- PADRES DO INTERIOR II Pe. Francisco José P. Cavalcante OS PADRES DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO DE GRANITO Diocese de Petrolina Petrolina 2010 PE. FRANCISCO JOSÉ P. CAVALCANTE PE. FRANCISCO JOSÉ P. CAVALCANTE PADRES DO INTERIOR II Os padres da paróquia de N. Sra. do Bom Conselho de Granito Diocese de Petrolina Petrolina 2010 2 INTRODUÇÃO O Papa Bento XVI aproveitou as comemorações de aniversário de 150 anos da morte de S. João Maria Vianey para celebrar o Ano Sacerdotal. Este ano especial foi vivenciado, no mundo inteiro, como tempo de oração pelos sacerdotes vivos e de recuperação da memória dos falecidos. Orar pelos vivos para que se mantenham fiéis ao chamado que o Senhor lhes fez e resistir aos apelos do mundo. Orar e lembrar pelos que já passaram, reconhecendo a importância que tiveram para a Igreja e para a sociedade como um todo. Da nossa parte, aproveitamos o tempo de graça proposto pelo Papa, para socializar os conhecimentos que reunimos sobre os padres que passaram pelo território sertanejo onde está a Igreja de Petrolina. Alguma coisa já foi feita neste sentido, por exemplo, ao publicarmos as biografias de alguns padres; quando tornamos possível a organização de galerias de fotos de padres em algumas paróquias. O presente texto é um texto contendo biografias e uma lista de padres que exerceram o ministério na Paróquia de N. Sra. do Bom Conselho, de Granito. A lista foi compilada a partir de pesquisa em livros eclesiásticos: livros de batismos e crismas, livros de matrimônios, tombo, Dados do Clero, etc. A recuperação dos dados sobre a Igreja Católica no alto sertão de Pernambuco e, portanto, também sobre os padres, é uma tarefa que assumimos e já se estende por mais de 10 anos. A recuperação de informações sobre os padres foi feito quase que lendo cada batizado (ou casamento) contido em livros eclesiásticos,muitos antigos, alguns deteriorados (empoeirados, mofados, rasgados, delicados) que D. Paulo Cardoso permitiu-nos recolher das paróquias e organizar na Cúria diocesana. Um dos problemas sentidos foi a falta de um método apropriado par tal tipo de trabalho. Como não conhecemos obras referenciais orientando uma pesquisa do gênero, à medida que trabalhamos fomos produzindo os nossos próprios métodos. Por exemplo, para descobrir o tempo de um vigário em uma paróquia tivemos que anotar o primeiro e o último batizado feito por ele, naquela paróquia. Este modo de fazer é aproximativo e, tantas vezes, permite se ter uma idéia do momento em que um determinado padre assumiu uma localidade, no entanto, nada esclarece sobre a data em que o mesmo recebeu do bispo a nomeação. Uma área paroquial muitas vezes não é atendida por um único padre. No século XIX, por exemplo, com freqüência, as grandes áreas paroquiais, serem atendidas pelo Vigário e colaboradores. Estes aparecem, nos registros de sacramentos (batismo, crisma, matrimônios), como delegados do vigário principal. É este último que assina o registro, na parte de baixo. Em casos do gênero para se descobrir a ação do padre colaborador, visitante, fez-se necessário ler cada registro de sacramento (batismo, casamento). Este exemplo permite o leitor perceber a complexidade do trabalho e a dificuldade para se conseguir, sobretudo quando se trata de documentos mais antigos, uma data totalmente precisa sobre o tempo do padre numa comunidade. 3 A referida complexidade do trabalho de datação da presença de um padre numa comunidade tal, aliada aos nossos limites humanos, faz com que o presente texto não seja perfeito, mas possua certos limites. O principal limite é a imprecisão de datas, sobretudo no que diz respeito a meses e dias. Os métodos que utilizamos, portanto, nos deram – em geral – datas aproximativas a respeito do padre numa área pastoral, mas nem sempre a data de nomeação, de modo geral anteriores à presença do padre na área pastoral; nem a exata de posse. Para termos as últimas seriam necessários registros contidos em livros competentes, o que não existe, sobretudo em relação aos padres mais antigos. Mesmo considerando as dificuldades, muitas, inerentes a um processo de pesquisa, a Diocese de Petrolina pode com satisfação ser incluída no pequeno – senão raro – número de dioceses que mantém o registro organizado e conhecido dos padres que serviram no seu território geográfico. De agora em diante as nossas comunidades podem olhar para traz e vislumbrar a própria caminhada através da caminhada dos seus pastores. Um agradecimento todo especial devemos ao nosso bispo, D. Paulo Cardoso. Foi graças a ele que este trabalho pode ser feito. Anos atrás lhe pedimos para permitir a coleta dos livros antigos das paróquias para serem posteriormente reunidos na Cúria Diocesana. Confiante no nosso trabalho ele permitiu, e inclusive que os livros ficassem onde residíamos, para que pudéssemos desenvolver as pesquisas cujos frutos já são muitos. Só atualmente os livros foram organizados na Cúria Diocesana conforme a normas canônicas. Agora é a vez das comunidades conhecerem os nomes dos seus vigários, pois, até então e de modo geral se conheciam, apenas, os dois últimos – no máximo cinco – nomes dos padres que passaram na região. O Ano Sacerdotal que tivemos a alegria de vivenciar, despertou a curiosidade de muitas comunidades em relação aos seus antigos pastores. Uma boa idéia seria o lançamento de uma placa de metal registrando os nomes dos padres. Outra idéia, que já está em andamento, criar a galeria com retratos dos padres. Para isto contamos com um acervo de fotos conseguidas, pacientemente, em várias partes do Brasil. Muitas delas foram restauradas por nós e estão, também, preparadas, com nome do padre e moldura branca. As biografias colaboram com o processo de conhecimento, mostrando a ação de alguns padres nas comunidades. Santos e pecadores, os padres marcaram as comunidades que serviram com sua personalidade e o seu trabalho. Conhecendo a história de alguns padres as comunidades descobrirão o quanto devem a esses Vigários do Sertão, vasos de barro consagrados ao Cristo, Senhor e Salvador do Mundo. Pe. Francisco José Pereira Cavalcante Vinte e nove de junho de 2010. 4 BIOGRAFIA DE PADRES DA PARÓQUIA DE N. SRA. DO BOM CONSELHO DE GRANITO Antônio Tomás de Aquino - Foi coadjutor do Pe. Lago, aproximadamente, de 26.07.1851 até 1854. Com o falecimento do Pe. Lago, o padre Aquino assumiu a freguesia de São Sebastião do Ouricuri como Vigário Encomendado até, aproximadamente, 10 de novembro de 1854, quando assinou registro de batismo. 1 Ao chegar o Pe. Francisco Pedro, ele voltou a exercer o cargo de Coadjutor, permanecendo assim até, pelo menos, 02. 07.1858 quando batizou. Após, aproximadamente, oito anos, atendendo pastoralmente a população católica do sertão do Ouricuri, o Pe. Aquino passou a exercer o cargo de Vigário Coadjutor e Pró-pároco do vigário de Granito e Exu, o Pe. José Modesto Pereira de Brito. Nesta função encontramo-lo de 07.08.1859 até 19.02.1863.2 . Em 1860 ele morava no arraial do Granito, era Pro-Pároco da freguesia do Bom Jesus dos Aflitos de Exu, sendo portanto auxiliar do Pe. José Modesto Pereira da Brito. Este, desejando construir um patrimônio e uma capela no Granito, constituiu uma Comissão para seguir legalmente os processos exigidos para tal. O Pe. Tomás foi então nomeado Juiz Comissário no dia 11.04.1860 na casa onde morava. Pe. Filipe Benício Resende Pinto (padre) – Assinou óbitos como Pro-Pároco de 06.12. 1867 a 12.01. 1873, e como Vigário Encomendado partir de 21.01.1870 até 12.01.1873. A presença do Pe. Benício, em Exu, e Granito tem certa relação com a do Pe. José Modesto Pereira de Britto (vide biografia). O Pe. José Modesto Pereira de Britto assinou, como Vigário de Exu, óbitos de adultos até 20.02.1869.3 De 07.06.1872 até 21.07.1872,4 reaparecem registros feitos pelo Pe. José Modesto P. de Britto, porém assinando como Vigário Resignatário desta Freguesia de Exu.5 O Pe. Modesto era ainda vigário de Exu e Granito quando o Pe. Filipe realizou a encomendação do primeiro defunto – ou um dos primeiros – na qualidade de Pro-Pároco da freguesia. O registro de sepultamento do defunto encontra-se no livro de Óbitos de Adultos como ocorrido em 06.12.1867,6 data que sugere de forma aproximada o momento da chegada do Pe. Filipe na freguesia do Bom Jesus do Exu. Em 09.05.1869 ele assinou também como Vigário Encomendado.7 Batizou no sitio Mundo Novo em 12.08.1869. A partir de 09.10.1870 ele passa a assinar como Vigário, o que realiza até 12.01.1873.8 Nesta última data ele assinou óbitos no Livro de Adultos e de Párvolos e marcou, assim, de forma aproximada, o final da sua presença como vigário de Granito e Exu. Ele deve ter se retirado para outro local ou conforme sugerem certas colocações do Pe. Modesto (vide biografia), faleceu. Se de fato faleceu como vigário de 1 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de batismos de Ouricuri (1850-1854). PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de óbitos de Exu (1855). p. 9 e 12v. 3 Informação colhida no interior de um registro de óbito escrito e assinado pelo Pe. Filipe Benício. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbito de Adultos, p. 10v. 4 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos. p. 45. 5 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos. p. 45. 6 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de de Adultos, p. 13. 7 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p. 12. 8 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p. 47v e Livro de Óbitos de Párvulos, p. 19v 2 5 Granito e lá foi sepultado deveria ter registro de óbitos no livro apropriado, todavia não encontramos um registro. A folha parece ter sido retirada. O desaparecimento do Pe. Filipe foi imediata e temporariamente suprido pelo Pro-Pároco Joaquim Coelho da Cruz que, pelos indícios, morava no Velho Exu onde era capelão. Uma tradição oral e uma observação numa lista de bens da freguesia de Granito, afirma que o Pe. Filipe construiu um cemitério em Granito. É possível que o cemitério tenha sido o que ele chamou de “Cemitério Publico” – ele foi o primeiro a usar está expressão – num registro de óbito de adultos em 17.02.1868 e no livro de óbito de párvulos – o primeiro óbito que anotou nesse livro – em 17.01.1869. Nos assentos que fez de óbitos ele dá a entender a existência de dois cemitérios em Granito. Um é identificado com o termo “cemitério desta Villa do Granito” e para outro é utilizado – bem mais do que o termo anterior – “ Cemitério Público”. O termo fazia referencia ao cemitério distante da igreja. Este cemitério deve ter sido aquele construído a certa distancia da igreja enquanto o anterior é identificado como “Cemitério desta Villa do Granito”, devia ser um, sobre o qual temos notícia, e que era colado á matriz de N. Sra. dos Remédios. Este último foi demolido, enquanto o resto do primeiro ainda existe entre duas residências e na forma de um muro abandonado e cheio de lixo. Quando visitamos o local era possível divisar antigas catacumbas do tipo carneiro no interior da murada. É também do padre Filipe a introdução, nos livros de óbitos de Granito e Exu, de uma caracterização de raça com termos mais precisos como: semi-branco (S=B),9 mulato, cabra, além do já muito usado “pardo” que escondia uma gradação mais complexa de cor.10 Uma analise dos livros, além de nós permitir informações sobre o padre Filipe, nos deu também a oportunidade de ter uma visão geral de aspectos das práticas que cercavam o momento da morte de um cristão, no século XIX, e que aproveitamos para compartilhar: A) havia em 1872 a possibilidade de se ter, no cemitérios da freguesia do Bom Jesus dosAflitos catacumbas, do tipo “catacumba privada” ou “catacumba de aluguel”; no livro de óbitos de párvulos da freguesia do Exu, vimos que desde o primeiro óbito registrado, em 19.11.1853, até a data de 25.06.186011 os sepultamentos de não adultos aconteciam – “grades abaixo”, “grades acima”, ou “no corpo da igreja” – na matriz do Velho Exu. Neste lugar, o costume em relação aos adultos, deve ter sido abandonado mais ou menos no mesmo período, embora tenha havido alguma exceção. 12 Também “grades abaixo”, “grades acima”, ou “no corpo da igreja” aconteciam os sepultamentos na matriz de São Sebastião do Ouricuri até 15.05.1863, data em que um corpo foi sepultado no “Cemitério desta Matriz”.13 A mesma pratica envolvia os sepultamentos na capela de Santana do Saco (=Parnamirim) onde foi sepultado o párvolo, Gregório, em 10.10.1855, “[...] no corpo da Capella da Fazenda Sacco, filial desta Matriz do Exu. 14 A mudança de costume nos sepultamentos coincide, mais ou menos, com o abandono do costume na Bahia, onde a população foi forçada a mudar de mentalidade a partir de um surto de febre amarela ocorrido em 1850 e de outra de cólera morbus em 1855. Desde o início do século, a prática de sepultar nas 9 No livro de párvulos quem primeiro utiliza a terminologia, e em apenas um defunto, é o vigário, resignatário, José Modesto. 10 Dos óbitos anotados pelo Pe. Filipe R. Pinto listamos 50. Deste número: 9 eram brancos; 2 mulatos , 30 pardos, 6 semi-brancos, 3 cabra. Seis desses eram escravos dos quais (um era mulato, um pardo, um criolo, 3 eram cabra, um pardo. 11 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Párvulos, p.11. 12 Excepcionalmente em 27.09.1864, na matriz do Exu, grades acima, foi sepultado o corpo de Delmira Cordulina de Alencar, Branca, falecida de ataques histéricos, sepultada com hábito preto. Era esposa de João Geraldo de Carvalho, morador no sitio Colonha. 