desenvolvimento motor e cognitivo;
6- Estabeleçam acordos de trabalho, mostre a função de cada funcionário e os
planos de capacitação. Peça colaboração durante a lição de casa, na
6
Exemplo de como atrair os pais na experiência da prof. ELIETE CORREA Dias da Silva da
Unidade Municipal de Educação Infantil Marli Sarney, em Niterói, na região metropolitana do Rio de
Janeiro.
41
adaptação, no desmame e na hora de abandonar chupeta e fraldas. Cobre a
presença em reuniões, cumprimento de horários, leitura diária da agenda e
organização diária da mochila;
7- Planeje os encontros, promova reuniões bimestrais coletivas e individuais,
além de palestras e oficinas sobre questões pedagógicas e de cuidados, e
festas e passeios para criar laços de amizade;
8- Mantenha canais de comunicação, utilize a agenda, produza um jornal e um
mural e envie e-mails;
9- Esteja disponível, receba bem críticas e sugestões, atenda sempre os
telefonemas e fique presente na entrada e na saída.
10- Utilize os saberes dos pais, planeje as inserções deles na aprendizagem
com a equipe de professores. Mas não se esqueça de combinar tudo com
antecedência.
Percebemos que a escola como uma instituição mediadora tem a
missão de possibilitar essa interação continua entre família e escola. Trazendoos a escola com as atividades diversificadas e do interesse de sua clientela.
O que fazer para motivar as famílias a irem à escola?7 De acordo
com a mestra em educação Armanda Zenhas.
1. Não culpabilizar os pais, seja de forma direta ou indireta.
2. Respeitar a sua dignidade e a sua privacidade. Não se devem nomear
alunos e respectivo mau comportamento diante de outros. Essa estratégia vexa
e não motiva nem orienta para a resolução. Quando se quer falar de um aluno
especifico, tal deve ser feito num atendimento individual.
3. Sugerir e/ou procurar, em conjunto com eles, estratégias de resolução.
4. Reuniões com conteúdo significativo.
Portanto, a tarefa de como atrair os pais para a escola devem ser uma
das finalidades primordiais da instituição. A referida deve estabelecer um
dialogo aberto com as famílias, considerando-as parceiras no processo ensinoaprendizagem, assumindo um trabalho acolhedor as diferentes expressões e
manifestações das crianças junto as suas famílias, valorizando e respeitando
7
ARMANDA ZENHAS Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica
de Professores, pela Universidade Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes
de Estudos Português e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães.
42
as diversidades, pois cada família constitui-se de experiências, historias e
diálogos diferentes, tendo a instituição de desenvolver capacidade de
observar, ouvir e também aprender com as famílias. Sugere-se, também que
no inicio do ano haja um contato mais especifico e individualizado com os pais,
principalmente com aqueles que são “novos” na instituição, pois nessa ocasião
será possível saber alguns aspectos relacionados à criança. Cabe a escola
tornar os pais participativos, levando ate eles o conhecimento da filosofia de
trabalho da instituição, as informações, qualificações e experiências.
Ressaltam-se que uma boa relação entre a escola e a família beneficiarão
todos os envolvidos, particularmente os alunos.
43
CAPÍTULO III
OS DESAFIOS DAS RELAÇÕES SOCIAS NA ESCOLA.
A importância da parceria escola x família no processo educativo do
ensino fundamental devem consistir em uma preocupação de todos os
profissionais da educação básica. As relações sociais na escola devem
fomentar a aproximação da comunidade nas discussões de propostas que
busquem qualidade no ensino-aprendizagem. Esses devem ser um dos eixos
centrais dessa educação, comum a todos os interessados em qualidades.
No entanto, o autor Vitor Henrique Paro (2004), sintetiza o
distanciamento da escola para com a comunidade e enfatiza a seguinte
pergunta: “Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade
participar da escola?” (p. 46). Isto deveria alertar-nos para a necessidade da
instituição se aproximar da comunidade, procurando investigar seus reais
problemas, dificuldades e interesses.
Marcos Bagno concorda com Paro e relata:
“Outra coisa que me intriga muito é a distância que ainda
existe entre a escola e a comunidade. Não falo da comunidade
em sentido amplo – bairro, cidade, estado -, mas da própria
comunidade formada pela escola e pela família dos alunos.
