MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ATA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA No vigésimo-terceiro dia do mês de abril de 2007, às quatorze horas, no Auditório da Procuradoria da República, sito à Rua Peixoto Gomide, 762, no térreo, perante a Doutora ADRIANA DA SILVA FERNANDES, Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, a Doutora INÊS VIRGÍNIA PRADO SOARES, Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão Substituta, iniciou-se a audiência pública designada para discutir assuntos pertinentes à Representação n.º 1.34.001.002428/2007-28, que trata sobre “MEIO DE COMUNICAÇÃO EM MASSA. TELEVISÃO. Direitos da Mulher. Invisibilidade. Direitos de resposta.” A audiência pública foi encerrada às 18 h e 45 min. Acompanha esta ata a transcrição da audiência. Para constar, lavrei a presente ata que é assinada pelos Procuradores da República que permaneceram na condução dos trabalhos e subscrita por mim, Marcos Antonio Mancuso, Asessor da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão. Doutora Adriana da Silva Fernanda Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão Doutora Inês Virgínia Prado Soares Procurador Regional dos Direitos do Cidadão Substituta NOTAS: 1. Toda a Audiência Pública foi gravada e as fitas permanecerão arquivadas na Secretaria dos Ofícios da Tutela Coletiva, na Procuradoria da República em São Paulo/Capital, pelo prazo de 20 (vinte) dias, período em que deverão ser decididas eventuais impugnações à presente ata. 2. O público presente foi relacionado na Lista de Presenças, que fica fazendo parte integrante desta ata (já juntada nos autos) 2 AUDIÊNCIA PÚBLICA “A MULHER NA TELEVISÃO BRASILEIRA” Vinte e três de abril de dois mil e sete – Auditório da Procuradoria da República no Estado de São Paulo – Rua Peixoto Gomide, 768, térreo, Cerqueira César – São Paulo Mestre de cerimônia: Adriana Shih - Vamos dar início à solenidade de abertura da Audiência Pública “A Mulher na Televisão Brasileira”. Chamo para compor a mesa: Dra Teresa Cristina Nascimento Souza - representante da Ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres. Doutora Paula Bajer Fernandes Martins Da Costa - representante da Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, Doutora Adriana da Silva Fernandes – Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, Doutora Jaqueline Lorenzetti Martinelli – Procuradora de Justiça do Ministério Público Estadual de São Paulo. Agradeceu a todos pela presença. Com a palavra agora a Doutora Adriana da Silva Fernandes, que presidirá a mesa. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Cumprimentou a todos e referiu-se que antes de passar a palavra aos componentes da mesa, faria breves considerações sobre os motivos que ensejaram a propositura do procedimento administrativo e a determinação da realização da audiência pública. Que foram recebidas no Ministério Público Federal diversas organizações não governamentais, movimentos de diversos seguimentos do movimento social, representando a mulher na mídia. As requerentes alegam que a mulher brasileira não está sendo representada pela televisão brasileira. Que não se vêem representadas e que a televisão discrimina as mulheres no sentido de rebaixar a auto-estima delas, tratando-as como objeto. Em face da representação o Ministério Público Federal, para recolher maiores informações, inclusive das representantes e das emissoras de televisão, resolveu determinar a realização da presente audiência pública. O objetivo do trabalho é ouvir tanto as representantes, como também as emissora de televisão. Por isso a audiência pública será dividida em 3 (três) partes: 1ª parte: quem se inscreveu previamente. A maioria das pessoas inscritas são as representantes. Informou que esse é o momento delas relatarem o quanto estão se sentindo não representadas pela televisão brasileira. Na 2ª parte ocorrerão os debates. Esclareceu bastar levantar a mão para se inscrever, que o funcionário Mancuso, que estará circulando pelo auditório, irá anotar a inscrição. Será dada preferência ás emissoras de televisão, pois na 1ª parte as representantes já teriam falado. Disse esperar que no final se consiga chegar a um denominador comum, com propostas viáveis. Que o Ministério Público Federal possa formar sua convicção, pois tudo que for relatado, subsidiará uma futura ação do Ministério Público Federal, seja judicial ou extra-judicial. Em seguida passou a palavra para a representante da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e registrou que a audiência estará sendo gravada em DVD, e cópia poderá ser retirada aqui no Ministério Público Federal. Doutora Teresa Cristina Nascimento Souza representando a Ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres. Após os cumprimentos disse que a Secretaria Especial de Política para as Mulheres da Presidência da República foi convidada a estar presente nesta audiência pública. Sentiram-se coresponsáveis com todo o movimento social de mulheres, porque também têm feito uso constante de acesso das recomendações do CONAR. A Secretaria Espacial para Política das Mulheres quando foi criada neste governo, sua principal atribuição é assessorar a Presidência em todas as questões afeitas as mulheres. Como não podia deixar de ser, têm sido intransigentes na defesa dos direitos das mulheres e nas discriminações das quais elas são vítimas. Por isso, não quis ser de forma alguma moralista, não se pode deixar de ver 3 como humilhação todas as formas argüidas pelo menos nessa representação do movimento social. Não se pode deixar de ver como inconcebíveis essas formas de como as mulheres alegam, como humilhantes, a sua condição, não só de mulher, mas como seres humanos. Disse que hoje existem já algumas regras que o CONAR segue, algumas normas determinadas, mas sem dúvida sabe-se que precisam haver alguns acertos nessas regras, inclusive no melhor direcionamento da legislação, para que sejam cumpridas não só as questões do encaminhamento das representações que são feitas em nível de recomendação, como até mesmo de legislações cíveis e penais mais específicas. Já tiveram a possibilidade na 4ª Conferência Mundial da Mulher, em Beijing, em 1995, de ter como um dos princípios defendidos na conferência o “respeito à imagem da mulher nos meios de comunicação”. Então, ao ver na platéia várias companheiras de movimento, inclusive a companheira Silvia Pimentel, responsável pelo CEDAW-Eliminação de todas as formas de violência e discriminação, disse achar que é uma responsabilidade não só do Governo Federal, de todas as entidades da sociedade civil e organizações internacionais, que seja feita uma visibilização positiva da mulher brasileira e da mulher em torno do mundo, não só na questão da sua imagem, como na questão do respeito aos seus direitos fundamentais. Disse, ainda, esperar que exatamente nessa audiência pública e no julgamento da Representação, ter certeza que da forma mais imparcial possível, será feito. E os movimentos sociais poderão estar se colocando e mostrando não só as possibilidades das empresas dos meios de comunicação, escritos e falados, estão cumprindo com sua responsabilidade social, já que, como concessão pública, devem respeitar alguns limites da legislação pátria. Agradeceu e desejou boa audiência pública para todas as mulheres. Doutora Adriana da Silva Fernandes - Passou a palavra para a Dra. Paula Bajer, representando no ato a Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Doutora, Ela Wiecko Volkmer de Castilho. Doutora Paula Bajer Fernandes Martins da Costa - representante da Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão: Após a saudação mencionou ser uma honra estar representando a Dra. Ela Wiecko, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão. Ela que tem toda uma história de trabalho da conquista e implementação aos direitos humanos. Então é uma honra estar nesta Casa, representando-a. Cumprimentou a Doutora Adriana, Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, Inês Soares, Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão Substituta, que tem auxiliado, ajudado e colaborado junto com a Adriana para que essa audiência aconteça. Cumprimentou a Teresa Cristina, da Secretaria Especial de Política para as mulheres e a Jaqueline, do Ministério Público Estadual. Cumprimentou todas as mulheres e afirmou estarem em casa, todas com o mesmo interesse. Cumprimentou ainda as emissoras de televisão. Sabe que todos aqui estão com o mesmo interesse comum, que é procurar um ponto de equilíbrio e dialogar para que a imagem das mulheres apareça para toda a população brasileira de maneira que corresponda à realidade brasileira das mulheres. Tem certeza que esta audiência alcançará resultado comum, que as empresas de televisão irão se posicionar e colocar seu ponto de vista. O mais importante do que qualquer conclusão e resultado positivo, disse achar que é a divulgação do encontro para toda a população. Por que é por meio dessa divulgação que a comunidade, que a audiência pública, as conversas e reflexões discutidas, irão alcançar as populações dos lugares distantes dos centros de comunicação; e poderão informar todas as comunidades e as mulheres que fazem parte dessas comunidades, de que a discussão está acontecendo. E que quando as pessoas estão bem informadas, podem refletir e escolher os programas de 4 televisão que devem assistir. Nisso, a interferência, na audiência irá acabar também orientando as grades de programação. É uma discussão que só está começando. E, o encontro irá se repetir várias vezes. Desejou, naquele contexto, um bom trabalho a todos. Doutora Adriana da Silva Fernandes: Passou a palavra à Dra Jaqueline Lorenzetti Martinelli – Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Doutora Jaqueline Lorenzetti Martinelli – Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo: - Cumprimentou a todos e a todas. Em primeiro lugar, cumprimentou o Ministério Público Federal, mas em especial as entidades envolvidas com as questões das mulheres na importante representação. E da acolhida tão rápida que o Ministério Público Federal fez, de atender e perceber da importância que a televisão tem na vida social brasileira. A televisão está em todos os lares, e a audiência pública vem conclamar a todos, em especial os meios de comunicação, da sua relevância no papel educacional na sociedade. Disse saber que em todos esses movimentos e que todas as ações que são feitas, são dependentes da questão educacional dos cidadãos. E os meios de comunicação não se podem furtar desse papel, já que é o meio que está em todos os lares brasileiros. Cumprimentou também a Sra. Teresa Cristina, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, e registrou seu testemunho do avanço que houve nessa questão a partir do trabalho dessa Secretaria. Cumprimentou, ainda, o colega Dr. Eduardo, da Coordenação da Área Cível do Ministério Público Estadual e disse que tanto o Ministério Público Estadual, como o Ministério Público Federal estão empenhados em fazer cumprir a Lei Maria da Penha, que é a grande conquista do movimento de mulheres. Em especial, estarem juntas à mesa, significa que estão processando o dar cumprimento à política que a lei veio determinar: o trabalho integrado entre as diversas áreas do setor público, área estadual, área federal e também a interligação, seja de questões da Segurança Pública e todas as áreas sociais dos diferentes setores do governo. E que só assim a mulher vai poder efetivamente ter a proteção integral que ela tanto merece e precisa receber. Cumprimentou a iniciativa. Por ser na sua visão extremamente importante. Registrou estarem presentes algumas televisões que conhece, e que já tem procurado trabalhar nesse sentido. A All TV, que tem feito todo o acompanhamento da construção da rede de serviços à pessoa vítima de violência na zona sul. Como também a TV patrocinada pelo Instituto Valores, e crê que os grandes meios de comunicação podem dar a sua contribuição nesse momento. Agradeceu ao final. Doutora Adriana da Silva Fernandes anunciou que iria passar para a 1ª parte e concedeu a palavra às representantes das mulheres. Senhora Raquel Moreno: - Após os cumprimentos disse confessar seu nervosismo, por estarem em um momento histórico. Deverem muito a muitas das pessoas que estiverem presentes e ao coletivo das mulheres, dos mais diversos pontos da cidade, que compareceram, que correram, que trabalharam, são mulheres, também têm trabalho, têm filhos, têm casa, diversas outras coisas para fazer, e todo mundo achou um tempo para discutir a questão. Agradeceu à Dra Adriana pela gentileza de acolhê-las, à Dra Inês que também as ajudou bastante, e todas as autoridades presentes. Agradeceu enfim, a todos os deputados presentes, à Silvia Pimentel que se fez presente, a Sra. Clara e a todos os presentes, inclusive o pessoal da televisão. Anunciou sua fala ser introdutória. Seu nome é Raquel Moreno. É do Observatório da Mulher. Tem como profissão psicologia e pesquisa. Trabalha, inclusive, com pesquisa de mercado e opinião. E que foi um pouco desse ponto de vista que fez a introdução do tema. (Slides em anexo). Doutora Adriana da Silva Fernandes anunciou ser a próxima inscrita a falar a Senhora 5 Mercedes Lima, da Marcha Mundial das Mulheres. Senhora Mercedes Lima – Marcha Mundial das Mulheres – Disse que tentaria tornar visível o quê a Raquel acabara de expor. Que e´estudiosa da novela das oito e que grande parte do que a Raquel falou está na novela das oito. Explicou ser-lhe impossível em dez minutos expor tudo, mas que pegaria três aspectos: a questão do casamento, questão da sexualidade e a questão da imagem da mulher no trabalho. E, na mesma linha da Raquel, nada ter contra as vilãs e as heroínas que aparecem nas novelas das oito. O problema na sua visão é que há trinta anos elas têm mais ou menos o mesmo tipo, os mesmos problemas. Mostrou que quando a televisão diz que vai ser moderna, vai discutir algo presente na sociedade, nem sempre o resultado sai de acordo com a realidade. Sua idéia é ajudar nesse sentido. Fixou-se em mais duas novelas, “Senhora do Destino” e “Belíssima”, pois ambas foram novelas de sucesso, principalmente a “Senhora do Destino”. Depois disse que iria expor como se dá a contradição, por que o pessoal da rede televisiva pode dizer: não poderiam mudar a imagem das heroínas e etc., por que fazem muito sucesso na televisão”. Disse que antes de me perguntarem, já iria incutir a resposta na fala rápida, a resposta do porquê não é tão difícil mudar. Na “Senhora do Destino”, quem é heroína é a Maria do Carmo, quem é a vilã é a Nazaré. A Maria do Carmo é uma nordestina que vem pro sul, encantada