AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PE LA LE I DE DI R EI TO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE ID O A importância da parceria escola x família no processo Por: Maria Antônia Barreiros de Moura DO CU M EN TO PR OT EG educativo do ensino fundamental Orientadora: Profª. MS Fabiane Muniz Tutor (a): Profª Narcisa Castilho Melo Porto Velho/RO 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau especialista em Psicopedagogia Institucional. Por: Maria Antônia Barreiros de Moura de 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela força recebida, a coragem e a persistência para superar os obstáculos oriundos desta especialização e por tudo de bom que ele tem me proporcionado. A minha família pelo apóio e estímulo, a esta etapa da minha vida acadêmica. A Conceição pelo carinho e bom atendimento sempre nos motivando e transmitindo segurança para continuarmos no curso. A minha prima Sula Moura que supriu minha ausência de mãe cuidando carinhosamente bem de minha filha Gabriele Sofia. Aos mestres, que socializaram seus conhecimentos, colocando necessárias em minhas para a mãos as ferramentas concretização de meus objetivos. Ao coordenador do Pólo UAB Sr Sobrinho e aos técnicos Cícero e Sissa que direto e indiretamente contribuíram na realização deste trabalho. A todos aqueles em especial a professora Luciete, pela ajuda, presteza e paciência que gentilmente se disponibilizou a revisar esta pesquisa em um dos momentos mais difíceis dessa longa caminhada. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Antônio Vieira de Moura e Marlene Barreiros Lopes, pelo incentivo e dedicação. A todos os meus familiares, meus irmãos Luzinaldo, Fábio, Francisco, Romário, Conceição e Cristiane, que muito me incentivaram a prosseguir nesta jornada para realização dos meus objetivos. E em especial ao meu maior tesouro Gabriele Sofia motivo de alegria e realização. 5 RESUMO Este trabalho discorre sobre “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental”, visa formar uma parceria que unifique as mesmas finalidades em prol de uma educação de qualidade. A problemática em pesquisa é como solucionar a indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrentes da ausência de parceria entre escola x família. Têm-se como objetivos principais: verificar atitudes da escola e da família com relação à problemática em questão, assim como, identificar como a escola e a família vêm trabalhando a questão da indisciplina, desinteresse e baixo desempenho das crianças no processo educativo; pesquisar estratégias que estimule a aproximação da escola com a família ou vice versa. Com a intenção de solucionarmos estes problemas sintetizamos vários teóricos e pesquisadores que vem pregando com veemência a necessidade de uma parceria entre escola e família para uma educação solida, critica e reflexiva. Destaca-se como principal nesta pesquisa o trabalho coletivo entre escola e família com base em grandes pesquisadores discutindo as dificuldades e propondo possíveis soluções acerca dos seguintes assuntos: a importância da parceria escola x família; com os conceitos de escola, família e educação; enfocando o papel da escola e da família; salientando o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo das crianças; traçando estratégias de como atrair as famílias para a escola; utilizando-se de uma gestão participativa; relatando-se os desafios das relações sociais na escola como uma meta a vencer cooperativamente. Finalizamos esta pesquisa com as conclusões, referencias e anexos. PALAVRAS-CHAVE: parceria – escola – família – educação. 6 METODOLOGIA Para realizar este trabalho de cunho teórico, sobre a importância da parceria escola x família, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica, empregando-se uma abordagem critico-dialetica, pois a mesma defende a importância de conhecer a realidade em sua concreticidade, contextualizando-a historicamente, as intenções entre os sujeitos em processos de ação-reflexãoação. Assim sendo, o estudo foi fundamentado dentro dos princípios já supramencionados de forma descritiva com base em renomados pesquisadores como: Paro, Dalmás, Ceccon, Freire, Wallon, Parolim, Malconado, Szymansk entre outros que muito contribuíram para a realização desta pesquisa. De acordo com Severino (2007, p. 89): “A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes nos textos”. Diante disso a pesquisa realizou-se a partir das seguintes etapas: Ø Primeiro pesquisou-se amplamente vários teóricos e estudiosos do tema em questão; Ø Selecionaram-se os teóricos e pesquisadores mais relevantes para a problemática; Ø Sintetizou-se e analisaram-se as principais contribuições, sugestões e criticas fornecido nos livros, artigos e revistas sobre o assunto em pauta; 7 De acordo com Tobias (1992) “a metodologia, como o nome indica, é a ciência que trata do método, o qual por sua vez, vendo parte da lógica material, é o caminho seguido pela razão humana para a aquisição da verdade”. (p.13). Neste sentido utilizou-se a pesquisa bibliográfica durante todo percurso de investigação. Optou-se pela pesquisa bibliográfica devido à consistência cientifica nas informações, onde se constatou que a integração escola X família é imprescindível no desenvolvimento da criança, pois a família como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento integral da criança/adolescente. Em resumo, esta pesquisa se propôs trabalhar cooperativamente refletindo sobre o material pesquisado enfocando primordialmente, o intercâmbio dos resultados obtidos com vistas a ampliar a compreensão dos fenômenos que emergem das diversas situações individuais e institucionais em que a família está envolvida, buscando convergências e divergências a nível teórico. À busca conjunta de alternativa de soluções aos problemas encontrados, bem como, sugestões para intervenções mais eficazes. Esperamos que o estudo apresentado acerca da temática pesquisada com fundamentos teóricos e embasada na realidade da escola e da família possibilite aos alunos, e todo corpo docente a compreender a necessidade bem como as contribuições fornecidas pela investigação. A pesquisa objeto deste trabalho delimitou-se acerca da educação, com base nas participações e atividades desenvolvidas no ambiente escolar pelos professores, gestores, família e alunos do ensino fundamental, no período de agosto de 2009 a julho de 2010, no município de Labrea-Amazonas. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................09 CAPÍTULO I – A IMPOTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA X FAMÍLIA NO PROCESSO EDUCATIVO DO ENSINO FUNDAMENTAL.......13 1.1– Conceituando escola, família e educação............................18 1.2– O papel da escola e da família.............................................28 CAPÍTULO II– O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, AFETIVO E COGNITIVO...33 2.1 – Como atrair as famílias para a escola.................................37 CAPÍTULO III – OS DESAFIOS DAS RELAÇÕES SOCIAS NA ESCOLA.......43 3.1 – Gestão participativa.............................................................46 CONCLUSÃO...................................................................................................50 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................52 ANEXOS............................................................................................................55 9 INTRODUÇÃO O tema desta pesquisa intitulada “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental” tem como problema principal a indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente da ausência de parceria entre escola x família. O tema sugerido é de fundamental relevância educadores que e buscam discussão entre incessantemente teóricos, encontrar pesquisadores estratégias e que possibilitem escola e família a caminharem numa mesma sintonia. Visto que a ausência de parceria entre ambas se reflete em indisciplina, desinteresse e baixo desempenho das crianças. Bem como, é nítido o quanto a defasagem da educação pública vem aumentando no decorrer dos anos devido à falta de integração entre escola e família. Sabe-se, que educar é uma tarefa árdua, é por este motivo, que as famílias têm que estar sempre atentas e acompanhar os acontecimentos do cotidiano de seus filhos. Qualquer forma de participação dos pais é de grande relevância para que eles não fiquem alheios às mudanças que acontecem na vida das crianças, já que grande parte dessa transformação acontece, é claro, dentro da instituição escolar e das salas de aulas. A família é fundamental para o desenvolvimento da criança, é no meio familiar que o indivíduo tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com a linguagem, e com a aprendizagem, assim como aprende os primeiros valores e hábitos. Tal convivência é essencial para que a criança se insira no meio escolar sem problemas de relacionamento, disciplinar e desinteresse. O ponto primordial dessa pesquisa serão as práticas educativas, planejadas, investigadas e refletidas criticamente em processo colaborativo entre escola, alunos e famílias de escola pública do ensino fundamental, por meio da contextualização da temática e relatos de práticas educativas. Também se justifica pela necessidade de acompanhar a questão da parceria 10 escola x família e seus reflexos de significação nas crianças/adolescentes do ensino fundamental. Percebe-se que com a união de escola e família trilhando o mesmo propósito surgem possibilidades de parceria de sucesso entre escola e família, pois acreditamos que só assim poderemos realmente fazer uma educação de qualidade e que possa promover o bem estar de todos reduzindo o baixo desempenho dos alunos. Justifica-se também pela necessidade de contribuir por uma sociedade coerente em que seus atores conheçam e cumpram seus papéis em todos os processos, sobretudo, no processo educacional, sem deixar de lado o familiar e o social. Pesquisas demonstram que as crianças que têm o acompanhamento familiar, boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros têm bom rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não apresentando dificuldades no processo de aprendizagem. A importância da parceria escola x família no processo educativo visa o acompanhamento familiar das crianças nas atividades propostas pela escola. Sendo assim a participação recíproca entre escola e família pode evitar uma possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando. Ressalta-se que se houvesse essa parceria, possivelmente não ocorreria tanta defasagem na educação. No entanto, percebemos que com ingresso crescente das mulheres no mercado de trabalho reduziu significativamente o tempo dedicado à convivência familiar. Uma das conseqüências dessa nova realidade é que os pais delegam à escola maior responsabilidade em relação à educação de seus filhos e exigem da escola atitudes que são de sua competência, tais como a formação de valores morais, do caráter, além da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade. Por outro lado, algumas “famílias sentem-se desautorizadas pelo professor, que toma para si tarefas que são da competência da família.” (Szymanski, 2003, p. 74). Portanto, diante da realidade de falta de diálogo e interação recíproca entre escola e família surge à importância da parceria escola x família que 11 buscará conhecer o imaginário social da família como contribuição a educação dos alunos, tendo em vista subsidiar intervenções em níveis preventivos, propomos a estudar tanto o cotidiano escolar como a realidade da família em situações de dificuldade, com vistas à melhoria da qualidade do ensinoaprendizagem. Entendemos que a intervenção na perspectiva de parceria entre escola x família deve ser um processo contínuo, com