ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Turma G12A MATERIAL MAIS UTILIZADO NO LABORATÓRIO DE QUÌMICA SÍMBOLOS DE PERIGO UTILIZADOS NOS RÓTULOS Venenoso Corrosivo Explosivo Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 Tóxico Inflamável ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Turma G12A APÊNDICE TABELA DE MASSAS ATÓMICAS RELATIVAS Elemento Símbolo Actínio Alumínio Amerício Antimónio Argon Arsénio Astato Azoto Bário Berílio Berquélio Bismuto Boro Bromo Cádmio Cálcio Califórnio Carbono Cério Césio Chumbo Cloro Cobalto Cobre Crómio Disprósio Einsteinio Enxofre Érbio Escandio Estanho Estrôncio Európio Férmio Ferro Flúor Fósforo Francio Gadolínio Gálio Germanio Háfnio Hélio Hidrogénio Hólmio Indio lodo Iridio Itérbio Itrio Ac Al Am Sb Ar As At N Ba Be Bk Bi B Br Cd Ca Cf C Ce Cs Pb Cl Co Cu Cr Dy Es S Er Sc Sn Sr Eu Fm Fe F P Fr Gd Ga Ge Hf He H Ho In I Ir Yb Y Massa atómica (arredondada às décimas) 227,0 27,0 243,0 121,7 39,9 74 21 0,0 14,0 137,3 9,0 249,0 209,0 10,8 79,9 112,4 40,1 251,0 12,0 140,1 132,9 207,2 35,5 58,9 63,5 52,0 162,5 254,0 32,1 167,3 44,9 118,7 87,6 152,0 253,0 55,8 19,0 31,0 223,0 157,3 69,7 72,6 178,5 4,0 1,0 164,9 114,8 126,9 192,2 173,0 88,9 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 Elemento Kripton Lantanio Laurêncio Lítio Lutécio Magnésio Manganésio Mendelévio Mercúrio Molibdénio Neodímio Néon Neptúnio Nióbio Níquel Nobélio Ósmio Ouro Oxigénio Paládio Platina Plutónio Polónio Potássio Praseodímio Prata Promécio Protactínio Radão Rádio Rénio Ródio Rubídio Ruténio Samário Selénio Silício Sódio Tálio Tantalo Telúrio Térbio Titanio Tório Túlio Tunsgsténio Uranio Vanádio Xénon Zinco Zirconio Símbolo Kr La Lw Li Lu Mg Mn Md Hg Mo Nd Ne Np Nb Ni No Os Au O Pd Pt Pu Po K Pr Ag Pm Pa Rn Ra Re Rh Rb Ru Sm Se si Na Tl Ta Te Tb Ti Th Tm W U V Xe Zn Zr Massa atómica (arredondada às décimas) 83,8 138,9 257,0 6,9 175,0 24,3 54,9 256,0 200,6 95,9 144,2 20,2 237,0 92,9 58,7 254,0 190,2 197,0 16,0 106,4 195,1 242,0 210,0 39,1 140,9 107,9 147,0 231,0 922,0 226,0 186,2 102,9 85,5 101,1 150,4 79,0 28,1 23,0 204,4 180,9 127,6 158,9 47,9 232,0 168,9 183,9 238,0 50,9 131,3 65,4 91,2 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Turma G12A TABELA DE CATIÕES MAIS COMUNS 3+ 2+ Mercúrio I Hg2 4+ Mercúrio II Hg Níquel II Ni Níquel III Ni Ouro I Au Ouro III Au Potássio K Prata Ag Rubídio Rb Sódio Na Zinco Zn Estanho II Sn Estanho IV Sn 2+ Estrôncio Sr 2+ Ferro II Fe + Ferro III Fe 2+ Hidrogénio (protão) H 2+ Oxónio H30 3+ Lítio Li + Magnésio Mg 2+ Manganes II Mn 3+ Manganes III Mn Alumímo Al Amónio NH4 Bário Ba Cálcio Ca Césio Cs Chumbo Pb Cobalto II Co Cobalto III Co Cobre I Cu Cobre II Cu Crómio III Cr + 2+ 2+ 3+ + + + 2+ 2+ 3+ 2+ 2+ 2+ 3+ + 3+ + + + + 2+ TABELA DE ANIÕES MAIS COMUNS Acetato - CH3COO (ou Ferricianeto) - Brometo Br Carbonato CO3 Cianeto CN Clorato ClO3 Clorito ClO2 Cromato CrO4 Dicromato Cr2O7 Exacianoferrato III lidreto 2- 3- NO2 Oxalato C2O4 Óxido O Perclorato Cl04 - Permanganato MnO4 - Peróxido O2 - Persulfato S2O8 - Sulfato SO4 - Sulfito SO3 - Sulfureto S Tiocianato (ou Sulfocianeto) SCN Tiossulfato S2O3 - H Hidrogenocarbonato HCO3 2- Di-hidrogenofosfato H2PO4 hidrogenofosfato HPO4 Hidrogenossulfato HSO4 Hidrogenossulfito HSO3 Hidrogenossulfureto HS 2- - - Fluoreto F Fosfato PO4 Hexacianoferrato II (ou Ferrocianeto) [Fe(CN)6] 34- Hidróxido HO Hipoclorito Cl O Iodato IO3 Iodeto I Nitrato ou azotato NO3 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 - Nitrito ou azotito [Fe(CN)6] - - 2- 2- 2- - 22- 22- 2- 2- ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS QUIMICA E A SOCIEDADE Sempre que produzimos um novo produto, sempre que ocorre qualquer processo de transformação estamos no domínio da Ciência Química. Com o desenvolvimento da química foi possível melhorar toda a nossa vida. A Química está em toda a parte e em qualquer lugar. Todos os dias quando cozinhamos os alimentos ou quando comemos estão a ocorrer transformações químicas. Uma transformação química é uma transformação onde são produzidas novas substâncias. Pelo contrário, numa transformação física não existe aparecimento de novas substâncias. É o que acontece quando as folhas caem das árvores ou quando um prato se parte. A Química trouxe até nós uma grande variedade de produtos tecnológicos que melhoraram a nossa existência: as fibras sintéticas, os detergentes, os cristais líquidos dos relógios de quartzo, os perfumes, os cosméticos, a fotografia, o cinema. Não foi só com a Física que se conseguiu viajar no espaço; a Química também contribuiu em parte para a exploração espacial ao tornar possível a produção de combustível, indispensável para as viagens das naves espaciais. A Química está indissociavelmente ligada à sociedade e à tecnologia. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 1 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES • MISTURAS— Quando olhas a tua volta podes reparar na grande variedade de materiais que te rodeia. O ar que respiras e uma mistura de vários gases entre os quais o oxigénio, o nitrogénio e o dióxido de carbono. Sem a protecção desta camada de ar, a Terra ficaria queimada durante o dia e a noite os habitantes da Terra morreriam congelados. De dia a atmosfera filtra os raios mais nocivos que vem do Sol e a noite evita que o calor da Terra se disperse no espaço. No ar, ha cerca de 78% de azoto, 20% de oxigénio e 1% de vapor de agua. O 1% restante e formado por outros gases e poeiras. A quantidade de poeiras e outros materiais que sujam o ar varia de local para local. Nas grandes cidades o ar esta normalmente carregado de impurezas, tornando-o impróprio para respirar. A agua do mar também e uma mistura de agua e de sais, em que o mais importante e o conhecido sal que utilizas na cozinha para dar gosto aos cozinhados e que em química se chama cloreto de sódio. Tanto o ar como a agua do mar são misturas que podemos encontrar na Natureza; no entanto, existem outro tipo de misturas que são preparadas pelo Homem com um determinado fim como, por exemplo, o vidro ou o aço inoxidável. As misturas tem grande importância no nosso dia-a-dia pois não só fazem parte da Natureza e de nos próprios como são produzidas para serem utilizadas na industria, na medicina na alimentação, na escola, etc. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 2 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SUBSTÂNCIAS PURAS E MISTURAS DE SUBSTÂNCIAS Misturas de substâncias e substâncias puras A maior parte dos materiais que existem na Natureza são misturas de substancias. Como o próprio nome indica, uma mistura e um conjunto de duas ou mais substancias. Os materiais constituídos por uma única substancia dizem-se substancias puras. Misturas homogéneas e heterogéneas Uma mistura heterogéna: o granito Uma mistura heterogénea e uma mistura em que, a vista desarmada, se conseguem distinguir os vários componentes da mistura. O granito e uma mistura heterogénea. Uma mistura homogénea e uma mistura em que os componentes não se conseguem detectar a olho nu. O ar e uma mistura homogénea. As misturas homogéneas também são denominadas soluções. As soluções As soluções podem ser: • Soluções sólidas, como as ligas metálicas. • Soluções liquidas, como a agua salgada. • Soluções gasosas, como o ar. As soluções liquidas são as mais comuns. Em todas as soluções existem dois componentes: o solvente e o soluto. • O solvente e a substancia que dissolve. • O soluto e a substancia dissolvida. Por exemplo, na agua salgada o solvente e a agua e o soluto e o sal. Mistura de álcool e água: uma mistura homogénea Concentração de soluções Se a quantidade de soluto numa solução for grande, então, a solução diz-se concentrada. Se a quantidade de soluto numa solução for pequena a solução diz-se diluída. As soluções saturadas são aquelas que já não dissolvem mais soluto. Normalmente e necessário conhecer exactamente a quantidade de soluto presente em determinada quantidade de solvente ou de solução, ou seja, e necessário conhecer a concentração rigorosa da solução. Uma das formas mais comuns de exprimir a concentração de uma solução e através da massa de soluto por litro ou dm3 de solução. Uma solução de agua salgada a 5 g/dm3 significa que existem 5 g de sal soluto em cada dm3 de agua salgada (solução). Uma solução diluída (A) uma concentrada (B) e uma saturada (C). Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 3 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A MISTURAS HETEROGÉNEAS; COLÓIDES E SUSPENSÕES Os colóides Quando se mistura um pouco de detergente com agua, podem não se observar as partículas do sabão, mas a mistura e translúcida; neste caso, temos um colóide. Os colóides são misturas heterogéneas. As características dos colóides são as seguintes: • São formados por duas fases, uma solida e outra liquida, ou seja, são heterogéneos; no entanto, não e fácil distinguir as duas fases a olho nu. • São translúcidos. • As partículas não se depositam mesmo quando se deixam em repouso. • As fases não se separam por filtração. Os colóides podem observar-se quando a luz os Atravessa. Muitas vezes os colóides parecem soluções; mas quando se observam através de um raio de luz apresentam um aspecto "leitoso". Importância dos colóides Os colóides encontram-se nos organismos vivos e também são produzidos artificialmente. Vejamos alguns exemplos de colóides: • Alimentos como o leite, o ovo, a manteiga. • Na industria encontramos as tintas, o cimento, a cerâmica. • Na medicina e na cosmética existe uma grande variedade de colóides, por exemplo: cremes, pomadas, emulsões. • O protoplasma das células e um colóide assim como o sangue e outros fluidos do organismo. Os colóides são utilizados no nosso dia-a-dia. As suspensões As suspensões são misturas heterogéneas. A agua com areia e um exemplo de suspensão. As características das suspensões são as seguintes: • São formadas por duas fases: uma fase solida e uma fase liquida, isto e, são heterogéneas; as fases detectam-se a vista desarmada. • As fases separam-se quando se deixa a suspensão em repouso porque as partículas se depositam no fundo. • As fases podem separar-se por filtração. As suspensões são muito empregues nos medicamentos como os antiácidos; noutros casos a suspensão prepara-se antes de administrar-se o medicamento como no caso dos antibióticos que são administrados as crianças. Os antibióticos das crianças administram-se em suspensões. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 4 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SEPARAÇÃO DE MISTURAS Processos físicos de separação A maior parte dos materiais que existem na Natureza são misturas. Para utilizar as substâncias presentes nas mas misturas é necessário separa-las nos seus constituintes. Decantação Para se separarem as misturas recorre-se a processos físicos que não afectam as propriedades dos componentes da mistura. Por este facto, os processos de separação denominam-se processos físicos de separação. Decantação A decantação é o processo utilizado para separar um sólido depositado no fundo de um líquido. Quando se pretende separar as borras do café no fundo da chávena, transfere-se com cuidado o líquido para outro recipiente, ou seja, faz-se uma decantação. A decantação serve, para separar misturas heterogéneas. Filtração A decantação também é o processo utilizado para separar líquidos imiscíveis (que não se misturam), como por exemplo, água e azeite. Filtração Para separar as partículas de um sólido em suspensão num líquido utiliza-se a filtração. As partículas maiores ficam retidas no filtro enquanto as outras passam através do papel de filtro. Uma centrifugação Com este processo consegue-se separar as partículas do café que ficaram em suspensão. A filtração serve para separar misturas heterogéneas. A filtração é um método muito empregue no laboratório, na indústria e no tratamento de águas residuais. Centrifugação A centrifugação é o método utilizado para separar materiais, utilizando um movimento muito rápido de rotação. Separação magnética SEPARAÇÃO MAGNÉTICA A separação magnética serve para separar misturas heterogéneas em que um dos componentes é atraído por um íman. É este processo que se utiliza na indústria siderúrgica para separar o ferro de outros materiais. As borras de café que foram separadas por filtração também podem ser separadas por centrifugação. O movimento de rotação a alta velocidade faz com que as partículas sólidas com dimensões muito reduzidas fiquem depositadas no fundo do recipiente. A seguir, decanta-se a mistura para separar o líquido sobrenadante do sólido depositado no fundo do recipiente. A centrifugação serve para separar misturas heterogéneas. As centrifugadoras são muito utilizadas nos laboratórios para separar os componentes do sangue. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 5 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SEPARAÇÃO DE MISTURAS (Cont.) Sublimação A sublimação é um método que se usa para separar uma mistura sólida (composta por dois sólidos) na qual um dos componentes sublima, isto é, passa do estado sólido ao estado gasoso e o outro não. por exemplo, para separar o iodo de uma amostra de iodo e sal pode utilizar-se este processo pois o iodo sublima facilmente e o sal não. Cristalização Sublimação Nas salinas, obtém-se o sal por evaporação da água do mar. Quando a água se evapora começam a surgir os cristais do sal das cozinhas que é o Coreto de sódio. A formação de cristais a partir de uma solução chama-se cristalização. A cristalização serve para separar misturas homogéneas. A cristalização é um dos métodos mais utilizados para purificar sólidos, sobretudo na indústria farmacêutica onde é necessário um alto grau de pureza das substâncias. Destilação Destilação da água salgada Através da cristalização pode obter-se o sal de uma solução de água salgada. Mas pode ser necessário obter o outro componente da mistura, ou seja, a água. Neste caso, deve utilizar-se um processo que permita recolher a água que se evaporou. A este processo que consiste numa evaporação seguida de uma condensação chama-se destilação. A destilação serve para separar misturas homogéneas nas quais os componentes fervem a temperaturas diferentes. Assim, quando se faz ferver a água salgada até 100 °C, a água evapora-se e o sal não. Depois, faz-se passar o vapor de água através de um tubo com as paredes arrefecidas; o vapor de água passa novamente ao estado líquido, isto é, condensa e é recolhido num recipiente. A destilação emprega-se em laboratórios e indústrias para a purificação de solventes como a água, o álcool, o éter. Uma salina Na petroquímica os componentes do petróleo também se obtêm por destilação. Cromatografia Cromatografia Para se separar os componentes da tinta de escrever coloca-se uma gota de tinta numa tira de papel de filtro e mergulha-se numa pequena quantidade de álcool. O álcool é, então, absorvido pelo papel de filtro e arrasta de modo diferente as diferentes substancias que constituem a tinta de escrever. A este processo de separação chama-se cromatografia. O papel que se obtém com várias cores separadas designam-se por cromotograma. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 6 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SUBSTÂNCIAS PURAS Substâncias puras Na linguagem comum utilizamos muitas expressões como "Este azeite é mesmo puro!" ou "O ar puro das montanhas..." com o objectivo de afirmar que o azeite ou o ar das montanhas são de boa qualidade, isto é, benéficos para a saúde. No entanto, se analisarmos estas expressões do ponto de vista dos químicos podemos concluir que estão incorrectas porque o ar ou o azeite não são substâncias puras mas misturas de substâncias. Em termos químicos, uma substância pura é apenas uma substância. Normalmente, é difícil encontrar uma substância no seu estado puro pois, ainda que em pequena quantidade, existem sempre algumas impurezas. Por isso, alguns astronautas têm como missão a obtenção de substâncias com um maior grau de pureza, pois no espaço a contaminação é reduzida. O azeite não é uma substância pura, é uma mistura. Uma substância pura pode ser identificada pelas suas propriedades físicas e químicas. Como identificar uma substância pura • O ponto de fusão, ou seja, a temperatura a que uma substância passa do estado sólido ao estado líquido écaracterístico de cada substância. A água pura funde a O °C; a água com impurezas já não funde a esta temperatura, por isso, o ponto de fusão é utilizado como critério de pureza. • O ponto de ebulição, ou seja, a temperatura a que uma substância passa tumultuosamente do estado líquido ao estado gasoso também é característico de cada substância e por isso também pode ser utilizado como critério de pureza. • A densidade de uma substância também é uma característica de cada substância. A densidade ou massa volúmica de uma substância é o quociente da massa do corpo pelo volume do corpo. Matematicamente, exprime-se assim: As substâncias normalmente são impuras. PONTOS DE EBULIÇÃO E DE FUSÃO (à pressão atmosférica normal) Ponto de Ponto de Substância Fusão (ºC) ebulição (ºC) Acetona Água Álcool (etílico) Cloreto de sódio Chumbo Tolueno Ferro Oxigénio -94 0 117 801 328 -95 1335 -218 56 100 78 1413 1751 111 3000 -187 Tabela de fusão e de ebulição de algumas substâncias. m massa (m) densidade (d)= volume (V) ou d = d Cada substância, num determinado estado físico (sólido, líquido ou gasoso), a uma certa temperatura tem uma densidade que Ihe é característica. A unidade S.l. de densidade é o kg/m3. Por exemplo, a água à temperatura de 4 °C tem densidade 1000 kg/m3. Isto quer dizer que 1 m3 de água tem a massa de 1000 kg. Normalmente, utiliza-se não o kg/m3 mas o g/cm3. Um processo para identificar uma substância desconhecida pode ser: determinar o seu ponto de fusão, o seu ponto de ebulição ou a sua densidade e compará-lo com valores tabelados. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 7 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SUBSTÂNCIAS ELEMENTARES E COMPOSTAS Como é constituída uma substância pura. Substâncias eIementares e compostas Agora que sabemos reconhecer se temos uma só substância, podemos acompanhar a curiosidade dos químicos formulando novas questões: • Como é constituída uma substancia pura? • A que processos devemos sujeitar a substancia para descobrir a sua constituição? • Que substancias se poderão obter desta substância pura? E por que processos? Para responderes a estas questões, poderemos realizar algumas experiências envolvendo processos ainda não referidos. Separação dos constituintes de uma substância pura por acção da corrente eléctrica O Cloreto de cobre (II) é uma substancia cristalina, azul, solúvel na água. Submetida aos processos de separação descritos anteriormente, obteríamos sempre o mesmo resultado final: cristais de Coreto de cobre (II), azuis, com o mesmo ponto de fusão. Para o estudo da constituição desta substância, temos então de usar novos processos. Poderemos partir dela no estado líquido—fundida—e verificar o que aconteceria fazendo passar uma corrente eléctrica através dela, fig. 1.1. Porém, o ponto de fusão desta substância é tão elevado que é difícil atingi-lo nos laboratórios das nossas escolas, onde, geralmente, se usa apenas, como fonte de energia calorífica, a Efeito da corrente eléctrica sobre o chama do bico de bunsen . cloreto de cobre (II): Í LEGENDA: a – cloreto de cobre (II) fundido, em cadinho de porcelana b – bateria C – lâmpada: acesa, acusa a passagem da corrente eléctrica Por este motivo, usamos a sua solução aquosa, que é também boa condutora da corrente eléctrica, utilizando uma montagem como a representada na fig. 1. 2. Quando se introduzem os eléctrodos na solução, a corrente eléctrica passa através dela. Passados alguns minutos após o início da experiência, notaremos que algo acontece junto dos dois eléctrodos: libertação de bolhas gasosas junto de A, e, em B, a formação de uma capa (camada) de uma substância sólida avermelhada, fig. 1. 2 (e). Fig. 1.1. Esquema de uma possível montagem para a electrólise do cloreto cobre (II) fundido. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 8 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A Fig. 1. 2. Electrólise da solução aquosa do Coreto de cobre (Il): a — cristais de Coreto de cobre ill); b — Voltâmetro com solução aquosa de Coreto de cobre (Il); c — bateria; d — eléctrodos: A, ligado ao pólo positivo da bateria, e B, ligado ao pólo negativo; e — o decorrer da electrólise Electrólise O gás libertado, de que sentiremos o cheiro característico estando perto do local da experiência, é cloro (teu conhecido como substância usada no tratamento das águas, quer a da rede de distribuição—em pequenas quantidades—, quer a das piscinas— em quantidade um pouco superior). Mas... cuidado, a sua respiração, em grandes quantidades, é perigosa! A substância sólida formada em B é cobre, substancia metálica que também conheces muito bem (utilizada, por exemplo, nos fios das instalações eléctricas, no fabrico de moedas e peças decorativas). Ao processo utilizado chama-se electrólise: obtenção dos componentes de uma substância por passagem da corrente eléctrica através dessa substancia no estado líquido ou em solução aquosa. Outras electrólises se poderiam realizar. Uma que certamente já conheces é a da «água», esquematizada na fig. 1. 3. Fig. 1.3 . Electrólise da <<água>> - a água pura é muito Î má condutora da corrente eléctrica; o que na realidade se faz é a electrólise de uma solução aquosa de ácido sulfúrico. Os produtos obtidos são os mesmos que que obteríamos da água: oxigénio e hidrogénio. Legenda: 1 – antes de se iniciar a electrólise 2 – após alguns minutos de passagem da corrente. Este processo, a electrólise da “água”, é usado industrialmente na obtenção de hidrogénio para o fabrico de amoníaco, por sua vez importantíssimo na produção de fertilizantes do solo. