EDUCAÇÃO POSTURAL CORPORAL PREVENTIVA: UMA ABORDAGEM A
PARTIR DA MEDIDA DO PESO DA MOCHILA ESCOLAR EM RELAÇÃO À
MASSA
CORPORAL
DE
ESCOLARES
DO
COLÉGIO
ESTADUAL
DE
RENASCENÇA-PR
1
Maria Helena de Santi Stael
2
Dartel Ferrari de Lima
1 Especialista em Educação Motora e Esporte – Professora do Colégio Estadual de Renascença-Pr/ Colégio
Estadual de Marmeleiro-PR – Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE/2008. Endereço eletrônico: [email protected]
2 Mestre em Ciências – Professor do CCHEL – UNIOESTE/Marechal Cândido Rondon – PR – Membro do
Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. Endereço eletrônico: [email protected]
RESUMO: O aluno na fase escolar apresenta-se em profundas transformações do
crescimento e do desenvolvimento físico. Surgem nesta fase importantes alterações
em sua postura corporal que devem ser atendidas pelo profissional de educação
física. Este estudo é fruto da intervenção didático-pedagógico no ambiente escolar
proposto pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Para tanto, o
professor PDE buscou elaborar ações visando a prevenção de alterações indevidas
da postura corporal em escolares na fase de crescimento e desenvolvimento
utilizando-se como estratégia, a verificação, a análise e a discussão do peso da
mochila escolar transportada em relação à massa corporal do aluno como agente
desencadeante ou agravante de problemas relacionados com a postura corporal. As
medidas revelaram que o excesso de peso da mochila em relação à massa corporal
dos alunos apresenta relação inversamente proporcional. Quanto maior a idade,
menor foi a ocorrência de excesso de peso (estipulada em 10% como limite
máximo). Observou-se prevalência de excesso no gênero feminino. A intervenção
escolar se deu de modo positivo mediante o interesse entre os diferentes atores
escolares em discutir o assunto e propor estratégias. Ficou estabelecido a
introdução do tema educação postural preventiva no Plano de Ensino da disciplina
de Educação Física do Colégio Estadual de Renascença-PR como assunto
articulador da cultura corporal a ser tratado no início de cada ano letivo.
Palavras Chave: Educação Postural; Plano de Desenvolvimento da Educação,
Educação Física Escolar.
RESUMEN: El trabajo del curso el alumno se presenta en el crecimiento profundo y
desarrollo físico. Darse en esta etapa de cambios significativos en la postura del
cuerpo que deben ser sufragados por los profesionales de la educación física. Esto
estudio es el resultado de la intervención didáctica y pedagógica en la escuela
propuesta por el Plan de Desarrollo de la Educación (PDE). Por lo tanto, el maestro
PDE búsqueda desarrollar acciones encaminadas a prevenir la alteración de la
postura de cuerpo en niños de la escuela durante el crecimiento y el desarrollo por
la utilización de un enfoque estratégico, verificación, análisis y discusión del peso de
la mochila de la escuela realizado en un peso de cuerpo el estudiante ya que un
agente desencadenante o agravar los problemas encendido con la postura. Las
mediciones revelaron que el exceso de peso de la mochila en un peso de cuerpo de
los estudiantes tiene relación negativa. Cuanto mayor sea la edad, pequenõs es la
incidencia del exceso de peso (el 10% como límite máximo). La prevalencia de
sobrepeso en las mujeres. La intervención de la escuela se llevó a cabo de una
manera positiva por el interés entre los diferentes actores en la escuela para discutir
el asunto y proponer estrategias. Se estableció para introducir el tema de educación
preventiva en los currículos de postura de la Educación Física en la Escuela Estatal
del Renascença - PR ya que transversales tema a tratar al principio de cada año
escolar.
Palabras Clave: Postural Educación, Plan de Desarrollo de la Educación,
Educación Física en Escuela
.
INTRODUÇÃO
O modelo do professor da Escola Nova na visão de Tardif (2002) deve
respeitar dois quesitos fundamentais. O primeiro, é representado pelo saber moral e
prático. Este fundamento se apóia e se alimenta mediante as práticas educativas. O
segundo,
é
representado
pelo
saber
técnico-científico,
evidenciado
pelo
conhecimento e pelo controle dos fenômenos educacionais.
