UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO BRUNO DA COSTA FEITOSA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E COMPETITIVIDADE: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FRANGOS NO ESTADO DO PARÁ BELÉM-PA 2013 1 BRUNO DA COSTA FEITOSA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E COMPETITIVIDADE: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FRANGOS NO ESTADO DO PARÁ Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade da Amazônia como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Hubert Marie André Drouvot BELÉM-PA 2013 2 BRUNO DA COSTA FEITOSA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E COMPETITIVIDADE: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FRANGOS NO ESTADO DO PARÁ Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade da Amazônia como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Hubert Marie André Drouvot Banca Examinadora ________________________________________________________ Prof. Dr. Hubert Marie André Drouvot Orientador / UNAMA ________________________________________________________ Prof. Dr. Marco Antônio Silva Lima Examinador interno / UNAMA ________________________________________________________ Prof. Dr. André Cristiano Silva Melo Examinador externo / UEPA Apresentado em: __ / __ / __. Conceito: _______________ BELÉM-PA 2013 3 AGRADECIMENTOS A Deus, pela sabedoria e força a nós confiada para execução de nosso trabalho. Ao Professor Drouvot, pelo incentivo e força dados durante este trabalho, além da atenção e paciência ao longo das etapas da pesquisa. À administração da empresa estudada, em especial aos seus diretores, que nos forneceram toda a informação necessária para a elaboração do nosso trabalho. Aos funcionários da empresa estudada, que pacientemente colaboraram ao conceder informações importantes durante o estudo realizado em seu ambiente de trabalho. A todos os que colaboraram direta ou indiretamente através do apoio e incentivo prestados durante o período de elaboração deste trabalho. 4 “Confia ao Senhor os seus anseios, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle e o mais Ele o fará.” SALMOS 37: 4 - 5. 5 RESUMO A presente dissertação teve por objetivo analisar em que medida a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos no estado do Pará se relaciona com a estratégia competitiva genérica. Para isto, foi descrita a estrutura competitiva do setor avícola e identificado o comportamento estratégico da empresa, a partir do modelo de Porter (2004). Em seguida, foi adaptada a matriz de estratégia de operações proposta por Slack e Lewis (2009), que promoveu a interseção entre os objetivos de desempenho da empresa e suas áreas de decisão. Utilizou-se a abordagem de pesquisa qualitativa, com método de estudo de caso descritivo-exploratório, com o objetivo de promover melhor compreensão para os fatos pesquisados. A coleta de dados foi composta de observação direta e entrevista semiestruturada realizada pelo autor com três diretores da empresa, com o gerente comercial, com o gerente de processos, com o gerente de manutenção e com o encarregado de produção. Os dados foram coletados em toda a área de abrangência da atividade da empresa e em entidades ligadas ao setor avícola. Foram utilizadas também fontes secundárias de evidência, que consistiram na busca na literatura, a partir da revisão de livros, periódicos e a documentação proveniente das diversas áreas envolvidas com a pesquisa. Como resultado da pesquisa, verificou-se que a estratégia de operações da empresa está alinhada à sua estratégia competitiva genérica de enfoque, conforme análise do comportamento da empresa diante das forças competitivas na indústria avícola e da interseção entre os objetivos de desempenho da empresa e suas áreas de decisão. Palavras-chave: Estratégia de Operações. Competitividade. Áreas de decisão. Indústria e Comércio de Frangos. 6 ABSTRACT The purpose of this research was to analyze how the operations strategy of an industry and trade of chickens in the state of Pará is related to the generic competitive strategy. For this, we described the competitive structure of the poultry sector and identified the strategic behavior of the company, from the Porter (2004) model. Then, it was adapted to matrix operations strategy proposed by Slack and Lewis (2009), which promoted the intersection between performance objectives of the company and its decision areas. We used a qualitative research approach, with case study method of descriptive and exploratory, with the aim of promoting better understanding to the facts surveyed. Data collection consisted of direct observation and semi-structured interviews conducted by the author with three directors of the company, with the commercial manager, the process manager, the maintenance manager and the production supervisor. Data were collected throughout the coverage area of activity of the company and entities linked to the poultry industry. We also used secondary sources of evidence, which consisted of the literature search, from the review of books, periodicals and documents from the various areas involved with the research. As a result of the research, it was found that the company's operations strategy is aligned with its generic competitive strategy of focus, according to analysis of the company's behavior in the face of competitive forces in the poultry industry and the intersection between the performance goals of the company and its decision areas. Key words: Operations Strategy. Competitiveness. Decision Areas. Industry and Trade of Chickens. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADEPARÁ Agência de Defesa Agropecuária do Pará APAV Associação Paraense de Avicultura BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento CA Conversão Alimentar CEASA Central de Abastecimento do Pará CPD Centro de Processamento de Dados FAEPA Federação da Agricultura e da Pecuária do Pará FEP Fator de Eficiência de Produção GMD Ganho Médio Diário IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEE Índice de Eficiência Produtiva Européia KVA Quilovoltampere LACEN Laboratório Central do Estado do Pará LANAGRO Laboratório Nacional Agropecuário PM Peso Médio das Aves QPP Quantidade de Peso Produzido QRC Quantidade de Ração Consumida SIF Serviço de Inspeção Federal SINPRIZ Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Izabel do Pará e Santo Antônio do Tauá UBABEF União Brasileira de Avicultura USDA United States Department of Agriculture VBR Visão Baseada em Recursos 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Metodologia de Hill 52 Quadro 2 - Objetivos de desempenho de operações 56 Quadro 3 - Estrutura de custos da empresa Alfa 83 Quadro 4 - Custo da Mercadoria Vendida 84 Quadro 5 - Custo de Produção do Frango 85 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mudanças dos hábitos de consumo de carne de frango no Brasil 36 Figura 2 - A cadeia de valores genérica 44 Figura 3 - Matriz Produto-Processo 51 Figura 4 - Matriz Importância-Desempenho 53 Figura 5 - Modelo do Cone de Areia 58 Figura 6 - A matriz da estratégia de operações 67 Figura 7 - Síntese da hierarquia e do conteúdo das estratégias competitivas e de operações 68 Figura 8 - Organograma da empresa Alfa 92 Figura 9 - A matriz de estratégia de operações da empresa Alfa 94 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 1.1 JUSTIFICATIVA 15 1.2 PROBLEMÁTICA 17 1.3 OBJETIVOS 17 1.3.1 Objetivo Geral 17 1.3.2 Objetivos Específicos 18 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 18 2 PRODUÇÃO AVÍCOLA INTEGRADA 19 2.1 A INTEGRAÇÃO AVÍCOLA NO BRASIL 19 2.2 O FUNCIONAMENTO DA PRODUÇÃO AVÍCOLA INTEGRADA 20 2.3 A CADEIA DE PRODUÇÃO AVÍCOLA E O SISTEMA DE 22 INTEGRAÇÃO 3 BREVE VISÃO SOBRE ESTRATÉGIA 24 3.1 CONCEITOS DE ESTRATÉGIA 24 3.2 ESTRATÉGIAS DELIBERADAS E EMERGENTES 26 3.3 OS TRÊS NÍVEIS DE ESTRATÉGIA 28 4 A ESTRATÉGIA COMPETITIVA 31 4.1 ANÁLISE ESTRUTURAL DA INDÚSTRIA 31 4.2 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS 33 4.3 AMBIENTE COMPETITIVO E INDÚSTRIA AVÍCOLA 35 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS NA INDÚSTRIA AVÍCOLA 37 BRASILEIRA 4.4 BRASILEIRA 5 A VISÃO BASEADA EM RECURSOS (VBR) 41 11 5.1 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DA VBR 41 5.2 A VISÃO BASEADA EM RECURSOS E COMPETITIVIDADE 43 6 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 48 6.1 CONCEITO DE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 48 6.2 RELAÇÕES ENTRE OPERAÇÕES E MARKETING 50 6.3 DESEMPENHO DE OPERAÇÕES 54 6.3.1 Custo 59 6.3.2 Qualidade 60 6.3.3 Velocidade 61 6.3.4 Confiabilidade 61 6.3.5 Flexibilidade 62 6.4 ÁREAS DE DECISÃO EM OPERAÇÕES 64 6.4.1 Capacidade 65 6.4.2 Tecnologia de processo 66 6.4.3 Rede de suprimentos 66 6.4.4 Desenvolvimento e organização 67 6.5 A MATRIZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 67 7 METODOLOGIA 69 7.1 TIPO DE PESQUISA 69 7.2 COLETA DE DADOS 69 7.3 ANÁLISE DE DADOS 72 7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA 73 8 ESTUDO DO CASO NA EMPRESA ALFA 74 8.1 A EMPRESA ALFA 74 12 8.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DA INDÚSTRIA 76 8.2.1 Ameaça de entrada de novos concorrentes 76 8.2.2 Ameaça de substitutos 77 8.2.3 Poder de negociação dos compradores 78 8.2.4 Poder de negociação dos fornecedores 79 8.2.5 Rivalidade entre as empresas existentes 80 8.3 ESTRATÉGIA COMPETITIVA GENÉRICA 82 8.4 OBJETIVOS DE DESEMPENHO E ÁREAS DE DECISÃO 82 8.4.1 Custo 82 8.4.2 Qualidade 86 8.4.3 Velocidade e confiabilidade (disponibilidade) 88 8.4.4 Flexibilidade 89 8.4.5 Capacidade 90 8.4.6 Rede de suprimentos 91 8.4.7 Tecnologia de processo 92 8.4.8 Desenvolvimento e organização 92 8.5 A MATRIZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES DA EMPRESA 94 ALFA 8.6 A RELAÇÃO ENTRE A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E A 96 ESTRATÉGIA COMPETITIVA GENÉRICA NA EMPRESA ALFA 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 98 REFERÊNCIAS 102 APÊNDICES 113 APÊNDICE A – Carta de apresentação 114 APÊNDICE B – Questionário Diretoria 115 13 APÊNDICE C - Relatório fotográfico da empresa Alfa 121 APÊNDICE D - Máquinas e equipamentos da empresa Alfa 127 ANEXOS 134 ANEXO A - Fluxograma comum a todos os produtos 135 ANEXO B - Descrição do processo produtivo no abatedouro 136 ANEXO C - Fechamento de lote de produtor integrado 137 14 1 INTRODUÇÃO O Brasil desempenha um importante papel na produção, consumo e exportação mundial de carne de frango, com desempenho crescente a cada ano. Em 2008, produziu 10,940 milhões de toneladas. Em 2009, chegou a 10,980 milhões de toneladas de carne produzidas. Em 2010, alcançou a marca de 12,230 milhões de toneladas produzidas, aproximando-se da China, atualmente o segundo maior produtor mundial, cuja produção, neste mesmo ano, somou 12,550 milhões de toneladas, abaixo apenas dos Estados Unidos, com 16,648 milhões de toneladas (UBABEF, 2011). De acordo com dados da Associação Paraense de Avicultura - APAV, a avicultura no Estado do Pará representa 1,13% do plantel nacional, com produção semanal de aproximadamente 1.300.000 frangos de corte. As empresas paraenses vêm adotando a estratégia de investir na modernização de suas atividades, buscando a maximização da eficiência das fábricas de rações, melhores índices produtivos, menores custos de produção, armazenamento e estocagem, além de melhorias na segurança alimentar, conferindo maior competitividade (MARTINS, 2010). O Pará ocupa o 4º lugar no Norte/Nordeste brasileiro, sendo o 1º da Região Norte na produção de frango de corte e o 2º lugar na produção de ovos. O pólo avícola do estado concentra-se no nordeste paraense, onde despontam as maiores integradoras de frango de corte, e no município de Santarém, onde também se realiza integração e está instalado um dos 4 abatedouros do estado. São 10 empresas cadastradas na APAV, sendo que apenas 2 grupos empresariais possuem a estrutura produtiva verticalizada, com unidade de incubação de ovos férteis, fábrica de ração, sistema de distribuição e abatedouro (SINPRIZ, 2010). Um estudo de mercado realizado pela APAV identificou uma crescente demanda de carnes de frango, o que incentiva a decisão de implantação de novas unidades industriais e adoção de modernos padrões de tecnologia (MARTINS, 2010). O estado, e particularmente a Região Metropolitana de Belém, oferece uma quantidade razoável de modernas instalações industriais e comerciais que, no entanto, não se mostram suficientes para atender à necessidade do mercado local, tendo em vista as suas especificidades e seu contexto histórico, fator indispensável à continuação do seu desenvolvimento (KLAUTAU, 2008). A oferta de bens de consumo alimentícios, a exemplo da carne de frango, que apresenta grandes vantagens competitivas nos mercados regional, nacional e internacional, 15 necessita de ampliação respaldada pela demanda reprimida existente a partir de investimentos em infraestrutura e apoio financeiro para a atividade operacional (KLAUTAU, 2008). Os municípios paraenses de Santa Isabel do Pará e Santo Antônio do Tauá têm sua economia pautada na produção de hortifrutigranjeiros destinados ao mercado interno. Aproximadamente 46% dos hortifrutigranjeiros comercializados na CEASA tem origem nos municípios supracitados, que respondem por cerca de 65% da produção estadual de frangos de corte (SINPRIZ, 2010). A avicultura representa a atividade econômica que mais emprega mão de obra nestes municípios paraenses. A base da cadeia produtiva local se subdivide em importantes segmentos, sendo estes os avicultores; transportes de grãos; transportes de frangos vivos e/ou abatidos; embalagem e transporte de ovos; pegadores de frangos; abatedouros; além dos resíduos sólidos que são intensamente utilizados por produtores de hortaliças e frutas (SINPRIZ, 2010). Os fornecedores de produtos industrializados demandados pela avicultura também contribuem significativamente ao aquecimento da economia, pois produzem benefícios de ampla relevância na geração de emprego e renda. Estima-se que a cadeia produtiva do setor consegue gerar 100 mil empregos diretos e indiretos no estado do Pará (SINPRIZ, 2010). Considerando a linha deste debate, o presente trabalho busca analisar em que medida a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos localizada em Santa Isabel do Pará (PA), identificada nesta pesquisa como empresa Alfa, se relaciona com a estratégia competitiva genérica, diante da presença de um ambiente cada vez mais mutável e de risco elevado. Será utilizada a abordagem de Slack e Lewis (2009), através da matriz da estratégia de operações, cujas características serão apresentadas na Seção 6.5. Para a construção do trabalho, serão realizadas entrevistas semiestruturadas, observação direta e serão utilizadas diversas fontes primárias e secundárias de evidências. Os procedimentos metodológicos do estudo serão apresentados na Seção 7. 1.1 JUSTIFICATIVA A estratégia de operações pode ter influência decisiva no sucesso de uma organização. Várias empresas bem posicionadas no mercado têm na gestão de suas operações um diferencial em relação aos seus concorrentes, pois ela pode fornecer o suporte necessário ao negócio e à satisfação dos clientes (SLACK; LEWIS, 2009). 16 No estado do Pará, o dinamismo mercadológico se reflete na maneira como as empresas vêm montando e conduzindo suas estratégias, pois o foco, outrora voltado somente para o chão-de-fábrica, atualmente está na integração de diversas fontes de vantagens competitivas. De acordo com Hoskisson et al. (2009), as tomadas de decisões que dão sustentação ao ambiente estratégico definido costumam ter impacto direto na percepção dos clientes, naquilo que é valorizado. Assim, é necessário definir os critérios prioritários para a empresa e as ações que, combinadas, produzirão os aspectos visíveis aos clientes e irão inserir a empresa no modelo competitivo apresentado. A presente proposta busca apresentar um estudo que consiste em identificar os comportamentos referentes à relação entre a estratégia de operações e a estratégia competitiva genérica em uma indústria e comércio de frangos, localizada em Santa Isabel do Pará (PA). As atividades reúnem atualmente 208 empregados e são responsáveis pela geração de mais de 400 empregos indiretos. A seleção de uma indústria e comércio de frangos para este estudo levou em conta o interesse de se pesquisar sobre estratégias de operações em um contexto de agronegócios, ainda pouco pesquisado na Região Norte e também, para promover melhor compreensão dos aspectos relacionados à sobrevivência e aos objetivos de desempenho da empresa em foco, a partir do estudo da estratégia de operações adotada. A empresa Alfa foi selecionada para o estudo por constituir uma das únicas indústrias avícolas do estado a aderir ao processo de verticalização da produção, contando com uma unidade completa de incubação de ovos férteis, unidade de produção de rações, sistema de distribuição de rações e pintos de um dia, granjas próprias (somada às granjas dos produtores rurais fornecedores) e abatedouro. Quanto ao porte, é classificada como média empresa. A empresa em questão trabalha com um produto que apresenta vantagens competitivas, porém sujeitas às condições de mercado. Sua atividade é motivada pelas oportunidades de crescimento, em função dos fatores locais; atualização tecnológica; disponibilidade de insumos e matéria prima, bem como da relação entre a oferta e a demanda para este produto na região. Ao tomarmos como objeto uma indústria do setor avícola, notamos que os aspectos considerados nesta atividade possuem uma amplitude maior, pois em seus processos são considerados fatores relacionados à saúde humana, como padrões microbiológicos, condições sanitárias e ausência de substâncias nocivas, além da preocupação com o meio-ambiente, cada vez mais exigida pelo mercado consumidor. 17 A relevância desta pesquisa está em mostrar a importância da estratégia de operações na atuação das empresas, considerando o cenário competitivo em que estão inseridas, e sua aplicação em uma indústria e comércio de frangos. Para isso, busca-se discutir o alinhamento entre as estratégias da empresa, evidenciando suas particularidades. 1.2 PROBLEMÁTICA Dentro da estratégia global de uma empresa, a estratégia de operações apresenta papel decisivo no seu posicionamento de mercado, pois seus processos e recursos devem estar estruturados de forma que o seu desempenho nos fatores de competitividade possa constituir um diferencial em relação aos concorrentes (SLACK; LEWIS, 2009). Skinner (1969) foi o primeiro, através de seus artigos escritos há mais de quatro décadas, a indicar o vazio existente entre a função de operações (então limitada à manufatura) e o planejamento estratégico das empresas. Durante anos, ele promoveu uma luta solitária para fazer com que os gerentes desenvolvessem e explorassem suas capacitações operacionais, para solucionar problemas e contribuir para estratégia global das empresas. De lá para cá, muitos estudos sobre estratégia de operações foram realizados no meio acadêmico, sendo atualizados diante dos desafios cada vez mais complexos aos gerentes e das novas tecnologias criadas para auxiliar a lidar com estes desafios. Nas pequenas e médias empresas, as decisões estratégicas apresentam forte conteúdo empírico. No entanto, as contribuições acadêmicas em estratégia de operações não são geralmente integradas na tomada de decisões estratégicas destas empresas. A partir deste contexto, ao investigar esta interação na empresa em estudo, o trabalho objetiva responder a seguinte pergunta: Em que medida a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos se relaciona com a estratégia competitiva genérica? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Analisar em que medida a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos se relaciona com a estratégia competitiva genérica. 18 1.3.2 Objetivos específicos Descrever a estrutura competitiva do setor avícola paraense e identificar a estratégia competitiva genérica e os critérios competitivos mais relevantes para uma indústria e comércio de frangos no estado do Pará. Analisar as relações entre as áreas de decisão e objetivos de desempenho da empresa em estudo, a partir da matriz estratégica de operações de Slack e Lewis (2009). Realizar um diagnóstico estratégico e apresentar oportunidades de melhoria na matriz estratégica de operações adotada. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Na seção 2 é feita uma revisão da literatura sobre produção avícola integrada. Na seção 3 é apresentada uma breve visão sobre estratégia. Na seção 4 são revisados os estudos a respeito da estratégia competitiva. Na seção 5 é estudada a visão baseada em recursos (VBR). Na seção 6 é abordada a estratégia de operações. Na seção 7 é discutida a metodologia da pesquisa, apresentando o tipo de pesquisa, a coleta de dados, a análise de dados e as limitações da pesquisa. Na seção 8 é apresentado o estudo de caso e os resultados da pesquisa na empresa Alfa e, finalmente, na seção 9, são apresentadas as considerações finais da pesquisa. 19 2 PRODUÇÃO AVÍCOLA INTEGRADA 2.1 A INTEGRAÇÃO AVÍCOLA NO BRASIL Desde sua origem, conforme apontam os estudos de Estivalete et al. (2010), a indústria avícola esteve muito ligada à conjuntura político-econômica do país. Ribeiro (2006) aponta que no oeste de Santa Catarina, a empresa Sadia de Concórdia, em 1961, iniciou um programa de fomento à produção de frangos de corte, construindo galpões para 5000 e 10000 frangos, amparando produtores com linhas de crédito e prestação de assistência. Foram os primeiros passos para a implantação do sistema de integração no Brasil. De acordo com D’Avila (2006), a experiência bem sucedida se multiplicou rapidamente pela região Sul e, em seguida, em São Paulo e outros estados, sendo aperfeiçoada e adaptada às condições de cada região. Assim foi criado o chamado Sistema de Integração, fundamental para a indústria agroavícola brasileira. De acordo com Rizzi (1993), o surgimento da moderna agroindústria de abate de frango no Brasil, durante os anos 70, foi bastante beneficiada por uma política agrícola que trazia condições de crédito favoráveis à instalação de frigoríficos, à comercialização e à instalação dos aviários por parte dos produtores. O frango inteiro, por se tratar de um produto homogêneo e não necessitar de elevada tecnologia de produção, oferecia pequenas possibilidades de diferenciação de produto, já que praticamente todas as empresas estavam em condições de oferecer ao mercado um produto com semelhantes características. Assim, o padrão de concorrência entre as empresas do setor ocorria basicamente através do preço, aliado aos serviços relacionados ao produto, como prazo/condições para pagamento e periodicidade de entrega (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). Ao investigar as condições tecnológicas da agroindústria avícola no Brasil, Rizzi (1993) concluiu que o setor apresentou um grande avanço tecnológico entre os anos 80 e o início dos anos 90, principalmente quanto ao abate e processamento das carnes para criação de novos produtos. Na década de 80, as maiores empresas avícolas aumentaram a produção de cortes de frango, buscando atender uma crescente demanda por este produto no mercado internacional. Esse tipo de produto passou a ser comercializado, também, no mercado interno. Em 1989, os cortes de frango representavam 38% da produção, enquanto em 1979, eram apenas 8% (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). 20 A década de 90 representou um período de grande aumento no consumo interno de carne de frango, com o acesso de camadas mais pobres da população a uma alimentação mais rica em proteínas. No entanto, também representou um período de dificuldades para as exportações brasileiras, principalmente diante de políticas de subsídios, protecionismo, barreiras sanitárias e da grave crise do mercado asiático ocorrida nessa época (SANDOLI; OLIVO, 2006). Os anos 2000 também representaram um crescimento no consumo de carne de frango no país, em que o consumo per capita se aproximou e ultrapassou o da carne bovina. No mercado internacional, a desempenho foi especial, em virtude do alcance da liderança nas exportações, favorecido por problemas sanitários em países como a Tailândia, a China e os Estados Unidos, que sofreram o forte impacto da Influenza aviária (SANDOLI; OLIVO, 2006). Esse desempenho da avicultura brasileira provém de sucessivas reduções de custos. Seu sucesso ocorreu em função de avanços tecnológicos que promoveram reestruturações no sistema produtivo, sendo a mais importante a representada pela produção integrada, que vem contribuído para excelentes índices de conversão alimentar, precocidade e produtividade dos plantéis (RIBEIRO, 2006). Assim, o desenvolvimento da avicultura integrada, que fortaleceu as empresas e a atividade como um todo, aliado às condições de produções de grãos, clima favorável e disponibilidade de mão de obra, contribuiu decisivamente para a evolução do setor (D’AVILA, 2006). 2.2 O FUNCIONAMENTO DA PRODUÇÃO AVÍCOLA INTEGRADA Entende-se por integração avícola a união de dois ou mais segmentos da cadeia produtiva, buscando a obtenção de um produto final que proporcione melhor vantagem comercial para todos os envolvidos. Os produtos de frequência comum na integração avícola são ovos comerciais; ovos férteis; pintos de um dia; frangos de corte; entre outros (RIBEIRO, 2006). Existem três tipos de integração que são praticados no Brasil, sendo estas horizontal, vertical e circular, conforme indica Ribeiro (2006) em sua definição: - Horizontal é quando se unem dois ou mais produtores de um mesmo segmento produtivo (produtores de frango de corte; de pintos; de ovos; etc.), buscando comprar e vender em melhores condições; 21 - Vertical é quando se trata da união de dois ou mais produtores de diferentes segmentos produtivos (fábrica de rações; abatedouro; incubatórios; produtores de frango; etc.), buscando vantagens operacionais e conseguindo a racionalização de custos, com vantagens comerciais para todos; - Circular é quando se unem uma ou mais integrações verticais e horizontais, com os mesmo propósitos comerciais. De acordo com Ziebert e Shikida (2004), a produção integrada mais comum refere-se ao sistema de produção realizado de forma contratual entre uma indústria, uma cooperativa, etc. (chamada de integradora) e o produtor de frangos (chamado de integrado). Richetti e Santos (2000) salientam que o produtor rural (integrado) se caracteriza pela utilização de mão de obra familiar, pela diversificação de suas atividades e por ser proprietário de sua terra. Na integração avícola, ocorre uma produção descentralizada com a participação grupos de pequenos e médios avicultores. Os avicultores constroem os galpões e recebem o apoio dessas empresas para a produção do frango de corte que é entregue às unidades industriais (VITAL; DROUVOT; SAMPAIO, 2008). Ribeiro (2006) destaca que o contrato clássico de uma integração vertical é estabelecido entre o produtor e a empresa integradora, que no Brasil, são os abatedourosfrigoríficos. A empresa integradora fornece todos os insumos necessários à produção, como os pintos de um dia; rações; vacinas; outros produtos veterinários; assistência técnica integral; e combustível para aquecimento (gás e outros). Figueiredo et al. (2006) acrescentam às atribuições da integradora o transporte das aves adultas da granja ao abatedouro. Por sua vez, o produtor participa com instalações; equipamentos e mão de obra operacional. Através do contrato de integração, conforme apontam Gomes e Gomes (2008), as empresas não precisam investir na aquisição de propriedades para a construção de aviários, nem se preocupar com a contratação da mão de obra para o manejo das aves, ficando isso sob responsabilidade do produtor. A remuneração do produtor está baseada no desempenho zootécnico do lote de frangos. Utiliza-se para isso uma tabela de desempenho, expressa em contrato. Na maioria das vezes, a referência principal desta tabela é o Índice de Eficiência Produtiva Européia (IEE), que contempla os parâmetros: consumo de ração (CA, conversão alimentar); viabilidade (inverso da porcentagem de mortalidade); idade das aves (ID); e peso médio das aves (PM) (RIBEIRO, 2006). 