múltiplas possibilidades, que retroalimenta na construção das mudanças positivas. São, portanto, objetivos deste estudo verificar atitudes da escola e da família com relação à indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente da ausência de parceria entre escola x família no processo educativo do ensino fundamental, assim como, identificar como a escola e a família vêm trabalhando a questão da indisciplina, desinteresse e baixo desempenho das crianças no processo educativo; reconhecer as diferenças e dificuldades de cada família dentro do ambiente escolar; analisar as vantagens e desvantagens da participação e/ou ausência da família e da escola no processo educativo; pesquisar estratégias que estimule a aproximação da escola com a família ou vice versa. Tem-se como hipótese que o emprego de ações pedagógicas dissociadas não contribui na parceria escola x família. Vale ressaltar que, pretende-se utilizar estratégias que possibilitem uma reciprocidade contínua nas atividades escolares entre escola e família. Pois, o intuito da parceria é ajudar a família, sobretudo, poder sensibilizar os pais, os adultos que são responsáveis pelo crescimento dos filhos. O referido trabalho está dividido em tópicos: onde se inicia com um Resumo da referida pesquisa; a Metodologia indicando como foi elaborado este trabalho; o Sumário com os temas estudados e refletidos devidamente numerados; a Introdução e os Capítulos estruturados em tópicos: onde no primeiro capítulo ressaltamos a importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental; com os conceitos de escola, família e educação; ressaltando-se o papel da escola e da família. No segundo capítulo enfocamos o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo; traçando estratégias de como atrair as famílias para a escola; utilizando-se de uma gestão participativa; e finalizamos com o terceiro capítulo ressaltando os 12 desafios das relações sociais na escola; assim como as conclusões, bibliografias e anexos reforçando ainda mais o estudo com contribuições e anseios de uma parceria escola x família. 13 CAPÍTULO I A IMPOTÂNCIA DA PARCERIA ESCOLA X FAMÍLIA NO PROCESSO EDUCATIVO DO ENSINO FUNDAMENTAL. O presente capítulo traz uma reflexão acerca da temática “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental”. Bem como, tem a finalidade de sensibilizar instituição, pais e alunos numa parceria que almeje o mesmo propósito, com discussões e análise em prol de uma educação mais sólida que formem cidadão capaz de construir algo positivo para o coletivo. Nesse sentido, é importante que família e escola saibam aproveitar os benefícios desse estreitamento de relações, pois isto irá resultar em princípios facilitadores da aprendizagem e formação social da criança. “[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.” (Parolim, 2003, p. 99). Em vista disso, é que destacamos a necessidade de uma parceria entre Família e Escola, visto que, apesar de cada uma apresentar valores e objetivos próprios no que se refere à educação de uma criança, necessita uma da outra e, quanto maior for à diferença maior será a necessidade de relacionar-se. Porém, é importante ressaltar que nem a escola e nem a família precisam modificar a forma de se organizarem, basta que estejam abertos à troca de experiências mediante uma parceria significativa. 14 A escola não funciona isoladamente, faz-se necessário que cada um dentro da sua função, trabalhe buscando atingir uma construção coletiva, contribuindo assim, para a melhoria do desempenho escolar das crianças. Por isso salienta-se Leila Franco Sanchez 1 “Eu educo, Tu educas, Nós educamos em comunhão: Família, Escola e Comunidade juntos na Educação”. A importância da parceria Escola x Família não diz respeito apenas aos filhos x alunos, mas a todos, familiares, professores e comunidade em geral, que se configuram na busca incansável pela educação. Pois, vida familiar e vida escolar perpassam por caminhos concomitantes. É quase impossível separar aluno/filho, por isto, quanto maior o fortalecimento dessa relação família/escola, tanto melhor será o desempenho escolar desses filhos/alunos. Segundo Brandão (1981, p. 7): “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. [...] Não há uma forma única sem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante”. (1981, p. 7). Parece contraditório dizer que ninguém escapa da educação, na verdade quando Brandão diz que ninguém escapa da educação é porque existem varias formas de educar. Contudo ressaltamos a educação formal ministrada na escola e a informal ensinada pelas famílias. Diante de pesquisas percebemos que a educação tem como seu principal responsável a família, e que a nos instituição cabe apoiar e completar com o trabalho formal e socializador esse processo educativo. 1 Professora Esp. Psicopedagoga da Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz – FACIBRA, da Rede Pública de Ensino – SEED/PR. 15 Um ensino de qualidade não pode ser fruto só de um bom trabalho docente, em especial, nos momentos de globalização2. Precisa, fundamentalmente, de uma relação de interação com os pais tendo em vista a sua responsabilização efetiva, cooperação e envolvimento em algumas tomadas de decisões. Quanto mais for se desenvolvendo a participação, os receios vão se dissipando, e verificar-se-á que, para um ensino de qualidade, necessitamos do engajamento dos pais, do diálogo sistemático com eles, de sua intervenção como também responsável no processo de ensino e aprendizagem. Daí a importância da parceria escola x família em sensibilizar todos os envolvidos no processo de aprendizagem. É um trabalho difícil, mas que pesquisas demonstram resultados satisfatórios. Claro que falar em parceria é fácil. Construí-la é um trabalho exigente que terá de levar em consideração as condições reais da Escola, da família e, também, desses novos filhos/alunos. É uma parceria entre instituições distintas. Se a desejamos eficazes temos de reconhecer as características de cada uma e desvendar as peculiaridades das mesmas alem de descobrir as pontes possíveis existentes. Ao refletir acerca do tema “Parceria Família x Escola” percebe-se não estar presente um terceiro componente, o “filho – aluno”. Afinal é ele o elo destas duas instituições, ambas em “crise”, sendo criticadas pelo que “não” fazem (e deveriam fazer) numa realidade de intensas transformações. Por mais que seja criticada a Escola e a Família vista como desestruturada, ambas são instituições valorizadas. Talvez seja o aluno quem capte o atual desejo da Escola como instituição de ter a família mais próxima dela, para enfrentar as atuais dificuldades, senão as intencionalidades e obrigações decorrentes para efetivar a parceria desejada. Se pensarmos em parceria entre estas duas instituições, temos de compreender suas diferenças. Na educação dos alunos valoriza-se sua 2 Segundo Silva: “O mundo que a globalização produz envolve diferentes movimentos e sentidos. No caso da Amazônia, os impactos da globalização confundem com os processos de domínio da natureza, de ocupação econômica, de fronteiras físicas e políticas”. (1999, p.3). 16 autonomia, autenticidade e criticidade. Onde escola e família devem unir forças para que seja despertado o potencial do mesmo. Contudo, sabe-se que a família coloca filhos na escola e não alunos, mas esta recebe alunos e não filhos. Assim como a família lida com os filhos 24 horas por dia, durante a semana toda. Já a escola lida com os alunos por período determinado e, normalmente, apenas algumas horas em 5 (cinco) dias da semana. Ressaltamos a importância da parceria escola x família no processo de aprendizagem, com a idéia de que a escola não tem como resolver sozinha as contradições e os novos desafios da família, sendo relevante que ambas estabeleça uma constante reciprocidade. Diante da problemática indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente da ausência de parceria entre escola x família, problema esse que tem se tornado cada vez mais recorrente nas instituições de ensino. Nesta expectativa, ressalta-se Ceccon (1983) quando este diz que: “Os pais devem encorajar e elogiar as aprendizagens das crianças. Para tal podem propor à criança que faça a autoavaliação dos seus desempenhos. Podem perguntar-lhes: achas que conseguistes alcançar teus objetivos? Serás que te esforçastes o suficiente? De forma a ajudá-las a refletir e a delinear estratégias para melhorar o rendimento.” (1983, p.39). É essencial que os pais valorizem o esforço das crianças, por menores que sejam, pois esse incentivo reage positivamente às atividades desenvolvidas, fazendo comentário de ânimo sobre a escola, ajudando-os nos momentos difíceis e nas dificuldades de aprendizagem. Não temos a intenção com esta pesquisa de trazer uma receita milagrosa que aponte o que a escola ou família devam fazer para solucionar a problemática. No entanto sugerimos uma reflexão com uma dupla pergunta: “O que a família espera da escola e o que a escola espera da família? Com base na pesquisa as famílias estão cada vez mais depositando a escola toda responsabilidade de educar, criar valores além de sua principal função que é de ensinar o conteúdo programático. Já a escola como já foi mencionado anteriormente recebe alunos e não filhos e isso designam uma 17 menor autoridade sob os alunos para lidar com a indisciplina, desinteresse e conseqüentemente o baixo desempenho. Portanto a principal perspectiva da parceria escola x família é trabalhar temas do cotidiano que desperte interesse e ajude canalizar a indisciplina em ações pensadas, inteligentes permitindo a escola exercer sua função transformadora criando um elo social entre família e instituição ambas trilhando um único objetivo educar para a vida. A articulação entre a escola e a família é fruto de reflexão e trabalho solidário e participativo, comprometidos com a formação de cidadãos responsáveis pela transformação da sociedade na qual está inserido. Somente por intermédio dessa interação, haverá um considerável envolvimento dos pais e comunidade, possibilitando uma visão crítica e totalitária que trará benefícios para ambas as partes. Na concepção de Bastos et alii: “É aqui que entra o tema da participação da população na escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se não se partir de uma postura positiva da instituição com relação aos usuários, em especial com os pais e responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana, em suma, de participação na vida da escola”. (2002, p. 66) A perspectiva da participação através dessa interação é condição fundamental para o pleno exercício da cidadania, pois a escola é o lugar onde a criança vive, sente, age e reage na busca da construção de sua identidade e autonomia e juntamente com a família torna-se mais participativo e consciente de seus direitos e deveres. Sabe-se que a educação não é apenas dever do Estado, mas de toda a sociedade, onde as escolas garantam uma prática pedagógica que leve ao pleno exercício da cidadania, levando-se em conta as experiências de vida e a realidade social de seus alunos. A escola que tem como objetivo permitir que as famílias e a comunidade participem e discutem as atividades que estão sendo desenvolvidas, possibilita conhecer seus contextos de vida, como também seus 18 costumes e valores culturais, favorecem e complementa o trabalho pedagógico, o que significa dar ao aluno oportunidade de participar de atividades que possam favorecer o ensino-aprendizagem e, conseqüentemente, o desempenho escolar. Desse modo, tende a fortalecer os efeitos positivos e as trocas de saberes decorrentes da relação da escola com a família, ampliando o universo de conhecimentos dos alunos por meio de atividades culturais, respeitando aos diferentes modos de agir e pensar valorizará seus costumes e tradições, ao mesmo tempo em que prioriza as necessidades educacionais, por meio de um diálogo aberto com as famílias, considerando-as assim parceiras e integrantes do processo educacional. 