Esta interação educativa, um em função do outro pela universalização do
saber, deve desaguar na idéia principalista de que o objetivo da Educação é formar
pessoas que não necessitem mais de professores por toda a sua existência, e sim,
serem capazes de atingirem o conhecimento que os tornem capazes de dar sentido à
suas próprias vidas e suas ações.
Para que o professor possa assumir a vanguarda desta concepção, deve-se
partir do suposto que os conceitos educacionais têm uma vida útil. Em seu trabalho
“Ensinar a Ensinar”, Castro e Carvalho (2002) preconizam que os conceitos nascem,
crescem vigorosos, envelhecem e morrem. Neste sentido, deve-se estar atento ao
prazo de validade dos conceitos estabelecidos.
Neste contexto, lança-se mão de quatro posicionamentos fundamentais para
que o professor possa caminhar lado a lado com a contextualização do cotidiano, a
saber: a) a preparação para o trabalho e para a atuação cidadã comportada dentro
dos costumes e das condutas a sociedade estabeleceu como modelo; b) a
capacidade de se relacionar a teoria com a prática; c) a aquisição de conhecimentos
e habilidades e; d) aprender e continuar aprendendo.
Esta formação continuada é a maior evidência de garantia da ação do
professor como mediador do saber, dos valores, dos pensamentos e das atitudes,
promovendo a elaboração.
No
intuito
de
fortalecer
esta
formação
continuada,
despojada
da
possibilidade de adquirir novas experiências e novas habilidades e, procurando
encontrar-se na concepção de Larrosa (2000) – quando sugere que o pensar e o
saber não apenas faz conhecer o ser, mas também o modifica –, o Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE) apresenta-se como forte fomentador desta
continuidade da formação.
4
O principal objetivo do PDE é proporcionar aos professores da rede pública
estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações
educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática.
É uma política pública que estabelece o diálogo entre os professores da Educação
Superior e os da Educação Básica, através de atividades orientadas teórico-práticas,
tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na
prática escolar da escola pública paranaense (SEED, 2009).
O Programa PDE estabeleceu aos Professores PDE desenvolver ao longo
de dois anos de formação continuada, um Projeto de Intervenção Pedagógica na
escola a qual o professor está vinculado. Contemplando a produção de material
didático-pedagógica, consta como produção derradeira a elaboração de um artigo
científico, sob a orientação dos professores das Instituições de Ensino Superior
parceiras do programa.
Cumprindo o requisito para concluir a integralidade deste Programa PDE,
apresenta-se neste artigo, o material fruto da intervenção pedagógica realizada pela
autora. Para tanto, o artigo lança mão de duas ferramentas principais: (1) apresentar
os caminhos metodológicos para responder a problematização formulada e abordar
alguns aspectos da discussão sobre os principais problemas relacionados com a
postura corporal na fase escolar; (2) abordar um dos aspectos de risco interferidor na
formação e manutenção da postura corporal na fase escolar, determinado pela
proporção do peso da mochila escolar transportada pelos alunos em relação à massa
corporal.
Encerra-se a discussão ao ponderar avanços e retrocessos na atuação como
professora PDE diante do plano de intervenção didático-pedagógico no Colégio
Estadual de Renascença, no Estado do Paraná, como fator integrado às atividades
da formação continuada em Educação.
A postura corporal na infância e na adolescência
No período da infância, a estrutura e os segmentos do corpo crescem mais
rapidamente e gradativamente vão reduzindo a velocidade até a maturidade. O
período de crescimento e desenvolvimento corporal vem acompanhado por intensas
5
e repentinas mudanças A busca da harmonia entre a velocidade do crescimento do
aparelho ortopédico ativo e passivo promoverá o equilíbrio deste crescimento
desarmônico promovendo a aquisição da postura ideal. Este é um forte indicativo da
necessidade de atenção por parte dos pais e dos professores de educação física.