Por que não aproveitar, por exemplo, as habilidades/profissões
dos pais, mães, irmãos e demais familiares como “material
didático”? (2000, p.56)
A família é portadora de um vasto repertório que se constitui em
material rico e farto para o exercício do diálogo, aprendizagem com a diferença
e a não discriminação, desenvolvendo a capacidade de ouvir, observar,
aprender com elas e compreender seus valores ligados a procedimentos
44
disciplinares, a hábito de higiene, a formas de se relacionar com outras
pessoas, proporcionado também ações conjuntas.
Como em toda ação, há os embates de idéias, Dalmás lembra que
“vivenciar a participação envolve riscos e conflitos, num verdadeiro desafio aos
que lutam por um constante envolvimento dos membros da comunidade
educativa no processo participativo.” (1994, p.22), assim todos devem estar
conscientes do seu papel, sendo flexível às opiniões do grupo.
Não é fácil manter um trabalho de interação, por isso deve-se manter o
grupo permanentemente desafiado, para que esse processo não gere conflitos,
o que provoca cansaço e desânimo na sua continuidade.
A interação participativa na escola não deve reduzir-se apenas em
integrar escola e família, mas também promover a realização das pessoas
como sujeitos participantes da transformação da comunidade e da história da
escola ao qual estão inseridos.
Para Bastos et alii,
“[...], a escola que toma como objeto de preocupação levar o
aluno a querer aprender precisa ter presente a continuidade
entre a educação familiar e a escola, buscando formas de
conseguir a adesão da família para sua tarefa de desenvolver
nos educandos atitudes positivas e duradouras com relação ao
aprender e o estudar”. (2002, p. 66)
A perspectiva dessa interação abre para a escola o compromisso de
reeducar a comunidade e as famílias e colocar diante delas a necessidade de
sua participação na construção coletiva de uma comunidade escolar mais
democrática.
Para Dalmás “a pessoa faz história tomando parte na definição e na
construção de uma nova sociedade. [...]”. Assumir-se sujeito é participar e
comprometer-se com decisões e ações no processo histórico. (1994, p.19)
Todos na comunidade devem exercer sua cidadania buscando o
crescimento e o desenvolvimento das ações que norteiam a formação e a
participação na comunidade escolar.
45
A principal diferença entre a comunidade ativa e a passiva é
justamente a participação em todos os assuntos que dizem respeito aos
interesses da sociedade a que está inserida.
Bastos et alii alerta que:
“[...]. A crítica que se ouve com freqüência é a que medidas
com vistas à participação dos pais na escola acabam
redundando em mais um ônus às famílias desprivilegiadas
usuárias do ensino público, já tão sobrecarregada de trabalho
e de necessidades. Mesmo entre alguns pais se ouve a
alegação de que a obrigação de ensinar é da escola e que
eles, pais e mães, não têm tempo nem conhecimento para isso
[...]”. (2002, p.68).
O estímulo à presença das famílias e da comunidade na escola é algo
que raramente ser ver nas escolas, o que causa resistência, mas é válido para
a escola procurar sempre estar despertando sua participação, para por em
prática seu potencial em favor do desenvolvimento dos educandos.
A falta dessa interação, dessa postura de ouvir o outro, parece explicar
em grande parte o fracasso de iniciativas paternalistas de gestão colegiada e
de participação que, por mais bem-intencionadas que sejam, procuram agir
“em nome da comunidade”, sem antes ouvir as pessoas e os grupos
pretensamente favorecidos com o processo sem dar-lhes acesso ao
questionamento da própria forma de “participação”, pois não adianta somente
participar das reuniões rotineiras é essencial que as famílias e a comunidades
tenham vez e voz para discutir e dar sugestões.
No que se refere à educação, a legislação, brasileira determina a
incumbência da família e do Estado no dever de orientar à criança em seu
percurso sócio-educacional.
“A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho,
nas
instituições
de
ensino
e
pesquisa,
nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais”. (LDB: 1996, art. 1º).
46
A educação não se restringe somente a aquela oferecida na escola,
mas a todos os conhecimentos formais, não formais, e informais que podem
ser adquirido no decorrer da vida. A idéia de envolver a família e a comunidade
na formação dos filhos é de grande valia para ajudar educadores a detectar os
motivos da falta de atenção ou indisciplina dos estudantes envolvidos no
processo de aprendizagem, ambas deve caminhar coletivamente com uma só
finalidade, o crescimento intelectual do educando.
