XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. ESTUDO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO SMED PARA REDUÇÃO DO TEMPO DE SETUP EM MÁQUINAS INJETORAS DE TERMOPLÁSTICOS COM SUPORTE DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Fernando Cachuf Carnovali (UFSCar) [email protected] Roberto Peres de lima Filho (UFSCar) [email protected] Yuri Rodrigues dos Santos (UFSCar) [email protected] Joao Eduardo Azevedo Ramos da Silva (UFSCar) [email protected] Este estudo trata da redução dos tempos de setup para trocas de ferramentas em máquinas injetoras de polímeros termoplásticos, no qual aplicou-se o método SMED (Single Minute Exchange of Die) para alcançar este objetivo. Complementarmente, para verificar o impacto da redução do tempo de setup em outros setores da produção, elaborou-se um modelo de simulação para representar o sistema produtivo e comparar o seu desempenho antes e após as modificações propostas para o sistema. O desempenho dos dois horizontes produtivos foi comparado com base em parâmetros operacionais como a quantidade de itens produzidos, tempos de fila, percentual de ocupação de recursos e os ganhos obtidos com o próprio processo de setup para a troca de ferramentas. Palavras-chaves: Setup, SMED, Simulação XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1. Introdução O Lean Manufacturing ou Manufatura Enxuta, filosofia presente no Sistema Toyota de Produção (STP), tem como objetivo principal a eliminação de desperdícios. Para que os objetivos desse sistema de produção sejam atingidos, diversas técnicas foram desenvolvidas, como, por exemplo, o sistema puxado de manufatura, a produção em pequenos lotes, a redução de estoques, a troca rápida de ferramentas e uma série de ferramentas para a gestão da qualidade. A redução dos tempos de setup pode promover melhorias nos sistemas produtivos em reduções de estoques, de retrabalho dos produtos e de ociosidade das máquinas (FOGLIATTO; FAGUNDES, 2003). Uma técnica apontada em diversos experimentos para atingir este objetivo é o método SMED (Single Minute Exchange of Die). O objetivo deste trabalho é mostrar a aplicação do método SMED para reduzir os tempos de setup em uma empresa de injeção de termoplásticos e o impacto da modificação deste processo em outros setores da empresa estudada. Para obter tais conclusões, foi necessário estimar como o sistema produtivo passaria a funcionar após a aplicação do método SMED, o que foi feito por meio de modelagem e simulação. O desenvolvimento de um modelo de simulação, representando os dois horizontes, atual e futuro do processo, foi a solução encontrada para apontar as melhorias sistêmicas causadas pela redução do tempo de setup. A execução do modelo, sem a necessidade de promover alterações no processo produtivo real, foi capaz de antecipar o desempenho do sistema em um ambiente controlado e quantificar os ganhos das mudanças efetuadas por meio de índices de desempenho operacional. 2. Revisão da literatura 2.1. Lean manufacturing Lean manufacturing, ou manufatura enxuta é uma filosofia operacional que, segundo Shingo (1985) busca identificar perdas e minimizá-las ou eliminá-las, bem como reduzir no máximo possível os custos de produção. A manufatura enxuta foi criada pela empresa Toyota no Japão, no período pós-guerra. Para Womack, Jones e Ross (1992), o mérito da indústria japonesa está em não ter agregado o enfoque da produção em massa, que predominava nos EUA. A situação do Japão neste período não permitia que seguisse o modelo de produção em massa, já que o país não podia desperdiçar matérias-primas com produtos defeituosos, tampouco ter capital parado em grandes estoques. De acordo com Maximiano (2002), a cultura organizacional é de fato muito importante para a aplicação da produção enxuta. A cultura japonesa, por ser mais disciplinada, facilitou criar este modelo, bem como promover sua melhoria contínua, e o desenvolvimento de diversos programas de qualidade. A produção em massa tinha foco na fabricação de grandes volumes de itens iguais. Para isso, o trabalho era padronizado, executado por uma mão de obra pouco qualificada e com salários baixos, onde altos estoques eram formados. A eficiência do modelo taylorista-fordista passou a