MPEL – U.C. Modelos de Ensino a Distância
UA 17 de Julho de 2009
O futuro do Mobile-learning
Teresa Rafael
“M-learning é a intersecção entre e-learning e computação
móvel: recursos acessíveis onde quer que se esteja, fortes
capacidades de pesquisa, ricas em interacção, forte suporte
para uma aprendizagem eficaz, e avaliação baseada no
desempenho. E-learning independente da localização, tempo
ou espaço” (Quinn, 2000);
Resumo
Nas sociedades modernas a mobilidade é um dos traços mais marcantes de desenvolvimento. Esta inclui
várias componentes como é o caso de pessoas, bens e informação.
Num mundo crescentemente interactivo, onde a concretização do potencial de cada lugar ou região
depende cada vez mais da capacidade de participar de forma activa em diferentes redes de circulação de
pessoas, bens e conhecimento, a mobilidade surge como um factor básico de desenvolvimento.
Entre 1995 e 2000 o e-learning tornou-se numa forma nova de aprender e usar a tecnologia na educação.
Mas, com os avanços das tecnologias, em especial, o Wireless ou o Hi-Fi e o aumento do potencial dos
dispositivos móveis (telemóvel, PDA, Pocket PC, Tablet PC), surge um novo paradigma educacional designado
por mobile learning ou m-learning. A mudança de paradigma da educação e a evolução dos dispositivos móveis
permitiu criar condições para o surgimento do conceito de Mobile Learning ou m-Learning que recorre às
tecnologias móveis para assim obter melhores resultados na aprendizagem.
Por seu turno o avanço registado nas tecnologias móveis permite actualmente a possibilidade de aceder a
informação em tempo real, em qualquer hora e em qualquer ponto geográfico. O nível de
mobilidade/acessibilidade a serviços e conteúdos remotos através de dispositivos móveis só se tornou
possível, no entanto, devido ao enorme e rápido progresso registado nas tecnologias que passaram a ter uma
redobrada importância na mobilidade e flexibilidade.
Palavras-chave
Mobilidade, redes, m-learning, tecnologia, acessibilidade, flexibilidade
Introdução
A evolução das sociedades tem como algumas das suas principais causas os vários avanços da ciência e
da técnica que, com maior ou menor incidência em determinadas áreas, condicionam e modificam o
funcionamento dessas mesmas sociedades. Nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico, sobretudo na
área do muito pequeno, ou seja, da nanotecnologia, fez com que termos como e-learning e blended-learning, entre
outros, passassem a fazer parte do jargão de qualquer jovem minimamente escolarizado e informado.
Por estar ainda a dar os primeiros passos, o m-learning não será um conceito ainda muito divulgado. Há
no entanto certos meios em que surge como uma oportunidade importante para a prossecução de objectivos
de formação, de divulgação e de penetração económica nos mercados. Aguarda-se apenas que a evolução
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tecnológica se processe rapidamente, tornando ainda mais potentes e eficientes os “meios de transporte” desta
outra “oportunidade de aquisição de conhecimento” e contribuindo para o desenvolvimento de novos
mercados.
Portanto, as potencialidades desta nova abordagem da tecnologia não terão sido ainda totalmente
exploradas. Apoiando iniciativas nesta área, a União Europeia confirmou já a sua importância e as mais valias
que poderá trazer. De resto, a nível do ensino e formação específica aparecem já algumas aplicações
interessantes que têm como base a análise da sociedade presente e que se projectam para o futuro, sobretudo
referente a uma nova mobilidade que se apelida de “nomadismo”, por referência a outras condições.
Neste artigo procuraremos verificar, a partir da definição do conceito de m-learning, o seu interesse e
aplicabilidade, determinar em que circunstâncias se adequa ao ensino, quais as áreas do saber onde este
instrumento terá maior validade e que faixas etárias ou sectores profissionais serão os mais adequados para
receber formação via m-learning.
1. O que é o M-learning?
Para alguns autores, o m-learning, ou educação móvel, deriva de educação a distância ou e-learning e tem
lugar quando a aprendizagem interactiva acontece através de dispositivos móveis. Esta ferramenta usa
tecnologias móveis de forma a incrementar a experiência de aprendizagem. Equipamentos tais como
telemóveis, PDAs, Smartphones e Internet podem ser usados em conjunto por forma a atrair a vontade de
aprender em qualquer lugar e em qualquer altura.
No entanto, parece-nos que mais algumas ideias podem enriquecer esta abordagem. Podemos encarar o
m-learning como uma derivação ou sub-produto do e-learning na medida em que surge essencialmente com o
desenvolvimento das redes sem fios e o aperfeiçoamento e massificação de dispositivos como os PDA e
Smartphones.
A mobilidade relativa proporcionada pelo e-learning passa a ser muito maior a partir do momento em que a
informação e/ou o conhecimento saem das paredes das escolas, dos lares e das empresas e conquistam outros
espaços. De facto, a partir de certa altura deixa de ser necessário ir ter com a formação para ser esta a
deslocar-se para junto de quem dela necessita ou a solicita.
