BASE ANUNCIO:BASE 5.qxd 31/05/12 16:32 Page 1 50 ASTD:Layout 1 31/05/12 15:56 Page 50 Por Flora Benedita Alves* Quando aprendizagem é o foco ASTD, em Denver (EUA), reúne nove mil pessoas de 80 países e mostra as novas tendências em treinamento e desenvolvimento. A complexidade das funções e a crescente competitividade em todos os setores nos obrigam a buscar incansavelmente formas mais rápidas e eficazes de aprendizagem. Aprendizagem que precisa ser traduzida em performance. O que nos leva ao tema central da maior conferência mundial de treinamento e desenvolvimento no ano de 2012 que aconteceu no mês de maio na cidade de Denver (ASTD 2012 – International Conference & Exhibition). Neste ano, o tema que mobilizou profissionais da área de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas do mundo todo foi “Learn something new, perform something extraordinary”, que significa – em uma tradução livre – Aprenda algo novo, performe algo extraordinário. E o que buscam todas as organizações? Performance. Claro que acompanhada de uma série de componentes igualmente importantes, mas este termo antes tão familiar ao universo das artes é hoje parte integrante do mundo dos negócios e ouso dizer parte integrante de nossas vidas em todos os segmentos. Cada um de nós, profissionais envolvidos direta ou indiretamente com Treinamento & Desenvolvimento, vive um momento único que pode ser traduzido por uma única palavra: oportunidade. Oportunidade esta que vem * Flora Benedita Alves é diretora executiva da SG Soluções e Gestão Empresarial. 50 acompanhada de uma responsabilidade ainda maior. Muitos ainda travam batalhas de proporções inimagináveis para mostrar a importância de seu trabalho. Fato: Temos o privilégio de viver um momento único, onde a velocidade das mudanças e a necessidade de adaptabilidade conferem aos profissionais de Trei namento e Desenvolvimento uma posição cada vez mais crucial para o alcance da tão necessária performance. Para aqueles que ainda têm alguma dúvida sobre a relevância deste papel dentro das organizações, a conferência deste ano em Denver (ASTD 2012) atraiu, de acordo com dados fornecidos ao término do evento, 9.000 profissionais provenientes de 80 países reunidos para que possam enfrentar o mesmo desafio: “Aprender algo novo e fazer melhor o seu trabalho, desempenhar sua função de forma extraordinária. Você talvez esteja se perguntando como todas as mudanças afetam nossa realidade e o que cada um de nós pode fazer para melhorar seu trabalho e contribuir para que nossas empresas sejam extraordinárias neste universo altamente competitivo. Um universo hoje praticamente sem fronteiras, no qual a informação não está mais disponível a um “clique”, mas sim, a “um toque”. Onde “um dedo pode levar você às respostas que procura no momento em que está executando a tarefa mais complexa que jamais imaginou pela primeira vez. 50 ASTD:Layout 1 01/06/12 16:05 Page 51 À esquerda, recepção oferecida às delegações Internacionais. Tony Bingham, presidente e CEO da ASTD, e Flora Benedita Alves, diretora Executiva SG Soluções e Gestão Empresarial. Ciente da oportunidade, e sobretudo da responsabilidade, representei pela segunda vez consecutiva, a SG Soluções e Gestão Empresarial neste evento com o objetivo de, alinhados a nossa missão, avaliar tendências e metodologias que possam ser incorporadas a nossos projetos contribuindo para uma melhor performance de nossa equipe e das equipes de nossos clientes. Compartilho aqui com vocês um pouquinho da minha percepção e de alguns insights que tive durante estes intensos dias de aprendizagem. Planejamento é a palavra chave para um evento que oferece, além das plenárias, inúmeras palestras simultâneas divididas em trilhas de conhecimento que variam do design e facilitação de aprendizagem a temas relacionados à liderança. Você administra seu tempo, podendo escolher concentrar suas energias em uma única trilha de conhecimento ou não. O