pelas possibilidades econômicas do Sul, junto com seus filhos, para trabalhar na cidade. O que se pensa em primeiro lugar: a mulher brasileira que trabalha se verá retratada nessa imagem, de uma mulher que luta sozinha com cinco filhos. No meio da novela ela é obrigada a colocar o marido dentro de casa, por questão de humanidade, que a tinha abandonado com os cinco filhos. Comparada com a Nazaré, que é a vilã, que transa muito bem com sua sexualidade, a Maria do Carmo é solícita, que a todo momento, mesmo depois de chegar cansada do trabalho, oferece cafezinho para todo mundo. Depois, os companheiros que assistem dizem: “está vendo, é assim que se trata o marido”. A televisão, em geral, está ligada no momento em que todos chegam em casa. Pode-se ver que na sexualidade a vilã é livre, mas em compensação é sempre livre. Durante vinte anos vem se repetindo essas imagens que nos fazem pensar se a sexualidade bem resolvida é apenas das vilãs e que a bem comportada, não deve estar bem na sua sexualidade. São pontos de interrogação. Afirmou que a televisão nada cria, mas reforça, não dá para negar. Ela reforça padrões, naquilo que está presente na sociedade, essa coisa de mulher cidadã de segunda categoria. Segundo seu raciocínio o certo é que a Nazaré ocupa todo o espaço público, tem toda a liberdade, vive na rua, faz sexo na boleia de um caminhão, vive circulando, mas a heroína da novela é sempre solícita, servindo cafezinho, trabalha, mas nunca aparece trabalhando. Referiu que o seu trabalho foi feito a partir de levantamento de capítulo por capítulo. Se vê a porta de trabalho dela, mas se não a vê trabalhando. Falou ainda, todos poderiam dizer: “Mercedes, é possível que numa trama não dê tempo desses detalhes”. E perguntou: então porque os filhos homens aparecem trabalhando? O menino que é dono do restaurante aparece a toda hora trabalhando. O outro filho, que é Prefeito, também aparece trabalhando. A Maria do Carmo só aparece trabalhando no dia em que é roubada pelo filho. Daí aparece ela dando baixa na contabilidade. Na “Belíssima” a mesma coisa, a Bia Falcão, transa bem a sua sexualidade na novela das oito e no final da novela acaba com um rapaz de vinte. Nós pensamos que a mulher deve aparecer trabalhando. Antes até os homens não apareciam trabalhando, mas o trabalho continua sendo colocado num segundo momento, depois do casamento, depois que se deu bem. A mesma coisa acontece com a personagem Katina, que só aparece trabalhando 6 depois que o marido perdeu o emprego, ou seja, ainda somos a segunda renda. Irão entregar um trabalho para o Ministério Público Federal, é um trabalho de pesquisa, para ser analisado e que pode ser aprimorado para ficar mais próximo da realidade. Doutora Adriana da Silva Fernandes: Passou a palavra à Sra. Jacira Vieira de Melo – Diretora do Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia. Senhora Jacira Vieira de Melo – Diretora do Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia1: Disse que na audiência pública não está em discussão a TV como entretenimento, que segundo seus realizadores exige leveza. O que está em debate é qualidade dos programas da TV oferecidos cotidianamente para a sociedade e a representação da imagem das mulheres. O debate proposto é se a única maneira de fazer TV é a que é conhecida. Isto é, uma TV que no grosso da sua programação oferece para consumo e descontração da população o que há de pior no preconceito. Em relação à representação da imagem da mulher na TV, há uma forte crítica captada em todas as esferas da sociedade. Mas como fazer com que todas essas reclamações ouvidas nos ônibus, no metrô, nos mercados, no ambiente de trabalho e nas escolas tenham ressonância junto à direção das TVs, junto aos produtores culturais de TV, e junto aos poderes constituídos no país? Os diretores das emissoras têm um argumento recorrente que diz: o telespectador pode mudar de canal ou mesmo desligar a TV. Dizem que temos um equipamento de controle de qualidade fortíssimo que é o controle remoto. Cada um e cada uma das mulheres sabe que é da natureza da TV fragmentar seu público em milhões de casas, falando-se em espectadores e espectadoras que são indivíduos isolados, portanto, estão também debatendo críticas e indignações que estão fragmentadas, dispersas e isoladas. Uma sociedade democrática exige mecanismos participativos, e não só em relação ao Estado, mas também em relação à mídia, e em especial à TV. Afirmou que não há na sociedade brasileira um espaço de soma e articulação das críticas à programação da TV. E também não há no país espaços e mecanismos de controle social da TV. É por este motivo que as mulheres recorreram ao Ministério Público Federal, como movimentos organizados de mulheres que refletem criticamente sobre vários aspectos da sociedade brasileira. Concentrou sua fala na publicidade, o ingrediente fundamental da TV brasileira. Como é de conhecimento a publicidade é a fonte de faturamento que faz da TV no país um negócio que movimenta milhões a cada dia. Falou sobre a mercantilização da imagem e do corpo da mulher na publicidade veiculada pela TV e seu o impacto sobre a construção do imaginário das futuras gerações. Para começar citou uma frase selecionada no site do CONAR, o órgão auto-regulador dos publicitários. A propaganda, diz o CONAR, não precisa ser educativa, mas pode não ser antieducativa! Pediu atenção, que não é possível pensar ou apreender a propaganda como algo que está fora da responsabilidade das emissoras de TV. A propaganda é parte da grade de programação e deve ser objeto de autoregulação das emissoras. Objeto de responsabilidade social da TV. Assim, as emissoras devem ser interpeladas da mesma forma que se interpela o anunciante, quando há ofensa, por parte de uma campanha publicitária, à dignidade e à imagem das mulheres. Por falta de debate crítico e de mecanismos de controle social, cada vez mais a publicidade recorre sem limites e sem metáforas a mercantilização da imagem e do corpo da mulher. Deu como exemplo concreto a campanha da Ambev, "Musa do Verão", que oferece cervejas geladas e mulheres como uma única mercadoria para homens que buscam prazer. A mercantilização da imagem e do corpo da mulher, representada pela exibição na mídia de "musas" 1 - Relato do pronunciamento enviado por e-mail: 7 silenciosas, passivas, que não esboçam reações, oferecidas como chamariz para a venda dos mais variados produtos é intolerável em nossa sociedade. Trata-se de um recurso publicitário que se coloca na contramão dos esforços empreendidos pela sociedade e pelo Estado para a promoção de padrões éticos de civilidade e respeito entre homens e mulheres. Disse que poderia ficar a tarde inteira levantando exemplos dessa associação de duplo sentido usada na publicidade que opera com o estereótipo da mulher-objeto. Por falta de espaço para a crítica social, e por ausência de punição, as emissoras e anunciantes usam e abusam deste tipo de associação, atingindo níveis chocantes de explicitude da mulherobjeto. Mencionou que é nesse sentido que se deve exigir responsabilidade social da TV e dos anunciantes. Que a publicidade brasileira ofende a dignidade e a imagem das mulheres, onde é preciso atentar para um aspecto da maior importância: a publicidade oferece para as futuras gerações imagens que reforçam preconceitos e desigualdades. É preciso pensar as sérias conseqüências das mensagens discriminatórias que são veiculadas através dos meios de comunicação de massa cuja tarefa é de quem busca no setor social e no setor corporativo promover a cidadania para um mundo melhor, com valores éticos, de eqüidade (igualdade, com respeito às diferenças) e justiça social. As pesquisas - realizadas por agências de renome nos mercados publicitários nacional e internacional - que captam a visão das mulheres sobre a publicidade revelam que elas esperam que os anúncios valorizem a mulher como ela é, isto é, alguém que tem corpo, mas também tem cabeça, que tem beleza e ao mesmo tempo inteligência. Para finalizar, disse que o debate sobre a representação da imagem das mulheres na TV deve enfatizar com extrema seriedade a intolerável ofensa à dignidade e à imagem das mulheres na publicidade, tendo como objeto de atenção especial o previsível impacto dessas imagens sobre o imaginário das novas gerações. Pois, ao reforçar estereótipos negativos da figura feminina a publicidade, e a TV por extensão, promovem um efeito pedagógico altamente negativo sobre as futuras gerações, que é um público ainda não equipado para uma visão crítica e para fazer escolhas, facilmente seduzível pelos apelos publicitários. Este público jovem, composto por garotos e garotas em formação não possui ainda um pensamento crítico capaz de se contrapor a essas imagens de mulher como um ser inferior, sem vontade própria, sem voz, sem atitude, que é criado e existe simplesmente para atender à vontade masculina. A explícita coisificação da mulher em muitas propagandas certamente tem o potencial de produzir uma perversa influência na construção do imaginário das novas gerações. Na construção da sociedade brasileira presente e futura. Doutora Adriana da Silva Fernandes passou a palavra para a Sra. Teresinha Vicente Ferreira. Senhora Teresinha Vicente Ferreira - Observatório da Mulher – identificou-se e disse ser feminista desde que nasceu, é jornalista, do Observatório da Mulher e da Marcha Mundial das Mulheres. Gosta muito de televisão e até assiste bastante. E desse ponto de vista lhe coube pesquisar vários estudos, resumos sobre a adolescência e a juventude na televisão. Pegou um gancho no que a Jacira estava falando e a exposição da Raquel já falou de tudo, só falta dar alguns exemplos. Na pesquisa que fez de alguns estudos, por exemplo: está a questão da beleza, que é uma das coisas mais graves hoje. No lugar de valores morais e éticos, hoje o quê vale é a perfeição corporal, tem que ser bonita, magra, tudo aquilo que já foi falado. Outro exemplo: uma pesquisa do final do século passado, em mil novecentos e noventa e nove, achou que só pode ter piorado - o Brasil só perdeu para os Estados Unidos em número de cirurgias plásticas. Entre jovens de quinze a vinte e cinco anos foram feitas no Brasil em mil novecentos e noventa e nove, 8 cinco mil cirurgias plásticas. O que lhe é um absurdo. E se vê como o jovem é ainda mais influenciado pela televisão. Um estudo que leu diz que o jovem de vinte e cinco anos já assistiu em média vinte mil horas de televisão e introjetou tudo aquilo. A televisão pega pelo emocional, pelo próprio veículo, a televisão tem que ser rápida, colorida, barulhenta, portanto já é violenta. Mas é assim que consegue pegar no emocional das pessoas, não dando tempo de pensar, de raciocinar, de analisar as informações. Não vai dar tempo de ler, mas apresentou um texto da Promotora de Justiça Luiza Nagib Eluf, que fala do grande poder dos meios de comunicação de influenciar pessoas e gerar obsessão coletiva de buscar uma beleza intangível. Segundo a Organização Mundial de Saúde apenas entre cinco e oito por cento das mulheres têm estrutura corporal para conquistar essa beleza que a mídia divulga. O pior é que para os jovens pobres, que são a maioria, a televisão é realmente a única fonte de entretenimento. Pegou pesquisa da educadora da UNICAMP, Eliana Borges, sobre a “relação das crianças com a televisão”, onde mostra que mais de setenta por cento dos estudantes de todas as escolas, responderam que a principal atividade fora da sala de aula é a televisão. O quê está acontecendo então? Ontem assistiu o Fantástico – e achou uma pena que a Rede Globo não esteja presente à audiência pública, porque infelizmente ela é o grande padrão que todas almejam – uma matéria mostrando a preocupação que há com a prevenção da AIDS, de doenças sexualmente transmissíveis, da gravidez precoce. Mostrando dados inclusive, de que cinqüenta e seis por cento da população jovem não usa preservativo, de que quarenta e quatro por cento dos jovens utilizam bebida alcoólica antes das relações sexuais, que faz até com que esqueçam de pôr camisinha. Até foi uma matéria interessante. É como a Mercedes falou. Só se aprofundou e continua nas novelas, onde é que mais pega. Disse como jornalista que a telenovela hoje, e agora não é só a Globo, pois já tem as outras emissoras, a telenovela faz mais a cabeça da moçada, das mulheres, do que o jornal. Isso todo mundo já tem certeza. Ao mesmo tempo em que a Globo tem dado algumas matérias até esclarecedoras e que até chegam a ser educativas, mantém as novelas nos mesmos padrões de trinta anos atrás. A pesquisa mostra a novela Kubanacam, que naquela época recebeu cento e trinta representações na campanha “quem financia a baixaria é contra a cidadania”. Os argumentos de quem reclamou foram apelo sexual e violência. Interessante é que eles colocam para as crianças a violência como algo engraçado. As próprias crianças, quando pesquisadas, dizem que não é violento, mas sim engraçado. Acham que mostram nos programas humorísticos a violência de forma engraçada. E as crianças vão aprendendo aquilo. Falou que continuam passando para as mulheres e portanto para as jovens, a maternidade e o casamento como a grande felicidade da mulher, principalmente nas novelas. Outra coisa que é levantada é a briga física entre as mulheres, que já foi usada pelo Gilberto Braga para levantar a audiência. Outra coisa que a preocupa muito é a gravidez dos adolescentes. Quase vinte por cento dos partos realizados no Estado em dois mil e cinco foram de adolescentes. Ao mesmo tempo em que a televisão pretensamente faz matérias assim, continua estimulando o casamento, o homem. Falou de um programa que viu na MTV, que está presente, por sinal, que é “A Fila Anda”, da Penélope, assim como tem o programa da Cicarelli, o “Beija Sapo”. Ficou chocada com o programa a “Fila Anda”. Assistiu ontem, para ver o que sua filha de treze anos anda vendo. Primeiro as mulheres são chamadas de guerreiras. Guerreira, para o movimento feminista, significa aquela mulher que luta pela vida, pelos seus filhos, pelas melhorias. No programa não, guerreiras são as meninas que vão se mostrar, contar suas intimidades e são montes, 9 começa com dezesseis ou vinte meninas para serem escolhidas, incorporadas e descartadas pelo príncipe encantado que elas vão disputar. No seu ver é demais, tal qual o “Beija Sapo”. Outra preocupação que tem é o turismo sexual, prostituição dos adolescentes. Num país de maioria pobre, que usa muito a televisão, em que cabeça está sendo feita dessas crianças e adolescentes. A desvalorização e banalização da sexualidade e do sentimento. E esses programas fazem com que as meninas só