DIAGNÓSTICO RÁPIDO E DIALOGADO (DRD) DAS CONDIÇÕES SÓCIOECONÔMICAS DE 6 (SEIS) ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NO MUNICÍPIO DE UNAÍ – MG EIXO: COOPERAÇAO, AGROINDÚSTRIA E ORGANIZAÇAO DA PRODUÇÃO Érica Campos Ribeiro [email protected] Marcelo Leite Gastal [email protected] RESUMO O presente artigo é resultado do Diagnóstico socioeconômico de 6 (seis) assentamento de reforma agrária no município de Unaí MG, que teve por objetivo conhecer a realidade vivenciada pelas famílias assentadas, através da analise das potencialidades e os desafios para se alcançar o desenvolvimento. Os resultados obtidos mostraram que os maiores impedimentos para o sucesso da reforma agrária encontramse nas frágeis políticas públicas implantadas no setor agrário do país. Observou-se a importância dos assentamentos para o desenvolvimento do município, tanto pela oferta de produtos produzidos no mercado como pela contribuição das famílias como consumidores no comércio. O que, em última instância, favorece a maior circulação de recursos e dinamiza a economia impactando positivamente o desenvolvimento local. PALAVRAS CHAVE: Assentamento. Reforma Agrária. Unaí. Diagnóstico. ABSTRACT This article is the result of socio-economic diagnosis of six (6) land reform settlement in the municipality of Unai MG, which aimed to know the reality experienced by families settled through the analysis of the potential and challenges for achieving development. The results showed that the greatest impediments to the success 1 of land reform are the weak public policies implemented in the agrarian sector of the country. Noted the importance of the settlements to the development of the city, both the product offering in the market as produced by the contribution of households as consumers trade. What, ultimately favors the largest circulation of resources and stimulates the economy positively impacting local development. KEYWORDS: Nesting. Agrarian Reform. Unai. Diagnosis. 1. INTRODUÇÃO As principais atividades econômicas no município de Unaí, MG, são relacionadas à produção agropecuária. A agricultura familiar desempenha papel fundamental, pois dos 3.593 estabelecimentos agrícolas, 2.734 são familiares, correspondendo a 76,1% do total do município (MANGGINI, 2012). Compõe essa agricultura 34 projetos de assentamento (Figura 1), totalizando 1.639 famílias assentadas (INCRA, 2013). Figura 1 - Distribuição dos assentamentos de reforma agrária no município de Unaí – MG. Fonte: Cáritas Diocesana de Paracatu Segundo Gastal et al (2003) o Diagnóstico Rápido e Dialogado (DRD) consiste no conhecimento, análise e interpretação dinâmica da maneira como se estrutura e se viabiliza o espaço rural através de seus componentes: sistemas de produção, recursos naturais e organização social. O diagnóstico permite uma primeira visão de realidade do assentamento, porém, não pode constituir-se em um fim em si mesmo, ele não é o objetivo do trabalho, 2 mas sim, um instrumental utilizado para apoiar a metodologia. Na concepção metodológica da Embrapa, o DRD deve ser visto como uma etapa do trabalho, que além de coletar as informações, deve interpretá-las corretamente (GASTAL et al., 1993). Portanto, o objetivo deste trabalho é conhecer a realidade vivenciada pelas famílias assentadas, identificando as potencialidades da comunidade, os limitantes e os problemas que enfrentam os produtores do ponto de vista ecológico, técnico, econômico e social. O estudo é resultado do Diagnóstico Rápido e Dialogado (DRD) realizado em 6 assentamentos de reforma agrária. O DRD faz parte da metodologia preconizada pela Embrapa Cerrados para apoiar o desenvolvimento da agricultura familiar e que está sendo utilizada pela Cáritas Diocesana de Paracatu na assessoria técnica dos assentamentos. São também parceiros dessas ações do curso de Residência Agrária da Universidade de Brasília – campus Planaltina (UnB/FuP), Embrapa Cerrados, INCRA SR 28 / DFE, a Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Unaí e Noroeste Mineiro (COOPERAGRO) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Unaí. 2. METODOLOGIA Nos 6 assentamentos da reforma agrária estudados, localizados