ÁNALISE DAS PROPRIEDADES PRODUTORAS DE LEITE DO MUNICÍPIO DE
PRESIDENTE CASTELO BRANCO
Autores : Patricia GIACOMIN¹, Renata CESCO¹, Ismael ALBIERO² e Lucio Pereira RAUBER³.
Identificação autores: Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, Câmpus Concórdia; Médico Veterinário da Prefeitura
Municipal de Presidente Castello Branco; Professor Orientador do Curso de Medicina Veterinária.
Introdução
A produção de leite em Santa Catarina é significativa para o setor econômico e social,
sendo o estado o quinto produtor nacional, e o oeste catarinense respondendo por mais de dois
terços da produção estadual. A produção leiteira está entre as principais atividades realizadas
na região do Alto Uruguai Catarinense, estando concentrada em pequenos estabelecimentos
rurais. A região apresenta alta produtividade de leite em comparação a outras regiões
produtoras, mas com média inferior aos maiores produtores mundiais (FISCHER et al., 2011).
Quando elencamos as prioridades de manejo visando a lucratividade na cadeia produtiva,
priorizamos a nutrição animal, seguido do manejo sanitário adequado e em terceiro lugar o
controle eficiente do manejo reprodutivo. O controle zootécnico é uma técnica de
gerenciamento utilizada na propriedade leiteira, onde o produtor faz anotações sobre a vida
produtiva (controle leiteiro) e reprodutiva (controle reprodutivo) de cada animal da
propriedade. Os indicadores de desempenho zootécnico obtidos são fundamentais para a
tomada de decisões do produtor de leite, visando à eficiência e produtividade da atividade
(EMBRAPA 2002).
O curso de Medicina Veterinária do Câmpus Concórdia conta com um programa de
extensão rural chamado “Leite Forte” desde 2010. O programa é coordenado pelo professor
Lucio Pereira Rauber e atua dentro do próprio Câmpus, no setor de zootecnia, assim como
junto a pequenas propriedades da região. O principal objetivo é dar assistência técnica na área
de manejo reprodutivo como diagnósticos de gestação, controle ginecológico, aplicação de
biotécnicas da reprodução e gerenciamento dos dados gerados na propriedade.
O objetivo do presente estudo foi levantar a situação geral das propriedades leiteiras
pertencentes ao Município de Presidente Castello Branco.
Material e Métodos
Este estudo foi realizado no município de Presidente Castelo Branco que é limítrofe
aos municípios de Ouro, Jaborá, Ipira e Concórdia. Para a realização do presente estudo foi
aplicado um questionário para 26 produtores de leite do município. A coleta dos dados foi
realizada no “X Simpósio de Bovinocultura de Leite” realizado entre os dias 16 e 18 de
Setembro de 2015. O questionário continha vinte e duas questões de múltipla escolha, onde
mais de uma alternativa poderia ser marcada e doze perguntas abertas.
Os questionários foram entregues aos produtores que se disponibilizaram em
respondê-los voluntariamente, sem serem identificados. Os pesquisadores apenas interferiam
caso fossem solicitados para esclarecimentos de dúvidas. Foi entregue a cada produtor
participante dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, onde uma era entregue junto
com o questionário e outra para que eles ficassem com uma cópia.
O questionário foi dividido em duas etapas, a primeira onde era caracterizada a
propriedade e outra onde era avaliada a coleta e uso do controle reprodutivo do rebanho. Com
os resultados do questionário, foi realizada uma análise estatística descritiva.
Resultados e discussão
O município de Presidente Castelo Branco conta com, aproximadamente, 280
propriedades que possuem a bovinocultura de leite como principal atividade. Dentre os que
responderam, apenas 19% possuem mais que 40 hectares. Todas possuíam mão de obra
familiar, e em 69% delas tanto o homem quanto a mulher desempenhavam as tarefas. Em
31% das propriedades, apenas 2 pessoas eram responsáveis por todas as atividades diárias da
produção.
Por se tratar de um evento voltado à cadeia, ficou claro porquê 77% dos produtores
tinham somente a bovinocultura de leite como atividade, entretanto 23% conciliavam com a
suinocultura ou avicultura. A maioria dos rebanhos possui entre 10 e 40 animais e as
principais raças presentes são Holandesa e Jersey. Em 65% das propriedades (17) o rebanho
possuía animais de ambas as raças.
A produção média dos rebanhos oscila muito, pois é influenciada por diversos fatores
dentre os principais destaca-se: a genética, alimentação, sanidade e ambiente. A maioria das
propriedades (35%) possuíam uma produtividade média entre 11 e 15 litros diários. Das 26
propriedades analisadas 15 delas (58%) realizam o controle leiteiro.
