Universidade Federal de Minas Gerais Programa de Formação de Conselheiros Nacionais Curso de Especialização em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais Cristina R F Quadra Rocha Conselhos de Cidadãos uma das Iniciativas do Ministério das Relações Exteriores para melhor apoiar as Comunidades Brasileiras no Exterior Brasília 2010 Cristina R F Quadra Rocha Conselhos de Cidadãos uma das Iniciativas do Ministério das Relações Exteriores para melhor apoiar as Comunidades Brasileiras no Exterior Monografia apresentada à Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais. Orientadora. Heloisa Maria Murgel Starling Co-orientador: Renato Almeida de Moraes Brasília 2010 3 AGRADECIMENTOS Foram muitos que me ajudaram a concluir este trabalho. Meus sinceros agradecimentos... ...ao meu marido e filha pela grande compreensão durante minhas ausências do convívio familiar; ...às minhas irmãs pelo grande apoio nesta empreitada; ...ao meu pai que sempre estimulou nossos estudos; ... a equipe da SEDES que me incentivou desde minha classificação para esta especialização; ... as oficiais de chancelaria que em meio as suas funções diárias conseguiram tempo para atender minhas demandas, em especial James Torres na SERE, Lucila Esteves em CONSBRAS Boston e Andréa Galvão em BRASEMB Tóquio; ...às autoridades do MRE que me receberam para dividir comigo suas ponderações, em especial o Embaixador Eduardo Gradilone; o Ministro João Pedro Corrêa Costa; Secretária Giuliana Ciccu; o Conselheiro George Torquato Firmeza e a Secretária Adriana Ribeiro; ...aos Conselheiros que foram cristalinos em suas considerações, em especial Sra. Thays Portugal Bell, Sra. Valéria Diniz e Sr. Robert Khatlab ...as palavras estimulantes do Professor Renato Moraes, meu orientador. 4 RESUMO O presente trabalho final visa divulgar a iniciativa do Ministério das Relações Exteriores em criar uma ponte de dialogo entre as missões diplomáticas no exterior e as comunidades que estas missões atendem incentivando a implementação de Conselhos de Cidadãos. O estudo visa destacar que por meio da disseminação de Conselhos de Cidadãos pode-se transitar em duas vias no atendimento adequado a estas comunidades tendo a segurança que estes brasileiros estarão bem atendidos e apoiados nesta difícil empreitada de adaptação em outras culturas. Porem, como toda via de mão dupla, cada interessado deve percorrer de forma eficiente sua metade do percurso. Palavras-chave: Dialogo social e construção da democracia participativa. 5 LISTA DE ABREVIATURAS SEDES- Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social MRE- Ministério das Relações Exteriores CONSBRAS – Consulado Brasileiro BRASEMB – Embaixada Brasileira SERE – Secretaria de Estado das Relações Exteriores 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8 PRIMEIRA PARTE – IMPLEMENTAÇÃO DOS CONSELHOS................................... 12 SEGUNDA PARTE – ATIVIDADES DOS CONSELHOS ATUALMENTE..................... 18 TERCEIRA PARTE – DESAFIOS FUTUROS............................................................ 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 30 REFERÊNCIAS .....................................................................................................36 DOCUMENTOS BÁSICOS .......................................................................................36 TELEGRAMAS E DESPACHOS TELEGRAFICOS ......................................................39 ENTREVISTAS .......................................................................................................42 ANEXOS ................................................................................................................43 7 INTRODUÇÃO Há muito, o Serviço Exterior Brasileiro, composto pelos servidores do Ministério das Relações Exteriores, contando com o auxilio dos funcionários que são contratados localmente, vem apoiando, dentro de suas limitações, porém com bastante empenho as comunidades brasileiras, que necessitam dos serviços fornecidos pelo Itamaraty, no exterior. Este arranjo vinha sendo desenvolvido, de forma satisfatória, sem maiores complicações com o volume de trabalho razoável e intenso. Mas desde o inicio dos anos 80, o panorama tem se modificado. O fluxo migratório brasileiro vem apresentando variações significativas, no sentido contrário. Afirmativa que tem forte consenso entre os estudiosos e protagonistas da diáspora brasileira. O Brasil que até então era um país essencialmente de imigração, ao inicio da chamada “década perdida” sobretudo para os paises da América Latina, década representada por estagnação econômica, descontrole inflacionário, forçou os brasileiros a buscarem, além mar, melhores oportunidades de trabalho e expectativa de vida melhor. Grande parte da população brasileira partiu para o exterior não só movida por fatores financeiros; o descontentamento com as políticas domésticas, a procura de fugir da violência e falta de segurança, a busca da valorização pessoal, a ambição por melhores perspectivas profissionais, o anseio de um judiciário mais imparcial, são alguns dos motivos que estimulam os brasileiros a emigrarem. A população flutuante de turistas e estudantes que se dirigiam ao exterior foi substituída, gradativamente, por uma massa permanente de pessoas que não mais regressavam ao seu país de origem, no curto prazo, estabelecendo residência nos paises anfitriões. Estima-se que atualmente existem entre três e quatro milhões de brasileiros residentes no mundo1. Tal fenômeno teve como um dos principais resultados remessas financeiras consideráveis de seus nacionais emigrados para casa. Em 2007, as estatísticas apontavam para a transferência de um montante de sete bilhões de dólares norte americanos, reforço de divisas que tem auxiliado no desenvolvimento de diversas regiões brasileiras. 1 http://www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/pt-br/estimativas_populacionais_das_comunidades.xml 8 Junto com o crescimento da população de brasileiros que se dirigem ao exterior, cresceu também o descontentamento com relação às formas do governo brasileiro lidar com esta realidade. O país não estava preparado para tamanho deslocamento de nacionais, para apoiar de forma apropriada estas novas comunidades que se formavam no exterior. Tal despreparo provocou uma grande insatisfação de uma população que apesar de distante, continuava mantendo vínculos com o Brasil. Os emigrados para os Estados Unidos, por exemplo, estavam em busca de melhores oportunidades, mas não abriam mão sequer do seu direito ao voto. Os emigrados para a Europa, desencantados com as políticas nacionais igualmente saiam em busca de melhores condições econômicas, novas perspectivas profissionais, melhor qualidade de vida e valorização pessoal, mas continuam acompanhando a realidade brasileira, com anseios de retornar. Os emigrados para o Japão não tinham o objetivo de fixar residência naquele país, alguns deixavam suas famílias para buscar trabalho temporário fugidos da recessão brasileira, almejando economizar para abrir um pequeno negocio no Brasil. Os emigrados para o Paraguai igualmente, apenas buscavam trabalho, ou posses de pequenas terras na fronteira onde poderiam plantar e colher, mas mensalmente enviavam boas remessas monetárias ao Brasil. Destaco estas comunidades, pois são elas que, na atualidade, refletem os maiores números de brasileiros no exterior. As estimativas do Ministério das Relações Exteriores indicam 1.280,000 brasileiros nos Estados Unidos; 816,257 no continente Europeu; 300,000 no Paraguai e 280,000 no Japão. Além de manter vínculo com o Brasil, contribuindo para o suporte de suas famílias, e diversas vezes contribuindo para o desenvolvimento de suas regiões, estas comunidades representa um cartão de visita da população brasileira no estrangeiro. Suas ações e atividades refletem parte da maneira brasileira de ser: dedicada, comprometida, solidária, tolerante. A grife Brasil estampada nestas pessoas que representarão com esmero a parcela do país em diversas partes do mundo, em especial as acima citadas. Representam, ademais crescente mercado de consumo de produtos brasileiros que não são facilmente encontrados por este mundo afora. Grande oportunidade de negócios para exportadores brasileiros que infelizmente ainda não conseguiram atinar para estes números crescentes. Sem deixar de mencionar a grande parcela de brasileiros do campo do saber que ao manterem seus vínculos com seu país de origem acabam por banhar o Brasil com 9 conhecimentos de extrema modernidade a qual foram submetidos em seus aprofundamentos no exterior e vice versa. O Brasil tem se destacado, nos últimos anos, internacionalmente por ser um país de democracia estável, diálogo, inclusão social, e zelo especial para com os imigrantes que buscam aqui seu pão, ou buscam se reunião com seus descendentes. Fator relevante para que não se deixe de incluir, cada vez mais, este contingente que se viu obrigado a ser submetido à outra cultura e valores diferentes por vezes divergentes e conflitantes com os seus, em busca de oportunidade que seu próprio país não pode proporcionar. O governo brasileiro tem consciência desta realidade e vem procurando juntamente com do Ministério das Relações Exteriores o Ministério da Previdência Social, e Ministério da Educação e Cultura, Secretaria Especial para a mulher, entre outros adequar suas políticas publicas no intuito de apoiar esta grande comunidade que vem se formando no exterior. O foco principal deste trabalho são as políticas desenvolvidas juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, principalmente a iniciativa de criação de Conselhos de Cidadãos. Não poderei, no entanto, para a compreensão do panorama geral em meio ao qual estes Conselhos foram implementados, deixar de mencionar as demais políticas adotadas que ganharam destaque e posteriormente se firmaram como auxiliares na realização das políticas publicas destinadas as comunidades brasileiras no exterior. A partir dos anos 90, foram adotadas políticas de aperfeiçoamento e modernização do serviço consular brasileiro, houve a criação de novos postos no exterior, a política de execução de missões consulares itinerantes e temporárias, a implementação de Conselhos de Cidadãos, a criação da Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior no âmbito do ministério, a implantação do Portal Consular, a criação do Portal Brasileiros no Mundo, a institucionalização das Conferencias anuais das Comunidades Brasileiras no Exterior, a inclusão do tema “Brasileiros no Mundo” no Seminário de Política Externa Brasileira, a inauguração da Ouvidoria Consular do Ministério das Relações Exteriores e, mais recentemente, o Itamaraty itinerante, edição domestica, sinalizam a ampliação das ações para corresponder às ansiedades desta comunidade. A criação de novos postos no exterior com o objetivo de atender as comunidades que mais cresceram em regiões que ainda não dispunham de missões diplomáticas 10 brasileiras; a instituição de Consulados Itinerantes2, para levar os serviços consulares às comunidades brasileiras distantes da sede da repartição consular; o estimulo a implementação de Conselho de Cidadãos composto de representantes da comunidade instancias destinadas a aglutinar a comunidade e servir de elemento de ligação com a sociedade civil; a criação da Sub-Secretaria Geral das Comunidades brasileiras no exterior dentro da estrutura do Ministério das Relações Exteriores voltada para a política prioritária de aprofundamento do dialogo com os outros órgãos da administração federal e estadual e com as próprias comunidades; as Conferencias das Comunidades Brasileiras no Exterior que tem reunido representantes de vários Ministérios, do Parlamento, do Judiciário, da academia e da nossa diáspora para debater questões importantes para o Brasil de além fronteiras; a implementação do Portal Consular3 bem como o Portal Brasileiros no Mundo4 com o objetivo de instrumentar e ampliar o diálogo entre o Ministério das Relações Exteriores e as comunidades brasileiras no exterior, e destas entre si; o estabelecimento da Ouvidoria Consular5 do Ministério das Relações Exteriores, unidade responsável pelo processamento de comentários, sugestões, elogios e críticas referentes a toda a atividade consular - aí incluídos atendimento em geral, rede consular, assistência, processamento de documentação e demais atividades afins e conforme aclarado pelo Embaixador Eduardo Gradilone, Diretor do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, na ocasião de sua entrevista, a primeira edição do Itamaraty itinerante versão domestica, realizado em Goiânia, dezembro ultimo, para divulgar informações sobre políticas destinadas às comunidades brasileiras no exterior, como a assistência consular e jurídica e a negociação diplomática visando à defesa dos direitos dos emigrantes bem como a orientação para agir de forma respeitosa das leis e soberanias locais e fornecendo informações confiáveis sobre as reais condições de trabalho no exterior, de modo a reduzir erros de avaliação no futuro sobre a decisão de emigrar a qual cabe, exclusivamente ao individuo. Tais políticas recém adotadas necessitam de aperfeiçoamento e estão sendo aprimoradas, contando com o auxilio e participação dos seus maiores consumidores e clientes dos serviços prestados. 