22 Muitas empresas brasileiras aferem o desempenho do lote através do FEP (Fator de Eficiência da Produção), adaptando-se a fórmula citada por Moraes (2006) e calculada no sistema de integração da seguinte maneira: FEP = Viabilidade x GMD C:A x 10 Onde: Viabilidade = 100% - Mortalidade GMD (ganho médio diário) = PM (Peso médio da aves) Idade das aves C:A (conversão alimentar) = Quantidade de ração consumida Quantidade de peso produzido 2.3 A CADEIA DE PRODUÇÃO AVÍCOLA E O SISTEMA DE INTEGRAÇÃO O sistema de integração vem se consolidando como um instrumento fundamental para a produção econômica moderna de frangos e seus contratos tem evoluído muito, variando de acordo com a relação comercial existente. Trata-se de um sistema que atende os requisitos de segurança alimentar exigidos por todos os mercados e fortalece a cadeia produtiva (RIBEIRO, 2006). O planejamento da integração avícola é bastante complexo, pois o processo deve funcionar em sincronia, com a comunicação entre abatedouro, fomento avícola, avicultor, fábrica de ração, incubatório e matrizeiro. Uma falha de comunicação ou mesmo se um dos elos desta cadeia estiver com problemas, seus reflexos afetarão todo o sistema (GOMES; GOMES, 2008). De acordo com Gomes e Gomes (2008), um aspecto muito importante na integração avícola é o sistema de abastecimento, pois atrasos no transporte de ração, pintinhos e do frango ao abatedouro, podem se transformar em prejuízos. De acordo com Dias (1993) para promover melhorias na estrutura industrial é necessário dinamizar o sistema logístico, que abrange o suprimento de materiais e componentes, a movimentação e o controle de produtos, além do apoio ao esforço de vendas dos produtos finais, até a colocação do produto acabado no consumidor. Este sistema deve funcionar corretamente desde os incubatórios até a entrega do produto final. 23 Os pintinhos provêm de ovos de matrizes selecionadas com rigoroso manejo, objetivando o nascimento de aves saudáveis. Ovos incubáveis de boa qualidade podem ser garantidos através de incubatórios dotados de rigoroso controle sanitário e de estrutura e equipamentos adequados. Após o nascimento, os pintinhos devem ser levados para a sala de expedição, com temperatura, umidade e ventilação adequados (IGAYARA, 2006). As aves devem ser transportadas em veículos com sistema de suspensão adequada, evitando injúrias durante o transporte. Caso a distância entre a granja e o incubatório seja longa, o transporte deve ser realizado em veículo climatizado, com controle de temperatura e umidade. A alimentação e conforto térmico das aves deverão ser acompanhados durante o transporte do incubatório às granjas dos produtores integrados (IGAYARA, 2006). O gerenciamento da fábrica de rações, em todas as suas etapas, como recepção, controle de qualidade, moagem, dosagem, mistura e peletização (formação de rações compactadas) deve funcionar adequadamente para o abastecimento das aves durante todas as fases da cadeia de produção (COSTA NETO, 2006). Os avicultores integrados devem atuar dentro do índice de produção esperado para sua atividade, de forma a fornecer produtos de qualidade e manter a relação comercial com os abatedouros (integradores) (RIBEIRO, 2006). Os abatedouros, por sua vez, devem promover todas as etapas de produção (recepção, abate, evisceração, corte, embalagem, congelamento e armazenamento frigorífico de aves) e comercialização dentro dos padrões de qualidade esperados pelos clientes (OLIVO, 2006). Os gerentes industriais e comerciais devem se preocupar em garantir a disponibilidade de suprimentos em todas as fases da cadeia produtiva (seja o avicultor, incubatório, matrizeiro, fabrica de ração ou abatedouro), e isto deve ser feito a um custo acessível, sempre procurando aperfeiçoar o sistema de transporte (GOMES; GOMES, 2008). Para o funcionamento da cadeia de produção de frango de corte, é necessário um sistema de troca de informação eficiente, pois para Sipper e Bulfin (1997), a integração de informação ocorre porque toda a tecnologia de informação exige projetar, fabricar e entregar o produto. Gomes e Gomes (2008) indicam que a informação envolve vários componentes do negócio, e a mesma informação deve ser acessível a todos os setores. Cada setor envolvido na integração da cadeia de produção do frango de corte (incubatório, matrizeiro, fábrica de ração, abatedouro e integrados), deve estar sintonizado com os objetivos estratégicos da organização. Para verificar este alinhamento, é necessário definir de que maneira é possível realizar o diagnóstico estratégico desta cadeia. 24 3 BREVE VISÃO SOBRE ESTRATÉGIA 3.1 CONCEITOS DE ESTRATÉGIA Na atual dinâmica do mercado, vem se tornando cada vez mais imperativa a necessidade de se administrar recursos e se estudar as características de um ambiente competitivo. Por este contexto, a estratégia acaba se configurando como peça fundamental para o sucesso empresarial (SLACK; LEWIS, 2009). Estratégia é uma das palavras mais utilizadas na vida empresarial e encontra-se presente abundantemente seja na literatura específica, seja nos textos mais comuns, mesmo de âmbito jornalístico. A princípio parece se tratar de um conceito estabilizado, de sentido consensual e único, de forma que muitas vezes, entende-se ser dispensável a sua definição (NICOLAU, 2001). No entanto, um olhar mais atento permite perceber que não há qualquer uniformidade, podendo o mesmo termo referir-se a situações diversas. Se em leitura apressada esse fato não traz maiores transtornos, para o estudante destes assuntos e mesmo para os gestores que têm por função definir ou redefinir estratégias e implantá-las nas organizações, a definição rigorosa do conceito é o primeiro degrau para o sucesso dos seus esforços (NICOLAU, 2001). Nicolau (2001) afirma que as definições do conceito de estratégia são bastante numerosas. Embora exista convergência em alguns aspectos que estão na base do conceito, o conteúdo e os processos de formação da estratégia são objeto de abordagens muito diferentes que se amparam na forma como os autores compreendem a organização e o seu funcionamento. Como afirma Hambrick (1980), a estratégia é um conceito multidimensional e situacional e isso dificulta uma definição consensual. Acompanhando esta observação, Silva e Fernandes (2009) mostram que o conceito de estratégia é explorado na literatura sob várias perspectivas distintas. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) identificaram dez diferentes escolas sobre o tema. Isto ocorreu porque, de acordo com Greenwald e Kahn (2006), estratégia tem sido uma das principais preocupações gerenciais há mais de meio século. Ao explorarem as orientações teóricas que tratam do conceito de estratégia, Alves, Gonçalves e Santos (2006) encontraram várias lacunas e contradições entre as visões de diversos autores. Contradições encontradas nas visões que envolvem racionalidade e decisão, força do ambiente, evolução do mercado, competências essenciais, entre outras. Mas encontraram também uma convergência relativa na afirmativa de que o campo da estratégia 25 na administração envolve o estudo dos processos de escolha e decisão nos níveis macroorganizacionais, ou seja, as decisões e ações que impactam o conjunto da organização; a formação de padrões de conduta; a adequação da organização e suas operações ao seu ambiente de atuação e o posicionamento competitivo de uma empresa, dentre outros (ANSOFF; MCDONELL, 1993). Em virtude dessas diferentes orientações teóricas, Hayes et al. (2008) apontam que a palavra estratégia é usada em tantos contextos que é útil identificar e contrastar diferentes tipos de estratégias relacionadas ao gerenciamento. Embora haja uma definição universalmente aceita a respeito de estratégia, pode-se mencionar algumas de suas diferentes perspectivas. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) entendem a estratégia como um conjunto coordenado e integrado de ações e compromissos definidos para explorar competências essenciais e conseguir vantagem competitiva. Fazer estratégia se refere ao conhecimento de onde e quando essa interação ocorre no tempo e espaço. A estratégia reuniu as características básicas de outras áreas da administração para formar os administradores estratégicos (WILSON; JARZABKOWSKI, 2004). Considerando essa interação, Silva e Fernandes (2009), ao sintetizarem sua compreensão sobre estratégia, indicam que se trata de um processo que sofre desdobramentos ao longo do tempo, em que as atividades são planejadas e executadas ao longo de um determinado período, sendo tradicionalmente definidos a longo, o médio e o curto prazo, com o seu horizonte de duração peculiar a cada empresa estudada. Assim, subjacente às definições de estratégia está, de maneira implícita ou explícita, uma dimensão temporal que dá sentido à relação entre empresa e meio envolvente. A forma como a dimensão temporal se associa ao conceito de estratégia é objeto de controvérsia que as diferentes perspectivas sobre o processo de formação criam (NICOLAU, 2001). Alguns autores entendem a estratégia como um meio de configurar uma relação futura entre a empresa e o ambiente, isto é, planos capazes de antecipar a mudança para enfrentar os desafios do ambiente. Neste sentido, Chandler (1962) entende que estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo. Para Steiner e Miner (1977), estratégia significa moldar as missões da empresa. Já para Newman, Logan e Hegarty (1989), estratégia representa o principal instrumento utilizado pelos gestores para formar o rumo do seu negócio. De maneira alternativa, estratégia pode ser entendida como uma posição adquirida pela empresa resultante de ações passadas e que Katz (1970) chama de “posição estratégica”. Neste sentido, as estratégias são um padrão de comportamento que refletem a atual relação 26 entre a empresa e o ambiente e que somente serão conhecidas plenamente depois de realizadas (MINTZBERG, 1988). Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) indicam que não é fácil oferecer uma definição para estratégia. Por este motivo, trabalham com cinco diferentes definições. A primeira delas define a estratégia como um plano, um guia, uma direção, um curso de ação para o futuro. Trata-se da estratégia planejada. A segunda definição apresentada pelos autores mostra a estratégia como um padrão, uma coerência em comportamento ao longo do tempo, um olhar para o comportamento passado. É a chamada estratégia realizada Estratégias planejadas e estratégias realizadas são duas maneiras diferentes de abordagem que não são incompatíveis, mas complementares. Por um lado, uma perspectiva histórica é útil quando se busca entender os caminhos efetivamente percorridos, independentemente da existência de intenções e planos previamente estabelecidos. Por outro lado, uma concepção da estratégia voltada apenas para o passado não é suficiente do ponto de vista da gestão. Enxergar o futuro dos negócios é uma das tarefas que reconhecidamente cabe aos gestores, gerando um plano explícito ou não (NICOLAU, 2001). A terceira definição proposta por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) mostram a estratégia como uma posição, como a localização de determinados produtos em determinados mercados. Já a quarta definição mostra a estratégia como uma perspectiva, a maneira fundamental de uma organização fazer as coisas. Finalmente, a última definição de estratégia ressaltada por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) é a estratégia como pretexto, um truque, uma manobra específica para enganar oponente ou concorrente. Whittington (2002), por sua vez, apresenta quatro abordagens sobre estratégia que são classificadas a partir de duas dimensões: os resultados, em que as abordagens variam entre o foco na maximização dos lucros e a consideração de outros resultados além do lucro; e o processo de formação da estratégia, que varia entre o deliberado, em que ela é elaborada e implementada conscientemente, e o emergente, em que a estratégia surge naturalmente a partir da interação entre os membros da empresa. 3.2 ESTRATÉGIAS DELIBERADAS E EMERGENTES A compreensão da classificação das estratégias planejadas e realizadas facilita o entendimento das chamadas estratégias deliberadas e estratégias emergentes, diante da necessidade de prever e de reagir a eventos inesperados (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). 27 Mintzberg (1988) afirma que a principal diferença entre a estratégia deliberada e a emergente é que, enquanto a primeira enfatiza o planejamento, a direção e o controle, fazendo com que intenções sejam realizadas, a última permite a noção de “aprendizado estratégico”, ou seja, as empresas se desenvolvem à medida que o ambiente competitivo cria novos cenários. Uma estratégia pode surgir como resposta a uma situação em evolução ou pode ser introduzida deliberadamente, por meio de um processo de formulação seguido de implementação. As estratégias emergentes são ações praticadas na dinâmica das organizações sem terem sido expressamente planejadas. Posteriormente, caso obtenham êxito, passam a integrar o esforço de planejamento da instituição (MINTZBERG, 1998). No entanto, a realidade é mais complexa. Estratégias puramente deliberadas e puramente emergentes são situações extremas, entre as quais se situam as estratégias que se misturam de forma que reflitam as condições existentes, seja para prever ou reagir a eventos inesperados. (NICOLAU, 2001). De acordo com Saraiva (2004), a estratégia seria originada a partir do contexto, entendendo-se o contexto como o conjunto de variáveis composto pelo tempo, cultura organizacional, o ambiente e seu nível de estabilidade, atividades, estrutura e aparato tecnológico da organização e, ainda, sua liderança e sistema político interno. Mintzberg (1998) defende a criação artesanal da estratégia em oposição ao desenvolvimento racional e deliberado de planos e padrões de ações. O autor entende que a criação artesanal da estratégia é a imagem que melhor representa o processo de elaboração de uma estratégia eficaz. As estratégias podem combinar claramente a deliberação e controle com flexibilidade e aprendizagem organizacional. Neste ponto de vista, sentimento, comprometimento e experiência são considerados mais importantes do que a razão no processo de formulação da estratégia (ALVES; GONÇALVES; SANTOS, 2006). Para Mintzberg (1998), os planejadores clássicos, muitas vezes, desconhecem a sua própria organização e, por isso, tendem ao fracasso. Ao se depararem com essa afirmação, Alves, Gonçalves e Santos (2006) compreendem que o conceito mais básico da formulação estratégica está na conexão íntima entre pensamento e ação. Diante de diferentes perspectivas, nota-se a importância se compreender cada uma das formas de construção da estratégia, seja por planejamento, intuição, feeling, cognição e outros (ALVES; GONÇALVES; SANTOS, 2006). A formação de estratégias nas organizações depende, então, da corrente teórica de maior influência sobre os gestores e das peculiaridades do ambiente de negócios. A formulação e implementação de estratégia devem considerar aspectos internos e externos da 28 organização, buscando-se uma compatibilização entre esses dois conjuntos de elementos (MEIRELLES, 2003). 3.3 OS TRÊS NÍVEIS DE ESTRATÉGIA O envolvimento das pessoas em relação à estratégia sobre as forças competitivas poderá definir os rumos que a organização irá tomar no curto, no médio e no longo prazo. Em relação aos aspectos externos, o ambiente será o ponto de equilíbrio para a orientação estratégica que a organização irá assumir (ALVES; GONÇALVES; SANTOS, 2006). Segundo Wheelwright (1984) a estratégia somente pode ser analisada através de três perspectivas que se desdobram: a corporação, o negócio e a função. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), esses três níveis de estratégia formam uma hierarquia, devendo se ajustar mutuamente com o objetivo único de proporcionar vantagem competitiva para as organizações. Assim, para Wheelwright (1984), Slack, Chambers e Johnston (2009) e também para Tubino (2009), pode-se organizar a estratégia empresarial da seguinte maneira: estratégia corporativa; estratégia de negócios (competitiva); estratégia de operações (funcional). A estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a empresa deverá desenvolver suas atividades, e como ela deverá adquirir e priorizar os recursos corporativos para atender às solicitações de cada unidade de negócios. Assim, é a estratégia corporativa que faz com que os diversos negócios tenham o mesmo sentido, e obtenham resultados ainda superiores à mera soma dos resultados individuais (TUBINO, 2009). As unidades de negócios são subsistemas organizacionais com mercado, conjunto de concorrentes e missão diferentes de outros subsistemas organizacionais da empresa (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2009). Já a estratégia competitiva, também destacada por Tubino (2009), apresenta a base na qual os diferentes negócios da empresa irão competir no mercado, suas metas de desempenho e as estratégias que serão formuladas para as várias funções do negócio, para dar suporte ao ambiente competitivo e ao atingimento de tais metas. Uma estratégia de negócio tem diferentes características específicas. O processo de formulação da estratégia não resulta em qualquer ação imediata. Em vez disso, estabelece as 29 diretrizes gerais nas quais a posição da empresa poderá crescer e se desenvolver (ALDAY, 2002). Assim, a estratégia deve ser usada para gerar projetos estratégicos através de um processo de busca. O papel da estratégia, nessa busca, é primeiro o de focar a atenção em áreas definidas pela estratégia e, em segundo lugar, o de excluir as possibilidades que sejam incompatíveis com a estratégia (ALDAY, 2002). De acordo com Chopra e Meindl (2003), a estratégia competitiva define o conjunto de necessidades do consumidor que ela visa satisfazer através de seus produtos e serviços. Para colocar esta estratégia em prática é necessário que todas as funções desenvolvam sua própria estratégia, de forma que cada uma tenha seu papel. A escolha de determinada estratégia competitiva acaba definindo a alocação de recursos e as habilidades organizacionais necessárias para a produção dos bens e/ou serviços oferecidos ao mercado. Assim, determinada gama de custos produtivos é responsável por gerar um conjunto de benefícios para os clientes. A opção custo/benefício de uma empresa irá competir com as demais opções dos concorrentes no mercado (TUBINO, 2009). Martins e Laugeni (2006) ressaltam que, para ser competitiva, uma empresa deve ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e fornecedores de bens ou serviços dentro do mercado. Essa capacidade de competir varia ao longo do tempo, ao passo que é possível o mercado “expulsar” aquelas empresas que não conseguem manter seus atributos de competidor, ou seja, suas vantagens competitivas. Segundo Lustosa et al. (2008), para sustentar uma vantagem competitiva, as empresas devem escolher uma maneira de se diferenciar dos concorrentes. O desafio dos gerentes é, além de melhorar as operações de suas empresas para conseguir eficácia operacional, determinar como essa eficácia pode ser usada para obter uma vantagem competitiva sustentável. Para Slack, Chambers e Johnston (2009), a estratégia de operações, juntamente com a estratégia corporativa e a estratégia de negócios (competitiva) compõem uma hierarquia estratégica para a tomada de decisões. Trata-se do conjunto global de decisões e ações, que define o papel, os objetivos e as atividades operacionais de forma que estas apóiem e contribuam para a estratégia competitiva da organização. A estratégia de operações está relacionada com a maneira como o ambiente competitivo está mudando e com aquilo que a operação deve fazer a fim de atender desafios atuais e futuros. Está também relacionada com o desenvolvimento a longo prazo de seus 30 processos e recursos de operações de forma que eles possam fornecer a base para uma vantagem sustentável (SLACK; LEWIS, 2009). A estratégia competitiva e a estratégia de operações devem estar, portanto, em sintonia para formar uma estratégia global coordenada. As diferentes funções em uma empresa devem estruturar de maneira apropriada seus processos e recursos para que possam executar essas estratégias com sucesso (CHOPRA; MEINDL, 2003). Nome amplamente citado quando se trata de estratégia empresarial, Porter (1999) entende que esta consiste na criação de uma compatibilidade entre as diversas atividades da empresa. Para ele, o sucesso empresarial depende do bom desempenho de muitas atividades da organização e da integração entre elas. Porter (1999) também sugere que a excessiva preocupação com eficácia operacional pode desviar a atenção da estratégia. Sua análise será abordada adiante, na seção que trata da estratégia competitiva. 31 4 A ESTRATÉGIA COMPETITIVA De acordo com Ansoff (1977), "vantagem competitiva" é um dos cinco componentes de uma estratégia empresarial. Portanto, ele entendia a análise da concorrência como um elemento na formulação da estratégia da empresa. Uma grande quantidade de estudiosos ainda acompanha a visão deste respeitado autor. Porter (2004), ao considerar a concorrência como o aspecto fundamental da estratégia empresarial, rompeu com padrões do pensamento estratégico nos anos 1980. Segundo sua abordagem, o meio ambiente onde a empresa opera representa uma arena de competição, em que a empresa está sujeita às forças da concorrência e deve lidar com elas para sobreviver. Ele analisa os efeitos que a concorrência tem sobre as empresas e de que maneira estas podem enfrentá-la. 4.1. ANÁLISE ESTRUTURAL DA INDÚSTRIA Entre as mais conhecidas ferramentas para diagnosticar o conjunto de fatores que condicionam a competitividade de um negócio está “Análise Estrutural da Indústria”, criada por Porter (2004). Estes fatores, em conjunto, determinariam a lucratividade média das empresas de uma determinada indústria, os quais passaram a ser chamados de “as cinco forças competitivas” (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). Assim, Porter (2004) propõe seu método de análise, com o objetivo de desenvolver uma estratégia para a empresa. O método concentra-se na concorrência existente no mercado em que a empresa atua. A análise da concorrência de Porter (2004) é ampla, pois considera aspectos como a estrutura econômica e suas influências sobre o ramo de negócios. O principal método de análise de Porter (2004) é um modelo que representa a estrutura da concorrência existente num dado ramo de negócios através destas cinco forças competitivas: 1) Ameaça de entrada de novos concorrentes; 2) Ameaça de substitutos, ou seja, produtos ou serviços de outros ramos que possam substituir o produto ou serviço do ramo considerado; 3) Poder de negociação dos compradores; 4) Poder de negociação dos fornecedores; e 5) Rivalidade entre as empresas existentes. 32 Para Porter (1989), o poder conjunto exercido por estas cinco forças é determinante para a possibilidade das empresas obterem taxas de retorno sobre seus investimentos superiores ao custo do capital empregado. As cinco forças competitivas determinam a rentabilidade da indústria porque elas influenciam os preços, os custos e o investimento necessário. De acordo com esse autor, o vigor das cinco forças competitivas é uma função de estrutura industrial. Neste sentido, a partir do momento que a indústria se desenvolve, sua estrutura pode sofrer modificações, alterando também as forças da competitividade. Considerando que as cinco forças competitivas e seus determinantes estruturais são características da própria indústria, na visão de Porter (1989), a estratégia competitiva de cada empresa depende de uma melhor compreensão destas forças do que as empresas concorrentes. De acordo com Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005), esta compreensão representa a essência da estratégia competitiva e pode remodelar a estrutura da indústria. Segundo Porter (1989), as estratégias de sucesso são as que modificam o padrão da concorrência e redefinem a configuração estrutural da indústria. Para Porter (1989), a organização aumenta seu poder de competitividade quando consegue reunir as habilidades necessárias aumentar sua quantidade de clientes, obtendo lucro e sobrevivendo num ambiente em que outras empresas buscam estes mesmos objetivos. No âmbito organizacional, Porter (1989) argumenta que uma vantagem competitiva provém do valor que uma empresa consegue idealizar para os seus compradores e que sobrepõe o custo de fabricação. De acordo com este modelo, clientes, fornecedores, substitutos e potenciais entrantes, bem como os concorrentes propriamente ditos, todos exercem pressões sobre a empresa, as quais poderão ser de maior ou menor importância, de acordo com cada caso (MARIOTTO, 1991). Greenwald e Kahn (2006) compartilham da visão de Porter (2004) de que estas cinco forças são capazes de afetar o ambiente competitivo. No entanto, diferentemente de Porter (2004), entendem que uma das forças é necessariamente mais importante que as outras: as barreiras de entrada. Para os autores, há apenas duas possibilidades. Ou as empresas atuantes no mercado se protegem por barreiras de entrada (ou expansão) ou não. Isto teria influência fundamental nas preocupações estratégicas de qualquer empresa, pois a entrada de concorrentes pode afetar até a lucratividade de empresas reconhecidamente eficientes. Porém, a visão de Greenwald e Kahn (2006) não encontra ressonância em outras interpretações da análise estrutural de Porter (2004). Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) entendem que a importância das forças competitivas pode variar e determinará o grau de 33 atratividade das indústrias. Esta atratividade está relacionada com o potencial de obtenção de retornos adequados ou superiores ao capital investido, que poderá ser maior ou menor. 4.2 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS Considerando a noção de competição abordada por Porter (1989), sobre o objetivo comum dos concorrentes em ter um retorno maior sobre os investimentos, chega-se à conclusão de que para competir no mercado, é necessário desenvolver uma estratégia. Esta estratégia poderá possibilitar a criação e desenvolvimento da vantagem competitiva de um negócio (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). Porter (2004) entende que as empresas devem buscar um posicionamento adequado para obter vantagem competitiva sobre os concorrentes. De acordo com o autor, este posicionamento é obtido através de três estratégias competitivas, conhecidas como estratégias genéricas: liderança no custo total, diferenciação e enfoque. A primeira consiste em atingir o custo total mais baixo em um determinado ramo mediante um conjunto de políticas da empresa orientadas para essa finalidade. Uma posição de baixo custo poderá produzir para a empresa retornos acima da média em seu ramo de atividade, mesmo diante de intensas forças competitivas (MARIOTTO, 1991). A liderança em custos representa uma estratégia que exige instalações com organização/escala eficiente, reduções de custo pela experiência e um controle rigoroso sobre custos e despesas gerais. Baixo custo em relação aos demais se torna o foco estratégico, embora sem ignorar qualidade e assistência. Para Porter (2004), a segunda estratégia genérica compreende a diferenciação de um produto ou serviço, criando algo considerado único em todo o setor industrial. De acordo com Silva e Santos (2005), os métodos mais comuns para assumir essa estratégia são: projeto ou imagem da marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob encomenda, rede de fornecedores, ou outras dimensões. Já a terceira estratégia genérica, de acordo com Porter (2004), caracteriza-se pela centralização em um determinado grupo comprador, ou em um segmento da linha de produtos, ou em um mercado geográfico. Essa estratégia possui a premissa de atender a um alvo estratégico estreito de maneira mais efetiva ou mais eficiente, ao contrário da concorrência, que compete de forma mais ampla. 34 A execução de cada estratégia genérica requer diferentes recursos e virtudes, disposições organizacionais e estilo administrativo. No entanto, uma empresa raramente está ajustada para todos os três tipos de estratégias (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). Hoskisson et al. (2009), ao destacar o modelo de estratégias genéricas de Porter, indica a existência de cinco estratégias a serem escolhidas pelas empresas para estabelecer e defender sua posição desejada contra os rivais: liderança em custos, diferenciação, enfoque na liderança em custos, enfoque na diferenciação e integração de liderança em custos e diferenciação. De qualquer forma, ressalta Hoskisson et al. (2009), nenhuma das estratégias genéricas é inerente ou universalmente superior às demais. A eficácia de cada estratégia adotada depende das oportunidades e ameaças às quais está exposta e das possibilidades proporcionadas pelos recursos, capacidades e competências essenciais da empresa. Mintzberg et al. (2006), ao analisar a estrutura das estratégias genéricas de Porter (2004), introduz liderança de custo como forma de diferenciação. No seu entendimento, não importa apenas obter a liderança na redução de custos, mas sim usar esta liderança para cobrar menos que o concorrente e atrair compradores. Outro aspecto divergente de Porter (2004) se refere à adoção de dois tipos de estratégia para diferenciar o negócio da empresa. O primeiro conjunto apresentado por Mintzberg et al. (2006) é o de estratégias de diferenciação, que identifica o que uma empresa essencialmente possui de distinto e como ela é de fato percebida pelos clientes. Elas se dividem em estratégias de diferenciação de preço, de imagem, de suporte, de qualidade, de design e estratégia de não-diferenciação (comum). O segundo conjunto apresentado por Mintzberg et al. (2006) é o de estratégias de escopo, que se refere à extensão dos mercados para os quais eles são vendidos. Aqui estão as estratégias de não-segmentação, as estratégias de segmentação, estratégia de nicho (um único segmento) e as estratégias de personalização (para cada cliente). Em linhas gerais, verifica-se que o ponto de divergência no estudo das estratégias competitivas genéricas está muitas vezes na compreensão da relação entre redução de custos e diferenciação. Assim, objetivando facilitar este entendimento, os professores Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), ao revisitar os estudos de Porter (2004), inferiram que a diferenciação resulta da capacidade da empresa em realizar atividades diferentes e valiosas, porém com custos competitivos para reduzir a pressão sobre o preço que os consumidores pagam, tornando-os acessíveis aos seus clientes-alvo. 35 4.3 AMBIENTE COMPETITIVO E INDÚSTRIA AVÍCOLA BRASILEIRA Uma rápida investigação sobre as características da indústria avícola brasileira já permite que se identifique a empresa BR Foods como líder na produção/abate de frangos (REVISTA DO AVISITE, 2011). Segundo Wilkinson (1993), a posição alcançada por empresas do segmento avícola resulta de um processo que foi auxiliado por longa experiência acumulada na área de suínos. Logo de início, a produção do setor se concentrou nos estados do sul, com o surgimento de várias empresas. De acordo com Brandão e Olivo (2006), a reorganização do complexo de carnes no Brasil, possibilitou uma melhor organização do sistema de integração, já abordado nesta pesquisa, permitindo que as empresas planejassem suas atividades e que o Brasil se transformasse em referência em exportação de carne de frango. De acordo com Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005), a preocupação com a qualidade foi, desde cedo, uma característica marcante do setor, principalmente pelo fato de que o aumento da participação nos mercados externos ocorreu quase que simultaneamente à conquista do mercado doméstico, determinando que as maiores empresas brasileiras seguissem padrões internacionais de competitividade. Porém, como destaca Wilkinson (1993), mesmo que o mercado externo seja fundamental para as estratégias das empresas líderes, objetivando assegurar níveis internacionais de produtividade e qualidade, o crescimento da cadeia tem seu elemento central no dinamismo do mercado doméstico. Assim como os demais segmentos que atuam no mercado de alimentos, a indústria avícola se deparou com uma crescente modificação nos hábitos alimentares. Conforme apontam Brandão e Olivo (2006), nos anos 60 e 70, o frango, normalmente, era comprado vivo e os moradores das áreas urbanas podiam comprar o frango inteiro já abatido. Ainda segundo estes autores, a partir de meados da década de 70, já havia disponibilidade de frango inteiro e cortes. Com base neste aspecto, Wilkinson (1993) argumenta que nos anos de 1980 a indústria de abate de frango vivenciou uma importante mudança na sua composição e que se configurou no aumento da participação de cortes especiais em relação ao frango inteiro, especialmente com as primeiras exportações de cortes especiais para o Japão. De acordo com Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005), as estratégias das empresas líderes voltaram-se para a segmentação e sofisticação do mercado, procurando estar alinhadas com as modificações nos mercados de seus produtos. Brandão e Olivo (2006) indicam que nos anos 90, houve o crescimento dos cortes especiais e começaram a surgir os produtos 36 industrializados a base de carne de frango. A Figura 1 apresenta as mudanças dos hábitos de consumo de carne de frango no Brasil. FIGURA 1 – MUDANÇAS DOS HÁBITOS DE CONSUMO DE CARNE DE FRANGO NO BRASIL 1960/1970 Frango Vivo Inteiro 1970/1990 Inteiro Cortes 1990 em diante Inteiro Cortes Industrializados Fonte: OLIVO (2006) Não se pode deixar de dar atenção ao grau de concentração do mercado quando se busca caracterizar o ambiente competitivo da indústria avícola. Neste mercado, os níveis de concentração industrial são altos, tanto em quantidade de empresas que compõem este mercado como em distribuição espacial da produção (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). De acordo com dados de 2010 da Revista do Avisite (2011), BR Foods, Marfrig, Frangosul, Diplomata e Aurora, empresas líderes do setor, concentraram quase de 50% da produção brasileira de carne de frango. Se considerarmos o volume de cabeças abatidas anualmente, a concentração nestas cinco empresas passa de 70%, conforme dados de 2011 do mesmo portal. Em termos espaciais, a UBABEF (2011) mostra que os três estados do Sul são responsáveis por mais de 60% da produção nacional e mais de 70 % das exportações. Rizzi (1993) observou que o grau de concentração se intensificou década de 1980, devido às mudanças estruturais e tecnológicas que ocorreram no setor, principalmente associadas às estratégias de acumulação e expansão do mercado das maiores empresas, configuradas pela combinação da ampliação do tamanho de suas plantas com a incorporação de novas tecnologias de processos. No entanto, é fundamental destacar que embora concentrado, conforme apontam Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005), o mercado de carne de frango envolve também pequenas e médias empresas que se dedicam principalmente ao atendimento de mercados regionais e 37 que apresentam diferentes padrões tecnológicos e organizacionais, mas que de forma mais ampla disputam o mesmo mercado em que estão as maiores empresas. Nota-se, portanto, a existência de diferentes grupos estratégicos na mesma indústria. Os grupos estratégicos são organizações dentro de um segmento ou setor com características estratégicas similares, que lançam mão de estratégias semelhantes ou concorrem com bases semelhantes (JOHNSON; SCHOLES; WHITTINGTON, 2007). Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005) salientam que o grau de competição do setor aumentou, com uma melhor distribuição da produção no país e passou a requerer, por parte das empresas líderes, a capacidade de ampliação dos seus espaços e sugere que isto tem sido obtido através da incorporação de novas atividades, que aproveitam o aprendizado adquirido e as sinergias dele decorrentes. Apontam também que, acompanhando o que já fora indicado por Sifferet Filho e Faveret Filho (1998), as ações de marketing das principais empresas estão fortemente vinculadas a estratégia de diferenciação de produtos, procurando alcançar os consumidores que valorizam atributos específicos dos produtos tais como praticidade no preparo e menor nível de gordura. De forma geral, o ambiente competitivo da indústria de abate de aves é influenciado por fatores relacionados à distribuição de renda, conforme já indicado por Wilkinson (1993), que afeta a demanda por frangos inteiros, cortes e produtos industrializados e consequentemente as posições das empresas em cada nicho de mercado. Em ampla escala, pode-se citar também a safra de grãos, os fatores relacionados à saúde animal/barreiras sanitárias, a estabilidade econômica e o reflexo na volatilidade dos preços que também afetam a estrutura concorrencial. No ambiente interno das empresas, aspectos relacionados à base tecnológica e canais de comercialização também influenciam a construção deste cenário competitivo. As características deste cenário implicam na necessidade de se combinar aspectos relacionados às competências produtivas da empresa (estratégia de operações) com suas competências mercadológicas (estratégias genéricas) (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). 4.4 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS NA INDÚSTRIA AVÍCOLA BRASILEIRA Pode-se observar, na indústria avícola brasileira, a existência de empresas que apresentam diferentes estratégias competitivas. Tais diferenças estão relacionadas a fatores como dimensão de mercado, tipos de produtos ofertados, canais de distribuição utilizados, 38 intensidade de tecnologia utilizada no processo produtivo e política de marca (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). Algumas empresas atendem a mercados geográficos mais amplos, oferecendo uma linha de produtos mais extensa, composta por produtos simples e sofisticados, distribuindo seus produtos através de grandes redes supermercadistas e realizando elevados gastos com publicidade para fortalecer a imagem da marca. Já outras empresas atuam em mercados geográficos mais restritos (regionalizados), com uma linha de produtos restrita, composta por produtos de menor valor agregado, e gastam pouco com publicidade (CARVALHO JÚNIOR, 1997). As maiores empresas, buscando agregar valor aos seus produtos e realizar a diferenciação por produto, passaram a produzir industrializados como salsichas, hambúrgueres, presunto, salames, etc. Este processo, nas empresas de maior porte, foi realizado primeiramente mediante a produção de cortes simples com osso, cortes especiais e, posteriormente, com a elaboração de produtos industrializados. Já nas pequenas e médias empresas do setor, a diferenciação de produto foi efetivada por meio de cortes simples de frango (CARVALHO JUNIOR, 1997). A diferenciação de produtos relacionada acima ocorre, segundo GUIMARÃES (1982), quando uma empresa introduz, em sua linha de produtos, uma nova mercadoria, que é uma substituta próxima de alguma outra previamente produzida pela firma e que, portanto, será vendida no mesmo mercado em que a empresa atua. A estratégia de diferenciação de produto vem sendo utilizada de forma progressiva pelas grandes empresas do setor como proteção contra as oscilações no mercado de commodities e na busca de maior rentabilidade. O desenvolvimento tecnológico, observado nas diferentes etapas da cadeia produtiva, foi de grande importância para a geração de novos produtos (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). A diferenciação de produtos na indústria avícola deu-se por meio do lançamento de produtos mais elaborados, associado a maiores gastos em publicidade. No entanto, para os produtos mais simples (frango inteiro e cortes de frango), a imagem da marca não foi suficiente para impedir a alta competição entre as firmas da indústria, especialmente via preço (CARVALHO JÚNIOR, 1997). Um ponto interessante quando se trata de diferenciação é a sua relação com a redução de custos. De acordo com Porter (2004), atingir a diferenciação implica em trade-off com a posição de custo, caso as atividades necessárias para criá-la são inerentemente dispendiosas, como pesquisa e projeto do produto, materiais de alta qualidade, ou apoio intenso ao 39 consumidor. No entanto, Matias, Meirelles e Caldeira (2002) esclarecem que em alguns tipos de negócios a diferenciação pode ser compatível com custos relativamente baixos e com preços comparáveis aos da concorrência. Em relação à estratégia de minimização de custos, as empresas do setor têm adotado medidas baseadas em economias de escala e tecnologia de produção, como fontes de redução de custos. Desta maneira, as grandes empresas do setor têm realizado elevados investimentos em ampliação e modernização das linhas de produção já existentes, construção de novas e amplas unidades produtivas, realizando grandes aquisições e fortalecendo o sistema de integração avícola (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). Como observa Carvalho Junior (1997), a presença, na mesma indústria, de concorrentes divergentes, no que se refere às suas estratégias e suas origens, é refletida na existência de mais de um grupo estratégico no setor. Ao estudarmos os trabalhos de Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005) e de Matias, Meirelles e Caldeira (2002) entendemos que, no caso das indústrias avícolas, as empresas líderes compõem um grupo estratégico e as empresas de menor porte compõem outro grupo. Carvalho Junior (1997) afirma que as empresas que compõem o mesmo grupo estratégico adotam estratégias semelhantes, ao passo que as firmas pertencentes a diferentes grupos competem com estratégias divergentes. Considerando que as empresas de menor porte competem com as maiores apenas no segmento de produtos mais simples, de menor valor agregado, pode-se concluir que é neste segmento que se dariam as maiores dificuldades em decifrar os detalhes da competição, dadas as diferentes estratégias praticadas pelos dois grupos estratégicos (CARVALHO JÚNIOR, 1997). No que se refere aos consumidores e clientes, a indústria avícola se depara com uma diversidade de comportamentos, desde aqueles consumidores com decisão de consumo baseada quase que exclusivamente na questão do preço, como consumidores sofisticados que procuram produtos de maior valor agregado. Isto influencia a definição dos alvos ou focos estratégicos pelas indústrias, que optam por distribuir seus produtos por grandes redes ou pequenos mercados (BEGNIS; ESTIVALETE; PEDROZO, 2005). A internacionalização das atividades é uma estratégia adotada pelas maiores empresas do setor avícola brasileiro e constitui uma importante política de ampliação das mesmas. Segundo CARVALHO JÚNIOR (1997), com a internacionalização das atividades as empresas buscam diminuir a dependência do mercado interno, aproveitar economias de escala, reduzir a capacidade ociosa, desenvolver seus potenciais de crescimento e aproveitar incentivos fiscais. 40 Outra estratégia e a de cooperação, que tem sido utilizada pelas grandes empresas do setor para diminuir custos relacionados à distribuição dos produtos, tanto para o mercado interno, quanto para o externo (MATIAS; MEIRELLES; CALDEIRA, 2002). Em pesquisa relacionada à indústria avícola brasileira, GRASEL (1999) analisou a relação entre os investimentos em expansão e o padrão de competição da indústria. O autor chegou à conclusão de que os programas de expansão destas empresas estão diretamente relacionados com suas estratégias competitivas. A adaptação da empresa ao padrão de competição da indústria objetiva melhorar seu desempenho financeiro no longo prazo. Conforme a pesquisa de Begnis, Estivalete e Pedrozo (2005), no setor avícola, os atacadistas não representam um elemento de poder dentro da cadeia produtiva já que, em geral, a comercialização de carne de frango apresenta baixo grau de intermediação. Porém, isto não ocorre em relação aos supermercados, que exercem forte poder de barganha em relação à agroindústria de abate. Embora as estratégias variem entre as organizações, é importante buscar um “alinhamento sustentável” entre os requisitos de mercado e os recursos de operações, para que sejam desenvolvidas competências a longo prazo suficientemente poderosas para conseguir uma vantagem competitiva sustentável (SLACK; LEWIS, 2009). Para compreender como o gerenciamento de recursos pode contribuir para o sucesso de uma estratégia empresarial, apresentaremos a seguir a visão baseada em recursos (VBR), uma significativa abordagem alternativa à escola de posicionamento de Porter, que trata da utilização de recursos como fonte de vantagem competitiva. 41 5 A VISÃO BASEADA EM RECURSOS (VBR) 5.1 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DA VBR Novas estratégias são frequentemente formadas nas organizações, com prioridades a serem assumidas na busca por objetivos determinados. Estas estratégias são formadas ao longo de processos complexos à procura de um plano de ação que permita desenvolver e ajustar vantagens competitivas. São influenciadas não apenas por dinâmicas políticas, culturais e cognitivas, relacionadas à organização e seus membros, mas, principalmente, pela relação com seus agentes externos e seu ambiente de operação, ou seja, a busca pelo reconhecimento do que é a empresa e de quais recursos ela dispõe (HENDERSON, 1989). A teoria da estratégia tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores interessados na busca por explicações para o sucesso das empresas. Apesar da grande produção científica nesse campo, persiste o debate acerca daqueles itens que poderiam ser apontados como os direcionadores estratégicos pelo desempenho das empresas (KALLING, 2002). Durante as décadas de 80 e 90, uma visão alternativa à escola estratégica de posicionamento passou a ser desenvolvida no meio acadêmico norte-americano. Esta visão passou a considerar as competências, as capacidades e habilidades, os chamados “recursos internos”, como sendo a base do conhecimento organizacional, responsável por diferenciar uma empresa das outras (PIGNARELLI, 2008). Pela escola de posicionamento, a empresa deveria analisar as forças presentes no ambiente e então projetar uma estratégia que alinhe a empresa ao ambiente, adaptando seus recursos internos ou adquirindo-os externamente. Já na chamada visão baseada em recursos (VBR), o desempenho de uma empresa pode ser o resultado das capacidades (ou competências) essenciais inerentes nos seus recursos (SLACK; LEWIS, 2009). A visão baseada em recursos tem sua fundamentação na teoria econômica neoclássica, apoiada nos pressupostos do “empreendedorismo” de Schumpeter (2002), do “crescimento da firma” de Penrose (1959) e da “hierarquia de rotinas” de Nelson e Winter (1982). Schumpeter (2002) introduziu sua famigerada noção de destruição criativa como o motor que mantém o capitalismo em movimento e quem move este motor é o empreendedor, agente de mudanças econômicas e tecnológicas. O empreendedor não é necessariamente quem investe o capital inicial ou inventa o novo produto, mas a pessoa com idéia do negócio (UBEDA, 2006). 42 Outro trabalho considerado como de grande influência sobre os fundamentos da visão baseada em recursos é o de Penrose (1959), que contribuiu com a formulação de importantes conceitos, tais como: i) uma firma pode ser vista como uma coleção de recursos; ii) o caminho de crescimento de uma determinada firma pode ser otimizado, requerendo a combinação de recursos internos e externos à firma, numa seqüência particular; iii) o processo e crescimento de uma firma dependem de suas características de gestão, da experiência adquirida e da capacidade de aprendizado (RUGMAN; VERBEKE, 2002). De acordo com Penrose (1959), a empresa representa um conjunto de recursos cuja utilização é organizada por um quadro de referência administrativo. De certa forma, os produtos finais da firma representam oportunidades para a empresa utilizar seu conjunto de recursos para desenvolver suas potencialidades básicas. As empresas diversificam seus produtos porque transformam as imperfeições de mercado em vantagens. Segundo Nelson e Winter (1982), as organizações são compostas de hierarquias de rotinas, desde a mais básica no chão de fábrica até aquelas usadas pelos gerentes no controle de outras atividades. Para Grant (1991), as rotinas organizacionais são conjuntos de atividades padrões que representam uma seqüência de ações coordenadas de pessoas. O conceito de rotinas organizacionais oferece uma interface importante entre o relacionamento de recursos, competências e vantagem competitiva. Conforme aponta Wernerfelt (1984), a estratégia para uma grande empresa envolve o equilíbrio entre a exploração dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos recursos. A Teoria da Visão Baseada em Recursos (do inglês Resourse-Based View) procura entender a base de uma condição competitiva superior e sustentável, fundamentada nos recursos que uma empresa dispõe. As competências organizacionais são consideradas recursos, bem como as habilidades coletivas da organização e a sua cultura. A Visão Baseada em Recursos procura explicar a superioridade no desempenho das organizações, e as estratégias que permitem alcançá-la, mediante utilização dos seus recursos e capacidades essenciais (BARNEY, 1991). A distinção da Visão Baseada em Recursos, em relação à discussão de posicionamento, é justamente por voltar seu foco de análise para dentro da empresa, de forma a investigar as forças e as fraquezas de seu “posicionamento em recursos” (BURLAMAQUI; PROENÇA, 2003). Assim, na Visão Baseada em Recursos, a vantagem competitiva se constrói pela capacidade das organizações em estabelecer não apenas uma posição no mercado, mas também uma posição adequada em recursos, sendo que esta última representa a essência da 43 vantagem competitiva sustentável, desde que consiga desenvolver ao longo do tempo uma vantagem inimitável ou de difícil imitação (CARDOSO; CAMEIRA; PROENÇA, 2001). A Visão Baseada em Recursos coloca os recursos estratégicos possuídos pela empresa como os principais determinantes da diferença entre o desempenho de empresas do mesmo setor. Recursos correspondem a todos os ativos, atributos, processos organizacionais, conhecimento, informação, competências etc., controlados pela empresa, que possibilitem a criação e implementação de estratégias que aumentem sua eficiência e eficácia. Esses recursos estão classificados em três diferentes categorias: capital físico, capital humano e capital organizacional (BARNEY, 1991). . A visão baseada em recursos apóia-se em duas premissas (GRANT, 1991): 1. Recursos e capacidades internas abastecem o direcionamento estratégico da empresa; 2. Recursos e capacidades representam a fonte primária de lucro da empresa. Entre os vários defensores da abordagem baseada em recursos, Fleury e Fleury (2003), Wernerfelt (1995) e Hamel e Prahalad (1995) entendem que a definição das estratégias competitivas deve partir de uma perfeita compreensão das possibilidades estratégicas passíveis de serem operacionalizadas e sustentadas pelos recursos estratégicos existentes. Recursos tangíveis (financeiros e técnicos, por exemplo) interligados com os recursos intangíveis (conhecimento, liderança, aprendizado organizacional, por exemplo) representam fontes de inovação que podem construir vantagem competitiva sustentável. Portanto, o intenso e profundo processo de reestruturação das empresas e seus negócios exige maior foco nos recursos que servem como fonte de vantagem competitiva para realizar seus objetivos (FLEURY; FLEURY, 2003). 