13 Na freguesia de S. Sebastião do Ouricuri, os sepultamentos de adultos na igreja deixaram de ser praticados correntemente em 15.05.1863. Os defuntos passaram a ser sepultados no Cemitério da Matriz que deve ter sido o que havia no local da autual Praça Voluntários da Pátria. Um lapso encontrado no registro do primeiro defunto a ser sepultado fora da Matriz, denuncia quão habituado estava o escrivão com a prática anterior: “[...] nesta Matriz, digo, no Cemitério desta Matriz. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Batismos de Ouricury, v. 2. p. 9). 14 A capela do Saco é posteriormente (26.10.1864) identificada como pertencente, então, a freguesia de Cabrobó PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Párvulos, p. 4v. 6 igrejas era questionada por médicos da época, que relacionavam as epidemias aos miasmas expelidos por corpos em decomposição. O costume passou a ser sinal de falta de higiene e teve uma lei promulgada na Bahia, em 28.10.1828, proibindo sepultamentos no interior de igrejas. A partir de então construir cemitérios passou a ser obra símbolo de civilidade, de reconhecimento da dignidade da pessoa humana, de status. No que diz respito à proibição dos sepultmentos no interior das igrejas a população se dividia. Nas entrelinhas do artigo, Cemiterada, de Sheila de Castro Faria, 15 é possível perceber o jogo de interesses das irmandades religiosas para controlar os sepultamentos e de particulares interessados em controlar empresarialmente os cemitérios. Celso Mariz, justificando a obra do Pe. Ibiapina, cita a fala do presidente (=governador) Beaurepaire-Rohan, da Paraíba fazendo, em 1858, observações contrárias ao uso ainda corrente de sepultar no interior de igrejas ou em “certa extensão de terra sem cerco alguma [...] É de lamentar que os habitantes não procurem, uns com o seu dinheiro, outros com os seus serviços gratuitos de alguns dias, edificar estas habitações das gerações que acabam. Não só o sentimento de religião para com os mortos como também o interesse da salubridade pública os deveriam aconselhar neste empenho”. 16 Esse tipo de campanha deve ter constituido um dos elementos motivadores para que, vigários – inclusive os da região do Araripe – provocassem mudanças nos costuemes funerários do sertão. No exato período de fechamento dos cemitérios internos das igrejas do Araripe não estava havendo surto epidêmico de qualquer doença. Todavia havia ameaças, pois o Pe. Modesto Pereira de Brito fez, posteriormente, alusão a um surto, debelado, de Colera Morbus em 1862.17 Uma das conseqüências da proibição foi a descentralização e diversificação de locais – e dos modos – de se sepultar. Nos novos cemitérios alguns procuravam locais mais “sagrados”, tipo – por exemplo – próximo a uma cruz. É isto o que nos revelam expressões encontradas nos livros de óbitos de Exu e Granito e que transcrevemos: sepultamento “no cemitério da Conceição”18 (1813), “no cemitério do Jacaré” (1813), “em um carneiro, 19 “nesta Matriz do Snr. Bom Jesus do Exu de grades abaixo” (06.12.1923),20 “sito na futura Matriz do Granito” (10.05.1865),21 sepultada “solemente em catacumba no cemitério desta Villa do Granito”,22 sepultada “solenemente em carneiro ao pé da Santa Cruz da Igreja Matriz desta Villa do Granito”(08.05.1867); 23 A partir de 14.08.1869 15 CEMITERADA. FARIA, Sheila de Castro. In VAINFAS, Ronaldo (organizador). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva ,2002. p. 128s. 752p. 16 MARIZ, Celso. Ibiapina um apóstolo do Nordeste. 2.ed. João Pessoa: Editora Universitária, 1980. p. 59. 319p. 17 BRITO, Pe. José Modesto Pereira de. Carta Circular, em que se pede o auxilio dos fieis em favor da obra da Matriz., da Senhora do Bomconselho da Villa de Granito. Granito [1873]. (manuscr.). In PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito. p. 14 –15. 18 No Cemitério da Conceição, por volta de 1811 foram sepultados no mesmo mês membros de uma mesma família: duas escravas do Capitão João Nipomuceno Fernandes. Pinto, uma filha de Nica(?) F. Pinto. O Capitão faleceu de hidropzia em 22.08.1830. Ele era casado com Rosa Maria da Encarnação. O sepultamento parece ter sido na igreja do Exu “grades” ...(Cf. Livro de Óbitos do Exu que está no acervo do Instituto Histórico e Geográfico do Recife). Um outro capitão citado pelos mesmos documentos é o Clexandre Carlos da Silva (1820). 19 O termo “carneiro” era aplicado a um tipo de catacumba, baixa, com a parte superior mais alta e com formato tal que, a certa distancia, lembrava um carneiro branco deitado no solo. 20 O falecido foi “h um escravo do Capitão Gonçallo Pereira de Carvalho (06.12.1823). 21 O falecido foi Francisco Leite Rabelo, 47 anos, morador na vila do Granito, morto de ataque apoplético, casado com Belmira da Paixão Leite (2º. Núpcias), sepultado com hábito preto, encomendado pelo pro-pároco de Exu, Pe. Antônio Almeida . A encomendação foi solene. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p. 2v). 22 A falecida era Bárbara Maria de Jesus, moça, solteira, Legítima de Amaro José Carlos da Silva Peixoto e Castora Verdilina de Alencar. Moradores na fazenda Casa de Pedra, freguesia do Exu. Recebeu todos os sacramentos. 19 anos. Histerismo. Envolta em hábito preto. Encomendada pelo Pe. Modesto. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.4). 23 O defunto era o Capitão Francisco Pereira Coelho, morador na fazenda Trabalho, 75 anos, envolto em hábito de S. Francisco . (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.7v). 7 foram registrados também sepultamentos realizados em outros cemitérios: “Cemitério do Poço d’Anta desta Freguesia do Exu”, no “Cemitério do Lombá”, em “huma das catacumbas do Cemitério do Granito”; em 21.03.1866, no “Cemitério desta Villa do Granito”; no “Cemitério público desta Villa do Granito (28.02.1868), no “Cemitério Comum da Villa do Jardim” (28.12.1868), em “Catacumba desta Matriz do Granito” (22.02.1869),24 no “Cemitério da Povoação do Exu desta Freguesia” (10.08.1869), em “Carneiro na Capella de S. João do Araripi, filial desta Matriz” (08.09.1869), 25 no “Cemitério Novo da Povoação do Exu” (22.05.1870);26 em “Catacumba no Cemitério Publico desta Villa” (25.06.1871),27 no “Cemitério desta Villa, abaixo do cruzeiro”;28 em “ catacumba no Cemitério do Granito”, em “Catacumba reservada no Cemitério desta Villa” (05.08.1872), 29 no “Cemitério desta Villa do Granito”;30 no “Cemitério desta Villa do Granito em catacumba alugada” (21.07.1872);31 em 24 Delmira Leite da Paixão Quinaquina, branca, moradora na vila do Granito. No dia 27.02.1869 outro corpo foi sepultado em “em Catacumba desta Matriz do Granito”. A falecida era D. Manoela Francisca do Nascimento, branca, pouco mais de trinta e um anos, falecida de estupor, esposa do Capitão Antônio Pereira de Carvalho, morador no sítio São Bento. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.10v.). Ambas foram confessadas e foram sepultadas com hábito preto; 03.07.1869 Comandante Superior Roque Carlos de Alencar Peixoto, viúvo de Ursula de tal (sic), branco, pouco mais ou menos quarenta e cinco anos (idem, p.12); Castora Maria de tal , branca, esposa de Amaro José Peixoto, moradora da fazenda Casa de Pedra, falecida de moléstia incognita, cinqüenta e oito anos, sepultada com hábito preto. 25 O defunto era Luiz Pereira de Alencar Filho, solteiro, branco, filho de Luiz Pereira de Alencar, morador na Fazenda Caiçara, falecido das febres, vinte e trez anos, sepultado com hábito preto, encomendado pelo capelão do Exu – Joaquim Coelho da Cruz – de licença do Pe. Filipe Rezende Pinto. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.14v). 26 O termo foi aplicado pelo Pro-pároco e Capelão do Exu, Pe. Joaquim Coelho da Cruz ao registrar um falecido do Exu. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.16v). 27 A defunta era Castora Maria de tal (sic), branca, esposa de Amaro José Peixoto, moradora da fazenda Casa de Pedra, falecida de moléstia incognita, cinqüenta e oito anos, sepultada com hábito preto (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.42). 28 Uns três cadáveres de pessoas comuns foram sepultados abaixo do cruzeiro. Entre todos chama a atenção o de Luiza, sepultada no dia 11.06.1872. Ela era escrava do Tenente Coronel Luiz Pereira de Alencar morador da fazenda Caiçara. A mulher faleceu de um aborto, tinha trinta anos, não recebeu os sacramentos, foi sepultada com habito branco e encomendada pelo Pe. José Modesto Pereira de Brito. ( Livro de Óbitos de Adultos, p.45). Outra, sepultada em frente ao cruzeiro, foi Maria Ibiapina de Jesus, falecida no Granito aos 17.10.1874. Era casada com José Duarte Saraiva morador em São Joaquim da freguesia de Barbalha (CE). Ela foi confessada, recebeu outros sacramentos, teve um enterro solene, realizado no dia 18 às nove da manhã. O próprio vigário da época, o padre Manoel Antônio Martins de Jesus, envolveu o corpo da mulher com hábito de freira. Ela foi sepultada “em cathacumba a frente do cruzeiro do cemitério e ao lado esquerdo da capela do mesmo”. (Livro de Óbitos de Adultos, p.56v ). Os detalhes e o carinho com que o padre tratou e descreveu o sepultamento de Maria Ibiapina são indícios de que essa mulher era uma pessoa importante para ele e, provavelmente para a igreja da região. Talvez fosse uma beata, relacionada com os trabalhos do padre Ibiapina. O padre que era de Missão Velha (vide biografia do mesmo) devia conhecê-la muito bem. 29 O cadáver era de Francisco Cordeiro da Silva, pardo, morador na fazenda Alagoa Comprida, morto de tísica, com cinqüenta e dois anos, foi envolto em hábito branco, recebeu todos os sacramentos e teve missa de corpo presente. ( Livro de Óbitos de Adultos, p.46v). Este cadáver foi o único pardo sepultado em catacumba. É interessante que adquiriu catacumba própria, mas foi sepultado com hábito branco. O fato de ter tido, inclusive, missa de corpo presente, é indício que era um homem com certa notabilidade pela sociedade da região do Granito. 30 Um dos que assim foi sepultado foi o escravo do Major Dário da Silva Peixoto, morador na fazenda Sussuarana. O escravo chamava-se José, teve cor identificado como cabra, faleceu de dor ciática, contava cinqüenta e seis anos de idade, foi confessado, sepultado com hábito branco. . ( Livro de Óbitos de Adultos, p.46v). 31 O termo aparece pela primeira vez referindo-se à sepultura da família de Cassiano Pereira Lima, morador na fazenda Cupira. A sepultura deve ter abrigado os três filhos de Cassiano Pereira Lima e de Antônia Maria da Conceição, que faleceram no ano de 1872., As crianças faleceram em meses diferentes (sendo uma em julho e duas em agosto), tinham idades diferentes (sete, três e cinco anos ), e a causa da morte é apontada como garrotilho (duas crianças) e uma de esquinencia ( a terceira). Na verdade a mortes das crianças devem estar relacionadas com as febres que atacavam a região naquela época. (Livro de Óbitos de Párvulos, p. 15s). 8 “carneiro no Cemitério Público desta Villa do Granito”,32 “no patamar da Capella de S. João do Araripe desta freguesia do Exú”(02.06.1898),33 “no Cemitério particular de S. Joaquim desta Freguesia do Exu” (11.12.1900),34 no “cemitério Publico de Novo Exú” em 03.01.1901,35 no “ Cemitério do Mata Boi, desta freguesia” (05.02.1901).36 A partir do exposto é possível concluir que a proibição de sepultar no interior das igrejas acontece, aos poucos, uma descentralização de local de sepultamentos. Também aos poucos as epidemias obrigavam populações a criar cemitérios mais próximos. É preciso lembrar que nos cemitérios das vilas e cidades eram sepultados defuntos vindos de diversas partes da região. Sepultar na vila aumentava a possibilidade de contar com a celebração de encomendação do corpo, feita pelo vigário, e eram garantidos os registros do óbito. No passado até início do século XX os defuntos eram transportados em redes, por quilômetros. A rede era armada em uma trave de madeira que tinha as extremidades apoiadas nos ombros de duas pessoas. À frente ia uma pessoa com a cruz, quando não era carregada pelos mesmos transportadores do defunto. Em muitas igrejas do Brasil, a movimentação em torno dos sepultamentos era controlado por irmandades. A única dessas instituições que temos notícia no alto sertão de Pernambuco é que havia em Ouricuri. A irmandade de São Sebastião do Ouricuri foi fundada em 27.07.1851.37 O ato foi presidido pelo juiz-de-capelas Dr. João Francisco da Silva Braga. 38 Em 1869, o Pe. Francisco Pedro da Silva iniciou a construção do cemitério de Ouricuri, concluído-o no ano seguinte e entregou a sua administração à Irmandade de S. Sebastião.39 A irmandade se reunia e era encarregada de estabelecer e cobrar taxas de sepultamento, manter a limpeza do cemitério, etc). Em 1895 o Cônego João Marques de Souza (vide biografia) encontrou algumas irregularidades no funcionamento da irmandade. No século XX, na diocese de Petrolina, foram criadas outras irmandades, porém bastante diferente da de S. Sebastião. Pe. João Câncio dos Santos – No livro Dados do Clero, da Cúria Diocesana de Petrolina, encontramos que o Pe. João nasceu em 21.09.1936 em Petrolina. Foi batizado aos 04.04.1937 pelo Vigário de Petrolina, Pe. Osmar de Novais Lima. Foram padrinhos: José Correia Moxotó e Teodora Correia Moxotó. Era filho de Francisco Avelino dos Santos e Laudemira Sales Santos. Foi crismado por D. Avelar Brandão Vilella no dia 02.03.1947, na capela da Residência Episcopal, tendo como padrinho Antônio de Sá Sobrinho. Seus estudos tiveram início no Crato (CE) onde cursou e completou Humanidades. Cursou Filosofia no Seminário Central de Salvador 32 A falecida era Fortunata de Alencar Miranda, 37 anos, branca, falecida de hidropsia, casada com o Escrivão Público do Granito (José da Costa Miranda). . ( Livro de Óbitos de Adultos, p.18v). 