pensem nisso, que a realização delas seja arrumar homens. Algumas anotações que fez sobre o programa a “Diarista”, o penúltimo exibido. Um programa em que a personagem principal é uma empregada doméstica, que poderia ser utilizado para discutir tantas questões interessantes e engraçadas, mas que usa palavras como a de um homem dizendo sobre o apartamento que arrumou, com as seguintes expressões “guardei o melhor abatedouro para você”. A outra diz que se deu bem quando arrumou um “homem”. As coisas não mudam muito, principalmente nas novelas. Alguém já iniciou um levantamento das crianças, um estudo sobre as “tiazinhas”, as “popozudas”. Disse que não iria se estender mais, por ter mais pessoas para falar. E vão falar sobre isso, é grande preocupação sobre que gerações, que país, com que valores estão sendo formados. Se continuar sendo passado para crianças e adolescentes, que vêm muita televisão, essa mulher subalterna, objeto, mercantilizada, que só vale pelo corpo, pela beleza e pelo homem que ela tem do lado. Doutora Adriana da Silva Fernandes: Nas falas anteriores muitas se reportaram à falta de mecanismos para efetivar o diálogo entre as emissoras e a sociedade civil. Na segunda parte serão ouvidas das emissoras quais os mecanismos que se tem atualmente à disposição das organizações da sociedade civil para que sejam ouvidas. Cedeu a palavra à a Doutora Sílvia Pimentel. Professora Sílvia Pimentel: Disse falar na qualidade de mulher da área do direito e professora na PUC São Paulo há trinta e quatro anos, na qualidade de defensora dos direitos da mulher há três décadas, na qualidade de fundadora de muitas instituições feministas do país e como membro do Comitê Latino-Americano do Caríbe para a Defesa dos Direitos da Mulher, uma rede latino-americana. E, por último, falar, enquanto membro do Comitê da ONU para Eliminação da Discriminação Contra a Mulher. Fez questão de desfiar tudo isso porque achou ser importante quando as mulheres estão conversando publicamente com entidades poderosas, como muito especialmente a mídia, que elas saibam sim que muitas mulheres, efetivamente, muitas das presentes à Audiência, estão em posto de poder e que estão lutando por isso, por estarem cientes de suas capacidades e das pontencialidades. Disse também que gostaria de dar uma mensagem em termo das experiências que teve no Comitê da ONU na temática da mídia. A Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, que é a Convenção CEDAW2, elaborada em 1979, não faz menção expressa à mídia com este nome, meios de comunicação – mídia, Mas chama a atenção para seu eixo principal, a luta contra a discriminação em relação à mulher e a luta em prol da igualdade. Isto nos seus artigos um e dois e logo no seu artigo quinto, trabalha exatamente em relação da obrigação do Estado e da sociedade, especialmente o Estado, de lutar contra padrões pontuais que reforçam estereótipos e preconceitos em relação à imagem da mulher. É importante trazer isso porque, fundamentalmente, o que as mulheres estão fazendo na audiência hoje, chamando a atenção do governo e da sociedade, da importância de quebrar com padrões culturais que mostram as mulheres na televisão de uma forma indevida, e, por sua vez, com isso, reforçando-se padrões culturais tradicionais 2 CEDAW – Convention on the Elimination of all Forms of Discrimination Against Women. 1 de desigualdade e de desrespeito. Disse que o Comitê CEDAW tem vinte e cinco recomendações gerais elaboradas, mas dentre elas não há uma especial em relação à mídia, mas por algumas vezes, apresentam uma referência expressa à mídia, aí sim, dizendo da seguinte maneira: porquanto cabe aos Estados promover uma imagem que construa igualdade, e, portanto, ir contra a discriminação e proteger uma imagem digna da mulher. Isso está dentro de recomendações não especiais em relação à mídia. Pode dizer, por sua experiência e já estar há mais de dois anos no Comitê CEDAW, que não há uma sessão sem que analisem relatórios encaminhados por Estados-Partes. Agradeceu ao Instituto Patrícia Galvão e às suas colegas feministas que estão há algum tempo chamando a atenção para a importância de enfocar a mídia. Apresentou uma sua especial preocupação insistindo na importância em chamar a atenção de todos Estados-Partes do mundo que têm chegado ao Comitê nesses momentos de análise dos relatórios, do dever e obrigação jurídica de cada Estado. Isso significa que as mulheres não estão pedindo nenhum favor, nenhuma gentileza, nenhuma concessão aos meios televisivos brasileiros. Estão exigindo. E é isso que veio fazer. Doutora Adriana da Silva Fernandes – em face do adiantado da hora, fez verificação das pessoas que iriam ainda pronunciar-se. Orientou a organização das representantes interessadas, para o aproveitamento do tempo e alertou que na próxima parte da Audiência Pública, na etapa dos debates e abertura às emissoras, outras mulheres poderiam se manifestar. Senhora Mouna Zen – Parabenizou a iniciativa. Disse da extrema importância do Ministério Público estar recebendo a voz da comunidade, da sociedade, da indignação aos meios de comunicação em relação às mulheres, e que reduzem as mulheres à isca do consumo. Reforça um modelo que estão lutando para desconstruir, que subjuga, desqualifica as mulheres, que sempre são consideradas em segundo plano. Disse que ao abrir jornais na sexta-feira que se passou, viu que um dos parlamentares brasileiros, e é tão normal se ver isso na televisão. Em seu pronunciamento e na entrevista desse Deputado diz assim: “As mulheres ficaram muito ordinárias, vulgares, cheias de silicone. Hoje em dia uma mulher trabalha deitada e descansa em pé”. Um Deputado Federal do Estado de São Paulo, Clodovil Hernandes. Pediu atenção, quando se faz um pronunciamento desse... Expôs que outro Vereador muito importante disse que um homem que mantém relação sexual com uma menor não deve ser punido. Tais coisas se falam ainda como se fossem algo normal, que ninguém iria se indignar, ninguém iria representar contra uma situação que coloca, que subjuga a maior parte das mulheres brasileiras. Só fala isso quem não conhece a mulher brasileira. Doutora Adriana da Silva Fernandes pediu à Mestre de Cerimônias Adriana Shih que anunciasse os nomes de algumas autoridades presentes e que em seguida ocorreria um breve intervalo de dez minutos e se retornaria para os debates na segunda parte. Mestre de Cerimônias – Agradeceu o comparecimento da Comissão da Mulher Advogada, da OAB/SP; ao Ministério Público Estadual – Doutora Jaqueline Lorenzetti Marineli e Doutor Eduardo Dias de Souza Ferreira, a Central Nacional de Televisão – CNT, Grupo bandeirantes, à MTV, à Rede Mulher, Rede Record de Rádio e Televisão, à Rede Vida, o Sistema Brasileiro de televisão – SBT, TV Ômega, TV Gazeta, Rede Mulher de Educação, Liga Brasileira de Lésbicas, a representante da Deputada Estadual Maria Lúcia, Instituto Alana, Instituto Patrícia Galvão, Associação de Juízes para a Democracia, FADESP Rio, Central Única dos Trabalhadores – CUT de São Paulo, CLADEM – Comitê Latino Americano e do Caribe para Defesa dos Diretos da Mulher, FADESP – Federação das Associações de Advogados de São Paulo, Observatório da 1 Mulheres, Núcleo de Gênero, Raça e Etnia da PUC, COMulher – Comunicação das Mulheres, Intervozes, Prefeitura do Município de Santo André, Mulheres pela Paz, SOF – SempreViva Organização Feminista, Rede Feminina de Saúde, Conselho de Construção Feminina, MMM – Marcha Mundial das Mulheres e União das Mulheres. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Anunciou o intervalo de dez minutos. Doutora Rebeca Oliveira Duarte, Advogada, em nome do Serviço de Política do Observatório Negro de Pernambuco. Cumprimentou os presentes e disse que em primeiro lugar é preciso pensar, quando a Convenção de Belém do Pará fala que é direito das mulheres viverem uma vida livre de violência, inclui como forma de violência o submetimento a padrões e estereótipos de subalternidade e inferioridade. Portanto, falar dessa questão da imagem da mulher na televisão e na mídia é falar da questão de direitos humanos, das violações dos direitos humanos que são cometidas contra as mulheres. Com relação a essa violação disse existir a estereotipação negativa no sentido de mercantilização do corpo feminino, na estereotipagem social em que se dividem os papeis sociais bem determinados dentro de uma concepção sexista. E, em relação à mulher negra, se vê que existe um “plus” a mais, que além do sexismo continua ainda todos os estereótipos de inferioridade, e se vê articulado o sexismo ao racismo brasileiro, que determina sempre o local específico à mulher negra na televisão brasileira e na mídia em geral. O lugar em que é colocada a mulher é determinado por uma ideologia bastante presente nos meios de comunicação e na mídia em geral, estabelecida num ideário que se conhece ainda hoje como democracia racial. Trouxe, para se dar idéia, um exemplo desse imaginário, que vem direto da “Casa Grande e Senzala”, uma publicação em quadrinhos da Editora Global, uma editora paulista em convênio com a Fundação Gilberto Freire, que é pernambucana. Foi publicada em dois mil e cinco e reproduz basicamente as idéias pilares da democracia racial brasileira. O local da mulher negra que é estabelecido nesse ideário, que é reproduzido, mantido e perpetuado pela mídia e televisão brasileira, e deu como exemplo, conforme consta da página trinta e cinco, fala-se: “nenhuma cultura, nenhuma gente, nenhum povo, depois do português, exerceu mais influência na cultura brasileira do que o negro. Quase todo brasileiro trás a marca dessa influência, da negra que o embalou e lhe deu de mamar, da sinhama que lhe deu de comer, ela própria fazendo com os dedos o bolão de comida, da preta velha que lhe contou as primeiras estórias de bichos mal-assombrados”. Evidenciou na parte final da obra “Casa Grande e Senzala”, que complementa dizendo: “E das primeiras experiências sexuais com as mucamas que os ensinaram a ser homens”. Essa imagem da mulher negra como objeto de trabalho e de utilização sexual, é a imagem da mulher negra por excelência, que é utilizada nos meios de comunicação, na mídia e na televisão em geral. A mulher negra brasileira sofre, além do sexismo que a coloca em subalternidade, padrão de estereotipagem inferior, essa articulação do racismo que trás basicamente duas formas de violação dos direitos humanos da mulher negra. Uma é a invisibilidade, que na televisão não aparece como sujeito de uma história que é a história da sociedade brasileira. A segunda é a visibilidade perversa que quando a mulher negra é incluída se dá exatamente dentro do estereótipo de coisificação, mercantilização e utilização de seus serviços, conforme o ideário da “Casa Grande e Senzala”. Não é difícil de se encarar os exemplos de que na televisão isso acontece. Deu como exemplo, quando não aparecem nos núcleos principais das novelas brasileiras, nunca o núcleo negro aparece. Principalmente as mulheres negras surgem nas novelas sempre no núcleo subalterno e que serve ao núcleo principal que é 1 formado por atores e atrizes brancas. Mesmo aquela atriz negra que aparece ligada ao núcleo principal, sempre é amiga da mocinha branca, a quem dá conselhos, e é a que deixa sua vida pessoal para poder estar ouvindo as queixas, as manifestações e os problemas próprios da mulher branca, que é parte do núcleo principal da novela. A visibilidade perversa na novela. A mulher negra sempre aparece na televisão brasileira trabalhando e muito, mas em serviço de subalternidade em relação aos outros. É o papel da empregada doméstica sem vida própria, servindo sempre uma família branca e não aparece a sua vida pessoal, as suas lutas próprias, suas angústias, suas histórias e suas existências. Sempre estão no papel de servir à família branca. Aparecem em imagens que ressaltam no ideário de democracia racial, a mulher negra como objeto sexual e de consumo. A imagem da mulata brasileira é característica desse ideário de democracia racial. Leu outro trecho para que fosse percebido a gravidade dessa violação dos direitos humanos específica à mulher negra, na página quarenta e oito desse “Casa Grande e Senzala” em quadrinhos, que segundo noticiou está sendo, inclusive, distribuído nas escolas municipais pelo programa de primeira leitura: “Noutros vícios escorregavam nas meninices dos iôs-iôs, as primeiras vítimas eram os moleques e os animais domésticos, mais tarde é que vinha o grande atoleiro de carne, a negra ou a mulata”. A negra e a mulata aparecem na televisão brasileira como grande atoleiro de carne, segundo esse pensamento gilbertofreireano e que é perpetuado. Outra idéia que se vê é a mulata “globeleza”, que quando aparece na televisão vem reproduzindo exatamente essa idéia da mulher negra ser vista como grande atoleiro de carne. Esse estereótipo da mulher negra coisificada, sendo usada como forma de atração de turistas ao Brasil, pela imagem da mulata. É uma forma perversa de manutenção desse estereótipo de exploração da mulher negra e nada mais é do que a violência histórica cometida contra ela neste país. O que acontece hoje na televisão brasileira é um crime perpetuado através de toda essa ideologia e que é passível de continuidade pelo grande problema da naturalização. A sociedade racista naturalizou esses lugares, e, de certa forma, assistir a uma novela em que há presença da mulher negra é fruto de uma inclusão perversa, em que ela vive uma condição subalterna e de exploração. E essa exploração é a posição normal em que é colocada a mulher negra na sociedade brasileira. É preciso observar que a condição na televisão brasileira e na mídia, principalmente, é uma reprodução de uma violência que atinge fundamentalmente as meninas e mulheres negras, com violência sexista somada à racista que é mantida como postura da sociedade brasileira em relação à elas. Isso influencia e traz como conseqüência a violência específica cometida contra a mulher negra. E a ausência de políticas de valorização do trabalho da mulher negra, que dentre as empregadas domésticas é a maioria, e a ausência de direitos conquistados é uma conseqüência do racismo, já que somente recentemente foram conseguidos determinados direitos. Existe uma relação direta dessa reprodução midiática com a coisificação e mercantilização do corpo da mulher negra e em relação à violência sexual cometida, em grande parte, com a ausência de políticas públicas voltadas para os direitos sexuais e reprodutivos, em que as mulheres negras são as principais vítimas. A articulação das Mulheres Negras do Observatório Negro, aproveitou a ocasião para entregar em mãos uma representação contra a Editora