Senhor Vice-Ministro do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Excelência, Senhora Secretária Permanente do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Senhor Secretário-Geral da Comissão Consultiva do Trabalho, Senhor Presidente do Conselho de Administração do INSS, Senhor Presidente Arbitragem Laboral, da Comissão de Mediação e Senhores membros do Conselho Consultivo da Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Senhores Directores Provinciais do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Senhores Delegados Provinciais do INSS, INEFP, IGT e Directores dos Centros de Mediação e Arbitragem Laboral Distintos quadros, Caros Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores. 1 É com elevado sentido de responsabilidade que me dirijo a vós neste II Conselho Consultivo Alargado aos Directores Provinciais do Trabalho, Emprego e Segurança Social e outros quadros do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social. Quero saudar todos os participantes e desejar aos que vieram de outros pontos do País, boas vindas e boa estadia nesta bela cidade das acácias, a nossa cidade capital-Maputo. Este Conselho Consultivo Alargado tem lugar num momento em que o nosso Governo se encontra empenhado na materialização do Programa Quinquenal do Governo, que tem como uma das prioridades a promoção do emprego, a melhoria da produtividade e da competitividade, na qual a nossa instituição tem um papel importante a desempenhar na materialização deste objectivo. 2 É neste contexto que realizamos este encontro de dois dias, onde teremos a oportunidade de debater em conjunto matérias ligadas à nossa administração do trabalho, relacionados com o emprego, formação profissional, controlo da legalidade laboral, diálogo social, resolução de conflitos, segurança social entre outros temas, cuja a partilha de experiências e de conhecimentos contribuirão para a edificação de uma visão comum do que fizemos e do que teremos que fazer para a prossecução dos objectivos e das metas a que nos propomos a atingir no nosso Plano Económico e Social para 2015. No âmbito da reforma institucional, vamos apreciar o regulamento interno do nosso Ministério, os estatutos orgânicos da Comissão Consultiva do Trabalho, da Inspecção Geral do Trabalho, do Instituto Nacional da Segurança Social e dos futuros Institutos de Estudos Laborais e Formação Profissional e do Emprego. 3 Teremos também a oportunidade de apreciar e debater, no âmbito da capacitação institucional, algumas normas e procedimentos relativos à nossa conduta e formas de actuação como servidores do Estado. Caros Colegas, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Ao longo destes últimos anos, o país tem registado altas taxas de crescimento económico como resultado de um conjunto de medidas que o Governo tem vindo a adoptar do ponto de vista económico e social. Porém, estamos cientes que este crescimento nem sempre tem sido acompanhado por um nível de emprego que satisfaça a procura prevalecente face ao elevado número de cidadãos que ingressam na vida activa e que hoje se estima em cerca de 300 mil, anualmente. 4 É tendo em conta esta realidade e outras sobre a inserção dos cidadãos, em particular dos jovens, no mercado de trabalho, que o Governo coloca a questão do emprego no epicentro da sua governação, dado que se trata de uma das faces visíveis de distribuição da riqueza. Estou convicta de que concordarão comigo ao afirmar que a criação do emprego é uma questão transversal, onde o investimento interno e externo joga um papel fundamental e primordial na criação de mais postos de trabalho ao nível dos diferentes sectores da nossa economia. Registamos com satisfação, já no primeiro semestre do presente ano, a criação de 119.403 empregos e de aproximadamente 49.772 beneficiários de formação profissional. Estes resultados advêm de uma boa articulação e complementaridade entre os actores públicos e privados no desenvolvimento de acções de promoção do emprego, da 5 criação de oportunidades de trabalho e de formação profissional. Contudo, a experiência mostra-nos que o surgimento de novos postos de trabalho requer a