em Unaí - Minas Gerais, vivem 418 famílias (Tabela 1). Esses assentamentos são contemplados com a prestação de serviço de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES) firmado entre o Instinto Nacional de Colonização e Reforma agrária (INCRA) SR 28 DFE e a Cáritas Diocesana de Paracatu. Este estudo é parte integrante da prestação de serviço de ATES e se constitui em uma importante ferramenta de suporte na busca da transformação social e econômica nas áreas de reforma agrária. Tabela 1 - Identificação dos assentamentos entrevistados. Assentamento Número Famílias Assentamento em RB Número Famílias em RB Barreirinho 147 Cachoeira 16 Menino Jesus 29 Jiboia 55 São Miguel 110 Santa Marta 60 3 Total de Famílias: 418 A fim de se ter uma visão inicial dos assentamentos foram consultados dados disponibilizados por instituições e fontes de estudos específicos. Os dados secundários foram complementados com a coleta de dados definidos na metodologia de apoio ao desenvolvimento sustentável da agricultura familiar recomendada pela Embrapa Cerrados (GASTAL et al., 2003; GASTAL et al., 2002). Foram feitas entrevistas individualmente com aplicação de questionários específicos para o Diagnóstico Rápido e Dialogado (DRD) no período de novembro de 2014 a janeiro de 2015. Foram entrevistadas 279 famílias, o que corresponde a 67% do total das famílias dos assentamentos. O diagnóstico consiste no conhecimento, análise e interpretação dinâmica dos sistemas de produção1, recursos naturais, e organização social (assentamento). No questionário foram abordados os seguintes itens, considerando o período de julho de 2013 a junho de 2014: • Identificação do Núcleo Familiar: composição familiar, idade, escolaridade e caracterização dos tipos de mão de obra empregados; • Cultivos: lista de cultivos, suas respectivas áreas, produção e o destino dessa produção (consumo familiar, comercialização, consumo animal, entre outros); • Rebanho: bovinos, suínos e aves. Descrição do sistema de criação e o destino dessa criação (consumo familiar, comercialização, consumo animal, entre outros); • Fonte de ingressos monetários: ingressos da produção e locais de venda. • Fonte de ingressos externos; • Despesas: principais produtos comprados para a exploração do estabelecimento e manutenção da família. Locais de aquisição desses produtos; Foram identificados também os principais problemas e potencialidades nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, de modo que o assentado(a) pode expor sua visão de todo o assentamento, do seu lote e das relações envolvidas. 1 Sistema de produção é a combinação de fatores de produção utilizados por um produtor e sua família com a finalidade de satisfazer seus objetivos, tomando em conta um determinado contexto em seus diferentes aspectos, social, econômico, ecológico, administrativo e político. Abrange todo o estabelecimento: as terras, os recursos naturais, equipamentos, benfeitorias, cultivos, criações, a família do agricultor e o modo como estes diversos componentes interagem (ZOBY et al., 2003) 4 Ressalta-se que antes da aplicação dos questionários, foi feito um treinamento com a equipe que iria aplicá-lo, com o objetivo de padronizar a forma de aplicar esse instrumento na coleta de dados. Para o tratamento dos dados, foi criada uma base no Microsoft Excel. A escolha foi feita por se tratar de um programa bastante comum e de fácil manuseio por parte dos técnicos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre as famílias entrevistadas nos assentamentos foi observada uma população total de 888 pessoas conforme a Figura 2. Figura 2 - Caracterização da população por faixa etária em Assentamentos de reforma agrária no Município de Unaí MG. Fonte: Dados da pesquisa. Chama a atenção um dado que se reflete no perfil dos Assentamentos que é o fato de que 28 % da população estão acima dos 55 anos. Somando-se a este dados o percentual da população com mais de 70 anos esse percentual sobe para 35%. Isso mostra um alto percentual de pessoas com idade mais avançada que afeta diretamente a capacidade de trabalho das famílias medidas em UTH. Segundo o conceito de Unidade de Trabalho