22 de junho de 2015 Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Ajuste nas transações correntes persistiu em maio, ao mesmo tempo em que os Investimentos Diretos no País surpreenderam para cima O déficit em conta corrente chegou a US$ 3,4 bilhões em maio, de acordo com os dados divulgados hoje na nota à imprensa do setor externo, pelo Banco Central. O resultado ficou abaixo da nossa projeção (US$ 4,7 bilhões) e levou o saldo a acumular déficit de US$ 95,7 bilhões nos últimos doze meses, o equivalente a 4,39% do PIB. Embora seja modesta a queda do déficit externo observada em 12 meses (pois carrega inércia de um segundo semestre de 2014 muito ruim), quando comparamos com os dados de maio de 2014 (US$ -7,8 bilhões), esse ajuste é bastante intenso, reflexo da atividade econômica doméstica desaquecida e da depreciação cambial. Esse dado, portanto, reforça nossa projeção de forte ajuste externo já em 2015. O déficit no mês passado foi influenciado principalmente pela conta de rendas. A conta de renda primária saiu de um saldo negativo de US$ 3,7 bilhões em abril para outro de US$ 2,7 bilhões em maio. Já o déficit na conta de serviços passou de US$ 3,5 bilhões para US$ 3,4 bilhões. A nossa surpresa se concentrou nas rubricas i) lucros e dividendos, cujo déficit passou de US$ 2,1 bilhões para US$ 1,5 bilhão, e ii) transportes, cujo déficit atingiu US$ 489 milhões. Ademais, vale reforçar que as despesas com viagens internacionais saíram de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,0 bilhão no mesmo período. Nesse sentido, as viagens internacionais e as remessas de lucros e dividendos continuam favorecendo o ajuste da conta corrente neste ano. O Investimento Direto no País (IDP) registrou entrada líquida de US$ 6,6 bilhões no mês passado, comparado à entra de US$ 5,8 bilhões em abril. O resultado ficou acima da nossa expectativa de US$ 4,3 bilhões. Com isso, nos últimos doze meses acumulou entrada de US$ 86,1 bilhões, o equivalente a 3,89% do PIB. As entradas de renda fixa e de ações, por sua vez, foram positivas em US$ 1,1 bilhão e US$ 2,1 bilhões, respectivamente. Isso demonstra que realmente os fluxos de capitais estrangeiros para o Brasil continuam robustos, apesar da forte volatilidade dos mercados domésticos neste ano. A taxa de rolagem da dívida externa ficou em 68% em maio. Esse patamar mais baixo, porém, nos parece pontual, já que a reabertura do mercado de captações externas para as empresas brasileiras e as emissões já realizadas em junho sugerem melhora à frente. Assim, continuamos vislumbrando condições razoáveis para o financiamento externo das empresas brasileiras. Mantemos nossa perspectiva de forte redução do déficit em conta corrente em 2015 para US$ 66 bilhões (o que equivale a 3,4% do PIB, considerando a nova série do PIB e a nova metodologia do balanço de pagamentos), sucedendo déficit de US$ 104 bilhões em 2014 (4,4% do PIB). Adicionalmente, o IDP deve somar US$ 70 bilhões, ante US$ 96,9 bilhões no ano passado. O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. 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DESTAQUE EXPRESSO 3.2% 1.7% 1.4% 1.2% 1.2% Déficit em conta corrente como proporção do PIB em % (histórico bpm5) 1.2% 0.7% 0.2% 0.1% -0.1% -0.8% 0.1% -0.3%-0.1% -0.7% -0.4% -2.4% -2.8% -3.5% -4.2% -4.8% -1.5% -1.7% -1.5% -1.8% -2.8% -2.3% -3.0% -3.4% -3.4% -3.7% -4.2% -4.1% -4.4% -6.3% -6.8% -7.8% Fonte: BC Elaboração: BRADESCO -8.1% 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 -8.8% 19,000 Déficit em conta corrente em US$ milhões (histórico bpm5) 13,98513,643 11,679 4,177 1,551 10,000 1,000 -8,000 -1,811 -7,637 -17,000 -18,384 -23,215 -23,502 -25,335 -24,225 -30,452 -33,416 -26,000 -35,000 -24,302 -28,192 -44,000 -47,273 -52,480 -54,283 -53,000 -62,000 -3,4% GDP -3,0% GDP -58,125 -66,122 -71,000 -80,000 -81,379 -89,000 -4,4% GDP -98,000 -107,000 -103,981 96,851 100,000 90,000 80,000 74,200 70,000 70,000 66,660 65,272 63,996 Investimento direto no País (histórico IED bpm5) 60,000 48,506 50,000 45,058 40,000 34,585 32,779 30,000 28,856 28,578 25,949 22,457 18,146 16,590 20,000 18,822 15,066 10,144 10,000 2016* 2015* 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 0 2 Fonte: BC Elaboração: BRADESCO 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 -116,000 1994 Fonte: BC Elaboração: BRADESCO DESTAQUE EXPRESSO Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo – Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Estagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Thomaz Lopes Macetti / Victor Hugo Carvalho Alexandrino da Silva / Davi Sacomani Beganskas / Ives Leonardo Dias Fernandes / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves 3