2 http://www.portalconsular.mre.gov.br/avisos/consulados-itinerantes-calendario-2010 http://www.portalconsular.mre.gov.br/ 4 http://www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/pt-br/ 5 http://www.portalconsular.mre.gov.br/avisos/ouvidoria-consular-saiba-o-que-faz-e-como-contactar 3 11 Gostaria de concentrar este trabalho na iniciativa do Itamaraty em estimular a Criação dos Conselhos de Cidadãos, foro informal e apolítico de aconselhamento, portanto consultivo, com composição rotativa, objetivando encurtar as distancias ainda existentes entre os nacionais que vivem no exterior e a rede consular, estabelecendo a ponte governo - sociedade civil no exterior. Por meio da disseminação de Conselhos de Cidadãos pode se transitar em duas vias no atendimento adequado a estas comunidades tendo a segurança que estes brasileiros serão ouvidos em suas mais relevantes necessidades, estabelecendo assim, dialogo com a esta comunidade. Pretendo abordar o tema dividindo este trabalho em três etapas. A primeira parte apresentará informações sobre a implementação inicial dos Conselhos de Cidadãos nos idos de 90. Na segunda parte retratarei como estão os Conselhos nos dias de hoje, quais as mudanças apresentadas desde a sua criação e no terceiro momento abordarei os principais desafios e futuras perspectivas nos novos tempos que se delineiam no âmbito da implementação deste dialogo, governo sociedade civil no exterior. Este trabalho não pretende esgotar o assunto, especialmente porque os destinos desta iniciativa estão ainda se delineando e sofrendo aprimoramento. Pretendo apenas divulgar esta experiência que tem trazido bons resultados no âmbito das políticas públicas para as comunidades brasileiras no exterior. Primeira parte – implementação dos Conselhos de Cidadãos As redes consulares brasileira, voltadas para a prestação de serviços individuais, emissão de certidões, passaportes ou vistos, a partir dos anos noventa, se viu diante do desafio de fornecer serviços coletivos, para o melhor apoio às comunidades brasileiras que vinham se formando no exterior. Destaco como um destes desafios o fomento a implementação, quando possível devido às peculiaridades dos postos, de Conselho de Cidadãos. Desde 1990, o Ministério das Relações Exteriores deu passo decisivo rumo à democracia participativa estimulando a criação de Conselhos de Cidadãos entre os consulados no exterior com a seguinte orientação6: 3.2.1 Os Conselhos de Cidadãos constituem foro informal e apolítico de aconselhamento, de composição rotativa, com o objetivo 6 Manual de Serviço Consular e Jurídico, Tomo I, Cap 3º - Assistência e proteção a Brasileiros, Seção 2ª. Conselhos de Cidadãos. 12 de encurtar as distâncias ainda existentes entre os nacionais que vivem no exterior e a rede consular, estabelecendo a ponte Governo/Sociedade civil no exterior. 3.2.2 Os Conselhos são compostos por um Presidente e por um número de no mínimo 08 e no máximo 16 cidadãos brasileiros, devendo ser constituídos, com comunicação prévia à Secretaria de Estado, junto às Repartições Consulares em cuja jurisdição haja um número expressivo de brasileiros. 3.2.3 Os Conselhos de Cidadãos devem ser presididos pelo Cônsul-Geral ou, no mínimo, pelo Ministro Conselheiro, quando não houver representação consular na capital e secretariados pelo diplomata encarregado do Setor Consular. As atas, registrando as deliberações do Conselho, serão afixadas na área de recepção ao público, para ampla divulgação. 3.2.4 A participação nos Conselhos de Cidadãos dá-se mediante convite dos Presidentes dos mesmos, devendo sua composição refletir, tanto quanto possível, o universo da comunidade. A rotatividade de sua composição deve obedecer, em princípio, periodicidade bienal. A SERE/DAC7 receberá relação dos integrantes do Conselho de Cidadãos. 3.2.5 As reuniões dos Conselhos devem realizar-se na sede da Repartição Consular ou em outro local de semelhante representatividade, de preferência quadrimestral ou semestralmente, segundo as peculiaridades locais ou, extraordinariamente, a juízo do Presidente. A participação dos integrantes dá-se em base voluntária, não cabendo qualquer tipo de remuneração por parte do Governo brasileiro. 3.2.6 Os Presidentes dos Conselhos devem assegurar-se de que as ações e decisões dos Conselhos sejam divulgadas à comunidade brasileira. Relembrando: fórum consultivo, presidido pelo Cônsul-Geral (o encarregado da missão diplomática), composto por no mínimo oito e no máximo dezesseis brasileiros convidados pelo presidente do Conselho, que representem o universo da comunidade, substituídos a cada biênio, com reuniões quadrimestrais ou semestrais e que encurtem as distancias que possam existir entre a comunidade e a repartição consular. Poucos registros são encontrados dos dias iniciais destes Conselhos, uma vez que a rotineira rotatividade do seu contingente humano, não apenas dentro das repartições na Secretaria de Estado bem como nos postos no exterior, peculiaridade do Ministério das Relações Exteriores, não permitiu a alimentação de arquivos relativos à temática. Desta forma as informações sobre o número de reuniões ordinárias, 7 SERE – Secretaria de Estado do Ministério das Relações Exteriores /DAC - Divisão de Assistência Consular 13 extraordinárias ou abertas ao publico bem como as plenárias e formas de deliberação nos faltam. No entanto, os depoimentos colhidos são consenso em relação implementação inicial desta iniciativa que embora tenha se apresentado de forma tímida, de acordo com os depoimentos, grande diferença fez para mitigar as frustrações existentes em meio aos brasileiros que recorriam aos serviços das missões diplomáticas brasileiras no exterior. Agora então descrevo. A estrutura consular brasileira que tinha sido desenhada para atender ao publico voltado para o turismo e, em proporção menor, mas não menos relevante, o publico que se deslocava para o universo acadêmico, para cumprir com estes compromissos, foi forçada a estabelecer suas missões diplomáticas nas capitais, fato que afeta diretamente a implementação dos Conselhos nas diversas comunidades, ao redor do mundo. Para a composição inicial dos Conselhos de Cidadãos os membros selecionados eram, em sua maioria, representantes de empresas sitiadas nas capitais, dos paises acolhedores, tais como: parte da diretoria da Varig; parte da diretoria da Companhia Vale do Rio Doce; parte da diretoria do Banco do Brasil; membros brasileiros do corpo discente e docente da academia local, e assim por diante, visto que, na ocasião, os representantes das comunidades nem sempre habitavam as capitais, desta forma não puderam ser contemplados. A depender do perfil e interesse da comunidade e membros dos diversos Conselhos, suas atividades variavam regionalmente, abarcando dentre outros, temas sociais, culturais, e de informação a brasileiros residentes na comunidade. Voltando a mencionar a precariedade de registros, devo dizer que valiosa contribuição foi feita pela vice-cônsul do Consulado do Brasil em Boston, Senhora Lucila Esteves fazendo chegar a minhas mãos Atas do Conselho da Nova Inglaterra um dos mais antigos que se tem registro e que iniciou seu funcionamento na Cidade de Boston, Estados Unidos da América, em 1996, e continua ativo até os dias de hoje. O Conselho de Cidadãos brasileiros da Nova Inglaterra, Boston, EUA se mostrou bastante êxitoso com a supracitada composição inicial. Em 2001, o Conselho de Cidadãos Brasileiros da Nova Inglaterra já havia estabelecido Comissões sobre temas prioritários para a comunidade local, umas das maiores dentro dos Estados Unidos, tais temas são permanentemente revisitados até os dias de hoje, com exceção de um: Comissão de orientação ao imigrante recém chegado (posteriormente, de acordo com novas necessidades da comunidade, esta comissão foi 14 substituída pela Comissão da Carteira de Motorista); A Comissão da Criança e do adolescente e a Comissão para assuntos educacionais. O Conselho de Cidadãos de Boston possibilitava até a participação de não conselheiros nas reuniões plenárias, diversas delas eram abertas à comunidade. A Comissão de orientação ao imigrante recém chegado tinha como responsabilidade a elaboração de folheto com informações básicas ao recém chegado para ser distribuída em pontos chave, onde havia concentração de brasileiros que chegavam aos Estados Unidos. A Comissão para assuntos educacionais possui responsabilidade em duas frentes: o apoio ao projeto lei que permitiria o acesso do estudante “indocumentado” a universidade e apoio à comunidade para o programa bilíngüe em Massachusetts. E por ultimo a Comissão da criança e do Adolescente sendo responsável por questões de adaptação dos pais e filhos a um novo país, a uma nova cultura promovendo encontros e palestras, promovendo ainda programas para a formação de jovens lideranças dentro das comunidades. Evidentemente ao longo de sua atuação, a composição inicial do Conselho de Cidadãos brasileiros da Nova Inglaterra sofreu modificações. As instituições participativas que emergiram no Brasil democrático implicaram em um aumento da representação, seja pelo fato de que os próprios atores sociais passaram a se denominar representantes da sociedade civil, seja por que o Estado passou a lidar institucionalmente com uma representação oficial da sociedade civil. (Avritzer, 2007). A maior comunidade brasileira no exterior, com certeza contava com lideranças fortes que ao não terem sido contempladas suas representações pressionaram por reformas até atingir sua composição atual, descrita na próxima parte deste trabalho. Mas nem todos os Conselhos que se formaram na década de 90 ainda persistem. Em 1997, realizou-se a Primeira reunião do Conselho de Cidadãos da Renânia do Norte-Vestfália. Ao todo, foram realizadas 19 reuniões do que se denominou “ Primeiro Conselho”. Como realizações práticas pode-se listar: ensino de Português, às expensas da Prefeitura de Colônia, para os filhos de brasileiros. Primeiro ano letivo: 2000/2001, com a professora Laura Maria Holzknecht; Confecção da cartilha "Casamento na Alemanha"; cadastramento de brasileiros na jurisdição. Com a mudança da Embaixada do Brasil para Berlim, este conselho encerrou as suas atividades em 29. 11. 2001. 