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 9 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SEPARAÇÃO DOS CONSTITUINTES DE UMA SUBSTÂNCIA PURA POR AQUECIMENTO Aquecimento do óxido de mercúrio (II) Há muitos anos que os Homens descobriram que podiam obter metais quando aqueciam minerais em fornos de lenha. Por exemplo, o cobre, metal de que já falamos foi um dos primeiros metais a ser obtido por este processo. O ferro é outro metal ainda hoje preparado em fornos, onde se aquece o minério de ferro conjuntamente com carvão. Vamos nós também usar o aquecimento como processo de investigar a constituição de uma substância: o óxido de mercúrio (II). Fig. 1.4. Î Legenda: a – cristais de óxido de mercúrio (II) b – decomposição do óxido de mercúrio (II) dentro do tubo e inflamação do pavio. Fig. 1.4. Aquecimento do óxido de mercúrio (II) Aquecendo o tubo de ensaio contendo uma pequena porção de óxido de mercúrio (II), fig. 1.4, observamos que o pó vermelho inicial (óxido de mercúrio (II)) vai escurecendo e, a certa altura, começamos a distinguir pequenas partículas negras brilhantes. Se, simultaneamente, introduzirmos no tubo um pavio de madeira incandescente, podemos observar que ele se inflama. Porque acontecerá isto? Conheces certamente o gás oxigénio e uma das suas propriedades características: participar nas combustões; o oxigénio é comburente. A combustão do pavio de madeira é mais viva num ambiente rico em oxigénio. Da decomposição do óxido de mercúrio (II) resulta o oxigénio que sai do tubo; neste fica uma outra substancia (as partículas brilhantes), o mercúrio; é possível observar a deposição de gotículas à volta do tubo, formando um anel. O mercúrio é um metal que, à temperatura ambiente, é líquido, cinzento e brilhante. (Já encontraste esta substancia, nos termómetros.) Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 10 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A Decomposição térmica Por aquecimento do óxido de mercúrio (II) obtivemos duas novas Substâncias: o oxigénio e o mercúrio. A este processo chama-se decomposição térmica. NOTA: os vapores de mercúrio são tóxicos; deve-se evitar respirar na proximidade deste tubo. Neste momento sabemos que, por electrólise ou por aquecimento, algumas substâncias originam novas substâncias: Novas substâncias obtidas por electrólise e por aquecimento • o cloreto de cobre (II) origina cloro e cobre; • a água origina oxigénio e hidrogénio; • o óxido de mercúrio (II) origina oxigénio e mercúrio. Vimos que as substancias obtidas se distinguem facilmente das iniciais pelas suas propriedades, algumas delas bem diferentes: o estado físico, a cor, o cheiro, entre outras. E quanto à sua constituição? Analisemos uma amostra de uma das substancias obtidas na Experiência da Fig. 1.1.: o cobre. Este é uma substância metálica, avermelhada, brilhante, muito boa condutora da corrente eléctrica e do calor, insolúvel na água. Poderíamos sujeitá-lo aos dois processos—electrólise e aquecimento. O que pensas que acontece? Fazendo passar a corrente eléctrica pelo cobre fundido (com montagem semelhante à da fig. 1. 1) verificaríamos apenas a sua condutibilidade eléctrica, não haveria formação de novas substâncias. Estivemos, assim, a trabalhar com dois tipos de substâncias puras: 1.°— as substâncias que, sujeitas a processos de decomposição, originam duas ou mais substâncias menos complexas; 2.°—as substâncias que, sujeitas aos mesmos processos, não originam outras substâncias mais simples. Substâncias Elementares e Substâncias compostas Pertencem ao 1.° grupo—substâncias compostas ou compostos—a água, o Coreto de cobre (II), o óxido de mercúrio (II), o óxido de cobre (II) e muitas outras. Ao 2.° grupo—substâncias elementares—pertencem o cloro, o oxigénio, o hidrogénio, o mercúrio, o ferro, o alumínio e outros. Os compostos podem originar substâncias elementares ou não. Dos compostos analisados obtivemos duas (ou mais) substancias. Nota que se pusermos simplesmente em contacto uma com a outra as substancias obtidas, estas não regeneram a substância inicial: Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 11 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A • oxigénio e hidrogénio dariam uma mistura gasosa homogénea, e não água; • cloro e cobre dariam uma mistura heterogénea, e não Coreto de cobre (Il); • oxigénio e mercúrio dariam uma mistura heterogénea, e não óxido de mercúrio (II). Processos químicos e processos físicos Os dois processos que usamos para analisar as substâncias compostas transformaram propriedades a substância diferentes, inicial nestes em casos outras substâncias substâncias mais com simples. Processos deste tipo designam-se por processos químicos, porque envolvem fenómenos químicos (transformações químicas), e diferem muito dos que usamos para separar os componentes de uma mistura. A esses chamam-se processos físicos, porque envolvem fenómenos físicos (filtração, destilação, etc.). RESUMO MATERIAIS SUBSTÂNCIAS MISTURAS Sujeitas a processos químicos de análise Sujeitas a processos físicos de separação SUBSTÂNCIAS MISTURAS MENOS COMPLEXAS SUBSTÂNCIAS ELEMENTARES SUBSTÂNCIAS COMPOSTAS Dissemos atrás que, misturando oxigénio e hidrogénio à temperatura ambiente, não há formação de água. No entanto, se provocarmos (favorecermos) a combinação do oxigénio com o hidrogénio—por descarga eléctrica, por exemplo—obteremos água. O que acontece neste caso poderá verificar-se com muitas outras substâncias que, conforme as condições a que forem submetidas, poderão originar misturas ou compostos. Convém, pois, distinguir bem essas situações. Na Tabela 1. 2 estão indicadas as diferenças mais comuns entre misturas e compostos. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 12 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A MISTURAS Diferenças entre Misturas e compostos • podem ser homogéneas ou heterogéneas; • os componentes separam-se por processos físicos; COMPOSTOS • são sempre homogéneos; • os componentes não se separam por processos físicos; • os componentes não manifestam as • os componentes mantêm as suas suas propriedades individuais, isto propriedades individuais, isto é, a é, os compostos têm propriedades mistura apresenta propriedades completamente distintas das dos semelhantes às de todos os seus seus componentes; componentes, atenuadas; • uma mistura pode ser preparada juntando os seus componentes em • um composto obtém-se por combinação dos seus componentes em proporções fixas. quaisquer proporções. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 13 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A ÁTOMOS / MOLÉCULAS / IÕES • AS RIQUEZA DO SUBSOLO — O subsolo é rico em materiais importantes para a nossa vida diária: petróleo, carvão e gás para cozinharmos os alimentos, para a iluminação, para nos aquecermos, para os transportes e para o fabrico de outros materiais de que necessitamos; metais para o fabrico de canos, aviões, moedas; diamantes e outras pedras, sal e água. O homem aproveitou primeiro os metais que se encontravam à superfície da Terra e fabricou utensílios, armas e decorações. A pouco e pouco foi descobrindo a existência de filões metálicos no subsolo. Os mineiros antigos abriam furos e retiravam o minério em cestas. Actualmente, os minerais têm múltiplas aplicações: do mineral pirite extrai-se o enxofre para a indústria química e o ferro para a construção; do mineral casiterite, obtém-se o estanho; do mineral malaquite obtém-se o cobre para os cabos eléctricos. Na Natureza pode encontrar-se um grande número de minerais que podem classificar-se segundo os elementos que os formam: Minerais Constituídos por um só elemento químico: alguns deles são metais como o ouro ou a platina; outros são não-metais como o enxofre, a grafite e o diamante, os dois últimos Constituídos pelo elemento carbono. Minerais Constituídos por mais do que um elemento: o sal comum é Constituído pelos elementos cloro e sódio; a calcite é Constituída pelos elementos cálcio, carbono e oxigénio; a pirite é Constituída por enxofre e ferro. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 14 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A NATUREZA CORPUSCULAR DA MATÉRIA Descontinuidade da matéria A constituição das coisas tem suscitado a curiosidade do Homem desde tempos remotos. Desde sempre o Homem procurou compreender a constituição e comportamento da matéria, isto é, a estrutura da matéria. Sabe-se que, já na Grécia, um filósofo chamado Leucipo (500 a.C.) defendia a ideia de que a matéria é constituída por partículas, ou seja, que a matéria é descontínua. Actualmente, aceita-se, que a matéria é constituída por partículas ou seja, por corpúsculos muito pequenos que estão em movimento. Entre as partículas existem espanço vazios. Esta teoria constitui a teoria corpuscular da matéria. Esta teoria de que tudo o que nos rodeia é constituído por partículas (unidades estruturais) é fundamental para entender o mundo à nossa volta. As unidades estruturais que constituem a matéria podem ser de vários tipos. Átomo: conceito base da hipótese da descontinuidade da matéria A matéria é constituída por partículas que são as unidades estruturais da matéria. Um tipo de unidade estrutural muito importante é o átomo. Leucipo, já se referia ao átomo ao afirmar que: • A matéria é constituída por partículas muito pequenas indivisíveis- os átomos (átomo em grego significa indivisível) . • os átomos diferem no tamanho e na forma. Estas ideias foram abandonadas durante muito tempo e só vieram a ser retomadas por um cientista inglês chamado Dalton, que se considera o pai da Teoria Atómica Moderna, por ter suporte experimental. Mas a teoria defendida por Dalton teve de ser aperfeiçoada. Presentemente existem técnicas experimentais que confirmam, sem dúvida a existência dos átomos. A experiência veio a demonstrar que o átomo não é indivisível porque é constituído por partículas ainda mais pequenas. Dalton, pai da teoria atómica moderna Químico Inglês, cujos trabalhos sobre a combinação dos elementos muito contribuíram para o desenvolvimento da Química Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 15 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A NATUREZA CORPUSCULAR DA MATÉRIA (Cont.) Teoria atómica de Dalton A Teoria de Dalton assenta em alguns postulados, dos quais destacamos: (1) «A matéria é constituída por átomos indivisíveis» Postulado: afirmação que se admite ser verdadeira sem necessidade de provas (2) «Os átomos de um elemento são idênticos na forma e no peso» (3) «Os átomos são inalteráveis» (4) «Quando diferentes elementos se combinam para formar um composto, a mais pequena porção do composto consiste num grupo de átomos de cada elemento em número bem definido» (5) «Nas reacções químicas, os átomos não são criados nem destruídos, apenas se rearranjam» Ainda hoje a Teoria Atómica de Dalton é extremamente importante, embora, com a continuação do estudo da constituição da matéria, e sobretudo com as descobertas da primeira metade do século XX, saibamos que alguns dos seus postulados não são, hoje, verdadeiros. No entanto, esta teoria foi revolucionária para a época e permitiu avançar no estudo dos compostos e das «leis» segundo as quais se combinam os átomos, no estabelecimento de fórmulas químicas e na noção de molécula. Dalton falava em «... grupo de Primeira noção de molécula átomos em número bem definido...» quando os elementos se combinam. Este postulado (4) mostrou-se particularmente útil quando foi necessário, para a interpretação do comportamento das substâncias, quer elementares, quer compostas, admitir a existência de partículas independentes, constituídas por vários átomos, geralmente em número pequeno—as moléculas. Constituição atómica O átomo não é indivisível A Teoria Atómica de Dalton só foi posta em causa na passagem do século XIX para o século XX, quando importantes descobertas O átomo é formado por partículas – as partículas elementares vieram revolucionar profundamente aquilo que se pensava sobre a constituição da matéria: o átomo, considerado indivisível, pode ser dividido em partículas ainda mais pequenas, as partículas subatómicas ou partículas elementares. H. Becquerel (1852 – 1908). físico francês, prémio Nobel da Física em 1903, juntamente com o casal Curie H. Becquerel descobre, em 1896, a radioactividade, que vem mostrar que os átomos se podem dividir, natural ou artificialmente, em pequenas partículas. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 16 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A J.J. Thomson (1856-1940), físico inglês, prémio Nobel da Fisica em 1906 J. J. Thomson prova experimentalmente, em 1897, a existência de Electrão vezes menor do que a do átomo de hidrogénio (o menor de todos), E. Rutherford (1871-1937), fisico e quimico inglês, nascido na Nova Zelandia, prémio Nobel da Quimica em 1908 constituintes de toda a matéria: os electrões (e). Protão de partículas com carga eléctrica positiva (contrária à do electrão), J. Chadwick (1891-1974), fisico inglês, prémio Nobel da Física em 1935 mas com massa muito maior do que a dos electrões, igual à massa Neutrão partículas com carga eléctrica negativa e massa cerca de 1840 E. Rutherford descobre, por via experimental, em 1914, a existência do átomo de hidrogénio: os protões (p). J. Chadwick confirma experimentalmente, em 1932, a existência de partículas de massa igual à do protão, mas sem carga eléctrica: os neutrões (n). Estas e muitas outras experiências até hoje levadas a cabo, permitem-nos saber que os átomos de todos os elementos conhecidos, naturais e artificiais, são constituídos por estas partículas fundamentais: • O protão que é uma partícula com carga eléctrica positiva. • O neutrão que não tem carga eléctrica. • O electrão que tem carga eléctrica negativa. os protões e os neutrões estão no núcleo do átomo e os electrões giram à volta do núcleo, obedecendo a determinadas condições. Partículas que constituem o átomo O átomo é uma partícula neutra porque o seu número de protões é igual ao número de electrões. Átomo de lítio Estrutura do átomo de sódio Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 17 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A AS MOLÉCULAS; OS IÕES As moléculas Outro tipo de unidade estrutural da matéria são as moléculas. A molécula é um agrupamento de átomos, geralmente pequeno, ligados entre si e que constitui uma entidade neutra. Existem substâncias em que a porção mais pequena que conserva as propriedades da substância é a molécula. Nas substâncias cuja unidade estrutural é a molécula, se ela for destruída deixa de apresentar as propriedades da substância. As substancias cuja unidade estrutural é a molécula, ou seja, que são constituídas por moléculas costumam designar-se por substâncias moleculares. A água é uma substância constituída por moléculas A água é uma substância molecular constituída pelos elementos hidrogénio e oxigénio. A água é constituída por 2 átomos do elemento hidrogénio e por 1 átomo do elemento oxigénio. Os iões Algumas substancias são constituídas por outro tipo de unidades estruturais: os iões positivos e negativos do cristal. O sal das cozinhas, por exemplo, é constituído por partículas com carga positiva ou iões positivos ligados a partículas de carga negativa ou iões negativos. Os iões positivos formam-se quando átomos ou conjunto de átomos perdem electrões o quer dizer que ficam com carga positiva em excesso. Os iões positivos designam-se por catives. Os iões negativos formam-se quando átomos ou conjuntos de átomos ganham electrões ficando então com carga negativa em excesso. Os iões negativos designam-se por aniões. O sal é uma substância iónica No Coreto de sódio (sal das cozinhas) existem Catives sódio ligados a aniões Cloreto. As soluções iónicas conduzem a corrente eléctrica Se colocarmos um pouco de solução de Coreto de cobre num recipiente no qual se mergulham duas barras metálicas (eléctodos) que se ligam a um gerador de corrente eléctrica, verifica-se o aparecimento de cobre num dos eléctrodos e de gás cloro noutro eléctrodo. Isto acontece porque na solução existem iões que conduzem a corrente eléctrica. Os ices positivos de cobre dirigem-se para o eléctrodo negativo onde se dá o aparecimento do cobre metálico e os iões negativos de cloro dirigem-se para o eléctrodo positivo onde se origina o gás Electrólise do cloreto de cobre cloro. É o movimento dos iões para os eléctrodos que constitui a corrente eléctrica através das soluções. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 18 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A A ESCRITA DOS QUÍMICOS: OS SÍMBOLOS E AS PARTÍCULAS SIMBOLOS DE ALGUNS ELEMENTOS QUÍMICOS Elememto Símbolo Nº Atómico, Z Alumínio Árgon Arsénio Azoto (nitrogénio) Bário Berílio Boro Bromo Cádmio Cálcio Carbono Cério Césio Chumbo Cloro Cobalto Cobre Crómio Enxofre Escandio Estanho Estrôncio Európio Ferro Flúor Fósforo Gálio Germanio Hélio Hidrogénio Indio Lodo Irídio Ítrio Krípton Lantânio Litio Magnésio Manganésio Mercúrio Molibdénio Néon Níquel Ouro Oxigénio Paládio Platina Plutónio Polónio Potássio Praseodímio Prata Rádio Ródio Rubídio Silício Sódio Tálio Tunsgsténio (volframio) Uranio Vanádio Xénon Zinco Al Ar As N 13 18 33 7 Ba Be B Br Cd Ca C Ce Cs Pb Cl Co Cu Cr S Sc Sn Sã Eu Fe F P Ga Ge He H In I Ir Y Kr La Li Mg Mn Hg Mo Ne Ni Au O Pd Pt Pu Po K Pr Ag Ra Rh Rb Si Na Tl W 56 4 5 35 48 20 6 58 55 82 17 27 29 24 16 21 50 38 63 26 9 15 31 32 2 1 49 53 77 39 36 57 3 12 25 80 42 10 28 79 8 46 78 94 84 19 59 47 88 45 37 14 11 81 74 U V Xe Zn 92 23 54 30 Os simbolos químicos A necessidade de comunicar através da escrita remonta a tempos muito antigos. modo como os homens têm comunicado através da escrita tem evoluído ao longo dos tempos. Os químicos também sentiram necessidade de comunicar ror escrito e não só, também sentiram a necessidade de uniformizar a sua escrita para que pudessem entender-se mais facilmente, qualquer que fosse a sua nacionalidade. assim, a escrita dos químicos vai basear-se num alfabeto próprio que é universal: a cada elemento químico corresponde um símbolo químico. Os símbolos químicos dos elementos que se utilizam, actualmente, são letras que foram propostas por Berzelius. Berzelius propôs que cada elemento fosse representado por uma letra maiúscula, a primeira letra do nome latino do elemento. Assim, por exemplo, o símbolo do elemento hidrogénio seria H. No caso de existir mais do que um elemento com a mesma letra inicial, então, o símbolo seriam 2 letras, a primeira maiúscula correspondente à primeira letra do elemento e a segunda letra minúscula que corresponderia à segunda do nome do elemento. Assim, por exemplo, o símbolo do cálcio é Ca e do cloro é CI. Fórmulas químicas de substâncias moleculares Para representar a unidade estrutural molécula utilizam-se as fórmulas químicas que neste caso são fórmulas moleculares. As fórmulas químicas obtêm-se a partir dos símbolo(s) químico(s) do(s) elemento(s) que constitue(m) a Substância. Assim, a molécula da água que é constituída por 2 átomos de hidrogénio ligados a 1 átomo de oxigénio tem a seguinte fórmula química: H20 O número de átomos de cada elemento aparece em índice. Quando o número de átomos de um elemento for apenas um, como no caso do oxigénio então não aparece nenhum número em índice. No caso da substancia oxigénio que é um gás cuja unidade estrutural é a molécula que é constituída por 2 átomos do elemento oxigénio, a fórmula química seria: O2 A molécula do álcool etílico (desinfectante) é constituído por 2 átomos de carbono, 6 átomos de hidrogénio e 1 átomo de oxigénio. Então, a fórmula química do álcool etíllico é: Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 C2H60 19 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A FÓRMULAS QUÍMICAS DE IÕES E DE SUBSTÂNCIAS IÓNICAS Fórmulas químicas de iões Os iões podem ser representados por fórmulas químicas. Os iões são representados utilizando os símbolos dos átomos que os formaram seguido da carga do ião, indicada em expoente. Por exemplo, o catião sódio representa-se por: Na + porque o ião sódio se obtém de um átomo de sódio que perde um electrão. O ião cloreto representa-se por: Cl - porque cada ião cloreto se obtém de um átomo de cloro que ganhou um electrão. No caso de iões com mais do que um átomo, a representação faz-se de modo análogo: CO32- Este ião, o ião carbonato é constituído por um átomo de carbono e 3 de oxigénio que, no conjunto, têm 2 electrões em excesso. Fórmulas químicas de substâncias constituídas por iões As substâncias como o Coreto de sódio (sal das cozinhas) que são constituídas por iões designam-se por substancias iónicas. Neste caso, a unidade estrutural é o conjunto dos iões positivos e negativos ligados entre si, ou seja, é a substância iónica. As substâncias iónicas também podem ser representadas por fórmulas químicas. A fórmula química de uma substância iónica representa a proporção entre o número de iões positivos e de iões negativos que existe na substância. Para se escrever a fórmula química de uma substância iónica tem de se atender à carga dos ices de que a substância é TABELA DE IÕES Iões positivos Ião Cobre (II) Ião prata Cu 2+ Ag + Ião hidrogénio H Ião magnésio Mg Ião alumínio Al Ião amónio Ião sódio Ião potàssio + 2+ 3+ + NH4 + Na K + constituída. Iões negativos Ião cloreto Cl - Br Ião óxido O A fórmula química escreve-se assim: 2- + - 2- Na Cl ou então NaCl NO3 - No segundo caso não se está a representar a carga dos ices; no 2SO3 2SO4 - entanto, não te deves esquecer que a substancia éiónica e portanto CO3 Ião nitrato Ião hidróxido - + respectivamente, Na e Cl . Ião carbonato Ião sulfato consultares uma tabela verificas que a fórmula destes iões é, - Ião brometo Ião sulfito O cloreto de sódio é constituído pelos iões sódio e cloreto; se OH a unidade estrutural é a estrutura dos iões ligados entre si. A carga total dos iões presentes na fórmula de uma substancia iónica é sempre nula Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 20 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SUBSTÂNCIAS ELEMENTARES E SUBSTÂNCIAS COMPOSTAS Substâncias puras elementares As substâncias elementares são substâncias que não se decompõem noutras substâncias. Isto acontece porque as unidades estruturais das substâncias elementares são constituídas por átomos de um só elemento. O oxigénio que respiramos é uma substancia elementar cuja unidade estrutural são moléculas constituídas por dois átomos do elemento oxigénio. A fórmula química do oxigénio gasoso é O2. Modelo molecular do oxigénio Modelo molecular do ozono O ozono que nos protege dos raios ultravioleta nocivos e cuja camada tem vindo a ser destruída pelo uso de aerossóis também é uma substância elementar constituída pelo elemento oxigénio. No entanto, no ozono, a unidade estrutural são moléculas triatómicas (moléculas constituídas por três átomos do elemento oxigénio) e portanto, a fórmula química é O3. Como se pode verificar, duas substâncias podem ser constituídas pelo mesmo elemento e serem diferentes porque o arranjo dos átomos do elemento é diferente. Há substâncias elementares como o néon cuja unidade estrutural é o átomo, ou seja, nesta substância os átomos não estão ligados. Actualmente, é mais correcto afirmar que a unidade estrutural do néon são moléculas constituídas por um único átomo (moléculas monoatómicas). Neste caso, a fórmula química do néon é Ne. Substâncias puras compostas Substâncias compostas moleculares. Modelo molecular da água As substâncias compostas podem decompor-se noutras substâncias porque são constituídas por átomos de elementos diferentes. A água é uma substância composta porque é constituída por 2 átomos do elemento hidrogénio ligados a um átomo do elemento oxigénio. A fórmula química da água é: H2O. Também neste caso podemos ter substâncias diferentes constituídas pelos mesmos elementos. O peróxido de hidrogénio (água oxigenada) também é constituído pelos elementos hidrogénio e oxigénio mas na proporção de 2 átomos de hidrogénio para 2 átomos de oxigénio. A fórmula química do peróxido de hidrogénio é: H2O2. Modelo molecular da água oxigenada A água e o peróxido de hidrogénio são duas substâncias diferentes constituídas pelos mesmos elementos porque a proporção de combinação desses mesmos elementos é diferente em cada uma delas. