Ciência, Tecnologia e Sociedade: Aula 14 Interdisciplinaridade na teoria e na prática Professor Adalberto Azevedo Santo André/São Bernardo do Campo, 02/12/2014 Interdisciplinaridade Especialização: racionalização da aquisição de conhecimento científico e tecnológico, à imagem e semelhança da sociedade capitalista industrial (inclusive suas desigualdades) Industrialização da produção de C&T (da mesma maneira que em outros campos sociais, como a arte, educação, saúde...): por exemplo, grandes faculdades Crítica à especialização: insuficiente para resolver questões complexas, que exigem diversos conhecimentos Conhecimento voltado à solução de problemas Substituição da indústria taylorista-fordista pela produção flexível: revela problemas da especialização e da “padronização” na geração e transmissão de conhecimento Interdisciplinaridade Multi/pluridisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade: termos frequentemente usados de forma equivocada Multi/pluridisciplinaridade: junção de duas ou mais disciplinas com objetivos particulares em um determinado projeto, sem relacioná-las mas com certa complementaridade Interdisciplinaridade: integração entre duas ou mais disciplinas, com a construção de novas ideias, conceitos, metodologias. Intersubjetiva, construída pelo diálogo. Transdisciplinaridade: Nível mais alto, além da multi/pluri e inter. Mais que novas disciplinas, uma nova forma de gerar e transmitir conhecimento Interdisciplinaridade Interdisciplinaridade: exige a integração com adesão recíproca (reciprocidade)- mudança de atitude frente a um fato que se deseja investigar. Transformação, e não “acomodação” mútua Mudança do paradigma de produção de conhecimento (em todas as disciplinas) Problemas transversais, multidimensionais, globais Revitalizar a universidade!! Como acontece? Trabalho de pesquisadores/educadores filiados a diversas disciplinas, dispostos a questionar os paradigmas dominantes em sua formação. Novos cursos, currículos e formações acadêmicas Interdisciplinaridade Especialização: perigosa, especialmente com relação a impactos ambientais, sobre o trabalho, geopolíticos... Entender o que se está fazendo!!! Busca da maior parte de aspectos relacionados a um fenômeno. Comunicação entre os atores de C&T, e destes com a sociedade Complementar ao conhecimento disciplinar, e não substituto deste conhecimento Anacronismo da “objetividade” disciplinar não significa que essa será descartada Interdisciplinaridade Dificuldades: Epistemológicas; Institucionais (especialmente a avaliação); Culturais e de formação; Metodológicas; Poder dentro das tradições disciplinares; temor e resistência à inovação; ênfase nas ferramentas (teoria, métodos de observação/medida), e não no significado dos conhecimentos produzidos Grande dificuldade: forma atual de produzir conhecimento é um reflexo das práticas sociais predominantes (capitalistas): problema que não é exclusivo do campo científico (por exemplo, mercantilização da arte): dilema qualidade X quantidade Estratificação social se reflete no ensino universitário Interdisciplinaridade Não se trata de eliminar os conflitos: convívio democrático e plural de diversas concepções, que devem ser ouvidas Limitação à academia: não se pretende fazer uma mudança social, mas libertar a educação universitária do formato secularmente determinado pela sociedade capitalista: possível!! Mudanças estruturais na universidade tradicional (que sempre têm acontecido): fim dos departamentos e da autoridade ilegítima!! Novos métodos pedagógicos, que se afastem do especialismo e do pragmatismo. Ênfase na transmissão de conhecimento, não apenas em sua produção Autonomia do Campo científico e tecnológico!! Um pouco da história da UFABC Academia Brasileira de Ciências: Subsídios para a Reforma do Ensino Superior- Manifesto de Angra Fusão: movimentos regionais com o movimento acadêmico Valores “desenvolvementistas” e “inclusivos” com valores acadêmicos, de ciência de excelência: conflito de origem? Qualidade do ensino superior: conceito que depende