15 Realizada a primeira reunião do então “Segundo Conselho” sob a presidência do Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, Ney do Prado Dieguez, quando foi possivel a revisão dos Estatutos tornando-o mais adequado à nova divisão da rede consular com a transferência da jurisdição sobre Colônia para o Consulado em Frankfurt. Após vários problemas de ordem pedagógica (professora) e econômica (medidas de retenção de gastos por parte da Prefeitura de Colônia), o Conselho lutou pela manutenção das aulas de português para os filhos de brasileiros dentro da rede alemã de ensino. Ano letivo 2001/2002 e o primeiro semestre do ano letivo 2002/2003, com o professor Roberto Carvalho.; Apoio material e humano a duas presidiárias brasileiras que cumpriam pena no Presídio de Willich. E Divulgação e informação sobre a aquisição da nacionalidade alemã por parte dos cidadãos brasileiros sem a perda da brasileira. O Segundo Conselho ficou inativo entre dezembro de 2001 (sua última reunião) e setembro de 2004 quando retomou suas atividades8. As comunidades existentes na ocasião da implementação dos Conselhos diferem fortemente das existentes atualmente. Ademais, as peculiaridades regionais das comunidades também são fortes determinantes na manutenção dos Conselhos de Cidadãos. Alguns Conselhos implementados no decorrer dos anos se viram sem necessidade de existência, e se extinguiram. “Em meio a razoes para a extinção destes Conselhos podemos considerar: a fragilidade da estrutura dos Conselhos, cujos membros são nomeados pelos Cônsules, pode representar uma das razões pelas quais, nos últimos anos, diversos Conselhos foram desativados e, por vezes, reativados. Na jurisdição do setor consular em Washington, por exemplo, o Conselho, criado nos anos 1990, encontra-se desativado. Também na América do Sul e na Europa, há casos idênticos” (Firmeza, 2007). A participação política no Brasil democrático tem sido marcada por dois fenômenos importantes: a ampliação da presença da sociedade civil nas políticas públicas e o crescimento das chamadas instituições participativas. Do lado da sociedade civil, diversos atores pertencentes a esse campo político reivindicaram, desde o final do período autoritário, uma maior presença em instituições encarregadas da deliberação sobre políticas públicas nas áreas da saúde, assistência social e políticas urbanas. Tal reivindicação gerou uma série de formatos híbridos caracterizados pela presença de 8 http://www.consbras-frankfurt.com/colonia/ 16 instituições com a participação da sociedade civil e de atores estatais nas áreas de assistência social, saúde, meio ambiente e políticas urbanas. (Avritzer, idem). Apesar de algumas criticas com relação à composição inicial dos Conselhos a experiência demonstrou que para certas comunidades este formato não só tem funcionado para a consolidação desta iniciativa como também auxiliou na realização dos seus objetivos. Gostaria de citar como exemplo o Conselho de Cidadãos de Nagóia, implementado em março de 1996, tem sido atuante principalmente na esfera da educação para brasileiros no Japão. O estabelecimento imediato de um Grupo de Trabalho para entender a questão e propor soluções foi essencial para os pequenos avanços alcançados ate os dias de hoje. Devido a estes avanços a problemática que ainda persiste foi bastante atenuadas. A maioria de brasileiros que buscavam o Japão como decasseguis (deru = sair; kasegu = lucrar – aquele que sai de casa para trabalhar e voltar) (Costa, 2007) traziam filho com idade pré-escolar, não havia creches para absorver estas crianças que permaneciam em suas residências, o objetivo era regressar ao Brasil quando estes pequenos atingissem a fase escolar. Porem durante a década de 90, quando se deu uma grande estagnação da economia brasileira estes pais se viram forçados a permanecer no Japão, com isso a maioria das crianças brasileiras não conseguiam se adaptar as escolas japonesas, por desconhecimento ou dificuldades com o idioma ou problemas de relacionamento interpessoal (maus-tratos). Resultando em grande contingente de jovens marginalizados, ou que pararam de estudar para trabalhar em fabricas aos 14 e 15 anos, contrariando as leis trabalhistas. O Japão ainda não adotou uma política voltada para esta temática e programas paliativos foram adotados pela comunidade brasileira. Caso em que se constata e se justifica a necessidade da presença governamental nos Conselhos. A representação governo brasileiro na pessoa do Presidente do Conselho e Cônsul-Geral torna a pressão mais institucional, entre nações, e não apenas uma luta de cidadãos que pagam seus imposta e exigem serviços. Alem disto, a forte presença de empresários viabiliza, com apoio relevante, senão total, a realização de consulados itinerantes, dentro da própria comunidade possibilitando a prática de números cada vez mais elevados de itinerantes. Mesmo com questionamento existente ao redor da composição dos Conselhos de Cidadãos, a iniciativa acionou o estimulo a participação das comunidades na proposta de políticas publicas do governo brasileiro. “Dentre a variedade de elementos já 17 destacados pela literatura, ressaltamos que para o processo decisório de políticas públicas nos conselhos seria importante a presença de debates face a face, igualdade de razões apresentadas e de participação, interatividade de discurso, discordância entre os participantes, publicidade, informação ampliada sobre os assuntos e decisões coletivas voltadas para o grupo ou sociedade em geral. Esses são princípios relevantes para a análise dos conselhos que nos permitiram avaliar como está se dando a deliberação em termos de quem participa das discussões, como está se desenvolvendo a deliberação e o quê é objeto das decisões coletivas”. (Almeida e Cunha) A democracia, em particular, a democracia participativa para ser construída necessita de treinamento que deve ser praticado diariamente, nas pequenas unidades, desde a infância, nas escolas, posteriormente em escala maior, no bairro, na cidade, no estado e assim por diante. Apenas com esta exercitação poderemos alcançar benefícios que se refletirão em todos os níveis sociais. A seguir poderemos constatar como esta participação pode ser refletida nas atuais conquistas. Segunda Parte – Atividades dos Conselhos atualmente As comunidades brasileiras com o passar do tempo e com a constatação do sentimento de vazio de poder, perceberam a necessidade de articulação em formas de organização e em todos os cantos do mundo pode se constatar este engajamento. Principalmente as comunidades estabelecidas na Europa e nos Estados Unidos cujo perfil é de brasileiros, predominantemente, oriundos da classe média alta desta forma, como pudemos constatar no conceito debatido pelo professor Avritzer9, geralmente as grandes cidades apresentam nível elevado de organização, sobretudo no âmbito da sociedade civil, podendo se constatar que as praticas antecedem, assim, as legislações. “Contemporaneamente, assiste-se a uma extensa controvérsia entre autores filiados a diferentes tradições da teoria democrática na qual, muitas vezes, parece que a deliberação política migrou de seu berço inicial, as Casas Legislativas, para a sociedade civil organizada e passou a ser par constante da participação. De qualquer forma, ou a deliberação está ‘casada’ com a representação, ou divorciou-se dela e celebrou novas núpcias com a participação. Quase nunca se aventa a possibilidade e a necessidade de 9 Curso de Participação Institucionalizada: os conselhos de políticas, vídeo aula: A dinâmica da participação local; bloco 2 “O papel da constituição na implementação dos conselhos” . 18 realizar efetivamente o exercício e os nexos entre representação e participação através de procedimentos deliberativos. O ponto que se quer defender, aqui, é o de que a deliberação não é atributo exclusivo dos processos representativos (como supunham os autores federalistas) e, muito menos, é atributo exclusivo dos processos participativos, como defendem autores filiados à corrente intitulada” democracia participativa “. A deliberação, nas democracias contemporâneas, deve estar”, necessariamente, em ambos os pólos - representação e participação - assim como nos canais através dos quais representação e participação se comunicam e interagem”(Anastásia, 2006). Como marco inicial do movimento de articulação das comunidades brasileiras no exterior, em 1997, ocorre o I Simpósio Internacional sobre Emigração Brasileira, promovido pela Casa do Brasil em Lisboa, com participação do Grupo Atitude da Suíça, do Jornal “Brazilnews” do Canadá e de integrantes isolados de comunidades brasileiras nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Também participaram do evento representantes dos Poderes Executivo e Legislativo do Brasil e de Portugal, bem como pesquisadores brasileiros especialistas em migrações. O dirigente da Casa do Brasil em Lisboa, Carlos Viana, ao avaliar o encontro, afirmou que “os emigrantes brasileiros por este mundo afora continuam carentes de uma política minimamente refletida, democraticamente decidida e eficazmente coordenada e executada em relação aos seus múltiplos problemas e à sua própria existência enquanto cidadãos brasileiros residentes no Exterior. Ou seja, a questão não desaparece porque pouco se faz, por parte das várias partes envolvidas, inclusive por parte dos próprios emigrantes”. (Milesi e Fantazini, 2007). Em seguida, em 2002, o I Encontro Ibérico de Comunidades de Brasileiros no Exterior, ocorrido de 09 a 11 de maio, nas dependências da Universidade Católica de Portugal, em Lisboa. Promovido pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Distrito Federal do Ministério Público Federal e sob o patrocínio do Banco do Brasil. Com a prerrogativa de inaugurar o projeto Brasileiros no Exterior, o evento contou com o apoio organizacional da Casa do Brasil de Lisboa e com a colaboração da Cáritas Portuguesa, da Cáritas Brasileira, da Obra Católica Portuguesa de Migrações, da Pastoral dos Brasileiros no Exterior, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e do Instituto Migrações e Direitos Humanos. O encontro, de caráter eminentemente propositivo, contou com a participação de cento e vinte pessoas dentre elas sessenta e duas entidades da sociedade civil e instituições públicas e a presença de representantes dos governos brasileiro e português, parlamentares, religiosos e acadêmicos dos dois países e emigrantes brasileiros em Portugal. Debateram-se as expectativas dos 19 emigrantes no que se refere à atuação dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo do Brasil, bem como a necessidade de implementação de possíveis medidas protetivas aos cidadãos e cidadãs brasileiras no exterior, e de ações de fomento das relações entre os emigrantes e a Nação brasileira. O foco dos debates recaiu sobre as possibilidades de melhoria na atuação dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo brasileiros e sobre medidas protetivas e de fomento no atendimento aos cidadãos e cidadãs brasileiras no exterior, objetivando combater: Máfias, no Brasil e no exterior, que exploravam o tráfico de pessoas e de trabalhadores, assim como a prostituição; violação freqüente de direitos fundamentais dos migrantes por autoridades públicas de outros países; carência de apoio e limitadas condições de atendimento por parte dos serviços diplomáticos brasileiros; desinformação sobre prerrogativas e direitos junto aos órgãos públicos dos países de residência e também junto às representações diplomáticas brasileiras. Como resultado do evento, foi elaborado o Documento de Lisboa10. Posteriormente, em setembro de 2003, a I Brazilian Summit, idealizado pelo grupo de ativistas Jorge Costa, Arnaldo Lulu, Claudia Tamsky, Conceição Cardoso, Stan