1.1 – Conceituando escola, família e educação ESCOLA: Escola pode se referir a uma instituição de ensino ou a uma corrente de pensamentos com características padronizadas. É um espaço que possibilita transformações, desperta potencial, organiza conhecimentos prévios e projeta sonhos. Segundo o Dicionário Aurélio, (2001): “Es.co.la sf. 1. Estabelecimento público ou privado onde se ministra ensino coletivo. 2. Alunos, professores e pessoas duma escola. 3. Sistema ou doutrina de pessoa notável em qualquer dos ramos do saber”. Uma escola agradável e democrática com profissionais comprometidos aguça o interesse dos alunos estreitam os laços entre instituição e família facilitando a aprendizagem, bem como forma parceria para buscar soluções para aqueles alunos indisciplinados e desinteressados. No processo de aprendizagem a escola representa o momento culminante. Educa de modo consciente almejando eficaz num tempo infinitamente curto. Neste sentido, trabalham-se com os alunos com os problemas de seu tempo de forma clara e objetiva, sem preconceitos nem exageros, mas também sem dissimulações. 19 Em suma, a escola de acordo com Pestalozzi (1946) e Dewey (1962) tem sido considerada um meio de melhora social. Doutro modo, a escola não seria mais do que um asilo de crianças e, não uma “oficina de homens” como queria Comenius. No entanto, a instituição escola teve sua gênese no lar, nas comunidades passando pelas fábricas num processo de industrialização. Segundo Enguita (1989): “Sempre existiu algum processo preparatório para a integração nas relações sociais de produção, e com freqüência, alguma outra instituição que não a própria produção em que se efetuou esse processo. Nas sociedades primitivas podem ser os jogos ou as fatrias 3 de adolescentes, marcado seu desenvolvimento por algum que outro rito de iniciação. Em alguns casos, a iniciação de crianças e adolescentes é responsabilidade dos adultos em geral ou dos anciãos; em outras, de estruturas mais ou menos fechadas de parentesco ou da família, que é de qualquer forma uma estrutura ampliada”. (1989, p.105). Do ponto de vista da sociedade, a primeira função da escola é a de manter e de transmitir cultura, na medida em que procura transmitir padrões culturais básicos para a sobrevivência da sociedade. Ao fazer isto - transmitir cultura - a escola age como mantenedora do "status quo", uma vez que é parte da sociedade, todo ao qual pertence enquanto grupo social. Seus objetivos são elaborados a partir e em função desse todo. Pensando a escola, na sociedade brasileira, a vemos marcada por profundas desigualdades sociais e econômicas, onde a concentração de renda deixa a maioria da população empobrecida, e a sem perspectivas de acesso a um ensino de qualidade, que lhe assegure oportunidade de um conhecimento sistematizado consistente cientificamente. Hoje, a escola deve ser vista como um espaço privilegiado para a aprendizagem. Na qual se somam experiências, conhecimentos e afetos, 3 Fatrias – Subdivisão de tribo ou outro agrupamento, constituída por indivíduos ou grupos ligados a um genitor ou antepassados. 20 desenvolvendo e possibilitando aos alunos o exercício do respeito às normas, às diferenças culturais e às opiniões, dando oportunidades dos alunos para exercitar de forma consciente sua cidadania. FAMÍLIA: Segundo Ferreira (2001, p.304): “Família são pessoas aparentadas que vivem, geralmente, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos, quase sempre pessoas do mesmo sangue”. No dicionário Aurélio, família significa “[...] o pai, a mãe e os filhos; pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança; [...] comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união”. Mas a noção contemporânea torna o significado de família bem mais amplo, portanto, de acordo com o mesmo dicionário: “Grupo formado por indivíduos que são ou se consideram consangüíneos uns dos outros, ou por um descendente de um tronco ancestral comum e estranho admitidos por adoção”. A família é o primeiro grupo social da qual participamos. Antigamente, as famílias eram numerosas e os pais dificilmente se separavam. Mas com o tempo as pessoas foram mudando e as famílias mudaram. Hoje em dia há famílias bem diferentes das antigas. Quando os pais são separados, muitas crianças moram só com a mãe, ou com o pai, ou avós, ou tios, ou amigos. Outras crianças vivem em orfanatos, com pessoas que cuidam delas e outras vivem nas ruas. Há também os casais que ainda não tiveram filhos. Por outro lado, a família é um núcleo originário da sociedade. Partindo de suas primeiras manifestações em sua cultura e de suas formas como matriarcado ou patriarcado, a família foi adquirindo cada vez maior aperfeiçoamento, até chegar à forma monogâmica atual. A família constitui o tipo de comunidade perfeita, a que nela existem unidos pelos laços do sangue e do afeto, todos os aspectos da sociedade: econômicos, espirituais, jurídicos, culturais, etc. Neste sentido, a família forma um mundo próprio, de caráter altruísta, com referencia a seus membros. A família, contudo, não tem hoje em dia, as mesmas funções que em tempos anteriores, quando provia as próprias necessidades. Em casa se 21 faziam as roupas, amassava-se o pão, tecia-se o pano e educavam-se os filhos. A maior complexidade da vida atual fez com que essas funções fossem confiadas a pessoas especializadas e a casa se convertesse num refugio, no lar da vida familial, com as funções necessárias a conservação de seus membros. No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, aborda a questão da família com um novo conceito no artigo 226, parágrafo 4º: “Entende-se, também, a entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Em fim, a definição do conceito de família é muito difícil de fazer, sendo que a definição de família varia conforme o tempo e a evolução da própria sociedade; ela já não é formada da mesma forma que era há 30, 60 ou 100 anos, já que ela evoluiu com a sociedade. Naquela época era considerada família apenas os núcleos formados por pai, mãe e filhos. A forma de constituição e os relacionamentos envolvendo a família é um dos temas mais polêmicos que existem na atualidade, talvez por envolver questões éticas, morais, religiosas, etc. EDUCACÃO: Já a educação segundo o Dicionário Aurélio (p.334) “é promover o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física de alguém”. Assim sendo, educar depende de uma relação mais ampla entre os pais do aluno e os professores de que a prevista em uma mera prestação de serviços. Acreditamos que uma boa educação e formação podem, sim, influenciar decisivamente para uma sociedade onde a paz supere a violência. Acrescentamos que a família desenvolve papel fundamental na concretização da educação das crianças. É no seio familiar que as crianças recebem a primeira educação, os elementos essenciais para sua vida, com sentimentos, idéias e, sobretudo, a linguagem, nela também se estabelecem as normas e formas da vida moral. Contudo, não se deve esquecer que nem toda influencia familial é benéfica para a vida da criança. Não é nas famílias de vida irregular, nas famílias em discórdia, naquelas em que existe miséria material ou moral que 22 contribui com uma boa educação. É evidente que a educação não se pode realizar plenamente na vida familial atual, por ignorância dos pais, por falta de tempo ou por ausência de elementos apropriados. Daí, a necessidade da educação intencional e, especialmente da escola. Reportando-nos neste momento ao cenário brasileiro atual, destacamos a concepção de educação do antropólogo Carlos Rodrigues Brandão (1984), com vasta publicação nos campos da cultura e da educação popular. Embasando-se na definição dada pelo sociólogo Emile Durkheim (s/d), ele define a educação como “uma prática social”. Em outras palavras, “O que existe são exigências socais de formação de tipos concretos de pessoas na e para a sociedade. São, portanto, modos próprios de educar – por isso, diferentes de uma cultura para outra – necessários à vida e à reprodução da ordem de cada tipo de sociedade, em cada momento da história. Não se trata de dizer que a educação tem, também, de modo abstrato e muito amplo, um compromisso com a “cultura”, com a “civilização”, ou que ela tem um vago “fim social”. O que ocorre é eu ela é inevitavelmente uma prática social que, por meio da inculcação de tipos de saber, reproduz tipos de sujeitos sociais” (Brandão, 1984, p.71). Cabe então observar que, para ambos - Durkheim e Brandão -, as postulações sociais têm supremacia sobre os indivíduos e sobre os princípios e as propostas educacionais. Ampliando nosso olhar sobre o conceito de Educação, apresentamos outra perspectiva, a qual percebe o ato educativo como emergente da prática docente e encharcado de procedimentos, em que se destacam a mediação, a criação e a construção do saber. Para tal, selecionamos intelectuais que, apesar de pertencerem a bases filosóficas distintas, aproximam-se ao conceberem propostas educacionais pautadas nesses pressupostos (a mediação, a criação e a construção do saber). Em termos gerais, a educação pode ser definida como a ação das gerações adultas sobre as mais jovens, que visa criar e desenvolver nos indivíduos – física, moral e intelectualmente – todas as condições consideradas 23 essenciais pela sociedade política e meio social a que pertencem4. Por isso, a educação é algo eminentemente social. Verificamos, pois, que há vários conceitos referentes à educação, e que variam conforme os autores. Existem inúmeras formas de educação e cada uma desenvolve-se conforme a sua sociedade, reproduzindo sua cultura, como já foi mencionada acima. Por isso, ela está todos os lugares e desenvolve-se de várias maneiras e com uma identidade própria. Na visão atual, não há um modelo de educação, encontramo-nos diante de novas realidades, onde todos os segmentos como: escola, família, comunidade e etc., devem estar envolvidas neste processo. Suas fases ao longo história da educação podem ser assim distinguidas: 1ª A Educação Primitiva, dos povos originais, anteriores á história propriamente dita, e que podemos caracterizar como educação natural, [...]. 2ª A Educação Oriental, ou seja, a dos povos em que já existem civilizações desenvolvidas geralmente de caráter autocrático, erudito e religioso. [...]. 3ª A Educação Clássica, em que começa a civilização ocidental e que tem, sobretudo, caráter humano e cívico. [...]. 4ª A Educação Medieval, na qual se desenvolve especialmente o cristianismo, [...]. 5ª A Educação Humanista, [...]. Esta fase representa o retorno à cultura clássica, mas, ainda mais, o surgir de uma nova forma de vida, baseada na natureza, na arte e na ciência. 6ª A Educação Cristã Reformada. [...]. Ocasiona de um lado, o nascimento das confissões protestantes, doutro, a reforma da igreja católica. 7ª A Educação Realista, em que se iniciam propriamente os métodos da educação moderna, baseados na filosofia e ciências novas (de Galileu e Copérnico, de Newton e Descartes). [...]; e dá lugar a alguns dos maiores representantes da didática (Ratke e Comenius). 8ª A Educação Racionalista e Naturalista. Própria do século XVIII, no qual culmina com a chamada ilustração, ou seja, o 4 Durkeim, Emile: Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978. 24 movimento cultural iniciado na Renascença. É o século de Condorcet e Rousseau, em cujo final começa o movimento idealista na pedagogia, com Pestalozzi por mais alto representante. 