33 O cadáver era de Maria Thereza de Jesus, falecida de congestão, casada, envolta em hábito branco, não foi encomendada. . ( Livro de Óbitos de Adultos, p.112v). 34 O cadáver era de Ursula Maria da Conceição, 23 anos, falecida de inflamação, envolta em hábito branco ( Livro de Óbitos de Adultos, p.114v). 35 O cadáver era de Bárbara Maria da Conceição, falecida de parto e no dia anterior, recebeu os sacramentos, foi envolta em branco. ( Livro de Óbitos de Adultos, p.114). 36 O cemitério do Mata Boi deve ter começado com o sepultamento ocorrido no dia 05.02.1901. Pensamos assim, pois no dia 21.01.1901 faleceu Francisco Cordeiro de Araújo, de febres, e foi sepultado no com 23 anos; em 30.01.1901 faleceu Clara da Conceição, moça da Mata do Boi. Os dois foram sepultaddos no “Cemitério Publico desta Villa [do Exu]”. Vendo que a epidemia de febres levaria mais pessoas da localidade a população deve ter decidido no momento a criar um cemitério no local. Fato é que na Mata Boi faleceram em tempos próximos, de febres: 07.02.1901 (Joaquim Leutério de Araújo – 15 anos); 21.02.1901 (Ana Leutéria de Araújo – 14 anos); 11.02.1901 (José Cordeiro de Araújo - 12 anos); 05.04.1901 (Antônio cordeiro de Araújo – casado); 02.03.1901 (Ana Cordeiro de Araújo). (Livro de Óbitos de Párvulos, páginas danificadas e sem numeração). 37 Provimento de Visita do Cônego João Marques de Souza . Tombo de Ouricuri. p. 2v. 38 COSTA, F. A. Pereira, Ano de 1844, in Anais Pernambucanos, Vol.X, pag. 317. COSTA, F. A. Pereira, Ano de 1844, in Anais Pernambucanos, Vol.X, pag. 317. 39 9 (BA). Cursou até o terceiro ano de teologia em João Pessoa (PB) onde, no primeiro ano, estudou: Dogma, Sagrada Escritura, Moral, Direito Canônico, Liturgia, Ascética e Ação Católica. O quarto ano teológico aconteceu no Seminário da Prainha, em Fortaleza (CE) tendo como reitor, Pe. Gerardo Andrade Ponte, futuro bispo de Petrolina. As ordenações foram as seguintes: Tonsura (22.04.1962), Ostiariato e Leitorato (20.07.1962), Exorcistato e Acolitato (22.12.1962), subdiaconato (01.12.1963), Diaconato (08.12.1963 na Igreja Matriz de Santa Maria da Boa Vista), Presbiterato (05.07.1964). Salvo a exceção todas as outras ordens foram conferidas por D. Antônio Campelo de Aragão na Catedral de Petrolina. A primeira missa foi cantada na tarde de 05.07.1964. No dia 11.07.1964 recebeu provisão de Vigário Cooperador da paróquia de N. Sra. Rainha dos Anjos de Petrolina. No dia 18.03.1965 foi nomeado Vigário Ecônomo da Paróquia de N. Sra. de Serrinha (=Serrita) e regente da paróquia de Granito. Em 23.01.1971 foi nomeado Vigário Geral da Diocese substituindo o Pe. Felix Rolim de Albuquerque que pedira exoneração do cargo por motivo de doença. Foi em 1971 que ele presidiu a primeira missa do Vaqueiro em memória de Raimundo Jacó, um primo do cantor Luiz Gonzaga. Em primeiro de janeiro de 1974 permaneceu apenas com a Paróquia de Granito residindo em Sitio dos Moreiras. Com a saída de D. Antônio Campelo de Aragão deixou o cargo de Vigário Geral, permanecendo como Coordenador de Pastoral. No dia 08.02.1975 foi empossado na Paróquia de S. José de Bodocó permanecendo na regência da Paróquia de Granito. Em 30.04.1983, João Câncio foi nomeado, pelo bispo, representante da Diocese junto à diretoria e Administração do Colégio D. Bosco. 40 O gosto pela vida de vaqueiro levou-o a criar, com o cantor Luiz Gonzaga, a famosa Missa do Vaqueiro em memória de Raimundo Jacó, um primo do cantor Luiz Gonzaga. A missa integra atualmente o calendário turístico do sertão pernambucano. A ligação do Pe. Câncio com a Missa do Vaqueiro, celebrada em Serrita tem relação com a prática de celebrar a vida do vaqueiro criada na Diocese de Petrolina em 1941. Neste ano, pela primeira vez na cidade de Petrolina, realizou-se o Dia do Vaqueiro. No Livro de Tombo da Diocese de Petrolina encontramos que a primeira comemoração do dia do Vaqueiro foi “idealizada pelo zelo de algumas pessoas à frente das quaes estava o Pe. Américo [Soares]” . O registro que consultamos diz que a festa trouxe os vaqueiros dos “sertões occultos dos nossos campos aos pés do altar para satisfazerem os seus deveres religiosos”.41 A festa começou no dia 02.08.1941 com uma concentração na fazenda Lagoa Seca. À tardinha, vestidos com a indumentária de coura aproriada, dispostos em filas de quatro em quatro, os vaqueiros entraram na cidade e se dirigiram para a igreja matriz de N. Sra. Rainha dos Anjos. No primeiro templo religioso de Petrolina houve uma palestra preparando os vaqueiros para o sacramento da penitência (confissão dos pecados). No dia seguinte, às sete e trinta da manhã, os vaqueiros participaram de missa, na Matriz, presidida por D.Idílio José Soares. Às dez horas houve outra missa, solene. Às 15 horas os vaqueiros se concentraram diante do Palácio Diocesano e em seguida partiram em passeata pela cidade. Houve homenagens às autoridades religiosas e civis. Um dos vaqueiros recitou poesia falando sobre a vida do vaqueiro e o Sr. Anésio Leão recitou poesia feita pelo Sr. Cavalcanti. A festa terminou com a bênção do Santíssimo Sacramento na Igreja Matriz da cidade. No ano seguinte, 1942, a festa se repetiu com a presença de mais de 150 vaqueiros. A programação foi semelhante à apresentada acima, mas com a diferença de ter sido pregador, frei Damião, de terem sido premiados os vaqueiros com melhor indumentária e a consagração dos vaqueiros aos Sagrados Coração de Jesus e de Maria42. No livro de tombo da Paróquia de N. Sra. Rainha dos Anjos, de Petrolina, há uma anotação informando que naquele ano de 1946, continuava a ser celebrada a festa do Vaqueiro. A anotação também diz ter sido a idéia da festa, o Pe. Américo Soares, quando era Vigário Cooperador de Petrolina. Em 1946 a festa continuava acontecendo, porém, no mês de julho e, naquele ano, com uma novidade: a criação da Liga dos Vaqueiros. Esta foi definida 40 CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Livro de Tombo II, p.40v. CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Livro de Tombo I, p.68v. 42 CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Livro de Tombo I, p.73v. 41 10 como uma confraria, “uma sociedade beneficente fundada em Petrolina a 7 de julho de 1946, que se propõe a dar aos associados assistência religiosa, cultural e econômica”.43 A Liga tinha diretoria e funcionava no Instituto S. José. Em julho de 1947 a festa não teve o mesmo entusiasmo dos anos anteriores, por causa da seca, epidemia nos animais e ausência do vigário idealizador. Em 21 de julho de 1951 a festa do Vaqueiro passou a ser presidida por Pe. José de Castro, Vigário Cooperador de Petrolina. Apesar das dificuldades padre José consegui reunir uns 200 vaqueiros. Um elemento novo foi a realização de uma tarde esportiva “constando de corridas de cavalo, torneio de futebol e outras brincadeiras. À noite houve um shou, no Colégio D. Bosco, e foi projetado um filme sobre o Congresso Eucarístico”.44 A idéia de celebrar a vida do Vaqueiro foi imitada em outras paróquias da Diocese. Lembro-me das festas celebradas por Pe. Gonçalo Pereira Lima em Araripina. Os vaqueiros entravam na cidade tocando os seus búzios. Mesmo assim a festa parece ter sido um pouco ofuscada pelo movimento de Legiões Agrárias. Este movimento tinha como presidente, em 1974, Francisco Avelino dos Santos,45 grande amigo dos bispos – a partir de D. Campelo – da Diocese de Petrolina, devoto de Santo Antônio, homem dedicado à fé, à Igreja. Ele era pai do padre João Câncio. No discurso de despedida, D. Antônio Campelo de Aragão, fez referência a cada um dos padres. O bispo referiuse ao Pe. João Câncio come estas palavras: “ Pe. João Câncio: Deus seja louvado! Você com sua personalidade e eu com a minha, fizemos um só espírito, um só ideal, uma doação total, tudo para a glória da Diocese de Petrolina. Quero agradecer-lhe. Saber aturar-me, endoçar minhas orientação, e quero saber que levarei a toda a parte, a sua personalidade. Na Cúria Diocesana, cuidando das almas em Granito, no Sítio dos Moreiras, em toda parte e também, porque não dizer, montado no seu famoso ginete, levando para os vaqueiros, abandonados, a chama da fé e os laços de união na Igreja de Deus Nosso Senhor”.46 No início de 1981, o Pe. João Câncio solicitou a D. Gerardo Andrade Ponte, então bispo de Petrolina, que encaminhasse um processo de redução junto ao Vaticano para poder receber o sacramento do matrimônio, pois pretendia constituir uma família. O Padre Vaqueiro deixou o ministério sacerdotal, mas continuou dando a sua contribuição com o bem da sociedade atuando como advogado. Faleceu no dia 10.02.19.1989, mas a sua memória é lembrada e conservada pelos sertanejos. Em Serrita há a fundação Pe. João Câncio que promove o evento em parceria com a prefeitura municipal de Serrita, a Associação dos Vaqueiros de Pega de Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco e o Governo do Estado de Pernambuco a partir da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE).47 Pe. Joaquim Antônio de Siqueira Torres – O padre Quincas, como era também chamado, herdou o mesmo nome do pai que era o Barão de Água Branca, da nobreza de Alagoas. Álvaro Ferraz descreve-o como um ótimo musicista, tocador de flauta, espírito folgazão e pilhérico. 48 No livro de Batismo de escravos de Cabrobó ele aparece como Vigário e batiza “sob licença” do Pe. José Antônio Firmino de Novaes de 24.12.187549 a 27.04.187650. De 03.08.1880 até 43 CURIA DIOCESANA. Tombo da freguesia de N. Sra. Rainha dos Anjos de Petrolina – 1925/1951.p.55s. 44 CURIA DIOCESANA. Tombo da freguesia de N. Sra. Rainha dos Anjos de Petrolina – 1925/1951. p. 67. 45 CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Livro de Tombo II, p.63. 46 CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Livro de Tombo II, p.76. 47 GOVERNO DE PERNAMBUCO. NOTÍCIAS. Missa do vaqueiro une Fé e Tradição em Serrita. http://200.238.107.167/web/portalpe/exibirartigo?companyId=communis.com.br&articleId=1719 5. Acessado em 28.06.2010. 48 FERRAZ, Álvaro. Floresta: Memórias duma cidade sertaneja no seu cinqüentenário. Recife: Secretaria da Educação e Cultura, 1957. p.77.(Coleção “Cadernos de Pernambuco”, 8). [143p.] 49 Batismos de escravos de Cabrobó, p. 28. 11 18.04.1883 assinou óbitos em Exu;51 Em 1881 batizou em Leopoldina (=Parnamirim). 52 Em 1877 batizou em Granito;53 De 04.03.1877 a 23.07.1882 assinou óbitos de escravos sepultado no cemitério da Vila de Leopoldina. 54 Vicariou em S. José do Belmonte entre 22.02.1884 a 12.01.1883, período em que reformou a capela existente, preparando-a para se tornar matriz. A benção das obras realizadas aconteceu no dia 19.03.1890 sob a presidência do Pe. Joaquim e com a presença de vigários de outras freguesias. 55 Foi nomeado Vigário Encomendado de Leopoldina em 29.01.1907, prestando o juramento de estilo no Palácio da Soledade em 04.02.1907. 56 Em 1907 e 1908 assinou como Vigário a responsabilidade de transcrições de documentos no livro de Tombo de Leopoldina.57 Exerceu o ministério também em Floresta no período de 18.10.189113.10.1893 onde teve participação na construção da matriz concluída em 1897. Em 1884 e 1888 era Vigário Encomendado de Vila Bela (=Serra Talhada); Vigário Arcipreste:58 Durante o período que exerceu o ministério de Vigário Arcipreste do bispo de Olinda temos as seguintes notícias: em 19.03.1884 o “Pe. Joaquim Antônio de Siqueira Torres, Presbytero Secular da Ordem de São Pedro, Vigário encommendado da Villa Bella (=Serra Talhada ) e Arciprestado do Alto Sertão de Pernambuco [...]” nomeia, Fabriqueiro da Matriz da freguesia de nossa Senhora da Conceição de Cabrobó, o capitão Ângelo Vieira Sampaio; 59 Aos 07.11.1884, chegou a Petrolina com a finalidade visitar canonicamente a Freguesia de N.Sra. Rainha dos Anjos. No dia 13 do mesmo mês o seu secretário registrou no livro de Tombo de Visitas Pastorais as impressões que teve acerca da Freguesia. Além de uma freguesia sem vigário os visitadores encontraram muitas incorreções, entre outras: a Matriz encontrava-se “[...] em um estado lastimoso [sem sacrário, nem pia batismal]”, um povo profundamente ignorante em relação à doutrina cristã, a ausência de cemitério. Na lista de inventário feita pelos visitadores encontra-se a imagem de N. Sra. Rainha dos Anjos; 60 Às oito horas da noite de 03.10.1888 o “[...] Pe. Joaquim de Siqueira Torres, Presbytero Secular da Ordem de São Pedro, Cônego Hornorário da Sé de Olinda, Arcipreste e Visitador do Alto Sertão de Pernambuco e Vigario Encommendado de Villa Bella [...]” entra na Vila de Cabrobó para visita canônica. Ao visitar a Matriz encontrou tudo “bem conservado e Devidamente Decente”. Na ocasião foram crismadas mil cento e setenta e nove pessoas. Também se realizou a encomendação dos mortos durante a 50 idem p. 33v PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de óbitos de Exu. 52 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de óbitos de Exu. p. 13b. 53 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Justificações de Exu. p. 13. 54 PETROLINA. Arquivo diocesano. Tombo de Leopoldina. p. 1. 55 NOGUEIRA, Valdir. São José do Belmonte. Recife: Centro de Estudo de História Municipal. fotocópia de algumas folhas do livro. p. 148. (Biblioteca Pernambucana de História Municiapal, 28). 56 PETROLINA. Arquivo diocesano. Tombo de Leopoldina. p.17-18. 