ser questionada em relação aos resultados apresentados pelo Lean Manufacturing, em que o trabalhador é mais especializado e, assim, diferentes produtos poderiam ser fabricados na 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. mesma configuração produtiva. Com uma maior atuação da mão de obra, desperdícios na produção e refugos e retrabalhos foram reduzidos. Com tal comprometimento dos trabalhadores, ocorreu também redução dos lotes de fabricação, lead time e estoques (SHINGO, 1985). A produção enxuta, portanto, surgiu no setor automotivo, e se espalhou para os outros segmentos. Aliada aos programas de qualidade e à dinâmica atual do mercado, as empresas têm como objetivo minimizar seus custos, utilizando métodos do Lean Manufacturing para se manterem competitivas no mercado. 2.2. SMED O método proposto por Shingo (1985), o SMED (Single Minute Exchange of Die), consiste em reduzir o tempo de preparação (setup) em um número de minutos de no máximo um dígito, ou seja, inferior a 10 minutos. Assim, o SMED é um método para atingir a troca rápida de ferramentas (TRF), e diminuir o tempo de preparação. “Todo o tempo de setup que exercer a um dígito de minuto é um desperdício.” (SHINGO, 1985). Tempo de setup é definido como o tempo decorrido na troca do processo da produção de um lote até a produção da primeira peça boa do próximo lote (SLACK et al., 2002). Para Shingo (2000), o tempo de setup é fragmentado em dois, sendo estes: - Setup interno, se refere às operações que somente podem ser realizadas quando a máquina estiver parada. - Setup externo, se refere às operações que podem ser realizadas enquanto a máquina ainda está em operação. Shingo (2000) lista estágios sequenciais para a melhoria do setup, resumidamente descritos na Tabela 1. Estágio Descrição Inicial Consiste na coleta dos tempos de todas as atividades envolvidas no setup, não se distinguindo setup externo de interno. Para isso, propõe-se uma análise contínua da produção com o auxílio de um cronômetro. Complementarmente, para uma análise mais efetiva, pode ser utilizado o método de filmar toda operação de setup. Separação das operações de setup interno e externo. Consiste em organizar quais são as atividades realizadas com a máquina parada e quais as exercidas quando a máquina está em funcionamento. Por isso, esta etapa é dita como passaporte para atingir o SMED. Conversão de setup interno em externo. Análise de quais setups internos podem ser transformados em externos. Para isso, as possíveis soluções devem ser detalhadamente examinadas, encontrando meios para esta conversão. A inovação é uma importante forma de se esquivar de ações tradicionalistas na produção. Racionalização das operações de setup. Promover a melhoria sistemática de cada operação básica do setup interno e externo, buscando a melhoria contínua. É neste estágio que se alcança a cada melhoria os menores tempos de setup. Tabela 1 – Estágios para a melhoria do tempo de setup 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 2.3. Simulação de Sistemas Segundo Paragon (2008), a técnica de simulação pode ser considerada um meio para a representação de sistemas através de um modelo onde elementos estáticos formam um ambiente bem definido com suas regras e propriedades, interagindo com elementos dinâmicos que fluem dentro desse ambiente. Os elementos estáticos são os próprios recursos da empresa, enquanto as matérias-primas que serão transformadas em produtos finais são os elementos dinâmicos. O termo simulação pode ser classificado em duas grandes categorias: a simulação computacional e a simulação não computacional. A simulação computacional é aquela que necessita de um computador para ser realizada, por meio de um modelo elaborado com recursos de informática. Já a simulação não computacional considera o uso de modelos físicos; por exemplo, um projetista utilizando um protótipo em escala reduzida de uma aeronave em um túnel de vento. (CHWIF & MEDINA, 2006). Segundo estes autores, o desenvolvimento de um modelo de simulação compõe-se de três grandes etapas: - Conformação ou formulação do modelo; - Implementação do modelo; - Análises e resultados do modelo. Na primeira etapa, o analista de simulação deve entender claramente o sistema a ser