5.2 A VISÃO BASEADA EM RECURSOS E COMPETITIVIDADE Segundo Barney (1991) na visão baseada no mercado as firmas buscavam vantagem competitiva através da implementação de estratégias que exploravam suas forças internas para aproveitar oportunidades no mercado enquanto neutralizavam ameaças e evitavam suas fraquezas internas. Para ele, um entendimento completo das fontes de vantagem competitiva também exige a análise das forças e franquezas internas de uma empresa. Porter (1989) desenvolveu o conceito da cadeia de valores para analisar processos de produção e entrega de serviços. De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), a análise da cadeia de valores permite que a empresa entenda as partes de suas operações que criam e as que não criam valor. Trata-se de um modelo que as empresas utilizam para entender sua 44 posição de custo e identificar os meios que poderiam ser utilizados para facilitar a implantação de uma estratégia no nível de negócios escolhido (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008). A Figura 2 apresenta a cadeia de valores genérica, segmentada em atividades primárias e atividades de apoio: FIGURA 2 - A CADEIRA DE VALORES GENÉRICA Fonte: PORTER (1989) Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) indicam que as atividades primárias são a logística interna, operações, logística externa, marketing e vendas e serviço. Elas estão ligadas à criação física de um produto, à sua venda e distribuição para os compradores e à sua assistência técnica após a venda (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008). Já as atividades de apoio ou de suporte, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), são a infraestrutura da empresa, gerência de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e aquisição (compras). Elas dão a assistência necessária para que as atividades primárias sejam executadas (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008). Em linhas gerais, a análise da cadeia de valores pode ser utilizada para identificar e avaliar o potencial competitivo dos recursos e das capacitações (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008). Esta função da análise da cadeia de valores remete aos estudos de Gagnon (1999), para o qual a VBR consistiria na análise das capacitações que a empresa teria e escolher as capacitações centrais com base em seu potencial de geração de retorno. De acordo com Carvalho (2005), essas capacitações seriam então testadas no mercado de forma a verificar se 45 elas seriam fontes de vantagem competitiva sustentável e, finalmente, seriam desenvolvidas estratégias para desenvolver essas capacitações e para diversificar negócios com base nestas capacitações. De acordo com Barney (1991), a VBR diferiria de modelos como o das cinco forças de Porter (2004), pois para ele a análise do ambiente competitivo não seria suficiente para explicar o sucesso das empresas. Atributos internos, então chamados de recursos e capacidades, deveriam ser analisados e integrados com a análise ambiental. Além disso, Barney (1999) introduziu ainda as condições para verificar se os recursos à disposição da empresa seriam fontes de vantagem competitiva sustentável. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) caracterizaram os recursos da seguinte forma: Valiosos, ou seja, capazes de explorar oportunidades e/ou neutralizar ameaças no ambiente externo; raros, que poucos concorrentes têm; custosos de imitar, já que outras empresas não podem criar com facilidade; insubstituíveis, o que não possuem equivalentes estratégicos. Para Mathews (2002), os recursos da firma podem ser entendidos como sendo a unidade fundamental de geração de valor. Tais recursos não existem de maneira independente, mas dentro do contexto de uma firma, utilizados isoladamente ou de forma conjugada para criar vantagens competitivas sustentáveis que levem a firma a alcançar resultados superiores para seus acionistas (BASSO; LOUREIRO; KIMURA, 2006). A verificação do efetivo agregado de valor aos acionistas deve, dessa forma, estar ligado a alguma medida, que permita estabelecer uma avaliação sobre o desempenho da empresa. Tendo em vista que a Visão Baseada em Recursos estabelece ligação entre recursos e diferencial competitivo, é importante avaliar não somente os aspectos relacionados com os recursos, como a raridade, mas também os aspectos associados com o desempenho e sustentabilidade da empresa (BASSO; LOUREIRO; KIMURA, 2006). Conforme Acquaah (2003) destaca, nos estudos envolvendo a Visão Baseada em Recursos, há uma preferência pela utilização de indicadores de desempenho padronizados, tais como retorno sobre investimento, retorno sobre ativos e fluxo de caixa líquido. Marr, Schiuma e Neely (2004) entendem que pela Visão Baseada em Recursos é extremamente importante desenvolver as capacidades para executar as estratégias na sua 46 totalidade. A vantagem competitiva de longo prazo somente será conseguida através do gerenciamento dos ativos do conhecimento que incluem: − Relacionamento com todos os “stakeholders”: inclui relacionamentos financeiros, os clientes, canais de distribuição etc. − Recursos humanos: conhecimentos, competências, fidelidade, “know-how”, criatividade, comprometimento, motivação etc. − Infraestrutura física: máquinas e equipamentos, prédios e edifícios, estrutura do layout, tecnologia de informação etc. − Cultura: comportamento, cultura da corporação, valores organizacionais, relacionamento entre gerentes e funcionários etc. − Práticas e rotinas: procedimentos informais, práticas internas, regras táticas, e estilo gerencial. − Propriedade intelectual: a soma dos ativos do conhecimento como marcas, patentes, direitos autorais, e segredos industriais garantidos por lei. Para Fleury e Fleury (2003), as empresas com pessoas, estruturas e sistemas superiores são mais lucrativas não porque investem em barreiras de entrada ou em produtos diferenciados, mas porque utilizam, estrategicamente, as capacidades especificas da empresa. Nesta visão “de dentro para fora” os recursos da empresa são transformados em competências e capacitações que criam e exploram lucrativamente um potencial de diferenciação latente nos mercados, através de um processo sistemático de aprendizagem e inovação (GREVE; SALLES, 2006). Outros pesquisadores como Zawislak (2004) argumentam que, embora as empresas possuam conhecimento tecnológico e tenham poder de decisão sobre o que fazer para influenciar o mercado, ainda existiriam certas dúvidas sobre quando e em que dimensão as decisões baseadas em competências, são verdadeiramente capazes de gerar um impacto significativo no mercado. De todo modo, Barney (1991) indica que a Visão Baseada em Recursos deve ser vista, na realidade, como complementar aos modelos ambientais de ameaças e oportunidades, pois uma das condições para que o recurso representasse uma fonte de vantagem competitiva seria a de que fosse capaz de explorar oportunidades e/ou neutralizar ameaças do ambiente. Esta complementaridade entre as duas visões (ambiental, ou de mercado e de recursos) é apresentada por Slack e Lewis (2009). De acordo com eles, a estratégia de operações deveria buscar a conciliação entre os requisitos de mercado e os recursos de operações, que poderiam 47 ser chamadas, respectivamente, de visão top-down (de cima para baixo) e bottom-up (de baixo para cima). A visão do mercado seria top-down, pois nesta visão as diretrizes e objetivos estratégicos que a empresa deveria buscar partiriam do topo da organização, refletindo o que todo o negócio ou grupo quer fazer e, segundo Hill (1989) o topo da empresa geralmente está olhando para fora, para o mercado. Já a visão bottom-up seria a da VBR, por que levaria em consideração que importantes contribuições para a estratégia poderiam partir da base da empresa, onde realmente estão os seus recursos. Em resumo, de acordo com a visão baseada em recursos, o principal objetivo da estratégia, inclusive a estratégia de operações, seria desenvolver e alavancar recursos de forma a criar novos qualificadores e ganhadores de pedidos, ou seja, as chamadas prioridades competitivas, que serão vistas mais adiante. Assim, Gagnon (1999) propôs que seria possível que a estratégia de operações tivesse um caráter emergente, com as contribuições vindo também de onde ocorre a ação, exatamente como Slack e Lewis (2009) ressaltaram. 48 6 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 6.1 CONCEITO DE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Na literatura sobre Estratégia de operações, é possível notar que o tema é abordado com diferentes expressões, como “estratégia de manufatura”, evoluindo para “estratégia de produção”, e atualmente para “estratégia de operações” (CERRA et al., 2009). Autores como Silva e Fernandes (2009) e Slack, Chambers e Johnston (2009) indicam que o conceito de estratégia de operações consiste na extensão do conceito estratégia de manufatura, para que as idéias aplicadas à gestão da manufatura pudessem ser também contemplar aplicações a diferentes setores econômicos (inclusive serviços). Hayes et al. (2008) entendem que a estratégia de operações corresponde a um conjunto de objetivos, políticas e restrições auto-impostas que, em conjunto, descrevem como a organização se propõe a dirigir e desenvolver todos os recursos investidos nas operações, de maneira a executar melhor (e possivelmente redefinir) sua missão. Para Estivalete et al. (2010), a estratégia de operações não deve ser vista como não integrada às estratégias competitivas gerais das organizações. Nesta linha de pensamento, Wheelwright (1984) procurou estabelecer um elo entre a estratégia de negócio e a chamada estratégia de produção. Para esse autor, a estratégia de produção é uma seqüência de decisões tomadas ao longo do tempo que permitirá à unidade de negócio atingir uma vantagem competitiva desejada. Para atingir este objetivo, a estratégia de operações procura formar um padrão coerente de decisões e organizar os recursos da produção para que estes possam se transformar num conjunto adequado de características de desempenho que possibilite à organização competir no mercado de forma eficaz (ESTIVALETE et al., 2010). Barros Neto e Fensterseifer (1998), ao desenvolverem um trabalho sobre estratégia de operações no âmbito da construção de edificações, indicaram que este padrão de decisões deve ser coerente com a estratégia competitiva da empresa e com as outras funções que a compõe (marketing, finanças, recursos humanos, etc.). Através destas definições é possível deduzir os principais componentes da estratégia de operações. Partindo da premissa de que toda estratégia de operações objetiva aprimorar a competitividade da empresa, o primeiro elemento da estratégia está no que se pode chamar de plano conceitual, onde são estabelecidos objetivos diretamente relacionados às características dos produtos que o sistema de produção fornece ao mercado (SILVA; FERNANDES, 2009). 49 A partir das diferentes compreensões sobre estratégia de operações, pode-se identificar duas orientações estratégicas distintas e complementares. De acordo com Oliveira (2001), quando os autores comentam sobre objetivos e políticas, direcionamento de investimentos e execução da missão, estes se referem ao planejamento estratégico – um processo formal e topdown que abrange os níveis estratégico, tático e operacional. No entanto, quando tratam de restrições auto-impostas e redefinição de missão, estas se referem às competências estudadas pela visão baseada em recursos, interpretadas por Barney (1991), conforme foi estudado anteriormente. Uma distinção importante na discussão sobre estratégia de operações é aquela entre conteúdo e processo. O conteúdo da estratégia de produção envolve decisões e ações tomadas automaticamente ou deliberadamente que definem o papel, os objetivos e as atividades de produção. O processo é como as estratégias de operações são (ou podem ser) formuladas (SLACK; LEWIS, 2009). É atribuída a Skinner (1969) a elaboração dos primeiros conceitos sobre estratégia de operações. Para o autor, a relação entre a estratégia da empresa e a manufatura não era facilmente compreendida, embora a política de produção precisasse ser ajustada para atender as necessidades definidas no nível estratégico. Ele afirmou que a conexão entre a função manufatura e o êxito nos negócios é bastante sensível, embora isto não fosse notado pela maior parte dos gerentes, que simplesmente relacionava uma boa operação de manufatura a baixos custos e alta produtividade. De acordo com Skinner (1969), a visão estreita acerca do assunto, fazia com que os gerentes deixassem as decisões de manufatura com engenheiros e especialistas que não conheciam a estratégia da empresa. Isto limitava a posição competitiva da empresa, em virtude deste desalinhamento. Indo mais adiante, Wheelwright (1978) observou que mesmo que as empresas reconhecessem os problemas observados por Skinner (1969), elas enfrentariam grandes desafios ao estabelecer procedimentos que poderiam garantir o alinhamento das decisões em operações com a estratégia da empresa. Observou também que, mesmo quando consideradas importantes estrategicamente, as decisões em operações não reforçavam as decisões estratégicas, apesar de fazerem sentido quando tomadas individualmente. Como citado por Skinner (1969), isto seria causado pela existência de trade-offs entre os objetivos, que não eram considerados devidamente. Após suas observações iniciais, Skinner (1969) deu os primeiros passos para a visão de mercado em estratégia de operações, indicando a necessidade de se compreender o elo 50 entre a estratégia competitiva e as operações. Apontou que a estratégia competitiva colocaria determinados requisitos sobre as operações, que deveriam ser organizadas diante do que fosse exigido. De acordo com Skinner (1969), só assim as operações poderiam contribuir para a empresa atingir os objetivos de sobrevivência, lucro e crescimento. Outro conceito introduzido por Skinner (1974) foi o de fábrica focada. O autor observou que as fábricas que focavam um mix de produtos restrito para um determinado nicho de mercado tinham um desempenho superior àquelas que tentavam fazer tudo para todos, pois nas fábricas mais focadas os equipamentos, sistemas de suporte e procedimentos eram mais concentrados, permitindo que seus custos fossem mais baixos. Assim, para Skinner (1974), a fábrica focada seria uma arma competitiva, já que toda a sua estrutura estaria focada para o desempenho da tarefa de operações determinada pela estratégia competitiva e pelo objetivo de marketing da empresa. No entanto, o autor verificou que a grande maioria das fábricas ainda produzia diversos produtos para diversos segmentos de clientes. Para estas empresas, Skinner (1974) propôs que estas segregassem as operações de cada produto, o que significaria criar plantas dentro de plantas, solucionando o problema da falta de foco nas indústrias de então. 6.2 RELAÇÕES ENTRE OPERAÇÕES E MARKETING Hayes e Wheelwright (1979a, b) deram continuidade aos conceitos propostos por Skinner (1969), ao relacionar o tipo de processo produtivo com o tipo de produto que a empresa comercializa. Hayes e Wheelwright (1979a, b) partiram de uma crítica ao modelo de ciclo de vida do produto, por considerá-lo simplista ao considerar apenas aspectos relacionados ao marketing, indicando que aspectos dos ambientes de negócios e industrial evoluíam de acordo com o ciclo de vida do produto no mercado. Hayes e Wheelwright (1979a, b) propuseram então o ciclo de vida do processo como forma de analisar as opções estratégicas disponíveis para a empresa, principalmente aquelas que se relacionavam com as suas operações. Os autores argumentavam que, assim como os produtos (e os mercados) passam por diversas fases em seu ciclo de vida, os processos também evoluiriam, passando por um ciclo de vida genérico que começa de uma forma bastante fluida e flexível, mas de custo elevado – e iriam evoluindo, com um aumento no grau de padronização, mecanização e automação. O último estágio do ciclo de vida dos processos seria um processo sistêmico, que seria altamente eficiente em custos, porém muito menos flexível que o processo fluido do início. 51 Em seguida foi introduzida a matriz produto-processo, que correlaciona o ciclo de vida dos produtos (produto altamente customizado, produção de baixos volumes de vários produtos, produção de volumes mais altos de poucos grandes produtos e commodity) com o ciclo de vida dos processos produtivos (job shop, produção em batelada, linha de montagem e processo contínuo) (CARVALHO, 2005). Durante o início do seu ciclo de vida, um produto geralmente é oferecido em uma variedade de configurações, normalmente em volumes pequenos. Entretanto, à medida que se torna maduro, ele evolui através de um número menor de grandes volumes, com produtos mais padronizados. A matriz-produto processo, apresentada na Figura 3, permite visualizar a trajetória da empresa, frente à dinâmica do mercado (HAYES et al., 2008). FIGURA 3 – MATRIZ PRODUTO-PROCESSO Fonte: Hayes et al. (2008) 52 Na matriz produto-processo, a linha que vai do quadrante superior esquerdo até o quadrante inferior direito representaria a linha mais eficiente, pois é onde existe ajuste entre os estágios no qual o produto e o processo se encontram. Já o canto superior direito e o canto inferior esquerdo não teriam representantes, pois não seria econômico uma commodity produzida em um job shop (primeiro caso), nem seria possível um produto altamente customizado produzido em regime contínuo, dado o alto grau de inflexibilidade e especificidade deste tipo de processo (CARVALHO, 2005). Segundo Hayes et al. (2008), a matriz produto-processo permite identificar oportunidades e armadilhas que uma empresa possa encontrar ao tentar se ajustar a previsíveis mudanças de mercado. Hill (1989), por sua vez, ao promover a relação entre as operações e o marketing, indicou que as operações poderiam apoiar as diversas maneiras pelas quais os produtos poderiam ser mais comercializados, para fazer face aos objetivos estratégicos da organização. Sua metodologia pode ser resumida através do Quadro 1. QUADRO 1 – METODOLOGIA DE HILL Passo 1 Objetivos da corporação Crescimento Lucro Retorno sobre investimento Outro indicador “financeiro” Passo 2 Estratégia de marketing Mercados e segmentos do produto/serviço Variedade Mix Volumes Padronização ou personalização Inovação Líder ou seguidor Passo 3 Como os produtos e serviços ganham pedidos? Preço Qualidade Velocidade de entrega Passo 4 Passo 5 Estratégia de operações Escolha do processo Infraestrutura Tecnologia do processo Suporte funcional Compensações incluídas no processo Confiabilidade de entrega Papel do estoque Sistemas de planejamento e controle de operações Variedade do produto/serviço Estruturação do trabalho Projeto do produto/serviço Sistemas de pagamento Estrutura organizacional Imagem da marca Serviço técnico Capacidade, tamanho, timing, localização Fonte: Slack e Lewis (2009). Para promover esta relação entre as operações e o marketing, as operações deveriam estar envolvidas em todo o processo estratégico, explicando as consequências das decisões tomadas e influenciando o processo estratégico para beneficiar todo o negócio, ou seja, deveria haver um debate entre as diferentes áreas da organização, especialmente entre 53 marketing e operações, pois desta maneira, a estratégia de operações estaria alinhada com a estratégia de marketing da empresa e, consequentemente, com os objetivos da organização (CARVALHO, 2005). Mas a maior contribuição de Hill (1989) para a área de estratégia de operações foi ter introduzido o conceito de critérios qualificadores e critérios ganhadores de pedidos. De acordo com Carvalho (2005), os critérios qualificadores seriam aqueles sem os quais o produto nem seria considerado como uma alternativa pelos clientes, portanto as operações teriam que ser capazes de fornecer qualificadores para estar no mercado. Assim, representam critérios qualificadores aqueles que apenas impedem a empresa de perder mercado para os seus competidores. Já os critérios ganhadores de pedidos seriam aqueles que realmente trariam negócios (pedidos) para a empresa, e neste caso as operações teriam que se esforçar ao máximo para serem excelentes nestes objetivos, de preferência melhor do que os concorrentes (CARVALHO, 2005). De acordo com Slack e Lewis (2009), a matriz importância-desempenho é uma forma de avaliar as prioridades de melhoria, julgando os níveis de desempenho da empresa em relação aos concorrentes (pior, igual ou melhor) e o nível de importância para os clientes (menos importante, qualificador ou ganhador de pedidos) para cada fator competitivo (por exemplo, custo, flexibilidade, qualidade, etc.). A Figura 4 apresenta a matriz importânciadesempenho. FIGURA 4 – MATRIZ IMPORTÂNCIA-DESEMPENHO Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009) 54 Apesar das contribuições de Hill (1989) ao explicitar as relações entre operações e marketing, Spring e Boaden (1997) teceram algumas críticas a este modelo. De acordo com Spring e Boaden (1997), o modelo de Hill (1989) deixa lacunas pelos seguintes motivos: O modelo dos qualificadores e ganhadores de pedidos se basearia em transações únicas, não levando em conta o relacionamento entre comprador e vendedor, o que para Slack e Lewis (2009) teria importância cada vez maior, podendo ser considerado como o grande fator ganhador de pedidos; O modelo se fundamentaria em dados de compras passadas de compradores individuais para generalizar os objetivos de desempenho para grandes grupos de clientes, o que poderia gerar dúvidas na composição da estratégia de operações. Já Corbett e Van Wassenhove (1993) consideraram que o modelo de qualificadores e ganhadores de pedidos introduzido por Hill (1989) era válido justamente por ser bastante orientado para os consumidores, pois uma das maiores lacunas nos estudos de estratégia de operações seria a pouca atenção ao marketing no desenvolvimento de prioridades competitivas. Silva e Fernandes (2009) mostram que embora autores como Hill (1989) defendam a consideração de outras funções na ocasião da elaboração da estratégia de operações, e outros como Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) e Hayes e Upton (1998) chegam a considerar de maneira implícita o desenvolvimento de produtos como uma atividade relacionada à gestão de operações, verifica-se a necessidade de se considerar explicitamente a interação da função de operações com as demais funções geradoras de valor para o cliente, como as funções marketing e pesquisa e desenvolvimento (P&D). Assim, Silva e Fernandes (2009) entendem que esta visão acompanha a visão de Fleury e Fleury (2003), que avaliam que a competência essencial de toda empresa está numa destas três funções. 6.3 DESEMPENHO DE OPERAÇÕES Muito se tem discutido, principalmente no meio acadêmico, sobre como as organizações que possuem competências distintas, podem se destacar no mercado em que estão inseridas. Uma dessas discussões está como a estratégia de operações deve refletir as prioridades competitivas declaradas ou não na estratégia global (JUGEND et al., 2005). 55 Normalmente, o cenário para a tomada de decisão da estratégia de operações é gerado por prioridades diferentes e conflitantes, porém, na prática, uma operação requer um conjunto de objetivos definidos de forma rigorosa (SLACK; LEWIS, 2009). Skinner (1969) apresentou um modelo para determinar a missão das operações em função das forças e fraquezas da empresa, ou seja, uma descrição do que a empresa deveria fazer em operações para competir. Esta descrição incluía um conjunto de objetivos competitivos de custo, flexibilidade, qualidade e entrega (CARVALHO, 2005). Estes objetivos, denominados objetivos de desempenho, devem estar alinhados diretamente e integrados com as estratégias competitivas das empresas, contribuindo para a articulação de suas posições de mercado (PAIVA; CARVALHO JUNIOR; FENSTERSEIFER, 2009). Assim, tem-se o conceito de objetivos de desempenho das operações, que, de acordo com Silva e Fernandes (2009), consistem em critérios que esta função deverá obter desempenho superior, de modo a se manter competitiva. Skinner (1974) afirma que não é possível para a gestão de operações obter desempenho superior do que seus concorrentes em todos os critérios, devendo então focar em um conjunto restrito de capacidades que lhe proporcionarão o sucesso. Segundo Hayes e Upton (1998) a gestão de operações deve então decidir quais os tipos de clientes que serão atendidos, baseada nos atributos do produto mais valorizados por eles. De acordo com Estivalete et al. (2010), objetivos de desempenho podem também ser chamados de critérios competitivos, que representam um conjunto consistente de prioridades que a empresa deve valorizar para competir no mercado. Para Slack, Chambers e Johnston (2009), esses objetivos de desempenho são aplicáveis a diferentes tipos de operações produtivas que buscam competitividade. Os objetivos ou dimensões nas quais uma empresa deseja competir são chamados fatores de competitividade. Estes fatores possuem importância relativa, dependendo da maneira como a empresa pretende se posicionar em relação aos concorrentes. Eles são agrupados para cada operação, dentro dos objetivos de desempenho que eles representam, e influenciam o conjunto de decisões necessárias (capacidade; rede de suprimentos; tecnologia de processo e desenvolvimento e organização) para gerenciar os recursos da operação (SLACK; LEWIS, 2009). As prioridades competitivas são variáveis-chave para pesquisadores e gerentes, pois colocam uma ênfase estratégica no desenvolvimento de certas capacitações de operações que podem melhorar a posição competitiva de uma empresa (BOYER; LEWIS, 2002). 