Cenários de inovação para a
educação na cibercultura: do
p-learning ao u-learning
Bento Duarte da Silva
Prof. Catedrático
Instituto de Educação | Universidade do Minho
[email protected]
“A história das sociedades humanas
nos últimos dez milênios pode ser
explicada em termos de uma
sucessão de revoluções tecnológicas
e de processos civilizatórios através
dos quais a maioria dos homens
passa de uma condição generalizada
de caçadores e coletores para
diversos modos, mais uniformes do
que diferenciados, de prover a
subsistência, de organizar a vida
social e de explicar as suas próprias
experiências”.
Darcy Ribeiro, 1975, p. 19
?
Impacto das TIC
cada época histórica e cada tipo de
sociedade possui uma determinada
configuração proporcionada:
 pelo estado das suas tecnologias
 pela reordenação nas relações
espácio-temporais (local,
regional, nacional, global)
 pelo estímulo à transformação
Microprocessador
PC (Personal Computer)
Homo loquens
homo pictor
50.000
duração
Escrita
4.000
C. Interpessoal
(45.000 anos)
Imprensa
Telégrafo
C. Elite
1456 / 1837
d.C.
C. Massas
(5.500 anos)
1971 / 1981
1989...
C. Individual C. Ambiente
Virtual
(500 anos
Imprensa)
Linha do desenvolvimento das ecologias comunicativas
Internet
(18 anos) (23 anos...)
1945 – ENIAC (pesava 30 toneladas, dimensões de 24 metros de
comprimento e 5 de altura; tinha mais de 17.000 válvulas)
1981 – Personal Computer (PC da IBM – desktop)
1992 – PC Portátil da IBM (Thinkpad)
2007 – Iphone
2010 – Tablet (IPAD)
Processo de aceleração evolutiva
quando as sociedades “experimentam uma revolução
tecnológica com base em sua própria criatividade ou na
adoção de inovações tecnológicas”
(Ribeiro, p. 45/46)
Singularidade tecnológica
denominação dada a um evento histórico, previsto para
o futuro, no qual a humanidade atravessará um estágio
de notável avanço tecnológico num curtíssimo
espaço de tempo
(Kurzweil, 2009).
As TIC não são apenas meios que possibilitam a
emissão e receção da informação
o seu papel mais importante é contribuir para
estruturar a ecologia comunicacional
das sociedades
Atuando como instrumentos
de mediação sociocultural
Ecologias da comunicação
e educação
Comunicação em
Redes Ubíquas /
Pós Massivas
Comunicação em
Ambiente Virtual
Comunicação Individual
Comunicação de Massa
Comunicação de Elite
Comunicação Interpessoal
Aprendizagem
Ubíqua
Comunidades
de Aprendizagem
Auto - Educação
Escola Paralela
Escola
Família
Cenários de inovação
para a educação na
cibercultura
“o conjunto das técnicas (materiais e
intelectuais), as práticas, as atitudes,
as maneiras de pensar e os valores
que se desenvolvem conjuntamente
com o crescimento do ciberespaço”
(LÉVY, 2000, p. 17)
 Interligação
 Comunidades virtuais
 Inteligência colectiva
Symmetry magazine, vol. 5, nº 4, Setembro 2008
Imagem de: Chris Harrison, Carnegie Mellon University
http://www.symmetrymagazine.org/cms/?pid=1000639
Inclusão Digital
http://news.bbc.co.uk/2/hi/technology/8552410.stm
População online e taxas de infoexclusão
nos países luso-afro-brasileiro
População online
Países
Portugal
Angola
Cabo Verde
Guiné-Bissau
Moçambique
Brasil
1998
2008
1.000.000
4.475.740
2.500
550.000
2.000
102.800
300
37.100
3.500
350.000
2.500.000
72.027.700
Taxa de infoexclusão (2008)
Países
População Total
População offline
Portugal
Angola
Cabo Verde
Guiné-Bissau
Moçambique
Brasil
10.700.000
18.900.000
506.000
1.600.000
23.400.000
193.700.000
6.224.260
18.350.000
403.200
1.562.900
23.050.000
121.672.300
Taxa de
crescimento
347,57 %
21.900,00 %
5.040,00 %
12.266,67 %
9.900,00 %
2.781,11%
Taxa de
infoexclusão
58,17%
97,09%
79,68%
97,68%
98,50%
62,81%
Fonte: cálculos com base nos dados extraídos de News BBC
(http://news.bbc.co.uk/2/hi/technology/8552410.stm), com ligação aos serviços competentes dos países para
obtenção de dados sobre a população total.