critério que funciona para mim em meus diversos papéis (líder, empresária, consultora e facilitadora além de gestora de RH), é escolher as palestras de forma a contemplar: tendências, liderança, projetos com os quais estamos envolvidos e áreas específicas de interesse da SG Soluções e Gestão Empresarial além de palestrantes renomados com quem podemos não só aprender mas também trocar experiências. Quando digo trocar experiências, talvez você fique um pouco surpreso, afinal, a princípio, quando vamos para um evento, tendemos a imaginar que seremos apenas ouvintes, e podemos até fazer essa escolha, mas lembre-se: são 9.000 participantes provenientes de 80 países vivenciando situações com as quais você também lida no dia a dia. É hora de trocar. Absorver, claro. Mas também oferecer as suas experiências contribuindo com o aprendizado coletivo. E foi justamente falando dessa possibilidade cada vez mais real de construção coletiva que Tony Bingham (Presidente e CEO da ASTD) abriu a palestra de Jim Collins. Bingham reforçou o que já havia sido a tônica de outro evento em Las Vegas no mês de Janeiro deste ano (TK12 – ASTD 2012 TechKnowledge). “Mobile” não é mais uma tendência, é uma realidade, o que o faz com que seja essencial estarmos preparados para aproveitar as vantagens desta tendência. Ninguém mais espera até abrir seu laptop e se conectar à internet para obter uma informação, ela precisa estar à disposição no exato momento em que precisamos dela. Pense nisso, ter a informação que você precisa, no lugar que você precisa e no momento de necessidade, não é maravilhoso? Isso é “mobile learning”. Capacitar pessoas fazendo com que aprendam o que precisam, na hora que precisam e como precisam é o nosso desafio. As metodologias que utilizávamos já não bastam. Não significa que serão descartadas. Apenas não são mais suficientes. Neste ano, eu diria que a palavra que resume minha percepção sobre o evento é “coerência”. Mesmo com tanta diversidade de temas e abordagens acontecendo simultaneamente, e ainda que eu tenha escolhido trilhas de conhecimento tão diferentes em função de meus objetivos, houve uma linha mestra que permeou cada palestra, algumas de forma mais sutil, mas ela estava lá e trouxe alguns aprendizados e reflexões que considero importantes para todos nós, profissionais de Treinamento e Desenvolvimento. Os principais obstáculos apresentados para a implantação de um modelo que integre o “mobile learning” à estratégia atual adotada são em geral: Budget, dificuldade para integração de sistemas (esta é uma grande parte do desafio) e a preocupação com segurança. Isso sem 51 50 ASTD:Layout 1 31/05/12 15:57 Page 52 mencionar as dificuldades relacionadas às habilidades necessárias para o desenvolvimento de conteúdo neste formato. Tony Bingham deu algumas dicas úteis para quem vai dar os Lance Dublin, Chief Solution Architect - Dublin Consulting, em sua palestra primeiros passos nesta jornada: “The New Blended Model in Action: Lessons From Leaders”. Pense “mobile”, para cada novo programa que for desenvolver, pergunte a si mesmo importância das crenças que permeiam as relações deste como “mobile” pode dar suporte ao aprendizado ao grupo de indivíduos, propondo uma melhoria no alinhausuário da informação, no momento em que ele precisar mento entre estratégia, estrutura e cultura. dela. Utilizando um instrumento simples de assessment Comece “pequeno”. Espere obstáculos e esteja para entender se a empresa e os indivíduos estão ou não preparado para eles. Duas áreas onde “mobile” tem tido prontos para o processo de mudança cultural, apresenum grande resultado são serviços e vendas. tando questões simples que provocam reflexão, ilustranEncoraje o envolvimento de executivos e conquiste do com a apresentação de uma ferramenta visual para a o patrocínio deles para as suas ideias. medição de cultura eles encerraram com o que consideram os três princípios para a mudança cultural de sucesso: Nós na SG Soluções e Gestão Empresarial, temos ofe1. Menos é sempre mais; recido aos nossos clientes soluções que integram “mobile 2. Organizações não mudam. Pessoas mudam; learning” como ferramenta de suporte à performance, 3. Clareza + Alinhamento (nova cultura, nova estruespecialmente para equipes comerciais. Nossa experiêntura, nova estratégia). cia, mostra que a conectividade também pode ser um Compartilhei com o grupo exemplos de práticas desafio, o que faz necessário uma análise cautelosa para atuais da SG e pude constatar que algumas são pioneiras que possamos atender à distribuição geográfica muitas em muitos aspectos. vezes bastante complexa em termos de infraestrutura. Uma empresa é como um organismo vivo, e essa visão Note a relevância de uma estreita parceria com a área de é essencial para o sucesso. Todos nós somos o resultado TI para o sucesso de sua iniciativa. das escolhas que fizemos no decorrer de nossa história ao Este ano, participei de um pré-workshop com foco escrevermos nossa biografia. O que nos leva ao tema que em gestão de mudança cultural que aconteceu no sábafoi pano de fundo da palestra de Jim Collins, que foi a prido anterior à abertura do congresso. Os facilitadores meira palestra magna do evento. Construída com base foram Gerry Schmidt e Lisa Jackson, especialistas em culem seu estudo descrito no livro “Great by choice” ou tura organizacional que contribuiram para a melhoria de “Vencedoras por Opção”, Jim Collins enfatiza repetidaalgumas ferramentas que utilizamos hoje, tornando-as mente que suas conclusões são resultado não só do estumais simples. do de empresas vencedoras mas, sobretudo, da comparaTodos estamos, mais ou menos, diretamente envolvição entre sucesso e fracasso, empresas com idade avançados com mudanças culturais nas organizações, então por da e empresas que fecharam precocemente. que 75% dos esforços para as mudanças culturais falham? Collins pondera que as empresas foram estudadas no Em resposta a esta pergunta, Schmidt e Jackson agremesmo período, inseridas no mesmo contexto e circunsgam ao conhecido trinômio “missão, visão, valores”, a tâncias. Afirma que grandeza ou sucesso não é uma • • • 52 50 ASTD:Layout 1 01/06/12 16:06 Page 53 questão de circunstância, e sim, resultado de escolhas conscientes e disciplina. Tudo nos leva a pessoas. Numa analogia simples e divertida, ele compara as organizações a um ônibus com seu motorista. Diz que ao conduzirem seus estudos, esperavam encontrar nas organizações líderes visionários que diriam qual a direção a ser seguida que motivariam as pessoas para chegar a este destino. Mas em vez disso, encontraram líderes que disseram: “Eu não sei na verdade para onde dirigir este ônibus, mas eu vou decidir primeiro quem deve ficar no ônibus, quem deve ficar fora dele e quem deve ocupar os assentos chave. E depois de ter colocado as pessoas certas dentro e fora do ônibus e as pessoas certas nos assentos chave, decidirei para onde dirigir o ônibus.” Assim Collins define a habilidade de colocar a pessoa certa na posição certa como sendo a competência mais importante para um líder. Ele prossegue se aprofundando nas questões envolvidas na liderança e descreve o que chama de “fator X” que distingue grandes líderes daque- les que são bons. Recorrendo a analogias, ele mostra como diferentes escolhas feitas por líderes que tinham o mesmo objetivo conduziram equipes a resultados radicalmente diferentes. Ele ainda destaca três comportamentos encontrados em todos os líderes que apresentam o “fator X”, nomeando tais comportamentos como: “Disciplina fanática, criatividade empírica e paranóia produtiva”. Eu poderia mergulhar nos aspectos apresentados por Jim Collins, mas para isso, seria necessário termos toda uma edição. Em vez disso, prefiro convidar você a observar que muito do que foi apresentado, nós já conhecemos. Ouso dizer que o grande segredo está na arquitetura dos programas que desenvolvemos para