Portanto, para que haja evolução das relações sociais na escola, tanto
o corpo docente como as famílias e toda comunidade devem unir forças para
trabalhar a educação de forma coletiva para que os resultados sejam sempre
favoráveis para o desenvolvimento do discente, levando em consideração os
seus direitos e deveres como sujeito e cidadão que faz parte de uma sociedade
democrática. Havendo uma participação mais aprofundada da comunidade em
relação às atividades da escola, tanto a instituição quanto a comunidade serão
beneficiadas, visto que o sucesso no processo de ensino aprendizagem tem
como aspecto essencial a participação ativa de todos.
3.1 – Gestão participativa
O estudo sobre “A importância da parceria escola x família no processo
educativo do ensino fundamental” implica numa gestão participativa que haja
uma sintonia entre diretor, professores, alunos, familiares e todos profissionais
envolvidos no processo educativo. Sabe-se que não é fácil administrar
democraticamente, pois muitas vezes as pessoas interpretam gentileza com
gente lesa e passa a desrespeitar regras combinadas.
Gestão participativa não se concede se conquista, por isso, a
participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, que
não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos
e potencialidades que a realidade apresenta para a ação.
Para nós, a relevância da experiência está no próprio ato da sua
realização e no seu poder de recriação permanente, que se afirmam quando
Freire (2003 p.114) enfatiza: "Mas o que é impossível é ensinar participação
47
sem participação! É impossível só falar em participação sem experimentá-la.
Democracia é a mesma coisa: aprende-se democracia fazendo democracia,
mas com limites".
Ressaltamos que o sucesso da participação está intimamente ligado à
educação, contudo como diz Paulo Freire (1999 p. 18):
“Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não
se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da
injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o
diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se
não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo,
assim, a distância entre o que se diz e o que se faz”.
Essa visão, certamente, contribui para que se tenha uma maior clareza
do que se pode fazer no enfrentamento das questões sócio-educativas no
conjunto do movimento social. As ações de caráter pedagógico que as escolas
podem dirigir para favorecer as famílias devem fazer parte de seu projeto e
para que isso possa acontecer é fundamental que as ações em favor da família
sejam desenvolvidas e presididas pelos princípios da convergência e da
complementaridade.
Conforme Bastos et alli, “A gestão democrática da escola pública deve
ser incluída no rol de práticas sociais que podem contribuir para a consciência
democrática e a participação popular no interior da escola” (2002, p.22).
Nesta expectativa, a escola tem papel fundamental ao lado da família e
do meio social mais amplo, a escola é uma das esferas de produção de
capacidade de trabalho. Os profissionais da escola precisam propiciar um clima
de abertura e respeito, possibilitando momentos de discussões organizadas,
com pauta definida, com tempo e espaço que todos participem. “A escola
autônoma, democrática e participativa, deve sempre envolver professores,
diretores, pais e alunos na construção de um ambiente que favoreça o
aprendizado” (Bastos 2002).
Percebemos que, para envolver o publico na instituição escolar é
primordial que haja organização entre as pessoas, onde a escola deve ter a
48
incumbência de traçar a metodologia necessária para o momento pensando
sempre no coletivo e principalmente na participação ativa de todos.
Para Bastos et alli, (2002, p.22), “[...] não se pode desenvolver
atividades sem planejamento e uma metodologia, sem os quais não se pode
definir aonde se quer chegar”. Portanto para promover a participação na escola
ou em outras instâncias da sociedade, há obrigação do emprego de uma
metodologia adequada que conduza aos objetivos desejados.
No entanto, devemos nos respaldar para o desanimo e obstáculos
oriundo desta ação. Paro (2001, p. 17), relata:
“A participação da comunidade na escola, como todo processo
democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não
elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos
obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a
ação”.
A gestão participativa objetiva um maior entrosamento entre família e
os profissionais da escola, salientamos que é uma ação difícil, cheia de
obstáculos, perspectiva, criticas e poucas soluções. Contudo acreditamos que
quando as pessoas se unem num único propósito sempre se encontra
sugestões e soluções para qualquer situação.
Segundo Bastos et alii:
“É aqui que entra o tema da participação da população na
escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se
não se partir de uma postura positiva da instituição com
relação aos usuários, em especial com os pais e responsáveis
pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de
convivência
verdadeiramente
humana,
em
suma,
de
participação na vida da escola”. (2002, p. 66).