Marcas da nova ecologia da comunicação
CONECTIVIDADE
MOBILIDADE
UBIQUIDADE
Cenários de inovação para a educação
Redes de
Aprendizagem
Sua “aula” de aprendizagem
em rede é em qualquer parte
onde tenha um computador
pessoal, um modem e uma
linha telefónica, antena
parabólica ou estação de
rádio. Ligar-se à rede
converte o seu ecrã de
computador numa janela ao
mundo da aprendizagem
Interação prof. - aluno
Gerações de tecnologias de EaD
Internet/web
Teleconferências
Universidades
Abertas
Transmissão
Rádio e televisão
correspondência
(desde 1990…)
(desde 1980…)
(desde 1970…)
(desde 1921 / 1934…)
(desde 1880 …)
Interação aluno - aluno
(Moore & Kearsley, 2007)
E-learning
“a utilização das novas tecnologias multimédia
e da internet para melhorar a qualidade da
aprendizagem, facilitando o acesso a recursos
e a serviços, bem como a intercâmbios e
colaboração a distância”
Programa Europeu e-learning:
http://www.europa.eu.int/comm/elearning
Extensão virtual da
sala de aula
presencial
Ensino
presencial com
recurso a
tecnologias
E-Learning
Auto-estudo com
base em
documentos
digitais
Educação a
Distância
Educação Online
(Gomes, 2005)
Empatia
Experiência
de uso
Empreendedorismo
E-learning
Exploração
Envolvimento
Eletrónica
(Piper Jaffray, Helping Investors Climb the e—learning Curve; 1999).
Evolução do número de matrículas por
modalidade de ensino – Brasil – 2001‐2010
Fonte: Censo da Educação Superior 2010 (INEP, 2011, p. 10), in ALMEIDA, 2012, p. 89
IES em EaD – Brasil
(2002 – 2008)
IES: 25 em 2002; 115 em 2008 (4 vezes mais)
Cursos: 46 em 2002; 647 em 2008 (14 vezes mais)
Vagas: 24.389 em 2002; 1.699.489 em 2008 (70 vezes mais)
Inscritos: 29.702 em 2002; 708.784 em 2008 (24 vezes mais)
DEMO, Pedro (2010).
Novo paradigma para a escola
COMUNIDADES DE
APRENDIZAGEM
Pensar a escola …
 na partilha de motivações comuns
 de afinidades de interesses, de conhecimentos,
atividades, de projetos
 num processo de cooperação e interações sociais
o entre escolas
o outras instituições comunitárias
o entre autores e leitores
Independentemente das proximidades geográficas e
domínios institucionais
A tecnologia mudou a medida da
escala espacial
o longe e o próximo não existem
em termos virtuais
a medida faz-se pela implicação dos atores em
projetos de interesses e motivações comuns
que desejam partilhar
Sintese…
C-learning
P-learning
(Connective-learning)
(4.000 a.c.)
E-learning
(1990)
D-learning
(séc. XIX)
B-learning
(blended learning)
M-learning
(Mobile learning)
U-learning
(Ubiquitous-learning)
Cenários de inovação
http://saladeaulainterativa.pro.br/moodle/course/view.php?id=11
o grande desafio consiste em
compreender a chegada do
tempo de tecnologias que dão
oportunidade de redesenhar as
fronteiras de uma escola
aberta aos contextos sociais e
culturais, à diversidade dos
alunos, aos seus
conhecimentos,
experimentações e interesses,
enfim, em instituir-se como
uma verdadeira comunidade
de aprendizagem.
Janus: deus romano,
representado com dupla face
“A educação assumiu muitas formas no
passado e demonstrou ser capaz de adaptar-se
à mudança das circunstâncias, de definir novos
objetivos e elaborar novas estratégias. Mas,
permitam-me repetir: a mudança atual não é
igual as que se verificaram no passado.
Em nenhum momento crucial da história da
humanidade os educadores enfrentaram
desafios comparável ao divisor de águas que
hoje nos é apresentado. A verdade é que nós
nunca estivemos antes nessa situação. Ainda
é preciso aprender a arte de viver num
mundo saturado de informações. E
também a arte mais difícil e
fascinante de preparar seres
humanos para essa vida.”
(Bauman, 2011, p. 125)
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inovação para a educação na Sociedade. São Paulo: Editora Loyola (prelo)
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Bento Silva – Cenários de inovação na educação