Global de São Paulo, que disse já ter entregue no ano passado à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, mas, segundo afirmou, até aquela ocasião não havia obtido resposta, mas espera que esse seja um dos primeiros passos para que se faça justiça e que se garanta os direitos humanos das mulheres 1 negras no Brasil. Doutora Adriana da Silva Fernandes – informou que aquela representação será autuada e seguira as regras internas de distribuição. Anunciou que estavam abertas as inscrições para os debates junto ao assessor Mancuso. Mencionou que foram expostas, principalmente, as dificuldades que as entidades da sociedade civil têm em conseguir ser ouvidas pelas emissoras de televisão. Pediu aos representantes das emissoras que se manifestassem. Disse ainda que essa iniciativa possibilita ouvir os diversos segmentos da sociedade e perguntou quais são os canais que os meios de comunicação, as emissoras, têm para ouvir esses segmentos da sociedade civil e movimentos organizados e se possuem um comitê que aprecia tais questões, como funcionam sobre esse assunto. Doutora Andree Gabrielle de Rider, Assistente da Presidência da Rede Bandeirantes de Televisão – Disse ter comparecido preparada para ouvir e não para falar. Mencionou que o Grupo Bandeirantes de Comunicação completará, no dia treze de maio, cinqüenta anos. Reputou que o Senhor João Saad foi um dos homens mais respeitados e queridos da televisão brasileira. Não era temido, mas muito respeitado e querido. Um dos lemas dele sempre foi o respeito, principalmente na condução da linha editorial de jornalismo, que tem de “ser imparcial, ter credibilidade e ouvir os dois lados”. E com este lema se tem amealhado vários prêmios, principalmente, na área de jornalismo no que toca à Bandeirantes. Segundo afirmou esse é o papel que todas as televisões têm feito, informar e ouvir os dois lados. Ouviu muita coisa na audiência pública de alguns movimentos e concordou com várias delas, mas acha que a televisão tem o dever de informar. Mencionou ter gostado muito do que a Professora Silvia Pimentel falou, que as mulheres têm o direito de exigir. Informou que antes de ser da televisão trabalhou somente como Advogada por mais de dezessete anos nas Varas da Família e fez muitas palestras. E no seu ver é obrigação lutar pelos direitos que sempre se teve como cidadãos, como seres humanos, e não de criar direitos especificamente para as mulheres. Desculpou-se, mas registrou que tudo o que é feito especificamente para as mulheres é altamente discriminatório. Que as conquistas são válidas, não que sejam conseguidos direitos só para as mulheres, mas se obteve direitos que sempre estavam incluídos nos direitos universais, só pelo fato de se nascer e existir. Esses direitos são tão importantes e acha válido o muito que foi feito até então, mas colocaria como uma forma de aplicabilidade dos direitos já adquiridos, dos já existentes. Não inovar direitos e lutar pelo respeito aos direitos que as mulheres sempre tiveram. Em segundo lugar disse ter sentido que falta diálogo e espaço. E que a Bandeirantes sempre fez campanhas de esclarecimento de opinião pública contra a violência. Tem o programa do Datena, que escuta quase todos os dias ele gritando “até quando isso tudo vai durar, até quando a violência contra a mulher vai durar?”. Falou ainda que é importante saber o que é que o governo faz da sua parte! Se a violência continua, se o crime está cada vez maior e também a corrupção tem que ser informada. Que estão ávidos por informar as soluções que foram encontradas pelo governo. Têm obrigação e lutam para informar. Acredita que não só a Band, mas outros canais de televisão irão dizer que estão abertos a divulgar, debater e expor, principalmente na linha de jornalismo. Têm programas de entretenimento, a Claudete Troiano, as outras televisões também têm. São espaços abertos para discutir. Não sabe o que está errado, mas a Band sempre esteve aberta a isso. Comprometeu-se, se for procurada, em tentar achar um espaço, não para todas de uma vez. Disse ser obrigação discutir juntos. Desculpou-se, afirmando que a televisão não é a solução desses problemas (foi interpelada pela platéia). Retomando, completou que o 1 mais importante, que para a família dela a televisão era apenas uma opção de entretenimento em que os pais diziam “hoje tem um bom programa na televisão, vamos assistir”. O que falta é educação de base, o dia em que o povo brasileiro for educado, tiver conscientização das leis, dos direitos que ele tem, de tudo que ele pode ou não fazer, a cabeça dele nunca será feita pela televisão, será apenas entretenimento e momento de lazer. Desculpou-se novamente e colocou-se à disposição. Doutora Adriana da Silva Fernandes – mencionou, em relação ao pleito das representantes e os relatou: “Queremos oferecer uma alternativa a esta imagem plasmada que as emissoras de TV veiculam como sendo a única e verdadeira. E, para tanto, nos dirigimos aos senhores, apresentando as seguintes reivindicações, como inalienáveis direitos nossos: Queremos que, no decorrer de uma semana plena, possamos decidir, produzir e ver veiculada a nossa visão de qual é a realidade cotidiana vivida pelas mulheres brasileiras, em geral, de suas lutas, conquistas e aspirações, e das demandas que elas ainda querem e precisam realizar. Queremos que as emissoras de TV, que tanto ganham em audiência e faturamento com a nossa imagem, forneçam os recursos para que possamos, de forma autônoma e independente, com a mesma qualidade a que habituaram o seu público, produzir e veicular a nossa percepção e vivências das mulheres brasileiras”. Doutora Andree Gabrielle de Rider - desculpou-se dizendo que não foi recebido o material lido, que recebeu somente o convite que estava consigo, mas não recebeu o pedido que fora lido. Que não poderia falar por todas as televisões e tudo tem que ser expressamente especificado. Doutora Adriana da Silva Fernandes – questionou se há disposição da TV Bandeirantes em produzir algum programa relacionado à Mulher. Doutora Andree Gabrielle de Rider – Especificamente sobre o assunto, disse acreditar que não. Informou que tem a área de jornalismo e programas de linha em que pode ser abordado o tema. Disse ser idealista e mencionou um exemplo em que procurou o Sr. João Saad, que é o Presidente da Bandeirantes, e o informou que gostaria de fazer a novela “Capitães de Areia”, a qual fazia cinqüenta anos que tinha sido escrita, hoje seria “Capitães do Asfalto”, pegaram o Walter Lima Júnior e fizeram um trabalho maravilhoso, com meninos de rua mesmo. Depois de exibido isso fizeram uma campanha para tirar os meninos das ruas, em que cada cidadão ou empresa seria responsável por um menor. A responsabilidade seria de prover estudo e uma renda conforme as condições do colaborador. Com isso esbarraram em tantos problemas no Ministério Público, no Ministério do Trabalho, na Receita federal que acabaram desistindo. E a vontade ... E todos os meninos que fizeram parte da novela foram adotados, têm suas famílias e são exemplos que acompanha até hoje. Registrou que entende tudo o que as mulheres falaram, mas é preciso olhar também o lado das emissoras, cujas dificuldades são muito grandes. Que não têm de produzir, mas informar. A produção não é responsabilidade das emissoras. É preciso cobrar do governo que as autoridades competentes façam a sua parte e as emissoras têm apenas que divulgar. Essa que é a obrigação. Doutora Adriana da Silva Fernandes – como forma de organização pediu que outras emissoras se manifestassem. Doutor Evilásio Xavier Bezerra, representando o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), cumprimentou a platéia, agradeceu o convite e disse ter comparecido para conhecer as reivindicações, pois no material que fora fornecido as coisas estavam um pouco confusas, que as propostas e reivindicações estão confusas. O intuito foi conhecer e presenciar o que as mulheres tinham para ser apresentado. Elogiou o trabalho da Sra. Rachel Moreno, que 1 disse ter ficado bem feito e equilibrado, que ela não se ocupou só com as críticas, mas o bom senso foi bastante presente. Salientou o que foi dito pela representante da Bandeirantes, e que o SBT é uma emissora sempre voltada à mulher. Relatou ter programas como “Laços de Família”, em que são mostrados problemas da sociedade, o jornalismo sempre aberto e com total isenção. Não existe na Casa uma política de discriminação contra as mulheres, e disse poder garantir isso. Que o patrão dele (que falou todos saberem quem é), que preza muito as mulheres. Tanto é que nas empresas do grupo, no geral, quase setenta e nove por cento de quem trabalha na empresa são mulheres. Só na produção do SBT têm duzentos e setenta e quatro pessoas trabalhando, dessas, cento e setenta e quatro são mulheres. Sessenta e um por cento das pessoas que trabalham nas produções dos programas são mulheres, e respeitadas diretoras e produtoras. Disse que não compareceu para debater, mas para deixar o canal aberto para ouvir. Que foi a primeira vez em que viu uma iniciativa dessa. Informou ter apenas onze anos de televisão, e tudo tem seu início e que o trabalho das mulheres é penoso, mas o da emissora também é. Disse ainda que gostaria de reforçar a isenção e imparcialidade que o SBT tem em relação ao assunto das mulheres, que isso não existe e não tem de fato essa proposta. Pode até concordar que os meios, as agências de publicidade tenham uma forma de produzir o seu comercial. O SBT como retransmissor tem que veicular até o que não quer. Mas isso é uma fórmula, pois é uma empresa comercial. A reivindicação é até valida e acha que é um ponto de partida importante para iniciar um diálogo. Que é um início de diálogos e debates. Como a doutora da Bandeirantes falou, existem meios dentro da televisão para se abrir os espaços no noticiário, de divulgar mais, talvez de criar produções. Porque a televisão comercial cria o instinto, tem a instituição de criar o entretenimento. A proposta da televisão hoje não seria apenas estar preparada para esse tipo de reivindicação no momento. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Perguntou se a proposta de uma semana de programação na televisão brasileira pode ser analisada pelo SBT. Doutor Evilásio Xavier Bezerra – Respondeu afirmativamente, e que essa proposta, juntamente com o que foi presenciado na audiência, será passado ao SBT como o início de um debate, de diálogo, para que se possa tomar conhecimento. Não pode ser dada uma resposta sem que haja consulta e tomada uma decisão. Parabenizou novamente pela iniciativa e disse ser apenas o início. As mulheres, como foi provado, são maioria na população, maioria na audiência e no Brasil. Elas realmente têm força, tanto é que juntaram a maioria das emissoras que estiveram presentes na audiência. Pensa que junto às reivindicações das mulheres, reforçando ainda o que a Dra. Representante da Bandeirantes falou, poderia juntar ao que a mulher tem e pedir mais sobre o resto da sociedade, sobre as crianças, a paz, a violência. Como aquelas mães da Praça de Maio na Argentina, levantar mais essa bandeira, pois a mulher tem força não para reivindicar não só isso como muitas outras coisas mais. Doutora Ingride S. Ferreira – Advogada da Rede TV!, cumprimentou a todos e referiu ter muito orgulho de ver tantas mulheres engajadas num projeto que pessoalmente considera muito importante para a classe das mulheres. Firmou que a Rede TV! também está aberta ao diálogo, é muito importante receber essa reivindicação que infelizmente não a têm pelos meios normais, que poderia ser uma notificação, uma carta ao departamento jurídico, à estrutura de estatística, para que se pudesse estudar, pois muita coisa acaba fugindo do controle das pessoas que administram, das que conduzem. Falou que da parte da Rede TV! não há postura de querer prejudicar a mulher. Pelo contrário, pois a maioria da equipe é de mulheres que vestem a camisa. É uma 1 empresa pequena, com sete anos e que pegou um passivo muito grande da TV Manchete. Que falou por si e por todos os trabalhadores de lá, que realmente vestem a camisa para fazer uma empresa cada dia melhor, para trazer informação cada vez mais qualificada para todos. Colocou-se à disposição para receber, até pessoalmente se for o caso, essas alterações, adaptações do perfil do canal. Disse ser claro que não é a dona da empresa, não possui ingerência nas decisões, mas é representante e por isso compareceu. Sobre os questionamentos disse ter visto o teor, que tiveram o caso do João Kleber, onde a empresa ficou até fora do ar, e já estava trabalhando lá à época. Expôs sua dúvida se realmente esse seria o caminho. Por um tempo passou conteúdo informativo contra o preconceito, às minorias, ao homossexualismo e segundo constatou os índices de audiência não foram expressivos. A Rede TV! é um canal pequeno, de pequena expressão, que atinge uma fatia de público menor e externou que se deveria ir além do que simplesmente passar, mas colocar uma pauta aberta para recepcionar essas reivindicações, e, olhando pelo lado que a mulher tem da sensibilidade de ver e ajudar a criar esses mecanismos dentro da emissora. Pois quando se contrata um diretor de um programa, se confia naquela pessoa que está contratando e dificilmente se irá analisar todo o trabalho dele, acaba-se confiando. Por isso gostaria de receber o retorno das classes para estar adaptando e melhorando o canal. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Perguntou se havia concordância com a questão de uma semana e para ir mais além,e se estariam abertos para isso. Doutora Ingride S. Ferreira - Disse que na verdade abrir uma semana comercialmente é muito difícil para a empresa, pois embora seja uma concessão sua atividade é comercial. Há dependência dos horários de grade para estar ganhando dinheiro, auferindo lucro e pagando os salários das pessoas que lá trabalham. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Alertou que poderia ter uma grande audiência também, um programa falando sobre as mulheres. Doutora Ingride S. Ferreira – Disse não estar falando isso, e não sabia que teria de tomar esse tipo de decisão, deverá levar a questão à presidência para tratar do assunto. Registrou novamente a sugestão de se poder ir mais além. 01:59:34 – Final do CD 01 00:00:01 – Início CD 02 – Doutora Claudia Zeytounlian - Advogada da Rede Mulher de Televisão – Canal 42 UHF, achou muito interessante o debate, ficou curiosa para participar desde que recebeu o convite, porque realmente é um tema que interessa a todas as mulheres e a toda a sociedade. Concordou plenamente com o que foi falado sobre a forma que as mulheres vêm sendo tratadas nas novelas há longa data, a discriminação da mulher, a questão do adultério e muitos outros temas. Informou ter chamado sua atenção também a questão da propaganda, em que realmente as mulheres são tratadas como objetos a serem consumidos a qualquer momento. Disse admirar-se de algumas atrizes se submeterem a isso. Por exemplo a Juliana Paes, pode-se falar nomes por estar num grupo restrito (Sic) (dar nova redação excluindo-se a menção de nomes???) . Admira-se em ouvir falar das louras, mas são as morenas que são até o estereótipo da mulher brasileira. Disse chatear-se em ver uma propaganda daquela, a mulher sendo colocada como produto a ser consumido em qualquer momento. Que deve ser enfrentado esse problema. Parece-lhe que isso não serve para todas as emissoras, pois na Rede Mulher, uma emissora que tem uma televisão de alta qualidade, não é grande, mas tem programas ótimos que valorizam a mulher e não tem sequer um programa que se possa falar que ela é tratada como objeto ou que haja uma apelação sexual. Pelo contrário, há programas onde advogadas são ouvidas ou de grandes 1 jornalistas como a Fátima Turci, que analisa o mundo dos negócios. Muitos a devem conhecer. Outros programas como o Jornal da Rede Mulher, cuja âncora é a jornalista Adriana de Castro e outros tantos com vários assuntos, não só de cozinha e de culinária. Tem uma diversidade muito grande de programas e assuntos no telejornalismo também, que abordam a mulher, tratam da vida profissional. Como advogada da Rede Mulher, que tem programação muito saudável nesse sentido. As críticas servem para algumas emissoras, especificamente para alguns programas, como por exemplo o da MTV, que disse não saber se a representante estava presente. Que no seu ver são absurdos e exigem mesmo medida radical de tirar alguns programas que não têm propósito algum de entretenimento ou que não tenham alguma proposta a não ser realmente em direcionar o jovem ou o adolescente a uma sexualidade precoce, a uma pornografia, em fim, um absurdo. Mencionou que lhe falaram e assistiu para ver como era, e constatou ser aquilo uma coisa muito nociva para a sociedade. Perguntada respondeu tratar-se dos programas da Penélope e também da Cicarelli, “A Fila Anda” e o “Beija Sapo”. Sentiu-se com liberdade de falar por estar num grupo fechado e achar um absurdo mesmo e não vê porque esconder (dar nova redação excluindo menção de nomes???). Parece-lhe que alguns programas, não todos, e algumas propagandas são problemas. E, talvez fosse o caso de direcionar a conversa para outro segmento que é o da propaganda, para que a mulher não fosse mais tratada da forma que é. Isso é um absurdo mesmo. Tem-se de mudar a imagem da mulher brasileira no mundo, em que somente é conhecida como mulher bonita e sensual. Claro que também é uma questão muito abrangente a da educação, como a Advogada da Band falou. A mulher negra é bonita, mas nem por isso tem que aparecer nua no carnaval. Isso é uma questão de educação também. A menina tem de saber que ela não precisa aparecer nua. Poderia ficar horas e horas discutindo esses assuntos, mas crê seja questão de educação sim. De qualquer forma acha o assunto muito importante, atual e relevante para ser tratado pelas emissoras. Com relação ao direito de resposta em si, não sabe se é este o caminho, pois a discussão está começando e foi pedido o direito de resposta. Não sabe se seria essa a solução e se por sí só resolveria o problema. Deveria haver um outro tipo de solução, o direito de resposta seria uma coisa mais fácil de resolver e concretizar, mas perguntou se resolveria o problema. Deixou essa questão para que cada um responda. Doutora Adriana da Silva Fernandes – perguntou se não havia comparecido alguém do CONAR, chamou da MTV a Sra. Lara Silveira de Andrade, e foi respondido pela platéia que esta já havia saído (embora tivesse assinado a lista de presença). Em seguida chamou a Sra. Nicole M.P.F. Hoedemaker, da TV Gazeta. Senhora Nicole M.P.F. Hoedemaker, do Departamento Jurídico da TV Gazeta, cumprimentou a todos e mencionou o orgulho que a TV Gazeta tem de poder contar com uma “âncora” no telejornal principal como a Maria Lídia que também é mediadora do programa “Em Questão”, que é denso e fala de questões políticas, filosóficas, e, na semana passada recebeu a Ministra Matilde Ribeiro. Agradeceu o convite para participar da audiência e disse, corroborando com outros, que a discussão é fundamental e tem orgulho de dizer que no caso a Gazeta possui programas de entretenimento e tem público para isso e também tem espaço para um telejornalismo sério, programa de mediação séria e que os apresentadores não seguem o estereótipo “enlatado” do que e como deve ser a mulher brasileira ou o que deve ser o apresentador. Possuem senhoras que não seguem o padrão que se divulga. Possuem uma “âncora” negra num dos telejornais, que é uma jornalista respeitabilíssima também. Orgulha-se de poder não estar dentro dos padrões da discussão e 1 das críticas, ou tentar criar o estereótipo feminino. Deixou sugestão que não se deva centrar necessariamente numa semana de direito de resposta, pois é comercialmente inviável, como foi ouvido de todas as emissoras. A Gazeta também é empresa comercial, é difícil de de se conseguir incluir uma semana inteira numa grade. E, como está no início a discussão, propõe a abertura de um canal junto com o Ministério Público, uma mesa redonda, ter espaços com alguns representantes, os principais. Talvez com esses que se pode ver maior disponibilidade de discussão. Um pequeno grupo discutindo o que pode ser feito para melhorar, adaptar ou produzir algumas novas idéias. Quem sabe estariam presentes todas as emissoras e que fosse nomeado um grupo de mulheres, numa mesa um pouco mais restrita, onde se pudesse levar propostas mais concretas, pois acha muito difícil abrir uma semana de resposta com uma produção patrocinada pela emissoras, como acredita que o seja também para as outras emissoras, mas sempre há espaço. Perguntou quantas não têm programas de variedades, de jornalismo, e porquê não introduzir algumas discussões? Tentar manter numa pauta, talvez uma vez por semana, um convidado diferente, uma pessoa que possa expor tais questões. Sugeriu, ainda, em nome da Gazeta, que fosse dada essa determinação, se seria ou não concedida uma semana de resposta num segundo passo e numa reunião um pouco mais restrita, em que possa estar quem pode responder pela programação. Registrou que na Gazeta a Superintendência de Programação é exercida por uma mulher muito capaz e que as Diretorias de Programas e Produtos são exercidas também por mulheres. É uma empresa que tem orgulho de ter mulheres competentes nos seus quadros e isso tem que ser valorizado. Espera, numa discussão mais restrita, que se encontre reciprocidade. Agradeceu a oportunidade e falou que as discussões devem se estender não só às mulheres, mas a todas as pessoas que se sentirem discriminadas. (00:11:02) – Ao ser interpelada pela platéia, respondeu que a Gazeta não segue o estereótipo. Câmera desfocada. Doutora Adriana da Silva Fernandes Chamou pela CNT. O Senhor Espiridião Omar, Diretor Jurídico da TV Record, cumprimentou a todas e todos, e disse que ao olhar para cada uma das mulheres presentes vê que tem uma mãe, esposa e filhas. E vê nisso o pleito de cada uma delas e por isso leva todo o respeito para a TV Record. Mencionou que esteve nos primórdios da TV, em todas as reivindicações das mulheres, salários, tráfico de mulheres e prostituição. Todas as conquistas foram exaltadas pelas televisões. E que, com todo o direito, as mulheres presentes estavam com uma nova reivindicação, e, como foi dito, com o direito de exigir. No entanto, que existe uma série de fatores e de outros segmentos que a TV tem que ouvir, e talvez tenha que atender. Não trouxe resposta ao pleito feito pelas mulheres, mas comprometeu-se em encaminhá-lo à Presidência e à Vice-Presidência que são as pessoas competentes para responder. Concordou com o que foi dito sobre a questão ser posta numa mesa mais restrita e crê que se poderá chegar ao diálogo e a algo importante. Afirmou que sairá feliz da audiência pública, pois de todos os maus exemplos citados, nenhum é da Record. Acredita que a Record faz uma boa televisão, já que nenhum mau exemplo a ela foi atribuído. Agradeceu a oportunidade e que a Record pode estar abrindo e contribuindo com esse crescimento e finalizou dizendo que cada uma das presentes representa sua mãe, filha e esposa. 00:14:01 – Corte da gravação. - Doutora Inês Virgínia Prado Soares – reportou-se a uma reunião mais restrita com um grupo de mulheres e pediu que nos debates se trabalhe com essa possibilidade que é mais concreta. Alertou que essa foi apenas a primeira fala e é o que se tem em mente, inclusive as próprias mulheres que fizeram a representação, sabem que as 1 emissoras de televisão são empresas que têm o lado comercial e esse dado é muito importante. Não se trata ainda de um litígio, por isso as empresas demonstram estar concordantes e estão dizendo fazerem tudo bem e certo, mas que está faltando alguma coisa, pois se tivesse algo de concreto já se teria ingressado com ação judicial. Contudo, o momento é próprio para o diálogo e para a retirada de outras propostas. Pediu a quem for participar dos debates que seja mais sucinto e se manifeste dentro dos três minutos estipulados. E, que as mulheres que fizeram a representação já pensem como pode ser encaminhado isso e como pode ser encontrado o ponto de equilíbrio, sobretudo, nesse segundo momento. Mais importante do que a resposta das emissoras agora, se serão cumpridos os sete dias ou não, é como pode ser trabalhada essa questão, como as mulheres podem ser atendidas nessa reivindicação, que seja uma pauta interessante, que tenha audiência e que também seja bom para as emissoras. Tem-se que ver os dois lados, respeitar-se os direitos das mulheres e o lado comercial das empresas. Avisou que serão dados três minutos a cada pessoa que se inscreveu. A Senhora Rose Nogueira antes de se apresentar cumprimentou a todos e comunicou que estava presente como representante do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, mas que é jornalista profissional, com quarenta anos de profissão e mais de trinta na televisão. Registrou que no dia da audiência, ao ver o que passava na TV, desculpando-se com a representante da Rede TV!, também presente, e reportou que uma moça disse na Rede TV que “tinha colocado três quilos e meio de silicone em cada mama, isso no programa da manhã, enquanto a apresentadora pegava numa prótese e enquanto segurava numa “meleca” (Sic), dizia o seguinte: essa aqui não tem problema porque não fura e o líqüido não se espalha pelo corpo”. Ponderou que esse tipo de situação tem que ir para o Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público aqui presente. Falou que já foi diretora de programas, foi repórter e teve o privilégio de trabalhar em programas geniais e o principal foi ter sido uma das criadoras da TV Mulher. Disse ser um dos programas que muita gente nunca assistiu, mas todo mundo sabe o que é. Que o programa TV Mulher foi feito com esse espírito. Disse ser militante de direitos humanos há muitos anos, foi presa política e até hoje batalha pelo direito de todos. Portanto, a TV Mulher entrou nesse espírito. Disse, diante de várias companheiras presentes, uma história que não sabem, “No dia da estréia da TV Mulher, ela não pôde comparecer no almoço, pois junto com Suzana Lisboa, Ivan Sanches e Malu Capistrano e uma outra moça que veio de Pernambuco, foi ao Cemitério de Perus quando foram descobertas ossadas”. Isso aconteceu no mesmo dia da estréia da TV Mulher. Expôs que na TV Bandeirantes, e que a Dra. Andree a conhece, participou de programas que disse considerar legais, como “Cidade Alerta” e muitos outros. Garantiu que é militante de direitos humanos, assessora do Senador Suplicy, é de esquerda, é socialista e sabe ser possível de se fazer boa televisão. Disse, ainda, ter se assustado quando pela manhã ouviu uma moça falar e uma apresentadora achar o máximo e fazer a chamada da matéria que no Brasil foram feitas noventa mil cirurgias em um ano e que, nisto, o Brasil somente fica atrás dos Estados Unidos. Que as mulheres estão todas lindas com esses peitos (Sic). Podem até fazer cirurgias, mas não é só isso. Naquele mesmo dia, na capa do jornal Folha de São Paulo estava exposta uma feira para escolher a nova Gisele. Pediu às emissoras, aos “pauteiros”, que voltem ao bom senso. Ao companheiro da Record, disse estar acompanhando o jornalismo, o que de fato este deu uma boa melhorada e é verdade que a Bandeirantes sempre procurou informar e também ser verdade que a mulher é coisificada e 2 considerada burra na TV. E sente muito, pois sempre esteve la dentro, que sempre a mulher foi considerada idiota, boba e vai comprar qualquer coisa. Que sempre trabalhou para que isso não acontecesse, mas sempre existe uma coisa que vem do preconceito em meio a uma sociedade que desvaloriza a mulher. Na questão das mulheres negras, elas têm toda a razão. São colocadas como personagens, às vezes engraçados, como empregadas que escorregam, derrubam as coisas. Disse que terminaria falando sobre o direito de informação, pois como a Doutora Silvia Pimentel disse, as mulheres estão exigindo, porque é um dos direitos do homem, assim como é o direito da comunicação. Mencionou estar contente em razão da Colega Bia Barbosa, da Carta Maior, e falou do observatório do direito à comunicação. Que se tem de integrar isso a quem trabalha em emissora também. E que acredita que a maior parte, oitenta por cento, dos trabalhadores em televisões, são mulheres. Quando ingressou na TV Cultura, só via mulheres, só porque ganham menos, e na TV Globo é a mesma coisa. Disse acreditar que as televisões realmente podem se reunir com as mulheres, as que estão presentes e fazem parte da sociedade civil organizada e que há muita coisa enriquecedora que pode ser feita. Dá razão, pois que concorda que a TV não foi feita para substituir a escola, apenas é espaço de entretenimento e também de informação, é dialética, trabalha com o que a sociedade a ela fornece e devolve o conteúdo burilado, que por sua vez, leva uma informação maior do que a sociedade fornece. Concluiu afirmando que se é exigido, é por ser um direito, e o que é de direito ninguém abrirá mão. Senhora Tatau Godinho, da Marcha Mundial de Mulheres, Disse que iria fazer um pressuposto e acredita, como várias mulheres do movimento, que os direitos são uma conquista social e são históricos, não são apenas os que já existem. Basta ver que a saúde e educação não eram direitos