Para Oliver (1999), a boa postura ideal é a atitude que uma pessoa assume,
utilizando a menor quantidade de esforço muscular protegendo as estruturas de
suporte contra desgastes desnecessários. Para Braccialli e Vilarta (2000), postura
ideal tem como finalidade possibilitar à pessoa ser capaz de proteger ativamente
seus segmentos móveis de lesões dentro das condições de vida diária e profissional,
seja no plano estático ou dinâmico. Kendall (1995) define postura ideal como um bom
hábito que contribui para o bem-estar do indivíduo. Um bom desenvolvimento
estrutural e funcional resultará em um bom desenvolvimento postural ideal.
Na atualidade, não se sabe com exatidão a força que cada fator de risco
desencadeante ou agravante da desarmonia postural corporal representa. O que
parece ser consenso entre os pesquisadores, é o início dos problemas serem
iniciados na infância. Kendall (1995), afirma que com apenas 8 a 10 anos de idade,
os padrões de dominância relativos a postura podem aparecer.
No ambiente escolar, a permanência por longos períodos em posições não
adequadas pode provocar encurtamento muscular localizado ou generalizado, como
conseqüência destas alterações pode surgir situação inadequada à postura,
comprometendo todo o equilíbrio do sistema corporal.
Para Kendall (1995), os defeitos posturais na criança em crescimento são
resultados de padrões habituais caracterizados como desvios do desenvolvimento.
Para Souchard (1996) as síndromes posturais da coluna vertebral nem sempre são
bem visíveis ou definidas. A evolução é lenta e muitas vezes, indolor e imperceptíveis
na fase de crescimento, frequentemente na fase adulta, com o problema já instalado,
é que o indivíduo tem a consciência da gravidade da situação.
Fatores que desencadeiam postura corporal inadequada
A criança e o adolescente sofrem várias influências que afetam o
desenvolvimento de hábitos posturais. Identificar os fatores que interferem na
aquisição da boa postura é fundamental para proporcionar ações preventivas no
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espaço educativo. Conforme Tribastone (2001), os problemas são diversos,
incluindo: a hereditariedade, as doenças, a reatividade psicofísica emocional, os
hábitos e o sedentarismo. Braccialli e Vilarta (2000) acrescentam a arquitetura
desfavorável do imóvel, disposição e proporções inadequadas do mobiliário escolar e
dificuldades ergonômicas como as encontradas no transporte do material escolar –
carga transportada é excessiva e o modo como se transporta ineficiente.
A preocupação com a desproporção entre o peso da mochila escolar e a sua
relação com a massa corporal do aluno constitui uma preocupação emergente.
Estados como o Rio de Janeiro, Pernambuco e Mato Grosso, já legislaram a respeito,
estipulando em forma de Lei de que o peso máximo permitido de carga nas mochilas
escolares a ser transportada é de 10% em relação à massa corporal do escolar.
Os escolares que carregam o material escolar em mochilas com peso
superior a 10% – pré-determinado de modo empírico – de sua massa corporal estão
sujeitos a desequilíbrios corporais, o que poderá ocasionar desequilíbrios do
crescimento e do desenvolvimento músculo-esquelético.
Para Braccialli e Vilarta (2000), os indivíduos que utilizam mochilas, seja de
fixação dorsal ou escapular, podem apresentar um conjunto de alterações posturais
as quais criam condições de prejuízos significativos às estruturas músculos
esqueléticos que compõem a coluna.
A ação do educador físico como agente avaliador e interferidor na educação
postural corporal no âmbito escolar
A escola tem um papel importante na aquisição e melhoria da qualidade de
vida dos alunos. Além da formação intelectual a escola deve transmitir
conhecimentos que proporcionem um despertar da consciência corporal do aluno,
promovendo a interação crítica com o outro e com o meio em que vive, para que
possa promover as transformações sociais necessárias.
A prevenção de desequilíbrio postural na fase escolar está diretamente
influenciada com as atitudes assumidas pelos professores de Educação Física. Na
escola, o profissional de Educação Física pode planejar formas de intervenção
pedagógica objetivando a consciência corporal do aluno, de modo que ele conheça
7
os limites e possibilidades do seu corpo, e possa adotar cuidados com a sua postura
dentro e fora do ambiente escolar e ainda disseminar esses conhecimentos junto a
seus familiares.