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 21 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A SUBSTÂNCIAS ELEMENTARES E SUBSTÂNCIAS COMPOSTAS (Cont.) Substâncias compostas iónicas As substâncias compostas também podem ser constituídas por ices. Neste caso, tens uma estrutura gigante com iões positivos e negativos ligados entre si constituindo a substância iónica ou cristal iónico. Existem muitas substâncias que utilizamos no dia-a-dia que são iónicas. Já viste que o sal das cozinhas é uma substância composta iónica + - ou composto iónico Constituído pelos iões Na e Cl . Calcário Grande parte dos minerais que aparecem na Natureza são de estrutura iónica: • A calcite (carbonato de cálcio) é constituída pelos iões Ca 2+ 2- e CO3 • A pirite de onde se extrai o ferro é Constituída por iões 2+ Fe 2- eS • A galena, importante minério de onde se extrai o chumbo 2+ conhecido já pelos babilónios também tem iões Pb 2- eS • A magnetite e a hematite, minérios de ferro também são substâncias iónicas. Pirite • os pesticidas e herbicidas também são na sua maior parte fosfatos, nitratos, etc., ou seja, substancias iónicas. Os compostos iónicos são normalmente conhecidos por sais. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 22 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A MASSA ATÓMICA / MASSA MOLECULAR A massa dos átomos e a massa das molécuIas Como os átomos e as moléculas são muito pequenos, é, evidentemente, impossível determinar a massa de um deles directamente, isto é, com o auxílio de uma balança, por mais sensível e rigorosa que ela seja. por esse motivo, têm-se desenvolvido métodos indirectos (não utilizando directamente balanças) para a determinação da massa dos átomos. No entanto, o valor desta massa, por ser muito pequeno, tem pouco significado para nós. Por exemplo, a massa de um átomo de hidrogénio é, aproximadamente, 0, 000 000 000 000 000 000 000 001 66 g Este valor pode ser representado mais comodamente por 1,66 x 1 -24 g 24 g = 1,66 x 10 10 Como se exprime então a massa dos átomos? Este problema tem interessado muitos químicos desde sempre. Vamos procurar compreender o processo utilizado servindo-nos de uma analogia simples. Repara na fig. 1, representando três bolas diferentes, com massas diferentes. Fig.1 – Bolas com massas diferentes Comparando as massas das três bolas, serias capaz de as relacionar entre si? Exactamente: a massa da bola B é 10 vezes superior à de C e a massa da bola A é 30 vezes superior à de C. Quer dizer, se C = 1,, então B = 10 e A = 30. Ao procedermos desta maneira estamos a indicar os valores das massas das bolas A e B quando comparados com a massa da bola C. Por outras palavras, podemos indicar a «massa relativa» de A e B, usando a bola C como «padrão». Repara que, neste caso, não devemos dizer 10 g e 30 g, mas apenas 10 e 30. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 23 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A MASSA ATÓMICA / MASSA MOLECULAR (Cont.) Com a ajuda desta analogia já será fácil imaginarmos um processo prático para exprimir a massa do átomo. Bastará para isso escolher um «padrão», isto é, um termo de comparação, o qual deverá ter, evidentemente, massa muito pequena. O padrão actualmente em vigor é o átomo de carbono-12 (constituído por 6 protões, 6 neutrões e 6 electrões). À massa deste átomo atribui-se o valor 12, e comparam-se as massas dos átomos dos 1 diferentes elementos com 12 da massa do átomo de carbono-12. A massa de cada uma destas fracções terá, portanto, o valor exacto 1 (na escala relativa). Massa atómica relativa A grandeza massa atómica relativa, traduzida pelo símbolo Ar representa o quociente entre a massa média dos átomos do elemento 1 respectivo e 12 da massa do átomo de carbono-12. Um exemplo: Ar (O) = 16,0 Esta representação indica-nos que a massa atómica relativa do oxigénio é 16,0, isto é, mostra-nos o quociente entre a massa média* 1 dos átomos de oxigénio e a fracção 12 da massa do átomo de carbono-12. Por outras palavras, a massa dos átomos de oxigénio é, 1 em média, 16,0 vezes maior do que 12 da massa do átomo de carbono-12. No final apresenta-se uma tabela das massas atómicas relativas dos elementos conhecidos, Apêndice I. A massa atómica relativa é, pois, uma grandeza adimensional, quer dizer, representa-se apenas por um número sem indicação de qualquer unidade. E como poderemos exprimir a massa das moléculas? Tudo o que dissemos a respeito dos átomos é igualmente aplicável às moléculas. Se os átomos são muito pequenas, as moléculas continuam a apresentar dimensões muito reduzidas. Poderemos usar exactamente o mesmo processo que é utilizado para a massa atómica relativa. * Falamos em massa média porque os átomos de oxigénio não são todos iguais, conforme veremos mais tarde. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 24 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A Massa molecular relativa A massa molecular relativa, traduzida simbolicamente por Mr representa o quociente entre a massa média das moléculas da 1 substância respectiva e 12 da massa do átomo de carbono-12. Um exemplo: Mr (CO2) = 44,0 Isto quer dizer que a massa molecular relativa do dióxido de carbono é 44,0, ou seja, este valor representa o quociente entre a 1 massa média* das moléculas de dióxido de carbono e a fracção 12 da massa do átomo de carbono-12. Podemos então dizer que a massa das moléculas de dióxido de carbono é, em média, 44,0 vezes maior do que 1 12 da massa do átomo de carbono-12. E como poderás verificar, por cálculo, que a massa molecular relativa do dióxido de carbono é, de facto, 44,0? Aplicação de um dos postulados de Dalton ..(5).. Se a molécula de dióxido de carbono é formada por um átomo de carbono e dois átomos de oxigénio, bastará conhecer a Ar (C) e Ar (O) e facilmente se determinará Mr (CO2). Com efeito: massa molecular relativa do dióxido massa atómica = de carbono relativa do carbono massa atómica + 2 x relativa do oxigénio Simbolicamente, Mr (CO2) = Ar (C) + 2 x Ar (O) Mr (CO2) = 12,0 + 2 x 16,0 Mr (CO2) = 44,0 * As moléculas de dióxido de carbono não são todos iguais, já que os átomos de C e os átomos de O não são também todos iguais.. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 25 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A CONCEITO DE MOLE Suponhamos que temos 3 esferas A,B e C de massas mA, mB e mC, diferentes por exemplo mA = 2 mB = 4 mC Suponhamos agora que temos um certo número de esferas A (conjunto A), igual Imaginemos um átomo de oxigénio, um átomo de hélio e um átomo de hidrogénio. Sabemos que Ar(O) = 4 Ar(He) = 16 Ar(H). MA, MB e MC as massas dos respectivos conjuntos. Suponhamos que tínhamos um certo número de átomos de oxigénio, igual ao número de átomos de hélio, igual ao número de átomos de hidrogénio. Sendo MO,MHe,MH as massas dos respectivos conjuntos. QUESTÃO 1: Relacionar MA, com MB, com MC. QUESTÃO 1: Relacionar MO, com MHe, com MH. QUESTÃO 2: Completa a frase que se segue: QUESTÃO 2: Completa a frase que se segue: "Desde que o nº de átomos de oxigénio seja igual ao nº de átomos de hélio e ao nº de átomos de hidrogénio, a relação entre MO, MHe e MH é idêntica à relação entre ______________________. número de esferas B (conjunto B), igual número de esferas C (conjunto C), sendo "Desde que o número de esferas seja o mesmo, em cada conjunto, a relação MA, MB e MC é idêntica à relação entre ____________________." QUESTÃO 3: Suponhamos que temos 1 kg de esferas de A. a) Que quantidade de B conteria tantas esferas como as contidas em 1 kg de C. b) Que quantidade de A conteria tantas esferas como as contidas em 1 kg de C. QUESTÃO 4: Completa a frase que se segue: " 1 kg de C contém tantas esferas como ____Kg de B e ____kg de A. QUESTÃO 3: Suponhamos que temos 1 g de hidrogénio. a) Que quantidade de hélio conteria tantos átomos como os contidos em 1g de hidrogénio. b) Que quantidade de oxigénio conteria tantos átomos como os contidos em 1g de hidrogénio. QUESTÃO 4: Completa a frase que se segue: "1 g de hidrogénio contém tantos átomos como _____ g de hélio e ____ g de oxigénio." Concluímos que se tivermos 1 g de hidrogénio, 4 g de hélio, 17 g de oxigénio em todas estas quantidades de substância existe o mesmo nº de átomos. Chamaremos a esta quantidade de substância, MOLE (símbolo - mol). A mole é, pois, a quantidade de substância (seja ela qual for) que contém tantas partículas (átomos moléculas, iöes, electröes, etc, etc) quantos os átomos existentes em 1 g de hidrogénio (ou 4 g de hélio ou 16 g de oxigénio). Assim: • 1 mol de átomos de azoto é a quantidade de azoto que contém tantos átomos como os contidos em 1 g de hidrogénio ou 4 g de hélio, ou ...) • 1 mol de moléculas de azoto é a quantidade de substância (azoto) que contém tantas moléculas quantos os átomos contidos em 1 g de hidrogénio (ou 4 g de hélio ou ...) Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 26 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A QUESTÄO A RESOLVER Com base nas informações anteriores, completa o quadro que se segue. elemento (símbolo) massa atómica relativa (Ar) massa da mol de átomos H 1 1g He 4 4g O 16 16 g fórmula molecular da respectiva substância simples H2 N 14 He O2 N2 Cl 35,5 Cl2 massa molecular relativa massa da mol de moléculas UTILIDADE DO CONCEITO DE MOLE Quando queremos comprar arroz não comprámos unidades, isto é, não pedimos, por ex.: 40.000 grãos de arroz... É mais fácil pesar uma certa quantidade de arroz do que contar os respectivos grãos )por isso o arroz se vende aos kg e não aos grãos ...) Dadas as reduzidas dimensões dos átomos e das moléculas, os químicos não têm possibilidades de contar de contar directamente os átomos (ou moléculas) com que trabalham mas podem pesar quantidades de substâncias ... Assim, quando pesam 16 g de oxigénio sabem que nessa quantidade existem tantos átomos como em 4 g de hélio, 1 g de hidrogénio, 14 g de azoto, 35,5 g de cloro, etc, etc. Mais ainda: os químicos sabem que o número de átomos contidos nas quantidades de substância que acabámos de referir (16 g de oxigénio, 4 g de hélio, etc...) é 6,02 x 1023 Este número foi determinado experimentalmente e designa-se por Constante de Avogadro A MOLE Os químicos não trabalham com átomos ou moléculas isoladas, mas com porções que contêm um elevado número de átomos ou moléculas. Determinam as massas destas porções com que trabalham (e que já podem ser expressos em unidades habituais) e conhecidas as massas atómicas e moleculares respectivas, podem achar o número de átomos ou de moléculas contidas na porção de matéria em estudo. Os químicos também escolheram um número de átomos (ou de moléculas) para compararem as massas de diferentes porções de matéria e esse número é 6,02 x 1023 (602.000.000.000.000.000.000.000). Por que escolheram os químicos um número tão bizarro? Escolheram este número porque é o número de átomos contidos em 1 g de hidrogénio; o número de átomos contidos em 16 g de oxigénio; o número de átomos contidos em 12 g de carbono, etc., etc. ... Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 27 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A Assim, quando temos uma porção de hidrogénio com a massa de 1 g, podemos dizer que nessa porção de hidrogénio existem 6,02 x 1023 átomos de hidrogénio; os químicos dizem que nessa porção de hidrogénio corresponde a uma MOLE de átomos de hidrogénio e que a massa de uma mole de tomos de hidrogénio é 1 g. Do mesmo modo, quando temos uma porção de oxigénio com a massa de 16 g, podemos dizer que nessa porção de oxigénio existem 6,02 x 1023 átomos de oxigénio; os químicos dizem também que essa porção de oxigénio corresponde a uma mole de átomos de oxigénio e que a massa de uma mole de átomos de oxigénio é 16 g. Do mesmo modo ainda, quando temos uma porção de carbono com a massa de 12 g, podemos dizer que nessa porção de oxigénio existem 6,02 x 1023 átomos de carbono; os químicos dizem também que essa porção de carbono corresponde a uma mole de átomos de oxigénio e que a massa de uma mole de átomos de carbono é 12 g. Ou ainda, quando temos uma porção de água com a massa de 18 g, dizemos que nessa porção de água existem 6,02 x 1023 moléculas de água; os químicos dizem também que essa porção de água corresponde a uma mole de moléculas de água e que a massa molar (massa de uma mole de moléculas de água) é 18 g. 23 MOLE - Quantidade de substância que contém 6,02 x 10 23 1 mole = 6,02 x 10 partículas. partículas Mole é uma quantidade numérica, tal como uma dúzia são doze unidades, uma dezena são 10 unidades, etc., assim também a mole são 6,02 x 1023 unidades (partículas). Deste modo, podemos falar numa mole de electröes, numa mole de átomos, numa mole de moléculas, etc. A quantidade que contém, por exemplo: 6,02 x 1023 moléculas de oxigénio é 32 g (= 1 mole de moléculas de oxigénio) 6,02 x 1023 átomos de oxigénio é 16 g (= 1 mole de átomos de oxigénio) 6,02 x 1023 moléculas de água é 18 g (= 1 mole de moléculas de água) 6,02 x 1023 átomos de hidrogénio é 1 g (= 1 mole de átomos de hidrogénio) 6,02 x 1023 moléculas de hidrogénio é 2g (= 1 mole de moléculas de hidrogénio) (...) Ou seja, A massa atómica relativa ou a massa molecular relativa de uma substância quando expressos em grama, contêm o mesmo número de partículas, isto é, uma mole dessa substância. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 28 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A QUESTÖES a RESOLVER [Ar(H) = 1 ; Ar(O) = 16 ; Ar(Cl) = 35,5 ; Ar(Na) = 23] nº moles = Algumas considerações: m(massa) M(molar) NA = 6.02 x 1023 mol-1 1.- Um químico pesa 10 g de água (H2O), 10 de amoníaco (NH3) e 10 g de cloreto de hidrogénio (HCl). Qual a quantidade de substância (expressa em mole) em cada caso. 2.- Qual a quantidade de substância a que correspondem 12,04 x 1023 átomos de sódio. 3.- Se tivessemos uma mole de escudos para dividirmos por toda a populaçäo do mundo (cinco mil milhöes de habitantes: 5 x 109), quanto receberia cada um? 4.- Complete as frases seguintes: 4.1.- Uma mole de átomos de óxigénio contém _______________ átomos de oxigénio e tem a massa de ______. 4.2.- Uma mole de moléculas de oxigénio contêm ___________ moléculas de oxigénio e tem a massa de ______. 4.3.- Em 96 g de magnésio existem _____________ moles de átomos e _____________ átomos. 4.4.- ___________ moléculas de etano (C2H6) tem a massa de 15 g; e contêm _____________ moléculas de etano. 4.5.- Em 3,4 g de amoníaco (NH3) existem _______ moles de átomos de azoto; moles________ de átomos de hidrogénio; e, portanto, 6,02 x 1023 moléculas de amoníaco contêm _______ átomos de azoto e ________ átomos de hidrogénio. 4.6.- _________ moles e átomos de sódio contém 2 x 6,02 x 1023 átomos de sódio e têm a massa de _______. 5.- Determine o número de moles de átomos que existem em: 5.1.- 1,44 g de magnésio. 5.2.- 0,2 g de hidrogénio. 5.3.- 7,1 g de cloro. 6.- Calcule, em grama, a massa de: 6.1.- 2 moles de moléculas de azoto. 6.2.- meia mole de glicose (C6H12O6). 6.3.- 0,4 mole de moléculas de flúor (F2). 7.- Sabendo que 1 m 126 C = 1 u.m.a., estabeleça a relação de grandeza entre o grama, g, e a unidade e massa 12 atómica u. -8 8.- Exprima, em unidades de massa atómica, a massa de 0,71 x 10 g de cloro. Símbolo químico Massa atómica relativa H C N O F Mg S Na Cl Fe Cu 1,0 12,0 14,0 16,0 19,0 24,0 32,0 22,9 35,5 55,8 63,5 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 29 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A CONCENTRAÇÂO DE SOLUÇÕES Modos de exprimir a composição das soluções Porque o tipo de soluto numa solução determina as características físicas (e químicas também) dessa solução, é de toda a conveniência saber quantificar a sua composição. São vários os modos de exprimir a composição das soluções. As grandezas que iremos utilizar são a concentração molar – c – (ou molaridade) e a concentração mássica – cm. Concentração morar – c A concentração molar - c - é a grandeza adoptada pelo Sl para indicar a composição de uma dada solução. É por isso mesmo a mais utilizada na caracterização de soluções. A concentração molar indica a quantidade química de soluto 3 existente na unidade de volume da solução, em geral, dm . A equação de definição é: n c=V em que: n – quantidade química de soluto expresso em mol 3 V – volume de solução expresso em dm ; -3 c ou [ ] – concentração molar da solução expressa em mol dm Concentração (ou Composição) massica – Cm Para indicar a composição de uma solução também se usa a concentração mássica – Cm - definida como sendo a massa de um dado soluto existente por cada unidade de volume da solução. A equação de definição é: m Cm = V em que: m - massa de soluto existente na solução, expressa normalmente em g ou kg; 3 3 V - volume da solução, expresso normalmente em cm ou dm ; -3 cm - concentração mássica da solução, expressa normalmente em g cm ou -3 -3 kg dm (kg m no Sl). Como a massa de soluto se pode relacionar com a sua quantidade química pela expressão m = n x M tem-se: m Cm = V ou Cm = nxM V ou seja Cm = c x M Esta última equação permite-nos facilmente relacionar a concentração molar de uma solução com a sua concentração mássica, relativamente a um dado soluto Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 30 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1. Que informarão se retira da expressão [CuC12] = 0,1 mol dm-3, quanto à composição desta solução de Coreto de cobre II? RESOLUÇÃO - O cloreto de cobre II é um sal, composto iónico, formado por iões Cu2+ e iões Cl . A sua dissociação em solução aquosa é representada pela seguinte equação: 2+ - CuCl2(s) + água ----Æ Cu (aq) + 2 Cl Como se dissolveu 0,1 mol deste sal para 1 dm3 de solução aquosa, nela passaram a existir 0,1 mol de iões Cu2+ e 0,2 mol de iões Cl-. -3 2. Considere de novo a solução aquosa 0,1 mol dm em Coreto de cobre II. 2.1.- Qual a sua concentração mássica? 2.2.- se quiséssemos preparar apenas 100 mL de uma solução 0,1 mol dm~3 em CuCI2, que massa de sal deveríamos pesar? RESOLUCAO: 2.1.- Como cm = c x M, dado que já é conhecida a concentração molar da solução, falta-nos calcular a massa molar -3 -1 do soluto. M (CuCI2) = 144,5 g moles Será então cm = 0,1 mol dm x 144,5 g mol = 14,45 g dm -3 -3 2.2 Como a cm é 14,45 g dm , significa que para preparar um litro desta solução teríamos de pesar 14,45 g de cloreto de cobre II. Para preparar 100 mL de solução de igual concentração, teríamos de pesar apenas 1,445 g deste sal e diluir esta quantidade de sal para 100 mL. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 31 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A PREPARAÇAO DE SOLUÇÕES AQUOSAS DE CONCENTRACAO CONHECIDA... ... a partir de solutos sólidos Para preparar um dado volume de uma solução aquosa de concentração dada, a partir de um soluto sólido, há que seguir sempre determinados procedimentos: 1.° Calcular a quantidade química de soluto que é necessário diluir. 2.° Converter a quantidade química em massa e, de seguida, pesar essa quantidade de soluto numa balança analítica, utilizando um copo de precipitação (A). 3.° Diluir essa massa de soluto num pouco de água desionizada, mexendo com uma vareta de modo a facilitar a diluição e favorecer a dissipação de calor, caso a dissolução seja exotérmica (B). 4.° Transferir com as devidas precauções a solução para um balão volumétrico (ou de diluição), de volume coincidente com o da solução a preparar (C). 5.° Deve-se lavar em seguida com um pouco de água desionizada, umas 2 a 3 vezes, o copo onde se fez a diluição, e transferir essas soluções para o balão volumétrico, de modo a arrastar todas as partículas de soluto que tenham ficado agarradas ao copo (D). 6.° Finalmente, com o auxílio do esguicho, acrescentar água desionizada até perfazer o volume de solução requerido e que é definido pelo traço de referência do balão (E). Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 32 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A ...a partir de soluções mois concentradas: diluições Diluir urna solução de um dado soluto significa diminuir a concentração molar desse soluto na solução de partida. n Como a concentração molar é definida pela relação c = V , uma diluição significa: • ter menos soluto num mesmo volume de solução o que obriga a que se tenha de retirar soluto à solução de partida, a solução concentrada; ou • ter a mesma quantidade de soluto num maior volume de solução, o que requer, em termos práticos, que se adicione solvente à Várias soluções de Fe(NO3)3. A mais escura é a mais concentrada: a mais clara é a mais diluída soluçãomãe. Caso se trate de uma solução aquosa, a diluição faz-se por adição de água desionizada. O processo mais vulgar de preparar soluções diluídas a partir de solucões concentradas, é o segundo, por ser mais fácil de pôr em prática. O primeiro processo também se pode realizar na prática, desde que seja possível precipitar ou flocular o soluto em excesso e, posteriormente, retirá-lo da mistura. Contudo, é um processo mais moroso e que requer mais material. Para preparar uma solução diluída de volume V e concentração conhecida c, a partir de uma outra solução de maior concentração inicial Cá, executam-se, sempre, determinados procedimentos. 