Enfatizamos a escola como espaço de construção, onde busca
estimular e descobrir as habilidades e potencialidades de cada individuo
inserido em seu ambiente. A postura positiva da escola ocasiona segurança
49
para os pais aguçando sua inserção possibilitando uma gestão participativa
que traz benefícios para todos.
Ao referir-se a escola e aos sistemas de ensino propriamente ditos, o
conceito de gestão participativa engloba além de outros funcionários, pessoas
da própria comunidade escolar: os pais, alunos e qualquer outro representante
da comunidade que esteja interessado na escola e na melhora da qualidade do
processo ensino-aprendizagem.
Para Luck (2002), trabalhar coerentemente o conceito de gestão já
pressupõe, em si, a idéia de participação, isto porque o trabalho participativo
deve estar ligado às pessoas que analisam situações, decidindo sobre seu
encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto, nunca isoladamente ou
centralizando suas atividades. Entendemos que o êxito de uma organização
depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho
associado, mediante reciprocidade que cria como um “todo” orientado por uma
vontade coletiva.
Enfim, o que almejamos é formar uma sociedade justa, com direitos
iguais para todos, sem fome, sem “vândalos”, uma sociedade fraterna e
democrática, com homens críticos, politizados, capazes de superar os
preconceitos sociais e que todos, vivenciem seus direitos e deveres presentes
na constituição brasileira. Com homens críticos, justos, com princípios éticos e
solidários. Defendemos uma sociedade em que valores como solidariedade,
fraternidade e honestidade, devem ultrapassar as barreiras do individualismo,
pois a cada momento de nossas vidas estamos construindo a nossa história e
uma gestão democrática é fator essencial nesse processo.
50
CONCLUSÃO
Finalizemos este trabalho sobre “A importância da parceria escola x
família no processo educativo do ensino fundamental” com uma reflexão que
enfatiza a responsabilidade de todos no desenvolvimento educacional da
criança.
Constatou-se que a educação é uma tarefa que envolve todos os seres
humanos. Em especial a família e a escola que direciona todos os seus
objetivos na busca de qualidade no desenvolvimento da criança.
Evidenciou-se primordialmente nesta pesquisa a ausência das famílias
na escola. O desinteresse dos pais sobre o desenvolvimento acadêmico do
filho e também a falta de apoio a escola nas discussões pedagógica.
Destacou-se o jogo do empurra em empurra sobre de quem é a
responsabilidade disso ou daquilo. A questão da indisciplina, desinteresse e
baixo desempenho decorrente da ausência de parceria entre escola x família.
Após ter feitas as leituras e coleta de dados de vários teóricos,
pesquisadores e estudiosos do tema em questão, concluiu-se que o
distanciamento entre escola e família requer uma tomada de decisão urgente,
com a finalidade de buscar possíveis soluções, onde se constatou que a
responsabilidade na educação primeiramente é dos pais e cabe a escola
proporcionar oportunidades de aproximar e inserir a instituição nos projetos
pedagógicos, planejamentos entre outras atividades que possibilitem trabalhos
coletivos.
Conforme foi demonstrado no decorrer da pesquisa dividida nos
capítulos, pode-se perceber que é essencial que a escola valorize a família e
as tenha como uma aliada nas ações educativas que atendam as
necessidades pessoais e culturais da criança.
No primeiro capitulo, estudou-se “a importância da parceria escola x
família”; conceituando escola, família e educação; assim como, analisou-se o
papel da escola e da família, onde se enfatizou o trabalho coletivo, integrativo e
51
continuo unificando objetivos e discutindo metas que superem os obstáculos do
processo educativo.
No segundo capitulo, abordou-se “o desenvolvimento social, afetivo e
cognitivo”, com estratégias de como atrair as famílias para a escola. Neste
assunto concluíram-se a necessidade de situar os pais sobre a importância de
formar parcerias entre escola e família para que juntas encontrem alternativas
que possibilitem um ensino de qualidade com as duas instituições lado a lado.
No terceiro capitulo, refletiu-se “os desafios das relações sociais na
escola” bem como a gestão participativa, que demonstrou as dificuldades de
interação entre escola e família e as perspectivas de um relacionamento mais
próximo. Percebeu-se que o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos
de sua vida deve ser amplamente acompanhado primeiramente de sua família
e em seguida pelas escolas onde ambas devem unir estratégias que agucem
todo o potencial do estudante. Também ficou entendido nas pesquisas que a
parceria escola x família exigem das instituições uma interação de dialogo
recíproco. Para que isso aconteça é fundamental que exista na escola uma
gestão participativa, onde todo trabalho desenvolvido pelos profissionais devem
ser discutido com a participação da família.