simulado e seus objetivos, através da discussão do problema com especialistas. Deve-se decidir qual será o escopo do modelo, suas hipóteses e o seu nível de detalhamento. Os dados de entrada também são coletados nessa fase. Finalizada a etapa de concepção, o modelo que está na mente do analista (modelo abstrato) deve ser representado de acordo com alguma técnica a fim de torná-lo um modelo conceitual, de modo que outras pessoas envolvidas no projeto possam entendê-lo. Na segunda etapa, o modelo conceitual é convertido em um modelo computacional através do uso de alguma linguagem de simulação. O modelo computacional implementado deve ser comparado ao modelo conceitual, com a finalidade de avaliar se a sua operação atende ao que foi estabelecido na etapa anterior. Testes devem ser gerados para a validação do modelo computacional, observando se o modelo é uma representação precisa da realidade. Na terceira etapa, o modelo computacional está pronto para a realização dos experimentos, quando são efetuadas várias “rodadas” do modelo e os resultados da simulação são analisados. A partir dos resultados, conclusões e recomendações sobre o sistema são geradas. Caso necessário, se o resultado da simulação não for satisfatório, o modelo pode ser modificado, e esse ciclo é reiniciado. Uma das principais vantagens da simulação é a possibilidade de testar mudanças no sistema sem que para isso sejam gastos recursos financeiros para implementação. A simulação permite que os gargalos do sistema sejam encontrados e superados. Portando, devido ao fato de a simulação possibilitar uma melhor visão do sistema, ela é uma importante ferramenta de análise e auxílio para resolução de problemas e para teste de inovações do sistema. 4. Metodologia 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Este trabalho possui abordagem quantitativa, uma vez que as opiniões e informações são traduzidas em números para serem classificadas e analisadas, utilizando técnicas estatísticas (RODRIGUES, 2007). Como método de pesquisa, utilizou-se a modelagem e simulação. A modelagem compreende o uso de técnicas matemáticas utilizadas para descrever o funcionamento de um sistema ou parte de um sistema produtivo (BERTO; NAKANO, 2000). Complementarmente, a simulação emprega técnicas computacionais para simular a operação de sistemas produtivos, baseada em um conjunto de variáveis em dado domínio, de forma a investigar a relação causal e quantitativa entre essas variáveis (BERTRAND; FRANSOO, 2002). Os processos produtivos da empresa utilizada como referência foram modelados no software Arena, que combina recursos de programação dos processos produtivos com suporte de animações gráficas e ferramentas estatísticas que auxiliam o tratamento de dados e a análise de resultados. Este software surgiu com a junção de dois programas: SIMAN e CINEMA. O SIMAN é uma linguagem de programação que deu nome ao primeiro programa de simulação para computadores pessoais (PCs) enquanto o CINEMA foi o primeiro programa para animação de simulação em PCs (PRADO, 1999). Para o estudo de redução do tempo de setup, foi modelado o processo produtivo de uma empresa, composto por nove estações, nas quais apenas o processo de injeção plástica foi analisado quanto à redução do tempo de setup. O modelo desenvolvido foi capaz de auxiliar as análises comparando o sistema antes e após a redução do setup pelo método SMED. Foram realizadas três visitas técnicas, nas quais levantou-se dados para a caracterização da empresa e seus processos produtivos. Foram coletados dados reais junto à produção e assim mapeou-se as atividades envolvidas na troca de moldes entre lotes de produtos diferentes. Os tempos foram registrados em ciclos, ou seja, foram marcados os tempos de cada atividade que forma o setup entre produzir o último item de um ciclo anterior, até produzir o primeiro item conforme no ciclo seguinte. Na aplicação do método SMED, ao ser necessário alterar os procedimentos de setup, solicitou-se ao operador para seguir os novos procedimentos, quando os novos tempos das operações que formam o setup foram novamente registrados. Com todos os dados coletados e calculados em mãos, foi possível tirar conclusões interessantes, e também observar como o sistema melhorou, e como as melhorias em uma área afetaram outras áreas da fábrica, validando-se assim o método SMED na prática. 