1.° Calcula-se a quantidade química de soluto n, necessária à obtenção da solução pretendida (A). n c=V ou n = c x V 2.° Calcula-se em seguida o volume Vê da solução-mãe que contém a mesma quantidade química n de soluto Donde c x V = ci x Vi <=> Vi = cxV ci 3.° Com uma pipeta e pompete retira-se o volume Vê da solução concentrada e introduz-se num balão de diluição de volume igual ao pretendido (B). 4.° Finalmente junta-se solvente até perfazer o volume V requerido de solução diluída (C). Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 33 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A EXEMPLOS DE APLICAÇÃO -3 1. Calcule o volume de ácido sulfúrico com a concentração de 18,3 mol dm necessário à preparação de 3 -3 1 dm de ácido sulfúrico 2,0 mol dm . RESOLUÇÃO: 3 -3 Pretende-se preparar 1 dm de ácido sulfúrico com concentração 2,0 mol dm . Logo, e utilizando a equação de definição de c, (c = n ) tem-se: V • a quantidade de soluto necessária: -3 2,0 mol dm = n -3 <==> n = 2 mol 1 dm • o volume de solução concentrada que contém apenas 2 mol de H2SO4: -3 18,3 mol dm = 2 mol 2,0 mol -3 3 ⇔ V= -3 = 0,11 dm =110 cm . V 18,3 dm 2. Converta em concentração mássica a composição da nova solução de H2SO4 [Dados: M(H2SO4) = 98,09 g mol-1] RESOLUCÃO: -3 -1 2 -3 Concentração mássica = c x M ⇔ Cm = 2,0 mol dm x 98,09 g mol ≈ 2,0 x 10 g dm 3. Qual a concentração molar dos iões presentes na solução? RESOLUCAO: A solução é formada a partir da junção de moléculas de água e moléculas de ácido sulfúrico. Das interacções entre umas e outras resulta a ionização total das moléculas do ácido, segundo a equação: + 2- H2SO4 (aq) + água ---Æ 2 H (aq) + SO4 (aq) A água também se auto-ioniza, mas em tão pequena escala, que podemos desprezar a sua contribuição para a formação de iões. Como 1 mole de H2SO4 fornece 3 moles de iões, tem-se que: 2- Se a concentração de |H2SO4| = 2 mol dm-3 ==> |H+| = 4 mol dm-3 e |SO4 | = 2 mol dm -3 4. Que número de iões existe em 100 mL desta solução de ácido sulfúrico? RESOLUÇÃO: Como a concentração iónica total é de 6 mol dm~3, em 100 mL desta solução de ácido sulfúrico existem 23 0,6 mol de iões. Sabe-se, ainda, que N (Número de Avogadro) é 6,02 x 10 . Logo, o número de iões em solução = n x N = 0,6 x 6,02 x 10 23 23 = 3,6 x 10 iões. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 34 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A ...por mistura de soluções de concentração conhecida É frequente, em química, o uso de soluções que resultam da junção de duas ou mais soluções cuja composição é perfeitamente conhecida. Para podermos caracterizar a solução resultante, e supondo não haver reacção entre os diversos componentes da mistura, é necessário calcular a concentração de cada espécie química presente nessa solução. Como fazer? Considere o seguinte exemplo: Adicionou-se uma solução de ácido clorídrico (HCI) de concentração molar e volume c1 v1 com uma solução de cloreto de sódio (NaCI) de concentração malar c2 e volume v2. - Podemos calcular a concentração molar dos iões cloreto Cl na solução resultante, que resultam da ionização do HCI e da dissociação do NaCI: - HCl(aq) + água ----Æ H+(aq) + Cl (aq) - NaCl(s) + água ----Æ Na+(aq) + Cl (aq) - Para saber a concentração molar dos iões Cl temos de: 1.° Conhecer a quantidade n de iões Cl- na solução final: n = n1 + n2 + ... n = n1 + n2 Da equação - sendo n1 = quantidade de iões Cl na solução de HCI n2 = quantidade de iões Cl na solução de NaCI n c = V tira-se que n1 = c1 x V1 e n2 = c2 x V2 2.° Saber o volume V da solução final; V = V1 + V2 V = V1 + V2 + ... 3.° Finalmente, calcular a concentração molar final dos iões cloreto; c= n1 + n2 + ... V1 + V2 + ... c= n1 + n2 V1 + V2 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 35 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A EXEMPLO DE APLICAÇÃO A 50 cm3 de uma solução aquosa de hidróxido de sódio (NaHO) 0,10 mol dm-3 adicionou-se 3 -3 100 cm de solução de hidróxido de amónio (NH4HO) 0,30 mol dm . Qual a concentração molar de todas as espécies iónicas presentes na solução resultante? RESOLUÇÃO: 1.° passo: Devemos começar por escrever as equações correspondentes às dissociações destes electrólitos. Será: + - NaHO(s) + água -----Æ Na (aq) + HO (aq) + - NH4HO(aq) + água -----Æ NH4 (aq) + HO (aq) 2.° passo: Cálculo da quantidade de iões em solução: iões Na+: n = nNaHO -3 n = 0,10 mol dm x 0,050 dm 3 n = 0,005 mol iões + NH4 : n = nNH HO 4 -3 3 n = 0,30 mol dm x 0,100 dm n = 0,030 mol - iões HO : n = nNaHO + nNH HO 4 -3 3 -3 3 n = 0,10 mol dm x 0,050 dm + 0,30 mol dm x 0,100 dm n = 0,035 mol 3.° passo: Cálculo do volume total da solução: 3 3 3 3 V= 50 cm + 100 cm = 150 cm = 0,150 dm 4.° passo: Cálculo da concentração molar das diferentes espécies iónicas, na solução resultante: 0,005 cNa+ ou [Na+| = 0,150dm3 = 0,033 mol dm-3 cNH4+ ou cHO- ou 0,030 -3 [NH4+] = 0,150dm3 = 0,20 mol dm 0,035 -3 [HO ] = 0,150dm3 = 0,23 mol dm Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 36 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A FICHA DE TRABALHO – EXERCÍCIOS F2 Concentração de soluções preparadas a partir de solutos sólidos 1.- Calcule a concentração molar das seguintes soluções aquosas. a) 87,8 g de Coreto de sódio em 750 mL de solução aquosa; b) 34,8 g de sulfato de potássio em 2,00 dm3 de solução aquosa; c) 31,8 g de carbonato de sódio em 100 mL de solução aquosa. 2.- Prepararam-se duas soluções A e B de permanganato de potássio KMnO4. Para fazer a solução A dissolveram-se 19,76 g deste sal em água desionizada até perfazer o volume de 250 mL. Para preparar a solução B dissolveram-se 79,0 g deste soluto em água desionizada até perfazer o volume de 500 mL. Qual destas soluções é mais concentrada? 3.- Determine a quantidade de soluto presente em: -3 a) 250 mL de uma solução aquosa 0,20 mol dm em KSCN; b) 200 cm3 de uma solução aquosa 0,15 moi dm-3 em KI; -3 c) 500 mL de uma solução de Pb(NO3)2 com a concentração mássica de 33,14 g dm . Diluição de soluções 4.- A 500 mL de uma solução aquosa 0,20 mol dm-3 em sulfato de sódio foram adicionados 7,1 g deste sal. Considere não haver alteração do volume da solução. 5.1 Determine a concentração final da solução. 5.2 Calcule o número de iões sódio presentes na solução final. 5.- Completar a frase: “Para preparar 100 cm3 de uma solução aquosa 1,2 mol dm-3 em hidróxido de sódio (NaHO) a partir de uma -3 3 solução 4,0 mol dm , devem-se retirar ______ cm desta solução e adicionar cerca de ______ de água desionizada”. 6.- Num balão de diluição de 100 mL encontra-se uma solução 0,100 mol dm-3 em NaCl. Com uma pipeta volumétrica retirou-se 25 mL dessa solução que foram vertidos para outro balão de 100 mL. Encheu-se depois este último, com água desionizada, até ao traço de referência. 6.1.- Que massa de cloreto de sódio ficou no primeiro balão? 6.2.- Qual a concentração em cloreto de sódio da nova solução? 7.- Supondo não haver contracção de volume, que volume de água desionizada se deve adicionar, a... 3 -3 7.1.- ... 500 cm de uma solução 0,50 mol dm de um dado soluto, de -3 modo a obter uma solução 0,30 mol dm desse composto; 7.2.- ... 10 mL de uma solução 10,0 mol dm-3 em ácido azótico, para obter -3 uma solução 315 g dm também em ácido azótico. 8.- Um balão volumétrico de 500 mL de capacidade contém, até ao traço -3 de referência, uma solução aquosa 0,10 mol dm em nitrato de zinco de zinco Zn(NO3)2. 3 Se transvasarmos esta solução para um balão volumétrico de 1,0 dm de capacidade e adicionarmos água desionizada até ao traço de referência. Complete as frases: 8.1.- a concentração do nitrato de zinco passa a ser ___; 8.2.- a concentração mássica dos iões nitrato passa a ser ___ Mistura de soluções -3 9.- Misturaram-se 100 mL de uma solução 3,0 mol dm em hidróxido de potássio com 150 mL de outra solução -3 1,5 mol dm também em hidróxido de potássio. Calcule a concentração da solução final quanto a: 9.1.- iões hidróxido; 9.2.- iões potássio. -3 10.- A 100 mL de uma solução aquosa de ácido clorídrico com uma concentração mássica de 3,65 g dm adicionou-se -3 150 mL de uma solução aquosa 0,20 mol dm em cloreto de sódio. Determine a concentração molar da mistura em: 10.1.- iões hidrogénio; 10.2.- iões cloreto. -3 11.- Preparou-se uma solução a partir da mistura de 50 mL de uma solução 0,10 mol.dm em hidróxido de potássio e -3 volume igual de uma solução 0,10 mol dm em hidróxido de magnésio. Para a solução assim preparada, determine: 11.1.- a concentração molar da solução resultante em iões HO ; 11.2.- o número de iões HO presentes na solução final; 11.3.- a concentração mássica dos iões HO nessa solução. -3 12.- Retirou-se 5,0 mL de solução 0,020 mol dm em Fe(NO3)3 e verteu-se para um tubo de ensaio. Adicionou-se-lhe, -3 em seguida, 5,0 mL de uma solução 0,020 mol dm em KCl. 3+ 12.1.- Qual a concentração da mistura em iões Fe e em iões Cl ? -3 1.2.2.- Se tivéssemos adicionado aos 5,0 mL de solução de Fe(NO3)3, 5,0 mL de solução de Fe Cl3 0,01 mol dm , 3+ qual seria a concentração molar da solução resultante em iões Fe e em iões NO3 ? Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 37 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A REACÇÕES QUÍMICAS: CONCEITOS BÁSICOS Uma das principais ocupações dos químicos é estudar e, muitas vezes até, provocar reacções químicas, a fim de dominar cada vez melhor as técnicas de transformação dos diferentes materiais. Uma reacção química ⇒ Produção de unidades estruturais diferentes das iniciais Em todas elas parte-se de uma ou mais substancias - os reagentes - e obtêm-se outras diferentes—os produtos de reacção. Essa é a grande prova de ocorrência de uma reacção química: a produção de Substanciar novas, formadas por unidades estruturais diferentes das que existem inicialmente no sistema reaccional. Este facto mostra que, para que qualquer reacção química ocorra há sempre ruptura de ligações químicas existentes entre os átomos dos reagentes, com formação de novas ligações químicas entre esses mesmos átomos. Uma característica importante das reacções químicas é que o número de átomos de cada elemento presente no sistema reaccional se mantém e, como tal, a massa total do sistema é conservada, característica esta conhecida como lei de Lavoisier ou lei da conservação da massa numa reacção química. Numa reacção química, os átomos dos elementos que formam as substâncias reagentes reagrupam-se de maneira diferente para originar novas substâncias. O número de átomos mantém-se e a massa conserva-se Uma outra característica importante das reacções químicas é que as proporções de combinação dos diferentes componentes de um dado sistema reaccional são fixas—lei das proporções definidas de Proust ou simplesmente Lei de Proust. Um exemplo simples mostra-nos esse facto. Sempre que o oxigénio e o hidrogénio reagem entre si para formar água, combinam-se na proporção de 1 átomo de oxigénio para 2 átomos de hidrogénio, com formação de 1 molécula de água. Num dado sistema reaccional reagentes e produtos da reacção interagem sempre nas mesmas proporções. A ocorrência de uma reacção química é, em geral, detectada, pela variação de algumas propriedades macroscópicas do sistema reaccional. Essa variação permite, como veremos adiante, acompanhar a evolução do sistema . a fim de perceber o modo como a reacção se processa. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 38 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A Assim, há reacções em que se observa: Libertação de gás Basta mergulhar um pedaço calcário em ácido clorídrico (HCl) para se verificar a libertação de um gás, o dióxido de carbono. Formação de precipitado, solúvel ou não, por aquecimento Se adicionarmos um pouco de hidróxido de amónio (NH4HO) a cloreto de ferro (III) observa-se a formação de um precipitado acastanhado de hidróxido de ferro (Fe(HO)3). Aquece-se em seguida o sistema reaccional. Não há dissolução do precipitado. Se adicionarmos umas gotas de solução aquosa de iodeto de potássio (Kl) a uma solução de nitrato de chumbo (Pb(NO3)2), observa-se igualmente a formação de um precipitado, este agora amarelo-vivo, de iodeto de chumbo (PbI2). Aquecendo o sistema reaccional, o precipitado dissolve-se. Mudança de cor do sistema reaccional Coloque-se um prego num copo de precipitação que contenha 2+ uma solução azul de iões Cu . A alteração da cor azul da solução para verde-acastanhado, passado algum tempo, mostra que há 2+ reacção entre o ferro e os ices Cu : o ferro passa ao estado iónico 2+ 2+ (Fe ) e os iões Cu transformam-se no conhecido metal cobre. Variação da temperatura do sistema reaccional Dissolva um pouco de óxido de cálcio em água desionizada, e controle a temperatura do sistema com um termómetro. Outra experiência interessante: misture cerca de 20 g de hidróxido de bário octa-hidratado, Ba(HO)2.8 H2O, com 10 g de tiocianeto de amónio (NH4SCN), num copo de precipitação. Misture muito bem os dois sólidos com uma espátula de madeira. Coloque o copo sobre uma tábua de madeira sobre a qual se derramou água. Após alguns minutos levante o copo com uma tenaz. O copo arrefece brutalmente e congela a água derramada sobre a tábua levantando-a. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 39 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A EQUAÇÕES QUÍMICAS Escrita e acerto As reacções químicas são representadas simbolicamente através de equações químicas. Nas equações químicas escrevem-se em primeiro lugar as fórmulas químicas dos reagentes e só depois as fórmulas químicas dos produtos de acção, estando as primeiras separadas das segundas por uma seta. Todas as fórmulas químicas devem ser acompanhadas, em índice, da indicação do estado físico em que se encontram as Substâncias a que dizem respeito. Um exemplo simples de uma equação química é a que traduz a combustão Estado físico Símbolo Sólido s Líquido l Gasoso g Mas as equações nem sempre são tão fáceis de escrever, e devem Supre Meio aquoso aq traduzir correctamente as reacções químicas a que dizem respeito! Isto é, devem do carbono em presença de oxigénio com formação de dióxido de carbono. C (s) + O2 (g) ----→ CO2 (g) estar de acordo com a lei de Lavoisier e mostrar a proporção em que os reagentes se combinam bem como a proporção de formação dos produtos de reacção. Consideremos um exemplo simples: o da reacção entre o ácido clorídrico e o cálcio com formação do Coreto de cálcio aquoso e libertação de hidrogénio. 1.° Passo: podemos começar por escrever um esquema com as fórmulas dos reagentes e dos produtos de reacção. HCl(aq) + Ca(s) ----→ CaCl2 (aq) + H2 (g) Mas este esquema ainda não traduz a reacção química considerada: a quantidade de átomos de hidrogénio e de cloro representados num lado e no outro do esquema não é igual. Temos de «acertar» a equação, para o que é necessário recorrer a números inteiros e pequenos—os coeficientes estequiométricos— Reacção entre o ácido clorídrico e o cálcio que, escritos atrás das fórmulas químicas, indicam a proporção em que as substâncias se combinam ou formam, quer em número de partículas quer em massa. 2.° Passo: vamos acertar o esquema escrito anteriormente, recorrendo aos coeficientes estequiométricos. 2 HCl(aq) + Ca(s) ----→ CaCl2 (aq) + H2 (g) COEFICIENTES ESTEQUIOMÉTRICOS CONSTITUINTES DESTE SISTEMA REACCIONAL Ácido clorídrico cálcio 2 1 --→ Cloreto cálcio Hidrogénio 2 1 3º Passo: Convém agora verificar se o esquema é realmente uma equação química. Quantidade de H 2 mol de átomos REAGENTES Quantidade Quantidade de Cl de Ca 2 mol de 1 mol de átomos átomos --→ PRODUTOS DA REACÇÃO Quantidade Quantidade de Cl de Ca 2 mol de 1 mol de átomos átomos Quantidade de H 2 mol de átomos A quantidade de átomos de cada elemento presente no sistema reaccional mantém-se: é uma equação química. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 40 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A AS QUANTIDADES APRESENTADAS NAS EQUAÇÕES QUÍMICAS Já vimos atrás que as equações químicas nos mostram a proporção de combinação dos diferentes constituintes de um sistema reaccional. Como tal, traduzem também as quantidades desses constituintes envolvidas na reacção quer em número de moles, quer em massa. Exemplo: a equação que traduz a reacção entre o ácido clorídrico e o zinco: 2 HCl (aq) + Zn(s) --→ ZnCl2(aq) + H2(g A informação qualitativa desta equação diz-nos que esta é uma reacção de substituição em que se liberta hidrogénio elementar e se forma uma solução aquosa de cloreto de zinco, sempre que o ácido clorídrico reage com este metal. Mas a equação dá-nos mais informação! Dá-nos informação quanto às quantidades químicas de cada constituinte envolvidas na reacção. originando Reagem com 2 HCl (aq) + 2 mol de ácido clorídrico Zn(s) ----------→ ZnCl2(aq) 1 mol de átomos de Zinco + H2(g) 1 mol de moléculas hidrogénio 1 mol de cloreto de zinco Indica-nos, ainda, as proporções mássicas de combinação dos diferentes constituintes do sistema reaccional. Reagem com 2 HCl(aq) 73 g ácido clorídrico + Zn(s) originando ----------→ ZnCl2 (aq) 65,2 g zinco + H2(g) 136,1 g cloreto de zinco 2,00 g hidrogénio elementar A partir destas informações retiradas das equações, podemos verificar se, num dado sistema reaccional, está algum reagente em excesso. Se fizéssemos reagir 73,0 g de ácido clorídrico com 70,0 g de zinco, este último estaria em excesso em relação à quantidade em massa que se prevê ser necessária para consumir todo o ácido clorídrico. No final, além da formação de 136,1 g de cloreto de zinco e de 2,00 g de hidrogénio, ainda sobraria o zinco em excesso. mzinco em excesso = 70,0 g - 65,2 g = 4,8 g As equações químicas permitem ainda verificar a partir da análise quantitativa do sistema reaccional se uma dada reacção química é ou não completa. Uma reacção é completa quando progride até que pelo menos um dos reagentes se consuma na totalidade. Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 41 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A A partir dessa análise quantitativa é possível calcular o rendimento (η) em % em massa dessa reacção. quantidade (em moles) de produto de reacção obtida η = quantidade (em moles) máxima de produto de reacção possível obter x 100 massa de produto de reacção realmente obtida η= mreal x 100 mteórica massa teórica de produto de reacção prevista através da equação química A quantidade máxima de produto da reacção, valor teórico, é calculado a partir da equação química. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 1.- Considere a reacção de formação do amoníaco a partir do hidrogénio e azoto moleculares. N2(g) + 3 H2(g) ------→ 2 NH3(g) Qual é a quantidade máxima de amoníaco, em moles, que se pode produzir a partir de 6,6 g de azoto. RESOLUCAO: 1.° passo: a partir da equação química estabelece-se a proporção que permite calcular a massa máxima de amoníaco que se pode produzir a partir de 6,6 g de azoto. Se 28,02 g de N2 originam 2 X 17,03 g de NH3 6,6 g de N2 origina x g de NH3 x = massa máxima de NH3 que é possível produzir = 6,6 x 2 x 17,03 = 8,0 g 28,02 2.° passo: calcula-se em seguida o número de moles de NH3 a que corresponde a massa de 8,0 g. Se 17,03 g é a massa de 1 mole de NH3 8,0 g será a massa de x moles de NH3 x = 0,471 moles de NH3 2. A massa real de amoníaco que se obteve na reacção foi de 4,2 g. 2.1 A reacção foi completa ou incompleta? 2.2 Determine o rendimento desta reacção química. RESOLUCÀO: 2.1.- De acordo com os cálculos anteriormente efectuados a massa teórica que deveria ter sido produzida é 8,0 g. Como na realidade se obtiveram apenas 4,2 g, concluímos que a reacção foi incompleta. 2.2.- Para calcular o rendimento desta reacção química basta aplicar a equação de definição de rendimento uma vez que já se conhece quer a massa teórica de NH3 que se devia obter, quer a massa real de NH3 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 42 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A CÁLCULOS BASEADOS EM EQUAÇÕES QUÍMICAS As equações químicas, uma vez que traduzem as proporções molares e mássicas de combinação dos diferentes componentes de um sistema reaccional, possibilitam ao químico um sem-número de aplicações práticas, através de cálculos baseados nessas equações—os cálculos estequiométricos. Esses cálculos permitem, por exemplo, a determinação da fórmula química de substâncias desconhecidas a partir da análise das quantidades de reagentes envolvidas; permitem também determinar a concentração de reagentes, a partir do conhecimento das quantidades consumidas de outros reagentes ou a partir da quantidade formada de produtos de reacção. Realizando reacções químicas específicas e utilizando as respectivas equações, o químico pode analisar águas de consumo e detectar a concentração de Catives e aniões presentes; pode analisar soluções ácidas (como a do vinagre) e determinar o seu teor de acidez; pode calcular volumes de gases libertados quando determinadas Substâncias reagem; pode calcular a massa de metal que se obtém, numa simples reacção de oxidação-redução como as da galvanoplastia; etc. Os exemplos de aplicação seguintes mostram-nos alguns casos simples, mas úteis, de cálculos estequiométricos. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 1. Misturaram-se 8,0 g de limalha de ferro com cerca de 3,2 g de enxofre em pó. Aqueceu-se a mistura num cadinho até reacção completa do enxofre com o ferro, originando sulfureto de ferro. Deixou-se arrefecer o conjunto, após o que se retirou o ferro em excesso com o auxílio de um íman e de um papel de filtro. Pesou-se esse ferro em excesso - 2,4 g. 1.1.- Qual é a fórmula química do sulfureto de ferro? 1.2.- Escreva a equação química que traduz esta reacção? RESOLUÇÃO: 1.° passo: determinação das massas dos reagentes que se consumiram na reacção. menxofre = 3,2 g mferro = 8,0 - 2,4 = 5,6 g 2.