9ª A Educação Nacional, iniciada no século anterior com a Revolução Francesa, chaga ao máximo desenvolvimento no século XIX e promove intervenção cada vez maior do Estado na Educação formação de consciência nacional, patriarca, em todo o mundo civilizado e estabelecimento de escola primária universal, gratuita e obrigatória. 10ª A Educação Democrática. Posto seja muito difícil caracterizar a educação do século XX, seu traço mais marcante será talvez a tendência para a educação democrática, que faz da livre personalidade humana o eixo das atividades independentes de posição econômica e social, e proporciona a maior educação possível ao maior número possível de indivíduos. (Marrou, 1979). Na idade antiga a concepção de educação era a de promover o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição da experiência, através da imitação; das cerimônias de iniciação que tinham valores educativos, morais, sociais e políticos, religiosos e práticos. Os primeiros professores eram os chefes de grupos familiares e posteriormente os sacerdotes. Não existia escola, propriamente dita, mesmo assim existia a educação. A aprendizagem era na família e participação nas tarefas da vida adulta e o doutrinamento religioso. Na idade média a educação teve como ponto de partida a doutrina da Igreja. Somente por intermédio da religião foi possível educar os novos povos. Assim, a instrução nessa doutrina baseada no aspecto moral e a prática do culto substituiriam o elemento intelectual. Todos os tipos de educação que se desenvolveram nesse período não passaram de modalidades diferentes de preparação para um estado futuro. A aprendizagem era no seio de outra família. Para os que se convertiam à religião cristã, recebiam a instrução da doutrina cristã nos catecumenatos. Já na idade moderna a educação era privilégio dos nobres e dos clérigos, enquanto a maior parte da população permanecia na ignorância. Era limitada para conhecer as leis e obedecer aos governantes, o ensino primário estava nas mãos dos religiosos e o secundário e universitário dos leigos. A 25 reforma religiosa e a ciência moderna contribuíram para o surgimento de novas idéias e novos fatos educacionais. Nestas fases percorridas pela educação até nossos dias, vemos que ela naturalmente continuará por todo o tempo enquanto o homem viver. Passando para o Brasil, o início da educação, dar-se na colonização portuguesa, com a chegada dos jesuítas, ou seja, religiosos que detinham os conhecimentos e os transmitia àqueles desprovidos do saber, e com o intuito de catequizar os indígenas. Como descreve Werebe: “E assim se iniciou a educação no Brasil, respondendo aos interesses políticos da Metrópole e aos objetivos religiosos e políticos da Companhia de Jesus. A companhia se propunha, desde suas origens, a combater o protestantismo, ocupando uma posição proeminente nas lutas que se travavam na Europa. À Metrópole interessava a catequização dos indígenas que, assim, se tornariam mais submissos e poderiam mais facilmente aceitar o trabalho que deles exigiam os colonizadores”. (1997, p.23). Quanto mais conhecemos a verdadeira história do nosso país, vamos compreendendo os reais motivos pelos quais à educação tornou-se tão desvalorizada. Nunca houve interesses em educar, realmente, nosso povo e sim, buscou-se por intermediação de uma visão tradicional, pacificá-lo. Passados mais de cinco séculos, o nosso país apresenta uma imensa deficiência no sistema educacional. A pesada herança da escravidão tem conseqüência de longo prazo para a sua evolução, criando problemas específicos de acesso à escola e, o analfabetismo, doença que corrói o Brasil, fazendo vítimas ano a ano, com cifras alarmantes. Com isso, a história da educação que foi traçada por muitas lutas, com alguns avanços que poucos efeitos tiveram, ainda está longe de ser ideal, para sanar com nosso povo essa dívida histórica. Na Constituição Federal de 1988, no artigo 205 diz que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 26 preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Sendo reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9394/96, no seu artigo 2º: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A educação na família reconheceu-a quase todos os educadores. Não o fizeram, sem dúvida, os grandes pedagogistas da Grécia, como Platão e Aristóteles, que acentuaram sobre a educação do Estado, tampouco o fizeram os romanos, como Quintiliano, que preconizava, sobretudo, a educação escolar. Somente a partir do cristianismo essa educação adquiriu importância cada vez maior, até chegar aos pedagogistas da época moderna, que a reconhecem, em geral, como base ou ponto de partida da educação imediato. Assim, diz Locke (1632 -1704), de um ponto de vista aristocrático: “A sociedade conveniente as crianças é o lar... Se considerarmos até que ponto a arte de viver e de conduzir seus negócios como se deve pelo mundo é radicalmente oposta a esses hábitos de petulância, de malícia e de violência que se aprendem no colégio, havemos de nos convencer de que os defeitos de uma educação particular valem infinitamente mais do que as qualidades desse gênero e que os pais devem reter seus filhos em casa para preservar-lhes a inocência e a modéstia...” (p.58). De sua parte, Pestalozzi (1946), o fundador da escola popular, diz, de um ponto de vista democrático: “As relações domésticas da humanidade são as suas primeiras e mais excelsas relações. O homem trabalha em sua profissão e suportam as cargas da cidadania para poder desfrutar, com sossego, a felicidade pura de sua ventura doméstica... Por isso és, o lar paterno, o fundamento de toda educação natural da humanidade...”.(59). 27 Finalmente, Froebel, o fundador do jardim da infância, reconhece o valor da educação familial, segundo ele: “Este primeiro sentimento da comunidade, sentimento que une primeiramente a criança, o pai e os irmãos, serve de base a uma união mais alta e espiritual, da qual nasce a absoluta certeza de que o pai, a mãe, os irmãos e os homens todos sentem-se também unidos e em comunidade com algo superior, com a humanidade, com Deus” (p.60). Não obstante, nos tempos modernos tem sido impostos limites a influencia da vida familial, em defesa dos outros fatores sociais e, sobre tudo, da própria criança. Neste sentido, diz Dilthey: “O direito a educação acha-se predominantemente baseado na relação de domínio que o pai exerce sobre a própria criança. Mas essa relação de domínio está sujeita a deveres e é regulada, conseqüentemente, por associações de domínio mais extensas. A família não é autônoma. Conforme a estrutura da organização externa acha-se em relação de dependência com respeito à comunidade local, ao Estado e a Igreja... Neste ponto, resolve-se o problema de que a obrigatoriedade escolar seja imposta pelo Estado aos pais. Nela apóia o Estado, pelo seu poder volitivo com respeito aos pais, o fim em sim da criança. Com ela protege a criança diante do perigo de que suas energias sejam exploradas para o trabalho e em beneficio do pai” (p.61). Conclui-se enfatizando que escola, família e educação trilhando num mesmo percurso as possibilidades de sucesso na aprendizagem são muito maiores. Pode-se perceber, portanto, que a parceria da família é fundamental na educação das crianças, pois, é ela a primeira e principal instância responsável por esse processo, é ela que deve zelar para que sejam garantidos os direitos que a Organização das Nações Unidas aponta como essenciais no desenvolvimento das crianças e esses devem ser resgatados tanto pelos pais como pelos professores e pela sociedade em geral. Mas garantir os direitos das crianças não significa que ela não tenha deveres, eles também estão presentes no processo de socialização da criança e quando ela exercita tarefa está mais próxima de viver de forma sadia na sociedade a qual está inserida. 28 1.2- O papel da escola e da família A pesquisa sobre “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental analisa o papel da escola e da família diante da indisciplina, desinteresse e baixo desempenho de alunos decorrente da ausência de integração entre ambas as instituições. “Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem às condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e quase sempre, também na escola em termos de indisciplina e de baixo rendimento escolar”. (Maldonado, 1997, p. 11). Sintetizamos que ninguém nasce rebelde ou disciplinado, já que essas características não são inatas nem todo adolescente será necessariamente indisciplinado, já que é impossível postular um comportamento padrão universal para cada estagio da vida humana. Em outras palavras, o comportamento (in) disciplinado é aprendido. Podemos inferir, portanto, que o problema da (in) disciplina não deve ser encarado como alheios a família, nem a escola, já que, em nossa sociedade, elas são as principais agencias educativas. Segundo Prestes (2005): “A educação dos filhos assume um caráter de maior permissividade junto aos pais, com as mudanças ocorridas na estrutura familiar, permitindo maior liberdade aos filhos, esquecendo que eles necessitam de apoio e educação. Nesta dinâmica familiar, temos visto à crescente “crise de gerações”, a dificuldade no relacionamento pais/filhos, no estabelecimento de laços familiares.” (Prestes, 2005. p.35). Nesse sentido, a indisciplina parece indicar que a educação está em falta. Contudo, o papel da família, entendida como o primeiro contexto de socialização, exerce decisivamente, grande influencia sobre a criança e o jovem. A atitude dos pais, suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e, por conseguinte, influenciam o comportamento do aluno na escola. É impossível negar, então, a importância e 29 o impacto que a educação familiar tem sobre o individuo do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral. Entretanto, seu poder não é absoluto e irrestrito. Para isso a escola, entendida como o local que possibilita uma vivencia social diferente do grupo familiar, já que proporciona o contato com o conhecimento sistematizado e com um universo amplo de interações, com pessoas, ambientes e materiais, tem um relevante papel, que não é como já se pensou o de compensar carências (culturais, afetivas, sociais) do aluno, e sim o de oferecer a oportunidade para que ele tenha acesso a informações e experiências novas e desafiadoras, capazes de provocar transformações e desencadear novos processos de desenvolvimento e aprendizagem. E, o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, diz que: “Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Tudo o que vimos, acarreta conflitos e problemas, pois, os pais estão cada vez mais sobrecarregados, trabalhando mais, para tentar manter ou se manter em um nível de vida, digno para toda a família, o que nem sempre é possível, e os filhos já carentes em relação ao carinho de seus pais, que dedicam menos tempo a eles, não porque não queiram, mas por necessidade, lutam também com problemas assumidos muito cedo e com complexos oriundos de todas essas mudanças. Portanto, é imprescindível que a escola estabelece uma relação de confiança com as famílias, objetivando uma parceria que vise ao bem-estar dos alunos. Sabemos, mesmo que seja pelo senso comum, que a educação compete a família e a escola, prioritariamente. Porém, mesmo que saibamos disso, nem sempre tais instancias se responsabilizam pela educação das crianças, criando o famoso “jogo do empurra em empurra” tão conhecido pelos educadores no interior das escolas. Tal fato dificulta e muito a construção, pela criança, das noções sociais necessárias ao seu desenvolvimento. Isto porque 30 os pais esperam que a escola ensine as noções de certo e errado, de justiça e moral, e a escola, por sua vez, espera que os pais façam a mesma coisa antes de enviarem seus filhos ao convívio coletivo. No meio deste “jogo de empurra” está