56 Os critérios competitivos ou objetivos de desempenho que derivam da estratégia competitiva da empresa, bem como as categorias de decisão de longo prazo que influenciam a tomada de decisão nas operações das empresas, são os principais elementos que definem o conteúdo da estratégia de produção/operações (ESTIVALETE et al., 2010). Silva e Fernandes (2009) ressaltam certa deficiência da literatura sobre estratégia de operações, já que o conceito de objetivos de desempenho é visto de uma perspectiva muito generalizada. Nem sempre há distinção clara entre o que é objetivo da gestão de operações e o que é atributo pertencente ao produto fabricado. Isto é verificado, por exemplo, entre o objetivo de redução de custos (e sua relação com o preço ao consumidor) e a dimensão de qualidade. Autores como Slack (1993), Davis, Aquilano e Chase (2001), Schonberger e Knod Jr. (1994), Stonebraker e Leong (1994), Krajewski e Ritzman (1996), Lillis (2002), Santos, Pires e Gonçalves (1999) e Narasimhan e Jayaram (1998) apresentaram diferentes combinações de prioridades competitivas, como custo, velocidade/rapidez, credibilidade/confiabilidade, flexibilidade, entrega e serviço. Wanderley et al. (2003), reuniu a visão de diversos estudiosos dedicados ao assunto, relacionando diferentes prioridades competitivas ou os chamados objetivos de desempenho da função produção, como pode ser observado no Quadro 2: QUADRO 2 – OBJETIVOS DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES Objetivos de desempenho da função produção (01) (02) (03) X (05) (06) (07) (08) X X X X X Qualidade X Rapidez/Velocidade X X X Credibilidade/Confiabilidade X X X Flexibilidade X X X X X X X X Custo X X X X X X X X X X X Entrega X Serviço X Legenda: (01) Slack, 1993. (02) Davis, Aquilano e Chase, 2001. (03) Schonberger e Knod Jr., 1994. (04) Stonebraker e Leong, 1994. (05) Krajewski e Ritzman, 1996. (06) Lillis, 2002. (07) Santos, Pires e Gonçalves, 1999. (08) Narasimhan e Jayaram, 1998. Fonte: Wanderley et al. (2003). X (04) X X 57 Silva e Fernandes (2009) destacam uma deficiência da literatura sobre estratégia de operações, já que ela considera o conceito de objetivos de desempenho de uma perspectiva muito geral. Estes autores ressaltam que nem sempre há uma distinção clara entre o que é objetivo da função gestão de operações e o que é atributo pertencente ao produto que ela fabrica. Por exemplo, embora uma empresa possa vender produtos com imagem diferenciada no mercado, e por este motivo cobrar um preço maior do que a média, não significa que esta empresa deixe de se preocupar com os custos. As prioridades competitivas variam conforme as diferentes circunstâncias competitivas e a estratégia da empresa. Além disso, não há um consenso sobre quais deveriam ser os conjuntos delas que orientariam a implementação da estratégia de operações (CERRA et al., 2009). Além de um modelo que descreveu um conjunto de objetivos competitivos, Skinner (1969) introduziu um importante conceito no estudo de estratégia de operações: os trade-offs. Esse conceito diz que não seria possível competir igualmente através dos objetivos de desempenho, pois as restrições técnicas das operações fariam com que fosse necessário escolher um objetivo de desempenho e focar nele, buscando a excelência. Nesta situação o desempenho obtido seria maior do que naquela em que a empresa resolvesse competir igualmente ao longo de todos os objetivos de desempenho. A proposição da necessidade de realização de trade-offs tem sido responsável por umas das principais controvérsias existentes na literatura referentes ao conceito de estratégia de operações (CERRA et al., 2009). De acordo com Boyer e Lewis (2002), diversos autores desenvolveram e advogaram suas idéias em pelo menos três diferentes correntes de pensamento: a visão tradicional, a cumulativa e a integrativa. Cerra et. al (2009), ao desenvolverem um trabalho sobre estratégia de operações e tecnológicas de empresas do setor de linha branca também mencionaram esta divergência em relação à compreensão dos trade-offs, a partir destas três diferentes visões. Através da visão tradicional de trade-offs, segue-se a linha de pensamento de Skinner (1969), para quem as escolhas entre enfatizar uma ou outra prioridade competitiva serão inevitáveis, nas mais diversas circunstâncias. Na visão cumulativa, Ferdows e De Meyer (1990) criticaram a visão tradicional a respeito de incompatibilidades entre as prioridades competitivas. Esses autores verificaram que várias empresas estavam obtendo bons desempenhos em algumas das prioridades competitivas ao mesmo tempo. Baseados nesta pesquisa, eles puderam propor o “modelo do 58 cone de areia”, em que as capacidades poderiam ser acumuladas e “construídas” umas sobre as outras. A Figura 5 ilustra este modelo: FIGURA 5 – MODELO DO CONE DE AREIA Fonte: Slack e Lewis (2009) Carvalho (2005) indica que ao buscar uma combinação das duas visões anteriores, a visão integrativa prega que os elementos de ambos os pontos de vista são aplicáveis. Também adotando a visão integrativa, Hayes et al. (2008) comentam a existência de trade-offs de primeiro (impacto no presente) e segundo (impacto no futuro) graus. Desta forma, as escolhas estratégicas realizadas no presente não somente direcionarão as operações hoje, mas condicionarão as possibilidades estratégias no futuro, em um fenômeno conhecido como “dependência de trajetória”. Assim, pode-se considerar que os trade-offs continuam sendo um elemento importante na teoria a respeito da estratégia de operações, embora tenham ocorrido nos últimos trinta anos significativas mudanças tecnológicas, surgido novas demandas da sociedade, mudado os perfis dos consumidores e ocorrido ainda outras mudanças no ambiente que afetaram o projeto e a operação dos sistemas produtivos e, assim, a natureza e os tipos de objetivos da produção (CERRA et al., 2009). Segundo Porter (1999) os trade-offs seriam necessários, pois para ter uma posição sustentável seria preciso fazer escolhas, e seriam essas escolhas que protegeriam a empresa de imitadores. Jugend et al. (2005), ao realizarem um estudo de estratégia de operações e prioridades competitivas em uma indústria de faróis de grande porte, ressaltaram que as prioridades competitivas indicam as áreas em que a produção deve focar as suas atenções para prover 59 vantagem competitiva às organizações. No entanto, não se pode desprezar as contribuições de Garvin (1993), que destacou que o modelo tradicional de prioridades competitivas além de ser muito genérico, dificultando a tomada de decisão, também pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Assim, de acordo com este autor as prioridades competitivas básicas devem ser tratadas de maneira desagregada e analisadas a partir de perspectivas mais específicas. Estes critérios competitivos são evidenciados por diferentes autores com algumas pequenas distinções. Tomaremos os critérios competitivos ou objetivos de desempenho utilizados por Slack e Lewis (2009) em seu estudo de estratégia de operações: o custo, a qualidade, a velocidade, a confiabilidade e a flexibilidade. Estes objetivos de desempenho genéricos serão estudados a seguir. 6.3.1. Custo O custo representa um dos critérios mais considerados na análise da estratégia de operações, especialmente para empresas que concorrem diretamente em preços. Quanto menor o custo de produzir seus bens e serviços, menor pode ser o preço aos consumidores. Até as empresas que focam outros aspectos, estarão interessadas em manter custos reduzidos (ESTIVALETE et al., 2010). A redução de preços pode aumentar a demanda por produtos ou serviços, mas se o produto ou serviço não puder ser produzido com custo menor, as margens de lucro podem ser reduzidas (KRAJEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Corrêa e Corrêa (2006) listam os seguintes subobjetivos relacionados a custo: custo de produzir o produto e custo de entregar e servir o cliente. Para Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), os baixos custos devem satisfazer os clientes internos e externos do processo ou cadeia de valor. Slack e Lewis (2009) consideram custo o objetivo de desempenho mais importante. Trata-se de um objetivo almejado até pelas empresas que não competem diretamente por preços, o que torna o custo um objetivo universalmente atrativo. Assim, deve-se buscar um equilíbrio de operações para que cada moeda retirada da base de custos constitua um adicional aos lucros da empresa. Em linhas gerais, Estivalete et al. (2010) mostram que o custo, enquanto objetivo de desempenho, é afetado por todos os demais, pois cada objetivo de desempenho possui vários efeitos externos, que acarretam custos. Assim, na estratégia de operações, uma forma 60 importante de melhorar o desempenho de custos é melhorar o desempenho dos outros objetivos de desempenho. 6.3.2. Qualidade Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) entendem que a qualidade é uma dimensão definida pelos clientes, podendo ser, em alguns casos, a parte mais visível de uma operação. Para Slack, Chambers e Johnston (2009), qualidade significa fazer certo as coisas certas, considerando que essas coisas variam de acordo com o tipo de operação. Conforme esses mesmo autores, o bom desempenho da qualidade em uma operação não apenas leva à satisfação de consumidores externos, como também facilita a vida dos clientes internos, também muito importantes. Estivalete et al. (2010) indicam que, internamente, quanto menos erros ocorram em uma unidade de produção, menos tempo se gastará para sua correção, resultando em menores custos. Corrêa e Corrêa (2006), ao apresentarem seus objetivos de desempenho mais relevantes, listou o que chamou de subdimensões ou subojetivos relacionados à qualidade: desempenho, conformidade, consistência, recursos, durabilidade, confiabilidade, limpeza, conforto, estética, comunicação, simpatia e atenção. Ao tratarem da dimensão qualidade, Davis, Aquilano e Chase (2001) subdividiram esta prioridade competitiva em duas categorias: qualidade de produto e qualidade de processos. A primeira estaria relacionada à elaboração de um produto, que poderá variar com relação ao mercado específico que ele almeja atender. A segunda seria aquela que tem como meta a produção livre de erros. Para Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), qualidade é uma competência relacionada a duas importantes prioridades competitivas: qualidade superior e qualidade consistente. Qualidade superior seria a prestação de um excelente serviço ou fornecer um excelente produto. Qualidade consistente seria produzir serviços ou produtos que satisfaçam as especificações do projeto de maneira consistente. Se relacionarmos com as categorias de Davis, Aquilano e Chase (2001), a primeira estaria mais ligada à qualidade do produto e a segunda, à qualidade de processos. Slack e Lewis (2009), cujo estudo fundamentou esta pesquisa, acompanham a visão dos autores citados, ao dividir o conceito de qualidade em dois significados: nível adequado de especificação dos produtos ou serviços; e a habilidade de produzir mercadorias e serviços 61 de maneira confiável. Os autores indicam que estes dois significados guardam uma relação direta com a percepção dos clientes. 6.3.3 Velocidade Velocidade está relacionada à dimensão competitiva de tempo. Esta dimensão é composta por três prioridades: rapidez da entrega, entrega pontual e velocidade de desenvolvimento. A rapidez da entrega está relacionada ao atendimento imediato ao pedido de um cliente. A entrega pontual se refere ao cumprimento dos prazos de entrega. A velocidade de desenvolvimento é a rapidez com a qual a empresa introduz um novo serviço ou produto (KRAJEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Os subojetivos que Corrêa e Corrêa (2006) relacionam a este objetivo de desempenho são: tempo e facilidade para ganhar acesso à operação; tempo para iniciar o atendimento; tempo para cotar preço, prazo e especificação; e tempo para entregar o produto. Autores como Davis, Aquilano e Chase (2001) utilizam a entrega como uma dimensão competitiva à parte, pois consideram a velocidade de entrega um fator determinante da decisão de compra, juntamente com sua confiabilidade. De acordo com Slack e Lewis (2009), no âmbito de estratégia de operações, a velocidade indica o tempo entre o início de um processo de operações e o seu fim. A dimensão tempo pode ser utilizada para esclarecer as necessidades de um cliente (tempo para projetar um produto ou serviço), tempos de fila dos recursos disponíveis antes e depois do processamento, além do tempo de entrega, transporte e instalação do produto ou serviço. Tomaremos neste estudo a relação da velocidade com eventos que Slack e Lewis (2009) denominaram “externamente óbvios”, por exemplo, desde o momento de requisição de um produto ou serviço até o momento da recepção pelo cliente final. 6.3.4. Confiabilidade Vários autores relacionam a confiabilidade simplesmente à pontualidade na entrega, como Jacobs e Chase (2009). Para estes autores, trata-se de uma dimensão relacionada à capacidade de uma empresa fornecer o produto ou serviço na data de entrega prometida, ou antes dessa data. No entanto, Corrêa e Corrêa (2006), ao estudarem os critérios de desempenho mais importantes, atribuem à confiabilidade um leque maior de subobjetivos: cumprimento de 62 prazos acordados; cumprimento de promessas feitas; segurança pessoal ou de bens do cliente; e manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado. No âmbito de estratégia de operações, Slack e Lewis (2009) se aproximam da visão de Jacobs e Chase (2009), definindo a confiabilidade através da equação: Confiabilidade = prazo de entrega prometido – tempo de entrega real Quando a entrega é pontual, a equação resulta em zero. Resultado positivo indica adiantamento, e negativo significa atraso. Em resumo, remetendo às contribuições de Slack e Lewis (2009), a confiabilidade de entrega completa o desempenho da entrega, junto com o objetivo da velocidade. Como afirmado anteriormente, este desempenho constitui fator decisivo para o cliente. Este objetivo de desempenho, segundo Wheelwright (1984), caracteriza-se por pela capacidade da empresa em produzir e vender produtos que funcionem de acordo com o especificado, entregar dentro dos prazos estabelecidos e capacidade de corrigir qualquer defeito no produto ou serviço imediatamente depois de detectado. Na estratégia de operações, de acordo com Estivalete et al. (2010), a confiabilidade pode se tornar um objetivo de desempenho determinante para a escolha dos clientes, principalmente em decorrência da resposta rápida da empresa ao consumidor externo, já que a cada compra a confiabilidade pode aumentar. Estivalete et al. (2010) também indicam que, à medida que os prazos começam a ser rigorosamente atendidos, as ineficiências internas diminuem, provocando um compromisso maior por parte de todos os envolvidos na operação. 6.3.5 Flexibilidade A abrangência do conceito de flexibilidade possui algumas variações no meio acadêmico. De acordo com Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), a flexibilidade representa uma característica dos processos de uma empresa, que permite que ela reaja com rapidez e eficiências às necessidades do cliente. Estivalete et al. (2010) indicam que a flexibilidade representa a capacidade de modificar a operação. Gerwin (1993) define flexibilidade como a capacidade que um determinado sistema produtivo possui para responder a variáveis internas e externas. Entre as variáveis externas pode-se citar as novas necessidades dos consumidores, necessidades de entregas cada vez mais rápidas, avanços tecnológicos, etc. Como variáveis internas é possível 63 citar a falta de matéria prima adequada, falha no suprimento de fornecedores, quebras de máquinas e equipamentos, entre outras (ESTIVALETE et al., 2010). Para Corrêa e Corrêa (2006), os subojetivos de flexibilidade são: habilidade de introduzir/modificar produtos economicamente; habilidade de modificar o mix produzido economicamente; habilidade de mudar datas de entrega economicamente; habilidade de alterar volumes agregados de produção; amplitude de horários de atendimento; e amplitude de área geográfica na qual o atendimento pode ocorrer. Davis, Aquilano e Chase (2001) relacionam flexibilidade basicamente à habilidade de uma empresa oferecer uma ampla variedade de produtos a seus clientes e à rapidez na conversão da linha de produção, de uma linha antiga para uma nova. Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) acrescentam a flexibilidade de volume, considerando a habilidade da empresa para acelerar ou desacelerar a produção, para poder lidar com grandes flutuações na demanda. A flexibilidade total de operações, descrita por Slack e Lewis (2009), apresenta quatro dos subobjetivos listados por Corrêa e Corrêa (2006). Estes quatro subobjetivos corresponderiam aos tipos de flexibilidade que mais contribuiriam para a competitividade de uma empresa. O primeiro seria a flexibilidade do produto ou serviço, relacionada à habilidade de introduzir e produzir produtos ou serviços novos ou de modificar os existentes. O segundo seria a flexibilidade do mix, relacionada à habilidade de mudar a variedade de produtos e serviços a serem produzidos pela operação dentro de certo período de tempo. O terceiro seria a flexibilidade de volume, relacionada à habilidade de mudar o nível agregado de produção da operação. O último seria a flexibilidade de entrega, relacionada à habilidade de mudar as datas de entrega assumidas ou planejadas. Slack, Chambers e Johnston (2009) indicam que o desenvolvimento de uma operação flexível pode também trazer vantagens aos clientes internos da operação. Assim, a flexibilidade pode dar velocidade às respostas, pois a habilidade de fornecer serviços rápidos geralmente depende da flexibilidade da operação. A flexibilidade também economiza tempo, pois em qualquer organização, os funcionários precisam atender a uma ampla variedade de problemas e a flexibilidade é fundamental para facilitar a adaptação a uma nova situação. A flexibilidade também contribui para aumentar a confiabilidade, pois pode ajudar a manter a operação dentro do programado, mesmo diante de eventos imprevistos (ESTIVALETE et al., 2010). 64 Em resumo, flexibilidade está relacionada, como assinalam Slack e Lewis (2009), à habilidade de uma empresa assumir posições diferentes em termos operacionais, ou mesmo fazer coisas diferentes. A seguir serão estudadas as decisões da estratégia de operações, fundamentais para compreensão do gerenciamento dos recursos de operações, e como eles são relacionados aos requisitos de mercado. 6.4 ÁREAS DE DECISÃO EM OPERAÇÕES As prioridades competitivas refletem necessidades da estratégia competitiva e apontam para determinados objetivos a serem atingidos pelo sistema produtivo. Para que esses objetivos sejam alcançados, é necessário o desenvolvimento de um padrão de ações relacionadas a um conjunto de áreas de decisões (CERRA et al., 2009). Assim como no caso dos objetivos de desempenho, vários autores de estratégia de operações utilizam agrupamentos diferentes, relacionando-os de maneira divergente, de acordo com sua visão a respeito de gerenciamento de recursos de operações. Inicialmente, Skinner (1969), sugeriu cinco áreas de decisão: planta e equipamento, planejamento e controle da produção, mão de obra e estrutura administrativa, projeto do produto / engenharia, e organização e administração. Wheelwright (1978) aprofundou as áreas de decisão em operações propostas por Skinner (1969), introduzindo um modelo através do qual os gerentes pudessem tomar as decisões em operações de forma consistente com a estratégia competitiva da firma. Segundo este modelo, seria necessário que se entendesse as decisões de forma a utilizá-las para atingir os objetivos da estratégia. Segundo o autor, as áreas de decisão mais importantes seriam instalações, escolha de processo, capacidade agregada, integração vertical, infraestrutura de manufatura e interface com as demais funções. Hayes e Wheelwright (1984) aprofundaram a teoria sobre as áreas de decisão em operações, seguindo a mesma forma que Wheelwright (1978) utilizou, fazendo a subdivisão das áreas de decisão em decisões estruturais e decisões infraestruturais. As decisões estruturais possuem impactos no longo prazo, sendo difíceis de serem revertidas ou modificadas, além de exigirem vultosos investimentos de capital. De acordo com Hayes e Wheelwright (1984), as decisões estruturais seriam a capacidade, as instalações, a tecnologia e a integração vertical. As decisões de natureza infraestruturais estão relacionadas a aspectos mais operacionais do negócio, possuindo resultados tanto no curto, quanto no médio e longo prazos. Segundo Hayes e Wheelwright (1984), as decisões 65 infraestruturais seriam a força de trabalho, a qualidade, o planejamento e controle da produção / controle de materiais e a organização. Mais tarde, Wheelwright e Hayes (1985) enriqueceram esta lista, acrescentando processo e infraestrutura. Hill (1989) utilizou a mesma divisão que Hayes e Wheelwright (1984) e Skinner (1969) utilizaram anteriormente, e consideraram essas duas áreas – decisões estruturais e decisões infraestruturais – os dois pilares da estratégia de operações. De acordo com Hill (1989), as decisões de estrutura estabeleceriam o processo e a tecnologia das operações, enquanto as decisões de infraestrutura permitiriam que as operações fossem competitivas no longo prazo, melhorando continuamente as políticas de recursos humanos, sistemas de qualidade, cultura organizacional e tecnologia de informação. Slack e Lewis (2009) definem áreas de decisão como o conjunto de decisões necessárias para gerenciar os recursos da operação. Ao contrário de outros autores, eles apontam como um erro classificar áreas de decisão como totalmente estruturais ou totalmente infraestruturais, pois no seu entendimento as decisões conhecidas como estruturais dependem de um suporte infraestrutural, assim como as decisões conhecidas como infraestruturais podem ter elementos estruturais. Nesta linha, Slack e Lewis (2009) utilizaram quatro agrupamentos das áreas de decisão: capacidade, rede de suprimentos, tecnologia de processo e desenvolvimento e organização. São estas quatro áreas de decisão que fundamentarão este estudo. 6.4.1 Capacidade Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), as decisões de capacidade definem os limites competitivos da empresa. De maneira específica, determinam a taxa de resposta da empresa ao mercado, sua estrutura de custo, a composição de sua força de trabalho, seu nível de tecnologia, suas exigências de gestão e de apoio ao quadro funcional e sua estratégia geral de estoques. Hayes et al. (2008), ao evidenciarem a interação entre a capacidade e o gerenciamento de operações, indicam que a capacidade é afeta por pelo menos oito fatores importantes: a capacidade é baseada em tecnologia; depende da interação das múltiplas restrições de recursos; depende do mix; pode ser, algumas vezes, armazenada; depende de políticas de gerenciamento; é dinâmica; é específica da localidade; e é afetada pelo grau de variabilidade de demanda e tempo de processamento. 66 Para Slack e Lewis (2009), a capacidade e a configuração das instalações em geral dizem respeito a questões como o nível geral da capacidade, à sua distribuição, ao mix de atividades ou especialização, à localização e decisões de expansão ou redução. As decisões relacionadas à capacidade serão tratadas neste estudo. 6.4.2 Tecnologia de processo Conforme salientou Wheelwright (1978), ajustar o processo produtivo às características do produto e das pressões competitivas seria uma importante área de decisão em operações, onde escolhas deveriam ser feitas a respeito do grau de automação, especificidade da linha de produtos e integração entre os diversos estágios do processo produtivo. De acordo com Slack e Lewis (2009), esta área de decisão diz respeito à escolha e desenvolvimento dos sistemas, máquinas e processos que atuam diretamente ou indiretamente em recursos transformados para convertê-los em serviços e produtos acabados. Neste estudo será considerada área de decisão de tecnologia de processos, compreendida, assim como na visão de Slack e Lewis (2009) como fonte de vantagem competitiva. 6.4.3 Rede de suprimentos Conforme aponta Davis, Aquilano e Chase (2001), a importância da rede de suprimentos cresceu bastante nas últimas décadas. Sua estrutura pode variar para diferentes empresas, até quando estão no mesmo mercado. Ao abordarem a rede de suprimentos, Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) indicam que esta se trata de uma rede de serviços, materiais e fluxos de informação que liga os processos de relacionamento com os clientes, de atendimento de pedidos e de relacionamento com os fornecedores da empresa e com clientes. Slack e Lewis (2009) acrescentam à definição de Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) o relacionamento com clientes de clientes e com fornecedores de fornecedores. Indicam que a rede de suprimentos diz respeito a decisões como a posição competitiva da empresa no contexto da cadeia de suprimentos, como enfrentar as flutuações e perturbações dinâmicas dentro da cadeia, quantidade de fornecedores, entre outras. 67 6.4.4 Desenvolvimento e organização Hayes et al. (2008) salientam que o comportamento da eficiência produtiva ao longo do tempo é um dos fenômenos mais estudados nos negócios, na economia e no desenvolvimento organizacional. Eles indicam que as empresas podem transformar suas organizações em fontes de vantagens competitivas a partir de programas que proporcionem melhorias em seu desempenho, selecionando e aprimorando suas competências de operações únicas. Segundo Gaither e Frazier (2002), o projeto e desenvolvimento de produtos e serviços abrangem questões sobre como as características detalhadas de cada produto são estabelecidas e sobre como o novo produto determina o design do sistema de produção. Slack e Lewis (2009) abordam a área de decisão de desenvolvimento e organização tratando do conjunto de decisões gerais e a longo prazo, que influenciam o processamento da operação. Nesta área são verificados a melhoria estratégica e o desenvolvimento e organização de produtos e serviços, que irão compor a análise da estratégia de operações. 