A concepção da Educação Física defendida nas Diretrizes Curriculares do
Paraná (2008), é denominada como Cultura Corporal, a qual representa as formas
culturais do movimentar humano historicamente produzido pela humanidade,
acreditando-se que a transformação ocorreu ao longo da história da humanidade,
como resultado da relação do homem com a natureza. A postura quadrúpede foi
superada através das relações dos homens entre si.
Os conteúdos estruturantes da Educação Física (esporte, jogos e
brincadeiras, ginástica, lutas e dança), propostos nas Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná (2008), foram definidos como os conhecimentos de grande
amplitude, conceitos ou práticas que identificam e organizam os campos de estudos
de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para compreender o seu
objeto de estudo/ensino.
Os elementos articuladores contidos nas Diretrizes Curriculares de Educação
Física (2008), propõem integrar e interligar as práticas corporais de forma mais
reflexiva e contextualizada. Ainda de acordo com as Diretrizes, pode-se valer desses
elementos para construir possibilidades concretas e alterar a configuração do
trabalho pedagógico na Educação Física. Dentre os elementos articuladores que vem
de encontro ao objetivo deste trabalho, destaca-se: a Cultura Corporal e Corpo e a
Cultura Corporal e Saúde.
Os elementos articuladores apontam inúmeras formas de intervenção
pedagógica que surgem no cotidiano escolar a partir de diversas situações, e que, ao
intervir o professor deverá estar entremeando e interligando as práticas corporais
com vistas para a reflexão, dentro do contexto ao qual os alunos se inserem.
A Resolução CONFEF nº 46/2002, reconhece por Intervenção Profissional, a
aplicação dos conhecimentos científicos, pedagógicos e técnicos, sobre a atividade
física, com responsabilidade ética. Sendo, pois, direcionada a grupos de indivíduos,
em diversas idades e condições físicas.
Como se pôde observar configura-se de competência do professor de
Educação Física as mais variadas práticas corporais nas suas diferentes
manifestações, sendo que estas devem favorecer o desenvolvimento da educação e
da saúde. A esse propósito destaca-se a prevenção de problemas posturais como
8
um dos fatores fundamentais para uma vida saudável. Portanto, torna-se necessário
que esta questão seja amplamente discutida com o intuito de construir um elo entre a
teoria e a prática e incorporá-la como as atitudes do comportamento individual e
coletivo.
Neste contexto, os escolares infantis e adolescentes, estão sujeitos a
posturas corporais inadequadas decorrentes de diversos fatores. O ambiente escolar
não se constitui exceção à regra. Nesta fase da vida do jovem estudante estão
presentes vários fatores de risco capazes de desencadear ou agravar problemas
relacionados à postura corporal. Entre os numerosos fatores, o que os diferencia é a
intensidade de ocorrência e o seu grau de morbidade.
Diante dessa realidade, este projeto de intervenção didático-pedagógico
buscou elaborar ações visando a prevenção de alterações indevidas da postura
corporal em escolares na fase de crescimento e desenvolvimento utilizando-se como
estratégia, a verificação, a análise e a discussão do peso da mochila escolar
transportada em relação à massa corporal do aluno como agente desencadeante ou
agravante de problemas relacionados com a postura corporal.
Para atender os objetivos deste trabalho, se propôs um estudo do tipo
primário, descritivo, transversal, populacional com alocação no critério de seleção,
por permitir informar sobre a distribuição da prevalência de um evento na população,
em termos quantitativos, com objetivo de procurar rapidamente associações comuns
entre fatores, para a criação de métodos de diagnóstico rápido e identificar grupos de
risco, propiciando íntima relação da epidemiologia com a prevenção de doenças e
planejamento, conforme proposta de COSTA e BARRETO (2003).
A amostra para as medidas abrangeu escolares da rede estadual de ensino
do Colégio Estadual de Renascença-PR, composta por 254 escolares do gênero
feminino e masculino, com idade entre 10 a 14 anos (5ª a 8ª séries) que cursavam o
período matutino do ano letivo de 2009. A seleção da amostra foi de forma
intencional para que se tornasse o mais administrativamente possível. Acrescenta-se
ao fato, a não preocupação com o rigor de aplicação de um modelo metodológico
científico inquestionável para se obter os resultados quantitativos porque, o objetivo
desta intervenção didático-pedagógica foi utilizar os dados somente como pano de
fundo para uma discussão maior, a postura corporal.