à criança, que sem ser ensinada corretamente pela família e pela escola, constrói a noção de que a regra é não ter regras, o que mais tarde gera na sociedade a impressão de uma criança sem limites. Ora, os limites como chamamos não são inatos, ou seja, não nascem com a criança, precisam ser ensinados para que possam ser colocados em prática. Mais que isso, precisa ser cobrado para que a criança perceba a importância das regras sociais para o convívio em sociedade. É neste sentido que a família e a escola devem se preocupar com a socialização de suas crianças. Quando falamos de socialização, não estamos nos referindo apenas ao contato da criança com outras, mas a este contato mediado pelas regras que vão sendo ensinadas. Assim, socializar significa apresentar as crianças às regras sociais presentes nas relações estabelecidas com as outras pessoas. A família faz isso quando, no dia-a-dia, mostra a autoridade materna e paterna, construindo o respeito pelo dialogo em lugar da obediência cega por meio de castigos e quando, de fato, insere limites sobre as ações das crianças. A escola, por sua vez, atua de forma a ampliar a noções de meio social, desfazendo a coação muito comum na relação entre crianças e adultos, construindo a noção de cooperação. Segundo Sá (2001, p. 104), “o professor deixa de ocupar o papel de grande árbitro e a prática da auto-avaliação pelo grupo passa a ser construída no dia-a-dia escolar”. Para Cunha (2003, p.98). “Genericamente, pode-se dizer que a cooperação, como recurso pedagógico, coloca em prática a tese piagetiana de que não é conhecimento aquilo que o educando adquire passivamente e, mais ainda que não é possível conhecer um objeto qualquer por meio de um único ponto de vista. O trabalho em equipes permite que os alunos atuem sobre os saberes a serem aprendidos, que pesquisem que busquem novas fontes de informações, que levantem dados sobre os conteúdos escolares e principalmente, que façam tudo isso 31 traçando idéias, uns com os outros, trabalhando cooperativamente na construção do conhecimento”. Como vemos, a cooperação insere uma noção lúdica no ato de aprender, permitindo não somente a construção de novos conhecimentos formais, mas também a construção sobre conhecimentos sociais como noção de respeito. E já que falamos no caráter lúdico da cooperação, passemos agora a compreensão de como a ludicidade ou brincadeira pode ser útil ao processo de aprendizagem. Dalmás alerta que “[...] colaboração não é participação. [...]” (1994, p.20), neste sentido não se deve apenas desenvolver tarefas sem se preocupar com os resultados, é preciso participar em todos os níveis do processo, proporcionado um envolvimento que determinarão os rumos da escola. Sendo assim, é importante ressaltar que a escola tem como papel estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas fundamentais para o processo de formação de seus alunos. É verdade que a modernidade trouxe uma serie de mudanças, inclusive na família, mas tal realidade não isenta a instituição familiar de seu papel educador, primordial ao desenvolvimento e integração do filho a sociedade. Em conseqüência, antes de ensinar é necessário ouvir, aprender com os alunos. Conforme Sforni e Galuch (2005. p. 7), “É papel da escola tomar como ponto de partida os conhecimentos prévios, com o claro objetivo de transformá-los, envolvendo-os em problematizações cujas resoluções exijam novos e, por vezes, conhecimentos mais complexos do que os iniciais. Procedimentos de ensino desta natureza favorecem a articulação entre o conteúdo que faz parte do currículo escolar e o seu uso cotidiano. Possibilitam ainda a organização de um planejamento adequado às necessidades cognitivas dos alunos”. As situações-problema devem envolver, portanto, os conhecimentos que o aluno já possui e os conhecimentos científicos que deve aprender dentro de cada disciplina. O desafio não pode situar-se no nível em que o educando se encontra, pois assim não seria desafio. O estímulo passa a existir a partir do 32 momento em que o educando liga o que já sabe com aquilo que vê que pode alcançar, mas que ainda não está sob o seu domínio. Assim, os obstáculos se tornam degraus positivos que põem em ação o potencial de cada educando. Na realização desse processo, entra em ação o conhecimento do professor, sua preparação didática, sua capacidade de unir o conhecimento cotidiano do educando ao conhecimento científico, dando um passo adiante, realizando uma nova síntese, conduzindo o aluno a um novo patamar de compreensão da realidade estudada. Segundo Libâneo, “A prática educativa não se reduz à escola [...]. Há, portanto, agentes educativos convencionais – família, escola, comunidade – [...]. A escola, portanto, não detém o monopólio do saber” (2001, p.56) No entanto, um dos maiores problemas com o qual as escolas defrontam-se é o de conseguir uma eficaz interação com as famílias e a comunidade, onde os pais delegam somente à escola, sem assumir suas responsabilidades, na formação do aluno e conseqüentemente esta ausência se revela no baixo desempenho do aluno. Portanto, concluímos que o papel da escola e da família de acordo Líbaneo, Sforni e Galuch, Cunha, Sá, Estatuto da Criança e Adolescente e Dalmas é assumir o compromisso de reduzir a distância, que há com a família e a comunidade, articulando-se para desenvolver um trabalho mais democrático, participativo e solidário com propósitos nítidos que possibilitem coletivamente encontrar caminhos que proporcionem um equilíbrio no processo ensino-aprendizagem. E, para isso é preciso abrir espaços onde as pessoas se sintam reconhecidas, que suas idéias sejam valorizadas, que sejam ouvidas. É importante que no cotidiano da escola todos possam fazer a relação entre o seu modo de ver o mundo, de lidar com as adversidades da vida e das possibilidades de mudá-las. 33 CAPÍTULO II O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, AFETIVO E COGNITIVO. A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental, em relação ao desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, segundo: Kaloustian (1988), Gokhale (1980), ECA (Lei 8069/90), Lippi (2001), Gadotti (1992) e wallon (1978). A família é o primeiro contexto na qual a criança desenvolve padrões de socialização, deste modo, ela se relaciona com todo o conhecimento adquirido durante sua experiência de vida primaria que vai refletir na sua vida escolar. Sendo assim, o sucesso da tarefa da escola depende da colaboração familiar. De acordo com Wallon (1978), a primeira relação do ser humana ao nascer é com o ambiente social, ou seja, com as pessoas ao seu redor. Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e da base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio a sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. Por isso concordamos com Lippi et alii5, quando dizem que, o homem é um ser social no tempo e no espaço. E, segundo relatam: “O homem não vive sozinho. Ele é um ser social, Isto é, vive com 5 outros homens, organizando-se em grupos LIPPI, Valéria Martins. SIEBERT, Célia. Amazonas: História. São Paulo: FTD, 2001. ou 34 sociedades. A formação de grupos ou sociedades foi essencial para a sobrevivência do homem na Terra. Somente com o trabalho coletivo os homens conseguiram agir sobre a natureza, modificando e organizando o espaço de acordo com suas necessidades. Os primeiros grupos humanos que habitaram a Terra tinham uma organização simples, vivendo em comunidades. Viver em comunidade significava levar uma vida em comum, respeitavam as mesmas normas e tinham os mesmos interesses. A terra e o produto do trabalho pertenciam à comunidade. Todos participavam da defesa da comunidade. Com o passar do tempo, a vida nessas comunidades foi se transformando: houve a divisão do trabalho entre os homens e as mulheres, sugiram novos instrumentos e técnicas de trabalho, o homem passou a produzir mais, melhor e em menos tempo, originando os excedentes de produção, isto é, uma produção maior do que a necessária para o próprio consumo”. (2001, p.5) “Das primeiras civilizações até hoje, as sociedades humanas passaram por muitas transformações e deixaram marcas no espaço”. (2001 p.6) “Atualmente, a sociedade da qual fazemos parte é uma sociedade capitalista [...] uma minoria é dona dos meios de produção (terras, máquinas, dinheiro, etc.), enquanto a grande maioria trabalha em troca de salário, isto é, vende a sua força de trabalho”. (2001, p.7). A vivência em comunidade é determinada por uma instância social que dá sentido aos grupos a que pertencemos, no qual lidamos com regras o tempo todo. Desse modo, o homem tende a captar essa realidade, fazendo-a objetivo de seus conhecimentos, à medida que reflete sobre as condições seu contexto de vida. No mundo atual, globalizado e mergulhado num processo de aceleração capitalista, é impossível dissociarmos os mundos do trabalho e do conhecimento. Desse modo, a educação exerce uma função pedagógica imprescindível para a melhoria da qualidade de vidas das pessoas. Nesse processo aparece a escola, que envolve um mundo social, com uma diversidade de papéis, assimilando padrões de comportamento captados 35 pelo convívio em sociedade. Diante disso, a escola não dá conta de todo o processo de socialização, precisando da ajuda da família e de outros segmentos da comunidade, buscando assim conhecimento mútuo para progredir e atingir seus objetivos. Para Gadotti: “A educação comunitária contribui para que os indivíduos construam suas vidas e achem seu lugar na sociedade. Ela objetiva desenvolver nas associações e movimentos (cooperativa, de mulheres, de crianças e adolescentes, indígena, negro, de comunidades eclesiais de base, ecológico, direitos humanos, etc.) a capacidade de enfretamento de problemas comuns, tais como: alimentação, moradia, emprego, vida familiar, saúde, transporte, educação, meio ambiente, etc. ela procura fazer que as pessoas tomem consciência de seus direitos e participem coletivamente das decisões a serem tomadas para enfrentar os seus problemas”. (1992, p.27). Vivemos num mundo, repleto de milhões de pessoas na luta para sobreviver, gerando desigualdades e exclusão social, e no processo educacional é incorporada uma diversidade de tarefas a serem desempenhadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O entendimento de que a escola não está isolada do contexto social, deve estar presente no processo de organização da sociedade, de modo que as ações a serem desenvolvidas estejam voltadas para as necessidades de formar parcerias entre escola e família em processo de recíproco dialoga. Por isso, a escola atual precisa repensar freqüentemente e discutir abertamente sua prática, no intuito de revelar e assumir os interesses que ela se propõe a atender, pois, é nela que as famílias e a sociedade creditam todas as suas esperanças na condução dos destinos de suas crianças e futuros cidadãos. A escola é o lugar em que a criança vive, sente, age e reage na busca da construção de sua identidade e autonomia. Por isso que cabe à escola discutir como poderá agir na educação das crianças, com a perspectiva da 36 participação em relação às condições sociais, políticas e culturais, na busca de uma sociedade democrática e não excludente. É impossível colocar a parte escola família e sociedade do desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, pois, se o individuo é aluno, filho e cidadão, ao mesmo tempo. A tarefa de ensinar não compete apenas à escola, por que o aluno aprende também através da família, dos amigos, das pessoas que ele considera significativas, dos meios de comunicação, do cotidiano. Sendo assim, é preciso que professores, famílias e comunidade tenha claro que a escola precisa contar com o envolvimento de todos. Portanto Pino (1997) afirma: “Os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo. Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus semelhantes a seu respeito são sem sombra de duvida, os mais importantes, imprimindo as relações humanas um tom de dramaticidade. Assim sendo parece mais adequado entender o afetivo com uma qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (...). São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma se contexto (coisas, lugares, situações, etc), um sentido afetivo”.(p. 130-131). Embora os fenômenos afetivos sejam de natureza subjetiva, isso não os torna independentes da ação do meio sociocultural, pois se relacionam com a qualidade das interações entre os sujeitos, enquanto experiências vivenciadas. Dessa maneira, pode-se supor que tais experiências vão marcar e conferir aos objetos culturais um sentido afetivo. Wallon (1971) concorda com Pino e afirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na constituição e funcionamento da inteligência, determinando os interesses e necessidades individuais. Em suma, para que ocorra desenvolvimento social, afetivo e cognitivo é necessário que família e escola se encarem responsavelmente como parceiras 37 de caminhada, pois, ambas são responsáveis pelo que produz, podendo reforçar ou contrariar a influencia uma da outra. Família e escola precisam criar vínculos sociais, afetivos e cognitivos através desta parceria entre escola x família. Bem como, precisam criar através da educação, uma força para superar as suas dificuldades construindo uma identidade própria e coletiva, atuando juntas como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do educando. 2.1 Como atrair as famílias para a escola Segundo Mário Quintana “O segredo não é correr atrás das borboletas, mas cuidar do jardim para que elas venham até você.” É um desafio que paulatinamente vem sendo conquistado. As práticas pedagógicas mais democráticas com estratégias diversificadas que estimula estreitar a relação família x escola e formar uma parceria produtiva e participar no processo educacional dos filhos, não como “cliente”, mas como pessoa critica e ativa. Como se pode observar, a parceria escola x família requer, então, dos professores uma tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em temas teóricos para falar dos problemas dos alunos, sobre notas baixas, não proporciona um início de parceria. A escola deve buscar construir por meio de uma intervenção elaborada e consciente a criação de espaços de reflexão e experiências de vida numa comunidade educativa, instituindo acima de tudo a aproximação entre as duas instituições (família x escola). Como diz Vitor Paro (2001), para atrair as famílias é necessário que a escola utilize todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometido com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano. Muitas instituições não informam a família sobre o trabalho ali desenvolvido e isso dificulta o dialogo. Ou ficam desmotivados e não participam de uma comunidade que não deixam claros seus objetivos e dinâmicas. 38 No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), diz que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente o que esta faltando é concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao ser humano, são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando/filho. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. A escola e a família, cada qual com seus valores e objetivos específicos na educação de uma criança/adolescente, constituem uma estrutura intrínseca, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da outra. Desse modo, cabe a toda sociedade, não apenas aos setores relacionados à educação, transformar o cotidiano da escola e da família, através de pequenas ações modificadoras, para que esta (a família) compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o seu lugar de co-responsável nesse processo (família). De fato, é um erro atribuir à escola a total responsabilidade pelo desempenho escolar das crianças. Pesquisas em todo mundo mostram que o envolvimento da família na vida escolar dos filhos é vital para o desenvolvimento deles. A parceria pais, professores é considerada tão importante que governos pelo mundo investem em medidas para incentivar a presença dos pais na rotina da escola. Em Nova York (Estados Unidos), onde medidas fizeram com que a cidade fosse considerada um dos sistemas com trajetória de forte melhoria no mundo, segundo um relatório da consultoria Mckinsey, de 2008, existem políticas públicas específicas para estimular a participação dos pais. Uma das principais iniciativas tomadas pela prefeitura foi a de criar a posição de coordenador de pais para cada uma das escolas públicas da cidade. Esse profissional trabalha como mediador entre a escola e a família: acolhe os pais, tira dúvidas e ajuda quem não pode participar de reuniões da 39 Associação de Pais e Mestres. No Brasil, o MEC, secretárias estaduais e municipais começam a se engajar nessa luta para envolver a família. As escolas brasileiras mais bem colocadas no Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) também têm estratégias para atrair os pais para dentro da escola. "Isso faz a diferença entre uma boa escola e uma mediana", diz Eliana Aparecida Piccini Coelho, diretora da escola André Ruggeri, de Cajuru (SP), com nota 7,9 no indicador governamental A participação é importante, sim, e por isso o trabalho dos pais precisa estar em sintonia com a escola. E, nada melhor, do que uma conversa (ou várias) com o professor da criança para descobrir como ajudar. "A família tem de contar com a escola para cuidar dos filhos, mas essa responsabilidade deve ser compartilhada. Senão, vira um jogo de empurra-empurra e quem sofre é a criança" diz Luciana Fevorini, coordenadora de ensino fundamental II do Colégio Equipe, em São Paulo. É papel da escola propor momentos de contato entre pais e professores. Se a escola não fizer isso, a família pode exigir a abertura de um espaço para conversa. Muitos pais, no entanto, podem sentir-se constrangidos em questionar os professores sobre a vida da criança na escola. O motivo, muitas vezes, é o desconhecimento. Demonstrar interesse pelo aprendizado do filho, independente do nível socioeconômico, é o primeiro passo para que ele melhore na escola. "Mesmo que não tenham estudos, os pais podem, sim, conversar com o professor", diz a pedagoga paulista Carmen Galuzzi. A visita domiciliar tem o objetivo de orientar a família do educando, quanto às mais eficientes maneiras de colaborar com a escola na educação de seus próprios filhos, assim, o orientador educacional vai conscientizar a família do que ela pode fazer, apesar de suas muitas limitações quanto à educação de seus filhos, e a escola sozinha, está longe de poder realizar toda a tarefa de adequada formação dos estudantes. Na visita, o orientador vai criar um clima de cooperação e gerar condições para um trabalho construtivo, positivo, integrativo e continuo, e acima de tudo, atrair a família para a escola. Além disso, o orientador vai conhecer melhor o nível sócio-econômico, cultural e educacional da família. 40 Para proporcionar uma educação de qualidade é necessário que a escola entenda cada indivíduo como um ser único, pertencente a um contexto social e familiar que condiciona formas diferentes de viver, pensar e aprender. É necessário obter espaço para refletir sobre a realidade em que o educando e suas famílias estão inseridos, ou seja, tudo o que contribui para a situação de aprendizagem em que se encontram. A visita domiciliar auxilia a escola a obter informações importantes sobre o cotidiano do educando e com isso ajudá-lo, entende-lo e ajustá-lo ao meio educacional. Também é uma maneira comum de atrair os pais para a escola é por meio dos projetos pedagógicos. Convidar um adulto para contar a história da família e do bairro e recordar as brincadeiras preferidas da infância valoriza a participação familiar e coloca os responsáveis em contato direto com o trabalho pedagógico. Como formar famílias envolvidas em dez passos6, segundo a professora Eliete Correa que ainda enfatiza: "Aprendo coisas novas cada vez que participo de uma atividade coletiva”. 1- Fale sobre o projeto pedagógico, facilite a linguagem e mostre, desde a matricula, como a escola concebe a Educação e planeja o trabalho pedagógico; 2- Mostre o valor da rotina, trate da organização dos espaços e do tempo: atividades diárias e projetos, currículo e segurança; 3- Destaquem as linguagens, fale da importância do brincar, expressão artística, da fala e da escrita (conte como em que momento elas são desenvolvidas); 4- Mostre como é a avaliação, explique como e quando ela é feita, por que fazer um portfólio e por não comparar crianças; 5- Explore os recursos e materiais pedagógicos, dê atenção ao papel dos brinquedos e dos livros no desenvolvimento motor e cognitivo; 6- Estabeleçam acordos de trabalho, mostre a função de cada funcionário e os planos de capacitação. Peça colaboração durante a lição de casa, na 6 Exemplo de como atrair os pais na experiência da prof. ELIETE CORREA Dias da Silva da Unidade Municipal de Educação Infantil Marli Sarney, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. 41 adaptação, no desmame e na hora de abandonar chupeta e fraldas. Cobre a presença em reuniões, cumprimento de horários, leitura diária da agenda e organização diária da mochila; 7- Planeje os encontros, promova reuniões bimestrais coletivas e individuais, além de palestras e oficinas sobre questões pedagógicas e de cuidados, e festas e passeios para criar laços de amizade; 8- Mantenha canais de comunicação, utilize a agenda, produza um jornal e um mural e envie e-mails; 9- Esteja disponível, receba bem críticas e sugestões, atenda sempre os telefonemas e fique presente na entrada e na saída. 10- Utilize os saberes dos pais, planeje as inserções deles na aprendizagem com a equipe de professores. Mas não se esqueça de combinar tudo com antecedência. Percebemos que a escola como uma instituição mediadora tem a missão de possibilitar essa interação continua entre família e escola. Trazendoos a escola com as atividades diversificadas e do interesse de sua clientela. O que fazer para motivar as famílias a irem à escola?7 De acordo com a mestra em educação Armanda Zenhas. 1. Não culpabilizar os pais, seja de forma direta ou indireta. 2. Respeitar a sua dignidade e a sua privacidade. Não se devem nomear alunos e respectivo mau comportamento diante de outros. Essa estratégia vexa e não motiva nem orienta para a resolução. Quando se quer falar de um aluno especifico, tal deve ser feito num atendimento individual. 3. Sugerir e/ou procurar, em conjunto com eles, estratégias de resolução. 4. Reuniões com conteúdo significativo. Portanto, a tarefa de como atrair os pais para a escola devem ser uma das finalidades primordiais da instituição. A referida deve estabelecer um dialogo aberto com as famílias, considerando-as parceiras no processo ensinoaprendizagem, assumindo um trabalho acolhedor as diferentes expressões e manifestações das crianças junto as suas famílias, valorizando e respeitando 7 ARMANDA ZENHAS Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Português e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães. 42 as diversidades, pois cada família constitui-se de experiências, historias e diálogos diferentes, tendo a instituição de desenvolver capacidade de observar, ouvir e também aprender com as famílias. Sugere-se, também que no inicio do ano haja um contato mais especifico e individualizado com os pais, principalmente com aqueles que são “novos” na instituição, pois nessa ocasião será possível saber alguns aspectos relacionados à criança. Cabe a escola tornar os pais participativos, levando ate eles o conhecimento da filosofia de trabalho da instituição, as informações, qualificações e experiências. Ressaltam-se que uma boa relação entre a escola e a família beneficiarão todos os envolvidos, particularmente os alunos. 