57 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Tombo de Leopoldina. p.18s. 58 No passado, aplicava-se o título de “arcipreste” ao padre colocado, pelo bispo diocesano, à frente de um arciprestado, isto é, de um grupo de paróquias com direitos e deveres previsto pelo Código de Direito Canônico ( MAIA, Antônio. Pequeno dicionário católico. Rio de Janeiro: Irmãos Di Giorgio. 1966, p. 23s). Conforme recortes de jornais, colados sem qualquer tipo de identificação, provavelmente pelo padre Codeso, no livro “Tombo de visitas pastorais de Petrolina” (última folha), em 13 de março de 1895, o bispo de Olinda, D. Manoel dos Santos Pereira, dividiu a sua diocese em três arciprestados: o do “Oeste de Pernambuco”, o do “Oeste de Alagoas” e o do “Baixo de São Francisco”. Petrolina pertencia ao primeiro, o do Oeste de Pernambuco, do qual também faziam parte as paróquias de: Afogados de Ingazeira, Flores, Triunfo, Vila Bela, Floresta, Cabrobó, Salgueiro, Boa Vista, Leopoldina (=Parnamirim), Belmonte, Granito, Exu e Ouricuri. Parece que, no tempo de Codeso, a sede do arciprestado era Vila Bela, ou seja, Serra Talhada. 59 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Lançamentos de Pastoraes e Provisões (1886) da paróquia de Cabrobó.p. 1s. 60 Esta notícia comprova a presença da imagem de N.Sra. Rainha dos Anjos na Igreja Matriz de Petrolina. Tal referência à imagem da padroeira de Petrolina encabeça uma lista de aproximadamente 30 outros objetos (inclusive outras imagens). O mesmo se repete em outra lista da mesma natureza. Além dessa clara referência, outras observações feitas durante as nossas pesquisas reforçam a nossa convicção acerca da imagem em Petrolina. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Tombo de visitas pastorais da Freguesia de Petrolina.p.1). 51 12 visita canônica ao cemitério; 61 Na data de 25.10.1888 realizou uma segunda visita canônica a Petrolina.Desta vez fez escrever as impressões da visita que, ao contrário da anterior, foram muito positivas: o tratamento dado pelo vigário Martinho Codeso y Martins, livros de assentamento em ordem, pia batismal, sacrário com partículas, cemitério construído. 62 Como Vigário Encarregado de Cabrobó recebeu, em 12.10.1895, às oito horas da manhã, o Cônego João Marques de Souza então em visita canônica pelo alto sertão de Pernambuco. O Pe. Joaquim Antônio de Siqueira faleceu em julho de 1918. 63 Pe. Joaquim de Alencar Peixoto 64 – encarregado pelo bispo de recuperar a história da diocese de Petrolina, publicamos em 2001 um folheto contando de forma sintética a vida do Pe. Peixoto. Aqui transcrevemos o mesmo escrito realizando algumas pequenas atualizações. O Pe. Joaquim de Alencar Peixoto assinava-se a princípio com o nome de Joaquim Marques Peixoto. Nascido no Crato em 26.04.1871, foi batizado na igreja da Sé do Crato, aos 21 de maio de 1871, pelo Cônego Manoel Joaquim Aires do Nascimento. Foram padrinhos Pedro Vieira de Brito e Isabel Águeda de Brito. Crismou-se também em 1871. Dos pais recebeu sobrenome de dois importantes ramos familiares do sertão cearense e pernambucano – Alencar e Peixoto. Seus pais foram Felismino de Alencar Peixoto e Hortulana de Alencar Peixoto. Seus avós paternos, Teodósio Marques de Abreu Peixoto (pernambucano) e Joaquina Xavier de Jesus (de Missão Velha, Ceará); os maternos foram Francisco Leão da França Alencar e Maria Leopoldina do Monte (de Exu).65 Com sobrenome Alencar trabalharam, nos sertões pernambucanos outros padres: Pe. Pedro Alencar Modesto, Pe. Sother de Alencar, Pe. Antônio Duperron de Alencar Barros, Pe. José Coelho de Alencar. Entrou no seminário do Crato aos oito de março de 1889, recebeu tonsura aos oito de dezembro de 1893, as ordens menores em 1895. Recebeu o presbiterato aos 14.11.1897 na Paraíba.66 Entre as pessoas de destaque na região do Cariri que foram seus contemporâneos no seminário, são lembrados: Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, Mons. Esmeraldo, Pelúsio Correia de Macedo, Cônego Climério Macedo, D. Joaquim Ferreira de Melo, Cel. Francisco José de Brito, Prof. Edilson Sucupira, Cel. Pedro Silvino, Mons. Miguel Tavares Campos.67 Estudou em vários seminários. Em 1891, ingressou no Seminário de Olinda; em 1893, retornou ao Ceará, passando a estudar no Seminário da Prainha, em Fortaleza, e em 1895, estudou no Seminário de João Pessoa onde foi ordenado. Celebrou sua primeira missa no Crato em 03.12. 1897. Exerceu o ministério como vigário em: Saboeiro e Arneiroz (31.01 a 29.07.1898), Cachoeira (30.10.1900 a 02.03.1902), a posse foi em dezembro de 1900. 68 Em 1901 foi vigário de Solonópole. Retornou ao Crato nesse mesmo ano de 1901 onde – com o Pe. Ágio Moreira Maia, diz o Pe. Diamantino – fundou o “Ginásio Cratense”. Lecionou em vários institutos do Crato. Nesta mesma cidade, iniciou a sua colaboração com a imprensa tornando-se redator do “Sul do Ceará”.69 Em 15 de agosto de 1907, mudou-se para Juazeiro do Norte por causa de desentendimentos com o Cel. Belém e com o Cel. Antônio Luiz. Ali, a partir de 1908, 61 Livro de Lançamentos de Pastoraes e Provisões (1886) da paróquia de Cabrobó.p.22b- 26. PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Tombo de Visitas pastorais da Freguesia de Petrolina. p.4. 63 PESQUEIRA. Arquivo do museu diocesano. Tribuna Religiosa de 12.04. 1918. 64 O presente texto biográfico sobre o Pe. Joaquim de A. Peixoto é uma atualização do livreto que publicamos em 2001. Cf. CAVALCANTE. Francisco José P. Pe. Joaquim de Alencar Peixoto. Petrolina: Creative Designer, 2001. 9 p. 65 Dados fornecidos numa breve biografia feita pelo Instituto Cultural do Cariri. 66 PADRE JOAQUIM DE ALENCAR PEIXOTO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700-2004). Fortaleza: Premius Editora. v. 2. 280. 67 Instituto Cultural do Cariri. 68 PADRE JOAQUIM DE ALENCAR PEIXOTO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700-2004). Fortaleza: Premius Editora. v. 2. 280. 69 Instituto Cultural do Cariri. 62 13 substituiu o Pe. Ágio Moreira Maia na capelania de N. Sra. das Dores. Em 1909, fundou o primeiro jornal juazeirense que tinha o título de “O Rebate”. Provavelmente pelo forte e combativo envolvimento político, em 1909 não obteve permissão para confessar e em 21.12.1911 foi suspenso de todas as ordens. 70 A partir de então se insere na luta em prol da independência de Juazeiro e a criação do município, o que aconteceu em 22 de julho de 1911. 71 Neste ano, a doze de outubro, teve Carta Comendatícia para o amazonas. Depois da vitória em Juazeiro, o padre sentiu-se marginalizado pelo Pe. Cícero e deixou a cidade. Foi vigário de Cachoeira. Sabe-se que esteve morando num lugar chamado de Sena Madureira, no Acre e na Amazônia. Colaborou com jornais indígenas. Em 1917 foi citado em carta pastoral de D. José Lopes, bispo de Pesqueira, como vigário de Belmonte, Pernambuco. Em Belmonte exerceu o ministério no período de 02.01.1917 a 23.11.1919.72 Em 28.09.1909 e em 1931 foi o orador do clero no encerramento do retiro dos padres. No livro “Patrimônio do Granito” encontra-se a sua nomeação como Pároco Encomendado de Granito em 16.12.1919. Tomou posse “por mim mesmo” – escreveu – dessa paróquia no dia 18.01.1920. Em 27.12.1930 solicitou dispensa do “munus paroquial” por tempo indeterminado, “para qualquer diocese do paíz”. O ordinário diocesano concedeu a licença em 06.01.1930.73 O sucessor foi o Pe. Sizenando de Sá Barreto que teve nomeação para Vigário Encarregado de Granito registrada em 07.01.1930; 74 Na mesma data foi conferida a “Carta Commendaticia”; 75 Em 09.01.1930 o bispo ordenou ao vigário sucessor para aplicar, conforme vontade do Pe. Peixoto, uma quantia correspondente ao crédito do Pe. Peixoto na capela do Planalto dos Moreiras. Embora tenha encaminhado o processo de saída da diocese parece não ter encontrado com facilidade uma outra. Em 21.01.1931 foi nomeado Vigário Encarregado de Granito o Pe. José Fernandes de Medeiros; 76 Em 23.01.1931 o Pe. Peixoto foi novamente nomeado Vigário Encomendado do Granito;77 O fato é que em 05.01.1931 ele voltou a assinar óbitos o que fez até 26.05.1943. Em 27.07.1943 o bispo concedeu-lhe, mediante solicitação do próprio Pe. Peixoto, novas “cartas commendaticias”.78 A partir de 31.01.1944 começou a assinar o livro de óbitos de Granito, o Pe. Mariano de Souza Neto. Outro cargo exercido, pelo Pe. Peixoto, na diocese foi o de Vigário Forâneo de Granito. Realmente em 25.02.1925, D. Malan partiu para a Europa em Visita Ad Limina. Antes o Bispo fez circular avisando a todos a saída e os motivos. No governo diocesano deixou o Cônego José da Costa Rego, vigário de Juazeiro da Bahia e nomeou Vigário Forâneo para as paróquias de Leopoldina (=Parnamirim), Ouricuri, Bodocó, Novo Exu, Serrinha (=Serrita) e Granito o Pe. Joaquim de Alencar Peixoto. A nomeação foi realizada pelo bispo em 02.02.1925 tendo ele permanecido no cargo até, aproximadamente, 02.02.1928.79 O cargo de Vigário Forâneo foi criado por D. Malan para facilitar um grande número de dispensas que deveriam ser concedidas ou negadas a vigários e fiéis. Na época a comunicação entre paróquias e entre elas e o bispado 70 PADRE JOAQUIM DE ALENCAR PEIXOTO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700-2004). Fortaleza: Premius Editora. v. 2. 280. 71 Instituto Cultural do Cariri. 72 NOGUEIRA, Valdir. São José do Belmonte. Recife: Centro de Estudo de História Municipal. fotocópia de algumas folhas do livro. p. 156. (Biblioteca Pernambucana de História Municiapal, 28). 73 Eis os termos do despacho da petição: “[...] querendo crer que o peticionário (Pe. Peixoto) há de ter motivos que não quis allegar e agradecendo os serviçoes prestados à Diocese de Petrolina, concedemo-lhe a exoneração pedida do crgo de vigário de Granito, com licença para se ausentar da Diocese por tempo indeterminado, com cartas commendaticias na forma requerida . Autorizamos outrossim p éticionário a aceitar qualquer benefício, mesmo residencial na Diocese em que for recebido. Petrolina 06.01.1930. Antônio, Bispo de Petrolina. PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Despachoss ( 1926 – 1944), p. 20. 74 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.69. 75 Teor da carta em latim. Cf. PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.69s. 76 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.84v. 77 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.85. 78 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões ( 1937 – 1948), v.2 , p.110. 79 Em 30.09.1927 ele fechou a última prestação de contas em livro caixa apropriado 14 eram dificilíssimas. Por outro lado, também, no mesmo momento histórico, até para se realizar uma procissão um vigário tinha necessidade de pedir licença ao bispo. O Vigário Forâneo facilitou a vida dos vigários e fiéis de modo que, se um vigário de uma das paróquias da forania necessitasse de algum tipo de dispensa, recorreria ao Pe. Peixoto que estava mais próximo. O livro de provisões da diocese mostra que ele exerceu ainda os cargos de Vigário Encarregado de Ouricuri em 07.03.1926; Vigário Encarregado de Bodocó de 26.07. 1926 até 17.01.1927; Vigário Encarregado de Nova Exu em 04.08.1926;80 Outra demonstração da confiança que D. Malan depositava nele foi a sua nomeação como Examinador Pro-sinodal em 20.08.1929. Enquanto foi Vigário Encarregado de Ouricuri, organizou o patrimônio de terras da paróquia requerendo a demarcação do patrimônio doado por D. Maria Goulart. A posse de terras, desmembrada, pela doadora, da fazenda Tamboril, data de 1845. Tinha valor de cem mil reis (100:000) e abrangia, em 1925, toda a área arredores de Ouricuri. 81 O processo teve início a pedido do Pe. Joaquim em setembro de 1925 e finalizou em novembro do mesmo ano com a sentença favorável, ao padroeiro, homologada pelo Juiz de Ouricuri, José Joaquim Caldas Rocha. 82 Entre os procedimentos do processo estão a promoção da “cravação do marco inicial e verificação do ponto de partida do patrimônio” realizado em 19.10.1925, a mando do juiz de direito. Na ocasião, onde já havia um marco, foi colocada uma pedra grande, com as faces voltadas para os pontos cardeais, ladeada por duas pequenas. O local onde foi fixado o marco era chamado de “Pasta”, e situava-se entre duas cacimbas. No Auto de Demarcação consta que, posteriormente, foram afixados marcos em pontos estratégicos para demonstrar os limites do patrimônio. 83 Testemunharam, entre outros, favoravelmente a existência do patrimônio: Antônio Soares de Alencar (comerciante), Anísio Coelho Rodrigues (prefeito), Antônio Pedro da Silva (proprietário). O mapa do patrimônio foi desenhado pelo agrimensor Baldomiro Pedro da Silva. Em oito de novembro do mesmo ano de 1925 foi feita a Escritura da casa paroquial e, no dia seguinte, a do Patrimônio de S. Braz.84 Este patrimônio tinha terras doadas por Braz Antônio de Calábria e sua mulher, Antônia de Castro Calabria. As terras doadas situavam-se no sítio Paraíso e foram compradas pelo casal por cem mil reis, a Antônio Marinho Falcão. 85 Na escritura os doadores afirmam o desejo de logo construir, com as próprias custas e com esmolas de quem quiser ajudar, uma capela para S. Braz. Os livros de Tombo da diocese de Petrolina revelam o Pe. Peixoto como um sacerdote dedicado. Ao fazer uma visita a uma paróquia, o bispo ou representante deixava uma relatório da visita. Nas paróquias de Petrolina quase sempre esses “Provimentos, ou Provisão de Visita”, como eram denominados, chamam a atenção dos padres ou das comunidades em relação a certos aspectos dos cuidados paroquiais (estado dos livros paroquiais, dedicação pastoral ao povo, desleixo no cuidado das igrejas, ausência de elementos necessários ao culto ou à celebração dos sacramentos, etc.). Os relatórios de visita das comunidades colocadas aos cuidados do Pe. Peixoto são de modo geral positivos e arrancaram elogios até do exigente D. Malan em visita pastoral feita a Granito em outubro de 1924. Na ocasião, o bispo fez escrever que, em visita à Matriz de Granito, só encontrou “motivo de consolação”. Mais à frente, como que resumindo a satisfação, o bispo escreve que encontrou “[...] tudo em ordem irrepreensível e bem cuidada [...]”