6.5 A MATRIZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES A Figura 6 mostra de que maneira Slack e Lewis (2009) descrevem a estratégia de operações, a partir de uma matriz que reúne as perspectivas dos requisitos de mercado com as dos recursos de operações. FIGURA 6 – A MATRIZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Qualidade Competitividade do mercado Objetivos de desempenho Uso de recursos Velocidade Estratégia de operações Confiabilidade Flexibilidade Custo *** Muito crítico ** Crítico * Secundário Fonte: Slack e Lewis (2009) Capacidade Rede de Suprimentos Tecnologia de processo Áreas de decisão Desenvolvimento e organização 68 De acordo com Slack e Lewis (2009), esta matriz permite a classificação dos graus de criticidade (como pontos secundários, críticos e muito críticos) à interseção entre as perspectivas dos requisitos de mercado com as dos recursos de operações e contribuem para um melhor diagnóstico da estratégia de operações da empresa. Slack, Chambers e Johnston (2009) ressaltam que esta interação ocorre de acordo com o conjunto de políticas, planos e comportamentos que a empresa escolhe para seguir. De acordo com Slack e Lewis (2009), a matriz enfatiza as interseções entre o que é requerido da função de operações e como a operação tenta alcançar isso pelo conjunto de escolhas feitas. Na visão dos autores, é improvável que todas as interseções na matriz, necessariamente, tenham a mesma importância. Por este motivo, as interseções possuem diferentes graus de criticidade. Elas provavelmente refletirão a prioridade relativa dos objetivos de desempenho das áreas de decisão que afetam, ou são afetadas pelos recursos estratégicos da empresa. Assim, com esta matriz podemos verificar o alinhamento estratégico conforme a hierarquia das estratégias competitivas e de operações, conforme Figura 7, adaptada de Pires (1994). FIGURA 7 – SÍNTESE DA HIERARQUIA E DO CONTEÚDO DAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS E DE OPERAÇÕES Estratégia Corporativa Estratégia Competitiva Menor custo Áreas de decisão Fonte: Adaptado de Pires (1994) Diferenciação Enfoque Estratégia de Operações Objetivos de desempenho 69 7 METODOLOGIA 7.1 TIPO DE PESQUISA Para entender como a estrutura teórica pode ser inserida na realidade de uma indústria e comércio de frangos, utilizou-se a abordagem de pesquisa qualitativa, pois se pretende aprofundar o entendimento sobre a situação da empresa (COOPER; SCHINDLER, 2011). Os aspectos indispensáveis que orientam a pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias; no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas; nas ponderações dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como parte do processo de produção do conhecimento e na variedade de abordagens e métodos (FLICK, 2009). Foi utilizado o método de estudo de caso descritivo-exploratório, objetivando maior compreensão para os fatos pesquisados. De acordo com Godoy (2010), o estudo de caso descritivo pode ser caracterizado de maneira que apresente um relato detalhado de um fenômeno social que envolva, por exemplo, sua configuração, estrutura, atividades, mudanças no tempo e relacionamento com outros fenômenos. Assim, procura ilustrar a complexidade da situação e os aspectos nela envolvidos. Segundo Yin (2010), a estratégia de estudo de caso também pode ser utilizada para explorar situações em que a intervenção sendo avaliada não possui um único e claro conjunto de resultados. Neste estudo apresenta-se um caso representativo da Indústria Avícola Paraense, do município de Santa Izabel do Pará, pertencente ao pólo avícola do nordeste do estado. Conforme já ressaltado na seção de justificativa, a empresa Alfa foi selecionada por constituir uma das únicas indústrias avícolas do estado a aderir ao processo de verticalização da produção, possuindo uma unidade completa de incubação de ovos férteis, unidade de produção de rações, sistema de distribuição de rações e pintos de um dia, granjas e abatedouro, adotando o sistema integrado de produção avícola. Yin (2010) alerta que o estudo de caso único exige investigação cuidadosa, para minimizar as chances de representação equivocada e maximizar o acesso necessário à coleta da evidência do estudo de caso. 7.2 COLETA DE DADOS Para a coleta de dados, foram realizadas visitas na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), na Associação Paraense de Avicultura (APAV), no Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Izabel do Pará e Santo Antônio do Tauá (SINPRIZ). Nestas entidades foram 70 obtidas informações relacionadas ao setor avícola no estado do Pará, especialmente da região nordeste do estado. Outras empresas do setor também foram visitadas, objetivando conhecer as características das indústrias avícolas no estado. No entanto, alguns dados relacionados à estratégia de operação dessas empresas não puderam ser fornecidos, aspectos ressaltados nas limitações da pesquisa. Par dar andamento ao levantamento, foi preparada uma autorização para pesquisa na organização escolhida, conforme apresentada no Apêndice A, ressaltando os objetivos do estudo. Em seguida, foram realizadas visitas na empresa estudada, onde se realizou observação direta, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e a aplicação de questionários, de acordo com o modelo existente no Apêndice B, com o objetivo de se estudar a relação entre a estratégia de operações da empresa e a estratégia competitiva genérica, adaptando os critérios existentes na literatura e identificando os recursos estratégicos da empresa pesquisada. A observação tem um papel fundamental no estudo de caso qualitativo. Por meio da observação procura-se apreender aparências, eventos e/ou comportamentos. (GODOY, 2010). A observação direta ocorre nas situações em que o observador está fisicamente presente e monitora pessoalmente o que ocorre. Essa abordagem é flexível, pois permite ao observador reagir e registrar aspectos sutis de fatos e comportamentos conforme eles ocorrem (COOPER; SCHINDLER, 2011). A entrevista é a técnica básica de coleta de dados em metodologias qualitativas. As entrevistas variam de acordo com o número de pessoas envolvidas durante a entrevista, com o nível de estrutura, com a proximidade do entrevistador em relação ao participante e com o número de entrevistas conduzidas durante a pesquisa (COOPER; SCHINDLER, 2011). Ainda de acordo com Cooper e Schindler (2011), nas entrevistas semiestruturadas geralmente são utilizadas algumas questões específicas no início e, em seguida, segue-se o curso de pensamento do participante, com investigações do entrevistador. Stake (2011) indica que o questionário representa um conjunto de perguntas, afirmações ou escalas (no papel, no telefone ou na tela), geralmente realizadas da mesma maneira para todos os entrevistados. Embora se adapte muito bem em uma abordagem quantitativa, os pesquisadores qualitativos muitas vezes reservam parte de sua investigação para os questionários, para contribuir para sua interpretação de dados (STAKE, 2011). Para a realização da pesquisa, os dados foram coletados em toda a área da empresa estudada, durante o período compreendido entre abril/2012 a julho/2012, em que foram 71 realizadas as entrevistas semi-estruturadas e a aplicação de questionário, visando à coleta estruturada de dados. A entrevista teve por finalidade verificar aspectos relacionados aos objetivos de desempenho e áreas de decisão da estratégia de operações da empresa, e analisar em que medida estes aspectos se relacionam à estratégia competitiva genérica. Ela foi realizada diretamente pelo pesquisador com três diretores da empresa, com o gerente comercial da empresa, com o gerente de processos, com o gerente de manutenção e com o encarregado da produção. Os questionários foram aplicados à diretoria e constituíram de duas partes. A primeira foi utilizada para se identificar os critérios mais importantes entre os objetivos de desempenho genéricos, com exceção do custo, cujos dados foram obtidos a partir de relatórios fornecidos pela empresa e através das entrevistas. A segunda parte foi utilizada para apurar o grau de criticidade na relação entre os objetivos de desempenho e as áreas de decisão da estratégia de operações da empresa. Além da entrevista e dos questionários aplicados, houve a observação direta que objetivou corroborar com as características da estratégia de operações da empresa levantadas. A construção da pesquisa utilizou outras fontes primárias, como dados do panorama setorial apresentados pela APAV e pelo SINPRIZ e relatórios técnicos e gerenciais apresentados pela empresa estudada. Houve também a utilização de fontes secundárias de evidência, a partir da revisão de livros, sítios da internet, revistas especializadas, periódicos, artigos, slides e documentos diversos. A análise das relações entre a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos e a estratégia competitiva genérica foi realizada através da análise do ambiente competitivo, apoiado nas contribuições de Porter (1989), e da adaptação da matriz de estratégia de operações (Figura 6 da seção 6.5), abordada por Slack e Lewis (2009), relacionando os objetivos de desempenho ou fatores de competitividade (qualidade; velocidade; confiabilidade; flexibilidade e custo) com as áreas de decisão de operações (capacidade, rede de suprimentos, tecnologia de processos e desenvolvimento e organização). O modelo foi escolhido por apresentar claramente a reunião entre as perspectivas dos requisitos de mercado e dos recursos de operações, além de ser uma idéia construída a partir das contribuições de diversos líderes acadêmicos e industriais. A interseção entre os objetivos de desempenho e as áreas de decisão foi descrita nas células da matriz de estratégia de operações, a partir da coleta de dados a ser realizada. As células foram classificadas de acordo com o grau de criticidade de cada interseção: muito crítico, crítico e secundário. 72 Nos objetivos de desempenho foram consideradas dimensões específicas para cada objetivo. Na qualidade foram verificadas questões relacionadas ao desempenho, confiabilidade, estética, segurança, integridade, utilidade, atenção, comunicação e relacionamento. A velocidade e a confiabilidade foram relacionadas ao tempo para a entrega dos produtos, desde o início do processo de operações. Na flexibilidade, foram abordados os quatro tipos: produto/serviço, mix, volume e entrega. Em custo, foram verificadas questões como os custos de processamento, as margens da empresa e o reflexo nos preços. Cabe ressaltar que estes objetivos de desempenho são considerados genéricos, conforme salientou Slack e Lewis (2009), podendo sofrer variações, dependendo de como são interpretados em diferentes operações. Nas áreas de decisão, foram contemplados aspectos relacionados às instalações da empresa, ao relacionamento das operações com as operações de sua cadeia de suprimentos, à escolha e desenvolvimento de sistemas, máquinas e processos que atuem diretamente ou indiretamente na produção, da melhoria estratégica e desenvolvimento de produtos e serviços. Os dados obtidos através das entrevistas e documentos obtidos junto à empresa foram utilizados para a construção do modelo, cuja análise contribuiu para a compreensão do alinhamento entre a estratégia de operações e a estratégia competitiva genérica. Portanto, a partir da interseção das prioridades competitivas com as competências desenvolvidas nas áreas de decisão, visou-se identificar quais as principais questões a serem tratadas e possibilitar uma melhor compreensão da estratégia de operações da empresa e seu planejamento. 7.3 ANÁLISE DE DADOS Como procedimento de análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, que possibilita codificar e extrair inferências de dados escritos ou em forma de áudio ou vídeo, oriundos de experimentos, observações, levantamentos e estudos de dados secundários (COOPER; SCHINDLER, 2011). Considerando a abordagem qualitativa da pesquisa, a análise dos dados foi realizada através da interpretação dos dados coletados e sua relação com os conceitos apresentados na revisão bibliográfica. Estes conceitos se relacionam principalmente com o ambiente competitivo em que a empresa está inserida, seus objetivos de desempenho e suas áreas de decisão. 73 Os dados obtidos através das entrevistas e dos documentos fornecidos pela FAEPA, APAV, SINPRIZ e pela empresa estudada foram utilizados para analisar a estrutura da indústria avícola no estado e identificar a estratégia competitiva genérica da empresa Alfa. A análise estrutural da indústria foi realizada para representar a estrutura da concorrência a partir das cinco forças competitivas de Porter: 1) Ameaça de entrada de novos concorrentes; 2) Ameaça de substitutos; 3) Poder de negociação dos compradores; 4) Poder de negociação dos fornecedores; e 5) Rivalidade entre as empresas existentes. A identificação da estratégia competitiva genérica da empresa Alfa foi realizada através do estudo dos elementos referentes à atuação da empresa diante do ambiente competitivo e das forças retrocitadas. A observação direta, as entrevistas, os questionários aplicados e os documentos fornecidos pela empresa foram utilizados para identificar aspectos relacionados aos objetivos de desempenho e das áreas de decisão na empresa estudada, de forma a compor a matriz de estratégia de operações de Slack e Lewis (2009). Os dados obtidos pela empresa possibilitaram a identificação dos graus de criticidade (muito crítico, crítico ou secundário) na interseção entre os objetivos de desempenho e as áreas de decisão, como resultado da matriz. As inferências obtidas através da identificação da estratégia competitiva genérica e da realização da matriz de estratégia de operações da empresa Alfa possibilitaram tecer considerações sobre as relações entre ambas as estratégias. 7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA As seguintes limitações do estudo merecem ser destacadas: a) Os resultados não podem ser generalizados, sendo necessário, no futuro, levar a pesquisa a outras organizações; b) As dificuldades na obtenção de dados detalhados sobre o setor avícola no estado, uma vez que as bases de dados, segundo as entidades pesquisadas, ainda não são de fácil acesso para pesquisadores; c) Dificuldades para a ampliação da pesquisa, umas vez que as empresas concorrentes forneceram dados parciais sobre sua atuação no mercado. 74 8 ESTUDO DO CASO NA EMPRESA ALFA 8.1 A EMPRESA ALFA Foi utilizada como unidade de análise uma indústria e comércio de frangos, localizada em Santa Isabel do Pará, identificada neste trabalho como empresa Alfa. Pretendeu-se, desta forma, promover um estudo da relação entre estratégia de operações e a estratégia competitiva genérica num contexto de agronegócios. A empresa Alfa constituiu-se a partir da união de três sócios que trabalhavam isoladamente como produtores de frangos de corte durante os anos 80. Cada um efetuava suas compras, de material genético e insumos para suas respectivas criações, em volumes pequenos, o que onerava seus custos finais de produção, uma vez que não tinham poder de barganha junto aos fornecedores. Isto gerava falta de competitividade no mercado diante dos produtores que compravam os insumos em maior quantidade. Esta união levou à constituição de uma integração avícola horizontal, através da qual se passou a centralizar toda a estrutura de compra dos materiais e insumos necessários às respectivas criações, bem como todo o processo de transformação dos materiais genéticos e matérias-primas. O passo seguinte foi a formação da empresa Alfa, localizada em Santa Isabel do Pará (PA), município do Nordeste do Estado do Pará, constituída estrategicamente neste local por se tratar de município com economia que gira essencialmente em torno de granjas, em que há disponibilidade de infraestrutura básica, como oferta de energia elétrica e água; rede telefônica; bom estado das vias de escoamento de insumos e da produção; existência de meios de transporte urbano e interurbano, além da proximidade do mercado e dos principais consumidores, e a disponibilidade de área própria, com possibilidade de expansão da indústria. A empresa Alfa atua como indústria e comércio atacadista de aves abatidas e tem suas operações suportadas por uma unidade completa para o processo de incubação de ovos férteis; unidade de produção de rações de alta tecnologia; sistema adequado para distribuição e abatedouro, fatos que conduziram ao processo de verticalização da produção. O conjunto de atividades reúne atualmente 208 empregados e é responsável pela geração de mais de 400 empregos indiretos. É classificada como empresa de médio porte. O abatedouro de aves consta de todas as fases necessárias (conforme fluxograma no Anexo A) para o processo de transformação de aves vivas (frango de corte) em aves 75 processadas, embaladas e prontas para serem direcionadas ao mercado distribuidor e consumidor final (conforme descrição do processo produtivo no Anexo B). A capacidade de abate atual é de 2.500 aves/hora, totalizando 20.000 aves em cada turno de oito horas de trabalho. A unidade industrial dispõe de mais de 217 mil m², com área construída de mais de 8 mil m², composta de área administrativa, banheiros e vestiários masculinos e femininos, lavanderia, sala da Inspeção Estadual, sala do SESMT, Almoxarifado, cozinha/despensa, refeitório, galpão de produção/frigorífico, graxaria/caldeira, cabine de força e estação de tratamento de efluentes. Fotos da empresa estão no Apêndice C. Os produtos ofertados pela indústria são frango resfriado, com 20% da produção; frango congelado, com 20% da produção; frango congelado temperado, com 40% da produção; e partes do frango, com 20% da produção. A atuação da empresa no mercado levou então à constituição de uma integração avícola vertical, tendo em sua rede de fornecedores 32 produtores integrados com granjas localizadas no município de Santa Isabel do Pará e áreas circunvizinhas, compreendendo um raio de 50 km aproximadamente. As granjas apresentam capacidades que variam entre 20 mil e 120 mil aves e são cadastradas na Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Pará – ADEPARÁ, com representação de responsável técnico. Os produtores rurais da região já se organizam em sindicato, que busca proteger os direitos e representar os interesses dos produtores perante as autoridades administrativas e judiciárias. Os sócios da empresa ainda mantêm suas criações independentes, compostas por 6 granjas localizadas em Santa Isabel do Pará, com capacidades entre 30 mil e 120 mil aves, que abastecem a unidade industrial. A empresa fornece ao produtor integrado insumos como pintos de um dia produzidos em incubatório; rações de alta tecnologia; assistência técnica integral e medicamentos. Já o produtor integrado participa com as instalações (aviários); equipamentos (comedouros, bebedouros etc.); mão de obra operacional; aquecimento (diesel, lenha, carvão etc.) e cama para aviário (piso forrado com serragem, casca de arroz etc.). De modo geral, a empresa desempenha um importante papel na região e sua criação objetivou proporcionar um aumento da oferta de produtos alimentícios de grande consumo, inclusive para as classes de renda mais baixas da população. Além disso, visou-se promover maior competitividade ao mercado paraense, a partir das tecnologias implementadas pela empresa e suas modernas instalações, influenciando também as reduções de preços para os produtos ofertados. 76 Assim, estudou-se as relações da estratégia de operações e a estratégia competitiva genérica na empresa em foco, de modo a analisar em que medida ocorre este alinhamento numa empresa voltada para o agronegócio. 8.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DA INDÚSTRIA No estado do Pará, a avicultura está concentrada em 28 municípios nas regiões nordeste e baixo amazonas. A atividade é desenvolvida através da avicultura industrial e da avicultura familiar. O pólo avícola mais importante é representado pela região nordeste do estado, especialmente nos municípios de Santa Izabel do Pará e Santo Antônio do Tauá, responsáveis por cerca de 65% da produção estadual de frangos de corte (MARTINS, 2010). Martins (2010) indica que a avicultura representa a atividade que mais gera empregos nessa região, com cerca de cem mil empregos diretos e indiretos, considerando todos os segmentos relacionados à cadeia produtiva do frango. Martins (2010) ressalta também que estão cadastradas na Associação Paraense de Avicultura (APAV) dez empresas integradoras de frango de corte e 278 granjas instaladas, sendo quatro abatedouros no estado. Os abatedouros do estado estão concentrados em três grupos empresariais, sendo que dois deles possuem a estrutura produtiva verticalizada, com unidade de incubação de ovos férteis, fábrica de ração, sistema de distribuição e abatedouro. O terceiro grupo realiza compras de rações e frango vivo de outras empresas para abastecer sua linha de produção. Esses grupos empresariais serão identificados pela empresa Alfa, unidade estudada, empresa Beta e empresa Gama, respectivamente. As demais empresas integradoras são outras empresas pertencentes destes grupos empresariais ou empresas que comercializam frangos vivos e rações. Para conhecer os fatores que influenciam esta estrutura concorrencial, serão apresentadas a seguir as “cinco forças competitivas” de Porter que afetam a indústria avícola paraense. 8.2.1 Ameaça de entrada de novos concorrentes De acordo com Klautau (2008), o aumento do consumo de carne de frango no país nos últimos anos se reflete no estado do Pará, em que se verifica uma demanda reprimida que favorece a instalação de indústrias do setor avícola. De acordo com o autor, o estado do Pará 77 ainda não possui instalações industriais e comerciais suficientes para o atendimento do mercado local. Santa Izabel do Pará está localizada às proximidades de Belém, centro de maior consumo do estado e que funciona como pólo terminal do eixo rodoviário, representado pela BR-316, apresentando também acesso por via fluvial e via área, através das quais se mantém em contato com os demais estados da federação e países do mundo (KLATAU, 2008). O estudo de Klautau (2008) é ratificado pelas informações dos diretores da empresa estudada, já que a demanda de carne de frangos no estado foi um dos fatores que os incentivou a implantar sua unidade industrial. No entanto, o estado do Pará ainda sofre pela ausência de políticas governamentais que favoreçam o setor avícola. Uma melhor adequação fiscal proporcionaria maiores investimentos em equipamentos, melhorias nas granjas, geração de mais emprego e renda, maior produtividade e aumento da competitividade das empresas paraenses. Na realização do estudo, não se verificou ações que possam se constituir barreiras à entrada de novas empresas no setor. Entretanto, os diretores da empresa estudada entendem que a instalação de unidades industriais por grandes grupos estratégicos na região poderia se constituir uma ameaça às empresas locais, diante da experiência mercadológica que poderia se traduzir em redução de custos e melhor acesso a canais de distribuição, da força das grandes marcas e da diferenciação dos produtos. De acordo com Martins (2010), a ausência de instalação de unidades industriais de grandes empresas se deve à necessidade de melhor adequação da política voltada ao agronegócio da região, especialmente quanto ao controle sanitário avícola, aos aspectos tributários e aos problemas relacionados à aquisição de grãos, que colocam o Pará em desvantagem em relação a outros estados da federação. 8.2.2 Ameaça de substitutos De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), os produtos substitutos representam uma ameaça para uma empresa quando os clientes estão diante de pouco ou nenhum custo de mudança e quando o preço desse substituto é menor ou quando sua qualidade e desempenho são iguais ou maiores do que os do produto concorrente. Em relação à carne de frango, os concorrentes diretos são representados pelas carnes bovina e suína. De acordo com dados do USDA (2012), em 2011 o consumo per capita de carne de frango no Brasil foi de 47 kg/hab/ano, o maior consumo observado em relação aos 78 anos anteriores, com aumento de 6% em relação a 2010. Trata-se da carne mais consumida no país, seguida pela carne bovina, com 38 kg/hab/ano, e pela carne suína com consumo de 15,1 kg/hab/ano. Entretanto, a última Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada pelo IBGE (2009) mostrou que no estado do Pará o consumo de carne bovina ainda é bastante representativo. No período 2008-2009, a aquisição alimentar domiciliar per capita anual no estado foi de 27,629 kg para carne bovina, 21,134 kg para carne de frango e 4,735 kg para carne suína. A atuação das indústrias avícolas diante dos produtos substitutos está voltada para o aumento da oferta de produtos alimentícios de grande consumo, especialmente para as classes de renda mais baixas da população. No entanto, deve-se considerar que alguns fatores interferem diretamente no preço destes produtos. O cenário de crise econômica internacional ou de barreiras sanitárias, ao influenciar na retração das exportações brasileiras, pode promover um inchaço nos estoques de carne de frango. Estes estoques, que passam a ser comercializados no mercado interno, acabam causando uma depressão nos preços dos produtos e atingem diretamente a rentabilidade das indústrias. Desta forma, embora a empresa Alfa não realize exportação, ela é afetada pela oscilação das exportações de carne de frango do país. A quebra de safra de milho, por exemplo, também pode afetar toda a cadeia produtiva de frango de corte, já que se trata de produto essencial para a criação das aves e cujo preço pode ser determinante para a comercialização da carne de frango. Dessa forma, como o preço muitas vezes interfere diretamente nas decisões de compra do consumidor, estes fatores podem influenciar a atuação estratégica das indústrias avícolas. 8.2.3 Poder de negociação dos compradores Ao considerarmos aspectos como política de vendas, capacidade de produção, participação no mercado e os principais clientes das indústrias avícolas paraenses, é possível verificar que a relação com os compradores ocorre de maneira diversificada. As indústrias avícolas do estado geralmente apresentam uma política em que o volume de vendas à prazo é superior ao de vendas à vista, em que o prazo médio de recebimento é de 45 dias. A participação da empresa no mercado também pode contribuir na negociação com a rede varejista, uma vez que a demanda pelos produtos pode facilitar a entrada dos produtos nos supermercados, por exemplo. A capacidade de produção da indústria também pode ser 79 decisiva nas negociações com os compradores, pois pode interferir na atuação da empresa diante da variação dos preços e da demanda por carne de frango. As grandes redes de supermercados do estado costumam negociar mais os preços para colocar os produtos em exposição. Como consequência, a empresa Alfa destina suas vendas para o pequeno varejo, para distribuidores de frangos e frios e para os chamados atravessadores, que carregam os produtos até os portos do Marajó e proximidades, uma vez que o poder de barganha desses clientes é menor. 8.2.4 Poder de negociação dos fornecedores Na aquisição de grãos para composição da base de rações, existe flutuação de preços e quantidades disponíveis, já que o milho e a soja são commodities. O fornecimento de cereais é fundamental para o funcionamento do sistema integrado e, consequentemente, de toda a cadeia produtiva. A ração das aves, composta basicamente de 65% de milho e 25% de soja, representa um dos principais pontos de discussão na avicultura paraense. A quantidade de grãos produzida no estado do Pará não consegue atender a demanda da atividade avícola, fazendo com que as indústrias e os produtores tenham que importar grãos de outros estados, com pagamento de frete. No período de entressafra de grãos, este custo se torna ainda mais representativo. De acordo com o SINPRIZ (2010), este problema poderia ser reduzido com maiores incentivos à produção de grãos (milho e soja) no estado do Pará, especialmente no pólo que envolve os municípios de Paragominas e Dom Eliseu. A empresa Alfa, assim como as demais empresas do setor, importa soja principalmente de estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, e milho dos estados nordestinos e do Sul do país. Os fornecedores de grãos negociam com as indústrias e com os produtores de acordo com as características do próprio mercado, sendo que as vendas à vista constituem a maior parte das transações com as indústrias paraenses, que de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros e com as perspectivas mercadológicas do setor, compram em maior volume nos períodos de baixa nos preços destes insumos. Este volume de compras, junto com as condições de pagamento, é determinante na negociação com os fornecedores. 