necessária formação e qualificação de profissionais moçambicanos a altura de responderem às exigências colocadas por estas novas oportunidades de emprego. Esta realidade impõe ao nosso Ministério desafios aos vários níveis da administração do trabalho, em particular no que se refere ao emprego e formação profissional. Para tal, a Direcção Nacional do Trabalho deve, ao longo do presente ano, criar as bases para a elaboração de uma Política de Emprego, através de um amplo processo de inclusão das partes interessadas visando a partilha de opiniões e contribuições que permitam que a mesma tenha em conta a nossa realidade, devendo ser apreciada pelo 6 Governo e submetida à Assembleia da República no próximo ano. Devemos estar atentos que faltam apenas cinco meses para o término do presente exercício económico. Neste sentido, a Direcção Nacional do Trabalho deve garantir que a matriz de realização desta actividade seja estritamente cumprida, de conformidade com os prazos nela previstos. A regulamentação complementar à Lei do Trabalho deve continuar a merecer a devida atenção, por parte desta Direcção, para que seja concluída ao longo dos próximos dois anos Por outro lado, os Centros de Formação Profissional devem acompanhar a dinâmica imposta pelo sector privado, no que se refere a procura de profissionais qualificados para responderem às necessidades, cada vez maiores, dada a forte competitividade existente no mercado. Por isso, torna-se 7 necessário mudar a nossa forma de ser, estar, pensar e fazer, contando com formadores altamente qualificados, que garantam padrões de formação aceitáveis no país e na região. As nossas acções de formação profissional devem conter programas e curricula padronizados, de referência e de excelência, para que tenhamos mão-de-obra em quantidade e qualidade, que nos permita reduzir, gradualmente, a contratação de trabalhadores estrangeiros, recrutando-se os estritamente necessários para ocuparem postos de trabalho onde não existam moçambicanos com a formação requerida, ou o seu número seja insuficiente, uma vez que a nossa grande prioridade reside no trabalhador moçambicano. A fusão da Escola de Estudos Laborais “Alberto Cassimo” com a Formação Profissional representa, para nós, uma mais-valia na formação a ser realizada, não só, para as empresas e para o auto-emprego, mas também para o 8 reforço da capacitação técnica permanente dos quadros do nosso Ministério, de forma a responderem cabalmente às exigências impostas à nossa administração do trabalho, em cada etapa do seu desenvolvimento. Esta deve ser a linha de orientação a ser seguida, desde já, no quadro do cumprimento das atribuições definidas para o futuro Instituto de Estudos Laborais e Formação Profissional “ Alberto Cassimo”. Por outro lado, os Centros de Emprego, que passarão a estar integrados no Instituto Nacional de Promoção do Emprego, devem reverter a forma como têm vindo a funcionar para que sejam mais pró-activos no apoio às empresas na satisfação das suas necessidades de recrutamento e aos candidatos na procura de emprego ou de uma oportunidade de trabalho, o que pressupõe a modernização imediata dos serviços, para a sua necessária eficácia e eficiência. 9 A orientação profissional, como mecanismo de orientação vocacional, deve passar a constituir um acto que antecede a formação dos candidatos para que estes, sejam devidamente encaminhados para cursos para os quais tenham a devida vocação. Trata-se de uma actividade que deve ser reactivada, o quanto antes, se tivermos em conta os benefícios dela decorrentes, do ponto de vista da satisfação do candidato e da racionalização dos recursos materiais e financeiros. Caros Membros do Conselho Consultivo, Senhores Participantes, Minhas Senhoras, Meus Senhores. A Segurança Social obrigatória tem vindo a crescer em todos os sentidos, principalmente nos aspectos respeitantes ao desenvolvimento do Sistema e da instituição gestora. Ė assim que, no decurso do I semestre cerca de 4.200 empresas foram abrangendo 42.200 10 trabalhadores inscritos no sistema de segurança social, o que permitiu que aproximadamente 200 mil pessoas passassem também a beneficiar das