.86 O zelo do padre aconteceu também em relação às anotações do movimento econômico da paróquia. No livro Registro de Contas, aberto na época de D. Malan, encontramos anotações que fornecem informações interessantes. A primeira delas é que a cidade de Granito, por dois ou três anos, esvaziou-se. Segundo o padre, no 80 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.17v.. Livro de Tombo de Ouricuri. 1924-1966. p.11s. 82 Livro de Tombo de Ouricuri. 1924-1966. p.42v. 83 AUTO DA DEMARCAÇÃO. Livro de Tombo de Ouricuri. 1924-1966. p.28-29. 84 ESCRIPTURA DO PATRIMONIO DE S. BRAZ. Livro de Tombo de Ouricuri. 1924-1966. p. 44s. 85 Antônio Marinho Falcão era, na época, Primeiro Tabelião Público e Escrivão Privativo de Órfãos. 86 Provimento de visita in Patrimônio da Igreja de Granito ...85. 81 15 período de 1926 a 1928, não foi possível cobrar o foro das casas e terrenos do patrimônio porque a maioria dos proprietários-foreiros se retiraram da cidade (“villa”) amedrontados pela seca e pela “[...] acção dannosa dos cangaceiros e assassinos protegidos escandalosamente pelo chefe e demais auctoridades deste Municipio [apezar da repressão do governo ao banditismo!]).87 Outras informações colhidas de ações ligadas ao seu trabalho em Granito: em 1921, foi iniciada a construção de um novo Cemitério Paroquial em Granito e um estrada de acesso ao mesmo.88 O cemitério foi concluído por volta de 1929. Trabalharam na obra os pedreiros Raimundo Praia e Dôdô. Os recursos para a referida construção vieram de várias fontes inclusive das taxas de foro, do bolso do próprio vigário, do Apostolado da Oração e de uma senhora chamada Raimunda Honorina Peixoto, que doou – por morte, à padroeira de Granito – um crucifixo de ouro pendente em uma corrente do mesmo metal. O padre vendeu o conjunto de ouro por setecentos mil reis e o aplicou no cemitério. No mesmo ano de 1929, ele fez limpeza do antigo cemitério, comprou uma imagem de Sta. Terezinha (medindo 70 centímetros) e promoveu a demolição do antigo altar do Coração de Jesus, existente na Matriz, fazendo construir dois novos: um do Coração de Jesus (para o qual contribuiu o Apostolado, com 485 mil réis) e um de Santa Terezinha (com recursos superiores a novecentos mil réis, adquiridos por arrecadação e vendas de velas).Em 1934, colocou o pedreiro Pedro Doca, para reconstruir uma pequena torre da Matriz de Granito. 89 Mais tarde, o padre empreitou o Sr. José Lopes para dirigir a construção da igreja de Santa Terezinha no planalto do Sítio dos Moreiras. No dia 07.10.1929 o bispo concedeu ao padre a licença para lançar a primeira pedra da capela de Sta. Terezinha no Caririzinho. 90Esta foi a segunda licença para benzer a pedra da capela de Santa Terezinha pois ele já havia solicitado uma licença do mesmo tipo, com a mesma finalidade em 07.03.1926.91 Pelas prestações de contas, podemos concluir que a construção da capela teve início após dezembro de 1929 e pode ter sido concluída em 1936. Além disso, nota-se que os recursos para a construção foram arrecadados com a comunidade durante os tempos em que se trabalhou na construção. O padre também contribuiu com a edificação da capela destinando uma quantia aproximada de quatrocentos e noventa e oito mil e setecentos e cinqüenta mil réis, que havia recebido de sua mãe.92 Se o provimento de visita mostra que o zelo apostólico do padre cativou D. Malan, com muita certeza foram também as qualidades de intelectual, poliglota, grande orador, artesão, jornalista, escritor de textos em prosa e em poesia (escreveu poesias em latim, francês, italiano e inglês) escritor de livro (Joazeiro do Cariri, À margem de um livro)93 e respeitável prestador de edificantes serviços na região diocesana que levou o bispo a contratar, de imediato, o padre para fazer o discurso de lançamento da pedra fundamental da Catedral de Petrolina. De fato, foi o Pe. Peixoto que elaborou e proferiu o discurso de lançamento da pedra fundamental da referida igreja catedral. O seu longo discurso, feito à moda da época, tinha o título “Deus e o Homem” e pode ser resumido assim: “O homem, apesar de tender para as coisas limitadas e materiais, tem profunda sede de Deus e do Infinito. Ao construir grandes templos, demonstra abertura para as grandes coisas e para aquilo que se refere a Deus”. Da fala profética do Pe. Peixoto vale ressaltar o seguinte texto: “[...] Abri os livros santos, esses livros que Deus inspirou, que Moysés escreveu, que Salomão ilustrou, e os prophetas illuminaram com o verbo da revelação do futuro; abri os livros santos e vereis que a sorte dos povos, e a do mesmo mundo, está, por assim dizer, ligada á sorte ou vicissitudes desses edificios sagrados. Consoante, pois, o que está escripto nestes livros, a sorte de Petrolina, desde já, pode-se dizer, 87 Registro de Contas, dia 31.12.1927 (Diário) 06. Registro de Contas, dia 31.12.1921 (Diário) 20 e 21. 89 Registro de Contas, dia 15.06.1934 (Diário) 32 e 33. 90 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.58v. 91 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.15. 92 Registro de Contas, dia 31.12.1929 (Diário) 18 e 19. 93 Album histórico do Seminário do Crato (Rio de Janeiro -1925)101. 88 16 está lançada, isto é, não só unida mas aunada á sorte de sua Cathedral.[...]”(o grifo é nosso).94 Para elaborar o seu memorável discurso, parece que o Pe. Peixoto inspirou-se no livro “Deus e os homens” de P. Van der Meer de Walcheren”. Talvez ele tenha tido acesso a essa obra ainda em francês. Se o Pe. Peixoto era tantas vezes atencioso e organizado, possuía também como traço de sua personalidade um temperamento forte bilioso, como diz o padre Sobreira que se manifestava em certos momentos. Um exemplo desses momentos de irascibilidade, que o fazia até cuspir, é narrado por uma sua parenta num escrito cujo contexto da narração é o batismo de uma criança que nascera de um parto difícil. Eis a narração: “[...] Naquela aflição do choque nervoso comadre Zefinha fez uma prece com Santa Terezinha do Menino Jesus que se a criança fosse mulher teria o nome de Therezinha. Eu também me peguei com São Rairnundo Nonato para ser o padrinho, se eu descansasse em paz. Correu tudo bem e ficou certo que os padrinhos da menina seriam Diva e São Raimundo Nonato. Antoliano convidou Mundinho Canuto para ser o padrinho de apresentação. O batizado foi feito pelo Padre Peixoto. Nesse dia ele estava “nos três" dele. Quando estava de lundú era horroroso, não cedia uma vírgula para ninguém. Não estando, era maneiroso, simpático. Nada era difícil. Dizia até piada. No lundú, abotecava os olhos atravessados que metia medo na gente. Quando ele perguntou a nome da menina, todo mundo viu que estava na dele. Remuía e cuspia. Diva que durante sua vida foi autônoma, ficou trêmula e gaguejando...Ele tornou a falar: “Diga o nome da menina”. Diva disse: “ É Terezinha do Menino Jesus. Foi uma promessa que a mãe fez “. Então ele disse:” Isso não é nome de batismo. Vou batizar por Thereza e batizou...”95 Foi esse espírito irascível, aliado às muitas qualidades, que o tornou num dos propugnadores da independência da cidade de Juazeiro do Norte em relação ao Crato. Sobre a sua participação nessa luta, Barboza, um historiador da vida do Pe. Cícero, reconhece a valentia do Pe. Peixoto e informa que ele se mudou do Crato para Juazeiro do Norte em 1907, pressionado por perseguições políticas e encabeçadas pelo chefe político Coronel Antônio Luiz. Em Juazeiro, o padre foi bem acolhido e tornou-se uma dos principais defensores da emancipação política do Juazeiro. Nesse sentido, ele estimulou o Pe. Cícero a lutar pela independência do Juazeiro fazendo-o compreender a possibilidade de a cidade tornar-se futuramente a sede do bispado do Cariri, o que já a um tempo era um sonho do Patriarca de Juazeiro. A presença do padre Peixoto reforçou os ânimos dos chefes políticos e ricos comerciantes juazeirenses que se acercaram dele e, juntos, colocaram-se em luta. Uma das primeiras fases desse momento histórico foi a realização de uma reunião no dia 18 de agosto de 1907, na qual tomaram-se importantes decisões. Na ocasião, decidiu-se, inclusive, a fundação de um jornal para servir de porta-voz do movimento e de não se pagar mais impostos ao Crato. O tal jornal teve como redator-chefe o Pe. Peixoto que colocou o primeiro número em circulação no dia 18 de julho de1909. O hebdomadário em foco recebeu o tempestuoso título de “O Rebate” e, além de outros assuntos, continha artigos violentos escritos pelo Padre Peixoto e o Dr. Floro convidando os juazeirenses a não pagarem mais impostos ao Crato e, por conseguinte, a lutar pela independência da cidade. O Pe. Peixoto foi um dos principais agentes em duas outras grandes manifestações em prol da emancipação de Juazeiro do Norte. No grande comício de 30.08.1910, que reuniu cerca de 15 mil pessoas e terminou em frente à residência do Pe. Cícero, ele foi um dos principais oradores. Participou da decisiva reunião realizada no dia 7 de setembro de 1910, na residência do Pe. Cícero. Essa reunião foi importantíssima, pois nela firmou-se o pacto de independência decidindo-se enfim a total independência do Juazeiro em relação ao Crato. Após a reunião, seguiu-se uma grandiosa manifestação que terminou numa praça onde o Pe. Peixoto, como principal orador, bradou que a partir daquela data não haveria mais ligação entre Juazeiro do Norte e o Crato. Se Barbosa destaca a valentia do padre e apresenta-o como aquele que incentivou o padre Cícero em relação à importância da independência de Juazeiro e 94 PEIXOTO, Alencar, Deus e o homem – Discurso proferido aos dois de Fevereiro de 1925 por ocasião da benção da primeira pedra da Cathedral de Petrolina (Recife 1930) 18. O destaque da citação é nosso. 95 ALENCAR, Maria Geralda de. Caminhada com a vida. Araripe, 1987. p. 131. 17 como o elemento que deu firmeza à campanha pela emancipação política de Juazeiro do Norte, os mesmos aspectos não são tão destacados pelo padre Azarias Sobreira no livro “O Patriarca de Juazeiro”. Nesta obra, o autor, muito mais preocupado em confirmar o Pe. Cícero a quem conheceu e de quem provavelmente era afilhado como o grande patriarca de Juazeiro do Norte, procura acentuar os aspectos negativos da personalidade e da vida do colega, com quem diz ter estabelecido longa correspondência. 96 As criticas de Sobreira estão ligadas ao comportamento crítico de Peixoto a aspectos da ação do Pe. Cícero. Bem distante das brigas e enciumada de intelectuais, do poder e de riquezas, o padre Peixoto viveu o resto de sua vida em lugares sempre diferentes, como que fugindo de algo. Durante certo período de tempo morou no Crato, na Rua Salgadinho, em frente à praça onde está a igreja que abriga os restos mortais do Pe. Cícero. Em meados de 1943, retirou atestado de boa conduta para viajar para a cidade de Mangas, Minas Gerais. 97 Em 1951, transferiu-se para o Estado de Goiás (GO),exatamente para uma cidade do interior de nome Rubiataba. Alí, na paróquia de N.Sra. da Glória – pertencente aos franciscanos foi Vigário Coadjutor do Vigário, Frei Cristóvão O. F. M.. O zelo apostólico do Pe. Peixoto, visitando os paroquianos nos tempos antigos, visitando capelas ou casas sobre a sela de um cavalo, trouxe-lhe a alegria de estar servindo a Deus, mas também sofrimentos. Ele adquiriu uma série de problemas renais dos quais muito se queixava. Em 1950 quando visitou Juazeiro do Norte era um homem pobre, velho, quase cego, desiludido e por muito poucos reconhecido. Aprofundamentos sobre aspectos da vida sacerdotal, política e intelectual do Pe. Peixoto – inclusive transcrição de textos produzidos por ele – foram, bem mais recentemente, apresentadas, em livro, pelo advogado José Peixoto Junior. Este, entre outras informações, acrescenta ter sido o padre Peixoto incluído na relação biográfica de escritores do Ceará pelo Barão de Studart. Também que o padre permaneceu lúcido até a madrugada de 24.02.1957 quando faleceu em Rubiataba e teve atestada a causa mortis como “bronco pneumonia derivada de diversas causas”. Foi sepultado no Cemitério Público de Rubiataba. O seu último pronunciamento oratório foi um libelo acusatório ao governo do Estado, durante missa de corpo presente de uns amigos que tinham sido assassinados. 98 Na capela de Lagoa da Telha existem castiçais fabricados pelo Pe. Peixoto que segundo as notícias era também um grande artesão, construtor de móveis, etc. Pe. José Fernandes de Medeiros - Era já Vigário de Granito de 30.08.1908 até 23.11.1913 quando assinou matrimônios; Encontramos a assinatura dele no livro de “Justificações”, como Vigário de Novo Exu em 30.01.1910 até 29.07.1926 quando foi oficialmente exonerado, a pedido, para tratar da saúde no Crato. 99 Foi substituído pelo Pe. Alencar Peixoto. Depois que voltou do Crato, onde passou um tempo, reassumiu no dia 09.06.1926, mas só foi nomeado Pároco Encomendado em 09.04.1927.100 Vigário Encarregado de Bodocó em 08.01.1929;101 Em 21.01.1931 foi nomeado Vigário Encarregado de Granito o Pe. José Fernandes de Medeiros; 102 O segundo momento de vicariato do padre, em Exu, durou aproximadamente, até 01.05.1931 segundo Ata do Apostolado da Oração de Exu. Desta feita foi substituído pelo Pe. Nicolau Leite; nomeado Vigário Regente de Ouricuri, por telegrama, em 20.12.1931;103 . 