11 1 DE NOVEMBRO 2 0 0 7 Opinião Mais uma vez Reuni Cláudio Thomás Bornstein* A discussão acerca do Reuni é difícil. Se por um lado existe uma série de críticas que se pode fazer à universidade atual, dentre elas, a falta de inserção dentro da sociedade onde ela se situa e que lhe paga as contas, por outro lado, a solução proposta pelo governo através do Reuni não é fácil de aceitar. Existe ainda uma outra dificuldade. O reitor, Aloisio, evidentemente é favorável ao Reuni, pois o que é o PRE senão uma versão do Reuni? Ora, o Aloisio, para muitos, representa o grande suspiro de alívio dos tempos pós-vilhenianos. Se de um lado cabem críticas pela forma açodada em que estão sendo conduzidas as discussões sobre o PRE/Reuni por outro lado cabe tomar cuidado para não desgastar excessivamente uma gestão que tem sido democrática. Tempos difíceis estes em que se é obrigado a ficar entre o sim e o não, em que se é obrigado a abandonar o maniqueísmo simplista e simplificador que tanto facilita a nossa vida. Em que o não a uma universidade encastelada na torre do saber, sempre à procura de longínquas terras estrangeiras, não representa automaticamente o sim a um projeto míope e imediatista de conquista de popularidade. Neste espaço, tão pequeno para abordar questão tão complexa, quero analisar só um argumento que tem sido freqüentemente utilizado para defender o Reuni/PRE: a elitização da universidade atual. Elite, segundo o Houaiss vem do latim eligere, escolher. Escolher significa selecionar. Selecionar os mais aptos? Estas palavras, em função do contexto social em que nos encontramos, estão de tal forma associadas a sentimentos e emoções que é difícil uma análise serena (propositalmente não digo neutra, pois isto não existe). Permitam-me a heresia ou, se preferirem, o politicamente incorreto, mas não consigo ver nada errado na atividade de selecionar. Errado é o que vem depois da seleção: uns vão para o lixo, outros para o luxo. Não me parece haver nada errado na expressão os mais aptos desde que ela não seja utilizada num sentido absoluto. Mais apto significa (ou deveria significar) sempre mais apto para determinada coisa ou tarefa. E mais apto para uma tarefa A costuma significar menos apto para uma tarefa B, na medida em que não existem (a exceção confirma a regra) pessoas aptas a realizar todo tipo de tarefa. O erro está em que à tarefa A associase o luxo e à tarefa B, o lixo, e aí, mais apto para a tarefa A passa a ser mais apto, pura e simplesmente. Como resolver este problema? Os apologistas da livre iniciativa propõem, como sempre, o mercado como panacéia universal. Será que é dentro deste contexto que se explica o Reuni? Inunda-se o mercado com universitários, na esperança que o seu valor caia, e que diminuam as diferenças entre quem faz A e quem faz B? Será que se espera desta maneira enxugar o mercado de pessoas sem diploma, para assim aumentar o seu valor? Com o devido respeito, parece-me um pensamento um tanto elaborado para a nossa realidade. Ademais, duvido que funcione. Se caem os salários dos universitários será que automaticamente aumentam os salários dos peões? Não será muito mais provável caírem os salários dos universitários e continuarem baixos os salários dos peões? Quem seria o grande beneficiado com esta última situação? Na verdade a conjetura acima é pura quimera, retórica pura.A universidade pública há muito não tem mais o peso na economia nacional necessário para provocar tais abalos. A realidade é muito mais prosaica se bem que talvez seja ainda o mercado, além do populismo, a dar uma explicação plausível para o Reuni.A popularização da universidade pública, onde hoje está concentrado o ensino universitário de qualidade, vai provocar a debandada geral dos alunos provenientes da classe média que passam a correr para a universidade privada que já os espera de braços abertos, sequiosos das polpudas anuidades que vão poder cobrar de quem tem os recursos para pagá-las. Nada contra a popularização. Nada contra a fuga da classe média. Mas será que atendendo a alunos mal formados, provenientes de uma escola pública que se deteriora ano após ano há pelo menos 30 anos, a universidade pública poderá ainda assim manter a mesma qualidade de ensino? E quem será o grande beneficiado com esta queda de qualidade? Quem acredita que a popularização da universidade vai provocar a derrocada dos encastelados esquece-se que o povo invadindo o castelo não necessariamente expulsa os senhores de suas torres de marfim. Há muito que estes não mais recebem os seus suprimentos por terra e para é que existem os helicópteros? Guantánamo prova que é perfeitamente possível um território sobreviver cercado de hostes inimigas. Quem acha que a popularização da universidade necessariamente vai baixar a vista da nossa elite pensante para a nossa realidade, esquece-se de duas coisas. A primeira foi mencionada no parágrafo anterior. A segunda é que é puro preconceito achar que a solução dos problemas nacionais requer mão-de-obra menos qualificada. Pelo contrário, questões novas vão requerer soluções originais, sem as muletas da pesquisa dita internacional e isto há de exigir criatividade e inventividade. Se o povo não tem acesso à universidade não é por fatores genéticos. Não consigo ver a relação dos genes com a conta bancária. Se o povo não tem acesso à universidade é por causa da formação que é ruim. Logo há que melhorar a formação e não piorar a universidade. É simples assim. Pode ser caro, mas é simples. Não se corrige um erro com outro pior ainda. *Professor da Coppe Anote Socialismo em pauta no Fórum Meio Ambiente e comunicação Creche da UFRJ O Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ abrigará o ciclo de discussões “A Atualidade do Socialismo e as Lições da História - A propósito dos 90 anos da Revolução Russa e dos 140 anos de O capital”. O evento, promovido pelo programa de Pósgraduação em Serviço Social, ocorrerá nos dias 12 e 13 de novembro, no Salão Pedro Calmon. A atividade conta com o apoio da ESS, do Laboratório de Estudos Marxistas José Ricardo Tauile, do Laboratório de Economia Política da Saúde e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Entrada gratuita. O Programa de Educação Tutorial da Escola de Comunicação da UFRJ (PET-ECO) vai realizar de 6 a 8 de novembro de 2007 a Semana Nacional de Comunicação Ambiental. O evento contará com mesas ministradas, das 9h às 12h, por acadêmicos, ativistas e profissionais vinculados a temas e projetos específicos de áreas ligadas à temática ambiental nas suas variadas formas, com foco na comunicação social. O encontro ocorrerá no Salão Moniz de Aragão do Fórum de Ciência e Cultura e na Central de Produção Multimídia da ECO. Inscrições gratuitas em www.eco.ufrj.br/semanaambiental. A Escola de Educação Infantil da UFRJ abre vagas para o ano letivo de 2008. São 28 vagas e podem concorrer crianças entre 4 meses e 5 anos e 11 meses. Pais, mães ou responsáveis legais que sejam servidores ativos da UFRJ têm a possibilidade de efetuar a inscrição de seus filhos, e as vagas serão preenchidas por meio de sorteio público. O formulário de requerimento de inscrição deverá ser obtido na Escola de Educação Infantil – Prédio do IPPMG – campus Fundão, ou nas páginas da PR4 (www.pr4.ufrj.br), da EEI-UFRJ (www.eei.ufrj.br). A inscrição deverá ser feita entre os dias 05 a 14 de novembro de 2007, no horário de 10h às 16h, na Escola de Educação Infantil – Prédio do IPPMG – Fundão.