5. Descrição da empresa utilizada como referência O estudo de caso foi realizado em uma empresa de injeção de polímeros termoplásticos, cujo foco principal é a fabricação de produtos de utilidade doméstica. Trata-se de uma indústria com gestão familiar, de pequeno porte, localizada na zona leste da cidade de São Paulo. Sua estrutura física cresceu desordenadamente com os negócios, porém atualmente, a demanda por seus produtos é maior do que os recursos fabris disponíveis. Com isso, ferramentas que possibilitem reduzir o tempo de setup das máquinas mostram-se como solução para tornar a produção mais flexível e com rápida resposta ao aumento de demanda. A empresa possui 9 injetoras e 70 funcionários e a programação da produção nestas máquinas é vital para que a empresa consiga satisfazer seus clientes. Muitos produtos devem ser estocados, e a programação do estoque é feita com estimativas a partir de períodos anteriores. 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. A mão de obra utilizada não é qualificada, sendo o trabalho exercido muito padronizado. Os benefícios da redução de setup não se dariam apenas para as injetoras, mas também aos demais setores da empresa. A Figura 1 apresenta o layout dos processos de produção: 1) Máquinas de injeção de plástico; 2) Estoque intermediário; 3) Estante de moldes para máquinas injetoras; 4) Quadro geral de luz e força; 5) Sala de tintura; 6) Máquinas de serigrafia; 7) Linha de montagem e embalagem de produtos finais; Figura 1- Layout da Linha de Produção 6. Resultados e discussões Todas as atividades referentes à troca de moldes nas injetoras foram listadas e o método SMED foi aplicado por meio da sequência de 4 passos anteriormente apresentada. O setup de um processo de injeção de termoplástico é o tempo necessário para a troca do molde de uma injetora. Para isso diversas atividades foram identificadas e analisadas, como por exemplo, montagem e desmontagem do molde na injetora, abastecimento de matéria prima, regulagens, entre outras. O desenvolvimento do estudo iniciou-se com a identificação de todas as atividades e as respectivas coletas de tempo, a partir deste ponto, conseguiu-se obter parâmetros para seguir as etapas propostas pelo método, apresentadas a seguir. Estágio Inicial Por meio da coleta de dados identificou-se 15 atividades que compõem o setup da troca dos moldes, listadas na Tabela 2, juntamente com o tempo de duração para sua realização. Atividade n° Descrição Duração (min.) 1 Notificação sobre o término do lote A 1 2 Posicionamento padrão da injetora para retirada do molde 2 3 Requisição de ferramentas 5 4 Retirada dos 8 parafusos e calços de fixação 8 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 5 Posicionamento do guincho para retirada do molde A 1 6 Retirada do molde A e posicionado no carrinho de transporte 4 7 Transporte do molde A para o local de armazenamento 2 8 Armazenamento do molde A com auxilio do guincho 2 9 Retirada do molde B do local de armazenamento com o guincho 2 10 Transporte do molde B para a injetora 2 11 Posicionamento do molde B na injetora 5 12 Fixação dos 8 parafusos e calços 8 13 Ajustes de posição do molde 6 14 Transporte de matéria prima até a injetora 6 15 Ajustes de parâmetros até qualidade prevista da peça B 7 Total de tempo gasto com setup (minutos) 61 Tabela 2 – Atividades que compõem o setup das injetoras Conforme apresenta a Tabela 2, o tempo de setup médio observado necessário para o setup foi de 61 minutos. Porém como a atividade 1 – Notificação sobre o termino do lote A – com 1 minuto de duração poderia ser feita com a máquina em operação (setup externo), o tempo de setup observado foi de 60 minutos. Seguindo o conceito básico de se estabelecer um tempo de setup menor que um dígito de minuto, estabeleceu-se como meta tempo de setup de 9 minutos a ser atingido em três meses. Separação das operações de setup interno e externo Nesta etapa percebeu-se o desconhecimento e falta de planejamento no setup, uma vez que, das 15 atividades descritas apenas uma era considerada com setup externo – Notificação sobre o término do lote A. As 14 atividades