96 SOBREIRA, Azarias, O patriarca de Juazeiro. Juazeiro do Norte: Vozes, 1969. p. 73s Cf. atestado de boa conduta fornecido pela polícia do Estado do Ceará em 05 de julho de 1943. 98 JÚNIOR, José Peixoto. Padre Peixoto: Intelectual, Político, Sacerdote. Brasília: Editora Ser. 2007, p.242. {259] 99 O texto de exoneração é em latim. Cf. PETROLINA. Cúria diocesana. Livro da criação das paróquias de Petrolina, p. 16v. 100 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro da criação das paróquias de Petrolina, p. 21v. 101 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro da criação das paróquias de Petrolina, p. 16v. 102 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.84v. 103 PETROLINA. Cúria diocesana. Livro de Provisões (1924-1932), v.1, p.97. 97 18 Pe. José Maria Prada, CSsR – Era missionário Redentorista da Província de S. Paulo. No livro Dados do Clero da Cúria diocesana de Petrolina encontramos ter ele nascido a 20 de setembro de 1928 em Bragança, Portugal. Era filho de Joaquim Prada e Ana de Assunção Pires. Em 1940 ingressou no Seminário dos Padres Redentoriastas em Gaia, Porto, Portugal. Cursou o seminário maior na Espanha; em 1946 fez profissão temporária; em 1949, profissão perpétua. Foi ordenado sacerdote em Astorga, Espanha no ano de 1953. No mesmo ano, lecionou no Seminário menor de Gaia, da região do Porto, Portugal. Em 1955 esteve em missão em Angola, na África. Em 1977 assumiu a paróquia de S. Julião de Palácios, diocese de Bragança. Chegou ao Brasil em novembro de 1980. Morou em Garça, S. Paulo. Empossado Vigário de Exu e Granito em 05.01.1981; Vigário Ecônomo de Exu, nomeado em 22.04.1981; nomeado Vigário Substituto de Salgueiro durante certo tempo em 21.01.1981. No site da congregação dos Redentoristas encontramos que na cidade de Salgueiro “[…] um dia, um senhor muito influente e rico na cidade o procurou, junto com a sua noiva, querendo se casar na Igreja. Ele dizia que morou com uma mulher em outra cidade distante dali, mas sem se casar [...] O padre lhe mostrou e disse que não poderia fazer o casamento. O homem, primeiro prometeu dar muito dinheiro para o padre se ele fizesse o casamento, mas este não quis. Então o homem ameaçou e disse que mataria o padre, se ele não fizesse o casamento. Pe. Prada foi inflexível, disse que morreria, mas não faria o casamento. Então o homem foi a sua casa, pegou um revólver, veio e deu cinco tiros no Pe. Prada, que morreu na hora. Eram onze horas do dia 29/04/1991. Na Missa de corpo presente, presidida pelo Sr. Bispo da Diocese, que é Petrolina, e concelebrada por todo o clero da diocese, estavam presentes uma enorme multidão. No enterro, levaram, em uma cruz, a camisa ensangüentada do Pe. Prada”. 104 O corpo do Pe. Prada foi levado pela família para sua terra, mas o coração foi retirado e sepultado na igreja Matriz de Santo Antônio, de Salgueiro. Pe. José Modesto Pereira de Brito – A principal fonte para construirmos esta biografia foram os livros eclesiásticos pertencentes à Cúria Diocesana de Petrolina, especialmente o livro intitulado Patrimônio do Granito. O padre José Modesto, nasceu na freguesia de Santana do Seridó, Rio Grande do Norte, levando-nos a concluir que em 1818 – pois em 1860 tinha 42 anos. Dimantino diz ter o Pe. Modesto nascido em Novo Exu – querendo dizer – no Velho Exu. Baseado em um registro forâneo de certo Pe. Pompeu. O escritor informa ser o Pe. Modesto o construtor – em 1853 – da Matriz de Missão Velha, onde era zeloso e infatigável Vigário. Em 1855 realizou permuta da freguesia de Missão Velha pela de Exu, com o Pe. Arnaud Formiga. A freguesia foi entregue ao Pe. Martinho de Luna e Melo, procurador do Pe. Arnaud. Pela permuta recebeu a compensação de um conto.105 Nos documentos encontrados no dito livro ele inicia muitos dos seus registros apresentando os títulos que possuía: Presbítero Secular do Habito de São Pedro, Pároco Colado da Freguesia do Bom Jesus de Exu, Visitador da Comarca de Pajeú de Flores e Boa Vista da Província de Pernambuco (a partir de 1859), Vigário Resignatário da Freguesia Sr. Bom Jesus do Exu (após 1875), Cavalheiro da Ordem de Cristo (a partir de 1877). O padre José Modesto exerceu um papel de importância no interior do alto sertão pernambucano. Isso numa área que abrangia a região de Exu, Pajeú de Flores até Boa Vista (Santa Maria da Boa Vista). Tal 104 ANTÔNIO. Pe. José Maria Prada CSsR. p://uneserinterativa.blogspot.com/2010/04/rememorandoredentoristas-peprada-cssr.html. Acessado em 25.06.2010. 105 PADRE JOSÉ MODESTO PEREIRA DE BRITO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700- 2004).Fortaleza: Premius Editora.p. 470, v.2. 19 relevância aparece, por exemplo, na participação que teve com a complicada demarcação de área da Freguesia de N. Sra. Rainha dos Anjos, de Petrolina, desmembrada da Freguesia de Santa Maria da Boa Vista. Testemunha ainda a sua importância a atuação que teve como Vigário Colado da Freguesia de Exu e depois de Granito. Aliás, a história de Exu, e especialmente do Granito, tem, em alguns momentos, forte ligação com a presença do Pe. José Modesto. Ele inicia o registro de óbitos a partir de 28.11.1855, substituindo a assinatura do Pe. Félix Aurélio Arnaud. Em agosto de 1859, traçou, por escrito, em papel solto, timbrado com o seu nome, um Esboço em miniatura da Igreja q. tendo em vista erigir neste Arraial [isto é, uma aldeola] do Granito em honra de Nossa Senhora do bom Conselho, com a ajuda de Deos e dos meus Fregueses.. O documento foi conservado, solto, no livro Patrimônio do Granito, fonte manuscrita que nos permite, atualmente, acompanhar os processos de constituição do patrimônio, de construção da capela de N. sra. do Bom Conselho e transferência da sede paroquial do Exu para Granito. O dito livro foi oficialmente aberto pelo Pe. José Modesto no dia 15.03.1860 com as seguintes palavras: “Há de servir este Livro para n’elle se registrar a doação do Patrimônio, feito a Igreja, q. se tem de edificar na Povoação do Granito desta Freguesia do Senhor Bom Jesus do Exú em honra de nossa Senhora do Bom Conselho [...]”. De todos os livros de tombo da diocese de Petrolina, o de Granito é o que mais contém transcrição de documentos acerca da constituição de um patrimônio eclesiástico no século XIX, revelando o caráter meticuloso e legalista do Pe. Modesto. Em março de 1860, o Pe. Modesto era ainda Vigário Colado da freguesia do Senhor Bom Jesus do Exu, quando, no “arraial”, ou “povoado” do Granito, situado à ribeira do Brígida e em residência do seu auxiliar, o Pró-Pároco – o Pe.Antônio Thomas de Aquino – ele entregou oficialmente o Mandado de Comissão de Patrimônio a favor da construção da capela de N. sra. do Bom Conselho que pretendia erigir na dita povoação. Na ocasião foi formada uma Comissão, para a qual o Pe. Tomas foi constituído Juiz Comissário com encargo de acompanhar o processo de doação do patrimônio. O ato e os que se seguiram foram registrados por Bernardino Lopes da Cruz, constituído escrivão da Comissão. 106 Antes mesmo da abertura do livro de Tombo e da entrega do Mandado de Comissão de Patrimônio, no dia 28.01.1860, em Olinda, perante tabelião, o reverendo havia doado “[...] metade das terras que possue na Fazenda Poço d’Anta, no valor de quarenta mil reis [...]”. A terra doada constituía a metade da área de terras designadas com o título de Fazenda Poço d’Anta, compradas por ele a Luiza Maria de Jesus, herdeira do Sr. Serafim Soares dos Anjos, e a José Peixoto e Silva, em 06.02.1858, pelo preço de oitenta mil reis. A metade das terras – a parte doada de suas terras – valia quarenta mil reis e ficava “[...] ao lado do Poente do Ribeiro da Brígida, onde está sita a mesma povoação do Granito [...]”. Localizava-se de modo mais geral “[...] no sitio, ou Fazenda Poço d’Anta, Freguesia do Exu, Termo de Ouricury, Comarca da Boa Vista, Província de Pernambuco [...] “ A escrituração da doação ocorreu em Olinda e foi assinada em 31.01.1860.107 Como parte integrante do processo de doação foi redigido em Olinda Um Edital de Patrimônio no dia 31.01.1860. Em abril do mesmo ano o Edital foi proclamado na Missa Conventual, realizada em abril de 1860, em Granito, solicitando a denuncia de qualquer possível – por exemplo – “ [...] pacto ou conluio entre o doador ” e qualquer outra pessoa. Em seguida (11.04.1860) Constantino Brígido dos Santos108 e João Lopes Caminha foram constituídos para avaliar os terrenos doados, o que o fizeram declarando valer os terrenos em duzentos mil reis. No dia 11.04.1860, sempre na casa do Pe. Tomaz de Aquino – o Juiz Comissário – aconteceu o Juramento do Doador , no qual o Pe. Modesto se identificou e jurou não haver nenhuma simulação na doação. 106 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p. 2. PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p. 3v e seguinte. 108 Os dois moradores da povoação de Granito eram: Constantino Brígido dos Santos, estava com trinta e um anos, era casado, natural da freguesia de Canta Galo, Rio de Janeiro, era professor aposentado; João Lopes Caminha, tinha cinqüenta e sete anos, era casado, agricultor, natural da Freguesia de N. sra. do Bom Sucesso de Pombal, Província da Paraíba. Patrimônio do Granito . p.5. 107 20 Seguiu-se o testemunho de três homens109 que foram unânimes em afirmar que a doação feita pelo padre Modesto era feita de livre e espontânea vontade; era isenta de dívidas, de pensão e de foro; não escondia pacto nem simulação; não era sujeita a penhora, embargo, nem hipoteca. As testemunhas caracterizaram o doador como um homem: abastado, desempenhado, incapaz de fazer uma doação simulada, pessoa sisuda, pessoa de muita probidade.110 No mesmo dia, o Pe. Modesto assinou um “Termo de Obrigação” de construir com pedra e cal a igreja de N. sra. do Bom Conselho. No dia 13.04.1860 foi redigido o Auto de Posse do Patrimônio da Capela e assinado pelo Pe. Modesto passando, assim, a posse do patrimônio para o Pe. Antônio Tomás de Aquino. O documento foi assinado pelo Pe. Modesto, o padre Coadjutor Tomas de Aquino e duas testemunhas: Alexandre Magno de Alencar Peixoto e Raimundo Ciríaco de Carvalho Gurupá. No dia 15.04.1860 foi transcrita no livro de tombo do Granito a escritura de compra e venda das terras, feitas respectivamente pelo Pe. Modesto e Luiza Maria de Jesus, e oficializada na Villa do Ouricuri em 18.02.1858.111 Terminado o processo de doação e incorporação do patrimônio foi extinta a Comissão que fora dirigida pelo Pe. Tomas de Aquino no dia 15.04.1860. Constituído canonicamente o patrimônio, o bispo D. João da Purificação Marques Perdigão, assinou a Provisão para a ereção da Capella do Granito em 04.06.1861. A benção da primeira pedra foi assim registrada pelo Pe. Modesto: “Certifico, que, tendo se paralisado a obra da Capella de Nossa Senhora do Bom Conselho [...] isto pela inconvenientez da Secca do anno próximo passado de 1860, achando-me presente nesta Povoação hoje, acompanhado do Reverendo Pro Pároco Antonio Thomas de Aquino e de uma grande parte dos Parochianos desta Feguesia pela nove oras da manhã , benzi a primeira Pedra da Capella [...] de acordo com o Ritual Romano [...]“ 112 Em 09.04,1863 a lei N º. 548, transferiu a vila da antiga Exu para a povoação do Granito. Outra Lei, a 608 , de 03.04.1865 transferiu também a sede da freguesia para o Granito.113 O Patrimônio do Granito silencia sobre essas transferências. Apenas certo André (?) Pessoa escreveu “Espero do actual administrador da Capella de N. sra. do Bom Conselho, nesta actual Villa do Granito, que não desacoroçõe (sic) , e que o zello piedoso que o levou a dar um passo tão digno de louvor nunca nelle arrefeça. A obra pia e meritória já encantada deve ser concluída para honra e gloria do seu author e para satisfação das necessidades dos povos, em benefício de quem canonicamente foi instituída esta Capella.” 114 O que se segue é um texto intitulado Ad Perpetuam Rei Memoriam. Este longo escrito assinado na data de 05.11.1873, consiste numa consulta e na resposta à mesma, feita pelo Pe. José Modesto, a um advogado acerca do seu direito de administrar as obras de construção da, agora, Matriz do Bom Conselho, mesmo sendo ele Vigário Resignatário do Exu. A questão foi colocada ao advogado de forma hipotética, mas se acorda muito bem com os fatos. Um exercício comparativo entre fatos “hipotéticos” apresentados pelo Pe. Brito e outros dados nos dão o seguinte quadro de acontecimentos: “ José (=Pe. José Modesto), sacerdote Parocho Collado, pó devoção sua, dispoi-se erigir , em lugar remoto de sua Matriz (=a igreja do Bom Jesus da antiga 109 As testemunhas foram: 1º.) Tenente Coronel Roque Carlos de Alencar Peixoto, com 50 anos de idade,natural e morador da freguesia do Bom Jesus do Exu; 2º.) Tenente Coronel Carlos Peixoto de Alencar, com 49 anos de idade , natural morador da freguesia, Juiz Municipal e proprietário; 3º.) Capitão Simão Geraldo de Carvalho, com 46 anos, natural da freguesia de santo Antônio do Jardim da Província do Ceará, morador na freguesia do Bom Jesus de Exu e proprietário. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p. 6s). 110 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p.5s. 111 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p.7s 112 113 114 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p.10v. GALVÃO, Sebastião V. Exu-PE. In Enciclopédia dos municípios brasileiros. Recife: I.B.G.E, 1958.v. 18, p. 108. [323 p.] PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p.11. 