Homem (UTH) pessoas com mais de 65 correspondem a 0,75 UTH (GASTAL et al., 2003; GASTAL et al., 2002). Na tabela 2 mostra que 52% dos indivíduos são do sexo masculino enquanto que 48% são do sexo feminino. Sendo que faixa etária média dos homens é de 57 anos e das mulheres é de 48 anos. 5 Analisando-se a divisão por gênero e faixa etária percebe-se um número maior de homens do que de mulheres na faixa dos 14 aos 29 anos e 55 aos 70 anos, porém na faixa etária de 30 aos 54 anos essa diferença se torna menor (TABELA 2). Tabela 2 - Caracterização da população de Assentamentos de reforma agrária no Município de Unaí MG, por faixa etária e gênero. Gênero x 0 - 5 anos 6 - 13 anos 14 - 29 anos 30 - 54 anos 55 - 70 anos Acima de Faixa etária 70 anos Feminino 28 75 61 158 80 25 Masculino 17 45 88 167 110 34 Total 45 120 145 329 190 59 Fonte: Dados da pesquisa. No entanto, o número de pessoas por família não significa exatamente força de trabalho disponível para o trabalho agropecuário, pois na família estão inclusos crianças e idosos. Para representar a capacidade de trabalho disponível é utilizado o conceito de Unidade de Trabalho Homem (UTH). Nos assentamentos a UTH média é de 2,0, com mínimo de 0,75 UTH e máximo de 7,0 UTH. Percebe-se, que a capacidade de trabalho é bastante variada, representada pelos valores máximo e mínimo de UTH, possibilitando a constituição de diferentes estratégias de exploração agropecuária. Por meio das informações coletadas, verifica-se na tabela 3, a diversidade das atividades dos assentamentos, sendo que a constituição da renda está relacionada a várias produções. Destacam-se as múltiplas atividades nas Unidades de Produção Agropecuárias (UPA’s) que, em muitos casos, são complementares aos sistemas de produção adotados. Dessa forma, as diferentes combinações dessas atividades são partes dos diversos sistemas de produção. Tabela 3 – Participação das atividades produtivas na composição da renda dos assentamentos. Produtos Renda anual por produto % LEITE R$ 1.251.239,83 35,18 QUEIJO R$ 445.097,00 12,51 AVES R$ 409.707,00 11,52 BOVINOS R$ 375.930,00 10,57 6 EUCALIPTO/CARVÃO R$ 168.000,00 4,72 BEZERROS R$ 147.890,00 4,16 GRÃOS R$ 147.414,33 4,14 OVOS R$ 130.211,00 3,66 MANDIOCA/DERIVADOS R$ 125.010,00 3,51 HORTALIÇAS R$ 104.525,60 2,94 FRUTAS R$ 46.870,00 1,32 SUÍNO R$ 34.685,00 0,97 OUTROS R$ 170.862,50 4,8 TOTAL: R$ 3.557.442,263 100 Fonte: Dados da pesquisa. Mesmo com a diversificação de produtos, observa-se que a renda proveniente do leite é a mais significativa, gerando mais de 1,2 milhões por ano. Logo após está à produção de queijo para a comercialização, onde a venda totaliza mais de R$ 409 mil por ano. Nota-se ainda que a criação de aves para comercialização totaliza mais de R$ 445 mil por ano, em seguida está à produção de bovinos para a comercialização, onde a venda totaliza mais de 375 mil por ano. Neste contexto, observa-se que a criação de gado é o subsistema de criação que mais se destaca. Tal fato é de suma relevância para as famílias, visto que esse valor é significante para o desenvolvimento das propriedades. Isso pode ser justificado devido à intensa produção de leite na região. De acordo com o Boletim Setorial do Agronegócio (2015), Unaí/MG se destaca na produção leiteira do país, caracterizando-se como a 11ª região que mais produz de leite no Brasil. A atividade pecuária envolve 66% das famílias dos assentamentos totalizando um rebanho de 2.499 de animais o que corresponde a 1.767 Unidade animal2 (U.A), como mostra a tabela 04. O maior rebanho individual é de 50 U.A enquanto que o menor é de somente 1,75 U.A/família, resultado em uma média de 8,75 U.A/família. As famílias que detém os menores rebanhos, tiram leite somente para consumo familiar. As demais famílias comercializam a produção diretamente a Cooperativa Agropecuária de Buritis e de Unaí. 2 O conceito de 1 UA (unidade animal) refere-se a um animal com 450 kg de peso vivo (SANTOS, 2000). 