43 CAPÍTULO III OS DESAFIOS DAS RELAÇÕES SOCIAS NA ESCOLA. A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental devem consistir em uma preocupação de todos os profissionais da educação básica. As relações sociais na escola devem fomentar a aproximação da comunidade nas discussões de propostas que busquem qualidade no ensino-aprendizagem. Esses devem ser um dos eixos centrais dessa educação, comum a todos os interessados em qualidades. No entanto, o autor Vitor Henrique Paro (2004), sintetiza o distanciamento da escola para com a comunidade e enfatiza a seguinte pergunta: “Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da escola?” (p. 46). Isto deveria alertar-nos para a necessidade da instituição se aproximar da comunidade, procurando investigar seus reais problemas, dificuldades e interesses. Marcos Bagno concorda com Paro e relata: “Outra coisa que me intriga muito é a distância que ainda existe entre a escola e a comunidade. Não falo da comunidade em sentido amplo – bairro, cidade, estado -, mas da própria comunidade formada pela escola e pela família dos alunos. Por que não aproveitar, por exemplo, as habilidades/profissões dos pais, mães, irmãos e demais familiares como “material didático”? (2000, p.56) A família é portadora de um vasto repertório que se constitui em material rico e farto para o exercício do diálogo, aprendizagem com a diferença e a não discriminação, desenvolvendo a capacidade de ouvir, observar, aprender com elas e compreender seus valores ligados a procedimentos 44 disciplinares, a hábito de higiene, a formas de se relacionar com outras pessoas, proporcionado também ações conjuntas. Como em toda ação, há os embates de idéias, Dalmás lembra que “vivenciar a participação envolve riscos e conflitos, num verdadeiro desafio aos que lutam por um constante envolvimento dos membros da comunidade educativa no processo participativo.” (1994, p.22), assim todos devem estar conscientes do seu papel, sendo flexível às opiniões do grupo. Não é fácil manter um trabalho de interação, por isso deve-se manter o grupo permanentemente desafiado, para que esse processo não gere conflitos, o que provoca cansaço e desânimo na sua continuidade. A interação participativa na escola não deve reduzir-se apenas em integrar escola e família, mas também promover a realização das pessoas como sujeitos participantes da transformação da comunidade e da história da escola ao qual estão inseridos. Para Bastos et alii, “[...], a escola que toma como objeto de preocupação levar o aluno a querer aprender precisa ter presente a continuidade entre a educação familiar e a escola, buscando formas de conseguir a adesão da família para sua tarefa de desenvolver nos educandos atitudes positivas e duradouras com relação ao aprender e o estudar”. (2002, p. 66) A perspectiva dessa interação abre para a escola o compromisso de reeducar a comunidade e as famílias e colocar diante delas a necessidade de sua participação na construção coletiva de uma comunidade escolar mais democrática. Para Dalmás “a pessoa faz história tomando parte na definição e na construção de uma nova sociedade. [...]”. Assumir-se sujeito é participar e comprometer-se com decisões e ações no processo histórico. (1994, p.19) Todos na comunidade devem exercer sua cidadania buscando o crescimento e o desenvolvimento das ações que norteiam a formação e a participação na comunidade escolar. 45 A principal diferença entre a comunidade ativa e a passiva é justamente a participação em todos os assuntos que dizem respeito aos interesses da sociedade a que está inserida. Bastos et alii alerta que: “[...]. A crítica que se ouve com freqüência é a que medidas com vistas à participação dos pais na escola acabam redundando em mais um ônus às famílias desprivilegiadas usuárias do ensino público, já tão sobrecarregada de trabalho e de necessidades. Mesmo entre alguns pais se ouve a alegação de que a obrigação de ensinar é da escola e que eles, pais e mães, não têm tempo nem conhecimento para isso [...]”. (2002, p.68). O estímulo à presença das famílias e da comunidade na escola é algo que raramente ser ver nas escolas, o que causa resistência, mas é válido para a escola procurar sempre estar despertando sua participação, para por em prática seu potencial em favor do desenvolvimento dos educandos. A falta dessa interação, dessa postura de ouvir o outro, parece explicar em grande parte o fracasso de iniciativas paternalistas de gestão colegiada e de participação que, por mais bem-intencionadas que sejam, procuram agir “em nome da comunidade”, sem antes ouvir as pessoas e os grupos pretensamente favorecidos com o processo sem dar-lhes acesso ao questionamento da própria forma de “participação”, pois não adianta somente participar das reuniões rotineiras é essencial que as famílias e a comunidades tenham vez e voz para discutir e dar sugestões. No que se refere à educação, a legislação, brasileira determina a incumbência da família e do Estado no dever de orientar à criança em seu percurso sócio-educacional. “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (LDB: 1996, art. 1º). 46 A educação não se restringe somente a aquela oferecida na escola, mas a todos os conhecimentos formais, não formais, e informais que podem ser adquirido no decorrer da vida. A idéia de envolver a família e a comunidade na formação dos filhos é de grande valia para ajudar educadores a detectar os motivos da falta de atenção ou indisciplina dos estudantes envolvidos no processo de aprendizagem, ambas deve caminhar coletivamente com uma só finalidade, o crescimento intelectual do educando. Portanto, para que haja evolução das relações sociais na escola, tanto o corpo docente como as famílias e toda comunidade devem unir forças para trabalhar a educação de forma coletiva para que os resultados sejam sempre favoráveis para o desenvolvimento do discente, levando em consideração os seus direitos e deveres como sujeito e cidadão que faz parte de uma sociedade democrática. Havendo uma participação mais aprofundada da comunidade em relação às atividades da escola, tanto a instituição quanto a comunidade serão beneficiadas, visto que o sucesso no processo de ensino aprendizagem tem como aspecto essencial a participação ativa de todos. 3.1 – Gestão participativa O estudo sobre “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental” implica numa gestão participativa que haja uma sintonia entre diretor, professores, alunos, familiares e todos profissionais envolvidos no processo educativo. Sabe-se que não é fácil administrar democraticamente, pois muitas vezes as pessoas interpretam gentileza com gente lesa e passa a desrespeitar regras combinadas. Gestão participativa não se concede se conquista, por isso, a participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação. Para nós, a relevância da experiência está no próprio ato da sua realização e no seu poder de recriação permanente, que se afirmam quando Freire (2003 p.114) enfatiza: "Mas o que é impossível é ensinar participação 47 sem participação! É impossível só falar em participação sem experimentá-la. Democracia é a mesma coisa: aprende-se democracia fazendo democracia, mas com limites". Ressaltamos que o sucesso da participação está intimamente ligado à educação, contudo como diz Paulo Freire (1999 p. 18): “Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz”. Essa visão, certamente, contribui para que se tenha uma maior clareza do que se pode fazer no enfrentamento das questões sócio-educativas no conjunto do movimento social. As ações de caráter pedagógico que as escolas podem dirigir para favorecer as famílias devem fazer parte de seu projeto e para que isso possa acontecer é fundamental que as ações em favor da família sejam desenvolvidas e presididas pelos princípios da convergência e da complementaridade. Conforme Bastos et alli, “A gestão democrática da escola pública deve ser incluída no rol de práticas sociais que podem contribuir para a consciência democrática e a participação popular no interior da escola” (2002, p.22). Nesta expectativa, a escola tem papel fundamental ao lado da família e do meio social mais amplo, a escola é uma das esferas de produção de capacidade de trabalho. Os profissionais da escola precisam propiciar um clima de abertura e respeito, possibilitando momentos de discussões organizadas, com pauta definida, com tempo e espaço que todos participem. “A escola autônoma, democrática e participativa, deve sempre envolver professores, diretores, pais e alunos na construção de um ambiente que favoreça o aprendizado” (Bastos 2002). Percebemos que, para envolver o publico na instituição escolar é primordial que haja organização entre as pessoas, onde a escola deve ter a 48 incumbência de traçar a metodologia necessária para o momento pensando sempre no coletivo e principalmente na participação ativa de todos. Para Bastos et alli, (2002, p.22), “[...] não se pode desenvolver atividades sem planejamento e uma metodologia, sem os quais não se pode definir aonde se quer chegar”. Portanto para promover a participação na escola ou em outras instâncias da sociedade, há obrigação do emprego de uma metodologia adequada que conduza aos objetivos desejados. No entanto, devemos nos respaldar para o desanimo e obstáculos oriundo desta ação. Paro (2001, p. 17), relata: “A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação”. A gestão participativa objetiva um maior entrosamento entre família e os profissionais da escola, salientamos que é uma ação difícil, cheia de obstáculos, perspectiva, criticas e poucas soluções. Contudo acreditamos que quando as pessoas se unem num único propósito sempre se encontra sugestões e soluções para qualquer situação. Segundo Bastos et alii: “É aqui que entra o tema da participação da população na escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se não se partir de uma postura positiva da instituição com relação aos usuários, em especial com os pais e responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana, em suma, de participação na vida da escola”. (2002, p. 66). Enfatizamos a escola como espaço de construção, onde busca estimular e descobrir as habilidades e potencialidades de cada individuo inserido em seu ambiente. A postura positiva da escola ocasiona segurança 49 para os pais aguçando sua inserção possibilitando uma gestão participativa que traz benefícios para todos. Ao referir-se a escola e aos sistemas de ensino propriamente ditos, o conceito de gestão participativa engloba além de outros funcionários, pessoas da própria comunidade escolar: os pais, alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na escola e na melhora da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Para Luck (2002), trabalhar coerentemente o conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto porque o trabalho participativo deve estar ligado às pessoas que analisam situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto, nunca isoladamente ou centralizando suas atividades. Entendemos que o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria como um “todo” orientado por uma vontade coletiva. Enfim, o que almejamos é formar uma sociedade justa, com direitos iguais para todos, sem fome, sem “vândalos”, uma sociedade fraterna e democrática, com homens críticos, politizados, capazes de superar os preconceitos sociais e que todos, vivenciem seus direitos e deveres presentes na constituição brasileira. Com homens críticos, justos, com princípios éticos e solidários. Defendemos uma sociedade em que valores como solidariedade, fraternidade e honestidade, devem ultrapassar as barreiras do individualismo, pois a cada momento de nossas vidas estamos construindo a nossa história e uma gestão democrática é fator essencial nesse processo. 