Gacek e Rita Carvalho, contou com a participação de 300 pessoas. Ali estavam pesquisadores e especialistas em migrações, parlamentares, brasileiros da CPMI da Emigração Ilegal, acadêmicos, diplomatas brasileiros e autoridades norte-americanas. Durante três dias, o debate versou em torno da vida dos imigrantes brasileiros nos EUA, resultando na Carta de Boston. Em síntese, a carta apresenta pleitos ao Governo brasileiro, em torno dos seguintes pontos: abertura de novos consulados brasileiros nos EUA, consulados itinerantes, ampliação da atuação e reestruturação do corpo funcional dos consulados, adoção de uma política de Estados para lidar com os interesses e necessidades dos brasileiros no exterior, apoio às organizações não governamentais representativas das comunidades brasileiras residentes nos EUA, debate e negociação com o Governo dos EUA sobre vistos de entrada naquele país e reunificação familiar, intensificação dos esforços do Governo brasileiro na defesa dos direitos humanos e cidadania dos brasileiros emigrados aos EUA. (Milesi e Fantazini, idem). Não posso deixar de mencionar o Movimento Brasileirinhos Apátridas quando em 2006, o grupo feminino da comunidade Suíça de Berna, Atitude, organizou a primeira palestra sobre a questão em 26 de janeiro, alertando as mães para a seguinte problemática: a reforma constitucional, de 1994, retirou a nacionalidade brasileira nata 10 http://www.casadobrasil.info/UserFiles/File/pdfs/resfinal-ei.pdf 20 dos filhos dos emigrantes sua dirigente, Eliana Messerli, agiu na Internet para criar grupos de mobilização em diversos países que culminou na Emenda Constitucional nº 54, de 20 de setembro de 2007, que dá nova redação à alínea c do inciso I do art. 12 da Constituição Federal e acrescenta art. 95 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, assegurando o registro nos consulados de brasileiros nascidos no estrangeiro11. Pouco depois, por meio do projeto Diplomacia Parlamentar e Direitos Humanos, patrocinado pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), o Instituto Universitas articulou juntamente com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e com a Pastoral dos Brasileiros no Exterior da CNBB (PBE/CNBB), a organização do que se denominou o II Encontro de Brasileiras e Brasileiros no Exterior – Europa. O II Encontro de Brasileiras e Brasileiros na Europa foi realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro de 2007, em Bruxelas na Bélgica, e contou com a participação de setenta pessoas, representantes de instituições em onze países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, Portugal e Suíça) e do Brasil. Entre os objetivos do II Encontro estava a criação de uma Rede de Organizações que trabalham com cidadãs e cidadãos brasileiros na Europa. “A articulação desta Rede de Brasileiras e Brasileiros que vivem em países europeus nasce como uma importante ferramenta de defesa dos direitos individuais e coletivos, bem como de acompanhamento e aperfeiçoamento constante das políticas públicas dirigidas a Brasileiras e Brasileiros no exterior”. Durante o encontro, foi eleita uma coordenação provisória da Rede12. Esse grupo de coordenação assumiu como principais funções divulgar o Documento de Bruxelas e organizar o próximo encontro de brasileiras e brasileiros na Europa. Em dezembro de 2007, foi criado o fórum yahoo da Rede13 permitindo a comunicação entre membros da Rede e demais interessados na problemática da emigração brasileira. Tentou-se ainda estimular a organização de redes locais em diferentes países europeus. 11 informação retirada do site http://www.brasileirinhosapatridas.org/index.htm de autoria do jornalista Rui Martins 12 Flávio Carvalho, do Coletivo Brasil-Catalunya (Espanha), Gustavo Behr, da Casa do Brasil de Lisboa (Portugal), Mônica Pereira, da Abraço asbl (Bélgica) e Marissa Lobo, do Maiz (Áustria) 13 http://br.groups.yahoo.com/group/brasileirasebrasileirosnaeuropa / ([email protected]) 21 Na ocasião, os representantes das entidades presentes lamentaram a ausência de representantes do Ministério das Relações Exteriores - MRE ao II Encontro e alertaram para a precariedade, quando não omissão, da representação diplomática e consular do Brasil em relação a Brasileiras e Brasileiros que vivem no exterior. O Encontro originou o Documento de Bruxelas14que entre outras propostas sugeria: encontros periódicos com o Ministério de Relações Exteriores para discutir as reivindicações dos brasileiros e brasileiras no exterior; redução de custos e simplificação da burocracia para obtenção documentos; política permanente do Estado brasileiro em defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros; acordos multilaterais e bilaterais para implementação de políticas públicas em matéria de trabalho, educação, ensino, cultura, saúde, seguridade social; criação do Conselho Nacional de Migração; normatização de nova lei de migrações no Brasil; reconhecimento da Rede de brasileiros e brasileiras na Europa, também como fórum permanente da sociedade civil organizada para o trato das questões de interesse da comunidade; apoio e reconhecimento de instituições de promoção da diversidade cultural brasileira na Europa; aperfeiçoamento dos serviços e maiores recursos nos consulados; implementação de serviços jurídicos através de Embaixadas e de associações ligadas às comunidades brasileiras no exterior; avanço em questões e benefícios previdenciários; melhores condições para efetuar remessas financeiras; criação de cartas de crédito imobiliário; fomento de medidas para que os acordo bilaterais se voltem não apenas a bens e serviços, mas que abordem os direitos humanos e sociais das cidadãs e cidadãos no exterior. Em seguida, como grande evento desta temática, refletido na iniciativa do Ministério das Relações Exteriores, já contemplando algumas das reivindicações das manifestações anteriores, o encontro “Brasileiros no Mundo”: I Conferência sobre as Comunidades Brasileiras no Exterior. Em julho de 2008, no Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro representantes de vários Ministérios, do Parlamento, do Judiciário, da academia e da diáspora brasileira se reuniram para debater questões importantes para o Brasil de além fronteiras: cerca de três milhões de cidadãos que projetam o país por todos os continentes e que nos remetem anualmente cerca de sete bilhões de dólares em divisas. O objetivo principal do encontro foi o de permitir debate aberto e abrangente de assuntos sobre emigração brasileira e políticas públicas para brasileiros no exterior. Representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, do Trabalho e Emprego, da 14 http://www.migrante.org.br/Documento%20de%20Bruxelas%20-%2016jan08%20-%20FINAL.doc 22 Previdência Social e da Educação, entre outros, apresentaram trabalhos sobre ações em curso ou cogitadas nessa área. Acadêmicos renomados elaboraram estudos sobre a diáspora brasileira. Líderes comunitários e membros de associações de apoio a brasileiros no exterior foram estimulados a enviar contribuições para a Conferência, durante a qual tiveram oportunidade de trocar informações sobre suas respectivas experiências e iniciativas como migrantes. Os “brasiguaios” do Paraguai, por exemplo, puderam conhecer o que os “decasseguis” fazem no Japão e vice-versa, estabelecer formas de interação e examinar possibilidades de ações conjuntas. O encontro resultou no documento intitulado Ata Consolidada da I Conferência das Comunidades Brasileiras no Exterior – “Brasileiros no Mundo”, disponível no site15 Ainda, em junho de 2009, acontece o 3º Encontro Europeu da Rede de Brasileiras e Brasileiros no Exterior, em Barcelona, Espanha. O evento aconteceu na Casa del Mar de Barcelona, na Comunidade Autônoma da Catalunha, Espanha. Participaram ao todo 87 pessoas, sendo setenta e quatro representantes de associações ou colaboradores de iniciativas em favor de brasileiras e brasileiros distribuídos por dez países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido e Suíça. Também estiveram presentes representantes de órgãos do Governo do Brasil 16 ,. O Encontro de Barcelona - por uma Rede de Brasileiras e Brasileiros no Mundo deu origem ao Relatório Final, disponível no site17 que foi entregue ao Embaixador Oto Agripino Maia, durante a segunda edição da Conferencia Brasileiros no Mundo, destaque a seguir. A II Conferência sobre as Comunidades Brasileiras no Exterior, realizada em outubro de 2009, no Rio de Janeiro, reuniu mais uma vez, lideres comunitários, Conselheiros dos Conselhos de Cidadãos, representantes governamentais, acadêmicos, interessados na diáspora brasileira. Para a preparação e organização da II Conferência, 15 http://www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/pt-br/file/Ata%20Consolidada.pdf entre os quais se destacam Aloysio Marés Dias Gomide Filho (Chefe da Divisão das Comunidades Brasileiras no Exterior, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil - MRE), Paulo Sérgio de Almeida (Presidente do Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil - MTE), Embaixador Marco César Naslausky e o Cônsul-Adjunto Milton Coutinho (ambos do Consulado-Geral do Brasil em Barcelona), além dos Deputados da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos e Minorias, Luiz Couto, Presidente da referida comissão, Geraldo Thadeu, Coordenador da Sub-Comissão sobre Questões Internacionais e Cleber Verde, integrante da Comissão. O Encontro contou ainda com a importante presença de membros das instituições que apoiaram a iniciativa como o Secretário Oriol Amorós (Secretário de Imigração da Generalitat de Catalunya), Bárbara Cardoso (Representante da Organização Internacional para as Migrações - OIM) e Vitor Luiz Silva Carvalho (Central Única dos Trabalhadores – CUT) 17 http://www.redebrasileira.eu/atividades/3_encontro_brasileiros_barcelona/Documento%20Barcelona%202009%20(versao %20final%20alterada).pdf 16 23 foi criado um Conselho Provisório de Representantes das Comunidades Brasileiras no Exterior (CPR), composta de doze membros (três por região)18 a Conferencia se desenvolveu com metodologia voltada para quatro mesas temáticas acordada previamente pelo Conselho Provisório, são elas: "Representação política", "Serviços Consulares e Regularização Migratória", "Trabalho, Saúde e Previdência" e "Cultura e Educação", todo conteúdo disponível no site brasileiros no Mundo do MRE19 Ao mesmo tempo em que as ações supracitadas iriam tomando forma os Conselho de Cidadãos em suas pequenas áreas de atuação estavam se mostrando mais maduros e buscando maior consolidação ao se adequarem às necessidades locais. Em diversas regiões os Conselhos de Cidadãos foram se instalando, se renovando e se reestruturando, possivelmente motivados pelas praticas exemplares de democracia participativa provenientes destes eventos. Muitos destes novos Conselhos já contemplam as principais reivindicações feitas ao longo destes movimentos. O Conselho da área da Bahia de São Francisco, tem promovido, nos últimos cinco anos, Conferência sobre a Comunidade Brasileira na Costa Oeste dos Estados Unidos ("Conferência Regional"). Após a V Conferência Regional, em novembro passado, e com a mudança da sede do Consulado-Geral de São Francisco para instalações maiores (e melhores), o Cônsul-Geral, Presidente do Conselho, anunciou que, doravante, todas as reuniões do Conselho serão abertas à participação de todos os interessados. Conselheiros e não Conselheiros enriquecendo as reuniões com a participação maior da comunidade. Iniciativa apoiada pela Conselheira do Conselho de Cidadãos Brasileiros da Área da Baía de São Francisco, Senhora Thays Portugal Bell, durante entrevista. Nos últimos três anos, o referido Conselho vem realizando também Reuniões Abertas em locais diversos na região