Para se obter a relação do peso da mochila escolar com a massa corporal do
aluno foi realizada a pesagem do aluno – vestido somente com o uniforme escolar –
9
portando a mochila e, posteriormente, foi realizado, na mesma balança, a pesagem
do aluno sem a da mochila escolar. Foi considerado o valor da mochila escolar, a
diferença entre as duas medidas. Foi considerado impróprio todo valor em que a
mochila escolar excedeu 10% em relação ao peso do aluno.
Resultado das medidas
Foram avaliados 63 alunos freqüentadores da 5ª série, 36 entre eles
estavam transportando carga desproporcional, ou seja, acima de 10% em relação a
sua massa corporal. Na 5ª série, a média desta relação se posicionou em 11,75 %. A
distribuição das ocorrências em desproporção em relação ao gênero sexual, não
apresentou preferência, houve 18 ocorrências para cada gênero. Entre os alunos da
6ª série, 15 alunos entre os 66 avaliados apresentaram com cargas desproporcionais,
houve 09 alunos e 06 alunas. A média encontrada foi abaixo da anterior, com 8,98%.
Na 7ª série, 58 alunos foram avaliados, 18 apresentaram carga excessiva em suas
mochilas escolar, havia 11 alunas e 07 alunos, com média percentual de 9,95% –
embora abaixo do percentual máximo, apresentou-se muito próximo do limite. Para a
8ª série, dos 67 avaliados, 05 alunos apresentaram cargas desproporcionais. Foram
encontrados nesta amostra, 03 alunas e 02 alunos com média de 7,28% – abaixo do
percentual máximo.
Notou-se que, à medida que a faixa etária dos escolares crescia, diminuía a
ocorrência de desproporção de cargas, caracterizando uma relação inversamente
proporcional.
Também, notou-se que a ocorrência entre os sujeitos do gênero feminino
apresentou uma tendência de aumento à medida que aumentava a faixa etária.
O resultado final aponta prevalência de desproporção de carga entre as
alunas. No entanto, ressalta-se que este modelo metodológico não se preocupou
com a distância do trajeto percorrido pelos alunos que carregam carga excessiva na
mochila escolar. Também, não foi objetivo identificar o tipo de mochila de preferência
de cada um.
É pertinente supor em função dos resultados, que a quantidade de material
escolar exigido para as aulas não é necessariamente crescente e, à medida que os
alunos aumentam a faixa etária, também aumenta a massa corporal. Com o material
não aumentando em quantidade e a massa do aluno sim, resulta em amenização da
10
desproporcionalidade entre o peso do material escolar transportado e a massa
corporal do aluno. Este fato, porém, não justifica negligenciar os cuidados
preventivos à medida que as crianças crescem. O peso do material escolar não é o
único fator de risco injuriante às alterações da postura corporal, não se deve
esquecer que o tipo de mochila escolar utilizada, a distância em que este aluno
carrega a mochila e o modo como é carregada, podem se evidenciar em importantes
fatores de risco.
A sobrecarga observada se refere geralmente ao material escolar, cadernos,
livros, estojo, que não se caracterizou como material obsoleto. Na maioria dos casos,
se fazia necessário aquele material transportado. Salvo exceções, registrou-se caso
de aluno que carregava quatro litros de leite na mochila no trajeto de retorno à casa.
A movimentação metodológica para se chegar a estes resultados serviu para
dois propósitos básicos. O primeiro motivo foi realizar um diagnóstico da realidade
específico da relação do peso da mochila escolar com a massa corporal dos alunos
do colégio em questão; o segundo motivo foi estabelecer elaboração tática de
envolvimento dos atores escolares ao interesse, participação e no despertar da
problemática de se promover ações educativas e preventivas em relação aos
agravos da postura corporal nos escolares na fase de crescimento. Esta tática
resultou de modo positivo com o envolvimento participativo de toda a comunidade
escolar envolvida.