7 A produtividade e a produção leiteira podem oscilar muito conforme a quantidade de animais em lactação em cada família e também durante os diferentes períodos do ano, uma vez que estão suscetíveis às condições da natureza (ZARNOTT et al, 2015). A produtividade da atividade pecuária nos assentamentos entrevistados é de 1.491.473 litros/ano, destes 89% é destinado para a comercialização e 11% para consumo familiar. Segundo o IBGE (2014) a produção de leite do município em 2012 era de 115 mil litros de leite por dia, correspondendo a uma produção anual de 41.975.000 litros. Isso significa que a produção dos assentamentos corresponderia a 3,55% da produção de leite municipal. A produção média de leite por família é 55 L/dia, sendo que a maior produção é 500 L/dia e mínima de 12 L/dia. A produção de queijo é a segunda principal atividade econômica nos assentamentos. Foi constatada uma produção anual de 43.919 kg/queijo, o que corresponde a 12,51% da renda anual das famílias. A criação de aves é a terceira principal atividade econômica nos assentamentos. Foi constatado um total de 35.380 aves, que corresponde a 9 % da criação efetiva do município em 2012 (IBGE, 2014). Ao serem questionados sobre qual a finalidade da criação, 53% dos entrevistados responderam que era exclusivamente para o consumo da família e 47% para venda e consumo familiar. O volume comercializado é de R$ 409.707,00 por ano. Quanto ao manejo alimentar do rebanho de bovinos, o sistema de criação predominante nos assentamentos estudados é o semi-intensivo, no qual na época da seca (verão), 40 % das famílias fornecem silagem de milho e/ou sorgo, 25% fornecem cana de açúcar pura, 25% fornecem cana de açúcar com ureia e 6% fornece outro tipo de volumoso (FIGURA 3). 8 Figura 3 – Fornecimento de volumoso na alimentação dos bovinos em assentamentos de reforma agrária. Fonte: Dados da pesquisa. Verificou-se que a reprodução socioeconômica das famílias e dos estabelecimentos também é garantida por ingressos externos, como venda de mão de obra, associada ou não a outros tipos de renda não agrícola, como a aposentadoria ou a bolsa família. Tais rendas influenciam positivamente os ingressos totais das famílias (FIGURA 4). Isso corresponde a uma movimentação de R$ 3.211.621,00 por ano. Destes, 37 % venda de mão de obra, 36% são aposentadorias, 6% bolsa família, 6% prestação de serviço, 4% auxílio doença e 11% outras rendas complementares. Figura 4 - Tipos de ingressos externos na composição da renda dos 6 assentamentos. Fonte: Dados da pesquisa. 9 Os ingressos obtidos com a produção somados aos ingressos externos totalizam por ano R$ 6.769.063,263. Para Neto et al. (2009) tal fato: “enfatiza a importância dos assentamentos, não apenas pelo seu aspecto prático que é a oferta de produtos no mercado local, mas também por evidenciar a percepção de que as famílias nos assentamentos rurais conseguiram ultrapassar a condição de produção de valores de uso, destinados exclusivamente ao autoconsumo, para se constituírem, de modo efetivo, em produtores de valores de troca, isto é, produtores de excedentes comercializáveis” (NETO et al., 2009; p. 9). Nesta perspectiva, avaliou-se o percentual da renda dos ingressos externos sobre o total de ingressos do lote, resultando em 3 grupos. O primeiro grupo abrange cerca de 40% famílias pesquisadas, na qual são os únicos que conseguem se manter com a renda oriunda do próprio lote (produção). Estas famílias dedicam praticamente todo seu tempo às atividades internas do lote, portanto, raramente trabalham temporariamente para outros agricultores. O segundo grupo, por sua vez, engloba a minoria dos lotes pesquisados (21%). Estas famílias, além de exercer atividades em seu próprio lote, se dedicam ao trabalho temporário e/ou permanente em outras propriedades. O terceiro grupo, 39% das famílias pesquisadas, obtém quase a totalidade de suas rendas em atividades realizadas externamente ao lote, na sua grande maioria, na forma de venda de mão de obra temporária ou permanente para outros agricultores e/ou recebe algum benefício previdenciário. Essa dependência com os ingressos externos pode estar relacionada com a falta de acesso ao crédito por parte das famílias. Nos assentamentos, 46% das famílias não acessaram o Pronaf A. Outra hipótese é o número significante de idosos e crianças residentes nos lotes, que recebem