restantes eram realizadas com as injetoras paradas e apresentavam um grande potencial de conversão, o que foi realizado na sequência. Conversão de setup interno em externo Apenas a separação das operações de setup interno e externo foi suficiente para promover uma reflexão que levou ao questionamento e identificação de atividades que poderiam passar a ser feitas por meio de setup externo. A partir da análise proposta nos passos anteriores foram identificadas seis atividades com possibilidade de conversão, destacadas na Tabela 3. - Requisição de ferramentas - Transporte do molde A para o local de armazenamento - Armazenamento do molde A com auxilio do guincho - Retirada do molde B do local de armazenamento com o guincho - Transporte do molde B para a injetora - Transporte de matéria prima até a injetora Atividades Notificação sobre o término do lote A Antes Conversão Interno Externo 1 Após Conversão Interno Externo 1 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Posicionamento padrão da injetora para retirada do molde 2 2 Requisição de ferramentas 5 Retirada dos 8 parafusos e calços de fixação 8 8 Posicionamento do guincho para retirada do molde A 1 1 Retirada do molde A e posicionado no carrinho de transporte 4 4 Transporte do molde A para o local de armazenamento 2 2 Armazenamento do molde A com auxilio do guincho 2 2 Retirada do molde B do local de armazenamento com o guincho 2 2 Transporte do molde B para a injetora 2 2 Posicionamento do molde B na injetora 5 5 Fixação dos 8 parafusos e calços 8 8 Ajustes de posição do molde 6 6 Transporte de matéria prima até a injetora 6 Ajustes de parâmetros até qualidade prevista da peça B Tempo de setup (minutos) 7 5 6 7 60 41 Tabela 3 – Conversão de atividades de setup interno para externo A simples identificação e conversão destas atividades para execução durante a operação das injetoras permitiu a redução do tempo de setup de 60 minutos para 41 minutos. Racionalização das operações de setup Esta etapa consistiu em esforços de criatividade e brainstorming com os funcionários, a fim de propor possíveis melhorias na troca de moldes, após a conversão de algumas atividades em setup externo. Foram identificadas quatro propostas para racionalização de operações, sendo quatro para o setup interno e duas para o setup externo, conforme indica a Tabela 4. Setup Modificação proposta Utilização de maiores velocidades movimento dos braços da injetora de Utilização de dois funcionários trabalhando simultaneamente, nos 2 lados da injetora. Interno Aquisição de um novo carrinho de transporte, para que o molde A, que foi retirado, fique no aguardo ao lado da injetora, e o molde B já esteja no aguardo em outro carrinho para ser posicionado na injetora. Utilização da memória da injetora, na qual Atividade beneficiada Redução do setup (min.) Posicionamento padrão da injetora para retirada do molde 1,5 Retirada dos 8 parafusos e calços de fixação 6,0 Fixação dos 8 parafusos e calços 6,0 Posicionamento do guincho para retirada do molde A 0,5 Retirada do molde A e posicionado no carrinho de transporte 2,0 Posicionamento do molde B na injetora 2,0 Ajustes de posição do molde 2,0 Ajustes de parâmetros até qualidade 5,0 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. foram armazenadas pré-programações para cada produto, sendo necessário somente o ajuste fino. Outro fator positivo foram as reduções anteriores que permitiram que a temperatura da máquina não caísse com altas taxas prevista da peça B Criação de estojos contendo todas as ferramentas necessárias para a troca de molde, e a instalação de uma bancada articulada, que possa ser colocada próxima da injetora para melhor organização das ferramentas. Requisição de ferramentas 0 Transporte de matéria prima até a injetora 0 Transporte do molde A para o local de armazenamento 0 Transporte do molde B para a injetora 0 Externo Posicionamento de todos os recursos de modo que estes fossem alocados próximos à injetora no início do setup, estando sempre disponíveis e de fácil acesso. Redução total do tempo de setup 25 Tabela 4 – Racionalização dos tempos de setup interno e externo Com base nas informações da Tabela 4 nota-se que a redução total do tempo de setup de 25 minutos, obtido por meio