prestações da segurança social. No quadro do alargamento da abrangência do Sistema, o Governo aprovou a taxa contributiva de 7% para os trabalhadores por conta própria, oportunidade para que milhares de trabalhadores, exercendo actividades no sector formal e no auto-emprego na nossa economia, possam ter acesso às prestações da segurança social, com destaque para a protecção na velhice. Esta medida contribuirá, também, para estimular o empreendedorismo, como alternativa viável para a criação de mais oportunidades de trabalho e de auto-emprego. Há ainda a destacar neste domínio o perdão de multas e juros de mora, em 50%, concedido às micro, pequenas e médias empresas, o qual permitiu que cerca de 70 mil beneficiários directos, perfazendo 350 mil indirectos, 11 retomassem o acesso às prestações de segurança social, medida que veio minorar o sofrimento de milhares de beneficiários por estarem vinculados a empresas devedoras de contribuições e a proporcionar o sector privado a voltar a ter acesso às oportunidades de negócios conferidas pelo Estado, através de concursos públicos. Apesar de registarmos estes avanços, importa sublinhar o muito que ainda temos que realizar para que o nosso sistema seja cada vez mais robusto financeiramente, credível, transparente e do conhecimento de todo o cidadão, em particular, dos trabalhadores e empregadores, quanto à sua evolução e desenvolvimento a curto, médio e longo prazo. Para o efeito, urge a necessidade de se definir de forma clara e criteriosa os investimentos que o INSS deve realizar, tendo por finalidade tornar o sistema mais viável capaz de responder aos desafios do presente e do futuro. Como sabeis, 12 trata-se de uma instituição que promove a poupança hoje, através de contribuições dos empregadores e trabalhadores, para o consumo amanhã, mediante o acesso dos trabalhadores às prestações sociais, onde a reforma por velhice constitui o objectivo final. A conclusão do processo de informatização constitui condição indispensável para a prestação célere das nossas obrigações junto dos beneficiários e contribuintes, bem como para a melhoria do processo de gestão do sistema, o que irá facilitar que as contas sejam, em tempo útil, auditadas e publicadas contribuindo, deste modo, para uma maior credibilização da Instituição. Assim, reafirmo a necessidade de se concluir o processo de inserção do histórico de remunerações até, o mais tardar, Novembro do presente ano, de modo a permitir que o processamento e a concessão das prestações passem a ser realizados electronicamente, conferindo respostas rápidas 13 às solicitações dos utentes, bem como evitar a exposição do sistema à eventuais fraudes. As províncias de Tete, Niassa, Inhambane e Maputo estão de parabéns pois, já concluíram este processo. As minhas felicitações O desenvolvimento destas acções e de outras cometidas ao órgão, requerem empenho, dedicação e dinamismo de todos os funcionários, o que passa necessariamente, por um lado, pela definição clara de tarefas e de metas a serem realizadas em cada unidade orgânica e por cada um dos funcionários e, por outro, pela avaliação permanente do desempenho individual aos vários níveis, como critério para valorizar e premiar o bom trabalho e penalizar o mau trabalho. Com o objectivo de definirmos com clareza o papel de cada uma das unidades orgânicas que integram o INSS, impõe-se a necessidade da revisão urgente do seu Estatuto Orgânico, cuja proposta será objecto de apreciação neste Conselho Consultivo. 14 Caros Participantes, Minhas Senhoras, Meus Senhores. No domínio do controlo da legalidade laboral, o nosso compromisso é o de garantir o cumprimento e o respeito pelas normas laborais em prol da paz social e da estabilidade laboral. É neste sentido que, no I semestre, foram inspeccionados e fiscalizados 3.689 estabelecimentos. Não obstante estes resultados, devemos continuar a intensificar as nossas acções de fiscalização dando especial atenção aos sectores de actividade cujos níveis de higiene e segurança no trabalho se impõem, dada a natureza do trabalho e o risco de sinistralidade a elas associadas, como é caso da construção civil. O nosso