Por seu lado o desenvolvimento das redes de comunicação permite que qualquer um possa comodamente,
a partir de casa ou de um outro qualquer lugar, realizar as tarefas que tem em mente “em qualquer hora e em
qualquer lugar”, desde que para isso possua um pequeno dispositivo móvel que lhe permita aceder a
informação pretendida.
Não há consenso relativamente aos dispositivos a considerar na definição de m-learning. No entanto a
mobilidade parece ser determinante, embora em muitos casos os notebooks sejam desconsiderados por não
contemplarem alguns dos serviços prestados por outro tipo de dispositivos, além de poderem constituir
apenas uma versão “menos fixa” do vulgar computador de secretária No entanto os Ipod e afins constituem
objectos também extremamente móveis e muito usados no ensino, enquanto excelentes meios de
aprendizagem sem que no entanto possuam características de um telefone ou mesmo ligação à Internet. De
qualquer modo, para analisarmos a viabilidade do m-learning e as suas perspectivas de futuro temos
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essencialmente que reflectir sobre o que se pretende com essa ferramenta, quais os objectivos que deve
cumprir e, sobretudo, a que público é que se dirige. Conforme indicam Vavoula e Sharples “Três formas de
aprendizagem podem ser consideradas mobile learning: é móvel em termos de espaço; é móvel em diferentes facetas de vida (casa,
trabalho, entre outras), é móvel referente ao tempo” (Vavoula, Sharples, 2002).
Há três grandes aspectos para os quais o m-learning se revelou já como sendo de primordial importância:
i.
Para obviar os problemas relacionados com a acessibilidade de formação a quem se encontra
geograficamente distante
ii.
Como forma rápida e eficiente de formação ao longo da vida e em contexto de trabalho
iii.
Como forma de combater a iliteracia e numeracia.
Como vantagens, pelo menos no que respeita à motivação, o m-learning traz à partida o facto de a
formação/informação estar acessível num dispositivo com o qual as pessoas estão familiarizadas e
afectivamente ligadas e com que realizam tarefas também de lazer.
Uma das grandes vantagens dos dispositivos móveis é de estarem permanentemente acessíveis aos
utilizadores, comprovado pelo facto dos PDAs e telemóveis poderem ser facilmente transportados (por
exemplo no bolso, na carteira, etc.), facultando um acesso instantâneo à aprendizagem, conceito denominado
por JITL (Just-In-Time Learning)
Uma outra vantagem do m-Learning é a possibilidade de implementar a aprendizagem nos "tempos mortos"
dos formandos – por exemplo, durante viagens ou períodos de espera. Deixa de ser necessário ter
equipamento mais completo para aceder a recursos formativos, e a dimensão das próprias unidades formativas
é adaptada a um esquema de aprendizagem com períodos de estudo mais curtos.
O tipo de informação recebida em m-Learning pode ser constituída apenas por uma SMS, em forma de
lembrete nomeadamente relativamente à disponibilização de conteúdos ou agendamento de tarefas quer no
dispositivo móvel, quer na plataforma de e-learning. Neste contexto, podemos afirmar que a modalidade do
m-learning complementa o sistema de e-learning.
O recurso a estes dispositivos incentiva, de resto, uma crescente mobilidade, facultando o acesso a
conteúdos pedagógicos, promovendo a colaboração à distância, a qualquer hora e sem qualquer restrição
geográfica (hotéis, transportes públicos, casa, etc.), considerando a permanente expansão e actualização das
redes móveis (Wireless).
Atendendo a que cada vez mais os esforços educativos vão no sentido de acompanhar a evolução da
sociedade da informação contribuindo para a sua transformação alargada em sociedade do conhecimento (cf
Castells ), em que aprendizagem ao longo da vida passará a ser uma constante, há neste momento grande
expectativa quanto às potencialidades/viabilidade acerca deste tipo de dispositivos no sistema educativo.
Vislumbradas que são já algumas das potencialidades destes recursos, existem neste momento instituições
de renome (com o patrocínio de empresas interessadas não só na aplicação desta tecnologia para a formação
dos seus quadros, como para a comercialização), patrocinadas muitas vezes por empresas e marcas
consagradas (Siemens, Nokia etc), a estudar formas de melhor rentabilizar este tipo de aprendizagem e
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sobretudo empenhadas na criação de software mais adaptado a este tipo e artefactos e de público. E são já
muitas as iniciativas que têm lugar em ambientes empresariais e de pesquisa em Universidades.
Não terá também sido por mero acaso que a União Europeia em 2001 despoletou e fomentou o programa
m-learning. Um dos principais handicaps de momento apontados ao m-learning prende-se sobretudo com questões
técnicas nomeadamente com o tamanho dos ecrãs e teclado.
Do ponto de vista pedagógico, no entanto, aponta-se o facto de apenas terem mudado os dispositivos e
não as pedagogias ou a forma como se encara o ensino/aprendizagem do futuro. Por enquanto o m-learnning é,
na maioria dos casos, apenas visto/aplicado como complemento do e-learning quando o que se pretende é que a
curto prazo a aprendizagem ( que deve/tem que ser feita ao longo da vida) se revista de características de
autonomia responsabilidade e independência.