Este foi um trabalho totalmente fundamentado numa pesquisa
bibliográfica que buscou vários pesquisadores e teóricos com estudos no tema
em questão. Não tivemos com a referida pesquisa a intenção de esgotar a
problemática, contudo destaquemos nas referencias bibliográficas os mais
renomados teóricos para que sirva de orientação para os próximos
pesquisadores que se interessarem pelo tema.
Concluiu-se a pesquisa com os anexos, que trouxe informações tanto
dos pais, quanto da escola.
52
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•PAROLIM, Isabel. As dificuldades de aprendizagem e as relações
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•PRESTES, Irene. Carmem Piconi. Psicologia da educação - Curitiba: IESDE,
2005
•SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed.
São Paulo: Cortez, 2007
•SZYMANSK, A. A relação escola/ família: desafios e perspectivas. Brasília,
DF, Plano Editora, 2003.
54
•WEREBE, Maria José Garcia. Grandezas e Misérias do Ensino no Brasil 30 anos depois. São Paulo: Ática, 1997.
•TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
•TOBIAS, José Antonio. Como fazer sua pesquisa. São Paulo: 3ª Edição,
1992.
55
ANEXOS
56
ANEXO – 01
Para que a escola chama os pais?8
Ø Para que os pais nos ajudem a conhecer
melhor os filhos e, portanto melhorar
nossos encaminhamentos;
Obter informações
Solicitar ajuda
especializada
Dar informações
Ø Para verificar se há novos acontecimentos
na família que justifiquem mudanças
bruscas no comportamento dos alunos.
Ø Para mostrar aos pais que a criança
necessita de ajuda especializada;
Ø Para informar sobre o contato com os
especialistas que tratam o aluno.
Ø Para tranqüilizar os pais em relação a
comportamentos novos e comuns a faixa
etária;
Ø Para anunciar os encaminhamentos que
serão ou estão sendo dados.
Ø Quanto a:
Orientar ou estabelecer
procedimentos comuns
casa x escola:
Ø Questões gerais da idade;
Ø Lições de casa e organizações;
Ø Conflitos interpessoais na escola;
Ø Questões ligadas aos aspectos
pedagógicos.
8
FONTE: VEZ DO MESTRE, Pós-Graduação Psicopedagogia por Tânia Regina G da Rocha em
2005, (www.vezdomestre.edu.br).
57
ANEXOS – 02
Para que os pais procuram a Escola?9
Queixar-se do trabalho
pedagógico.
Obter informações.
ü O professor não agiu de forma adequada;
ü O filho não esta aprendendo tal coisa.
ü Como o filho “esta indo” na escola.
ü Sobre vida familiar;
Dar informações.
ü Sobre mudanças significativas no
comportamento dos filhos.
ü Sobre o que fazer nas situações de conflito;
Solicitar orientação.
Reclamar da instituição.
9
Sobre o crescimento dos filhos.
ü Infra-estrutura entrada e saída.
FONTE: VEZ DO MESTRE, Pós-Graduação Psicopedagogia por Tânia Regina G da Rocha em
2005, (www.vezdomestre.edu.br).
58
ANEXOS – 03
FAMÍLIA E ESCOLA PARCEIROS OU RIVAIS?10
A professora Rosely Sayão responde a professores de todo Brasil. Ela
propõe que a relação entre escola e família seja repensada, no sentido de
construir uma nova parceria em prol de uma educação democrática, que tenha
em vista a autonomia e a cidadania.
1. Qual a diferença na aprendizagem do aluno cuja família freqüenta a escola e
a do aluno cuja família não freqüenta? (Maria Nazaré da Silva Santos de Maceió/AL)
Resposta:
Há mais de um aspecto nessa questão, pois depende do motivo que leva a
família a escola. A escola tem um projeto pedagógico, uma filosofia
educacional, e em geral discute isso com os pais, em reuniões. No entanto,
muitas vezes os pais são chamados com grande freqüência só para falar dos
problemas que o aluno apresenta e, nesse caso, nem é preciso à presença
constante da família, que deve confiar na competência da escola para resolver
os problemas de comportamento ou as dificuldades do aluno. Mas o pai que
freqüenta as reuniões pedagógicas e acompanha a proposta da escola, este
sim pode ajudar, e muito. Sua presença é um sinal de seu interesse, e ao
incentivar o filho a ir à escola, insistir para que vá todos os dias, organizar o
tempo para que estude, esta de fato ajudando. O resto é com a escola.