aposentadoria e bolsa família. Outro fato relatado que dificulta o desenvolvimento das atividades agropecuárias dentro do lote, apesar dos assentamentos já possuírem em média 17 anos de criação, está relacionado ao abastecimento de água. Das 279 famílias entrevistadas, 187 relataram que possuem suprimento de água insuficiente para o consumo familiar e para as atividades agropecuárias. De acordo com Guanziroli et al. (2001), as limitações hídricas atuam como um pré-condicionante para o insucesso dos projetos de assentamento de reforma agrária. Porém, a melhoria destas condições terá resultados diretos na evolução da qualidade de vida da comunidade local e no desenvolvimento das atividades produtivas. 10 Acerca do suprimento de energia elétrica, 29 % famílias não dispõe do acesso à energia elétrica nos lotes. Esse percentual está exclusivamente no P.A Barreirinho onde 16 anos após a criação do assentamento (Data Criação: 08/09/1998), 95% das famílias assentadas não possui rede elétrica. A falta de energia elétrica interfere diretamente no conforto e bem estar das famílias. Equipamentos simples e essenciais como bombas d’água ou utensílios domésticos como, geladeiras, ferros de passar, dentre outros, não podem ser utilizados. A falta de eletricidade limita drasticamente o desenvolvimento das atividades produtivas devido ao fato de não possibilitar a mecanização de algumas tarefas. Despende-se grande quantidade de mão de obra e tempo em atividades que não atingem resultados satisfatórios. Os principais gastos nas propriedades totalizam R$ 4.128.829,33. Destes 53% são gastos na produção e 47% são gastos com a família. Impressiona o fato de que 35% dos gastos totais dos lotes são com aquisição de ração bovina e 18% com adubos químicos, mostrando uma forte dependência dos sistemas de produção de insumos de fora da propriedade (FIGURA 5). Fonte: Dados da pesquisa. Figura 5 - Relação das principais despesas da produção de assentamentos de reforma agrária no município de Unaí MG. Segundo Neto et al (2009) é importante analisar as despesas dos assentamentos, já que os créditos aplicados e gastos fortalecem principalmente o comércio local. São gastos em casas de material de construção, casas de produtos 11 agrícolas, postos de gasolina, lojas, supermercados, etc. Contribuem tanto para uma maior circulação de recursos e dinamização da economia, quanto, ao final da cadeia, ampliar a arrecadação de ICMS e de outros impostos locais, impactando positivamente o valor do FPM repassado ao município. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O diagnóstico nos 6 assentamentos proporcionou uma ampla visão das relações estabelecidas no local, sendo que os indicadores apontaram sérios problemas estruturais que resultam na baixa qualidade de vida das famílias assentadas. Os maiores impedimentos para o bom desenvolvimento dos assentamentos de reforma agrária encontram-se nas frágeis políticas públicas implantadas no setor agrário, na qual se pode destacar o expressivo número de famílias que possuem suprimento de água insuficiente e não possui acesso a energia elétrica. Portanto, os assentamentos de reforma agrária devem ser percebidos, principalmente pelas populações urbanas e governantes, como de suma importância para o desenvolvimento do município. Essa relevância se explicita no aumento da oferta de produtos produzidos no município pelos assentamentos. Tal perspectiva é importante, pois foi possível demonstrar que muitos assentados conseguiram ultrapassar a condição de produção destinada exclusivamente ao autoconsumo, para se constituírem, de modo efetivo, em produtores de excedentes comercializáveis. Por outro lado, deve-se reconhecer a importância dos assentados não apenas de novos produtores agrícolas, mas também de novos consumidores, visto que são instrumentos geradores de forte demanda no comércio local. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOLETIM SETORIAL DO AGRONEGÓCIO. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/setor/leite-e-derivados/Boletim%20Bovinocultura.pdf Publicado em: Acesso: 19 Fev 2015. GASTAL, M.L. et al. 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