da Baía de São Francisco (El Cerrito, Burlingame e Mission). Objetivando ouvir a comunidade e identificar suas demandas para eventuais realizações de projetos que possam responder/resolver/amenizar essas demandas. Coletando informação, para participar ativamente das I e II Conferências Brasileiros no Mundo. Mais recentemente, em dezembro passado, a Comunidade Brasileira na Costa Oeste dos Estados Unidos, redigiu a Carta de São Franciscoi, que foi entregue ao 18 América do Norte; Pastor Silair Almeida; Sr. Alvaro Lima; Sra Thays Bell; América do Sul: Sr. Moab Farias; Professor Severino Cunha Farias; Sra Maribel Pereira de Acosta. Europa: Sr. Marcos Viana; Sr. Rui Martins; Sra. Regina Célia Mazoni Jomini: Àsia, África, Oriente Médio e Oceania: Sra Lilian Terumi Hatano; Sra Carmen Lúcia Tsuhako; Sr. Alberto Esper 19 http://www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/pt-br/conferencia_brasileiros_no_mundo.xml 24 Subsecretário-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, na ocasião o Embaixador Oto Agripino Maia. Em 2004, o Conselho de Cidadãos, em Boston anunciou novo mecanismo jurídico que permitiria a criação de seções municipais, visando democratizar o processo de eleição de lideres comunitários e ampliar a abrangência do fórum de debates. Conforme decisão do Conselho, todo cidadão brasileiro com trabalho ou residência em um dos municípios da jurisdição do consulado do Brasil, em Boston poderá propor reunião com o intuito de criar nova seção do Conselho. O processo consistiria na eleição por votos de um mínimo de cinco membros que incorporariam uma seção do Conselho dos Cidadãos em determinado município. Realizando reuniões publicas, a pelo menos cada dois meses, em data definida e divulgada com antecedência para debater medidas de apoio aos interesses da comunidade. Além de certa autonomia o presidente de cada seção teria assento automático no Conselho de Cidadãos. Inaugurando o procedimento de criação do que podemos classificar como “Conselhos Regionais“ permitindo maior universalidade das reuniões do fórum publico. Proposta compartilhada pelo Ministro João Pedro Corrêa Costa, Coordenador-Geral do Planejamento Administrativo, Ministério das Relações Exteriores quando na ocasião de sua entrevista. Evidentemente que apesar de possuir certa autonomia, as decisões de cada seção municipal teria que estar subordinada ao Conselho para se evitar descentralização. A partir do ano 2000, o Conselho de Cidadãos de Berlim, criado em 1997, veio estabelecer uma rotina de reuniões e atividades. Apesar de sua criação vinculada ao Estado, o Conselho é independente de órgãos oficiais, o que lhe permite realizar um de seus principais objetivos: construir uma ponte de comunicação entre autoridades e comunidade. Em abril de 2004, o Conselho de Cidadoas de Berlim, aprovava seu estatuto, disponível no site20. Em julho de 2006, foi instalado o primeiro Conselho de Cidadãos Brasileiros em Gunma (com alguns integrantes residentes igualmente em Saitama), no Bunkamura de Oizumi. É o primeiro Conselho do gênero fora de Tóquio e Nagoya. Seu objetivo é o de dar apoio consultivo e operacional ao Consulado Geral em Tóquio, bem como servir de foro de diálogo e cooperação com as autoridades locais na província. Logo em setembro houve reunião do Conselho, para designação de um Coordenador e um CoordenadorAdjunto, bem como a distribuição dos respectivos membros em núcleos temáticos de 20 http://www.conselhocidadaos-berlim.de/ 25 atuação – Educação, Assistência social, Saúde, Questões trabalhistas, Relações com os órgãos locais de governo. Dentre os membros do Conselho, havia previsão para dois integrantes mais jovens, com idades por volta dos 18 anos, escolhidos na reunião de setembro. O mandato dos Conselheiros seria de um ano, findo o qual o Conselho poderia ser renovado. Igualmente lançado em 1997, por iniciativa do governo federal brasileiro, o Conselho de Cidadãos da Noruega só veio estabelecer uma rotina de reuniões e atividades somente a partir de maio de 2007 após a iniciativa do recém-chegado embaixador Sérgio Moreira Lima. O Conselho de Cidadãos da Noruega procura dar apoio aos brasileiros e a seus familiares residentes neste país. Sua área de atuação abrange a Noruega toda. Os membros do Conselho de Cidadãos trabalham de forma voluntária e a continuidade de seu trabalho depende da participação da comunidade brasileira. Apesar de sua criação vinculada ao Estado, o Conselho é independente de órgãos oficiais, o que lhe permite realizar um de seus principais objetivos: construir uma ponte de comunicação entre autoridades e comunidade. O Conselho de Cidadãos é integrado por brasileiros e brasileiras, todos residentes na Noruega. Tais representantes pertencem aos mais diversos setores da comunidade e se reúnem regularmente na Embaixada do Brasil em Oslo. Nas reuniões do Conselho, além dos membros, toma parte um representante da Embaixada do Brasil na Noruega, sem poder de veto. A participação de convidados nas reuniões é sempre bem-vinda, requerendo-se apenas, por motivos de organização, o aviso com antecedência. Atualmente o Conselho dispõe dos seguintes Grupos de Trabalho: elaboração de cartilha de saúde para brasileiros na Noruega; ensino de português para crianças brasileiras; organização e divulgação de eventos culturais; assuntos gerais. Conta com estatuto e atas publicadas no site21. O Conselho de Cidadãos recentemente ajudou a Embaixada brasileira a organizar seminário informativo para a comunidade brasileira na Noruega. Em Doha, o Conselho de Cidadãos é formado por cinco brasileiros residentes no Catar. Com estatutos próprios, que define a periodicidade de reuniões ordinárias, a eleição de seus membros, entre outros dispositivos, o Conselho tem por objetivo básico facilitar a comunicação entre a Embaixada do Brasil no Catar e os cidadãos brasileiros residentes neste país e vice-versa. As reuniões ordinárias do Conselho são bimensais, e todos os brasileiros no Catar podem participar. Breve relato acerca da 21 http://www.conselhobrasil.no/index.htm 26 reunião ordinária do Conselho, ocorrida em 23/08/2008, que teve seu estatuto aprovado por consenso. Estavam presentes o Embaixador Anuar Nahes, a Segunda-Secretária e Chefe do Setor Consular Claudia Assaf, a funcionária Lucélia Pala e quatro membros do Conselho: Alexandre, Beatriz, Luíza e Patrícia. Foram tratados os seguintes temas: Trabalhadores domésticos estrangeiros contratados localmente pelas famílias brasileiras; Visto para maiores de 60 anos; Sala de vídeo: em questão de dias, a Embaixada montará uma sala multimídia onde serão exibidos mensalmente filmes, documentários, entre outras produções, em eventos abertos à comunidade brasileira; Legalização; Registro Consular: é importante que os brasileiros residentes no catar façam sua matrícula consular. Em casos de emergência, de necessidade de contatar familiares no Brasil, de remota, porém eventual evacuação por motivo de guerra, entre outros motivos, aqueles registrados serão mais facilmente contatados para o assessoramento consular. Isso não significa que os não inscritos não terão assistência. Trata-se apenas de agilidade no momento da necessidade de se contatar o cidadão ou enviar avisos coletivos. Em 17 de agosto de 2009, ocorreu a reunião de trabalho inaugural do Conselho de Cidadãos de Rivera, Uruguai - este o primeiro na fronteira do Brasil - criado pelo Consulado brasileiro naquela cidade. Novembro de 2009, o Líbano passou a ter um Conselho de Cidadãos Brasileiros. O grupo foi formado, oficialmente, em Beirute, e vai dar apoio a brasileiros que vivem no país árabe. "A missão do Conselho de Cidadãos Brasileiros em Beirute (CCBB) é de ser uma ponte de comunicação entre o Consulado Geral do Brasil no Líbano e os cidadãos brasileiros residentes no país e vice-versa", explica o escritor e pesquisador brasileiro Roberto Khatlab, que mora no Líbano e será secretário-executivo do conselho. “A situação dos brasileiros no Oriente Médio, no caso de nossa representação, no Líbano, é bem diferente daquela vivida outras pelas comunidades de brasileiros deste grupo e pela dos demais países do mundo onde residem nacionais. A comunidade brasileira no Líbano conta com aproximadamente 10 mil indivíduos brasileiros (estimação do autor, com base em pesquisa, informações do Consulado Geral e visitas as regiões do Líbano). Esta comunidade é composta praticamente de binacionais, isto é, brasileiros-libaneses, que adquiriram a nacionalidade seja porque se naturalizaram ou porque são de origem libanesa. Brasileiros natos “sem origem libanesa”, são praticamente as mulheres casadas com libaneses, o que soma em torno de 200 pessoas, mas que pelo casamento tornaram-se também binacionais. Atualmente, os brasileiros “sem origem libanesa” que trabalham, estudam, jogam futebol ou estão presos no 27 Líbano somam sete homens e cinco mulheres. A comunidade brasileira no Líbano não tem, em geral, problemas de condição de permanência, ou questões trabalhistas e escolares. Os problemas são jurídico-familiares: separações, divórcios, guarda dos filhos; mas também, e, não menos importante, ou jurídico-criminais: presos por tráfico de drogas. Já foram estabelecidos Grupos de Trabalho22 responsáveis por temas de interesse da comunidade que segundo o Secretário-Geral do Conselho “este país é um mosaico religioso em que cada cidadão pertence obrigatoriamente a uma confissão e rito, não importando se ele pessoalmente acredite em Deus ou não. Não há casamento civil no Líbano. Aqueles que se casaram civilmente o fizeram no exterior, e o registraram posteriormente no Líbano segunda a crença religiosa do esposo”23. Inaugurado no dia 18 de setembro de 2009, O Consulado do Brasil em Hamamatsu, já formou seu Conselho de Cidadãos realizando sua primeira reunião no dia 25 de novembro para discutir o projeto MRE-MTE de criação de uma Casa do Trabalhador Brasileiro naquela cidade. Atualmente, além dos mencionados anteriormente, segundo informação da Secretaria Adriana Telles Ribeiro, do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, Ministério das Relações Exteriores, existem Conselhos de Cidadão nas seguintes localidades: Atlanta, Chicago, Dacar, Londres, Montevidéu, Nagoia, Paris, Porto, Santiago, Tel Aviv, Toronto, Xangai, Viena. Terceira Parte – Desafios futuros As duas edições da Conferencias Brasileiros no Mundo tem provocado muitas reações com relação à temática da diáspora brasileira, muitas políticas propostas tem saído diretamente das plenárias destas Conferencias, também no âmbito da iniciativa dos Conselhos de Cidadãos muito vem se discutindo. Este grande debate mundial tem oxigenado as veias vias de comunicação e dialogo. A Ata Consolidada das Conferencias especificamente sobre o dialogo traz: 22 Cultura e educação; Trabalho, Previdência e Saúde; Serviços consulares e Regularização migratória; Representação política. 23 Pré-relatório do Roberto Khatlab disponível no site: http://www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/ptbr/file/RelatorioCBMKhatlab1.pdf 28 IX. Interlocução entre o Governo e as comunidades brasileiras no exterior 1. Criação de uma Comissão Consultiva das Comunidades Brasileiras no Exterior no âmbito do Poder Legislativo, com membros eleitos por cada jurisdição consular. 2. Criação de um Conselho de Migrantes brasileiros no âmbito do Ministério das Relações Exteriores. 3. Designação de um grupo de trabalho para estudar a criação de uma Federação, Conselho ou Estado do Emigrante com vistas a dar autodeterminação e autonomia aos emigrantes para elaborarem, eles próprios, as normas necessárias às comunidades brasileiras no Exterior. 4. Reformulação e fortalecimento do Conselho de Cidadãos por meio da eleição direta e da adoção do critério de rotatividade dos membros. Realização de reuniões aos fins de semana. 