80 O fornecimento das aves segue o sistema integrado de produção, já abordado neste estudo, de acordo com os contratos de integração, em que produtores devem atingir as metas acordadas para a manutenção da assistência da empresa integradora. Quanto ao fornecimento de equipamentos, a empresa Alfa adquire produtos principalmente do interior do estado de São Paulo e do Sul do País. As condições de negociação variam principalmente com as condições de pagamento. Estes fornecedores costumam dar maiores descontos nas compras à vista, comercializando também através de diversas linhas de crédito, inclusive as do BNDES. 8.2.5 Rivalidade entre as empresas existentes A avicultura no estado do Pará é composta por empresas que atuam como granjas, indústrias que fabricam rações para aves ou abatedouros. Existem também no estado empresas que realizam estas atividades em conjunto parcial ou integralmente. Como já mencionado, a empresa em estudo verticaliza sua produção, contando com uma unidade de incubação de ovos férteis, unidade de produção de rações, sistema de distribuição de rações e pintos de um dia, granjas próprias e abatedouro. Será analisado, a seguir, como a empresa Alfa se comporta em termos de rivalidade com seus principais concorrentes, as empresas Beta e Gama. A empresa Beta é a que está no mercado há mais tempo no mercado paraense, com mais de 30 anos de experiência. Suas atividades contemplam não apenas aquelas relacionadas à produção de carne de frangos, mas também produção de carne suína e bovina. Cerca de 40% da produção avícola do estado é distribuída para esta empresa, onde estão concentradas aproximadamente 70% das aves abatidas do estado. Possui duas unidades industriais em funcionamento, nos municípios de Santa Isabel do Pará e Santarém, com capacidade de produzir 120.000 e 20.000 aves abatidas por dia, respectivamente. A empresa Beta possui mais de 40 integrados no seu sistema de produção, instalados às proximidades de suas unidades industriais. Possui 5 incubatórios, sendo dois localizados em Santa Isabel do Pará, um em Igarapé-açu, um em Santarém e um São Luiz do Maranhão. 50% de sua produção de frangos abatidos são destinados ao mercado paraense, comercializados principalmente nas redes de supermercados, privilegiando as áreas de maior concentração urbana, e no pequeno varejo, em menor volume. Os outros 50% são destinados a outros estados, como Amapá, Maranhão, Tocantins, Amazonas, Roraima e até mesmo alguns estados nordestinos. 81 A empresa Gama, por sua vez, está no mercado paraense há mais de 10 anos, possuindo uma unidade industrial em Benevides-PA. Possui granjas próprias e também atua no sistema integrado de produção, possuindo cerca de 20 produtores integrados. Apresenta capacidade de produção estimada em 16.000 frangos abatidos diariamente. Como sua produção própria de frangos vivos muitas vezes não é suficiente para abastecer seu abatedouro, a empresa Gama costuma comprar parte da produção de frangos vivos e rações de outras empresas que também atuam com produção integrada, localizadas municípios vizinhos. 80% de sua produção é comercializada na região metropolitana de Belém e na região Bragantina (especialmente os municípios de Capanema, Bragança e Igarapé-Açu), geralmente através da rede de supermercados e pequenos distribuidores de frangos e frios. Os outros 20% é destinado a outros estados, principalmente para o estado do Amapá. Diante desta estrutura concorrencial, a empresa Alfa realiza seus investimentos voltados para privilegiar a rentabilidade no negócio. A construção do incubatório, da fábrica de rações e da unidade de abate, objetivou a redução de custos, através da verticalização da produção. O sistema integrado de produção, uma das principais razões do aumento da competitividade da avicultura brasileira, também guarda relação direta com os objetivos da empresa. Em 2010, a empresa realizou investimentos para elevar a capacidade de armazenamento em seus frigoríficos, buscando alinhar com a capacidade de abate da empresa. Isto buscou maximizar a produção e reduzir as perdas, dada a pericibilidade do produto. Em 2011, iniciou investimentos para aumentar a capacidade de produção de sua fábrica de rações, também buscando o alinhamento com a capacidade produtiva de seu abatedouro. Ao contrário das empresas Beta e Gama, a empresa Alfa busca aumentar sua participação no mercado principalmente através do pequeno varejo, em que poder de negociação dos compradores normalmente é menor. Por este motivo, sua estrutura comercial está voltada para os pequenos comerciantes e distribuidores de frangos e frios. Como a demanda reprimida de carne de frango ainda é grande no estado, isto possibilita que as indústrias avícolas atuem no mercado de maneira diferente. No entanto, algumas variáveis podem ser decisivas para a atuação das empresas. A ração de aves representa mais de 70% dos custos de produção no setor avícola. Em 2012, a quebra da safra do milho nos Estados Unidos fez com que os importadores se voltassem para o Brasil, passando a adquirir grãos do país. Estas exportações de grãos afetaram o suprimento interno do país, elevando o preço dos grãos, que fundamentalmente compõem a ração das aves. 82 Além disso, a crise econômica internacional também promoveu a redução das exportações de carne de frango, gerando maior produção voltada para o consumo interno, reduzindo o preço do frango e deprimindo as margens da avicultura. Desta forma, embora as empresas Alfa, Beta e Gama ainda não realizem exportações, estas são afetadas diretamente pelo cenário mercadológico global, que influenciam nos custos de produção, na demanda interna e externa pelos produtos e, consequente, nos preços do produto final. 8.3 ESTRATÉGIA COMPETITIVA GENÉRICA Utilizando-se a classificação das estratégicas genéricas de Porter (2004), observa-se que a empresa estudada adota uma estratégia de enfoque, com preocupações em termos de custos e direcionada ao atendimento de determinados mercados preferenciais. De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), as empresas optam por estratégias de foco quando utilizam suas competências essenciais para o atendimento das necessidades de um determinado segmento ou indústria, ao invés de outros. A empresa Alfa, conforme ressaltado anteriormente, procura atender principalmente o pequeno varejo, através do qual procura ampliar sua participação no mercado paraense. Como não possui um mix de produtos extenso, não possui grandes investimentos em mão de obra especializada, procurando neste momento ampliar sua capacidade de produção para atender a flutuação da demanda. Porém, para verificar se as operações da empresa estão diretamente alinhadas a esta estratégia competitiva genérica, é necessário realizar um diagnóstico da estratégia de operações da empresa, que nesta pesquisa realizaremos através da matriz de Slack e Lewis (2009). 8.4 OBJETIVOS DE DESEMPENHO E ÁREAS DE DECISÃO 8.4.1 Custo O relatório da estrutura de custos oferece importantes informações sobre os gastos incorridos nas áreas que compõem a empresa, possibilitando identificar como se organiza os desembolsos, facilitando o controle gerencial, a elaboração de orçamentos e a tomada de decisões por parte da organização (ESTIVALETE et al., 2010). 83 De acordo com as informações da empresa, a estrutura de custos em 2011 foi composta da seguinte forma (Quadro 3): QUADRO 3 – ESTRUTURA DE CUSTOS DA EMPRESA ALFA ESPECIFICAÇÃO % CT CUSTOS FIXOS 5,29% Pró-Labore – Honorários da Diretoria 0,20% Salários da Mão de Obra Fixa 0,61% Encargos Sociais e Trabalhistas 0,66% Vale-Transporte 0,73% Depreciação e Amortização 1,97% Manutenção e Conservação 0,27% Seguro 0,27% Benefícios Prestados aos Empregados 0,32% Telefone 0,06% Despesas de Viagens 0,03% Material de Escritório 0,02% Suprimentos de Informática 0,02% Material de Consumo 0,02% Material de Limpeza 0,02% Eventuais (2% sobre demais custos fixos) 0,01% CUSTOS VARIÁVEIS 94,71% Salários da Mão de Obra Variável 1,92% Encargos Sociais sobre Mão de Obra Variável 1,92% Custo da Mercadoria Vendida 84,87% Energia Elétrica 0,93% Combustíveis e Lubrificantes 0,43% Material de Reposição 0,06% Tributos 2,69% Serviços de Terceiros 0,03% Eventuais (2% sobre demais custos variáveis) 1,86% TOTAL 100% Fonte: Documentos da empresa Alfa. 84 Como é possível notar, a estrutura de custos da empresa foi demonstrada através de custos fixos e variáveis. Segundo Bertó e Beluke (2006), os custos fixos possuem a característica de se manterem inalterados diante do volume de atividade, dentro de certos limites de capacidade. Em outras palavras, não se modificam em razão da variação do volume de negócios dentro desses limites. Já os custos variáveis, ainda segundo Bertó e Beluke (2006), constituem valores que se modificam em relação direta com o volume negociado. Neste caso, de acordo com Slack e Lewis (2009) a definição de custo está mais relacionada com as entradas financeiras para a operação, necessárias para bancar a produção de produtos e serviços. Nota-se que os custos variáveis representam uma parcela significativa do custo total, sendo que os custos fixos representam menos de 10% dos custos totais da empresa Alfa. O custo da mercadoria vendida (CMV), que representa 84,87% do custo total é composto da seguinte forma (Quadro 4): QUADRO 4 – CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA ITEM INSUMO %CMV Total 1 Frango Vivo 94,57% 2 Frete 2,36% 3 Tempero 0,01% 4 Embalagem – Saco Plástico 0,54% 5 Embalagem – Caixa de Papelão 2,14% 6 Grampo para Saco Plástico 0,15% 7 Filme de Polietileno para Caixa 0,23% CMV TOTAL 100% Fonte: Documentos da empresa Alfa. Verifica-se que o principal item que compõe os custos de mercadoria vendida é representado pelo frango vivo, cujo custo de produção do frango se determina nas granjas. Vale ressaltar que a empresa procura reduzir seus custos diretos de produção, porém o principal componente do custo total do frango vivo é representado pela ração, cuja composição depende do preço de duas commodities, o milho e a soja. Como já destacado, a variação dos preços destes produtos pode ser determinante para a atuação das empresas no mercado. O Quadro 5 mostra a composição do custo de produção do frango na empresa Alfa: 85 QUADRO 5 – CUSTO DE PRODUÇÃO DO FRANGO ESPECIFICAÇÃO %Custo Frango Vivo Ração (insumos/produção) 74,16% Produção granjas próprias (incluindo instalações e manutenção) 4,33% Produção integrados 18,78% Transporte 2,46% Sanidade 0,08% Outros 0,19% TOTAL – CUSTO FRANGO VIVO 100% Fonte: Documentos da empresa Alfa. Para a produção dos integrados, a empresa Alfa (integradora) segue tabela de remuneração padronizada, que considera a eficiência do avicultor na sua apuração. A remuneração do integrado é determinada pelo desempenho zootécnico do lote, baseado em tabela pré-estabelecida anexa ao contrato, a qual se baseia no FEP (Fator de Eficiência da Produção), adaptando-se à fórmula citada por Moraes (2006): FEP = Viabilidade x GMD C:A x 10 Este cálculo foi verificado em um dos relatórios de fechamento de lote apresentados pela empresa, conforme Anexo C, com informações de um dos integrados (integrado X) da empresa, localizado em Santa Isabel, e que apresenta os seguintes dados: Viabilidade: 95,74 % Lote de aves (final): 107.920 aves Quantidade de ração consumida (QRC): 521.588,90 Kg Peso médio (PM): 2735 g Idade média (Idade): 44,06 dias Assim, temos: GMD = PM = 2735 = 62,07 g/dia Quantidade de Peso Produzido (QPP) = 107920 x 2735 Idade 44,06 QPP = 295161200 g = 295.161,2 Kg. C:A = QRC = 521588,90 = 1,767 QPP 295161,2 86 FEP = 95,74 x 62,07 = 336,30. 1,767 x 10 Pelo fechamento de lote constante no Anexo C, o pagamento por bico é de R$ 0,456. Resultado do lote: R$ 0,456 x 107.920 aves = R$ 49.211,52. Despesas: R$ 2.929, 72 (descritas no fechamento de lote apresentado no Anexo C). Após a análise das informações obtidas, verificou-se que o sistema de integração apóia a empresa ao passo que esta consegue planejar melhor seus investimentos, até mesmo considerando as oscilações de mercado; padronizar as negociações com os produtores rurais; reduzir investimentos em ativos imobilizados (construção de granjas próprias); além de diversos custos relativos aos aspectos relacionados à produção e à logística. No entanto, observou-se que as despesas decorrentes do apoio prestado aos integrados, também geram necessidade de capital de giro. Assim, a empresa integradora ajustou seu fluxo de caixa às características do sistema integrado. 8.4.2 Qualidade Entre as principais subdimensões da qualidade mais valorizadas pela empresa estão a conformidade (produto conforme as especificações), a limpeza nas instalações físicas e a atenção no atendimento. No sistema de integração, a empresa Alfa fornece orientações técnicas para todas as práticas operacionais desenvolvidas durante o período de criação das aves, bem como a preparação das instalações do aviário e a limpeza posterior do aviário das mesmas. Assim, os produtores integrados executam o manejo para que as variáveis que contemplam o fator de produção sejam as mais expressivas e não comprometam a relação comercial com a empresa Alfa (integradora). Após a retirada das aves para o abatedouro, estas são transportadas para a indústria, onde são submetidas ao processo de recepção, beneficiamento, controle de qualidade, expedição e distribuição. De acordo com as informações prestadas pela empresa, os técnicos da indústria visitam regularmente as granjas, analisam os relatórios de produção e identificam possíveis distorções que possam comprometer o abastecimento e a qualidade do produto a ser 87 beneficiado. Isto contribui para a garantia das melhores condições possíveis dos produtos a serem destinados aos clientes. Todas as granjas fornecedoras são cadastradas na ADEPARÁ e apresentam responsável técnico, objetivando assegurar a qualidade da matéria prima. Para detectar doenças, aves mortas, aves que necessitem ser abatidas em separado e aves de abate de emergência, é realizada a inspeção pelo médico veterinário responsável e pelo auxiliar de inspeção do SIF. Buscando assegurar a fabricação do produto conforme as especificações, a empresa possui um departamento responsável pelo controle de qualidade. Este controle é realizado por funcionários capacitados, que dão ênfase aos padrões de potabilidade da água, características organolépticas do produto e etapas pré-operacionais e operacionais das Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos Padrões de Higiene Operacional, baseados em manuais aprovados pelo SIF – Serviço de Inspeção Federal. De acordo com as informações prestadas pela empresa Alfa, as análises oficiais são realizadas pelo LANAGRO (Laboratório Nacional Agropecuário) e pela rede LACEN-PA (Laboratório Central do Estado do Pará), conforme decisão da ADEPARÁ. As etapas do processo industrial da empresa Alfa são realizadas de acordo com os regulamentos higiênico-sanitários e acompanhados por seu departamento de controle de qualidade, desde o transporte das aves vivas até a expedição. Quanto à limpeza de suas instalações, a empresa dispõe de trabalhadores que atuam na limpeza de todos os setores da unidade industrial, além de contar com serviços de uma empresa terceirizada, que também fornece produtos como hipoclorito de sódio, soda cáustica, detergentes ácidos, amônia quaternária, ácido paracético, sorbato e detergente neutro comercial. Esta empresa terceirizada foi responsável pela implantação e manutenção de um Programa de Controle Integrado de Pragas e Roedores, já que a empresa Alfa trabalha com produtos alimentícios. Os vestuários, sanitários e refeitório são localizados separadamente do bloco industrial, adequada à racionalização do fluxo de funcionários e com os objetivos de diminuir os riscos de contaminação cruzada. A empresa realiza frequentes treinamentos para os funcionários, objetivando o aperfeiçoamento de suas atividades. A proposta da empresa é prestar o melhor atendimento possível a seus clientes, fornecedores e parceiros, reduzir o risco de acidentes através dos diálogos de segurança, melhorar a assistência técnica aos produtores e melhorar o processo industrial. 88 8.4.3 Velocidade e confiabilidade (disponibilidade) De acordo com Estivalete et al. (2010), a confiabilidade é atendida através do sistema de integração adotado pelas empresas avícolas, através da coordenação das atividades complementares ao abate, desde o fornecimento da matéria prima para o avicultor (os pintos de um dia), insumos utilizados como a produção de ração, assistência técnica até a criação das aves pelos produtores rurais. Estivalete et al. (2010) também indicam que, ao se trabalhar com produtos perecíveis, a velocidade torna-se ainda mais relevante. Assim, a rapidez na distribuição e entrega dos produtos aos pontos de comercialização é fundamental, diante do prazo de validade e da qualidade dos animais que serão comercializados. No caso da empresa Alfa, identificou-se a combinação das dimensões velocidade e confiabilidade para indicar um novo objetivo de desempenho: a disponibilidade. Neste objetivo de desempenho as subdimensões mais valorizadas pela empresa são acesso, cotação, tempo de entrega, cumprimento de prazos e promessas, segurança e robustez. A empresa mantém estrutura administrativa para atender aos clientes, fornecedores e demais interessados. Sua sede fica localizada às proximidades da BR-316, rodovia de fácil acesso, inclusive através de veículos pesados. Os gerentes acompanham todos os processos da empresa, objetivando o cumprimento dos prazos, a correção de eventuais distorções, sem descuidar da segurança dos trabalhadores e da qualidade dos produtos fornecidos. A disponibilidade dos insumos para as rações e a atuação dos produtores integrados são fundamentais para promover a disponibilidade regular de matéria prima para o abastecimento da indústria. A matéria prima fornecida pelos integrados, assim como a produção das granjas próprias da empresa, deve atender às condições de mercado, principalmente no que se refere ao peso de abate. Assim, as condições indicadas em contrato junto à empresa integradora devem ser atendidas para a manutenção da relação comercial. Esta disponibilidade é verificada a partir de relatórios de alojamento de aves em cada granja integrada e através dos relatórios de fechamento de lote, em que são verificados os índices da produção de cada integrado, fundamentais ao planejamento dos suprimentos da empresa Alfa. O contrato considera o alinhamento dos integrados com o processo produtivo da empresa Alfa e, de acordo com as informações da integradora e da análise dos documentos de 89 acompanhamento da produção dos integrados, nota-se que este alinhamento permite uma regularidade na programação de abate e melhor eficiência logística, uma vez que os veículos utilizados pela empresa são roteirizados de acordo com a localização das granjas cadastradas. O transporte de rações e de aves é realizado por veículos próprios da empresa, que também realiza distribuição de frangos nos municípios vizinhos. A unidade industrial é dotada de estrutura para receber diversos veículos, principalmente de empresas distribuidoras que se abastecem dos produtos da empresa Alfa. 8.4.4 Flexibilidade Entre as principais subdimensões da flexibilidade mais valorizadas pela empresa estão a flexibilidade de produto, flexibilidade de entregas, flexibilidade de volume e horários de atendimento. Quanto à variedade de produtos da empresa, verifica-se que esta ainda não dispõe de um vasto mix. A empresa já comercializa produtos como filezinhos, asas, coxas, sobrecoxas, peito, coração e demais partes do frango. No entanto, produtos como salsichas de frango, hambúrgueres, patês e pratos prontos ainda não são produzidos. Embora a estrutura administrativa da empresa realize atendimentos no horário comercial, a atividade operacional apresenta horários flexíveis, especialmente para atendimento aos distribuidores e às necessidades da unidade industrial. A estrutura da empresa está voltada para o cumprimento dos prazos de entrega, para isto é fundamental que o sistema de integração funcione adequadamente, para que todas as atividades complementares ao abate sejam realizadas regularmente. Vale ressaltar que os contratos firmados entre a empresa Alfa (integradora) e os produtores integrados guardam relação com o atendimento do fator de eficiência de produção, conforme a necessidade da indústria. Isto faz com que a quantidade de produtores integrados oscile, tanto em relação ao cumprimento das metas de produção previstas, quanto às variações do mercado. Na região de Santa Isabel do Pará, não há exclusividade nos contratos de integração. Existem produtores que fornecem para diferentes empresas da localidade. Isto se deve, de acordo com a APAV, à presença de poucas indústrias do setor no estado (apenas 4 abatedouros, sendo 3 na região metropolitana de Belém). De acordo com as informações da empresa Alfa, a situação das relações comerciais com os integrados não fragiliza a atuação dos abatedouros, uma vez que há acentuada 90 demanda reprimida no estado, fato este que faz com que a relação entre a produção de aves vivas e seu respectivo beneficiamento ainda seja favorável à empresa. 8.4.5 Capacidade Para a escolha da localização da unidade industrial, foram considerados, dentre outros fatores, a disponibilidade de infraestrutura básica, como oferta de energia elétrica e água; bom estado das vias de escoamento de insumos e da produção; existência de meios de transporte urbano e interurbano, além da proximidade do mercado e dos principais consumidores, e a disponibilidade de área própria, com possibilidade de expansão da indústria. Já para definir o tamanho da unidade fabril (8 mil m² de área construída) da empresa Alfa foram considerados: a disponibilidade de recursos financeiros (próprios e de instituições financeiras), mercado consumidor, localização, dentre outros critérios. Embora venha investindo na ampliação da capacidade de produção, que atualmente é de 2500 aves abatidas por hora, a empresa Alfa ainda produz abaixo da demanda. Estudo de mercado organizado por Klautau (2008), indica ainda haver no estado uma demanda reprimida de frangos abatidos. De acordo com as informações da empresa estudada, entre os principais fatores que atualmente inibem o aumento da produção estão o cenário desfavorável da produção de grãos e a influência da crise econômica, que afeta as exportações e traz desdobramentos para o mercado interno. Quanto aos aspectos relacionados à energia, a fábrica de ração e o abatedouro dispõem de caldeiras à base de lenha, com capacidade para 16.000 kg. A energia elétrica é obtida através de uma subestação de 600 KVA e de um gerador de 300 KVA. Em relação ao seu sistema de armazenamento, a empresa dispõe de almoxarifado geral, setor de produtos químicos e setores de embalagem primária e de embalagem secundária, localizados no bloco administrativo. Na fábrica, estão localizadas as salas de embalagem primária de uso diário, sala de embalagem secundária de uso diário, sala de preparos de temperos de uso diário, armários para produtos e utensílios de higienização de uso diário, além de câmaras para produtos resfriados e câmaras para produtos congelados, com capacidade compatível com a produção da empresa. O transporte entre as granjas e o abatedouro é realizado através de veículos com suspensão adequada para a atividade. Os caminhões utilizados após o processo industrial 91 possuem dispositivo gerador de frio e seu carregamento só é realizado nos locais apropriados, onde os veículos acoplam na plataforma de expedição. 8.4.6 Rede de suprimentos A rede de suprimentos da empresa está organizada a partir da produção de rações, em que o milho é adquirido principalmente dos estados nordestinos e do Sul do país e a soja é importada principalmente dos estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Como já destacamos, o milho e a soja são commodities e estão sujeitos às variações do mercado. A escolha dos fornecedores é definida através de aspectos como a qualidade dos produtos, os custos decorrentes da negociação, aspectos logísticos e demais critérios que possam afetar a aquisição de produtos. A quantidade de fornecedores varia de acordo com a oscilação do mercado e o volume de produção da empresa. As flutuações dinâmicas na rede de suprimentos promovem ajustes nestes volumes de produção, em que a empresa não pode deixar de se preocupar com os custos relacionados à atividade. Quanto ao fornecimento de frangos para abate, a empresa atua com granjas próprias e mais 32 produtores integrados, com granjas localizadas no município de Santa Isabel do Pará e áreas circunvizinhas, compreendendo um raio de 50 km aproximadamente. Através de visita do gerente de campo, que verifica as instalações do produtor rural e avalia a possibilidade de integração. Hoje a capacidade mínima exigida pela empresa integradora (Alfa) é de 30 mil aves na granja. A empresa fornece ao produtor integrado insumos como pintos de um dia produzidos em incubatório; rações de alta tecnologia; assistência técnica integral e medicamentos. Já o produtor integrado participa com as instalações (aviários); equipamentos (comedouros, bebedouros etc.); mão de obra operacional; aquecimento (diesel, lenha, carvão etc.) e cama para aviário (piso forrado com serragem, casca de arroz etc.). O transporte das aves para os abatedouros é realizado através de veículos próprios, adaptados para evitar injúrias aos animais. Como já ressaltado, na produção integrada é fundamental que cada etapa da cadeia de produção funcione adequadamente, para evitar perdas. A distribuição de produtos da empresa é realizada através de frota de veículos próprios e através de empresas distribuidoras, que realizam o abastecimento de produtos através de caminhões que estacionam na unidade industrial. 