Estas limitações deverão ser contornadas e ser salientadas novas formas de apreensão de conhecimentos,
novas metodologias e, eventualmente, novos esquemas de aprendizagem. Por outro lado urge desenvolver
conteúdos especificamente para entrega em telemóveis e PDAs. Da forma como está a ser feita, parece
evidente que a utilização destes dispositivos móveis ainda constitui um complemento do uso do PC, e que o
ensino à distância é ainda um ensino híbrido.
Porque é que o m-learning interessa?
De acordo com um dos mais interessantes blogs sobre m-learning, há dez boas razões para acreditar nesta
nova ferramenta de ensino e na validade das pedagogias a implementar com ela:
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10.
O m-learning permite que o ensino-aprendizagem ocorra no local e tempo mais adequados.
Permite ao aprendente um acesso flexivel e apropriado ao conhecimento.
Incrementa a literacia.
Muitas indústrias e profissões usam equipamentos móveis como se fossem telefones ou
computadores de secretária.
Os dispositivos móveis podem executar mais tarefas, melhor e mais rapidamente que
anteriormente.
o m-learning pode ser a mais económica das opções.
o m-learning permite melhores comunicações e serviços.
o m-learning pode ser muito apelativo
o m-learning conta com os estudantes para ultrapassar as fronteiras do m-learning.
Os dispositivos móveis apoiam e encorajam um ensino e práticas de aprendizagem
pedagogicamente fortes tais como a partilha, a colaboração e a “construção de conhecimentos”.
O m-learning no futuro
No futuro toda a gente recorrerá aos pequenos dispositivos que lhe permitam o acesso ao conhecimento
em qualquer hora e em qualquer lugar. Embora a utilização dos PCs na área do ensino à distância esteja
massificada, a realidade é que os telemóveis e mais recentemente os PDAs seguem o mesmo caminho,
tendendo, eventualmente, a superar essa utilização e a convergir muito brevemente para se tornarem num
objecto pessoal indispensável, conforme evidenciam os estudos efectuados onde se enfatiza a sua utilização
pela maioria dos jovens [9]. Desta forma, e sendo fundamental motivar e incentivar ao conhecimento, a criação
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de conteúdos pedagógicos para PDAs e telemóveis torna-se primordial e um factor motivacional ao ensino e à
aprendizagem.
A disseminação de unidades de conhecimento através de dispositivos móveis permite a aprendizagem
just-in-time. Ou seja, permite que um formando solicite a consulta de um determinado conteúdo exactamente
quando precisa de adquirir aquele conhecimento. Através do telemóvel, o formando pode consultar a lista de
conteúdos disponíveis e quais as últimas actualizações, solicitando então a entrega dos conteúdos no seu
telemóvel.
Conclusões
Atendendo à evolução verificada quer a nível tecnológico quer a nível de investigação
científico-pedagógica, poder-se-á investigar, com base em alguma literatura e estudos realizados, até que ponto
o m-learning é viável no futuro e em que medida existe ou não predisposição para a utilização de dispositivos
móveis. No entanto, poderá já afirmar-se que apenas se aguarda a evolução tecnológica, pois a predisposição já
existe e a tecnologia não constitui obstáculo, pelo menos para os chamados “nativos digitais”.
De acordo com estudos já realizados, nomeadamente em empresas e universidades, o futuro passa
necessariamente pelo m-learning. Muito tem ainda que ser feito, principalmente no que respeita à evolução
tecnológica e pedagógica. Sem dúvida que a longo prazo a tendência será para encarar o m-learning como um
factor tão importante e imprescindível como é hoje o ensino à distância. Ambos contribuem para o
desenvolvimento e bem-estar de todos quanto participam numa sociedade que se quer mais inteligente mas
também mais acolhedora.
Referências bibliográficas
_, mLearning:
Education for the iPod generation- through Mobile devices, podcasting, PDAs and Web 2.0 platforms. Anything and
everything regarding the next generation of educational technology (Learning 2.0) em
http://www.zimbio.com/mLearning/articles/91/10+Reasons+Mobile+Learning+Matters, página visitada em 6 de Julho
de 2009.
Ally, M. (2009). Mobile Learning: Transforming the Delivery of Education and Training. AU Press, Athabasca
University. Disponível em http://www.aupress.ca/index.php/books/120155
Castells, Manuel, (2007). A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. (Vol. I). A sociedade em rede. Lisboa : Fundação
Calouste Gulbenkian.
Quinn, Clark N. (2000). citado em
http://dotreply.wordpress.com/2007/07/16/m-learning-um-novo-paradigma-na-educacao, visitada em 17/07/2009.
Savill-Smith, C., Attewell, J., Stead, G. (2006). Mobile Learning in Practice. London : Learning and Skills Network.
Vavoula, G., and Sharples, M. (2002) Requirements for the Design of Lifelong Learning Organisers. Proceedings of
MLEARN2002, European Workshop on Mobile and Contextual Learning, Birmingham, UK, pp. 23-26.
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