5. Reconhecimento e apoio da Rede de Brasileiros no Exterior e estímulo para que entidades de toda natureza dedicadas ao apoio ao migrante articulem-se em rede. 6. Inclusão de representantes das comunidades brasileiras no exterior no Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego. 7. Manutenção de um canal de comunicação permanentemente aberto entre o Governo brasileiro e as comunidades brasileiras no exterior para a definição de políticas voltadas para o setor e revisões periódicas das ações implementadas. 8. Transformação da Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior em Secretaria Especial, ligada diretamente ao Gabinete do Ministro das Relações Exteriores. 9. Entendimento interministerial (Ministério da Fazenda, MEC e o MRE) para facilitar o trâmite de doações para o exterior. As experiências dos Conselhos estão sendo avaliadas, debatidas e repensadas, em meio às proposições foi recomendado24: R) Conselho de Cidadãos: 1) Foram feitas inúmeras solicitações para que os membros dos Conselhos venham a ser escolhidos de forma democrática, possivelmente por eleição direta, e incluam apenas brasileiros. 2) Sugeriu-se a ampliação do escopo de atuação do Conselho em prol da assistência aos brasileiros, incluindo campanhas de informação junto à comunidade, com alocação orçamentária. 24 http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/BRMundo/pt-br/file/Ata%20Serviços%20Consulares.pdf 29 3) Discutiu-se a possibilidade de que os Conselhos possam vir a ser presididos também por membros da comunidade. A busca pela independência e consolidação dos Conselhos é natural e saudável. “Para se pensar uma maneira de articular essas novas dimensões, é necessário pensar o contexto no qual a representação pode operar e no qual irão conviver a representação eleitoral e a representação da sociedade civil. É importante também entender qual é o papel da autorização na criação de legitimidade nesse novo contexto. A meu ver, o elemento mais importante desse debate é perceber que existem diversos tipos de autorização relacionados a três papéis políticos diferentes: o de agente, o de advogado e o de partícipe. Em todos os três casos, há o elemento do "agir no lugar de", tão ressaltado por Hanna Pitkin. O importante é, no entanto, perceber que o "agir no lugar de" varia de perspectiva e pode ser justificado de diferentes maneiras. No caso do agente escolhido pelo processo eleitoral – o caso clássico de representação –, ele não precisa ser discutido em detalhes neste artigo (Pitkin, 1967). Mas as mudanças recentes são essenciais nos dois últimos casos, e vale a pena discutir a sua legitimidade. Esta relação pode ser mais ou menos complementar, dependendo da proposta política eleita, ainda que no Brasil a relação entre representação eleitoral e não-eleitoral tenha sido um dos elementos comuns dos últimos governos. No caso do Brasil, a eleição tem determinado também a maneira como um tipo de representação é capaz de legitimar o outro. Assim, no governo Fernando Henrique Cardoso, os presidentes de conselhos nacionais eram indicados pelo presidente, ao passo que, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, os presidentes de conselhos nacionais são eleitos pela sociedade civil”(Avritzer, 2007). Considerações finais Ainda que diáspora brasileira apresente, desde 1980, números galopantes, nossas estatísticas que giram em torno de três a quatro milhões de brasileiros no exterior, ainda se mostram tímidas com relação a países essencialmente de emigrantes como a Itália com 70 milhões de descendentes no exterior, 25 milhões só no Brasil, Índia com 25 milhões de expatriados pelo mundo, o México com 20 milhões de nacionais no exterior, concentrados nos Estados Unidos da América, as Filipinas com oito milhões de emigrados (Firmeza, 2007). 30 Como fenômeno recente às políticas propostas para tratar desta temática deverão ter tempo de maturação, revisão, reformulação e adequação. Porém deve-se ter em mente que as comunidades brasileiras no exterior, além de se apresentarem com perfis diversos, dependendo da região do mundo, e por vezes dentro do mesmo pais, elas são flutuantes, atualmente mais acentuadamente devido às políticas de estimulo a criação de postos de trabalho no Brasil, estabilidade monetária, fatos que tem estimulado o regresso à pátria mãe. Em sua Carta aos brasileiros que vivem longe de casa25 o então candidato do PT a Presidência da Republica mencionou aos potenciais eleitores que seu governo teria como política: Apoiar a criação de organismos de representação dos emigrantes junto aos Consulados e Embaixadas para definirmos em conjunto as ações que podem ser implementadas pelo Estado brasileiro com o fim de assegurar seus direitos. Para tal, fortaleceremos as estruturas desses órgãos para oferecer um atendimento digno aos emigrantes brasileiros. Ao mesmo tempo, estaremos implementando no Brasil um conjunto de políticas que vão garantir a retomada do desenvolvimento, com a possibilidade de criar 10 milhões de empregos até 2006. Os micros e pequenos empreendimentos industriais, comerciais e de serviços terão um apoio especial para que floresçam amplamente. Estou seguro de que antes do final do governo estaremos eliminando as principais causas econômicas e sociais que levaram vocês a terem que deixar o nosso país. Dessa forma, os que desejarem, deverão ter condições de voltar e viver dignamente. Estas políticas tem sido implementadas desde sua assunção no primeiro mandato como Presidente da Republica gerando de fato apoio a estas comunidades e um bemvindo caminho de volta aqueles que optarem por trilhar o regresso. As adesões das comunidades de brasileiros no exterior, aos canais de dialogo abertos, sobretudo pelo Ministério das Relações Exteriores, com apoio dos demais ministérios, envolvidos nesta temática, tem demonstrado a maturidade alcançada por ambos as partes, com direito a proposta concretas para a dissolução dos gargalos. As propostas se apresentam das formas e dos setores mais variados possíveis algumas com excelentes possibilidades de êxito outras, infelizmente, nem tanto. Receio que uma das propostas que mais empolgou na ultima Conferencia “Brasileiros no Mundo” no âmbito da Mesa Temática “Representação política” que esta na indicação D - Recomendações sob o item i. recomenda-se à aprovação da PEC 05/2005, de autoria do Senador 25 (Proposta dos candidatos à Presidência do Brasil para os brasileiros residentes no exterior PT - Partido dos Trabalhadores) http://www.casadobrasil.info/UserFiles/File/pdfs/lula.pdf 31 Cristóvão Buarque PDT/DF que altera o art. 45 da Constituição para conceder ao brasileiro residente no exterior o direito de votar nas eleições. O que ora propomos visa nos equiparar ao que há de mais avançado no mundo, com relação à afirmação da cidadania política; trata-se não apenas de permitir o direito ao voto nas eleições para a Câmara dos Deputados, mas também de instituir circunscrições especiais, em outros continentes, as quais elegeriam os representantes dos brasileiros que residem naquela região do planeta. Conheço a atuação do Senador e reconheço ser ele um visionário, durante sua gestão como Governador de Brasília implementou programas de vanguarda nacional como, por exemplo, da Paz no Transito se exigindo na capital federal a obrigatoriedade do cinto de segurança, com campanhas direcionadas apelando para o bom senso de seus cidadãos, quando a totalidade do Brasil ainda nem considerava esta questão que tem salvado diariamente vidas. Porem quando o assunto se refere à representação política a realidade se mostra bastante diferente sabemos que a cultura de prestação de contas dos representantes a seus representados é bastante precária no Brasil. Para que esta representação seja de fato significativa será necessário o envolvimento maior dos cidadãos, ora os representados que estão em solo brasileiro ombro a ombro com seus representantes, não alcançam tal feito, o que diremos dos representados além mar ocupados com suas preocupações mais imediatas de subsistência. “No nível do modelo institucional accountability deve ser complementada por instituições de deliberação, constitucionalismo e representatividade descritiva. Mas a precondição mais importante para que um sistema de accountability realmente funcione é a atividade dos cidadãos nos fóruns públicos democráticos e na sociedade civil” (Arato, 2002). A produção equilibrada dos três atributos da democracia requer a institucionalização e a operação continuada de mecanismos de vocalização de preferências e de accountability horizontal, entre os poderes políticos constituídos – legislativo, executivo e judiciário, e vertical, eleitores. Requer, ademais, a produção e a distribuição adequada das capacidades através das quais os direitos instituídos facultam a tradução efetiva dos interesses em demandas, garantindo uma maior equalização das condições da competição política. Representação, deliberação e participação são os instrumentos através dos quais são produzidos os atributos da estabilidade política, da representatividade e da accountability (Anastasia, idem). 32 A proposta parece promissora porem sem efeitos imediatos, pois apesar da Proposta de Emenda Constitucional 05/2005 prever que parte da representação seja oriunda daquelas regiões do planeta, depois de aprovada proposta faltará “a lei disporá sobre a instituição de circunscrições eleitorais especiais para a eleição, pelo sistema majoritário, de representantes dos brasileiros residentes no exterior”, tramite que tomará tempo. Acredito, outrossim, que a implementação do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no Exterior (CRBE) de forma permanente, proposta que saiu da II Conferencia Brasileiros no Mundo terá efeito muito mais rápido com forca e poder de legitimidade, pois estes estarão genuinamente de braços dados com seus representados, imbuídos em seus anseios e reivindicações uma vez que fazem parte das regiões representadas e sentem na alma suas reais necessidades. Partindo das seguintes propostas apresentadas por consenso, acredito que a viabilização destas proporcionaria excelente exercício para quando a lei entrar em vigor: B. PROPOSTAS APROVADAS POR CONSENSO: 1. A base cadastral para as eleições do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no Exterior (CRBE) será composta pelo conjunto de três bancos de dados, indicados a seguir: i) registro de eleitores brasileiros no exterior do Tribunal Superior Eleitoral (mediante aprovação daquele órgão); ii) brasileiros residentes no exterior matriculados na Repartição consular ou Setor Consular da Embaixada em cuja jurisdição residem; e iii) brasileiros residentes no exterior cadastrados por meio de sistema eletrônico a ser elaborado especificamente para fins eleitorais. 2. De modo geral, serão seguidas as normas constitucionais para atribuição de direitos políticos, no que se refere à elegibilidade dos membros do CRBE (idade mínima de 16 anos, igualdade de gênero, entre outras). 3. Poderão apresentar candidatura à vaga de membro do CRBE brasileiros residentes no exterior que preencham os seguintes requisitos: i) ter idade mínima de 16 anos; ii) estar em condições de desempenhar satisfatoriamente as funções de membro do CRBE; iii) comprovar que esteja residindo no exterior há pelo menos três anos na região de sua candidatura; e iv) constar de pelo menos uma das bases cadastrais citadas no item “B.2”. 33 4. O voto será direto e individual. 5. A apuração será feita por Consulados e Embaixadas e totalizada pela Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB/MRE), com acompanhamento dos membros da comunidade interessados. 