50 CONCLUSÃO Finalizemos este trabalho sobre “A importância da parceria escola x família no processo educativo do ensino fundamental” com uma reflexão que enfatiza a responsabilidade de todos no desenvolvimento educacional da criança. Constatou-se que a educação é uma tarefa que envolve todos os seres humanos. Em especial a família e a escola que direciona todos os seus objetivos na busca de qualidade no desenvolvimento da criança. Evidenciou-se primordialmente nesta pesquisa a ausência das famílias na escola. O desinteresse dos pais sobre o desenvolvimento acadêmico do filho e também a falta de apoio a escola nas discussões pedagógica. Destacou-se o jogo do empurra em empurra sobre de quem é a responsabilidade disso ou daquilo. A questão da indisciplina, desinteresse e baixo desempenho decorrente da ausência de parceria entre escola x família. Após ter feitas as leituras e coleta de dados de vários teóricos, pesquisadores e estudiosos do tema em questão, concluiu-se que o distanciamento entre escola e família requer uma tomada de decisão urgente, com a finalidade de buscar possíveis soluções, onde se constatou que a responsabilidade na educação primeiramente é dos pais e cabe a escola proporcionar oportunidades de aproximar e inserir a instituição nos projetos pedagógicos, planejamentos entre outras atividades que possibilitem trabalhos coletivos. Conforme foi demonstrado no decorrer da pesquisa dividida nos capítulos, pode-se perceber que é essencial que a escola valorize a família e as tenha como uma aliada nas ações educativas que atendam as necessidades pessoais e culturais da criança. No primeiro capitulo, estudou-se “a importância da parceria escola x família”; conceituando escola, família e educação; assim como, analisou-se o papel da escola e da família, onde se enfatizou o trabalho coletivo, integrativo e 51 continuo unificando objetivos e discutindo metas que superem os obstáculos do processo educativo. No segundo capitulo, abordou-se “o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo”, com estratégias de como atrair as famílias para a escola. Neste assunto concluíram-se a necessidade de situar os pais sobre a importância de formar parcerias entre escola e família para que juntas encontrem alternativas que possibilitem um ensino de qualidade com as duas instituições lado a lado. No terceiro capitulo, refletiu-se “os desafios das relações sociais na escola” bem como a gestão participativa, que demonstrou as dificuldades de interação entre escola e família e as perspectivas de um relacionamento mais próximo. Percebeu-se que o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos de sua vida deve ser amplamente acompanhado primeiramente de sua família e em seguida pelas escolas onde ambas devem unir estratégias que agucem todo o potencial do estudante. Também ficou entendido nas pesquisas que a parceria escola x família exigem das instituições uma interação de dialogo recíproco. Para que isso aconteça é fundamental que exista na escola uma gestão participativa, onde todo trabalho desenvolvido pelos profissionais devem ser discutido com a participação da família. Este foi um trabalho totalmente fundamentado numa pesquisa bibliográfica que buscou vários pesquisadores e teóricos com estudos no tema em questão. Não tivemos com a referida pesquisa a intenção de esgotar a problemática, contudo destaquemos nas referencias bibliográficas os mais renomados teóricos para que sirva de orientação para os próximos pesquisadores que se interessarem pelo tema. Concluiu-se a pesquisa com os anexos, que trouxe informações tanto dos pais, quanto da escola. 52 BIBLIOGRAFIA •BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981. •BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil: 1988. São Paulo: Saraiva 1988. •BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº. 8069 de Julho de 1996. •BRASIL, Lei 934/96 - Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996. •BASTOS (org), João Baptista et alii. Gestão democrática. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. •CECCON, C. et al. A vida na escola e a escola da vida. Petrópolis, Vozes/ideal, 1983. •DALMÁS, Ângelo. Planejamento, participativo na escola: elaboração, acompanhamento e avaliação. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. •DEWEY, John. Democracia e Educação moderna. Porto Alegre: Globo, 1962 •DICIONARIO AURELIO. 2 edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. •DURKEIM, Emile: Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978. •ENGUITA, Mariano F. 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São Paulo: 3ª Edição, 1992. 55 ANEXOS 56 ANEXO – 01 Para que a escola chama os pais?8 Ø Para que os pais nos ajudem a conhecer melhor os filhos e, portanto melhorar nossos encaminhamentos; Obter informações Solicitar ajuda especializada Dar informações Ø Para verificar se há novos acontecimentos na família que justifiquem mudanças bruscas no comportamento dos alunos. Ø Para mostrar aos pais que a criança necessita de ajuda especializada; Ø Para informar sobre o contato com os especialistas que tratam o aluno. Ø Para tranqüilizar os pais em relação a comportamentos novos e comuns a faixa etária; Ø Para anunciar os encaminhamentos que serão ou estão sendo dados. Ø Quanto a: Orientar ou estabelecer procedimentos comuns casa x escola: Ø Questões gerais da idade; Ø Lições de casa e organizações; Ø Conflitos interpessoais na escola; Ø Questões ligadas aos aspectos pedagógicos. 8 FONTE: VEZ DO MESTRE, Pós-Graduação Psicopedagogia por Tânia Regina G da Rocha em 2005, (www.vezdomestre.edu.br). 57 ANEXOS – 02 Para que os pais procuram a Escola?9 Queixar-se do trabalho pedagógico. Obter informações. ü O professor não agiu de forma adequada; ü O filho não esta aprendendo tal coisa. ü Como o filho “esta indo” na escola. ü Sobre vida familiar; Dar informações. ü Sobre mudanças significativas no comportamento dos filhos. ü Sobre o que fazer nas situações de conflito; Solicitar orientação. Reclamar da instituição. 9 Sobre o crescimento dos filhos. ü Infra-estrutura entrada e saída. FONTE: VEZ DO MESTRE, Pós-Graduação Psicopedagogia por Tânia Regina G da Rocha em 2005, (www.vezdomestre.edu.br). 58 ANEXOS – 03 FAMÍLIA E ESCOLA PARCEIROS OU RIVAIS?10 A professora Rosely Sayão responde a professores de todo Brasil. Ela propõe que a relação entre escola e família seja repensada, no sentido de construir uma nova parceria em prol de uma educação democrática, que tenha em vista a autonomia e a cidadania. 1. Qual a diferença na aprendizagem do aluno cuja família freqüenta a escola e a do aluno cuja família não freqüenta? (Maria Nazaré da Silva Santos de Maceió/AL) Resposta: Há mais de um aspecto nessa questão, pois depende do motivo que leva a família a escola. A escola tem um projeto pedagógico, uma filosofia educacional, e em geral discute isso com os pais, em reuniões. No entanto, muitas vezes os pais são chamados com grande freqüência só para falar dos problemas que o aluno apresenta e, nesse caso, nem é preciso à presença constante da família, que deve confiar na competência da escola para resolver os problemas de comportamento ou as dificuldades do aluno. Mas o pai que freqüenta as reuniões pedagógicas e acompanha a proposta da escola, este sim pode ajudar, e muito. Sua presença é um sinal de seu interesse, e ao incentivar o filho a ir à escola, insistir para que vá todos os dias, organizar o tempo para que estude, esta de fato ajudando. O resto é com a escola. 2. Você concorda que a chamada a família para participar da educação escolar da criança expõe a fragilidade da própria instituição escolar, da própria família? (Jose Luciano Ferreira de Almeida/ Curitiba/PR). Resposta: A questão é bem complexa, porque muitas vezes fica difícil estabelecer a linha divisória entre o que é publico e o que é privado. A escola é um espaço publico, a família é um espaço privado. A escola não deve invadir o espaço da família, 10 FONTE: TV ESCOLA, Revista 28 – Agosto/ Setembro 2003 (Entrevista com a professora e psicóloga Rosely Sayão). 59 mas o contrario também não pode acontecer. A família é o lugar da unidade, da continuidade; a escola, o lugar da diversidade, da diferença. Nem a família, nem o professor devem ter medo de expor suas fragilidades – todos nós as temos. Se a escola tiver um plano de trabalho bem estruturado, não há o que temer: o professor terá a possibilidade de contar com algum colega para superar as eventuais inseguranças. 3. O que fazer quando a família não dá continuidade ao processo de formação de cidadania que a escola desenvolve? (Luzia Magna de Alencar Saraiva de Crato/CE) Resposta: O melhor a fazer é enfatizar mais ainda a formação dada na escolar: o que o aluno aprender ali, ele irá levar para casa. Antigamente, tanto a escola quanto a família eram autoritárias, e ninguém pensava na relação da escola com as famílias. À medida que foi sendo valorizada a individualidade das crianças, a escola começou a chamar os pais, buscando conhecer um pouco mais seus alunos. Estabeleceu-se uma relação às vezes identificada como parceria que, com freqüência, se manifesta muito mais como rivalidade. E os papeis foram se confundindo. Hoje podemos pensar em uma educação mais democrática, e às vezes não sabemos o que fazer. Esse modelo precisa ser construído na pratica, nas ações do dia-a-dia. 4. A participação das famílias na escola está ainda muito relacionada a questões informativas e/ou festivas. Que situações podem ser criadas para que de fato as famílias participem do processo pedagógico? (Nelci Fátima Medeiros Carvalho de Rio Branco /AC) Respostas: O processo pedagógico é da competência da escola. Os pais não têm curso para serem professores de seus filhos, mesmo se forem de fato professores. A parceria importante da família com a escola é no sentido de estimular a criança a se envolver ativamente na vida escolar, a ter curiosidade por aprender e interpretar o mundo. Por que o aluno vai para a escola? Com freqüência ele diz “porque meu pai manda”, isto é, não é algo de seu interesse. Cabe a escola transformar esse impulso em um gosto pelo saber e pela própria escola, 60 permitir que o aluno entenda o sentido de saber fazer contas de dividir e multiplicar, escrever bem o português. Mas, um sentido pratico para sua vida. Ao achar que os pais precisam ajudá-lo no seu trabalho, o professor diminui sua própria responsabilidade. Quando um professor encontre uma dificuldade, ele logo pensa “por mais que eu ensine esse aluno não aprende”, em vez de imaginar que talvez seu método, ou seu plano, esteja equivocado. Ele responsabiliza o aluno ou a família, não se interroga. O mau desempenho dos alunos é responsabilidade do professor, muito mais do que ele imagina. Isso pressupõe que ele mude sua postura diante do conhecimento, admitindo que sua responsabilidade social é imensa. 5. Como a escola pode estimular a participação das famílias nas lições de casa dos filhos e nas atividades extraclasse (entrevistas, pesquisas etc.)? (Francisca Pinheiro de Souza Borges de Teresina/PI) Resposta: Para a lição de casa ter sentido, é indispensável que a criança consiga fazê-la sozinha. Se ela precisar da ajuda dos pais, a escola estará apostando na dependência, e não na autonomia. Mas os pais também têm seu papel. A criança não é capaz de dar conta sozinha de todas suas responsabilidades, prefere brincar a fazer lição. Cabe aos pais estabelecer a hora de fazer a lição de casa, ajudar na organização, cobrar... Mas não é seu papel sentar ao lado, ou mesmo ajudar a fazer a lição.