21 Exu), uma Capella em honra da Mãe de Deos (=a capela de N.Sra. do Bom Conselho em Granito) [...] neste intento doou, a quatorze anos, uma parte de suas terras, a Imagem de sua devoção (=a imagem de N.Sra. do Bom Conselho era de propriedade do padre José Modesto), constituiu Canônico Patrimônio [...] O lugar cresce mette mãos a Capella e sem José ser ouvido [ acento nosso ] foi transferida sua Matriz (=a de Exu) para esta Capella (a de Granito), ainda imprópria.”115 Dando José sua annuencia tácita a transferência da Matriz , pedio aos fins seu auxilio, já não em favor da Capella, mas da nova Matriz. [...] com o producto de uma Loteria , que pode obter da Província , pôs a obra em muito bom pé [...] Resigna José sua Freguesia, um outro Sacerdote (= Pe.Filipe Rezende Pinto) o substitui na Administração Parochial.116 Este; por devoção sua , contando com o auxilio dos fieis, sem preceder os meios legáes, sem ouvir a José que então se achava ausente, nem tão pouco ao seu procurador, sérvio de disparte de um terreno que José havia reservado para a edificação de uma rua própria, e nella lançou os fundamentos de uma Capella em honra da Imagem de sua devoção. Chega José faz-lhe ver que elle não podia continuar com o serviço, sem a necessária licença do Ordinário, e como para fazer communhão com os mais fieis deu-lhe tão bem a sua esmola, dizendo-lhe que como devia continuar com a sua, o iría ajudando com o que pudesse, pondo a disposição dos serviços da nova Capella os terrenos de suas olarias (terras próprias) , e toda a madeira, do que fosse mister utilizar-se. O Ordinário [o bispo ou um seu representante] porem irrita o serviço até que esse Sacerdote constituísse , a pretendida Capella Canônica Patrimonial (= a de N. sra. do Bom Conselho), feito o qual o auctorizaria para continuar no serviço [de sua capela]. Morre esse Sacerdote117 sem constituir o Patrimônio exigido, José doador, e administrador do Patrimônio da Senhora [do Bom Conselho], da ordem para erigir a sua que tinha reservado para si, servindo-se da pequena pareda do oitão da Capella paralisada [...] um outro sacerdote vem substituir o falecido [=Pro-Pároco Joaquim Coelho da Cruz ? ]118 na administração Parochial, este arroga para si o direito de obstar a José a continuaçãlo de suas casas, já emadeiradas, e sem outro título mais do que uma Portaria do respectivo ordinário em que lhe concede poderes para reger a Freguesia quanto a administração dos sacramentos, sequer embargos ao serviço de Jose [...].” Seguem perguntas acerca da possibilidade de ele, o Pe. Modesto, administrar a construção da Matriz. A resposta é afirmativa pois a partir de então os registros que se seguem no tombo de granito fazem referência as obras da Matriz e são assinadas por ele como Administrador da Obra. Como tal, a primeira coisa que ele fez foi, no final de 1873, escrever uma carta aos fieis paroquianos “[...] desta freguesia do Senhor Bom Jesus do Exu [...] ” animando-os a participar da construção “[...] da Igreja Matriz desta Villa [ do Granito]. No texto o padre: queixa-se da paralisação das obras ocorrida em 1862 “[...] por falta da protecção do Governo, e de recursos pecuniários [...]”119. Noutro documento ele apresentará 115 Aqui o Pe. José Modesto procura mostrar não ter sido idéia sua a transferência da sede paroquial, da Matriz da antiga Exu para o Granito. Se ele não pediu, mas mais tarde manifestou o seu acordo por estar a Vila de Granito “[...] situada n’uma posição mais central, e ao alcance de se poder acudir de prompto com o pasto espiritual aos fieis em suas necessidades [...]. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito. p.16). 116 O Pe. José Modesto assinou óbitos como Vigário até janeiro de 1869, depois disso, a sua letra miúda e assinaturas desaparecem. A partir do mesmo mês de janeiro e ano de 69, iniciam-se as anotações feitas pelo Pe. Filippe de Rezende Pinto. Este assina como Pro-Pároco é, a partir de 1870 como Vigário Encomendado. 117 O Pe. Filipe de Rezende Pinto continua assinando, como Vigário, os registros de óbitos até o dia 12.01.1973. Podemos ver aqui uma, provável, indicação do falecimento do Pe. Filipe. 118 Este provavelmente é o Pe. Pro-Pároco Joaquim Coelho da Cruz, que assina óbitos entre 25.01.1873 e 11.04.1873. O segundo candidato, podeira ser o Vigário, Pe. Manoel Antônio Martins de Jesus que assina registros de óbitos de 15.05.1873 a 09.05.1875 e que recebeu terreno para construção de uma capela. Este no entanto recebeu um terreno e não utilizou os doados pelo Pe. José Modesto. Também ele faleceu somente em 1909. 119 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito, p. 15v. 22 outra razão para a paralisação: cinco anos sucessivos de secas, carestia e peste; 120lembra que estão fazendo as celebrações em um santuário particular que ele caracteriza como “[...] uma casa pouco decente, como todos não ignorão [...]”; e apela para que todos colaborem inclusive dando serviço na fabricação dos tijolos 121 (feitos ao pé de uma lagoa próxima). O padre incentiva a população a trabalhar na construção da igreja, inclusive lembrando que, somente assim, poderiam cumprir as promessas que fizeram em 1862 durante o surto de Colera Morbus de celebrar missa cantada em agradecimento por terem se livrado da referida peste. 122 A carta foi assinada pelo padre e por dois membros da comunidade: Cornélio Carlos Pinto de Alencar e Dario José Pinto da Silva. 123 Apesar dos esforços do padre em 1873 ainda celebravam no que ele chamou de santuário particular e de “[...] uma casa pouco decente, como todos não ignorão[...]”.124 Aos 15. 01.1874, escreveu uma Representação a Imperatriz solicitando “[...] o auxílio que aprouver a Seu Magnânimo Coração, aceitando ao mesmo tempo o título de Protectora da mesma Igreja [...]”. Na mesma carta, o padre expôs o estado da obra no momento, isto é, em 15.01.1874: “[...] Tem-se despendido até o presente a quantia de seis contos setenta e dous mil , cento e oitenta e cinco reis (6: 072,185) e so se pode concluir, em preto a obra de pedreiro , da Capella-mor, Capella do Santíssimo, Sacristias d’estas, seos camarinhos, os alicerces do corpo corredores, e torres da Igreja, a qual tem 204 palmos de cumprimento, 78 de largura, e 66 de altura [...]”. 125 Em seguida apresentou as dificuldades encontradas na construção e aproveitou para solicitar, também em nome dos que assinaram a lista que seguiu com a carta, que a Assembléia Geral, fornecesse uma loteria em beneficio da mesma igreja. A resposta chegou aos fieis do Granito partindo da Mordomia da Casa Imperial, que em 19.04.1875, emitiu, do rio de Janeiro, o seguinte comunicado: “Imo. E Exmo. Senhor. Sua Majestade A Imperatriz [...] Houve por bem acceitar o titulo de Protectora da Igreja em questao .” Aos 30. 04.1875, as 6 horas da manhã, benzeu e inaugurou com solenidade, a nova Matriz ainda inacabada.”126. No dia seguinte, 31 de abril, pelas oito horas da manhã, realizou a transferência das imagens inclusive a de N. sra. do Bom Conselho “[...] de minha propriedade e de hoje em diante, della faço doação a mesma Matriz , para lhe servir de Orago, ou Padroeira 120 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio do Granito, p. 16. Embora o Pe. Brito fale em tijolos, a técnica construtiva utilizada para construir a parte mais antiga da capelamor da matriz do Granito, parece, não utilizava apenas tijolos. Anos atrás foi aberta uma porta para uma sacristia construída atrás da igreja. Durante os trabalhos descobriu-se que a parede do fundo é formada por duas fileiras paralelas de tijolos e o meio é preenchido por areia. 122 BRITO, Pe. José Modesto Pereira de. Carta Circular, em que se pede o auxilio dos fieis em favor da obra da Matriz., da Senhora do Bomconselho da Villa de Granito. GIn PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito.p. 14 –15. 123 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 14s. 124 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito...14s5 121 125 126 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 15. Quando a Matriz de Granito foi inaugurada era constituída apenas de capela-mor e alicerces do resto da igreja. Um Inventário de Bens e Alfaias, escrito após a visita canônica dor Cônego João Marques de Souza inclui entre os bens os “[...] Alicerces de uma Egreja na Villa”. D. Augusto Álvaro da Silva, primeiro bispo de Floresta, ao visitar canonicamente a paróquia de Granito declarou estar a igreja precisando de alfaias e de ser concluída “[...] principiada pelo Pe. Modesto , foi deixada quando apenas estava concluída a capela mor. Concluída, será um templo magnífico [...]” (PROVISÃO DE VISITA PASTORAL EM 1913. PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 23v). A informação do bispo nos ajuda a compreender que construção da Matriz de Granito esteve praticamente parada durante uns quarenta ou cinqüenta anos. Notícia sobre trabalhos de construção na igreja encontramos somente aquelas fornecidas por um Visitador Canônico em novembro de 1920, quando escreveu: “[...] revi [...] as fases de construção da Matriz , trabalho caríssimo e de mau gosto” (PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 22). É possível que o Visitador se referisse a uma ampliação da igreja cujos indícios devem ser a diferença de largura em alguns pilares. Realmente a partir de um certo limite os pilares são mais estreitos dos que os mais antigos, denunciando uma ampliação no sentido do cumprimento e para a frente. 23 [...].”127 A imagem deve ter sido esculpida no ano de 1862, pois este número está gravado na parte de baixo da base da imagem. No dia 06.12. 1877, o Pe. José Modesto declarou que as cinco casas que construiu no quadro da Matriz, no oitão do seu Sobrado – também já doado ao Governo Provincial – pertenciam todas à Matriz e foram construídas para aumentar o rendimento patrimonial da freguesia. Aos 02.05.1877, o Pe. José Modesto viajou para o Rio Grande do Norte, onde desejava passar um tempo. Na qualidade de administrador das rendas patrimoniais da Matriz do Granito, constituiu como procurador para administrador interino do patrimônio de N. sra. do Bom Conselho, a Gonçalo José Peixoto da Silva. Outra procuração foi por ele ditada e assinada – em Porto do Príncipe – na data de 18.03.1881. A procuração foi transcrita no tombo de Granito em 26.12.1883. Tempos depois, por meio de um termo de juramento feito na casa do Juiz de Capellas, Dr. Augusto de Siqueira Cavalcanti, o procurador Gonçalo José Peixoto da Silva, jura cumprir os deveres do cargo. O juramento ocorreu na vila de Granito, no dia 15.06.1888 devido a notícia de falecimento recente do Pe. José Modesto P. de Brito128. Em 1860, o Pe. José Modesto, quando ainda Vigário Visitador, esteve em a Ouricuri, pois havia falecido o Pe. Inácio Pereira do Lago. Na ocasião ele abriu um livro de batismo para que nele fossem registrados os batizados feitos pelo Pe. Lago e auxiliares, então anotados em cadernos soltos. Ainda como Vigário de Granito e como Vigário Visitador das paróquias do sertão de Pernambuco, realizou batizados em Ouricuri no período de 31.03.1861 até 30.06.1861.129 Os livros de óbitos registram a existência de um escravo do Pe. José Modesto Pereira de Brito, chamado de Protario, casado com a escrava Blandina, faleceu aos 49 anos, de “pluris”. e foi sepultado no cemitério publico da vila de Granito vestido com habito branco, após ter sido sufragado pelo vigário. 130 Em 1877 o padre José Modesto emitiu uma declaração na qual se percebe que em torno da matriz de N. Sra. do Bom Conselho havia uma quadra de casas, entre as quais estava o sobrado que ele construiu para morar e mais cinco casas vizinhas, pertencentes ao patrimônio. Algumas das informações que apresentadas, se forem relacionadas com algumas do Pe. Diamantino, levam-nos a julgar ser, de fato, o Pe. José Modesto Pereira de Brito que esteve em Granito o mesmo que vicariou a paróquia de Martim (Martins) no rio Grande do Norte, região da atual Diocese de Mossoró. O período que ele passou em Martim foi de 1886 a 1887. Conforme colhemos nos livros da Diocese de Petrolina o Pe. Brito era do Rio Grande do Norte e não de Exu. Ele pode ter falecido em Martins, pois a data de 1887 está próxima à de 15.06.1888, que se encontra no livro Patrimônio de Granito como data próxima e pouco posterior ao falecimento do padre. Diante de tudo o que foi exposto é possível perceber o importante papel que desempenhou o Pe. Brito em relação à criação da cidade de Granito. A presença dele nessa localidade foi marcada por uma preocupação quase obsessiva de tornar o “arraial” que encontrou numa povoção florescente. Na luta ele encontrou aliados como o padre, vigário de Ouricuri e deputado Francisco Pedro da Silva que em 06.03.1865 defendeu – mesmo sem ter ouvido o Pe. Brito (?) – a transferência da sede da freguesia do Exu para Granito.131 Em sessão ordinária ocorrida em 06.03.1865, o Pe. Francisco Pedro deixa claro que a transferência do título de Matriz da igreja do Velho Exu para a da vila do Granito aconteceu, provisoriamente, no ano anterior. Numa sessão acontecida em março do mesmo ano, o Pe. Francisco Pedro foi a favor de verba para construção de açude em Granito e foi contra a criação de uma cadeira de instrução primária no povoado de Araripe. Ele justificou a oposição dizendo que o Araripe não era povoação – 127 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 17. PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, p. 20. 129 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de batismos de Ouricuri (1859-1863). p. 81b e seguintes. 