6. O CRBE será integrado por 16 membros, conforme a seguinte distribuição: i) 4 membros da América do Norte e Caribe; ii) 4 membros da América do Sul e Central; iii) 4 membros da Europa; iv) 4 membros da Ásia, África, Oriente Médio e Oceania. 7. Cada titular terá um suplente. Será considerada a distribuição geográfica dentro dos grupos para a composição das chapas que concorrerão à eleição. 8. Proposta de atribuições do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no exterior: i) Garantir com a colaboração da SGEB do MRE, a realização das próximas conferências “Brasileiros no mundo”, com a adoção de critérios democráticos e de ampla participação das comunidades brasileiras no exterior; ii) Manter as comunidades brasileiras no exterior constantemente informadas das ações do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no exterior, facilitando a comunicação mútua; e iii) Formular uma proposta do regimento interno Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no exterior a ser debatida e aprovada em uma próxima Conferência “Brasileiros no mundo”. 9. O mandato do CRBE será de 2 (dois) anos. 10. Caso o mandato dos atuais membros do CPR seja prorrogado, os membros não poderão participar das eleições para o futuro CRBE enquanto candidatos. 11. As funções dos representantes não serão remuneradas. 12. Proposta de criação do Conselho de Cidadania dos emigrantes no âmbito da jurisdição consular. O referido Conselho será composto por representantes das comunidades brasileiras no exterior, eleitos por voto direto, com os mesmos critérios definidos para a eleição dos membros do CRBE. O Conselho de Cidadania dos emigrantes i) será instância de diálogo institucional entre emigrantes e Estado Brasileiro a nível local e ii) desenvolverá atividades comuns a fim de canalizar propostas, discutir assuntos da Comunidade, entre outras. O engajamento destas comunidades que tem buscado o diálogo, a representação e a participação nos remetem ao conceito do grande potencial para a extensão e 34 aprofundamento da democracia e controle público conforme abordado no Curso a Participação institucionalizada: os conselhos de políticas. Assim, é cada vez mais freqüente o encontro entre representantes eleitos e advocacia de ONGs internacionais ou de representantes eleitos e representantes da sociedade civil em instituições híbridas (Avritzer e Pereira, 2005) no campo das políticas públicas. Há de se considerar ainda a articulação maior dentro da estrutura brasileira contando não apenas com a sociedade civil, mas com os órgãos dos três poderes, juntos para reforçar a identidade brasileira, apoiando as representações locais nos paises anfitriões para auxiliar na autonomia da comunidade brasileira no exterior. Auxilio necessário não para criar dependência e servidão, mas auxilio providencial para que os cidadãos brasileiros no mundo possam trilhar suas escolhas com dignidade alçando sua independência. Pois o brasileiro, respeitoso dos costumes locais, como qualquer habitante deste planeta tem o direito de escolher onde deseja fixar residência. Por fim, como exemplo de alto nível de exercício de participação, cito o Conselho Brasileiro na Suíça que teve a iniciativa de articulação sem apoio ou interferência ou estimulo da representação brasileira naquele país. O Conselho Brasileiro na Suíça é um órgão representativo da comunidade brasileira na Suíça, que reúne brasileiros de diversos grupos e regiões da Suíça e serve como ponto de apoio e informação para a comunidade e os grupos brasileiros na Suíça. Em meados dos anos 90, mais especificamente entre os anos de 1994 e 1995 a comunidade brasileira na Suíça começou a se organizar em grupos. Eram grupos basicamente de mulheres que se encontraram e começaram a discutir problemas comuns ou formas de realizar trabalhos em prol de algum projeto no Brasil. Deve-se ter em conta que a migração brasileira no país, naquela época, era predominantemente feminina e as questões ligadas à integração das mulheres na comunidade local era o centro das atenções. Esses pequenos grupos, organizados em diferentes cantões da Suíça começaram a se encontrar e trocar idéias. As participantes perceberam que tinham muitos pontos em comum e que ainda precisavam atingir muitas outras mulheres. Dessa reflexão surgiu a idéia de realizar o I Encontro Nacional de Mulheres Brasileiras na Suíça, que aconteceu no dia 30 de maio de 1998 em Berna. Esse primeiro encontro, organizado pelos grupos Ação, Atitude, BRASS e CIGA-Brasil, foi dirigido somente às mulheres e debateu o tema “Migração – 35 Solidariedade e Participação”. A proposta era reconhecer a condição de “migrante” e ver como se integrar na comunidade envolvente, descobrindo o seu papel. Objetivos do Conselho: Representar os interesses comuns da comunidade brasileira residente na Suíça; Servir como apoio e articulador entre os grupos, estabelecendo relações de intercâmbio, troca de experiências e solidariedade; Promover a integração da comunidade imigrante brasileira na sociedade envolvente; Servir como ponto de referência e informação para os brasileiros na Suíça, serviço de consultoria e banco de dados; Criar e manter um cadastro atualizado dos grupos brasileiros existentes na Suíça; Atuar junto à Comissão Nacional de Estrangeiros (EKA) e aos órgãos do Governo Brasileiro26. Exemplo concreto de êxito na autonomia da comunidade brasileira que pratica o diálogo diretamente com as autoridades locais. Reconheço que devido às diferentes praticas democráticas desenvolvidas nos paises anfitriões, a considerar: democracias de alta intensidade, democracias de baixa intensidade, nem sempre esta iniciativa poderá ser repetida com sucesso. No caso de situações como está a estrutura mais ampla do Estado-origem auxiliará seu nacional neste processo de acomodação digna em solo estrangeiro. Nesse sentido, a questão colocada pela política contemporânea deve ser uma redução da preocupação com legitimidade dessas novas formas de representação e um aumento da preocupação sobre de que modo elas devem se sobrepor em um sistema político regido por múltiplas soberanias. O futuro da representação eleitoral parece cada vez mais ligado à sua combinação com as formas de representação que têm sua origem na participação da sociedade civil. (Avritzer, 2007) Atualmente, a humanidade, cada vez mais, se integra a um mundo sem fronteiras. O cidadão carrega sua origem na essência não se fazendo relevante o solo escolhido por ele para viver, mas sim qual a sua contribuição, sua participação sua transformação para este mundo. 26 Todas as informações foram retiradas do site: http://www.conselho-brasileiro.ch/ 36 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA: DOCUMENTOS BÁSICOS ALMEIDA, D.C.R e CUNHA, E.S A produção de conhecimento sobre os conselhos de políticas: alguns desafios metodológicos. Leitura Complementar do Curso A Participação Institucionalizada: os Conselhos de Políticas, 2009. ANASTASIA, Fátima; INÁCIO, Magna. Democracia, Poder Legislativo, Interesses e Capacidades. Fevereiro de 2006. ARATO, Andrew. Representação, Soberania Popular e Accountability in Controlando la Política, Ciudadanos y medios em las nuevas democracias, Enrique Perozzotti e Catalina Smulovitz. Buenos Aires, Ed Temas, 2002. AVRITZER, Leonardo. Sociedade civil, instituições participativas e representação: da autorização à legitimidade da ação. 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Telegrama 578 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 22/12/2006 Telegrama 37 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 01/02/2007 Telegrama 105 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 22/03/2007 Telegrama 184 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 21/05/2007 Telegrama 318 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 29/08/2007 Telegrama 317 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 09/10/2007 Telegrama 233 de Consulado-Geral em São Francisco para a Secretaria de Estado 23/06/2009 em em em em em em em em em em em em em em em em em em em em em em Telegrama 453 de Consulado-Geral em Tóquio para a Secretaria de Estado em 08/08/96 Telegrama 438 de Consulado-Geral em Tóquio para a Secretaria de Estado em 29/07/97 Telegrama 434 de Consulado-Geral em Tóquio para a Secretaria de Estado em 22/11/01 Telegrama 341 de Consulado-Geral em Tóquio para a Secretaria de Estado em 13/08/02 Telegrama 240 de Consulado-Geral em Tóquio para a Secretaria de Estado em 27/06/03 41 Despacho Telegráfico 557 da Secretaria de Estado para Consbras Boston em 26/09/2007 Despacho Telegráfico 638 da Secretaria de Estado para Consbras Boston em 25/10/2007 Despacho Telegráfico 482 de Exteriores para Consbras Tóquio em 23/11/98 Despacho Telegráfico 125 de Exteriores para Consbras Nagoia em21/04/96 Despacho Telegráfico 9 de Exteriores para Consbras Nagoia em 12/01/97 ENTREVISTAS Entrevista com o Ministro João Pedro Corrêa Costa, Coordenador-Geral do Planejamento Administrativo, Ministério das Relações Exteriores, em 08.10.2009. Entrevista com o Conselheiro George Torquato Firmeza, Chefe de Gabinete Subsecretaria-Geral de Cooperação e de Promoção Comercial, em 30.10.2009. Entrevista com o Embaixador Eduardo Gradilone, Diretor do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, em 12.11.2009. Entrevista com Senhora Thays Portugal Bell, Conselheira do Conselho de Cidadãos Brasileiros da Área da Baía de São Francisco desde 2004 e Membros do Conselho Provisório de Representantes (CPR-Região América do Norte), em 21/01/2010. Entrevista com Senhor Robert Khatlab, Conselheiro fundador do Conselho de Cidadãos no Líbano, em 17/11/2009. 42 ANEXOS i CARTA DE SÃO FRANCISCO Prezado Senhor Subsecretário-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior Embaixador Oto Agripino Maia: De acordo com as últimas estatísticas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, vivem hoje fora do país cerca de 3.040.993 brasileiros, sendo a maioria, 1.325.100 nos Estados Unidos. Estima-se que 150.000 residam na Costa Oeste. Nós, a Comunidade Brasileira da Costa Oeste dos Estados Unidos, reconhecemos os esforços promovidos pelo governo federal para uma maior aproximação com a comunidade brasileira residente no exterior. Reconhecemos a garantia apresentada pelos Ministros de Estado Celso Amorim e Luís Dulci durante a II Conferência Brasileiros no Mundo, de que o governo brasileiro pretende manter o diálogo com os brasileiros fora do Brasil através da realização de outras edições das Conferências Brasileiros no Mundo. Nesta sequência, após a realização e as discussões levantadas durante a V Conferência sobre a Comunidade Brasileira na Costa Oeste dos Estados Unidos, no dia 14 de novembro de 2009, registramos no Anexo, parte integrante desta Carta de São Francisco, nossas propostas para contribuição na formação de políticas públicas em benefício dos nacionais brasileiros aqui residentes. Seu conteúdo vem indicar as necessidades e as propostas desta comunidade, bem como reforçar nossas demandas, muitas já incluídas nas Atas da I e II Conferências Brasileiros no Mundo. Contamos com a sensibilidade do governo na consideração das necessidades de sua comunidade expatriada, e de seu esforço na concretização de políticas públicas que atendam às mesmas. Chamamos atenção especial à reivindicação principal desta Carta que é o nosso apelo ao Congresso brasileiro para que a Proposta de Emenda Constitucional No. 5 de 2005 seja aprovada. Entendemos que a nossa representação política no Congresso Nacional, nos incluindo novamente no processo democrático brasileiro, é de fundamental importância para o real exercício de nossa cidadania. São Francisco, Califórnia, 10 de dezembro de 2009. Comunidade Brasileira na Costa Oeste dos Estados Unidos Participantes das I, II, III, IV e V Conferências sobre a Comunidade Brasileira na Costa Oeste dos Estados Unidos Participantes da Costa Oeste nas I e II Conferências Brasileiros no Mundo Membros do Conselho de Cidadãos Brasileiros da Área da Baía de São Francisco Membros do Conselho de Cidadãos Brasileiros de Los Angeles 43 Participantes das I, II, III e IV Reuniões Abertas do Conselho de Cidadãos Brasileiros da Área da Baía de São Francisco Participantes das I e II Reuniões Abertas do Conselho de Cidadãos Brasileiros Brasileiros de Los Angeles ANEXO CARTA DE SÃO FRANCISCO PROPOSTAS DA COMUNIDADE BRASILEIRA DA COSTA OESTE DOS ESTADOS UNIDOS AO GOVERNO BRASILEIRO 1. a) Representação Política institucionalização do Conselho de Representantes, composto por representantes subregionais dentro da América do Norte, assegurando a representatividade da Costa Oeste e garantindo o desenvolvimento de políticas públicas em benefício dos brasileiros nesta região; b) apoio à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional No. 5/2005 de forma a possibilitar a eleição de membros do Congresso Nacional pelos brasileiros no exterior. 