° passo: determinação das quantidades químicas dos reagentes envolvidas na reacção. -1 Dados: Ms = 32,07 g mol -1 MFe = 55,8 g mol nS = nFe = 3,2 g -1 ≈ 0,10 mol 32,07 g mol 5,6 g -1 ≈ 0,10 mol 55,8 g.mol 3º Passo: determinação da fórmula química do sulfureto de ferro. Os cálculos anteriores mostram que as quantidades de enxofre e ferro envilvidas na reacção estão na proporção de 0,1 mol de Fe para 0,1 mol de S, ou seja, 1 mol de Fe para 1 mol de S. 1.1.- A fórmula química do sulfureto de ferro será FeS. 1.2.- A equação que traduz a reacção química é: Fe (s) + S (s) ---→ FeS (s) Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 43 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A 2. - Na fermentação da glicose (C6H12O6) por combinação com o oxigénio do ar, obtém-se, para além da água, dióxido de carbono. 2.1.- Que volume de dióxido de carbono, nas condições PTN, se pode recolher a partir da fermentação completa de 90 de glicose? 2.2.- Quantas moléculas de água se formaram nesta reacção? RESOLUCÃO: 2.1.- 1.° passo: escrever a equação química que traduz a reacção defermentação da glicose e sublinhar as substâncias relacionadas. C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) ---→ 6 CO2(g) + 6 H2O(l) 2.° passo: retirar da equação as informações quantitativas, relativamente aos constituintes relacionados. Convém ler a equação relativamente à glicose em massa, para o que é necessário calcular a sua massa molar e ler a equação relativamente ao dióxido de carbono em volume, não esquecendo 3 que 1 mole de gás nas condições PTN ocupa 22,4 dm . -1 -1 -1 -1 M(C6H12O6) = 6 x 12 g mol + 12 x 1 g mol + 6 x 16 g mol = 180 g mol Temos então: C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) -------------→ 6 CO2(g) + 6 H2O(l) 180 g de glicose 3 originam 6x22,4 dm de dióxido de carbono 3.° passo: estabelecer a proporção que permite calcular o volume de bióxido de carbono libertado nas condições do problema. Se 180 g de glicose libertam 90 g de glicose libertarão 3 6 x 22,4 dm de CO2 3 V dm de CO2 . V= 2.2.- 90 x 6 x 22,4 3 3 dm ≈ 67 dm 180 Para determinar o número de moléculas de água libertadas, podemos voltar à equação e seguir os mesmos passos 1.° passo: escrever novamente a equação química e sublinhar as substâncias agora relacionadas. C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) ---→ 6 CO2(g) + 6 H2O(l) 2.° passo: retirar da equação as informações quantitativas relativamente aos constituintes relacionados. No que diz respeito à água, podemos ler a equação em número de partículas uma vez que já sabemos que: N.° partículas = n x N.° Avogrado As informações retiradas da equação para este caso são: C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) -------------→ 6 CO2(g) + 6 H2O(l) 180 g de glicose originam 6 moles de água 23 ou 6 x 6,02 x 10 moléculas de água 3º Passo: estabelecer a proporção que permite calcular o nº de moléculas de água formadas nas condiições do problema. Se 180 g de glicose 90 g de glicose 23 moléculas de água formam 6 x 6,02 x 10 formarão x moléculas de água x = número de moléculas de água formadas = Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 90 x 6 x 6,02 x 10 180 23 24 ≈ 1,8 x 10 moléculas 44 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Ciências Físico-Químicas Turma G12A 3.- 0 vinagre é uma solução ácida cuja acidez se deve, em grande parte, ao ácido acético nele presente. O grau de acidez que se lê nos rótulos das garrafas de vinagre é, pois, devido fundamentalmente a este ácido. Em análise química, para saber a concentração do ácido acético do vinagre, dilui-se este e, em seguida, faz-se reagir com uma solução básica, em geral uma solução de hidróxido de sódio. Para determinar a concentração em ácido acético de um vinagre comercial, diluiu-se este de um factor de 10, do qual se retirou uma amostra de 10 mL. Depois, fez-se reagir completamente esta amostra de ácido com uma solução 0,1 mol dm -3 em hidróxido de sódio, tendo-se gasto 9 mL. 3.1 Qual é a concentração em ácido acético da solução-amostra? 3.2 Qual era a concentração em ácido acético do vinagre comercial utilizado? RESOLUÇÃO: 3.1. 1.° passo: escrita da equacão química e leitura da mesma relativamente às substâncias relacionadas. CH3COOH(aq) 1 mol de ácido acético + reage com NaHO(aq) -------------→ NaCH3COO(aq) + H2O(l) 1 mol de hidróxido de sódio 2.° passo: cálculo da quantidade química de NaHO consumida na reacção. n=cxV ⇔ n = 0,009 x 0,1 = 0,0009 moles de NaHO consumidas 3.° passo: cálculo da concentração em ácido acético da solucão-amostra. nCH COOH = nNaHO = 0,0009 mol 3 nCH COOH 3 cCH COOH = Vamostra 3 0,0009 mol -3 = 0,010 dm3 = 0,09 mol.dm -3 A concentração em ácido acético da amostra de vinagre diluído é 0,09 mol.dm 3.2.- A solução diluída foi obtida a partir da solução concentrada, diluindo esta última de um factor de 10. Tal significa que a solução-mãe (solução de partida) é 10 vezes mais concentrada que a solução diluída. Logo: cvinagre em ácido acético = 0,9 mol.dm-3 Escola secundária de Monserrate / Ano Lectivo 2000 / 2001 45 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Escola secundária de Monserrate 46 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente VELOCIDADE DAS REACÇÕES 1.- VELOCIDADE DE REACÇÃO DEFINIÇÕES Nenhuma reacção química é instantânea, isto é, todas as reacções demoram um certo tempo, maior ou menor, a desenrolarem-se. A cinética química é o ramos da ciência que estuda a velocidade das reacções químicas. A partir de estudos cinéticos é possível tirar conclusões importantes sobre o modo como as reacções se dão e, actuando sobre certos factores (tempo, concentração, pressão, catalisadores, etc.) é possível colocar as reacções sob controle. A velocidade de uma reacção química caracteriza-se naturalmente pela variação do número de moléculas de qualquer reagente ou produto com o tempo. Para um sistema a volume constante, a velocidade de reacção pode ser expressa em função da variação das concentrações de reagentes ou produtos por unidade de tempo. Consideremos duas reacções químicas, genericamente representadas por: (1) A -----> B (2) X -----> Y e suponha-se que era possível seguir a reacção, isto é, determinar as concentrações de reagentes e produtos no decorrer do tempo: Variação das concentrações de reagentes e produtos de reacção em função do tempo Por simples inspecção destes gráficos é óbvio que a reacção A -----> B é mais rápida que a reacção X -----> Y porque na reacção (1) o consumo de reagentes por unidade de tempo é claramente maior que na reacção (2). A velocidade de uma reacção química está, assim,ligada ao declive das curvas "concentração = f(tempo)". Escola secundária de Monserrate 47 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Tal como acontece na Mecânica, é possível definir uma velocidade média, vm, como o quociente entre a variação da concentração e o intervalo de tempo respectivo: A -----> B vm = - ∆|A| ∆|B| =+ ∆t ∆t ----- [1] De facto, se a concentração de A varia de ∆ |A| (<0, pois a concentração do reagente A diminui) então, atendendo à estequiometria da reacção a concentração de B, |B|, aumenta, exactamente da mesma quantidade, ∆ |B| = - ∆ |A| >0. Assim, usando a expressão [1], a velocidade média da reacção pode definir-se, indeferentemente, a partir dos reagentes ou a partir dos produtos da reacção. Como a velocidade da reacção varia no decurso desta, há interesse em definir velocidade em cada instante, isto é, a velocidade instantânea; trata-se de fazer o intervalo de tempo ∆ t muito pequeno, isto é, fazer tender o intervalo de tempo ∆t tender para zero na velocidade média: v= lim v ∆ t->0 m lim |A| lim |B| = - ∆ t->0 ∆ t = + ∆ t->0 ∆ t e, como anteriormente, pode definir-se a velocidade, quer a partir do reagente quer a partir do produto da reacção. Porém, é preciso não esquecer a estequiometria da reacção. Por exemplo, para a reacção: 1 N2O5 ---------Æ 2 NO2 + 2 O2 atendendo a que a concentração de NO2 é dupla, e a de O2 é metade, da de N2O5 e ambas de sinal contrário a esta teremos: ∆ |N2O5| 1 ∆ |NO2| ∆ |O2| vm = =2 =2 ∆ t ∆t ∆t isto não é mais do que calcular o declive da secante no gráfico das concentrações de reagentes e produtos em função do tempo naquele intervalo de tempo ∆ t. Se quisermos calcular a velocidade instantânea: vm = - lim ∆ |N2O5| lim 1 ∆ |NO2| lim ∆ |O2| = = 2 ∆ t->0 ∆ t->0 2 ∆ t->0 ∆ t ∆t ∆ t isto não é mais do que calcular o declive da tangente ao ponto considerado no gráfico das concentrações em função do tempo. As velocidades instantâneas podem ser medidas pela incinação da tangente, em cada ponto, à curva da concentração dos reagentes (ou produtos) em função do tempo. Escola secundária de Monserrate 48 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Exemplo: Consideremos a reacção em fase gasosa N2O5 -----> 2 NO2 + (1/2) O2 cuja velocidade pode ser seguida pelo desaparecimento do reagente em função do tempo. A experiência mostra a seguinte variação da concentração com o tempo: Tempo (s) [N2O5]/∆ t (mol.dm-3.s-1) 0 [N2O5] ( mol.dm-3) 0,250 200 0.222 1,4 x 10-4 400 0,196 1,3 x 10-4 600 0,173 1,2 x 10-4 800 0,153 1,0 x 10-4 1000 0,136 8,5 x 10-5 1200 0,120 8,0 x 10-5 Pode- se verificar que no intervalo de tempo t=0 a t=200 s a diminuição de N2O5 foi de 0,250 - 0,222 = 0,028 mol.dm-3.No intervalo de tempo t=200 a t=400 s foi de 0,222 - 0,196 mol.dm-3 e, assim por diante tornando-se cada vez menor à medida que o reagente vai sendo consumido. Isto é, a velocidade diminui à medida que a reacção decorre. Para cada um desse intervalos pode-se definir uma velocidade média de reacção: vm = - [N2O5]t2 - [N2O5]t1 ∆ [N2O5] = t2 -t1 ∆t O sinal (-) aparece, porque se convenciona serem as velocidades de reacção expressas por grandezas positivas. No exemplo referido e para os primeiros 800 s de reacção, vm = (0,250 - 0,153) = 1,2 x 10-4mol.dm-3.s-1 (800 - 0) Como já dissemos as velocidades instantâneas podem ser medidas pela inclinação da tangente, em cada ponto, à curva da concentração dos reagentes em função do tempo. Para o exemplo considerado representa-se |N2O5| em função de t: Escola secundária de Monserrate 49 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Variação de |N2O5| com o tempo e velocidade Para t = 600 s Para t=600 s tira-se a tangente à curva, v= (0,071 mol dm-3) -4 -3 -1 (850-400) s = 1,6 x 10 mol.dm s Em particular, a velocidade inicial da reacção é obtida traçando a tangente à curva para t=0 s. 2.- LEI CINÉTICA E CONSTANTE ESPECÍFICA DA VELOCIDADE 2.1.- EFEITO DA CONCENTRAÇÃO O efeito da concentração dos diferentes componente de uma mistura na velocidade da reacção pode ser avaliado experimentalmente pela medida da velocidade da reacção em função da concentração de um dos reagentes, mantendo a concentração dos outros constantes. Por exemplo para a reacção em fase gasosa O2 + 2 H2 -------> H2O as velocidades iniciais variam com a concentração inicial dos reagentes, |H2|i e |O2|i, como se indica: |H2|i (mol.dm-3) 2,0 x 10-3 2,0 x 10-3 4,0 x 10-3 |O2|i (mol.dm-3) 4,0 x 10-3 8,0 x 10-3 4,0 x 10-3 vi (mol.dm-3.s-1) 5,7 x 10-7 11,4 x 10-7 22,8 x 10-7 Verifica-se destes valores que a velocidade de reacção vi duplica quando |O2|i duplica, mantendo |H2|i a mesma. Logo, vi é proporcional a |O2|i. Por outro lado, vi quadriplica quando |H2|i duplica, Escola secundária de Monserrate 50 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente mantendo |O2|i na mesma, o que revela ser vi proporcional ao quadrado da concentração de H2. Por conseguinte, vi = k |O2|i . |H2|2 [2] onde k é uma constante de proporcionalidade designada por constante específica da velocidade da reacção em causa, pois é característica de cada reacção. Esta constante é independente das concentrações dos reagentes, mas varia com a temperatura. A expressão anterior, [2], é por vezes, conhecida por lei da velocidade da reacção ou lei cinética para a reacção em causa. Na expressão [2] os expoentes das concentrações coincidem com os coeficientes dos respectivos símbolos na equação química. Não se fique porém com a ideia de que isto é sempre assim. Em geral até nem é. Repare-se que a própria equação química pode ser escrita na forma: H2 + (1/2) O2 --------> H2O e, no entanto, a velocidade continua a depender das concentrações segundo a equação [2]. A lei da velocidade não se pode obter directamente da estequiometria da reacção; tem de ser sempre determinada experimentalmente para cada reacção. 2.2.- ORDEM DA REACÇÃO Na lei da velocidade da reacção, os expoentes que afectam as concentrações das substâncias designam-se por ordens parciais e a soma desses expoentes por ordem total da reacção. Assim, a reacção O2 + 2 H2 -------> H2O é de 2ª ordem em relação a H2 e de 1ª em relação a O2; a ordem total é 3. Embora poucas, algumas reacções apresentam ordem total zero. É o caso, em determinadas condições, de 2 NH3 (g) --------> N2(g) + 3 H2(g) com v=k Isto significa que o processo anterior pode ocorrer a uma velocidade que é independente de todas as concentrações. Algumas reacções têm ordens negativas e outras ordens fraccionárias. Escola secundária de Monserrate 51 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 1.- Considere a reacção A + B o C Realizaram-se três ensaios, à mesma temperatura, para determinar a velocidade inicial da reacção. Os resultados foram: Ensaios |A| -3 (mol dm ) 1 2 3 |B| -3 (mol dm ) 0,10 0,10 0,05 V -3 -1 (mol dm s ) 0,10 0,05 0,10 0,0014 0,0014 0,0007 1.1 Qual a ordem da reacção em relação ao reagente A? 1.2 Qual a ordem da reacção em relação ao reagente B? 1 3 Qual será a lei cinética desta reacção? 14 De que tipo serão as curvas que representam graficamente a variação da velocidade desta reacção em função da concentração dos reagentes? 1.5.- Qual será o valor da constante cinética desta reacção? RESOLUÇÃO: 1.1.- Vejamos a relação entre as concentrações nos ensaios 1 e 3: -3 |A|1 0,10 mol dm 2 = -3 = 1 |A|3 0,05 mol dm e a razão entre a velocidade da reacção para os dois ensaios: -3 -1 v1 0,0014 mol dm s 2 = -3 -1 = 1 v3 0,0007 mol dm s |A|1 v1 2 = = |A|3 v3 1 Verifica-se que: Há proporcionalidade directa entre a velocidade da reacção e a concentração do reagente A. Logo: vem relação ao reagente A = k’ [A] Ordem parcial da reacção em relação ao reagente A = 1 1.2 - Para verificarmos a relação entre a velocidade da reacção e a concentração do reagente B temos de comparar os resultados obtidos para os ensaios 1 e 2. Verifica-se que nestes ensaios a velocidade reaccional não variou. Donde: A velocidade da reacção é independente da concentração de B A reacção é de ordem zero em relação ao reagente B 1.3.- 1 0 v = k |A| . |B| 1.4.- em relação ao reagente A será uma semi- v (mol dm-3) -recta com início na origem dos eixos; em relação ao reagente B será uma semi-recta paralela ao eixo de c (concentração). 1.5.- v = k |A| v <==> k = |A| -3 -1 0,0014 mol dm s 1 k= = 0,014 s- . -3 0,10 mol dm Escola secundária de Monserrate Ordem 1 em relação a A Ordem 0 em relação a A creagentes (mol dm-3) 52 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente FICHA DE TRABALHO – QUÍMICA F5 1.- Abaixo estão alguns dados recolhidos numa série de experiências sobre a reacção do óxido nítrico com o bromo: 2 NO(g) + Br2(g) ------> 2 NOBr(g) (a 273 oC) concentração inicial (mol.dm-3) velocidade inicial NO Br2 (mol.dm-3.s-1) 0,1 0,1 0,1 0,2 0,3 0,1 0,2 0,3 0,1 0,1 12 24 36 48 108 Determine a lei das velocidades para a reacção e calcule a constante e velocidade. [R.: v = k [NO]2 [Br2] ; k = 1,2 x 104 (dm3)2/mol2.s] 2.- Os seguintes dados referem-se à determinação da velocidade da reacção do brometo t-butila, (CH3)3CBr, com o ião hidróxido OH-, a 55 oC (CH3)3CBr + OH- --------> (CH3)3OH + Brconcentraçäo inicial velocidade inicial (CH3)3CBr (mol.dm-3) (CH3)3CBr OH0,10 0,20 0,30 0,10 0,10 (mol.dm-3.s-1) 0,10 0,10 0,10 0,20 0,30 0.0010 0,0020 0,0030 0,0010 0,0010 Qual a lei da velocidade e a constante cinética para esta reacção. [R.: v = k|(CH3)3CBr|1 x |OH-|0 = k|(CH3)3CBr| ; k = 0,010 s-1] 3.- A 27 oC a reacção 2 NOCl ------> 2 NO + Cl2 tem a seguinte dependência da velocidade com a concentração: concentração inicial de NOCl (mol dm-3) 0,30 velocidade inicial (mol dm-3 s) 0,60 3,6 x 10-9 1,44 x 10-8 0,90 3,24 x 10-8 3.1.- Qual a lei das velocidades para esta reacção. [R.: v = k |NOCl|2] 3.2.- Qual a constante de velocidade. [R.: k = 4 x 10-8 dm3mol-1s-1] 3.3.- De que factor deveria aumentar a velocidade se a concentração inicial do NOCl fosse aumentada de 0,30 para 0,45 mol.dm-3? [R: 2,25] 4.- Para a reacção 2 N2O5 -----> 4 NO2 + O2 obtiveram-se os seguintes resultados experimentais: t (s) -3 ¦N2O5¦ (mol.dm ) 0 300 600 900 1200 1500 1800 0,500 0,431 0,370 0,319 0,275 0,237 0,204 -3 ¦NO2¦ (mol.dm ) -3 ¦O2¦ (mol.dm ) 0 0 0,138 0,034 0,260 0,065 Determine a velocidade média entre t1=600 s e t2=900 s. Escola secundária de Monserrate 0,362 0,090 0,450 0,112 0,526 0,131 0,592 0,148 [R.:8,3 x 10-5 mol dm-3s-1] 53 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 5.- A 27 oC a reacção 2 NOCl ------> 2 NO + Cl2 tem a seguinte dependência da velocidade com a concentração: concentração inicial de NOCl (mol/dm3) 0,30 velocidade inicial (mol dm-3 s) 3,6 x 10-9 0,60 1,44 x 10-8 0,90 3,24 x 10-8 1,05 X Y 5,76 x 10-8 [R.: X=4,41 x 10-8 ; Y=1,2] Determine os valores de X e Y. 6.- Para a reacção 2 N2O5 -----> 4 NO2 + O2 obtiveram-se os seguintes resultados experimentais: t (s) |N2O5| (mol.dm-3) 0 0,500 300 0,431 600 0,370 900 Z |NO2| (mol.dm-3) 0 0,138 0,260 0,362 0 0,034 W 0,090 -3 |O2| (mol.dm ) Determine: 6.1.- A velocidade média entre t1=600 s e t2=900 s. 6.2.- Os valores de Z e W. Escola secundária de Monserrate [R.:8,3 x 10-5 mol dm-3s-1] [R.: Z=0,320 ; W=0,065] 54 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Escola secundária de Monserrate 55 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente REACÇÕES REVERSÍVEIS O estudo que se segue sobre os sistemas reaccionais refere-se a sistemas fechados que são aqueles em que não há troca de matéria entre o sistema e a sua vizinhança. Nestes sistemas não pode haver fuga de matéria para o exterior do sistema, como por exemplo libertação de gases, nem se lhe pode estar continuamente a adicionar ou a retirar constituintes, o que éuma técnica muito corrente nos processos industriais de fabrico. Os sistemas em que há trocas de matéria entre o sistema e o seu ex2- Fig.1. Reacção entre iões S2O8 e iões I , em fase gasosa, pode considerar-se, em aproximação, um sistema fechado terior chamam-se sistemas abertos. Há sistemas abertos que, em aproximação, podemos considerar fechados: é o caso de sistemas em fase aquosa contidos em recipientes abertos. Desde que os seus constituintes não sejam voláteis e que o tempo de reacção Mg(s)+2 HCl(aq) -Æ MgCl2(aq)+H2(g) 2 Na(s)+2 H2O(l)Æ 2 NaHO(aq)+H2(g) MgCl2(aq)+ H2(g) Æ Mg(s)+ 2 HCl(aq) Não ocorre reacção 2 NaHO(aq)+H2(g)Æ 2 Na(s)+2 H2O(l) não ocorre reacção seja tal que permita uma quantidade mínima de água evaporada, podemos considerá-los fechados (Fig. 1). Algumas das reacções químicas estudadas anteriormente podem ser consideradas reacções completas, mesmo quando se processam em sistema fechado. É o caso das reacções do magnésio com o ácido clorídrico ou do sódio com a água. Mesmo que ocorram sem deixar escapar o hidrogénio, elas prosseguem até que o metal se consuma por completo, sendo apenas necessário que exista ácido ou água em quantidade Suficiente para se darem as reacções. Em qualquer destes sistemas reaccionais, mesmo que durante algum tempo os produtos de reacção continuem em contacto, estes não regeneram os reagentes. Se partirmos de sistemas iniciais formados por hidrogénio e solução aquosa de Coreto de magnésio ou solução aquosa de hidróxido de sódio, à temperatura ambiente e à pressão atmosférica normal, não há reacção. As reacções inversas das anteriores não ocorrem nas condições normais. Reacção completa em sistema aberto Por reacção inversa entende-se a reacção oposta à que se considera. Por exemplo: A + B ----Æ C Esta é a reacção directa: Reagentes ---Æ Produtos de reacção. A reacção oposta será: C ---Æ A + B Esta é a reacção inversa: Produtos de reacção ---Æ Reagentes. Quando num sistema fechado só tem lugar a reacção directa, diz-se que esta é irreversível: a reacção inversa não ocorre nas condições do sistema reaccional. Escola secundária de Monserrate 56 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 1.- IMAGEM QUALITATIVA E VISUAL PARA SUGERIR O EQUILÍBRIO É de todos conhecido o facto de que o vinho passa a vinagre, mas o vinagre não passa a vinho; se ainda não se deram conta disto podem fazer a experiência em casa. Para isso basta deixar o vinho ao ar de um dia para o outro e...cheirá-lo no dia seguinte. É uma reacção que não tem "regresso"! EXPERIÊNCIA: Prepare dois tubos de ensaio, um com uma solução de dicromato de potássio, e outro com solução de cromato de potássio. Ao primeiro adicionar umas gotas de solução de hidróxido de sódio. Repare nas variações de cor. Ao tubo que contém cromato, adicione solução de HCl às gotas. Anote as diferenças de cor: TUBO 1 EXPERIÊNCIA TUBO 2 K2Cr2O7 (Laranja) POR ADIÇÃO DE COR K2CrO4 (Amarelo) POR ADIÇÃO DE COR 1 NaHO (aq) (amarelo) HCl (aq) (Laranja) 2 HCl (aq) (laranja) NaHO (aq) (amarelo) Comparando as cores obtidas na primeira experiência...parece que os tubos trocaram de posição! Por adição de HCl(aq) e NaHO(aq) nos tubos trocados na experiência 2, parece que voltamos a verificar o mesmo! Interessante!... 2.- EQUILÍBRIO QUÍMICO (NOÇÃO) Da experiência anterior parece que o dicromato se transforma no cromato e vice-versa. Ou seja podemos escrever as reacções: Cr2O72-(aq) -----Æ 2 CrO42-(aq) 2 CrO42-(aq) -----Æ Cr2O72- (aq) ou seja podemos escrevê-las numa única equação: Cr2O72-(aq) 2 CrO42-(aq) que correctamente bem escrita deverá ser: (mais tarde aprenderá porquê) Cr2O72-(aq) + H2O(l) 2 CrO42-(aq) + 2 H+ Temos assim uma reacção que pode ocorrer em dois sentidos: - sentido (1) ou sentido directo - sentido (2) ou sentido inverso São as chamadas reacções reversíveis (incompletas) que se podem dar em 2 sentidos. A reacção inversa coexiste com a sua inversa, sendo este facto indicado na equação química por uma seta dupla ( ) Ao adicionar a solução de hidróxido ao tubo que tinha dicromato, a sua mudança de cor não se fazia instantaneamente, agitava-se ou mexia-se e passando este tempo a cor permanecia constante. Importa reter que as concentrações de reagentes e produtos se mantinham constantes e que até isto acontecer pode levar mais ou menos tempo. A partir daquele momento diz-se que o sistema está em equilíbrio. Reagentes e produtos atingiram um estado de equilíbrio. Reacções químicas reversíveis são reacções de equilíbrio, ou seja, atingem um estado de equilíbrio. Importa referir as condições em que o sistema atinge o equilíbrio: - Temperatura constante - O sistema deve ser fechado, isto é, não deve haver trocas de massa do sistema com o exterior. Escola secundária de Monserrate 57 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 3.