de interesses e valores Um pouco da história da UFABC 1954: Faculdade de Economia em Santo André, criada pela Prefeitura 1962: projeto de criação de uma Universidade Federal, abandonado após o golpe de 64 1964: fundação Santo André (“Uspinha”), inicialmente gratuita Anos 70-90: movimento pela instalação de uma universidade Estadual (Unicamp, 1966; Unesp, 1976) 2004: Movimento liderado pelo Consórcio Intermunicipal do ABC Projeto de Lei 3.962/2004: proposta de criação da UFABC Projeto novo: exceção (em geral, criam-se universidades “filhas” de instituições já existentes, ou fusões, como a Unesp) Um pouco da história da UFABC Enquanto isso, na academia... 1994: grupo de professores da COPPE UFRJ propõe um curso interdisciplinar Manifesto de Angra: diretrizes para a reforma curricular 2004: grupo do RJ (liderados por Luiz Bevilácqua) vêem no projeto da UFABC a oportunidade de implementar as reformas 2006: primeira turma do BCT na Avenida Atlântica 2007: aprovação dos primeiros cursos de pós graduação 2010: Bacharelado em Ciências e Humanidades (até então, uma área “complementar”) O projeto pedagógico da UFABC Visão sistêmica da produção interdisciplinaridade necessária de conhecimento: BCT: formação básica (duradoura) combinada á formação profissional (em constante mudança): BIs Princípios do projeto pedagógico: 1. formar profissionais competentes e eticamente qualificados; 2. compromisso com o progresso do conhecimento racional e busca ética da verdade científica; 3. solução de problemas econômicos e sociais;4. ensino público e gratuito; 5. Multidisciplinaridade; 6. Internacionalização; Na prática: BIs; eliminação de departamentos; Priorização de áreas interdisciplinares na pesquisa (especialmente na pós graduação) O projeto pedagógico da UFABC Princípios de formação dos alunos: construção de saberes, ao invés de transmissão de informações: aprendizagem autônoma e contínua; Construção de competências sociais/críticas/éticas/cidadãs, ao invés de especialização técnica rígida; Possibilidade de “construção de currículos”: grades flexíveis Diversas maneiras de enxergar um problema Flexibilidade: possibilidade de retornos, complementações e reopções, caso necessário na carreira acadêmica e profissional Pluralidade democrática: trajetória do estudante não está fechada em uma “turma”, que atravessará o curso (quase sempre) junto às mesmas pessoas: cidadania, aceitação das diferenças O projeto pedagógico da UFABC Princípios de estrutura da universidade: Eliminação de Departamentos: Centros Possibilidade de “construção de currículos”: grades flexíveis BIs: devem ser autossuficientes para formar um profissional com conhecimentos interdisciplinares (estrutura da matéria, processos de transformação, energia, comunicação e informação, representação e simulação, humanidades) BIs: possibilidade de mais de uma formação, e ingresso na pós Eixos fundamentais: interconectados, compreensão sistêmica da C&T Currículos diferentes de formados em uma mesma graduação O projeto pedagógico da UFABC Cursos pós BIs: mais amplos, engenharia de energia, de gestão, materiais, IAR, Aeroespacial, ambiental e urbana, políticas públicas, (...) Pós graduação: nanociências, informação, CHS, (...) Integração multidisciplinar, interdisciplinaridade... energia, caminhando engenharia para Atitude interdisciplinar!!! Necessidade de incentivar essa atitude dentro da universidade de a O projeto pedagógico da UFABC Problemas: formações anteriores de professores e alunos: por exemplo, disciplinas obrigatórias- proposta inicial era de representarem um terço dos créditos; em função de pressão dos professores (necessidade de base em algumas áreas) esse peso passou para 47% (herança do regime disciplinar?) Instituições externas reguladoras/financiadoras antigos padrões (MEC, CAPES, Agências) segundo Carreiras acadêmicas e profissionais que exigem especialização: briga (boa) com instituições de classe (CREAs, CRAs, etc.) EX: PGT X arquitetura/demografia/engenharias planejamento urbano (algo inerentemente interdisciplinar) no