92 8.4.7 Tecnologia de processo A empresa definiu o processo de produção atual através de pesquisas em sítios especializados, informações colhidas junto a outras empresas e a partir da experiência dos dirigentes e gerentes, que já atuaram em outras empresas do setor. Assim, foram escolhidos os equipamentos utilizados, considerando aspectos como características técnicas, adequação ao processo e custo. Eventuais alterações são definidas previamente através da direção geral e da gerência. A relação de máquinas e equipamentos da empresa encontra-se no Apêndice D. Os equipamentos são próprios da unidade industrial, adquiridos através a pagamento à vista e através de financiamentos obtidos junto a instituições financeiras. A manutenção destes equipamentos é realizada através do setor específico, com programação de prevenção e correção de falhas. As novidades referentes a equipamentos são procuradas em trabalhos científicos, portais sobre atividade avícola e visitas em diversas localidades, objetivando obter informações atualizadas sobre a atividade, especialmente sobre redução de custos e melhoria de desempenho. 8.4.8 Desenvolvimento e organização Atualmente, a empresa está organizada da seguinte forma (Figura 8): FIGURA 8 – ORGANOGRAMA DA EMPRESA ALFA Diretoria Geral Gerente de Campo Gerente Comercial Gerente de Produção (Fábrica de Ração) Fonte: Documentos da empresa Alfa. Gerente de Manut./ Transporte Gerente de Produção (Abated.) Gerente de Centro de Proces. de Dados (CPD) Gerente Adm 93 A diretoria geral é composta por três diretores, com estrutura profissionalizada e experiência de mais de 20 anos no setor avícola. As decisões da empresa são realizadas em colegiado. O gerente de campo é responsável pelo incubatório, realiza o acompanhamento das granjas próprias da empresa e se relaciona diretamente com os produtores integrados, realizando visitas periódicas às suas instalações. Os gerentes de produção da fábrica de ração e do abatedouro monitoram a produção da unidade industrial, acompanham os resultados e seu alinhamento com as metas estabelecidas e gerenciam a equipe sob suas responsabilidades. O gerente comercial é responsável pela comercialização dos produtos fabricados pela empresa, estabelecendo os principais canais de distribuição dos produtos. Participa também das decisões de compra da empresa, em conjunto com a diretoria geral. O gerente administrativo atua nos processos administrativos da empresa, também realizando o acompanhamento financeiro da empresa, em conjunto com a diretoria geral. É também responsável pela área de gestão de pessoas da empresa. O gerente de manutenção e transporte é responsável pela manutenção dos equipamentos da empresa, tanto preventiva quanto corretiva. É responsável também pelo acompanhamento do sistema de transportes da empresa, apresentando informações à diretoria geral, que realiza o acompanhamento do sistema de distribuição. Finalmente, o gerente de CPD (Centro de Processamento de Dados) é responsável pelo desenvolvimento, implantação e manutenção de todos os programas que compõem o sistema de bancos de dados. Possui noções técnicas e comerciais das operações da empresa, facilitando a organização das informações da empresa e o gerenciamento das atividades. Quanto à sua estrutura de pessoal, a empresa mantém cerca de 126 empregados nas atividades que compõem as granjas, o incubatório, a fábrica de rações e área de transportes. Outros 82 empregados atuam no abatedouro, nas áreas administrativa, de manutenção, plataforma de recepção de aves, escaldagem e depenagem, evisceração, embalagem de miúdos, sala de corte, túnel e câmaras frias, casa de máquinas, portaria, caldeira, empacotamento, setor de carimbo, setor de subproduto, setor de limpeza, pós abate e supervisão. Atualmente, 86% dos funcionários da empresa correspondem a mão de obra variável, dadas as peculiaridades da atividade avícola, que flexibiliza sua estrutura de acordo com as oscilações do mercado. 94 As metas da empresa são definidas através de decisão da diretoria geral e apresentadas aos gerentes, no início do ano. No entanto, estas metas são passíveis de alteração de acordo com a variação do mercado. O acompanhamento é realizado diariamente através de gráfico de controle. As avaliações do desempenho da empresa são realizadas mensalmente e discutidas entre os gerentes e a diretoria geral. Os diretores da empresa viajam periodicamente para buscar atualização sobre a atividade avícola nos demais centros. Em seguida, os assuntos relacionados aos processos industriais, novos equipamentos e oferta de novos produtos são discutidos na diretoria geral, que define os direcionamentos da empresa. 8.5 A MATRIZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES DA EMPRESA ALFA A estratégia de operações da empresa Alfa, a partir da aplicação da Matriz de Slack e Lewis (2009), representada pela Figura 9, pode ser vista nos subitens a seguir, que correspondem a cada objetivo de desempenho. FIGURA 9 - A MATRIZ DE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES DA EMPRESA ALFA Uso de recursos Velocidade e confiabilidade, combinadas para indicar Disponibilidade Estrutura física compatível com principal mercadoalvo. ** Flexibilidade Custo Ampliação da fábrica de rações, como forma de reduzir custos *** Atendimento aos requisitos. ** Abastecimento da unidade industrial. Programação de abate. *** Adaptação às variações no abastecimento de grãos e aves. ** Maior aquisição de grãos no período da safra, para evitar compras em períodos em que o custo se eleva. Controle de qualidade Equipamentos permitem acelerar o tempo de processamento dos produtos, facilitando cumprimento de prazos ** Processos industriais para diferentes produtos * Modernização de equipamentos para reduzir perdas ** *** Muito Crítico ** Crítico * Secundário Fonte: Elaborada pelo autor Capacidade Rede de Suprimentos ** Tecnologia de processo Áreas de decisão ** Papel dos gerentes na organização e no funcionamento da cadeia produtiva. ** Pequeno mix de produtos, que faz com que a empresa não precise de alta especialização da mão de obra. * Organização da estrutura de pessoal, com mão de obra variável. ** Desenvolvimento E organização Competitividade do mercado Objetivos de desempenho Qualidade 95 Pelo Modelo de Slack e Lewis (2009), foram identificados como pontos muito críticos aspectos relacionados ao abastecimento de grãos para a fábrica de rações e de aves para o abatedouro. Como já ressaltado, os custos com ração para aves representam a parcela mais significativa dos custos totais de produção. Desta forma, a empresa já vem realizando investimentos em sua fábrica de rações de forma a ampliá-la para evitar a compra de ração de terceiros e para vender rações no período de entressafra, buscando aumentar a rentabilidade nesta comercialização. O ano de 2012, por exemplo, apresentou dificuldades para a avicultura brasileira, em razão da conjunção entre os estoques elevados, aumento nos custos de produção e dificuldades no repasse de preço. O excesso de produção no mercado interno, somado a fatores como os elevados estoques em importadores como o Oriente Médio e o Japão e a estiagem que atingiu as lavouras norte-americanas de soja, milho e trigo, gerou um aumento de 40% nos custos de produção e uma retração na produção nacional de carne de frango (REVISTA DO AVISITE, 2012). Embora o aumento nos custos de produção seja inevitável para empresa Alfa diante deste cenário, a empresa pode reduzir estes impactos através da articulação com outras empresas da Associação Paraense de Avicultura e buscar aproximação com os órgãos representativos das indústrias de beneficiamento de milho, soja e rações balanceadas do estado do Pará, no sentido de buscar condições vantajosas de fornecimento e fortalecer ambas as cadeias produtivas. Quanto ao fornecimento de aves para o abatedouro, a empresa pode contribuir para o fortalecimento do sistema integrado, ou oferecendo condições de crédito para os produtores rurais ou fechando convênios com instituições financeiras, que financiariam os produtores rurais através de linhas de crédito voltadas para o agronegócio, com o compromisso de entrega de sua produção à empresa Alfa, que garantiria sua compra. Pelo modelo aplicado, os pontos considerados críticos estão relacionados a diversos aspectos. Entre eles, pode-se mencionar a estrutura física da empresa, que atualmente está compatível com seu mercado-alvo. No entanto, mudanças na atuação da empresa, como direcionamento da oferta para a rede de supermercados, demandarão maiores investimentos na capacidade produtiva da empresa. Além disso, a qualidade dos produtos também é fator fundamental, tendo como agravante os aspectos higiênico-sanitários que devem ser observados neste tipo de atividade. 96 Seu controle é realizado por departamento responsável e inspecionado por órgão fiscalizador, para verificar as condições do produto comercializado e mantê-lo no mercado. Observa-se também aspectos relacionados ao comportamento da empresa diante das variações no abastecimento de grãos e aves, com reflexos no volume produzido de aves ou na aquisição de grãos no período da safra. Aspectos relacionados aos equipamentos também foram observados, já que os equipamentos da empresa são modernos e programados para reduzir desperdícios. Adicionalmente, a composição da estrutura de pessoal da empresa, com equipes administradas por diferentes gerentes e mão de obra variável, de maneira a acompanhar as características do setor, também são muito importantes na atuação da empresa, pois contribuem para a produtividade, sem deixar de lado as preocupações com custos. Como a estratégia voltada ao pequeno varejo, de forma geral, vem produzindo efeitos positivos aos negócios, a empresa pode expandir geograficamente sua comercialização, alcançando estados como Tocantins e Maranhão, mantendo este mesmo segmento-alvo. Num segundo momento, a empresa pode realizar alterações em sua estratégia, ampliando sua participação nas redes supermercadistas. Já os pontos secundários, que merecem alguma atenção, mas que não representam o foco principal da empresa, são aqueles voltados à variedade de produtos, uma vez que os equipamentos da empresa são capazes de fabricar diferentes produtos, mas a empresa ainda não de dispõe de mão de obra especializada para esta maior diferenciação. Além disso, como seu principal mercado é o pequeno varejo, os diretores entendem que ainda não há uma grande demanda que justifique tal investimento. Em um futuro próximo a empresa pode buscar maior diversificação de produtos, principalmente se passar a destinar seu fornecimento para as grandes redes varejistas, mas primeiramente é necessário que a empresa amplie seu volume de produção e procure manter os custos sob controle, para enfrentar o poder de negociação dos compradores e tornar mais vantajosa a oferta de produtos. 8.6 A RELAÇÃO ENTRE A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E A ESTRATÉGIA COMPETITIVA GENÉRICA NA EMPRESA ALFA Primeiramente, é importante ressaltar que o estudo se refere a uma média empresa. Os estudos dos conceitos de estratégia, embora muito presentes na literatura, não são frequentes quanto à abordagem das pequenas e médias empresas. Lima (2010), ao realizar uma revisão 97 sobre o estudo da estratégia de micro e pequenas empresas, indicou que estas organizações possuem algumas particularidades que influenciam na formulação do seu planejamento estratégico, como a percepção dos gestores ao entenderem o planejamento estratégico como algo complexo e lento, a escassez de recursos financeiros, a concentração das decisões em poucas pessoas e o acúmulo de tarefas operacionais pelos gestores. Considerando estas peculiaridades das pequenas e médias empresas, verificou-se que os resultados da aplicação da matriz da estratégia de operações da empresa Alfa, baseada em Slack e Lewis (2009), guardam aderência com a estratégia competitiva genérica de enfoque, indicada por Porter (2004), considerando as características de atuação da empresa e de como as operações são organizadas para a obtenção de um sucesso estratégico. A empresa Alfa, considerando aspectos relacionados ao setor avícola paraense, que apresenta uma integração avícola articulada, à estrutura concorrencial existente e à demanda de carne de frangos, optou por desenvolver suas atividades focada principalmente nos pequenos comerciantes, apostando na rentabilidade do negócio e na redução de custos de produção. Assim como as demais empresas do setor avícola, a empresa Alfa tem suas principais preocupações voltadas para o abastecimento de grãos, já que a produção de grãos do estado não acompanha o desenvolvimento da atividade avícola, o que muitas vezes motiva a importação dos itens componentes das rações para aves, aumentando os gastos das empresas. A baixa variedade de produtos em comparação com grandes empresas do setor é corroborada com a baixa especialização da mão de obra, já que a empresa volta suas atenções para produtos de maior consumo. Vale destacar que a maior parte dos equipamentos já possibilita a ampliação de seu mix. A relação da empresa com os produtores integrados é acompanhada pelos gerentes responsáveis e pela Diretoria Geral, que se preocupam não apenas com os índices de produtividade da empresa Alfa, mas com o desenvolvimento da atividade avícola do estado e com a melhoria da qualidade da produção paraense em comparação com os grandes centros. No entanto, apesar do esforço do quadro administrativo da empresa, vale destacar que esta ainda não dispõe de um planejamento estratégico refinado, em razão do imediatismo de algumas decisões, que podem interferir na atuação da empresa a médio e longo prazo. Desta forma, verifica-se que a empresa pode melhorar seu sistema decisório, ampliando a participação de profissionais que acompanhem o mercado do agronegócio, que podem auxiliar nas decisões de investimento em diferentes cenários, objetivando a rentabilidade do negócio e considerando aspectos como capital exigido e risco financeiro. 98 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise estrutural da indústria avícola no estado do Pará é reveladora de pontos importantes da atuação das empresas neste mercado. A avicultura paraense, embora apresente problemas relacionados à produção de grãos, ocupa papel de destaque na produção de aves na Região Norte. A atividade ainda apresenta potencial de crescimento, já que a produção local ainda não atende totalmente a demanda interna. Quando se fala em crescimento da atividade avícola, é difícil dissociá-la da produção integrada. A integração avícola, conforme abordado no Capítulo 2, teve papel fundamental no desempenho da avicultura brasileira, principalmente pelo aumento da produtividade, com o controle de crescimento e desenvolvimento das aves. O fortalecimento da integração, com mão de obra rural capacitada, facilitou a evolução da agroindústria avícola no país. A avicultura paraense vem seguindo os passos da fórmula que tornou a atividade avícola brasileira respeitada mundialmente. A integração avícola no estado do Pará já é uma realidade, com as relações comerciais entre as indústrias (integradoras) e os produtores rurais (integrados). As indústrias paraenses, cientes de seu papel para o desenvolvimento da atividade no estado e para manter a competitividade diante da estrutura concorrencial existente, precisam entender como gerenciar seus recursos e processos, para que as mercadorias sejam entregues adequadamente. Assim, para compreender como a indústria avícola paraense desenvolve seus processos e recursos, diante do ambiente competitivo existente, estudou-se uma de suas representantes, que identificamos como empresa Alfa. Trata-se de uma representante adequada, pois é uma das poucas empresas a aderir ao processo de verticalização da produção, com processo de incubação de ovos férteis, unidade de produção de rações de alta tecnologia, sistema adequado para distribuição e abatedouro, o que contribuiu para a amplitude do estudo. Desta forma, buscou-se nesta pesquisa analisar em que medida a estratégia de operações de uma indústria e comércio de frangos se relaciona com a estratégia competitiva genérica. Para isto, procurou-se descrever a estrutura competitiva do setor avícola paraense e identificar a estratégia competitiva genérica e os critérios competitivos mais relevantes para uma indústria e comércio de frangos no estado do Pará. Além disso, buscou-se analisar as relações entre as áreas de decisão e objetivos de desempenho da empresa em estudo, a partir da matriz estratégica de operações de Slack e Lewis (2009). E, finalmente, procurou-se 99 realizar um diagnóstico estratégico e apresentar oportunidades de melhoria na matriz estratégica de operações adotada. Ao se considerar os reflexos da estratégia de operações da empresa e sua relação com sua estratégia competitiva genérica, verificou-se que a empresa adota uma postura que busca adequar sua capacidade produtiva, rede de suprimentos, tecnologia de processos e desenvolvimento e organização à atual estrutura concorrencial. Desta forma, procura atingir seus principais objetivos de desempenho (custo, qualidade, flexibilidade e disponibilidade) a partir da organização de seus recursos de operações, para que a empresa enfrente as variações do mercado. A empresa Alfa, assim como a maioria das pequenas e médias empresas, não possui um alto grau de sofisticação no seu processo de planejamento estratégico. No entanto, a partir das informações obtidas na pesquisa, foi possível verificar um alinhamento entre a estratégia de operações da empresa e sua estratégia competitiva genérica de enfoque, explorando principalmente nichos de mercado que preservem os recursos da empresa e permitam sua atuação diante da concorrência. Sua estratégia voltada para o foco no pequeno varejo, embora tenha privilegiado vendas mais rentáveis para a empresa, demandou uma maior capilaridade nos sistemas de distribuição, de maneira a intensificar o atendimento a essas lojas menores. Dentre os principais pontos de destaque na pesquisa, notou-se que o suprimento de grãos, principal entrave da empresa, pode ser favorecido por políticas públicas que incentivem o desenvolvimento da produção no estado, fortalecendo toda a cadeia produtiva. Além disso, entidades como a APAV (Associação Paraense de Avicultura) e o SINPRIZ (Sindicato dos Produtores Rurais de Santa Isabel do Pará e Santo Antônio do Tauá) podem buscar uma articulação com associações das indústrias de beneficiamento de milho, soja e rações balanceadas, objetivando promover acordos comerciais e fortalecer as atividades no estado do Pará. Eventos como o Avefest, a feira da avicultura no estado do Pará, realizado anualmente em Santa Isabel do Pará, com a participação do governo estadual, associações, sindicatos, empresários, produtores e demais interessados, já representam um importante passo para discussões sobre o potencial produtivo da avicultura paraense, conceitos, tendências, além de novidades científicas e tecnológicas do mercado. Mesmo diante dos desafios da avicultura paraense, verificou-se que o sistema de integração avícola existente já possibilitou à empresa Alfa um melhor acompanhamento de 100 sua produção, com disponibilidade de matéria prima e desonerando compromissos operacionais que a mesma assumiria ao trabalhar com granjas próprias. Este acompanhamento também possibilitou programar os suprimentos da empresa, devido à periodicidade da retirada das aves para abate e o intervalo entre lotes, que varia entre os integrados. Esta programação permitiu também um melhor desempenho logístico, uma vez que a empresa roteiriza seu abastecimento, reduzindo custos e despesas decorrentes desta operação. O apoio prestado pela empresa integradora ao produtor também permitiu adequar a produção às necessidades do mercado. Isto pode ser verificado pela relação entre a remuneração ao integrado e o fator de eficiência da produção, que objetivam garantir a qualidade do produto, com adequação do peso de abate, e estimular o produtor a executar o manejo correto do seu plantel. Em linhas gerais, verificou-se que o sistema de integração conferiu à empresa Alfa uma disponibilidade de recursos que, dentro de sua estratégia de operações, ajudou a empresa a reduzir custos, a manter a qualidade e a ter flexibilidade diante do mercado. No entanto, vale destacar que uma redução de custos mais consistente depende fundamentalmente dos gastos com a nutrição das aves, o que motivou os investimentos da empresa na ampliação de sua fábrica de rações. Quanto à atuação da empresa, verificou-se que a opção de voltar suas atenções para os pequenos comerciantes vem garantindo pontos positivos para o crescimento da empresa. A empresa pode buscar a ampliação de sua comercialização para outros estados e, em um segundo momento, ingressar nas redes supermercadistas, a partir do aumento do volume de produção e do controle de custos. Quando se analisa a matriz da estratégia de operações de Slack e Lewis (2009), verifica-se que, embora ela favoreça a relação entre as perspectivas dos requisitos de mercado com as dos recursos de operações, ela ainda pode abranger alguns critérios que podem influenciar a competitividade das empresas. Empresas do setor avícola, por exemplo, adotam ações voltadas para a reutilização da água, o destino dos resíduos sólidos, reciclagem de materiais e tratamento de gases e odores. Além da preocupação ambiental, estas ações muitas vezes se traduzem em vantagens fiscais e financeiras para as empresas, o que pode fortalecer sua atuação no mercado. Desta forma, objetivos de desempenho voltados para questões ambientais podem representar um aperfeiçoamento da matriz de estratégia de operações adotada. 101 Assim, propõe-se novos estudos quanto à avaliação das áreas de decisão e objetivos de desempenho apontados na matriz de Slack e Lewis (2009), para maior abrangência das características das empresas e para estimular pesquisas sobre estratégia de operações na área de agronegócios, ainda deficitária na Região Norte do país. 102 REFERÊNCIAS ACQUAAH, M. Corporate management, industry competition and the sustainability of firm abnormal profitability. Journal of Management and Governance, Holanda, n. 7, p. 57-85, 2003. Disponível em: <http://link.springer.com/article/10.1023%2FA%3A102248932420 8?LI=true>. Acesso em: 13 dez. 2012. ALDAY, H. E. C. Estratégias empresariais. In: ALDAY, H. E. C.; ANDREOLI, C. V. Coleção gestão empresarial. v. 2. Curitiba: Editora Gazeta do Povo, 2002. 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Este trabalho busca também descrever a estrutura competitiva do setor avícola paraense e identificar a estratégia competitiva genérica e os critérios competitivos mais relevantes para uma indústria e comércio de frangos no estado do Pará, analisar as relações entre as áreas de decisão e objetivos de desempenho da empresa em estudo, a partir da matriz estratégica de operações de Slack e Lewis (2009) e realizar um diagnóstico estratégico e apresentar oportunidades de melhoria na matriz estratégica de operações adotada. A relevância deste estudo está em mostrar a importância da estratégia de operações na atuação das empresas, considerando o cenário competitivo em que estão inseridas, e sua aplicação em uma indústria e comércio de frangos. Para isso, busca-se discutir o alinhamento entre as estratégias da empresa, evidenciando suas particularidades. Para evitar qualquer tipo de constrangimento, o nome da empresa será estritamente confidencial. A empresa participante deste estudo terá acesso às análises, informações e conclusões deste trabalho. Assim sendo, agradeço antecipadamente vossa participação. Atenciosamente Bruno da Costa Feitosa Mestrando em Administração UNAMA 115 APÊNDICE B – Questionário Diretoria PARTE I – DIMENSÕES COMPETITIVAS 1. Na dimensão da qualidade qual o grau de importância que a empresa Alfa atribui para cada um dos critérios abaixo: a) Desempenho – Características primárias de um produto b) Conformidade – Produto conforme as especificações c) Recursos – características acessórias d) Durabilidade – Tempo de vida útil de um produto (prazo de validade) e) Limpeza – Asseio das instalações físicas f) Conforto – conforto físico do cliente oferecido pelas instalações 116 g) Comunicação – Clareza, riqueza, precisão e frequência da informação h) Simpatia – Educação e cortesia no atendimento i) Atenção – Atendimento atento. 2. Na dimensão da velocidade qual o grau de importância que a empresa Alfa atribui para cada um dos critérios abaixo: a) Acesso – Tempo e facilidade de acesso à empresa b) Atendimento – Tempo e facilidade para ser atendido c) Cotação - Tempo para negociar condições d) Entrega – Tempo para entregar o produto 117 3. Na dimensão da confiabilidade qual o grau de importância que a empresa Alfa atribui para cada um dos critérios abaixo: a) Pontualidade – Cumprimento dos prazos acordados b) Integridade – Cumprimento das promessas feitas c) Segurança – Segurança pessoal ou de bens do cliente d) Robustez – Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado 4. Na dimensão da flexibilidade qual o grau de importância que a empresa Alfa atribui para cada um dos critérios abaixo: a) Produtos – Habilidade de introduzir/modificar produtos economicamente b) Mix – Habilidade de modificar o mix (variedade de produtos) produzido economicamente 118 c) Entregas – Habilidade de mudar datas de entrega d) Volume – Habilidade de alterar volumes agregados de produção e) Horários – Amplitude de horários de atendimento PARTE II – ÁREAS DE DECISÃO E OBJETIVOS DE DESEMPENHO 1. Na área de decisão capacidade qual o grau de criticidade que a empresa Alfa atribui em relação a cada um dos objetivos de desempenho abaixo: a) CUSTO: b) QUALIDADE c) DISPONIBILIDADE 119 d) FLEXIBILIDADE: 2. Na área de decisão rede de suprimentos qual o grau de criticidade que a empresa Alfa atribui em relação a cada um dos objetivos de desempenho abaixo: a) CUSTO: b) QUALIDADE c) DISPONIBILIDADE d) FLEXIBILIDADE: 3. Na área de decisão tecnologia de processos qual o grau de criticidade que a empresa Alfa atribui em relação a cada um dos objetivos de desempenho abaixo: a) CUSTO: 120 b) QUALIDADE c) DISPONIBILIDADE d) FLEXIBILIDADE: 4. Na área de decisão desenvolvimento e organização qual o grau de criticidade que a empresa Alfa atribui em relação a cada um dos objetivos de desempenho abaixo: a) CUSTO: b) QUALIDADE c) DISPONIBILIDADE d) FLEXIBILIDADE: 121 APÊNDICE C – Relatório fotográfico da empresa Alfa 122 123 124 125 126 127 Apêndice D – Máquinas e equipamentos da empresa Alfa 128 129 130 131 132 133 134 ANEXOS 135 ANEXO A – Fluxograma comum a todos os produtos Fonte: Documentos da empresa Alfa 136 ANEXO B – Descrição do processo produtivo no abatedouro Fonte: Documentos da empresa Alfa 137 ANEXO C – Fechamento de lote de produtor integrado Fonte: Documentos da empresa Alfa