A alimentação fornecida aos animais está entre um dos fatores mais importantes para
uma ideal produção e reprodução do plantel. Todos produtores tinham a base de produção de
leite à pasto. Mesmo assim, dos 26 produtores entrevistados, 22 (84%) deles proporcionam à
seus animais alimento concentrado e silagem além da pastagem.
O sistema de ordenha é de fundamental importância para a qualidade do leite e a saúde
da glândula mamária. Quando questionados sobre qual o tipo de ordenha, 18 deles (69%)
responderam que possuem ordenhadeira com balde ao pé, e apenas 8 produtores (31%)
ordenhadeira canalizada. Para termos uma visão geral sobre a evolução das propriedades
produtoras de leite do município, perguntamos sobre qual material constituía a sala de
ordenha e 16 produtores (62%) possuíam a sala de alvenaria enquanto que ao tipo de piso 15
(58%) responderam de concreto. Isso pode ser vantajoso principalmente no momento da
limpeza e higiene das instalações, já que o ambiente carreia patógenos que podem ocasionar
diversas patologias e afetar diretamente a produtividade do plantel. Visando identificar qual a
forma de armazenamento do leite foi perguntado sobre qual o tipo de refrigeração sendo que
23 deles (88%) possuem tanque de expansão.
Uma das principais doenças que acomete os bovinos leiteiros é a mastite, sendo que os
impactos econômicos surgem com a mastite subclínica que causa a queda na produção
leiteira, perda na qualidade do leite, maior custo de produção e descarte prematuros de vacas.
Foi questionado quanto ao controle de mastite, sendo que 15 produtores (54%) realizam o
teste da caneca de fundo preto embora que quando solicitado a frequência 4 propriedades
(15%) citaram semanalmente. Referente ao teste de CMT (Califórnia mastite teste), 19 (68%)
desenvolvem o mesmo, mas apenas 5 produtores (19%) realizam semanalmente. Quanto a
sanidade do rebanho, 34% vacinavam para IBR, 29% para leptospirose, 20% para BVD e
apenas 10% para clostridiose (10%).
No quesito manejo reprodutivo, 18 (69%) realizam inseminação artificial, que em 35%
das propriedades é feita pelo inseminador. A assistência técnica prestada é de fundamental
importância para um controle zootécnico. Cerca de 50% das propriedades são atendidas por
médicos veterinários, originários das cooperativas. Embora que a maioria (54%) só chamam a
assistência quando necessitam.
Quanto à escrituração e utilização das anotações no manejo zootécnico, cerca de 84%
dos produtores saberiam responder as questões perguntadas consultando suas anotações
(Tabela 1).
Tabela 1. Avaliação da escrituração de dados e sua utilização no controle reprodutivo dos
rebanhos do Município de Presidente Castello Branco.
Como está as coletas de dados em sua propriedade?
Sim
Não
+ ou -
Qual o intervalo entre partos do seu rebanho?
96%(25)
4%(1)
-
Com quantos dias pós-parto você começa a inseminar
suas vacas?
92% (24)
8% (2)
-
Quantos dias leva para emprenhar suas vacas?
77% (20)
19% (5)
4% (1)
Quantas doses de sêmen está usando por prenhes?
88% (23)
8% (2)
4% (1)
Quantos dias suas vacas permanecem em lactação?
88% (23)
8% (2)
4% (1)
Qual os Dias de Leite (DEL) médio do rebanho?
62% (16)
27% (7)
11% (3)
Conclusões
A atividade leiteira é importante para os pequenos produtores de Presidente Castelo
Branco. O Município é composto por pequenas propriedades de mão de obra familiar e com
produção leiteira à pasto até 15 litros por dia. As propriedades são de baixa tecnificação mas
sustentáveis em sua atividade. O manejo sanitário é deficiente, assim como a assistência
técnica regular.
A maioria das propriedades possuem anotações relacionadas ao seu controle
reprodutivo e produtivo mais ainda necessitam receber informações para melhor usufrui-las.
Referências
FICHER, A.; JUNIOR, S.S.; SEHNEM, S.; BERNARDI, I. Produção e produtividade de leite
do oeste catarinense. Unoesc, v. 10, n. 2, p. 337-362, jul./dez. 2011.
CNPTIA, 2002. Leite Cerrado.(www.sistemasdeprodução.cnptia.embrapa.br/fontes
HTML/leite/leitecerrado). Acesso: 21/09/15.
CNPTIA, 2008.Embrapa.( www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bistream/doc). Acesso:
23/09/15.
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