relacionamento, como agentes de inspecção, com as empresas deve merecer especial atenção por parte da 15 Inspecção Geral do Trabalho, como forma de garantir a necessária confiança dos empregadores e trabalhadores no processo de verificação e controlo das condições de trabalho e dos direitos e deveres das partes envolvidas na relação entre o capital e o trabalho, em prol da promoção do trabalho digno. Gostaria de exortar aos inspectores, a cultura de integridade, transparência e defesa dos interesses superiores do Estado. Outro domínio que muito tem contribuído para a promoção da estabilidade e paz laboral tem a ver com o diálogo social tripartido entre o Governo, Empregadores e Trabalhadores, que se desenvolve na Comissão Consultiva do Trabalho, a qual se tem vindo a reafirmar como um mecanismo fundamental no contexto democrático e de governação inclusiva, onde se procura salvaguardar o equilíbrio de interesses das partes em presença. É exemplo desta situação os resultados que temos vindo a alcançar ao longo destes últimos anos no processo de fixação 16 dos salários mínimos por sectores de actividade e em outras matérias de regulamentação da Lei do Trabalho, devendo a Comissão Consultiva do Trabalho continuar a desenvolver a sua acção de concertação social visando garantir condições favoráveis que concorram para a legalidade, trabalho digno, solidariedade e estabilidade conducentes ao aumento da produção e produtividade que satisfaçam as metas previstas nos planos económicos e sociais da nossa governação. Esta acção deve ser, também, desenvolvida ao nível local através dos Fóruns de Consulta e de Concertação Social, espaços criados recentemente para a promoção do diálogo social tripartido, cuja implantação efectiva deve concluir-se ainda no decurso deste ano. Para o efeito, a Comissão Consultiva do Trabalho deve organizar-se com vista ao acompanhamento e monitoria deste processo. Ainda no âmbito da promoção da paz e da estabilidade nas empresas e nos diferentes sectores de actividade registamos resultados animadores na mediação de conflitos laborais, 17 pois, ao longo do semestre transacto das 3.405 mediações realizadas, 81% foram mediados com sucesso, nível superior ao da média atingida na região, que é de 61%. Todavia, este resultado não nos deve acomodar e nem criar letargia ou inércia, pelo contrário, impõe à Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral maiores responsabilidades no desenvolvimento das suas acções ao nível central e local. É neste sentido, que a COMAL deve continuar a promover a prática da negociação colectiva, a prevenção de conflitos junto das empresas, a melhorar o nível das mediações com sucesso e a expandir a sua actividade para os diferentes pólos de desenvolvimento distritais cujo parque industrial, comercial e agrícola o justifique. Distintos Participantes A informatização da Relação Nominal e do fluxo migratório criarão as condições necessárias para um maior controlo e 18 transparência nos processos e a existência de uma base de dados fiável, o que imprimirá maior celeridade no tratamento dos processos, sendo, por isso, importante concluir o processo ainda este ano. Antes de terminar, colegas, quero exortar-vos a assumirem uma postura de verdadeiros servidores do Estado, pois só somos relevantes se correspondermos aos verdadeiros anseios da população moçambicana. Devemos continuar a nutrir a integridade, honestidade, competência e mérito. Devemos debater os nossos assuntos de forma franca e aberta e estar preparados para a crítica construtiva e auto-crítica, sem temer ferir susceptibilidades, difamações ou outras práticas nefastas que podem perigar a nossa postura de Estado. Dito isto, espero que ao longo destes dois dias de trabalho possamos aproveitar o tempo da melhor forma de modo a 19 encontrarmos alternativas mais adequadas visando melhorar o nosso funcionamento em benefício do cidadão em geral e dos empregadores e trabalhadores em particular. Com estas palavras, declaro aberto o II Conselho Consultivo Alargado aos Directores Provinciais e outros quadros do Trabalho, Emprego e Segurança Social. Muito Obrigada. Maputo, 05 de Agosto de 2015 20