contribuir com este salto. De bom a ótimo. De sobrevivente a vencedor. Sendo a arquitetura de nossos programas fundamental para o sucesso no desenvolvimento não só de líderes, mas de todos os colaboradores, incluí em minha agenda algumas palestras com foco em design e facilitação de 50 ASTD:Layout 1 31/05/12 15:57 Page 54 À esquerda, painel localizado na “Global Village” onde os participantes colocam seus cartões de visita sobre os seus países. Um ícone visual da globalização. Acima o palco do “Fargo Theatre”, onde as plenárias foram realizadas. aprendizagem e, sendo este um de nossos fortes segmentos de atuação não foi surpresa estarmos à frente em muitos aspectos. Ainda assim, uma das atividades utilizadas por Kimberly Seeger em sua palestra nos inspirou para a criação de jogo que já está em desenvolvimento para ser utilizado em nossas reuniões de briefing ajudando o cliente no estabelecimento de objetivos e resultados dos programas de treinamento. Fazer perguntas é uma arte. Obter respostas que nos conduzam ao melhor design é um desafio e a inovação é o caminho do design eficaz. Sabemos que como indivíduos, temos estilos diferentes de aprendizagem. Estamos familiarizados com estes estilos, mas o que é “Learning Agility”? Este foi o tema da palestra de Vicki Swisher da Korn/Ferry International. Note que tudo vai sendo “costurado” com maestria. Se o sucesso é o resultado de nossas escolhas o processo de tomada de decisão ganha uma dimensão ainda mais relevante. É sobre este cenário que Swisher pinta um belo quadro para falar sobre “Learning Agility”, que ela apresenta com sendo o “Fator X” na identificação e desenvolvimento de futuros líderes. “Learning agility” em uma tradução livre é “a habilidade e a boa vontade ou até mesmo desejo de aprender com a própria experiência e logo em seguida aplicar este conhecimento com sucesso face a uma nova condição que se enfrenta pela primeira vez”. Habilidade esta crucial em um universo onde as oportunidades de trabalho e complexidade das posições crescem a cada dia enquanto o suprimento de talentos disponíveis se torna cada vez menor. Identificar esses talentos e contribuir com seu desenvolvimento é a nossa missão. Estou certa de que você identificou aqui muitas coisas que já conhece, mas espero que também tenha encon- 54 trado algo útil que possa ser transformado em prática imediata melhorando sua performance. Ainda há muito para contar, inúmeras experiências, afinal foram 250 palestras ministradas por palestrantes em 5 dias intensos . Escolho finalizar mencionando alguns momentos marcantes que gostaria de compartilhar com você. O primeiro deles foi proporcionado por John Kao que envolveu com maestria a todos os presentes ao falar sobre inovação por meio da música, utilizando sua experiência, o Jazz e um piano. Ele aponta algumas tendências como a proliferação dos dispositivos móveis e a computação nas nuvens que corroboram com a abertura feita por Tony Bingham (Presidente e CEO da ASTD). Ele também reforça a importância da área de TI, uma vez que como educadores podemos fazer melhor o nosso trabalho graças à tecnologia. Para John Kao, conhecimento e tecnologia são muito similares uma vez que ambos buscam simplificar a complexidade. E é neste contexto de simplificação que ele nos lembra de que todos nós nascemos criativos e que a criatividade está relacionada à nossa habilidade para gerar novas ideias. A inovação (não vamos discutir aqui as várias definições e abordagens existentes) é a criatividade aplicada a um propósito de forma a gerar valor. Inovação acontece tendo como base a mudança de algo já existente. E para mudar algo que já existe é fundamental que nossa mente esteja aberta. John Kao encerra sua palestra falando sobre a simplicidade à mente dos iniciantes. Peço licença a Kao para encerrar, como ele com um pensamento de Leonardo da Vinci: “A simplicidade é a maior forma de sofisticação”. Cabe a nós simplificarmos a cada dia.