- O EQUILÍBRIO QUÍMICO É UM EQUILÍBRIO DINÂMICO Daquilo que está dito pode surgir a pergunta: "Quando sei que parou a reacção, que o sistema está em equilíbrio? " Na verdade, o sistema atinge o equilíbrio, mas a reacção continua a dar-se; só que a reacção num sentido e no outro se dão com a mesma velocidade e, consequentemente, o efeito macroscópico não varia, isto é, as concentrações mantém-se constantes Uma pequena história ajudará a compreender o que realmente se passa. Imagine-se que temos 30 chineses (devido às suas características fisionómicas serem muito idênticas entre eles), todos do mesmo tamanho, vestidos todos de igual e dispostos em duas salas contíguas, conforme o esquema: Estão 10 numa sala e 20 noutra. A distância entre V1 dois chineses sucessivos é a mesma para todos. Cada um está voltado para as costas do outro. Pede-se o bilhete de identidade de cada um dos que estão na sala 1 e registamse os dados do bilhete. Põe-se uma orquestra a tocar uma V2 sala 1 sala 2 marcha e eles começam a marchar, e todos eles têm o mesmo ritmo. Reparemos no que se passa: Na sala 1 estão sempre 10 chineses,mas não são sempre os mesmos; a velocidade c com que entram na sala é a mesma que as dos outros que saem. A um dado momento, mandando parar a marcha, pede-se aos que estão na sala 1 o bilhete de identidade e o que se verifica? Não são os mesmos que se tinham registado! Se, por mero, acaso acontecer serem os mesmos, não estiveram sempre ali, passaram uma, duas ou mais vezes pela sala 2. Esquematizando as duas analogias: Na história No equilíbrio a) O número de chineses em cada uma das salas é produtos por unidade de volume (concentração) é constante. constante. b) A velocidade com que entram numa sala é igual à velocidade com que saem. a) A nível macroscópico - o número de moles de reagentes e b) A nível microscópico - a velocidade de reacção num sentido é igual à velocidade no outro – equilíbrio dinâmico. Resumindo: Características do estado de equilíbrio químico: Apesar de não haver alteração das propriedades macroscópicas de um sistema quando ele atinge o estado de equilíbrio, nomeadamente as concentrações dos seus constituintes, as reacções directa e inversa continuam a ocorrer. Por isso se diz que é dinâmico. Considere, agora o equilíbrio representado na equação química genérica: A + B C + D A concentração de A mantém-se, apesar de a reacção directa se continuar a processar. Para que isto suceda, o constituinte A tem de ser regenerado pela reacção inversa a mesma velocidade com que é consumido. Quanto ao constituinte C, a sua concentração também de mantém, apesar da reacção inversa se continuar a processar, o que significa que, do mesmo modo, C é regenerado à mesma velocidade com que é consumido. Escola secundária de Monserrate 58 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente E o mesmo se passa com B e D. Este facto constitui outra característica do equilíbrio químico: No equilíbrio químico vd = vi No equilíbrio a velocidade de reacção directa (vd) é igual à velocidade da reacção inversa (vi) A teoria das colisões dá uma interpretação microscópica do estado de equilíbrio. Supondo que no início só existem reagentes no sistema reaccional, as colisões eficazes verificadas devem-se somente às partículas desses reagentes: o número de partículas reagentes no sistema diminui e começam a aparecer partículas produto. Como o número de partículas reagentes no sistema reaccional diminui, diminui também a probabilidade de colisão entre elas: a velocidade de reacção directa diminui. Paralelamente, aumenta o número de partículas do produto no sistema, o que faz aumentar a probabilidade de colisão entre elas: a velocidade de reacção inversa aumenta regenerando os reagentes. Estes dois processos evoluem até que, a partir de um dado momento, o número de partículas reagentes consumidas num instante é compensado pelo número de partículas reagentes regeneradas pela reacção inversa. Nesse instante te a velocidade da reacção directa é igual à velocidade da reacção inversa: o sistema atingiu o estado de equilíbrio (Fig. ao lado). A situação de equilíbrio químico pode ser atingida para diferentes percentagens de conversão dos reagentes em produtos de reacção. Tudo depende da extensão da reacção directa do sistema reaccional em estudo. Quando, no equilíbrio, as concentrações dos produtos de reacção prevalecem sobre as dos reagentes é sinal de que a reacção directa é mais extensa que a sua inversa, e será tanto mais extensa quanto maiores forem as concentrações dos produtos de reacção relativamente às dos reagentes. Um exemplo de reacção directa muito extensa é a do equilíbrio químico entre 2- 2- os iões cromato (CrO4 ) e os iões dicromato (Cr2O7 ) em meio ácido: 2- + 2 CrO4 (aq) + 2 H (aq) 2- Cr2O7 (aq) + H2O(l) Os iões cromato dão uma coloração amarela intensa às soluções em que estão presentes. Já as soluções de iões dicromato são de cor laranja. Ao adicionarmos umas gotas de ácido à solução de cromato atinge-se o equilíbrio e a cor do sistema estabiliza para um tom alaranjado, mostrando que a concentração dos iões dicromato, no equilíbrio, é superior à dos iões cromato. A extensão da reacção directa no estado do equilíbrio, varia consoante o sistema reaccional. Escola secundária de Monserrate 59 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Há situações em que a reacção directa é pouco tão extensa que, em termos práticos, não se verifica. Um exemplo é a decomposição da água em sistema fechado. 2 H2O (l) H2 (g) + O2 (g) A quantidade de água que se transforma em oxigénio e hidrogénio é tão pequena que consideramos esta reacção como inexistente. 0% Não há reacção Percentagenm de conversão de reagentes A posição do equilíbrio químico está entre estas duas posições limite Sistema em equilíbrio: Exemplo de reacção directa pouco extensa 100% Reacção completa Sistema em equilíbrio: exemplo de reacção directa extensa Quando uma dada reacção é pouco extensa mas é importante pelo produto de reacção que dela se obtém, o estado de equilíbrio é sujeito á acção de vários factores externos, com o objectivo de aumentar a extensão da reacção directa de modo a aumentar-lhe o rendimento. Uma outra característica do equilíbrio químico é que: A extensão da reacção directa não depende do tempo que o sistema leva a atingir o estado de equilíbrio. Escola secundária de Monserrate 60 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Informações sobre o equilíbrio através das curvas de variação das concentrações dos reagentes e dos produtos de reacção, em função do tempo. As curvas de variação das concentrações dos reagentes e produtos de reacção, em função do tempo, dão-nos informações quanto às características dos sistemas reaccionais representados. ♦ Permitem-nos saber se o sistema atinge o estado de equilíbrio ou se se trata de uma reacção irreversível Exemplo 1 Exemplo 2 Sistema reaccional A ---Æ B Sistema reaccional A Neste sistema reaccional esgota-se o reagente A. Trata-se de uma reacção irreversível. B Neste caso atinge-se o estado de equilíbrio para te, instante a partir do qual as concentrações de A e B não variam ♦ Permitem-nos conhecer as concentrações iniciais do sistema em estudo, bem como as concentrações do equilíbrio Exemplo 3 Sistema reaccional A + B Escola secundária de Monserrate 2C Constituintes do sistema Concentração inicial -3 (mol. dm ) Concentração no equilíbrio -3 (mol.dm ) A 0,100 0,050 B 1,000 0,950 C 0,300 0,400 61 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente ♦ Estes gráficos permitem-nos, ainda, obter informações quanto à extensão da reacção directa em relação à inversa. Basta comparar Exemplo 4 Sistema reaccional A B as concentrações, no equilíbrio, dos diferentes constituintes do sistema reaccional. A análise do gráfico ao lado mostra a composição do sistema reaccional no início e no equilíbrio. Constituintes do sistema Concentração inicial -3 (mol. dm ) Concentração no equilíbrio -3 (mol.dm ) A 1,00 0,20 B 0,00 0,80 A concentração dos produtos de reacção, no estado de equilíbrio, é 4 vezes superior à do reagente. A reacção directa é mais extensa que a inversa. Já o gráfico seguinte mostra uma taxa de conversão de reagente em produto bem mais Exemplo 5 Sistema reaccional A B pequena. Constituintes do sistema Concentração inicial -3 (mol. dm ) Concentração no equilíbrio -3 (mol.dm ) A 1,000 0,700 B 0,000 0,300 Neste caso, a concentração de reagente, no estado de equilíbrio, é superior à do produto de reacção. A reacção directa é menos extensa que a inversa. Quando se pretende representar a concentração inicial de um dado constituinte de um sistema, escreve-se [A]i. Se nos referirmos à concentração do mesmo constituinte no equilíbrio, escrevemos [A]e. Escola secundária de Monserrate 62 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente LEI DO EQUILïBRIO QUïMICO O equilíbrio faz parte da Natureza! Cada um de nós faz parte da Natureza... Vejamos a seguinte tabela de valores de concentrações de equilíbrio em fase gasosa: hidrogénio,iodo e iodeto de hidrogénio. I (g) + H (g) 2 2 HI (g) , a 698 K (425 ºC) 2 |H (g)| (mol.dm 2 3 ) - |I (g)| 2 (mol.dm) |HI (g)| (mol.dm-3) 0,48 x 10 -3 0,48 x 10-3 3,53 x 10-3 2 0,50 x 10 -3 0,50 x 10-3 3,66 x 10-3 3 1,14 x 10 -3 1,14 x 10-3 8,41 x 10-3 Experiência 1 3 Ao olhar para estes valores, poderemos perguntar qual o interesse deles. Tentemos, então verificar se há alguma relação entre eles. Experimentemos algumas hipóteses: 1.- Calcule o quociente entre as concentrações dos produtos da reacção e o produto (matemático) das concentrações dos reagentes, isto é, a razão |HI(g)|eq |I2(g)|eq.|H2(g)|eq para cada uma das experiências efectuadas. 2.- De igual modo, calcule, para cada experiência, o quociente anterior, mas em que cada um dos factores é elevado |HI(g)|2eq ao respectivo coeficiente estequiométrico, ou seja a razão, |I (g)| .|H (g)| 2 eq 2 eq Escola secundária de Monserrate 63 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Que resultados obtém? Que conclusão pode tirar destes resultados? Proponha para uma reacção de equilíbrio, uma expressão geral que traduza a conclusão da alínea anterior. Compare a sua conclusão que tirou anteriormente e verifique se tem alguma semelhança com: A razão entre os produtos das concentrações dos produtos da reacção e o produto das concentrações dos reagentes desde que essas concentrações sejam elevadas aos respectivos coeficientes estequiométricos é constante. Este é o chamado enunciado da lei do equilíbrio químico. Verifique também que a razão |HI(g)|2eq |I2(g)|eq.|H2(g)|eq é constante (lei do equilíbrio químico) Costuma-se representar esta razão por Kc e designa-se por contante de equilíbrio da reacção em causa. Escola secundária de Monserrate 64 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente A CONSTANTE DE EQUILIBROU—Kc Qualquer sistema reaccional reversível entra em equilíbrio, à temperatura a que a reacção decorre, para determinados valores das concentrações de reagentes e produtos da reacção. Sabe-se hoje que essas concentrações de equilíbrio não são aleatórias, seguindo uma relação matemática que traduz o estado de equilíbrio. Considere o sistema reaccional. H2 (g) + I2 (g) 2 Hl (g) O estado de equilíbrio deste sistema é caracterizado pela seguinte expressão [HI]e2 Kc = [H ] x [I ] 2 e 2 e Kc é o valor numérico que traduz o quociente entre as diferentes concentrações de equilíbrio e é um valor constante, para uma dada temperatura e para um dado sistema reaccional, quaisquer que sejam as concentrações iniciais dos constituintes desse sistema. A Kc dá-se o nome de constante de equilíbrio. Note-se que as concentrações que intervêm na expressão de Kc, são as concentrações de equilíbrio dos constituintes do sistema e estão elevadas aos respectivos coeficientes estequiométricos. Os valores da constante de equilíbrio (Kc) estão tabelados para os diferentes sistemas reaccionais e para as diferentes temperaturas, e dizem-nos se, num dado sistema reaccional, a reacção directa é muito ou pouco extensa. Considere-se o sistema genérico aA+bB cC+dD A expressão da constante de equilíbrio para este sistema é c d [C]e x [D]e Kc = a b [A]e x [B]e Se KC >> 1, a reacção directa é muito extensa: o numerador da fracção é bastante superior ao denominador, o que mostra que as concentrações dos produtos da reacção são superiores às dos reagentes. Se KC << 1, a reacção inversa é muito extensa: o numerador da fracção é inferior ao denominador, pelo que prevalecem no equilíbrio os reagentes. O conhecimento da constante de equilíbrio de um sistema reaccional é também muito útil para se poder prever a evolução desse sistema. Considere-se de novo o sistema H2 (g) + I2 (g) 2 Hl (g). A constante de equilíbrio para este sistema reaccional, à temperatura de 250 °C, é KC = 50. Supondo que num dado instante as Concentrações de equilíbrio dos constituintes deste sistema, à temperatura de 250 °C, eram: [H2] = 0,1 mol dm -3 [H2] = 0,05 mol dm -3 -3 [HI] = 0,03 mol dm podemos verificar se este sistema se encontra ou não em equilíbrio. Basta calcular o quociente (Q) do sistema nestas condições e compará-lo com o valor de KC. [HI]2 (0,03)2 Qc = [H ] x [I ] ⇔ Q = (0,1) x (0,05) = 1,8 x 10-1 2 2 Neste caso Q < Kc; o sistema não está em equilíbrio. Escola secundária de Monserrate 65 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Para o alcançar, deverá aumentar a concentração em iodeto de hidrogénio (Hl), e o sistema evoluirá consumindo reagentes e formando produtos de reacção. O sistema evolui no sentido da reacção directa até que Q = Kc. Se Q = KC, o sistema já atingiu o equilíbrio. Se Q > K, o sistema vai alcançar o equilíbrio diminuindo a concentração dos produtos de reacção. O sistema evolui no sentido da reacção inversa até que Q = Kc. IMPORTÂNCIA DAS CONSTANTES DE EQUILÍBRIO Que informações nos dão as constantes de equilíbrio ? Dizendo de outra forma: - Que partido podemos tirar do facto de conhecermos as constantes de equilíbrio? Pode-se: a) Quando postos reagentes e produtos em contacto prever o sentido em que a reacção ocorre. b) Saber a extensão em que a reacção se dá, isto é, o rendimento da reacção. c) Prever concentrações no equilíbrio. Nada melhor que dois exemplos para entendermos o que acabamos de dizer. EXEMPLO 1 Considere o equilíbrio A (g) B (g) cujo valor da constante de equilíbrio a 25 (adimensional). 3 Quando se coloca 0,5 mole de A num recipiente de 50 cm de volume: o C é 2,5 1.1.- Diga em que sentido ocorre a reacção. 1.2.- Qual a extensão da reacção em termos de rendimento percentual (em percentagem). 1.3.- Quais as concentrações no equilíbrio. 1.4.- Esboce o gráfico das concentrações dos reagentes e produtos em função do tempo. 1.5.- Que acontecerá ao gráfico se juntar um catalisador na reacção ? Esboce o gráfico e faça notar as diferenças. EXEMPLO 2 Resolva o problema anterior mas em que além da meia mole de A existe uma mole de B inicialmente no recipiente. EXEMPLO 3 Nos gráficos 1 e 2 estão re+presentadas, para dois sistemas reaccionais, as variações das concentrações dos reagentes e dos produtos, ao longo do tempo. Em relação ao gráfico 1: - Trata-se de uma reacção completa ou incompleta? Justifique. - Qual das substâncias A ou b é o produto da reacção ? Porquê? Em relação ao gráfico 2: - Quantos reagentes constituem o sistema reaccional? - Por que atingem o eixo dos tempos as curvas correspondentes às substâncias C e D? Escola secundária de Monserrate 66 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente FACTORES QUE ALTERAM A POSIÇÃO NO EQUILÍBRIO PRINCÍPIO DE LE CHÂTELIER Há variáveis físicas ou factores, capazes de alterar a posição do equilíbrio de um qualquer sistema reaccional. São eles: a concentração dos constituintes do sistema, a sua temperatura, e a pressão ou o volume quando se encontram em fase gasosa. Pode prever-se o seu efeito no equilíbrio químico, através do princípio de Le Châtelier. O princípio de Le Châtelier é uma regra que traduz as observações experimentais registadas quando, devido a perturbações externas, são alteradas as condições de composição, temperatura, pressão e volume de um sistema em equilíbrio. Segundo este princípio: Sempre que um sistema em equilíbrio é sujeito a uma perturbação externa, ele reage a essa perturbação contrariando-a, de modo a atingir de novo o estado de equilíbrio. 1.- Perturbação por variação das concentrações no estado de equilíbrio Voltemos à experiência sobre o equilíbrio cromato/dicromato descrita já anteriormente. 2- + 2- Cr2O7 (aq) + H2O(l) (laranja) 2 CrO4 (aq) + 2 H (aq) (amarelo) Quando se adiciona hidróxido de sódio ao sistema em equilíbrio, ele reage com o ácido sulfúrico presente no sistema segundo a equação: - + HO (aq) + H (aq) ------Æ H2O(l) + Como resultado, diminui a concentração dos iões H presentes no sistema. O sistema irá + «responder» contrariando esta perturbação, ou seja, aumentando a concentração em iões H através da reacção inversa: Assim, aumenta o consumo de iões dicromato e de água com formação de iões cromato e iões hidrogénio, até o sistema atingir de novo o equilíbrio. Diz-se que o sistema evoluiu no sentido da reacção inversa: a solução fica mais amarela. 2- + 2 CrO4 (aq) + 2 H (aq) + 2- Cr2O7 (aq) + H2O(l) - 2 HO (aq) 2 H2O (aq) + Quando se adiciona ácido ao sistema reaccional, aumenta-se a concentração em H . O sistema + 2responde consumindo iões H e iões CrO4 através da reacção directa. A nova posição do equilíbrio irá atingir-se para uma maior concentração em iões dicromato; o sistema evoluiu no sentido da reacção directa: a solução fica mais alaranjada + + H (aq) 2- + 2 CrO4 (aq) + 2 H (aq) Escola secundária de Monserrate 2- Cr2O7 (aq) + H2O(l) 67 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Escola secundária de Monserrate 68 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Temos, então, e em geral o seguinte: Perturbação externa Evolução do sistema Aumento de [reagentes]e Diminuição de [reagentes]e Nova posição do equilíbrio No sentido da reacção directa [Produtos]e aumenta No sentido da reacção inversa [Produtos]e diminui No sentido da reacção inversa [Reagentes]e aumenta No sentido da reacção directa [Reagentes]e diminui Aumento de [produtos]e Diminuição de [produtos]e Nota: [reagentes]e = concentração dos reagentes, no estado de equilíbrio. [produtos]e = concentração dos produtos, no estado de equilíbrio. Os gráficos seguintes mostram as variações da concentração dos constituintes do sistema reaccional à medida que o sistema evolui também nos mostram as alterações ao estado de equilíbrio. Considere o sistema genérico A B Exemplo 1: Exemplo 2: Perturbação por aumento da concentração de equilíbrio do reagente. Perturbação por diminuição da concentração de equilíbrio do reagente. Exemplo 3: Exemplo 4: Perturbação por aumento da concentração de equilíbrio do produto de reacção. Perturbação por diminuição da concentração de equilíbrio do produto de reacção. A adição de catalisadores ao sistema reaccional não afecta o equilíbrio químico. Apenas contribui para que ele seja atingido mais rapidamente, uma vez que aumenta a velocidade das reacções. Escola secundária de Monserrate Nota: t’e é o instante a partir do qual se atinge o novo estado de equilíbrio 69 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 2.- Perturbação por alteração da pressão do sistema em equilíbrio Podem ser alteradas as condições de equilíbrio de um sistema modificando-se a pressão a que ele está sujeito ou o seu volume. Estas alterações, contudo, só têm efeito nos sistemas em que há constituintes gasosos, uma vez que os sólidos e os líquidos são muito pouco compressíveis. A B Para se entender o efeito que uma variação de pressão ou de volume provoca num equilíbrio em fase gasosa, convém recordar que as partículas gasosas se movem caoticamente por todo o espaço disponível no vaso onde se encontram encerradas. Desse movimento resultam colisões entre as partículas e com as paredes do vaso, que são a origem da pressão a que se encontra a mistura gasosa. Quanto mais partículas houver, por cada unidade de volume de gás, iIgual volume para os dois sistemas mas mais partículas em A. A pressão em A é maior Considerando o equilíbrio A B em Fase gasosa e pe a pressão a que o sistema se encontra, no equilíbrio, verifica-se que pe = peA + peB em que peA é a pressão parcial do constituinte A no equilíbrio e PeB é a pressão parcial do constituinte B, também no equilíbrio. maior é a pressão da mistura gasosa, desde que se mantenha constante a temperatura. Se houver vários constituintes numa mistura gasosa, cada um deles é responsável por uma fracção dessa pressão, a que chamamos pressão parcial do gás e que será maior ou menor, consoante a concentração desse gás seja, em proporção, maior ou menor que as concentrações dos outros constituintes gasosos. Como as pressões parciais dos diferentes constituintes da fase gasosa são directamente proporcionais às respectivas concentrações, os equilíbrios em fase gasosa também podem ser descritos em função dessas pressões parciais. Se quisermos aumentar a pressão de um sistema em equilíbrio a temperatura Antes Depois constante, podemos proceder de duas maneiras: • se ele estiver encerrado num vaso fechado de volume constante, injecta-se para dentro do vaso um gás inerte. Deste modo aumenta o número de partículas na mistura gasosa e aumenta-se a pressão total do sistema. Como o gás introduzido não reage com os constituintes do sistema, a sua introdução não acarreta alterações nas concentrações dos mesmos; • se o vaso onde o sistema se encontra for deformável, diminui-se o Antes Depois volume ocupado pela mistura gasosa, o que faz aumentar o número de colisões por unidade de volume do sistema e, por conseguinte, aumenta também a pressão. Este é, efectivamente, o processo mais fácil de aumentar a pressão. Do mesmo modo, se quisermos diminuir a pressão de uma mistura gasosa, a temperatura constante, o processo mais fácil é aumentar o seu volume. Escola secundária de Monserrate 70 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Considere-se o sistema em fase gasosa correspondente à síntese do amoníaco: N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g) Que acontecerá se aumentarmos a pressão total do sistema em equilíbrio? O sistema responde consumindo partículas de modo a contrariar esse aumento de pressão. A reacção que provoca uma diminuição de partículas no sistema é a reacção directa: 4 moles de partículas reagentes originam apenas 2 moles de partículas do produto. O sistema evoluirá no sentido da reacção directa, consumindo azoto e hidrogénio e formando mais amoníaco, até atingir nova posição do equilíbrio. Se diminuirmos a pressão aumentando o volume do sistema reaccional, o sistema responderá, agora, aumentando o número de partículas do sistema, para repôr o equilíbrio. A reacção que conduz a um aumento de partículas no sistema é a reacção inversa: 2 partículas de amoníaco formam 4 partículas no total. O sistema evoluirá no sentido da reacção inversa. Para os sistemas reaccionais em que não há alteração do número total de moles do sistema ao longo da reacção, a alteração da pressão ou do volume não produz efeito nenhum. Um exemplo é o equilíbrio I2(g) + H2(g) 2 Hl(g) Em conclusão tem-se Aumento de Pe O sistema evolui no sentido da reacção que consome mais partículas. Diminuição de Pe O sistema evolui no sentido da reacção que produz mais partículas. 