2. Gestão Política Nos EUA: a) gestão junto ao governo norte-americano para que os detentos aguardando deportação não sejam sujeitos a detenção, mas ao uso de meios menos restritivos de liberdade, como tornozeleiras eletrôncias, nos casos em que houver real necessidade de monitorálos, considerando que imigração ilegal não é crime, mas um ilícito civil; em alternativa, gestão para que os presos por imigração ilegal não fiquem presos em cadeias comuns, como criminosos, mas em centros especiais para detenção de imigrantes; b) moção de apoio junto ao governo norte-americano a uma abrangente reforma imigratória, que inclua necessariamente o item (i) acima, bem como o projeto de lei DREAM ACT, ambos já sendo considerados para aprovação; c) gestão junto ao governo norte-americano para que haja apoio do governo federal à liberação da emissão e renovação de carteiras de motorista pelos governos estaduais, independentemente da situação imigratória dos motoristasi. 44 No Brasil: d) aprovação do casamento gay/LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais & Transexuais) no Brasil; e) gestão para a aprovação de leis assegurando a punição severa aos crimes de ódio e homofóbicos. f) gestão junto ao Congresso brasileiro para reformar o sistema de homologação de sentença de divórcio estrangeira no Brasil junto ao Superior Tribunal de Justiça, desburocratizando o processo; g) gestão junto ao Congresso brasileiro e à Receita Federal para aumento do valor da isenção de impostos de importação no despacho aduaneiro de presentes recebidos do exterior, transportadas pelo serviço postal entre pessoas físicas. 3. a) Serviços Consulares abertura urgente de repartições consulares subordinadas aos Consulados-Gerais já existentes nas regiões onde haja grande concentração de brasileiros, como Portland OR, Seattle - WA, Salt Lake City - UT, Phoenix - AZ, e Las Vegas - NV; b) implementação do Plano Comunidade Brasil nas jurisdições consulares nos moldes do projeto-piloto testado em São Francisco no período 2005-2007; c) liberação de recursos para realização de encontros regionais para discutir assuntos de interesse das comunidades locais, inclusive em preparação para as edições da Conferência Brasileiros no Mundo; d) ampliação do número de funcionários nos Consulados para atendimento de balcão e por telefone; e) estabelecimento de programação anual de consulados itinerantes no início de cada ano; f) aperfeiçoamento da coordenação entre Consulados nas situações em que brasileiros estiverem detidos em jurisdição consular diversa da de sua família; g) realização de cursos de capacitação (inclusive preparação psicológica e emocional) para os funcionários que prestam atendimento aos brasileiros nos Consulados, de modo a garantir tratamento cordial e informado, incluindo treinamento em temas da atualidade local (i.e., leis de imigração, processo criminal etc); 45 h) disseminação de informações sobre organizações locais de apoio a imigrantes e sobre legislação local de interesse do imigrante brasileiro; i) monitoramento, denúncia e acompanhamento de casos de violações de direitos humanos contra brasileiros; j) criação do “Balcão do Brasileiro Emigrado Retornando ao Brasil” nos principais aeroportos internacionais do Brasil para auxílio e suporte ao brasileiro que chega deportado ou repatriadoi; k) criação da cartilha do cidadãoi; l) contratação de um indivíduo, em cada Consulado, para oferecer assistência a brasileiros/as, incluindo sobre casos de violência doméstica, qualquer tipo de abuso e exploração e outras necessidadesi; m) criação e manutenção de um programa de certificação, em português, em prevenção e intervenção em violência domésticai; n) realização de treinamento de certificação para funcionários dos Consulados e voluntários para prestação de assistência a brasileiros em assuntos de violência doméstica e tráfico de pessoas; 4. a) Assuntos Legais e Imigração inclusão no Portal Brasileiros no Mundo de informações sobre direito imigratório em português, como por exemplo, coletânea de artigos redigidos por advogados de imigração nos EUA; b) adesão à Convenção de Haia sobre a eliminação do requisito de legalização consular de documentos ou, alternativamente, a celebração de acordo bilateral sobre o assunto; c) transparência na distribuição de verbas públicas para entidades sem fins lucrativos. 5. a) Educação criação e manutenção de escolas de alfabetização em português e aulas de português como língua de herança para as crianças já alfabetizadas, inclusive opções de cursos à distância; 46 b) organização de cursos de alfabetização de adultos, inclusive opções de ensino à distância; c) fornecimento de material didático e de literatura em português para escolas no exterior; d) incentivo a convênios com sistemas públicos de ensino no exterior para a oferta de aulas de português; e) criação de bolsas de estudo para brasileiros no exterior que queiram trabalhar com a comunidade brasileira fora do Brasil, por exemplo, para formação de assistentes sociais, psicólogos, e afins; f) apoio e/ou criação de programas de formação de intérpretes; g) promoção de serviços de intérpretes em português nos tribunais, nas escolas e nos hospitais, e preparação de panfleto informativo sobre a importância de contar com intérprete em português, não em espanhol; h) celebração de acordos para facilitar o reconhecimento de diplomas obtidos no exterior; i) medidas que permitam melhor inserção das crianças brasileiras que retornem do exterior no sistema de ensino do Brasil; j) estudar um sistema para possibilitar que jovens que tiverem concluído o segundo grau nos Estados Unidos possam ingressar em universidades brasileiras; k) educar a comunidade brasileira, crianças, adolescentes e adultos, sobre os direitos humanos e o respeito à diversidade cultural, incluindo-se estes temas nos cursos que venham a ser oferecidos à comunidade emigrada; l) informar e educar a comunidade brasileira, crianças, adolescentes e adultos, sobre como combater todas as formas de discriminação e preconceito, seja em virtude de classe social, cor ou raça, gênero ou sexo, orientação sexual, crença religiosa, convicção política, cidade ou região de origem no Brasil, ou outros fatores em que se baseiem toda e qualquer forma de discriminação e preconceito; m) realização de oficinas sobre temas de interesse comunitário, i.e., saúde, educação, arte, culinária, tecnologia etc. 6. a) Informação e Cultura estímulo à mídia brasileira local para que haja circulação de periódicos com frequência semanali; b) incentivo e apoio dos Consulados à divulgação dos eventos realizados em benefício da comunidade brasileira; 47 c) criação e manutenção de uma videoteca nos Consulados com filmes brasileiros (incluindo os atuais); d) promoção de eventos culturais voltados para a comunidade brasileira; e) possibilidade de utilizar as leis de incentivos fiscais para divulgação e manutenção da cultura brasileira no exterior; f) promoção do diálogo sobre conservação do meio-ambiente; g) adição de link com informações sobre vagas de empregos disponíveis para brasileiros nos Estados Unidos no Portal Brasileiros no Mundo. 7. a) Trabalho, Previdência e Saúde expansão para a região da Costa Oeste dos EUA do programa “Remessas de Recursos e Capacitação para Emigrantes Brasileiros e seus Beneficiários no Brasil”i; b) apoio e assistência do governo brasileiro aos pequenos empresários e empreendedores brasileiros no exterior; c) facilitação para o envio de remessas financeiras por pessoas físicas do Brasil para o exterior; d) facilitação para as contribuições ao INSS e alguma forma de poupança por parte dos brasileiros no exterior; e) disseminação de informação sobre tributação brasileira aos brasileiros retornados recebendo aposentadorias do exterior; f) disseminação de informação sobre pagamento de impostos no Brasil pelos brasileiros no exterior no Portal Brasileiros no Mundo; g) gestão junto à Receita Federal para que doações de produtos do exterior para o Brasil sejam realizadas de forma desburocratizada e gratuita; h) incentivo à instalação de bancos brasileiros e/ou parceria com instituições financeiras no exterior; i) estabelecimento de parcerias entre organizações de profissionais brasileiros/as e representações do governo brasileiro, ambos atuantes no exterior, visando a colaboração com organizações no Brasil e o estímulo à cooperação institucionalizada entre profissionais brasileiras/os dentro e fora do país; j) criação de sistema de apoio aos brasileiros retornadosi; k) eliminação de Impostos de Operações Financeiras (IOF) ou outros impostos sobre capital estrangeiro de brasileiros que retornam definitivamente ao país; 48 l) revisão ou eliminação das skills lists exigidas para os portadores de visto J1 quando a estadia no exterior não tem como fonte financiadora instituições do governo brasileiro, eliminando, desta forma, a burocracia do pedido de waiver do visto J1. m) incentivos governamentais e corporativos para empresas brasileiras atuarem no exterior nas áreas de exportação, pesquisa e desenvolvimento; n) aconselhamento, pelos Consulados, sobre o mercado de trabalho local; o) organização de workshops pelos Consulados ministrados por psicólogos e assistentes sociais para treinamento em desenvolvimento e capacitação profissional de e para trabalhadores brasileiras/os; p) incentivo e criação de bolsas de estudo, para brasileiras/os residentes nesta região, que envolvam pesquisa sobre a vida dos brasileiros em suas respectivas comunidades, com o objetivo de gerar uma melhor compreensão dos problemas presentes na vida do imigrante brasileiro (i.e., incidência de abuso de drogas, depressão, choque cultural etc); q) gestão junto a instituições brasileiras para a criação de um produto bancário que inclua um plano de financiamento para despesas com o traslado de corpos ao Brasili. 8. a) Organização Comunitária apoio à criação e manutenção de centro comunitário e cultural, como local de informação e prestação de serviços à comunidade, assim como recursos para iniciativas comunitárias voltada aos brasileiros; b) apoiar, criar, desenvolver e manter grupos de apoio aos jovens e adultos da comunidade LGBT brasileira; c) incentivo à criação e apoio à manutenção de grupos de apoio a brasileiras/os no exterior, principalmente em casos como depressão, violência doméstica e abuso sexual; d) criação e manutenção de uma hotline, nos Consulados e em português, para atendimento a vítimas de violência doméstica; e) criação e manutenção de um comitê para assuntos de violência doméstica contra brasileiras/os, incluindo crianças e membros da comunidade LGBT, para analizar, documentar, pesquisar e redigir relatórios anuais sobre o assunto aos governos brasileiro e norte-americano; 49