antigamente. Informou que no Brasil, há mais tempo, a mulher não tinha o direito de ir e vir sem autorização do marido. Disse isso para lembrar que quando se propõem novas coisas está se alargando a concepção de direito. É justo, é legítimo e faz parte do movimento social. Outra questão que mencionou para reflexão com os homens e mulheres presentes, que representam as empresas de televisão, é de que a TV toma partido, não é possível dizer que é completamente isenta. Mencionou dois exemplos que considera atuais, o primeiro foi que todos os dias os noticiários dos horários das sete, oito e nove horas da noite, bombardearam com a visita do Papa, e, que está “enfarada” (Sic) com a visita dele, supondo que isso é notícia, mas estão construindo a notícia. O outro, chocante, segundo afirmou, de ontem, uma determinada rede de televisão em que o jornalismo foi dar um “furo” e fazendo o papel mais que de polícia dos grupos fascistas e de direita, que em vários países, inclusive os Estados Unidos, têm esse hábito, foi “estourar” uma clínica de aborto e ao fazê-lo, entregou para a polícia a lista das mulheres que freqüentaram aquela clínica, para serem processadas. Além de que, nenhum médico entrega lista de seus pacientes, o jornalista vai lá e faz. E perguntou porque ele foi estourar uma clínica de aborto? Continuamente respondeu, porque alguém do rádio ou da televisão deixou que ele fizesse isso, pois se tivesse feito sem autorização ele levaria um “pito” e a matéria não sairia na programação. Disse que são exemplos concretos de que a televisão toma lado. Outra questão que apresentou, querendo fazer pensar, foi ser verdade que a opressão das mulheres, as desigualdades e a subordinação, são tão naturalizadas que quase todas as pessoas que se manifestaram disseram que não têm a intenção, embora pense que tenha gente que sim. Mas falou das pessoas que se apresentaram honestamente na audiência, que não têm intenção, mas discriminam. Afirmou, porque essa é a ideologia discriminatória da sociedade e que é 2 absorvida de maneira acrítica pela televisão. E registrou que se a audiência pública não servir ao menos para que os representantes das televisões venham perceber melhor como produzem a discriminação, avançou-se pouco. E um terceiro ponto que discorreu foi sobre a proposta das mulheres, de que a televisão é uma concessão pública, embora comercial, mas as mulheres estão falando fundamentalmente enquanto sociedade e, portanto, é parte da concessão pública que ela tem e deve responder por isso. É nesse sentido que sente que o Ministério Público as representa como Estado. É o representante do Estado na audiência, e por isso, pensa que na atuação do Ministério Público pesa, muito mais nesse diálogo, o caráter público das televisões do que o comercial. E que as mulheres não podem aceitar, mesmo sabendo que a maioria não falou isso, mas é uma lógica que preside às vezes o debate, ser o único direito da sociedade democrática, ou o maior de todos, desligar a televisão. Pode não ser esse o mais democrático, pois pode-se desafiar e tentar achar algum programa melhorzinho, quem sabe em russo, para não estender o conteúdo de sua fala. Apesar de sua ironia, que disse ser para pensar que quando se propõe um direito de resposta é um tempo para a sociedade. Várias representantes de mulheres, de setores dessa sociedade, que não pretendem representar tudo, mas uma perspectiva e visão de mundo que desse sentido com alternativa, mas que não está presente na televisão. Disse achar, ainda, que a questão que deve ser ampliada no debate é o caráter da concessão pública que está completamente mercantilizado. No seu ver, é inaceitável que a televisão venda o seu tempo, por exemplo, para a propaganda eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral, que lhe é vendido, existe um acordo de compensação financeira e perguntou, que concessão é essa? Terminou dizendo que a base da reivindicação é que a televisão é uma concessão pública, portanto, pretende-se que seja mais aberta ao diálogo, e que acredita que vários companheiros, da Rede TV, SBT, Rede Mulher, da Recorde e da Gazeta se colocaram mais abertos a isso. Mas a intenção é exatamente de alternar esse poder que eles têm nas mãos, com uma pequena parte para a sociedade. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Leu os nomes das pessoas que iriam ainda se manifestar, sendo: Dra. Silvia Pimentel, Sra. Sônia Coelho e Sra. Valéria. A Professora Silva Pimentel inicia pedindo às duas pessoas representantes de empresas que já se manifestaram e que já estavam de saída que aguardassem um instante, pois precisamente iria se referir à fala delas. Cumprimentou a todos, a composição da mesa, a todos que já haviam se manifestado e aos que também não o fizeram, mas estavam dando forças e energia. Fez uma observação em relação ao que a Sra. Andree falou, como francesa de origem, referindo-se a uma certa dificuldade em se entender a luta por direitos específicos da mulher. E, ser importante, por se tratar de um diálogo, mencionando como se fala na ONU, há que ser construtivo. Do contrário o que se estaria a fazer numa audiência pública. Cumprimentou ainda a todos os representantes das empresas de televisão que compareceram, dizendo ser importante que demonstraram disponibilidade de ouvir e também se manifestaram. Expôs que o ouvir e manifestar-se, é no sentido de que possam dar uma complementação ou comentário ao que as mulheres falaram e delas próprias, e isso é que faz crescer o diálogo. Nessa linha, disse que, para aquelas envolvidas no movimento das mulheres, ser muito importante que a sociedade venha a entender em mais profundidade porque as mulheres lutam por direitos específicos. Ser importante que a sociedade saiba que não formam um grupo de mulheres egoístas e que somente olham para o próprio umbigo e se reconheça que realmente existe uma discriminação estrutural milenar, a subalternidade social e política da mulher é um fato histórico e atual no mundo. Disse à Sra. Andree ser 2 importante quando lutam por direitos específicos e é fato que no Brasil até dois mil e três, há quatro anos, o Código Civil estabelecia a chefia masculina da sociedade conjugal com cópia do Código Civil Francês de mil oitocentos e quatro. Só que na França onde nascera, uma discriminação absurdamente anacrônica como essa, a Senhora Andree não cresceu com ela, mas esta é a discriminação da sociedade brasileira, das mulheres brasileiras, e, que poderia elencar um conjunto muito grande. Mas que na hora que dizem que a mulher precisa também trabalhar pela criança, pela paz, e lhe é importante que seja registrado, que as mulheres querem lutar e o estão fazendo, mas é preciso tomar cuidado porque muitos, ao dizerem isso, querem desqualificar a luta da mulher, como se o mais importante fosse a luta pelas crianças ou luta pela paz, e todas são pela paz. Afirmou que as mulheres do Araxá (confirmar a identificação) que compareceram à audiência, mulheres guerreiras da paz, que ajudaram um grupo de mulheres da Suíça, o emprego simbólico das Guerreiras da Paz. As mulheres não concordam com o desemprego, com a miséria, com as crianças, com a prostituição infantil, todas as presentes, companheiras, têm trabalhado com isso. Doutora Andree Gabrielle de Rider (na platéia) – Pediu a palavra por estar sendo mencionada a sua fala anterior, afirmando ter dito que todos os direitos conquistados pelas mulheres são os que as mulheres devem se orgulhar e não considerar que são direitos só das mulheres. 00:35:21 até 00:35:35 – debates simultâneos com a platéia, ininteligível. A Professora Silvia Pimentel, retomando a palavra solicitou que a Sra. Andree retornasse e falasse novamente, por achar válido como efeito de argumentos e contra-argumentos. Que havia anotado quando ela falou da idéia de direitos adquiridos e que todos têm tudo registrado. 00:36:05 até 00:36:08 nova interrupção. Professora Silvia Pimentel reportou-se novamente à Sra Andree esclarecendo que antes de que ela falasse sobre esse aspecto outras companheiras já haviam mencionado essa conquista, porque são um grupo de mulheres feministas guerreiras, estão em processo de conquista, e, se já adquiriram alguns direitos, faltam muitos e é isso que a sociedade não sabe ainda. Disse que inclusive alguns de seus colegas da Ordem dos Advogados do Brasil, após a Constituição de mil novecentos e oitenta e oito, em que participaram “em carne e osso” (Sic) e foram inseridos alguns direitos de homens e de mulheres, quando ia fazer palestras diziam, equivocadamente, porque a Professora continuava falando dos direitos da mulher se já estava escrita na Constituição a igualdade. E disse que lhes respondia que no Código Civil eles não existiam, até o ano de dois mil e dois, quando foi promulgado o novo Código, o qual somente entrou em vigor em dois mil e três. Que somente citou isso para dizer que existem essas dificuldades e que realmente as mulheres estão conquistando com muita bravura, mas que faltam mais direitos para as mulheres brasileiras conquistarem dos que às francesas. Doutora Andree Gabrielle de Rider (na platéia) – Asseverou que também é uma lutadora e que quando mencionou sobre o Código Civil, referiu-se a achar altamente discriminatório o direito só da mulher, esta é sua posição pessoal, e, não crê ser preciso ter o direito só da mulher. (Retirou-se do auditório). A Professora Silvia Pimentel prosseguiu dizendo que observou que por duas ou três vezes foi dito que nas empresas de televisão não existe uma política de discriminação, que têm isenção, existe imparcialidade, outra disse não querer prejudicar as mulheres. Ofereceu reflexão dizendo acreditar que quem falou isso, disse a verdade, e que essa é a verdade daquela pessoa, mas que via de regra não existe uma política de programação, no sentido de estratégias, para prejudicar as mulheres. Acha que é provável que isso não exista. Explicou: o que as mulheres estão querendo não é isto, estão 2 querendo dizer que estão numa sociedade extremamente preconceituosa e estereotipada e que não é só a mídia, é o Poder Judiciário que discrimina, o Ministério Público. Tem pesquisas que demonstram isso. Disse ainda que é importante que se saiba não ser nada especial dizer que a televisão especialmente discrimina. A sociedade discrimina. Mas que as mulheres estão preocupadas com a discriminação da mídia devido à influência que tem no ideário de toda a sociedade brasileira, e ser esse o motivo que as mulheres estão presentes, não para agredir, mas com proposta de diálogo. Para concluir mencionou ser excelente a idéia de que se prossiga o debate, pois, mais do que nunca, mostrou pessoas de extrema boa vontade, como as mulheres também, e que todos tendem a crescer muito com o aprofundamento da conversa. Senhora Valéria Pandjardjan – Reportou-se à fala de algumas companheiras, e que as mulheres compareceram por ser um movimento político organizado e também porque acreditam que a comunicação, a mídia, assim como a publicidade e a propaganda e o direito, são focos privilegiados da atenção delas, porque são considerados estratégicos no projeto de transformação e política. Que pretendem usar o direito e a comunicação, não para manter o “status quo”, mas para poder transformar. Como advogada, feminista, do Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, integrante e sócia-fundadora do Instituto Patrícia Galvão, reafirmou a posição de que as desigualdades que têm origem na cultura e em todos os meios de comunicação de massa e os envolvidos na produção de conteúdos veiculados por esses meios, incluindo o universo da publicidade e da propaganda, representam espaços extremamente relevantes, seja de reforço ou questionamento dessas desigualdades. Disse que muita gente tem visto, entretanto, que eles têm servido mais à produção do reforço dessas desigualdades de gênero, raças e etnia, classe social, a dificuldade de abarcar a diversidade e o respeito à diferença, que são elementos fundamentais para o nosso estado democrático de direito, o respeito à igualdade, à diversidade e à justiça para a efetivação dos direitos humanos. Ressaltou, ante o debate, a responsabilidade dos meios de comunicação e das orientações que vêm das conferências internacionais no campo dos direitos humanos. Portanto, não são só responsabilidades que o Brasil assumiu participando e se comprometendo perante a comunidade internacional, mas que vigoram, também, para outros países, pois essa discriminação não acontece só no país. São responsabilidades invocadas às empresas de comunicação e aos anunciantes, e às publicidades, como aquelas estabelecidas na Conferência Mundial Sobre as Mulheres, que determinam o comprometimento do Estado e ai o meios de comunicação têm que se olhar enquanto exercendo o papel do Estado na medida em que são concessão pública. Têm, portanto, a responsabilidade de impulsionar a participação das mulheres na elaboração direitos de exercícios profissionais, de códigos de conduta e outros mecanismos apropriados de auto-regulação para fomentar uma imagem equilibrada e não estereotipada das mulheres nos meios de comunicação. Têm de assumir o compromisso de estimular os grupos de controle que supervisem os meios de comunicação e celebrem consultas com eles a fim de velar para que as necessidades e as preocupações das mulheres se reflitam de maneira apropriada. Deve-se desenvolver programas de formação e sensibilização sobre assuntos de gênero para as profissionais e aos profissionais dos meios de comunicação, que incluam proprietários e gestores de ambos os sexos, com o fim de que se utilizem e fomentem os meios e imagens equilibradas, plurais e não estereotipadas sobre as mulheres. As responsabilidades jurídicas estão estabelecidas em documentos políticos, como a Conferência das Mulheres, na Convenção da Discriminação, 2 que a Professora Silvia mencionou, na Convenção do Belém do Pará, que a companheira da Articulação das Mulheres Negras mencionou. Discorreu sobre dois documentos que tem encontrado como referência nesse processo. Um é o estudo feito com a participação de profissionais dos meios televisivos os mais diversos, como a Associação dos telespectadores. Um estudo, uma metodologia interativa com um grupo multidisciplinar de profissionais, na Espanha, que se chama “Infância, TV e Gênero”, que de certa forma vem corroborar esse óbvio, que muitas vezes não parece tão óbvio, para a discussão que foi estabelecida na audiência pública, e vem dar valor, em linguagem científica, para que aquele que está trabalhando com a temática aberta, tenha mais condições e elementos para perceber e reivindicar. Apontou algumas recomendações que esse próprio estudo traz, e