3.- Perturbação por variação da temperatura do sistema reaccional Já foi estudado em anos anteriores que as reacções químicas podem ser acompanhadas de variações da temperatura. Esse facto é hoje interpretado do seguinte modo: a ocorrência de qualquer reacção química envolve a quebra de ligações químicas entre os átomos que formam as unidades estruturais reagentes e o estabelecimento de novas ligações químicas com produção de novas unidades estruturais, a dos produtos de reacção. A quebra de ligações químicas e o estabelecimento de novas ligações são Escola secundária de Monserrate 71 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente processos que envolvem transferências de energia. Para quebrar ligações o sistema vai buscar energia ao exterior; para formar novas ligações o sistema liberta energia para o exterior. Do balanço de todas estas parcelas de energia, resulta que: • a reacção, na sua globalidade, requer energia que vai retirar do meio envolvente do sistema. Este, bem como o próprio sistema, arrefece o que provoca uma diminuição da temperatura. São as reacções endotérmicas. Reagentes + energia Produtos de reacção • a reacção, na sua globalidade, liberta energia que é transferida para o meio envolvente. Este, bem como o próprio sistema, aquece e a temperatura aumenta. São as reacções exotérmicas. Reagentes Produtos de reacção + energia Apliquemos estes conhecimentos ao equilíbrio químico. Considere-se o equilíbrio B. A Se a reacção directa for endotérmica, para A se converter em B o sistema absorve energia. Tem-se: A + energia A reacção inversa será: B. B A + energia. B ao converter-se em A liberta energia. Logo, a reacção inversa é exotérmica. Num sistema em equilíbrio químico se uma das reacções é endotérmica a sua inversa é exotérmica. Deste balanço entre as duas reacções resulta que cada sistema reaccional com determinadas concentrações iniciais apresenta uma posição de equilíbrio bem definida, para cada temperatura. Que acontece, então, se fizermos variar a temperatura de um sistema reaccional em equilíbrio? O princípio de Le Châtelier aplica-se de novo. Um aumento de temperatura irá privilegiar a reacção endotérmíca e o sistema evoluirá no sentido de absorver a energia fornecida até atingir nova posição de equilíbrio Aumento de temperatura Absorção de energia por parte do sistema reaccional O sistema evolui No sentido da reacção endotérmica Pelo contrário, uma diminuição da temperatura retira energia ao sistema reaccional. Para contrariar a perturbação das condições do equilíbrio o sistema evolui no sentido de repor a energia retirada até atingir nova posição do equilíbrio: é privilegiada a reacção exotérmica. Diminuição de temperatura Escola secundária de Monserrate Retirada energia Ao sistema reaccional O sistema evolui no sentido da reacção exotérmica 72 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Um exemplo que ilustra estas alterações ao equilíbrio químico por variação da temperatura é o equilíbrio entre os iões tetracloreto de cobalto II 2- 2+ (CoCl4 ) e os iões hexa-aquocobalto II (Co(H2O)6 ). Quando os primeiros existem em maior concentração numa solução, esta apresenta cor azul; caso predominem os segundos no equilíbrio, a solução fica cor-de-rosa Reacção Exotérmica 2- CoCl4 (aq) + 6 H2O (l) Co(H2O)6 2+ - (aq) + 4 Cl (aq) reacção endotérmica 2- Neste equilíbrio, a reacção endotérmica é a da formação dos iões CoCl4 . 2+ Donde, a reacção de formação dos iões Co(H2O)6 é exotérmica. Se aquecermos até uma dada temperatura, num tubo de ensaio, uma amostra de solução de Coreto de cobalto II em equilíbrio, a cor azul acentua-se até estabilizar, devido à formação 2- de iões CoCl4 . Estamos a favorecer a reacção endotérmica (Fig. a)). Se arrefecermos em seguida a solução contida no mesmo tubo, a cor muda para cor-de-rosa. O sistema evolui no sentido da reacção exotérmica, a reacção de 2+ formação de iões Co(H2O)6 , atingindo-se nova posição de equilíbrio (Fig. b)). Escola secundária de Monserrate Fig. a) Fig. b) 73 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente EXEMPLOS DE APLICAÇÃO Num balão fechado encerrou-se tetróxido de diazoto (N2O4), que se decompôs originando dióxido de azoto (NO2) tendo-se atingido o equilíbrio ao fim de um determinado intervalo de tempo, para uma dada temperatura e uma dada pressão. A equação que traduz esta reacção é: N2O4 (g) + 57 kJ 2 NO2 (g) 1. Supondo que se diminui o volume da mistura gasosa, indique o sentido em que deverá evoluir o sistema de modo a atingir de novo o equilíbrio. RESOLUÇÃO: Diminuindo o volume da mistura gasosa, o número de colisões por unidade de volume aumenta, aumentando também a pressão, pelo que o sistema responde evoluindo no sentido de consumir mais partículas. Assim, o sistema evolui no sentido da reacção inversa. 2.- Adicionando tetróxido de diazoto ao sistema já em equilíbrio, qual é o gráfico que traduz a variação das concentra-ções ocorridas ao longo do tempo: RESOLUÇÃO: O gráfico 1 não traduz a adição de N2O4 ao sistema em equilíbrio, pois a perturbação ocorrida deve-se ao aumento da concentração no equilíbrio de NO2 e não de N2O4. O gráfico 2 também não traduz o que se pretende, pois representa a adição de N2O4 mas na reacção inversa, uma vez que o reagente é o NO2 e o produto da reacção N2O4. Assim sendo, o gráfico que traduz correctamente a variação das concentrações deste equilíbrio por adição de N2O4 é o 3. Escola secundária de Monserrate 74 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente FICHA DE TRABALHO – QUÍMICA F6 4 o 4 o N O (g) 2 NO (g) K é ,8x10 a 600 C e 2,8 x10 a 1000 C. Daqui decorre que: 2 4 2 1.1.- A reacção é exotérmica. 1.2.- A formação de NO é favorecida por aumento de temperatura. 2 4 1.3.- K é superior a 2 x 10 à temperatura ambiente. 1.4.- A formação de NO é favorecida por amumento de pressão. 2 1.5.- A formação de NO é favorecida por introdução de um catalisador apropriado. 2 1.- Para a reacção 2.- O iodeto de hidrogénio pode ser obtido por síntese, traduzida pela equação H (g) + I (g) 2 2 O rendimento da conversão de H em HI aumenta: 2 2.1.- Se aumenta a pressão sobre o sistema. 2.2.- Se diminui a temperatura. 2.3.- Se adiciona iodo I (g). 2 2.4.- Se utiliza um vaso de reacção de maior capacidade. 2 HI (g) + Calor (R.:3.2; 3.3) As questões 3 e 4 referem-se à reacção exotérmica 2 SO (g) + O (g) 2 2 2 SO (g) 3 3.- A quantidade de SO aumenta, 3 3.1.- Se a temperatura do sistema aumentar (mantendo-se constante o volume do sistema). 3.2.- Se o volume do recipiente aumentar (mantendo-se constante a temperatura). 3.3.- Se se remover O (mantendo-se constantes a temperatura e o volume. 2 3.4.- Se a pressão do sistema aumentar por adição de um gás inerte (mantendo constante a temperatura e o volume.) (R.: 4.2) 4.- A constante de equilíbrio, K, da reacção diminuirá se: 4.1.- Remover SO do sistema. 4.3.- Aumentar a temperatura. 3 4.2.- Adicionar O ao sistema. 4.4.- Diminuir o volume do recipiente (R.: 5.3) 2 3 5.- Num vaso de 1 dm introduziram-se 2 mol de NH que se decompõe parcialmente segundo a equação: 3 2 NH (g) 3 H (g) + N (g) 3 2 2 especialmente a altas temperaturas. A certa temperatura, resta 1 mol de NH em equilíbrio. 3 Determine a constante de equilíbrio e a concentração de H . (R.: K=1,7) 2 6.- A reacção do metano com o vapor de água pode-se traduzir pela equação: CH (g) + H O (g) 4 2 3 é levada a cabo num vaso com o volume de 500 cm . CO (g) + 3 H (g) 2 6.1.- Calcule a constante de equilíbrio, K, se as quantidades dos reagentes iniciais forem: CH - 0,8 g ; H O - 0,9 g ; CO - 1,4 g ; H – 0,1 g 4 2 2 e 50 % do metano tiver sido consumido até ao momento em que se estabelece o equilíbrio. 7.- Considere o esquema em equilíbrio PCl (g) PCl (g) + Cl (g) 5 3 2 Aquecem-se à temperatura de 500 K, 6 mol de PCl (g) num vaso fechado de 10 litros de capacidade. Parte do 5 PCl (g) decompõe-se em PCl (g) e Cl (g) numa tranformação endotérmica. Quando o equilíbrio é atingido, a 5 3 2 -3 (R.: 0,5 mol.dm ) quantidade de Cl (g) presente é 1 mol. Qual a concentração do PCl no equilíbrio? 5 2 Escola secundária de Monserrate 75 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente (CONT. F6) 8.- Faça corresponder a cada uma das seguintes alterações 1.- aumento de pressão (diminuição de volume) 2.- diminuição de pressão (aumento de volume) 3.- diminuição de temperatura a cada uma das seguintes reacções, de forma a que o efeito seja um deslocamento da composição do sistema em equilíbrio no sentido dos produtos. a) N2 (g) + 3 H2 (g) b) 2 NO2 (g) c) PCl5 (g) 2 NH3 (g) (exotérmica) N2O4 (g) PCl3 (g) + Cl2 (g) 9.- Considere as três reacções abaixo esquematizadas de que se indicam as constantes de equilíbrio à temperatura de 1000 K 2 SO3 (g) 2 SO2 (g) + O2 (g) -3 K=3,8x10 -3 K=2,4x10 -5 I2(g) 2 I(g) K=3,8x10 9.1.-Qual das três reacções (consideradas apenas no sentido directo) é mais extensa. N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) 9.2.- Qual das seis reacções susceptíveis de serem consideradas nestas três equilíbrios é mais extensa? Justifique. 10.- Uma das fases do fabrico de ácido sulfúrico é traduzida pelo esquema: SO2(g) + ½ O2(g) SO3(g) + 23 Kcal O produto útil é SO3 que reagindo com a água origina o ácido sulfúrico: H2O + SO3 H2SO4 10.1.- Do ponto de vista do rendimento de equilíbrio interessa trabalhar a temperatura alta ou baixa. 10.2.- E a pressão interessará ser alta ou baixa? -3 -3 11.- As concentrações, no equilíbrio, dos reagentes e produtos de Temperatura (ºC) [A] (mol dm ) [B] )mol dm reacção referentes ao sistema reaccional A 2 B, a 200 0,0875 0,843 duas temperaturas diferentes, estão indicadas na tabela ao lado 400 0,138 0,724 11.1.- Quando se diminui a temperatura, o sistema evolui no sentida da: a) ... reacção directa b) ... reacção inversa Justifique a sua opção 11.2.- A reacção directa é: a) exotérmica b) endotérmica 12.- Num cilindro munido de um êmbolo, de peso desprezável, encerrou-se hidrogénio (H2) e azoto (N2), até se estabelecer o equilíbrio químico ao fim de um dado intervalo de tempo. A equação que traduz esta reacção é: N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g) + 92,6 kJ 12.1.- Se adicionar hidrogénio ao sistema em equilíbrio, o gráfico que traduz a variação das concentrações, ao longo do tempo, é: 12.2.- Preveja as alterações no equilíbrio, quando: a) b) c) d) a mistura reaccional for aquecida a volume constante; se retirar azoto à mistura reaccional, a temperatura e volume constantes; se empurrar o êmbolo; se adicionar um catalisador apropriado. Escola secundária de Monserrate 76 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 13.- Considere o equilíbrio químico: (Cont.) A2 (g) + B2 (g) 2 AB (g) Observações experimentais permitiram verificar que os valores da constante de equilíbrio variam em funçäo da temperatura, de acordo com o quadro: K(const. Classifique as afirmações seguintes em verdadeirasou falsas,justificando para cada caso: Temperaequilíbrio) tura/ oC A - Um aumento de temperatura faz deslocar o equilíbrio no sentido 2(inverso). 200 2,2 x 1012 B - A reacçäo é endotérmica no sentido directo. 500 1,8 x 106 C - Estabelecido o equilíbrio, qualquer variaçäo de temperatura näo altera o valor da 800 constante de equilíbrio. 4,8 x 104 13.2.- Verifica-se que, no equilíbrio, à temperatura de 1000 oC, os valores das concentraçöes säo: [A] = 2 mol.dm-3 ; [B] = 2 mol.dm-3 ; [AB] = 3 moldm-3 Determine o valor da constante de equilíbrio a esta temperatura. 13.3.- No sentido directo, a extensäo da reacçäo é maior a baixas temperaturas ou a altas temperaturas? Justifique. 14.- Observe a figura ao lado que representa o gráfico das concentrações, no decorrer do tempo,dos componentes do seguinte sistema químico: (reacção exotérmica) 2 SO2 (g) + O2 (g) 2 SO3 (g) Até ao instante t1, o sistema estava em equilíbrio à temperatura de 727 ºC. Este estado de equilíbrio foi alterado por uma variação de temperatura. 14.1.- Indique, JUSTIFICANDO, se houve aumento ou diminuição de temperatura a partir do instante t1. 14.2.- Calcule a constante de equilíbrio à temperatura de 727 oC. 15.- O gráfico da figura representa, à temperatura T, a variação, em função do tempo, das concentrações dos reagentes e dos produtos no decorrer da reacção em recipiente fechado: H2(g) + I2(g) incolor violeta 2 HI(g) (endotérmica) incolor 15.1.- A partir de instante se atingiu o equilíbrio químico? Justifique. 15.2.- Calcule a constante de equilíbrio Kc à temperatura T. 15.3.- Diga, justificando, em qual das situações haverá uma intensidade da cor violeta: 15.3.1.- Aumento de pressão sobre o sistema. 15.3.2.- Aumento de temperatura. 16.- Misturou-se 1,0 mole de X com 1,0 mole de Y, tendo estas reagido segundo a equação química: (reacçäo endotermica) X (g) + Y (g) Z (g) + W (g) A quantidade de X variou ao longo do tempo de acordo com o gráfico ao lado. 16.1.- A experiência foi novamente realizada, tendo sido introduzidasas seguintes alterações: - ensaio I - a reacção decorreu a temperatura mais baixa; ensaio II - a reacção decorreu a tempera mais alta. Faça corresponder a cada um dos gráficos A e B, abaixo representados, as situações consideradas em I e II (ensaio I e ensaio II). JUSTIFIQUE A SUA ESCOLHA 4.2.- Determine a constante de equilíbrio e o grau de transformação de Y para a situação do gráfico B. 4.3.- Diga, justificando, em qual das situações é maior a extensão da reacção. Escola secundária de Monserrate 77 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Escola secundária de Monserrate 78 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 1.- ÁCIDOS E BASES SEGUNDO ARRHENIUS A atribuição de propriedades ácidas às substâncias foi inicialmente sugeridas sugerida pelo seu sabor azedo. Alcalis ou bases, eram as substâncias que podiam neutralizar a acção dos ácidos. A constatação de que os ácidos e as bases tinham "forças" diferentes e a tentativa de explicar esse facto levou Arrehenius, em 1887, a desenvolver a teoria da dissociação iónica dos ácidos e das bases. Interpretou-se então a reactividade química e a condutibilidade eléctrica das soluções aquosas dos ácidos como consequência da sua dissociação reversível em iões, sendo um deles, o ião hidrogénio, H+. Por exemplo, HCl ----> H+ + ClInterpretação semelhante usava-se para o comportamento das bases, que se supunha darem origem ao ião hidróxido, OH-, em solução aquosa. Por exemplo, NaHO -----> Na+ + OHAssim, o ião H+ era responsável pelas propriedades ácidas e o ião OH- pelas propriedades básicas das soluções. Segundo Arrhenius: - Ácido é a substância que origina iões H+ em solução aquosa. - Base é a substância que origina iões OH- em solução aquosa. Sabemos hoje em dia que o mecanismo da dissociação iónica no caso de ácidos e de basesé diferente; os ácidos de Arrhenius são compostos moleculares e as bases são compostos iónicos. Quer dizer: - o aparecimento de iões nas soluções aquosas dos ácidos provêm de uma reação química entre as moléculas do ácido e as moléculas da água. - o aparecimento de iões com movimentos livres nas soluções aquosas das bases é devido é devido à desagregação da estrutura iónica do sólido. No caso das soluções aquosas das bases, os iões já existiam, as moléculas de água vão apenas dissociá-los. A teoria de Arrhenius constitui um grande avanço na Química mas levantou simultaneamente dificuldades: - qual a natureza do ião H+? - como explicar que substâncias que não continham o ião OH- reagissem como bases? Verifica-se experimentalmente que o ião H+ dos ácidos (protão) não existe livre, mas sempre associado a moléculas de água, formando um novo ião - ião hidrónio - H3O+,que é uma estrutura estável.Numa solução aquosa de ácido o ião H+ não existe livre. Ele está sempre hidratado (reacção com uma molécula de água: H+ + H2O ---> H3O+). Isto leva-nos a concluir que a dissociação (ionização) do HCl escrita por Arrhenius Escola secundária de Monserrate 79 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente HCl ----> H+ + Cldeve ser simbolozada indicando que o ião H+ não é livre: HCl(g) + H2O(l) ----> H3O+(aq) + Cl-(aq) O CARBONATO DE SÓDIO (NaCO3) NEUTRALIZA ÁCIDOS? Dissolvendo carbonato de sódio (NaCO3) em água, a solução resultante vai ser capaz de neutralizar alguns ácidos, pois a solução tem carcterísticas básicas. Como explicar com as definições de ácido e base de Arrehnius que a solução de carbonato de sódio tenha propriedades básicas? Parece que a teoria de Arrhenius, embora tenha aberto o caminho para o estabelecimento de um conceito útil de ácido e de base, não é geral. Como verificámos no exemplo anterior, o carbonato de sódio, que não produzia directamente o ião hidróxido (OH-), tem comportamento básico! 2.- GENERALIZANDO OS CONCEITOS DE ÁCIDO E DE BASE SEGUNDO BRONSTED-LORRY Com base nas considerações que apresentamos antriormente Bronsted, na Dinamarca, e Lorry, na Inglaterra, em 1923, propuseram conceitos mais gerais de ácidos e bases. Assim, - Ácido é a substância que actua como dador de protões. - Base é a substância que actua como receptor de de protões. Com esta generalização, a dissociação (ionização) do ácido clorídrico é interpretada como sendo a molécula HCl dadora de um protão e portanto agindo como ácido, á molécula de água aceitadora do protão e portantoagindo como base. Também o comportamento básico do carbonato de sódio pode ser interpretado à luz destas novas definições pois: O ião CO32-, agindo como base, capta um protão à molécula de água, que se comporta como ácido, aparecendo assim na solução excesso de iões OH-. Escola secundária de Monserrate 80 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente O hidróxido de sódio, NaOH, base segundo Arrhenius, será agora também uma base segundo Bronsted? No conceito de Bronsted base é agora o ião OH-. A definição de base de Bronsted não se aplica então á subatância NaOH, mas sim ao ião OH-, pois esta espécie pode captar 1 protão formando-se água: OH- + H+ ----> H2O Podemos resumir num quadro alguns exemplos de bases segundo Bronsted que não eram consideradas segundo Arrhenius: BASES SEGUNDO BRONSTED OHCNNH2NH3 H2O hidróxido cianeto amideto amoníco água 3.- REACÇÕES ACIDO-BASE 3.1.- UMA INTERPRETAÇÃO DAS REACÇÕES ACIDO-BASE Com a generalização proposta por Lorry-Bronsted para as definições de ácido e de base há um grande e importante número de equilíbrios químicos susceptíveis de serem discutidos na mesma linguagem. - COMPETIÇÃO PELO GANHO DE PROTÕES Voltemos ao exemplo, dado anteriormente, da dissociação do HCl pela água. A molécula de HCl transferiu um protão para a molécula de água, transformando--se na espécie química Cl-. A molécula de água aceitou o protão transformando-se na espécie química H3O+. A reacção é reversível uma vez que o ião Cl- pode aceitar um protão do ião H3O+ transformando-se em HCl. Então, o ião Cl- Θ também uma base assim como o ião H3O+ é um ácido. Podemos afirmar que numa reacção de equilíbrio ácido-base ou protolítica há uma competição entre as espécies químicas presentes pela captura de protões. Escola secundária de Monserrate 81 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente - PARES ACIDO-BASE CONJUGADOS Qualquer duas espécies químicas que diferem somente num protão constituem um par ácido-base conjugado. Pares ácido-base conjugados representam-se simbolicamente por A/B, em que A e B são os símbolos do ácido e da base respectivamente. Reacção HCl H2O + protão Par ácido-base conjugado Cl- + protão H3O+ HCl /ClH3O+/H2O Vejamos outros exemplos: Ex.1: Os algarismos 1 e 2 indicam os pares ácido base conjugados: Ácido 1/base 1 Ácido 2/base 2 Ex.2: Ex.3: Escola secundária de Monserrate 82 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 4.- CONSTANTE DE EQUILÍBRIO DAS REACÇÕES ÁCIDO-BASE - FORÇA DE ÁCIDOS E DE BASES Consideremos duas soluções equimolares de HC2H3O2 (ácido acético) e HCl (ácido clorídrico). Quando colocadas num circuito eléctrico juntamente com uma lâmpada e uma bateria (pilha) verificámos que ambas as soluções são condutoras. Só que a lâmpada que se encontra no circuito da solução de HCl tem um brilho mais intenso que a lâmpada da outra solução. Embora as concentrações de ambos os ácidos sejam iguais, o número de iões presentes na solução não deve ser o mesmo, pois há brilhos diferentes nas lâmpadas. A condutibilidade da solução de HCl é maior que a de HC2HC3O2. Se a condutibilidade do ácido clorídrico é maior, o número de iões presentes nesta solução também é maior do que na solução de ácido acético. Esta conclusão leva-nos a supor que nem todos os ácidos têm a mesma capacidade para se dissociarem. Uns serão mais fortes que outros! A maior ou menor capacidade de um ácido para ceder protões mede a sua força. Igualmente, a maior ou menor capacidade de uma base para captar protões mede a sua força. Pelo que já sabemos acerca da extensão de uma reacção, a força de um ácido está relacionada com a extensão em que ele se dissocia: um ácido será tanto mais forte quanto maior for essa extensão. - CONSTANTE DE ACIDEZ E DE BASICIDADE Vamos testar a força de ácidos e bases através dos valores das constantes de equilíbrio das respectivas reacções com a água, pois estes servem para comparar as extensões das reacções químicas. Seja HA a fórmula química de um ácido; então Aplicando a lei do equilíbrio, vem [H3O+].