A intervenção didático-pedagógica proposta pela professora PDE
A preocupação com a necessidade de promover ações que resultem em
aspectos favoráveis para os cuidados com a postura corporal, pensando em ações
preventivas e iniciadas o mais precocemente possível, levou esta professora PDE a
intervir de modo critico e construtivo na realidade contextual do Colégio Estadual de
Renascença-PR, elaborando um projeto de pesquisa interligado aos conteúdos
estruturantes da Educação Física na esfera escolar.
Para atender a aplicação do projeto de intervenção na escola foi elaborado
material didático-pedagógico, especificamente um CD ROM, onde se encontra várias
imagens com as posturas mais comuns que se adota no ambiente escolar, bem
como imagens de postura correta ao sentar, ao ler e ao permanecer diante de um
11
computador. Este material apresenta as maneiras inadequadas de carregar a mochila
e as possibilidades de melhorar o seu uso. Possibilita visualizar formas corretas de
transportar a mochila escolar de modo que o peso seja melhor distribuído,
amenizando os efeitos prejudiciais à postura do aluno. Estas imagens e textos
objetivam enriquecer o repertório de recursos pedagógicos dos professores, para
apresentação dos conteúdos. A construção deste material forneceu subsídio teóricometodológico sobre a prevenção de problemas relacionados com a postura corporal
e o material ficou disponibilizado na escola para uso comum.
Como ação de contribuição direta ao grupo de alunos, foi discutido o
significado do resultado das medidas do peso da massa corporal e da mochila.
Tiveram acesso a material teórico sobre os cuidados com a postura no dia a dia. Este
material continha textos e fotos com o objetivo de: visualizar diferentes posturas ao
sentar, em frente ao computador, ao carregar peso; refletir sobre a ocorrência de
dores relacionadas à postura corporal; visualizar as posturas inadequadas ao
carregar a mochila escolar e a maneira correta de transportá-la; conhecer o peso
ideal do material escolar transportado, observando se há sobrecarga na mochila;
observar as diferentes posturas adotadas no ambiente escolar; adquirir noções de
boa postura através das informações e das ilustrações; conhecer técnicas simples de
exercícios de alongamento muscular global e adotá-las em seu dia-a-dia, fornecendo
maior possibilidade de se reconstruir a consciência do próprio corpo a partir dos
conceitos previamente estabelecidos.
Conclusões
O projeto foi bem aceito pelo corpo docente do Colégio Estadual de
Renascença-PR, pelos pais dos alunos e pelos alunos, possibilitando realizar o
envolvimento dos atores sociais neste processo de intervenção escolar, mas uma
intervenção não no sentido déspota e sim, no sentido reflexivo, participativo e
construtivo.
No desenvolvimento deste trabalho, foi possível verificar que os diversos
fatores que influenciam a postura, citados na literatura, são reais e presentes no diaa-dia. Este encontro permitiu acrescentar importante contextualização teórico-prático
12
para a minha nova maneira de entender e proceder sobre as alterações da postura
corporal no âmbito escolar.
A avaliação do peso da mochila escolar passa a fazer parte da preocupação
do educador físico no Colégio Estadual de Renascença-PR. No início do ano letivo,
ficou estipulada a abordagem do assunto como tema articulador dos conteúdos a
serem trabalhados. Inclui nesta proposta, a expansão para a educação postural
global preventiva.
Embora esteja muito tempo “distante da pesquisa”, encontrei algumas
dificuldades nas metodologias e principalmente em transformar os conteúdos
estudados em um artigo científico. No entanto, percebi fortemente a necessidade de
aproximação com as Instituições de Ensino superior (IES), para relembrar a
importância da pesquisa, da extensão que resulta do aperfeiçoamento continuado do
professor.
A troca de experiências entre os professores das universidades e os
professores PDE poderá ser positiva para alavancar este Programa. Nem sempre o
que se ensina nas Universidades está contextualizado com o cotidiano escolar e,
nem
sempre,
as
práticas
adotadas
pelos
professores
de
carreira
estão
contextualizadas com as novas perspectivas didáticas, metodológicas e pedagógicas.
Portanto, se faz necessário fornecer ao professor PDE informações
continuadas a partir de estudos da própria prática docente. A interrelação entre os
conhecimentos oriundos da vivência prática e os oriundos das pesquisas científicas
parece compor o arranjo perfeito da música a ser tocada a quatro mãos.
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13
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