da racionalização das atividades, faz com que o novo tempo de setup seja reduzido de 41 minutos, que era o tempo após a conversão de atividades de setup interno para externo, para 16 minutos. Para avaliar quais setores sofreriam impactos pelas ações do método SMED, utilizou-se um modelo de simulação para representar o processo em analise. O sistema foi simulado para dois cenários: inicialmente utilizando os tempos e as distâncias atuais, e em um segundo momento, as mudanças propostas. No segundo cenário foram realizadas mudanças no sistema, além dos tempos e distâncias, devido à implantação do método SMED, como por exemplo, a introdução de um funcionário no processo de troca de ferramenta e a diminuição da distância entre a injetora e os moldes que vão ser utilizados localizados na estação de estoque de matéria-prima. A distância e os tempo medidos atualmente e os propostos são apresentados na Tabela 5. Parâmetros Atual Proposto Distância da injeção plástica ao estoque de matéria-prima (metros) 20,0 7,0 Tempo da injeção plástica ao estoque de matéria-prima (segundos) 30,0 10,5 Tabela 5 - Parâmetros de distancia e tempo entre injetoras e estoque de matéria-prima Através da analise dos relatórios gerados pela simulação notou-se que o tempo de setup do processo de injeção plástica era de 60,3 minutos e após a aplicação do método SMED passou a ser de 9,0 minutos, uma redução expressiva de 85,2% no tempo de setup. A Tabela 6 ilustra as mudanças analisadas através do relatório, comparando os dados antes e depois da implantação do método SMED. 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Parâmetros Sistema Atual Sistema após SMED Quant. copos graduados produzidos (unidades) 214.800 215.400 Quant. colher de cabo longo produzidas (unidades) 53.050 55.050 Quant. lixeiras produzidas (unidades) 42.600 43.200 Quant. fruteiras produzidas (unidades) 117.500 121.500 Quant. injetor de temperos produzidos (unidades) 100.800 99.600 Total de Produtos Injetados (unidades) 528.750 534.750 Fila do Processo de Injeção (segundos) 0.9 0.2 Ocupação Trocador(es) de Ferramenta (%) 94,3 27,4 Tempo de Setup (minutos) 60.3 9,0 Tabela 6 - Comparação entre o sistema inicial e o sistema após a implantação do SMED É notório que com a redução do tempo de setup do processo de injeção plástica o sistema incorporou maior mobilidade, sendo que o número total de produtos injetados aumentou aproximadamente 1,2%, uma quantidade considerável se analisado o volume de produção. A fila no processo de injeção diminui, pois com um baixo tempo de setup as máquinas injetoras ficaram mais tempo em produção e menos tempo paradas. Outro parâmetro importante é a redução da ocupação do(s) funcionário(s) responsáve(is) pela troca de ferramenta, pelo fato da alocação de um funcionário adicional e do tempo de setup diminuir drasticamente, visto que o funcionário(s) realiza as tarefas de maneira ordenada e ágil, e deste modo o tempo que ele(s) fica(m) em processo diminui. 7. Considerações finais Neste artigo, propôs-se a aplicação do método SMED com o intuito de diminuir o tempo de setup do processo de injeção plástica e uma validação da aplicação do SMED através de um software de simulação. Foi verificado que o método é de fácil aplicação e de resultados expressivos, através da aplicação real do método e soluções simples e, na maioria sem custos adicionais. Após tal metodologia obtivemos como resultados principais, a redução no tempo de setup do processo em 75 % (SMED) e 85,12% (simulação), pois o tempo de setup passou de 60 minutos para 16 minutos no primeiro caso e de 60,3 minutos para 9,0 minutos no segundo caso, Com menor tempo de setup as máquinas injetoras ficarão maior tempo em produção e menor tempo paradas. Alem disso, outros setores foram impactados com a redução do tempo de setup, um exemplo disto foi a redução do setor de reciclagem, que, com a melhor regulagem das injetoras, diminuiu-se o retrabalho nas peças. 8. Referências Bibliográficas 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. BERTO, R.M.V.S., NAKANO, D. N. A Produção Científica nos Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção: Um Levantamento de Métodos e Tipos de Pesquisa. 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