[A-] K' = [HA].[H O] 2 Como em soluções diluídas com que trabalhamos [H2O] é praticamente constante, podemos escrever: K= [H3O+].[A-] em que K = K'[H2O] [HA] A constante de equilíbrio, K, da reacção de dissociação dos ácidos por acção das moléculas de água chama-se constante de acidez - Ka. Se o ácido em questão é forte, o valor de Ka será elevado, pois o ácido dissociar-se-á facilmente; a reacção dar-se-á em grande extensão. Se o ácido é fraco, o valor de Kaserá pequeno, a reacção dar-se-á em pequena extensão. Escola secundária de Monserrate 83 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente constantes de acidez Ácidos Fortes Ka/(mol.dm-3) 1030 1010 109 HNO3 HClO4 HI Ácidos fracos HCO2H HF HC2H3O2 HSO3- 109 106 HBr HCl Ka/(mol.dm-3) 2,1 x 10-4 6,9 x 10-5 1,8 x 10-5 1,3 x 10-7 3,2 x 10-8 HOCl NH4+ HS- 5,6 x 10-10 1,3 x 10-13 A valores de constante de acidez elevados correspondem ácidos fortes A valores de constante de acidez pequenas correspondem ácidos fracos Seja B a fórmula química de uma base; então Escrevendo a expressão da constante de equilíbrio, vem: [HB+].[OH-] K' = [B].[H O] 2 K= [HB+].[OH-] em que K' = K [H2O] [B] A constante de equilíbrio da reacção de dissociação das bases por acção das moléculas de água chama-se constante de basicidade - Kb. Se Kb tem um balor elevado a base é forte, e a reação processa-se em grande extensão. Se Kb tem um valor pequeno a base é fraca, e a reacção processa-se em pequena extensão. Constantes de basicidade Base CH3OS2NH3 SO32CH3CO2- Kb/(mol.dm-3) equação química CH3O- + H2O S2- + H2O NH3 + H2O SO32- + H2O CH3CO2- + H2O CH3OH + OHHS- + OH- 103 10-1 NH4+ + OHHSO3- + OH- 1,8 x 10-5 7,7 x 10-8 HCH3CO2 + OH- 5,6 x 10-10 A valores de Kb elevados correspondem bases fortes A valores de Kb pequenos correspondem bases fracas - HAVERÁ ALGUMA RELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE UM ÁCIDO E DA SUA BASE CONJUGADA? (1) HCl + H2O (2) Cl- + H2O H3O+ + ClHCl + OH- Ka ≡ 106 mol.dm-3 Kb ≡ 10-30 mol. dm-3 O ácido clorídrico é um ácido forte devido à sua grande tendência para perder o protão; o ião cloreto não tem portanto tendência para captar um protão, é uma base fraca. Se um ácido é forte, a sua base conjugada é fraca. Escola secundária de Monserrate 84 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente - ÁCIDOS POLIPRÓTICOS Muitos ácidos apresentam disponibilidade de fornecer mais do que um protão por molécula, são os ácidos polipróticos. Por exemplo o ácido sulfuroso é um ácido diprótico que pode dissociar-se em duas etapas, tendo cada uma delas uma constante de dissociação própria: H2SO3 + H2O HSO3- + H2O HSO3- + H3O+ SO32- + H3O+ k1 = 1,3 x 10-2 mol.dm-3 K2 = 6,3 x 10-8 mol.dm-3 Como podemos explicar que para todos os ácidos polipróticos K2 seja menor que K1? A tendência de um protão abandonar um ião carregado negativamente é menor do que para abandonar a molécula neutra correspondente, daí K2 < K1. - GRAU DE DISSOCIAÇÃO Soluções igualmente concentradas de ácidos fortes e fracos têm concentrações em iões H3O+ diferentes. Podemos definir uma grandeza - grau de dissociação - que nos indique percentualmente a relação entre o número de moléculas de soluto dissociadas e o número de moléculas de soluto que se dissolveram. É costume representar o grau de dissociação de um ácido ou de uma base (em geral de qualquer electrólito) por α, sendo então: 4.- ESCALA DE pH E CONCENTRAÇÃO DO IÃO H3O+ Repare nos seguintes exemplos em que, a determinadas concentrações de H3O+ se faz corresponder o pH: Concentração H3O+ em mol.dm-3 10-1 pH 1 10-2 10-5 ? 10-10 2 ? 7 ? (Complete o quadro!) Que relação existirá e que relaciona o pH com [H3O+] ? De duas soluções, uma de pH = 2 e outra de pH = 3, qual tem maior concentração de H3O+ e qual é a relação dessas concentrações ? Como facilmente descobriu, entre pH e concentração de H3O+ há a seguinte relação: expressa a concentração [H3O+] em potência de base 10, o pH é o simétrico do expoente. Uma solução tem uma concentração em H3O+ de 6,6 x 10-10 mol.dm-3. Qual o se pH? Pela regra, teremos de transformar 6,6 x 10-10 numa potência de base 10. Pelo recurso a tabelas ou máquina de calcular, sabe-se que 6,6 = 100,8. Então: 6,6 x 10-10 = 100,8 x 10-10 = 10(0,8-10) = 10-9,2. Assim, Escola secundária de Monserrate [H3O+] = 10-9,2 mol.dm-3, logo pH = 9,2 85 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente [PH = - log [H3O+] - SOLUÇÕES NEUTRAS, ÁCIDAS E BÁSICAS Uma solução que não é ácida nem básica tem, a qualquer temperatura, iguais concentrações de H3O+ e OH-. À temperatura de 25 oC: [H3O+].[OH-] = 10-14 (mol.dm-3)2 ===> ===> [H3O+] = 10-7 mol.dm-3 e [OH-] = 10-7 mol.dm-3 As soluções neutras, sem excesso de H3O+ ou OH-, têm então iguais concentrações de H3O+ e OH-. Essas concentrações são iguais a 10-7 mol.dm-3. Qual será o pH de uma solução neutra? Qual será o pH de uma solução ácida ou básica? Se a solução é ácida há excesso de iões H3O+ sobre os iões Na solução neutra [H3O+] = 10-7 mol.dm-3 OH-, ou seja, H3O+ > OH-. Como [H3O+].[OH-] = 10-14 (mol.dm-3)2,(a 25 oC) vem: pH = -(-7) [H3O+] > 10-7 ===> pH < 7 pH = 7 [OH-] < 10-7 ===> pH <7 Se a solução é básica, há excesso de iões OH- sobre os iões H3O+, ou seja, [OH-] > [H3O+]. Neste caso, pH > 7. - AUTODISSOCIAÇÃO DA ÁGUA Consideremos os seguintes equilíbrios ácido-base: As moléculas de água no equilíbrio esquematizado em [1] comportam-se como base-aceitador de protões; em [2] as moléculas de água comportam-se como ácido - dador de protões. Substâncias que como a água se podem comportar como ácidos ou como bases chamam-se anfotéricas ou anfipróticas. Escola secundária de Monserrate 86 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente Não é de estranhar, então, que possamos considerar a reacção: admitindo que ela se processa em pequena estensão. Escrevamos a expressão da constante de equilíbrio da reacção anterior, para a água pura: K= [H3O+].[OH-] [H2O]2 Sendo [H2O] constante, Kw = [H3O+].[OH-] para a constante de equilíbrio da água pura. Chamamos KW produto iónico da água ou constante de autoprotólise. O valor desta constante - Kw - é 10-14 (mol.dm-3)2 (a 25 oC), tanto na água pura como nas soluções aquosas diluídas. Escola secundária de Monserrate 87 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente FICHA DE TRABALHO – QUÍMICA F7 21.- Como se interpreta o aparecimento de maior número de iões OH nas soluções onde se introduz o ião CO3 ? 2- (R.: transf. de 1 protão da molécula de H2O para o ião CO3 ) - 2.- Como se interpreta,na teoria de Lowry-Bronsted que o composto KHO seja uma base ? + (R.: OH + H ----> H O) 2 3.- Considerando o equilíbrio que se estabelece numa solução aquosa de amoníaco, como se pode interpretar o apare+ cimento do ião amónio na solução ? (R.: NH3 + H2O NH4 + OH ) 4.- Considerando a equação química traduzida pela equação química: H2SO4 + H2O HSO4 + H3O+ 4.1.- Indique, justificando, se é um equilíbrio de ácido-base. 4.2.- Identifique os pares ácido-base conjugados. 5.- O ácido HX é mais fraco que o ácido HY. Duas soluções igualmente concentradas dos dois ácidos, em qual delas a concentração em iões H3O+ será maior ? (R.: HY) -2 -3 -3 6.- Considere duas soluções de concentração 0,01 mol.dm , uma de ácido sulfuroso (Ka = 1,3 x 10 -7 -3 outra de ácido sulfúrico (K'a = 1 x 10 mol.dm ). + Em qual das soluções a concentração em iões H3O é maior ? Justifique com cálculos. -3 -3 7.- Numa solução de amoníaco 0,4 mol.dm existem em equilíbrio 2,7 x 10 - mol.dm ) e (R.: ácido sulfuroso) + -3 -3 mol.dm de NH4 e 2,7 x 10 mol.dm -3 -5 -3 -8 -3 de OH . Determine a constante de basicidade do amoníaco. (R.: 1,8 x 10 mol.dm ) -4 -3 + 8.- Calcule a concentração em H3O de uma solução 0,1 mol.dm de HCOOH, sabendo que o seu Ka = 2,1 x 10 -3 -3 -3 mol.dm (R.: 4,6 x 10 mol.dm ) -3 9.- Qual a concentração de CH3COOH necessária para que no equilíbrio a concentração de H3O+ seja 3,5 x 10 -5 -3 -3 -3 -3 mol.dm sendo Ka=1,8 x 10 mol.dm . (R.: 6,8 x 10 mol.dm ) -3 10.- Calcule a concentração de H3O+ de uma solução 0,15 mol.dm de fenol (C6H5OH) em água -10 -6 -3 [Ka (C6H5OH) = 1,3x10 ]. (R.: 4,4 x 10 mol.dm ) 11.- A massa molecular de um ácido é 288. A concentração de H3O+, numa solução que contém 3,5 g de ácido em -5 3 0,5 dm de água, é 2,6x10 mol.dm-3. Calcule a constante de acidez do ácido monoprótico, Ka. (R.: 2,8 x 10 mol.dm ) 12.- Calcule o grau de dissociação do ácido acético numa solução 0,01 mol.dm sabendo que a concentração em iöes -10 -3 |OH |, a 25 ºC, dessa solução é 1 x 10 mol.dm . (R.: 1 %) 13.- Qual a concentração inicial de uma solução de ácido acético cujo grau de dissociação é 2 % ? -5 -2 -3 -3 (R.: 4,5 x 10 mol.dm ) [Ka = 1,8x10 mol.dm ] -3 -3 14.- Calcule o grau de ionização do ácido tricloroacético, CCl3CO2H, numa solução 0,1 mol.dm , sabendo que nessa -3 (R.: 75 %) solução a concentração do ião H3O+ é 0,075 mol.dm . -6 -3 15.- Uma solução tem |HO | = 10 mol.dm , a 25 ºC. Determine o pH da solução. -3 16.- O pH de uma solução de ácido sulfuroso 0,1 mol.dm é 3. Determine o valor de Ka do ácido sulfuroso. -5 -3 (R.: 10 mol.dm ) 17.- O pH de uma solução 4,8 mol.dm de ácido hipocloroso, HClO, é 4,4. Calcule a constante de acidez deste ácido. -3 -10 (R.: 3,3x10 18.- Calcule o pH e o pOH de uma solução de HNO3 (ácido forte) de concentração 0,01 mol.dm , a 25 ºC. -3 -3 mol.dm ) (R.: pH=2 ; pOH=12) 19.- O perclorato de hidrogénio, HClO4, é um ácido forte. Calcule o pH de uma solução resultante da adição de 3 -3 0,7 3 200 cm de solução 0,20 mol.dm de HClO4 a 800 cm de água desionizada.[5=10 3 -3 ] (R.: pH=1,4) 3 20.- Calcule o pH da solução resultante da adição de 15 cm de solução 0,15 mol.dm de HCl a 35 cm de solução 0,27] -3 0,20 mol.dm de HNO3. [1,85 = 10 (R.: 0,73) 3 21.- Que massa de NaOH deverá dissolver em 250 cm de água para se obter uma solução de pH =10. (Massa molar -1 (R:1 mg) NaOH=40 g.mol ) 3 -3 3 22.- Transferiram-se 15 cm de solução 4,0 mol.dm de KHO, para um balão de 250 cm . Em seguida adicionou-se água até perfazer o volume do balão. Calcule o pH da solução resultante. (R.: 13,38) Escola secundária de Monserrate 88 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente FICHA DE TRABALHO – QUÍMICA F8 1.- Considere as equações que traduzem, respectivamente, a dissolução de HF e de HClO4 em ácido sulfúrico: I) HF + H2SO4 H2F+ + HSO4II) HClO4 + H2SO4 ClO4- + H3SO4+ 1.1.- Classifique as seguintes afimações em verdadeiras ou falsas, justificando, em cada caso, a sua opção. A - As equações químicas I) e II) traduzem reacções ácido-base. B - O ácido sulfúrico é um solvente anfiprótico. C - H2F+ é uma base conjugada de HF. 1.2.- Indique, justificando, qual dos ácidos HF ou HClO4 é mais forte. 2.- Considere duas soluções de ácido acético, CH3COOH, a 25 oC: ÁCIDO ACÉTIC O Soluçäo I Soluçäo II CONCENTRAÇÄO 1,00 mol.dm-3 0,10 mol.dm-3 GRAU DE IONIZAÇÃO 0,00424 0,0134 2.1.- Que significa dizer que o grau de ionização do ácido acético numa solução é 0,0134? 2.2.- Calcule o pH de cada solução . 2.3.- Calcule a constante de acidez do ácido acético a 25 oC. 3.-Considere as reacções ácido-base traduzidas pelas seguintes equações químicas: F- + H2CN+ H2F+ + NO3- HF + HCN HF + HNO3 3.1.- Classifique as afirmações seguintes em verdadeiras ou falsas, justificando, para cada caso, a sua opçäo. A - A partícula F- comporta-se como base de Bronsted-Lorry. B - A partícula HCN comporta-se como dador de protões. C - A partícula HNO3 cede um protão e transforma-se num ácido de Bronsted-Lorry. D - A partícula HF é anfotérica. 3.2.- Qual dos ácidos HF, HCN e HNO3 é mais forte? Justifique. ÁCIDO HClO2 HF CONSTANTE DE IONIZAÇÄO [Ka] 1,1 x 10-2 HCNO 6,9 x 10-4 2,0 x 10-4 HCH3COO HCN 1,8 x 10-5 4,3 x 10-10 4.- O quadro ao lado contém valores das constantes de ionizaçäo, Ka, de alguns ácidos. 4.1.- Complete o seguinte equilíbrio químico, justificando: HCNO + HClO2 ___________ + ___________ 4.2.- Considere as bases: F- ; CH3COO- ; CNQual delas é a mais fraca? Justifique. 5.- Tenha em atençäo os seguintes equilíbrios químicos: A) HClO4 + H2SO4 B) H2O(l) + H2O(l) + 115 KJ ClO4- + H3SO4+ H3O+(aq) + OH-(aq) Diga, justificando, se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações: 5.1.- Àcerca do equilíbrio A), pode dizer-se que a constante de acidez de HClO4 é inferior à constante de acidez de H2SO4. 5.2.- Àcerca do equilíbrio B), pode dizer-se que: 5.2.1.- A água é uma substância anfiprótica. Escola secundária de Monserrate 89 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Novo Ensino Recorrente 5.2.2.- Um aumento de temperatura eleva o valor do produto iónico da água. 6.- Cada um dos copos A, B e C da fig. ao lado, contém 100 cm3 duma solução a 25 oC. Atenda às seguintes informações: - No copo A existem 100 cm3 de solução aquosa de cloreto de hidrogénio, de pH=4. - No copo B introduziram-se 4,0 g de hidróxido de sódio e acrescentou-se água até perfazer 100 cm3 de solução. - No copo C existe uma solução aquosa de ácido acético contendo 10-5 mol de iões H3O+ nos 100 cm3. - As massas atómicas relativas do sódio, do oxigénio e do hidrogénio são, respectivamente, 23, 16 e 1,0. Classifique as seguintes afirmações em VERDADEIRAS ou FALSAS, JUSTIFICANDO em cada caso a sua opção 6.1.- A quantidade de H3O+ existentes no copo A é 10-4 mol. 6.2.- Misturando os conteúdos dos copos A e B, obtém-se uma solução de carácter ácido. 6.3.- Misturando os conteúdos dos copos A e C, obtém-se uma solução de pH = 2. 7.- Considere a reacçäo química traduzida pela equação química seguinte: HCl (aq) + NaOH (aq) -----> NaCl (aq) + H2O (l) 7.1.- Determine o volume de solução de ácido clorídrico 0,20 mol.dm3 que reage com 25,00 cm3 de solução 0,010 mol.dm-3 de NaOH. 7.2.- Determine, a 25 oC, o pH da solução básica referida na alínea anterior. (Kw = 1 x 10-14, a 25 oC) 7.3.- O produto iónico da água aumenta com a temperatura. Se a temperatura da solução aumentasse para 50 oC, o valor do pH calculado na alínea 5.2. aumentaria, diminuiria ou näo sofreria qualquer alteraçäo? Justifique. Escola secundária de Monserrate 90 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE Novo Ensino Recorrente Turma G12 A DEZBRO/2000 Ficha de Avaliação Sumativa - C. F. Químicas 1.- O tetracloreto de carbono (CCl4) é, à temperatura ambiente, um líquido que se utiliza como produto de limpeza. Deve ser utilizado com cuidado pois os seus vapores são tóxicos e pode ser absorvido pela pele. A equação que traduz a obtenção de CCl4: CS2(g) + Cl2(g) CCl4(g) + S2Cl2(g) Sabe-se que fazendo reagir 100 g de Cl2 se obtém 65 g de CCl4. 1.1.- Verifique que a reacção não é completa. 1.2.- Calcule o rendimento da reacção. 1.3.- Que volume de CCl4 (P.T.N.) se obterá a partir de 150 g de CS2? 1.4.- Determine o número de átomos de cloro existentes nos 65 g de CCl4. 2.- Num balão prepararam-se 10,0 ml de uma solução aquosa a 0,100 mol.dm-3 de cloreto de ferro (III). 2.1.- Entre as seguintes proposições, indique as VERDADEIRAS e as FALSAS, JUSTIFICANDO, em cada caso a sua opção. 2.1.1.- Nessa solução existem 1,00 x 10-1 moles de ião Fe3+ (aq) e 3,00 x 10-1 moles de ião Cl-(aq). 2.1.2.- A solução contém 6,02 x 1022 iões Cl-(aq)e 3,00 x 1023 iões Fe3+ (aq). 2.1.3.- Para preparar a referida solução aquosa de cloreto de ferro(III) são necessárias 1,00 x 10-3 moles de sal sólido. 2.2.- Adicionando 10 cm3 de água à solução preparada, determine a nova concentração dos iões na solução. 3.- Dissolveram-se 15,8 g de permanganato de potássio (KMnO4) em água destilada (Fig.1). Em seguida adicionou-se a essa solução água até perfazer o volume de 100 cm3 (Fig.2). KMnO4 200 cm 3 3.1.- Qual a quantidade de soluto + água 15 ,8 g de KMnO existente nos dois recipientes. 150 cm 3 4 + água Justifique. Fig. 1 Fig. 2 -3 3.2.- Calcule a concentração da solução da Fig.1 em g.dm . 3.3.- Calcule a concentração do ião K+ na solução da Fig.2 em mol.dm-3. 4.- A uma dada temperatura, a reacção A(g) + B(g) -----> 2 C(g) exibe a seguinte dependência da velocidade com a concentração: Concentração inicial de A (mol. dm-3) Concentração inicial de B (mol. dm-3) Velocidade inicial (mol dm-3 s-1) 0,10 0,10 2,53 x 10-6 0,10 0,20 5,06 x 10-6 0,20 0,10 10,1 x 10-6 0,30 0,10 22,8 x 10-6 Determine : 4.1.- A expressão da lei cinética da velocidade 4.2.- A constante específica da velocidade. 4.3.- A ordem da reacção em relação ao reagente A. COTAÇÕES: QUESTÕES PONTUAÇÃO (Pontos) Massas atómicas: 1.1 13 1.2 13 1.3 15 1.4 15 2.1.1 2.1.3 2.1.4 16 16 16 2.2 16 3.1 13 3.2 13 3.3 13 4.1 16 4.2 15 C – 12,0 ; O – 16,0 ; S – 32,0 ; Cl - 35,5 ; K – 39,0 ; Mn - 55,0 ; Fe - 56 4.3 10 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Turma G12 A FEVeiro/2001 Ficha de Avaliação Sumativa - C. F. Químicas 1.- Considere a reacção química traduzida pela seguinte equação química: Fe2O3 (s) + 3 CO (g) ---------Æ 3 CO2 (g) + 2 Fe (s) Por reacção de 16 g de Fe2O3, calcule: 1.1.- O volume (P.T.N.) de dióxido de carbono libertado; 1.2.- O rendimento da reacção admitindo que a massa de dióxido de carbono formado foi de 10 g. 1.3.- O número de moléculas presentes nos 16 g de Fe2O3. 2.- Um recipiente contém 500 cm3 de uma solução de carbonato de sódio (Na2CO3) de concentração -3 0,10 mol.dm . 2- 2.1.- Quantos iões CO3 existem na solução. + 2.2.- Considerando este sal totalmente dissociado, qual a concentração do ião Na na solução? 3 3 2.3.- Foram transferidos 50 cm desta solução para outro recipiente e adicionou-se 25 cm de água. Calcule a concentração da nova solução. 3.- Realizaram-se experiências à temperatura de 500 ºC. Em cada uma delas foram misturados H2(g) e I2(g) e, ao fim de um certo intervalo de tempo, determinadas as concentrações de H2 (g), I2(g) e HI(g). Os valores obtidos encontram-se registados no quadro seguinte: [H2] mol.dm-3 0,10 0,20 EXPERIÊNCIA I II [I2] mol.dm-3 0,40 0,40 [HI] mol.dm-3 0,20 2,0 1 K c = 50 A equação que representa a reacção é: H2 (g) + I2 (g) 2 HI (g) 2 T = 500 ºC Relativamente às experiências realizadas: 3.1.- Em qual delas foi atingido o equilíbrio químico? Justifique. 3.2.- Na outra experiência, em que sentido, 1 ou 2, terá que evoluir o sistema de modo a atingir o equilíbrio químico? Justifique. 4.- Considere o seguinte equilíbrio químico: - HNO2 (aq) + HCN (aq) + NO2 (aq) + H2CN (aq) 4.1.- Classifique como VERDADEIRAS ou FALSAS as frases seguintes, apresentando a respectiva justificação. 4.1.1.- O equilíbrio químico traduz uma reacção ácido / base. 4.1.2.- A constante de ionização de HNO2 (aq) é menor que a constante de ionização de HCN (aq). - 4.1.3.- O ácido conjugado de HCN é NO2 . 4.2.- O nitrito de hidrogénio (HNO2) ioniza-se na presença da água de acordo com a equação química: + HNO2 (aq) + H2O (l) NO2 (aq) + H3O (aq) Considere a solução de HNO2 tem a concentração de 0,2 mol.dm-3. 4.2.1.- Calcule a massa de HNO2 necessária para preparar 0,5 dm3 desta solução. + 4.2.2.- Determine a concentração do ião hidrónio (H3O ) no equilíbrio, sabendo que o grau de ionização do ácido (HNO2) é 1,5 x 10-2. Massas atómicas: H – 1,0 ; C – 12,0 ; N – 14,0 ; O – 16,0 ; Fe - 56 Constante de Avogadro, NA = 6,02 x 10 23 mol -1 COTAÇÕES: QUESTÕES PONTUAÇÃO (Pontos) 1.1 15 1.2 15 1.3 15 2.1 16 2.2 16 2.3 16 3.1 15 3.2 16 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.2.1 4.2.2 16 16 16 13 15 BLOCO I@T02/FEV-2001 ESCOLA SECUNDÁRIA DE MONSERRATE C. F. Químicas Turma G12 A FEVeiro/2001 Ficha de Avaliação Sumativa - C. F. Químicas 1.- Considere a reacção de combustão do propano: C3H8 (g) + 5 O2 (g) -----------Æ 3 CO2 (g) + 4 H2O (l) Tendo em atenção a equação química anterior, determine: 1.1.- O volume de dióxido de carbono, medido nas condições PTN, por reacção de 32 g de oxigénio. 1.2.- A massa de propano (C3H8) necessária reagir para se obter 2 mol de dióxido de carbono. 1.3.- O rendimento da reacção quando a combustão de 1,5 mol de propano origina 160 g de dióxido de carbono. 2.- O gráfico da figura representa, à temperatura T, a variação, em função do tempo, das concentrações dos reagentes e dos produtos no decorrer da reacção em recipiente fechado: H2(g) + I2(g) (incolor) (violeta) 2 HI(g) (incolor) (endotérmica) Concentração (mol dm-3) 1,8 1,6 1,4 [HI] 1,2 1,0 0,8 0,6 [H2] e [I2] 0,4 0,2 t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 tempo 2.1.- A partir de que instante se atingiu o equilíbrio químico? Justifique. 2.2.- Calcule a constante de equilíbrio, KC, à temperatura T. 2.3.- Diga, justificando, em qual das situações, haverá, se alguma, uma intensidade da cor violeta: 2.3.1.- Aumento a pressão sobre o sistema; 2.3.2.- Diminuição de temperatura 3.- Observe a figura abaixo. Vaso I Vaso II Volume = 1000 cm3 pH = 3 Volume = 500 cm3 pH = 12 O vaso I contém 1,0 dm3 de uma solução cujo pH é 3. O vaso II contém 500 cm3 de uma solução cujo pH é 12. Ambas as soluções se encontram a 25 ºC. 3.1.- Qual dos vasos poderá conter uma solução de hidróxido de sódio, NaHO? Justifique. + 3.2.- Calcule a concentração da solução contida no vaso I, em iões H3O . - 3.3.- Determine o número de iões HO presentes nessa mesma solução. 4.- Considere os ácidos a seguir mencionados e as respectivas constantes de acidez a uma dada temperatura: HCN - 7,0 x 10-10 e HNO2 - 4,0 x 10-6 4.1.- Indique, justificando, qual destes ácidos é mais forte. 4.2.- Considere a ionização, em presença da água, do ácido nitroso, HNO2, à concentração de 1,0 mol.dm-3. Indique os pares ácido / base conjugados para a ionização de HNO2. 4.3.- Qual dos ácidos terá uma base conjugada mais fraca? Justifique. 4.4.- Complete, justificando, o seguinte esquema químico de ionização: HCN + HNO2 _________ + _________ DADOS: Massas atómicas: H – 1,0 ; C – 12,0 ; N – 14,0 ; O – 16,0 Constante de Avogadro, NA = 6,02 x 10 23 mol -1 COTAÇÕES: QUESTÕES PONTUAÇÃO (Pontos) 1.1 17 1.2 17 1.3 17 2.1 10 2.2 12 2.3.1 2.3.2 13 13 3.1 16 3.2 17 3.3 17 4.1 13 4.2 12 4.3 13 4.4 13 BLOCO I@T03/FEV-2001