que se tem de pensar além do convencional, pois o que está sendo proposto é evitar, pois poderia ter início uma enxurrada de ações na Justiça, de cada programa que veicula discriminação, violência contra as mulheres, mulheres negras, deficientes, lésbicas e seja lá o que for. O que a proposta das mulheres tem de ousada e diferenciada é uma questão positiva de construção conjunta e parece difícil visualizar. Pensa que é ´preciso marcar, estabelecer, uma mesa de diálogo, como os estudos indicam, estável e permanente e que possa envolver as direções das televisões, vincular os anunciantes. Pois que sejam comerciais, como foi repetido e reforçado, é preciso vincular os anunciantes e a propaganda. Não só o CLADEM, mas várias organizações presentes já tiveram experiências com ações em que o Ministério Público teve atuação importante. O Ministério Público Estadual de Defesa do Consumidor no caso de outra empresa de cerveja, que tinha aqueles apoios de copo com inscrições do tipo “kaiser e mulher, especialidades da casa”, cuja denuncia foi encaminhada ao Ministério Público e todo um diálogo foi mantido com organizações da sociedade civil, de várias que estão representadas na audiência e foi obtida uma contra-propaganda na imprensa, no jornal e foram financiados cinco seminários regionais pelo Brasil, para discutir a imagem da mulher na mídia. O mesmo ocorreu no caso da “Via Costeira”, que é uma concessionária da Volkswagen, em cuja propaganda veiculava a imagem de uma mulher com o rosto totalmente espancado, pois quem trabalha com essa temática, olha e se identifica com uma mulher vítima de violência doméstica, em especial, e no cartaz nada era mencionado quanto a essa questão, e dizia: “mecânica, funilaria e pintura tá na cara que precisa”. Isso foi veiculado no jornal Tribuna do Norte, no Rio Grande do Norte, o segundo maior jornal da região. Disse ter uma série de propostas a apresentar. Perguntada pela Doutora Adriana da Silva Fernandes, se seria uma mesa de diálogo, a Sra. Valéria Pandjardjan respondeu: que seja uma mesa de diálogo estável e permanente, com a participação do CONAR, e que se pudesse delinear quais seriam as instituições, como na Espanha, que tem a Associação dos Telespectadores, e, que é através disso que se pode desenvolver um programa de ações. Porque, no seu ver, apenas uma semana de programação na semana da mulher e em maio, não é o que se pretende, mas sim um processo mais profundo de transformação. Doutora Adriana da Silva Fernandes esclareceu que até aquele momento somente tinham sido encaminhadas duas propostas, a primeira é sobre uma reunião num ambiente mais restrito, formado pelo comitê das mulheres, composto por um número razoável de mulheres e isto, se as emissoras concordarem, entre as emissoras e as representantes . Uma primeira reunião em maio, onde veriam como seria o direito de resposta e um programa para valorizar a ação da mulher. Essa reunião poderia ser feita, em razão das propostas que surgiram nesta audiência. 2 Chegariam a um consenso e comunicariam ao Ministério Público Federal o que foi acordado entre as emissoras e as representantes. Perguntou se as emissoras concordavam com aquele encaminhamento. 00:50:29 até 00:50:35 – ouvem-se comentários da platéia, porém ininteligíveis ou indecifráveis. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Ponderou novamente sobre a reunião dos representantes da emissoras com o comitê, que seria composto por um número estipulado de mulheres, sugerindo que fosse de cinco. Doutora Inês Virginia Prado Soares – Disse que a Valéria está confirmando que a proposta que as mulheres fizeram na representação foi a instalação de uma mesa de diálogo permanente, mas o Ministério Público está propondo é que as emissoras, individualmente, recebam um grupo de mulheres. Cada emissora fica com a responsabilidade de elaborar uma ata dessa reunião e encaminhar posteriormente ao Ministério Público Federal, dois ou três dias após sua ocorrência. E voltariam a reunirem-se em junho, depois dessa primeira conversa de cada emissora, individualmente, com o grupo de mulheres. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Pergunta se há alguma objeção quanto àquela proposta apresentada pela Dra. Inês. Há manifestação audível na platéia, mas ininteligível. 00:52:02 – Alguém na platéia (voz masculina), disse que a Rede Bandeirantes pode receber, mas sem nenhum compromisso quanto ao resultado. 00:52:05 até 00:52:36 – tumulto de vozes, ininteligível. Doutora Adriana da Silva Fernandes pede que não se crie tumulto e esclarece que a audiência pública foi convocada para que o Ministério Público colhesse informações para subsidiar uma atuação, que pode ser judicial ou extra-judicial, mas não está entrando por esse caminho ainda. O que o Ministério Público Federal quer é um canal de comunicação entre as emissoras e as representantes, as quais não têm voz e não são ouvidas por essas emissoras. E todas as emissoras que compareceram foram unânimes em dizer que essa iniciativa é muito boa e irão ouvir as representantes e todas as mulheres que dizem ser discriminadas. E, portanto, é hora de consenso e não de discussões. 00:53:12 até 00:53:26 interrupção de imagem e som. Senhora Clara Charf - Disse que busca trabalhar pelo que é possível e lhe é mais próximo. Convidou todas as pessoas presentes representando as emissoras, para que sejam porta-vozes diretos da audiência, sejam homens ou mulheres, que têm de ser realistas, pois não são os donos das emissoras. E àquela emissora que não mandou ninguém, que é a Globo, a maior emissora do país, que tem mais influência e onde ocorrem os tipos de deturpação que foram ouvidos na audiência, que se faça uma comissão representada por pessoa do Ministério Público e duas ou três mulheres e que fosse feita uma visita, uma audiência com a direção da Globo, para relatar o que foi exposto, pois a emissora infelizmente não compareceu. Doutora Adriana da Silva Fernandes – explicou que o Ministério Público não faz isso e que na verdade a emissora foi convidada, e não compareceu porque não quis. O que se pode fazer é mandar ofício com o resultado da reunião, mas não lhe cabe ficar pedindo apara resolver. Senhora Clara Charf - Disse achar que deve ser aberto o caminho para as mulheres que compareceram e fizeram essa proposta inicial e possam ser recebidas por uma comissão. Concordou que não cabe ao Ministério Público ir lá, mas mandar ofícios. Sugeriu que seria importantíssimo que se fizesse contatos com entidades, cujos nomes desconhece, das agências de publicidade, ao CONAR e Associação Brasileira de Anunciantes. Também fazer uma carta para contato com essas entidades pela comissão, que teve essa idéia, no seu ver genial, através do Observatório da Mulher, com todas as feministas presentes, pois não podem ir todas, mas apenas um grupo, para se ter uma conversa de igual para igual. Sabe-se que fazem isso e é 2 o que vende, mas há que se ver qual é o viés político, social, humano, discriminatório. Que são pais, homens, também filhos e essa propaganda indecente que se faz na televisão, de alguns produtos, e que se deveria ter contato com a ABBAS, e até se propôs em acompanhar. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Registrou que compareceram à audiência pública as emissoras de televisão, portanto, o que se tentará é entrar em contato, dar prazo às emissoras para que consultem seus representantes legais e no mês de maio conseguir uma reunião com as mulheres. Depois, em junho, comunicar ao Ministério Público Federal os resultados. Com relação ao CONAR, o que se está sendo cobrado é a questão da programação da televisão. Se passa propaganda, a responsabilidade também é da televisão. E as próprias mulheres podem resolver esse assunto nos contatos com os representantes. Senhora Clara Charf - Falou que embora não seja Procuradora, fez uma proposta no sentido de que todo o movimento feminista organizado fizesse uma carta aberta às artistas de televisão, uma coisa direta, de mulher para mulher, convidando-as para raciocinarem juntas, numa chamada de consciência, se é justo que as artistas aceitem fazer certos tipos de propaganda com todo esse significado. Que precisam ganhar dinheiro, isso faz parte da vida delas, tudo bem, mas tal tipo de propaganda é um absurdo para a própria imagem da mulher. E o que disse parece ser uma coisa maluca, mas é o que faria. Doutora Adriana da Silva Fernandes concedeu a palavra ao Doutor. Jorge Luiz. Da platéia, Valéria Pandjardjan (embora não fique definida a imagem) sugere, com relação à reunião, que como são poucos os representantes participando e as mulheres são de várias entidades, se não haveria como o Ministério Público enviar ofício às emissoras apresentando resultado da audiência e solicitando uma reunião com identificação de quais são as componentes da comissão de mulheres, pois ficaria difícil se deixasse uma coisa aleatória diante da quantidade de participantes. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Solicitou às mulheres que entrem em contato com os representantes das televisões para marcarem as reuniões no mês de maio, com uma comissão que pode já deixar estipulada. Pediu, ainda, que as sociedades civis informem se já designaram os nomes daquelas que podem ser as representantes ou se informariam posteriormente. Tendo ficado acertado que seriam indicados sete nomes para a composição da comissão das mulheres. Esclareceu que serão encaminhados ofícios às emissoras, solicitando que cada uma receba a comissão, para as presentes e às demais. E, provavelmente participarão os diretores de programação. Haverá esse primeiro contato e, posteriormente, a idéia colocada, é se haverá o comitê permanente. Em seguida a Dra. Adriana da Silva Fernandes leu lista dos nomes das pessoas inscritas que ainda não haviam falado na audiência: Bia, Jorge Luiz, Maria de Lourdes. Bia Barbosa jornalista da Carta Maior, mas falaria como representante da Intervozes, uma das organizações que participaram da Representação sobre o direito de resposta contra o programa do João Kleber. Disse estar emocionada como feminista, com tanta sensibilização do movimento feminista com a discussão da questão da mídia, .para quem milita no campo da democratização da comunicação e dos direitos da comunicação e vê o movimento feminista organizado dessa maneira para fazer disputa na discussão da mídia. Que descobriu novos aliados para a causa dos direitos da comunicação. Saudou à iniciativa das mulheres, e que se inscreveu para falar da questão das concessões, mas a Tatau falou muito bem a esse respeito, lembrou bem o papel que é a base do princípio da reivindicação das mulheres que fizeram a representação ao Ministério Público. Não estão querendo fazer censura, não estão exigindo tratamento diferenciado, não estão exigindo privilégios, 2 somente estão exigindo que os direitos constitucionais sejam cumpridos. No seu ver o caminho ideal não é se entrar com pedido do direito de resposta, mas que os órgãos de televisão cumpram os princípios constitucionais e o que está escrito na legislação brasileira com relação à prioridade da televisão brasileira no tocante à programação. Em relação ao caso João Cleber, o Ministério Público Federal ficou três anos tentando fazer o Termo de Ajuste de Conduta com a Rede TV, para mudar a programação e não conseguiu. Chegou-se ao limite de se fazer uma Ação Civil Pública. Que ninguém está achando que o caminho é ir para a Justiça brigar em relação às questões postas na audiência pública. Mas tem os direitos garantidos e aí cabe ao Ministério Público, nos casos que são violadores dos direitos humanos, dos direitos das mulheres. O caminho do diálogo é o ideal, mas em relação a alguns programas que já estão no ar, espera-se alguma medida. Mencionou que a Rose falou da questão do Observatório quanto ao direito à comunicação, que deixará um endereço depois de um portal lançado pela Intervozes, faz quinze dias, e tem espaço para denuncias de violações aos direitos de comunicação. Convidou todas as presentes a denunciarem naquele espaço do Observatório sobre tais questões. Disse que o endereço do “site” é: www.direitoacomunicacao.org.br. Por fim, embora tivesse dito não querer entrar em casos específicos, que tem colegas que trabalham na Record, cujo jornalismo deu uma melhorada nos últimos tempos, mas não se pode ater apenas ao jornalismo e a questão da programação foi abordada em toda a audiência, pois existe ainda a questão da intolerância religiosa na Record, que é muito séria. 00:05:19 – Interrupção da platéia (assuntos indecifráveis). Retomada a palavra e disse não estar discutindo, mas que a questão da intolerância religiosa está afetando às mulheres negras, como já foi exposto. E se está colhendo subsídios, no seu ver, essa é também uma questão considerável, pois as mulheres também têm crenças. A questão do jornalismo isento e imparcial é um dos aspectos da televisão, das emissoras, inclusive, há princípios jornalísticos que podem ser cobrados em relação ao tema. Acha que a discussão posta na audiência fira em torno de todo o conteúdo da programação. Pediu que se esteja atento e se olhe além do jornalismo, que as emissoras fizeram questão de destacar como sendo imparcial. Jorge Luiz dos Santos, após cumprimentar a todos, informou ser do Conselho Regional de Administração de São Paulo. Está participando da audiência Pública em função do tema, uma vez que em mil novecentos e oitenta e nove participou do curso da escola Superior de Guerra, em São Paulo, cujo tema de trabalho foram as Tevês brasileiras como fator de mudança nos valores da sociedade. E foi isso que foi tratado durante toda a tarde na audiência: a mudança de valores na sociedade. É por isso que várias pessoas fizeram informações transversais (Sic), família e violência. Mencionou que sua experiência em atividades voluntárias tem sido extremamente importante há mais de quarenta anos e o que vê é um grupo enorme de mulheres representando várias entidades. É de opinião que deveriam se organizar para saírem com um fato histórico, num dia histórico para as mulheres, que o Ministério Público tenha oferecido o auditório para a reunião, mas tudo tem de continuar com elas reunidas, criando um espaço, um grupo ou algum tipo de mensagem “guarda-chuva” (Sic), para que todas essas entidades se reunam num evento, que podem até ter, como a Silvia, que falou por duas vezes que representa a ONU. O patrocínio da ONU, no ponto de vista institucional, talvez não o financeiro, mas com o aval, a presença da ONU nesse tipo de organização, para dar credibilidade a esse trabalho que está sendo feito pelas mulheres, que é importante. Como foi dito várias vezes, inclusive pela Andree, que conhece há quase 2 trinta anos, que fora mal interpretada, que prevaleçam os direitos já adquiridos que têm de ser praticados pela sociedade. Afirmou acontecer que a sociedade brasileira tem como característica preservar sempre o que está no Hino Nacional, que é a estória de sempre estar deitado em berço esplêndido, embora faça questão de ter a Bandeira Nacional em todo evento de que participa. E isso faz com que a sociedade sempre fique meio pequena ou deitada e não se manifeste. Sugeriu às lideranças, que da audiência saísse a “Carta de São Paulo”, dando ênfase aos meios de comunicação, resumindo-se tudo o que foi dito junto ao Ministério Público, que também possui suas limitações, pois não é um órgão estabelecido no governo brasileiro para fazer tudo o que se quer. Mas todos, como sociedade, receberam na última eleição uma mensagem que aparentemente não ficou muito gravada pelo cidadão brasileiro, de que o papel desse país é o cidadão, só que o cidadão para ser patrão do seu país tem de exercer seus direitos através do voto, só que no dia seguinte as pessoas nem sabem em quem votaram. Por isso, disse, que se deve prosseguir com um evento que seja organizado e com apoio da ONU, e, com a garantia que o Ministério Público irá fazer tudo o que está nas suas limitações. Sugeriu à Dra. Adriana, por ser especialista em marketing de comunicação, que além das limitações das emissoras presentes, existe dentro do rádio e da televisão, o relacionamento da sociedade com a mídia e do governo com esta, que não se conseguiu fazer o código de ética para que esse comportamento pudesse prevalecer. Existe a ABERT – Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão, que também deverá estar sendo questionada, porque tem poder muito grande. Tem o poder da Globo, que é a empresa maior e não esteve presente à audiência. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Esclareceu a questão do Ministério Público, que na verdade pode atuar em qualquer caso de violação de direito fundamental no âmbito federal. E no caso tratado na audiência pública não há uma violação específica, conforme já reportado às representantes. Não foi apontado um programa discriminatório, mas em geral e esse é o objetivo da audiência pública, além de estabelecer um canal de comunicação entre as emissoras e as organizações da sociedade civil, e, também, subsidiar atuações futuras para ações específicas. Nesse caso foi pleiteado direito de resposta geral, para todas as emissoras de TV. Na verdade o problema da história da mulher na televisão brasileira. Dada a palavra ao representante do Ministério Público Estadual, Doutor Eduardo Dias de Souza, que anunciou ser do CAO Civil do Ministério Público do Estado de São Paulo e parabenizou às Procuradoras da República que conduziram bem os trabalhos e compareceu a pedido de sua colega Vânia, com quem foram mantidos os contatos, para discutir um planejamento estratégico. Que no seu ver foram tocados dois pontos relevantes, e como veio uma representante da Secretaria Especial de Mulheres do governo federal, também deveria ter comparecido alguém da Secretaria Especial de Direitos Humanos, porque se for feita análise histórica, os planos nacionais e estaduais quando entram na parte da mídia não andam. Registrou que possui detalhadamente os planos nacionais e estaduais de direitos humanos nas áreas da questão do negro, criança e da mulher. Se for feito um outro levantamento histórico, pois esse foi feito em mil novecentos e oitenta e cinco, de quem são os donos das concessões, e porque todo final de governo é uma enxurrada de Decreto renovando e concedendo concessões. Pega isso pelo aspecto do direito de antena, direito de comunicação, na infância, na novela das oito, que já não é novela das oito há bastante tempo, desde “Laços de Família”e começou essa discussão numa Vara da Infância do Rio de Janeiro, em que se discutiu se vai ao ar determinada cena, nela não pode ter criança ou ela vai ao ar mais tarde. Vários programas 2 tiveram de ser refilmados e depois mudou-se o horário, mas não mudou em nada a mensagem. É a determinação do Ministério Público Estadual, que agora as Procuradoras sabiamente tentam se aproximar e é como uma corrida de bastão, todos estão nesse mesmo barco, a sociedade civil vai até um ponto, o Ministério Público Estadual vai até outro ponto e o Ministério Público Federal pode ir até outro ponto. E a questão, se fosse para ter uma CPI para valer, seria a CPI dos meios de comunicação. Sobre essa questão exemplificou sobre várias ações que tiveram no Ministério Público Estadual, Dr. Motauri, Dr. Vidal, que têm papel muito importante na Comissão na Câmara dos Deputados, Comissão “quem é contra a baixaria”, mas nunca se conseguiu fazer algo no “atacado”, porque também é questão federal. É mais sabedoria começar a comer esse mingau quente pelas beiradas, como a Professora Silvia, da qual lembrou-se de quando foi primeiroanista de direito, enfrentando um debate no Mackenzie em oitenta e dois, com um Promotor do Júri, sobre pena de morte, onde ela foi para “levar porrada”. Mas que isso é cortes, esse mau gosto na programação é uma questão de cortesia, de costume. Lembrou-se de uma música da Rita Lee: “Nem toda brasileira é bunda” ou de outra que dizia: “Alagados, Trenchtown, Favela da maré/ A esperança não vem do mar/ Nem das Antenas de TV/ Arte de viver da fé/ Só não se sabe fé em quê”, e mais ainda o que se disse, que se está no final de uma vida começando alguma coisa, quando o Darci Ribeiro, nas últimas páginas depois de imortalizado na voz de Chico Buarque, falou? “ gente está num período em que os partidos não politizam, em que as igrejas não catequizam, o que sobra para esse povo todo, para essa grande massa, a TV”. A questão colocada por Darci Ribeiro no passado e se discute na audiência pública é o direito de antena e o projeto da nação. Que é muito complicado para as mulheres brasileiras, sérias, estarem na Europa, porque são associadas a prostitutas. E, se aquele Vereador que falou aquela baboseira no plenário da Câmara tivesse pregado a secessão, perderia o mandato, porque está pregando contra o princípio fundamental do Estado, que é a secessão, mas como ele falou: “que tudo bem, o turista vir transar com as meninas”, o que precisaria é que os parlamentares instaurassem um procedimento na corregedoria deles ou que um coletivo de mulheres, os movimentos, fizessem uma representação. A mesma coisa com o Sr. Clodovil que começou a sua fama política justamente no programa “TV Mulher”, mas que rendeu também uma Martha Suplicy, uma Marília Gabriela e outras coisas bonitas. Novamente parabenizou às Procuradoras da República e registrou que o Ministério Público Estadual, tanto na área de consumidor como na área de infância, tem feito esse trabalho diário. Disse que a questão da mulher não é fácil e a Dra. Vânia lhe pediu que ajudasse em face da experiência na questão da infância e na do idoso, deficiente e transtorno ambiental, daí é que veio a questão Maria da Penha, cuja discussão disse não ter sido fácil nem dentro do próprio Ministério Público Estadual, que também é machista como várias instituições, como o Judiciário. Mas graças a Deus o Procurador-Geral bancou e foi conseguido fazer muita coisa. Mas se sentiu falta, como na sexta-feira, no Rio Grande do Sul, a questão da imagem da mulher na mídia, e disse que os Colegas do Ministério Público Federal estão fazendo o trabalho, repercute na violência e gravidez infanto-juvenil. E o fruto desse trabalho, algumas emissoras que estão presentes, respondem por processo sobre a questão de como era a imagem da população do Sapopemba na mídia, em que foi efetuada assinatura de jornais e retirados alguns recortes, e Sapopemba só era visto na mídia com terra de ladrão. Após, desmistificou, foram feitas três audiências públicas, uma das emissoras, inclusive, fez um belo programa com uma das 3 defensoras. Mas é um caminho árduo e difícil. Registrou que viu pessoas históricas na luta que tiveram de voltar para ela, e só vão parar quando passarem para outro plano. Retomar a luta da “Tortura nunca mais”, pois sobre o que foi dito é uma forma de tortura e de violência muito sutil. Maria de Lourdes Rodrigues – Embora tivesse pensado em retirar sua inscrição para falar, mas como tem persistência grande na luta das mulheres, e estão fazendo uma história muito importante e por isso está feliz em estar presente. Acredita ser uma quase revolução que as mulheres estão se propondo a fazer e pensa que não dá para se morrer na praia. Ficou muito indignada. Quando se é convidado para uma audiência do movimento social que provoca as emissoras que são responsáveis pela reprodução e veiculação dos conteúdos que estão questionando um grupo de emissoras, sendo que veio e “dá a cara para bater”, se sensibilizam algumas delas e se dispõem em dialogar, mas tem uma que seria responsável por boa parte do conteúdo mencionado, que não está presente. Por isso acha que esta não deve ter tratamento igualitário às que compareceram. Foi nesse sentido que manteve o pedido de palavra, por acreditar que deva haver algum encaminhamento diferenciado. Não se referiu a uma emissora que trabalha com com alguns milhares, mas quase toda a população do país, e que é a responsável por uma produção e reprodução de ideologia discriminatória que desqualifica as mulheres, as crianças, os idosos, as lésbicas. Apresentou-se como representante da Liga Brasileira de Lésbicas e disse que já foi conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e que lá no CONANDA já se discutia essa questão do impacto dos programas veiculados pela mídia na educação das crianças. Tem pesquisas, como alguém se referiu, que comprovam o impacto da violência no processo de desenvolvimento da psiquê das crianças. E a população de crianças que é educada cotidianamente com a violência da TV, serão os novos jovens e adultos daqui a pouco. Se hoje se tem um país que prima pela violência e as vítimas maiores são as mulheres e os próprios jovens. Tem alguns elementos que explicam e não se vai atrás. Se hoje tem uma onde de anorexia e embolia em adolescentes é de uma geração que foi educada nesta mídia, e tem modelos que estão sendo questionados na audiência pública. Sua proposta foi de que no diálogo, na negociação, já que as emissoras transmitem comercialmente o marketing, os comerciais e propagandas, que tivesse algum código de ética, conduta, expressão, e qualquer conteúdo que se veicula. Hoje tem isso na internet. Por exemplo, hospeda-se determinados “sites”, desde que não se oponham, agridam ou ensejam alguma coisa discriminatória. Disse imaginar que no caso especialmente da TV em relação à propaganda possa ser feito isso e que algum percentual dessa propaganda possa servir para pesquisa sobre anorexia e embolia, pesquisa sobre o impacto de determinadas coisas que se vende cotidianamente. Pois que todo dia ao ligar a televisão vê alguma propaganda para a mulher fazer plástica, botar silicone, tomar alguns remédios e isso não é tratado como se fosse uma baderna geral e que não tem regra. Acha que estão fazendo revolução e fez proposta para que se possa ser mais radical com aqueles que são mais responsáveis pelas atrocidades, pelas discriminações. Propôs, também, que haja uma porcentagem da publicidade para ser revertida na pesquisa, como a Valéria exemplificou no caso da Kaiser, que reverteu para os seminários, a necessidade de inclusão da questão da pesquisa que hoje não se investe nisso. Primeiro porque direcionadas à mulher existem poucas pesquisas sobre a saúde da mulher, e em segundo lugar, porque não interessa para quem vende os produtos dizer que o uso vai ser prejudicial à saúde, não hoje, mas daqui a dez, a quinze, a 20 anos. E reafirmou sua proposta de que se tenha tratamento 3 diferenciado com relação a uma emissora que não esteve presente. Doutora Adriana da Silva Fernandes – com relação à questão da publicidade, é tratada em outro procedimento, pois não se trata da discrimnação da mulher na mídia, especialmente o que se está tratando na audiência. Com relação à rede Globo, receberá um ofício com as outras emissoras, para atender ao comitê formado. E que a maioria das emissoras compareceu, se verá se ela também procederá dessa forma. Lhe é claro que o Ministério Público Federal, se tratar-se de discriminação num programa específico, receberá representação para as medidas cabíveis, mas o que se discutiu na audiência pública não é a questão de um programa específico, mas a questão da mulher no geral na programação televisiva. Receberá representações pelo digidenúncia, pela internet, no protocolo, qualquer notícia de violação a direito fundamental, a discriminação contra a mulher, é obrigação apurar, pois as televisões são concessões do serviço público. 01:26:41 – Pergunta da platéia, aparentava ser a Sra. Valéria, parcialmente ininteligível. Pede questão de esclarecimento quanto à proposta relacionada aos programas televisivos, mas que ao estarem trabalhando com comunicação, mídias e todas as falas das emissoras colocaram o ponto comercial das televisões e quando se fala em comunicação e mídia não se pode deixar as propagandas de fora. Doutora Inês Virgínia Prado Soares – respondeu tratar-se da primeira reunião em que sairá com pensamento numa próxima etapa. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Disse que o CONAR foi convidado e não compareceu e que também poderá ser encaminhado ofício e estará estabelecendo, por oportunidade do comparecimento das emissoras, em primeiro lugar a reunião do comitê em face das emissoras. Estipulou o prazo de dois dias para que as mulheres apresentem os nomes das pessoas que comporão a comissão para tratar com as emissoras. E, que no dia vinte e cinco de abril, numa quarta-feira, iriam ser expedidos ofícios às emissoras visando a indicação de data, no mês de maio, para receber o comitê e o agendamento de uma reunião no Ministério Público Federal no dia quatorze de junho, com todas as emissoras e algumas representantes das mulheres, ou melhor, com o comitê instituído, para ver qual o encaminhamento que já foi dado. Dra. Inês Virgínia do Prado Soares – disse que o prazo estava razoável, pois deverão ocorrer as reuniões com as emissoras em todo o mês de maio. Agradeceu a presença de todos, das emissoras de televisão, reafirmou a intenção de diálogo e pediu que aproveitem a presença dos representantes e as olhem com muito carinho, a presença do Ministério Público Estadual, a todas as mulheres presentes e desejou que se possa dar continuidade a esse diálogo. Doutora Adriana da Silva Fernandes – Declarou o encerramento da audiência pública.