2. Você concorda que a chamada a família para participar da educação escolar
da criança expõe a fragilidade da própria instituição escolar, da própria família?
(Jose Luciano Ferreira de Almeida/ Curitiba/PR).
Resposta:
A questão é bem complexa, porque muitas vezes fica difícil estabelecer a linha
divisória entre o que é publico e o que é privado. A escola é um espaço publico,
a família é um espaço privado. A escola não deve invadir o espaço da família,
10
FONTE: TV ESCOLA, Revista 28 – Agosto/ Setembro 2003 (Entrevista com a professora e
psicóloga Rosely Sayão).
59
mas o contrario também não pode acontecer. A família é o lugar da unidade, da
continuidade; a escola, o lugar da diversidade, da diferença. Nem a família,
nem o professor devem ter medo de expor suas fragilidades – todos nós as
temos. Se a escola tiver um plano de trabalho bem estruturado, não há o que
temer: o professor terá a possibilidade de contar com algum colega para
superar as eventuais inseguranças.
3. O que fazer quando a família não dá continuidade ao processo de formação
de cidadania que a escola desenvolve? (Luzia Magna de Alencar Saraiva de Crato/CE)
Resposta:
O melhor a fazer é enfatizar mais ainda a formação dada na escolar: o que o
aluno aprender ali, ele irá levar para casa. Antigamente, tanto a escola quanto
a família eram autoritárias, e ninguém pensava na relação da escola com as
famílias. À medida que foi sendo valorizada a individualidade das crianças, a
escola começou a chamar os pais, buscando conhecer um pouco mais seus
alunos. Estabeleceu-se uma relação às vezes identificada como parceria que,
com freqüência, se manifesta muito mais como rivalidade. E os papeis foram se
confundindo. Hoje podemos pensar em uma educação mais democrática, e às
vezes não sabemos o que fazer. Esse modelo precisa ser construído na
pratica, nas ações do dia-a-dia.
4. A participação das famílias na escola está ainda muito relacionada a
questões informativas e/ou festivas. Que situações podem ser criadas para que
de fato as famílias participem do processo pedagógico?
(Nelci Fátima Medeiros
Carvalho de Rio Branco /AC)
Respostas:
O processo pedagógico é da competência da escola. Os pais não têm curso
para serem professores de seus filhos, mesmo se forem de fato professores. A
parceria importante da família com a escola é no sentido de estimular a criança
a se envolver ativamente na vida escolar, a ter curiosidade por aprender e
interpretar o mundo. Por que o aluno vai para a escola? Com freqüência ele diz
“porque meu pai manda”, isto é, não é algo de seu interesse. Cabe a escola
transformar esse impulso em um gosto pelo saber e pela própria escola,
60
permitir que o aluno entenda o sentido de saber fazer contas de dividir e
multiplicar, escrever bem o português. Mas, um sentido pratico para sua vida.
Ao achar que os pais precisam ajudá-lo no seu trabalho, o professor diminui
sua própria responsabilidade. Quando um professor encontre uma dificuldade,
ele logo pensa “por mais que eu ensine esse aluno não aprende”, em vez de
imaginar que talvez seu método, ou seu plano, esteja equivocado. Ele
responsabiliza o aluno ou a família, não se interroga. O mau desempenho dos
alunos é responsabilidade do professor, muito mais do que ele imagina. Isso
pressupõe que ele mude sua postura diante do conhecimento, admitindo que
sua responsabilidade social é imensa.
5. Como a escola pode estimular a participação das famílias nas lições de casa
dos filhos e nas atividades extraclasse (entrevistas, pesquisas etc.)? (Francisca
Pinheiro de Souza Borges de Teresina/PI)
Resposta:
Para a lição de casa ter sentido, é indispensável que a criança consiga fazê-la
sozinha. Se ela precisar da ajuda dos pais, a escola estará apostando na
dependência, e não na autonomia. Mas os pais também têm seu papel. A
criança não é capaz de dar conta sozinha de todas suas responsabilidades,
prefere brincar a fazer lição. Cabe aos pais estabelecer a hora de fazer a lição
de casa, ajudar na organização, cobrar... Mas não é seu papel sentar ao lado,
ou mesmo ajudar a fazer a lição.
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Maria Antônia Barreiros de Moura