130 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de óbitos da freguesia do Exu (1864-1901). p. 15v. 128 131 AQUINO, Raul. Ouricuri: tempo do Comendador Francisco Pedro.Recife: FIAM;CEHM, 1998. p. 81s. (Tempo Municipal , 9); 24 conforma dizia a solicitação – mas uma fazenda. Em seguida argumentou ser contra, pois outros fazendeiros poderiam fazer a mesma solicitação. Por traz da oposição do padre/deputado, porém, devia estar o interesse de ver crescer Granito e atrapalhar um projeto silencioso de Gualter Martiniano de Alencar Araripe. Conforme descrição do padre Francisco, Granito fora há pouco um povoado e, na época, era uma florescente vila estabelecida pelos habitantes de Exu. Um professor pedira e obteve a remoção de sua cadeira para o Granito por não ter alunos no Velho Exu, povoado deserto, com casas em mal estado e desmoronando-se, habitada por alguns homens que se entregaram ao trabalho somente de lavoura já que a Câmara Municipal destinara as terras próximas à serra somente para lavoura. 132Para entender assim é preciso notar que a valorização do Granito e a criação de um novo eixo populacional na região do Exu, marginalisava o Velho Exu e, com isso, a liderança e os sentimentos de Gualter Martiniano de Alencar Araripe – o barão do Araripe – cujos ancestrais participaram da construção da região. Diante disso, do projeto de criação da cadeira de ensino primário, da valorização da fazenda Caiçara com o título de Araripe, podemos ver os esforços do Barão para transformar a fazenda numa povoação. Lá, Gualter, fez construir uma casa (em 1865 talvez não estivesse ainda concluída) e mudou-se para a localidade onde, até então, só havia a casa velha dos antigos proprietários e uma outra onde morava um seu irmão. A atual proprietária da residência da Gameleira, D. Diva, disse-nos ter ouvido falar que o Barão passava seis meses na Gameleira e – nos tempos mais frios – descia para a residência do Araripe. Nesta localidade ele construiu uma igreja dedicada a S. João. A bela igreja deve ter sido construída durante ou logo depois da data em que o Pe. Francisco Pedro fez a declaração (06.03.1865) na Assembléia, pois não mencionou a presença da igreja quando citou o que existia na fazenda. É certo que a capela já estava, pelos menos parcialmente, construída em 08.09.1869 quando “[...] foi sepultado em carneiro na Capella de S. João do do Araripy filial desta Matriz [ de Granito] o cadáver de Luiz Pereira de Alencar morador nesta Fregusia , na Fazenda Caiçara, e falecido das febres, na idade de 23 annos, foi envolto em habito preto e de minha licença foi sufragado solemniter pelo Revdo. Capellao do Exu –Joaquim Coelho da Cruz do que para constar fis neste termo que assim. O Pro-Parocho – fillipe Benicio de Resende Pinto.133 Outra tentativa de Gualter foi arranjar uma cadeira de instrução primária, o que foi embargado pelo Pe. Francisco Pedro na sessão de 06.03.1865. o Pe. Brito era sobrinho de outro padre, o senador Francisco Brito Guerra, vigário colado da freguesia de Santana do Caico – Rio Grande do Norte. Em Caicó existe um sobrado construído por ele, do qual uma parte foi herdada pelo Pe. Brito e por outro padre denominado Francisco Justino Pereira de Brito. 134A presente tentativa de reconstituição da vida do Pe. Brito nos possibilitou, assim, não apenas conhecer um pouco de sua vida, mas também de vislumbrar alguns conflitos políticos engendrados durante o século XIX na grande região araripeana de Pernambuco. 135 Pe. Manoel Antônio Martins de Jesus – Na obra do Pe Aureliano Diamantino Silveira encontramos que esse padre nasceu em Missão Velha a 16.08.1834. Era filho de Manoel Antônio de Jesus e de Rita Maria de Lima. Foi batizado pelo Pe. Antônio Pereira de Vasconcelos, no sítio “riacho do Meio” de licença do Vigário Interino Pe. Garcia de Sá Barreto. Recebeu a ordem presbiteral em Fortaleza a 10.01.1864. No Ceará exerceu o ministério em: Canindé (14.01.1867 até 14.06.1869). Num expediente datado de 19.19.1869 foram-lhe dados 30 dias para se defender 132 AQUINO, Raul. Ouricuri: tempo do Comendador Francisco Pedro.Recife: FIAM;CEHM, 1998. p. 84. (Tempo Municipal , 9); 133 135 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de óbitos de Exu (1855). LISBOA, Josetônio dos Santos Fernandes. Caico: Uma viagem pela memória seridoense. http//:www. cerescaico.ufrn.br/historiadecaico/sobrado1.htm. Acessado em 20.06.2010. 25 de atos irregulares, denunciados por um certo Alexandrino Leopoldino de Souza Leão. Em 16.08.1871 obteve provisão de confessor por dois anos na povoação barbalhense de Caldas. Em 1872 acompanhou a visita pastoral do bispo D. Luiz.em Pernambuco foi vigário de Salgueiro e Belmonte. Residiu no sitio S José, de Missão Velha entre 1906 a 1907. Faleceu em Juazeiro do Norte aos 27.01.1909.136 Num livro de óbitos da freguesia do Exu, encontramos registros feitos pelo Pe. Manoel Antônio Martins de Jesus, assinando como Vigário Ecônomo, de 30.04.1873 a 24.11.1875.137 Há também registros de batismos feitos em Salgueiro entre 16.11.1883 até 16.08. 1894. Atendeu a freguesia de Belmonte no período de 05.08.1883 a 26.11.1883.138 Em 18.06.1873 o casal João Francisco do Nascimento Pajehú e a Sra. Berminda Thenoria da Silva entregaram ao Pe. Manoel Antônio Martins de Jesus, representante legal da freguesia, a administração de um imóvel doado ao Sagrado Coração de Jesus, para constituir o patrimônio do padroeiro “[...] cujas padroeiras sai sem o Santíssimos Nomes [...]”139 O terreno situava-se nas “[...] possessões das do Poço-d’Antas, nos suburbios desta Villa de Granito [...]” e tinha o valor de cento e cinqüenta mil reis. 140 Pe. Manoel Zacarias de Mello Buriti – Assina como “Vigário Encomendado desta Freguesia do Granito”141 de 26.12.1876 até 19.05.1881, véspera da sua morte, conforme registros de óbitos. De 26.12.1876 até 1878 os falecidos foram declarados como tendo sido sepultados no “Cemitério desta Villa do Granito”. A partir de então os falecidos eram sepultados no “Cemitério desta Villa” [do Granito ou do Exu?]. Em 1881 ele batizou em Leopoldina (=Parnamirim) o que pode significar que estava tomando conta das duas freguesias. Batizou em Cabrobó em 29.12.1881... Pe. Sizenando de Sá Barretto – No livro Dados do Clero, da Cúria Diocesana de Petrolina encontramos que o Pe. Sizenando nasceu a 16 de julho de 1880. Seus pais foram Gregório Parente de Sá Barreto e Maria Henrique de Sá Barreto. Foi batizado pelo Pe. Antônio de Alencar Barreto em 15.08.1880. Teve como padrinhos Antônio Henrique Callou e Ana Parente de Jesus. Recebeu o sacramento da Crisma em 22.04.1902 tendo como padrinho Domingo de Sá Barreto. Entrou no seminário em 18.09.1895. Recebeu a tonsura em 19.11.1906 e as ordens menores em 19.11.1906. Recebeu o subdiaconato a 19.03. 1907; o diaconato em 24. 05.1907 e o presbiterato em 17.11.1907. Exerceu os seguintes cargos: Vigário de Iguarasmi e Encarregado de Itamaracá, Vigário de Leopoldina (=Parnamirim) e Encarregado de Cabrobó, Vigário de Ouricuri, Bodocó, Serrinha (Serrita), Encarregado de Salgueiro; Juiz prosinodal em 20.08.1924. Censor de Livros, consultor diocesano. “Em 1925 D. Malan lhe renovou a provisão de Vigário Encomendado de Ouricuri. Por provisão de 26 de Julho 1926 foi nomeado Vigário Encomendado de Serrinha e Encarregado de Salgueiro. Membro da Comissão de disciplina do Seminário Sagrado Coração (20.08.1929). Em 1933 foi nomeado Vigário Ecônomo de Serrinha (=Serrita) até dezembro de 1937, quando foi nomeado Vigário de Salgueiro, regendo Serrinha e Leopoldina. Igualmente foi encarregado de Cabrobó. Em Abril de 1940, foi removido de Salgueiro para exercer o cargo de 136 PADRE MANOEL ANTÔNIO MARTINS DE JESUS. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700- 2004).Fortaleza: Premius Editora.p. 112, v.3. 137 PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p. 48-63. NOGUEIRA, Valdir. São José do Belmonte. Recife: Centro de Estudo de História Municipal. fotocópia de algumas folhas do livro. p. 148. (Biblioteca Pernambucana de História Municiapal, 28). 139 Indicação de que o nome do padroeiro ainda não é conhecido. Cf. PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito, .27. 140 PETROLINA. Arquivo diocesano. Patrimônio da Igreja do Granito,27. 138 141 Conferir registro de óbito na biografia desse padre. 26 Vigário de Petrolina, tomando posse no dia 21 de abril. Em 1943 foi nomeado Pároco de mesma Freguesia, deixando esse cargo a 6 de Janeiro de 1946. Em Janeiro de 1947 foi feito capelão do Hospital D. Malan de Petrolina”. 142 Onde o Padre Sizenando atendeu o povo lembra das cobranças que fazia para que fizessem silêncio. RELAÇÃO DE PADRES QUE ATENDERAM A PARÓQUIA DE N. SENHORA DO BOM CONSELHO DO GRANITO Paróquia de N. sra. do Bom Conselho, criada em 30.03.1846. 1. Pe. Manoel Antônio Martins de Jesus (este padre possivelmente era vigário interino de Exu e, portanto atendia Granito em 18.06.1843 quando, recebeu a doação de um terreno para construção de uma igreja); 2. Pe. José Modesto Pereira de Brito (Vigário Colado de Exu já 1858. Ele assinou óbitos até 27 de dezembro de 1878 e deixou Granito logo depois de 26.12.1883, tendo falecido em 15.08.1888, talvez em Santana do Seridó, Rio Grande do Norte, sua terra natal); 3. Pe. Antônio Tomás de Aquino (aparece como pro-paroco do Pe. Brito no período de 07.08.1859 até 19.02.1863; 4. Pe. Filipe Benício Resende Pinto (Vigário Cooperador do Pe. José Modesto P. de Brito no período aproximado de 06.12.1867 até 12.01.1873 quando assinou óbitos); 5. Pe. Manoel Martinez de Jesus (provável cooperador de Pe. Brito, pois registrou óbitos de 09.02.1874 até 24.11.1875); 6. Pe. Manoel Zacharias de Mello Buriti (Vigário Interino do Pe. Brito pelo menos de 05.05.1878 até 03.08.1881, quando faleceu, de hidropisia, em Granito; 7. Cônego Joaquim Antônio de Siqueira Torres (assina óbitos no livro de Exu-Granito de 03.08.1881 até 24.11.1883 e de batismos até 03.01.1909); 8. Pe. José Ferreira Monteiro (Vigário de 14.03.1909 a 17.05.1909 quando assinou batismos); 142 CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Pe. Sizenando Parente de Sá Barreto. Dados do Clero. p.12. 27 9. Pe. José Fernandes de Medeiros (De acordo com o livro de “Jusitficações” de Exu, esse padre já era Vigário de Novo Exu em 30.01.1910 até 04.08.1926 quando foi exonerado, a pedido. Voltando do Crato, foi nomeado Vigário em 09.04.1927 permanecendo até 20.08.1926 segundo o Livro de Criação das Freguesias e até 01.05.1931 segundo ata do Apostolado da Oração de Exu; aos 08.01. 1929 foi nomeado Vigário Encarregado de Bodocó até 24.04.1930); Vigário de Granito de 20.06.1909 até 23.11.1913 quando assinou batismos e de 25.12.1930 até julho, aproximadamente, deo 1931 quando foi excardinado a pedido ); 10. Frei José Inácio Maria (Vigário de Granito 15.12.1917, quando assinou matrimônio, até 23.11.1919, quando assinou batizados e óbitos); 11. Pe. Joaquim de Alencar Peixoto (de acordo com o livro “Patrimônio do Granito” foi nomeado Pároco Encomendado de Granito em 16.12.1919 (tomou posse da paróquia no dia 18.01.1920) o cargo e Vigário Forâneo em 02.02.1925; O primeiro cargo exerceu até obter licença para deixar a diocese em 06.01.1930 e o segundo até 02.02.1928; foi também nomeado Vigário Encarregado de Bodocó em 26.07. 1926 até 17.01.1927; Vigário Encarregado de Exu em 04.08.1926; nomeado Vigário Encarregado de Ouricuri em 27.03.1925; 12. Mons. Frutoso Rolim de Albuquerque (Realizou Visita Canônica, a mando do bispo diocesano, na Paróquia de Granito no dia 12.10.1920) 13. Pe. Sizenando de Sá Barreto (Vigário Encarregado de Granito de 02.01.1930 ); 14. Pe. José Fernandes de Medeiros (De acordo com o livro de “Jusitficações” de Exu, esse padre já era Vigário de Novo Exu em 30.01.1910 até 04.08.1926 quando foi exonerado do cargo, a pedido. Voltando do Crato, foi nomeado – pela segunda vez – Vigário de Exu em 09.04.1927 permanecendo até 20.08.1926, segundo o Livro de Criação das Freguesias; aos 08.01.1929 foi nomeado Vigário Encarregado de Bodocó até 24.04.1930); ); Vigário de Granito de 20.06.1909 até 23.11.1913 quando assinou batismos e de 25.12.1930 até julho, aproximadamente, deo 1931 quando foi excardinado a pedido ); 15. Pe. José Coêlho de Alencar (Vigário Ecônomo de Granito de 26.04.1945. Era do clero do Rio de Janeiro); 16. Pe. João Câncio dos Santos (Vigário Ecônomo de Serrita e Granito de 18.03.1965; em 01.01.1974 ele foi nomeado vigário apenas de Granito; em 05.01.1975 é nomeado Vigário de Bodocó e passa a ser apenas Vigário Regente de Granito); 17. Pe. José Maria Prada (de 05.01.1981 quando foi empossado como vigário de Exu e Granito); 18. Pe. Remi de Vettor e Pe. Lino Loreto della Morte (em 12.06.1986 são nomeados para Granito, Sitio dos Moreiras (=Moreilandia), Serrita e Cedro); 19. Pe. Remi de Vettor e Pe. Bento Maia (nomeados para o cuidado pastoral das paróquias de Serrita, Cedro e Granito em 13.02. 1987); 28 20. Pe. Luciano Piumarta (Batizou em Exu no período que era Vigário de Exu) 21. Pe. Domingos M. V. Torres e o Pe. Paulo de Tasso (Administradores paroquiais em 08.10.1995); 22. 34. Pe. Francisco Luis dos Santos (nomeado Administrador Paroquial da Paróquia do Bom Jesus do Exu e de N. Sra. do Bom conselho de Granito; nomeado Vigário Paroquial de São José de Bodocó e de Santa Terezinha do Menino Jesus de Moreilândia sob a coordenação do Pe. Domingos Pedro. As nomeações datam de 01.09.1998 até 01.07.1999); 23. Diácono Fernando Leite de Araújo (Nomeado colaborador do Pe. Francisco Luiz dos Santos em Granito e Exu em 05.04. 1999); 24. Pe. Domingo Pedro da Silva (como Vigário Paroquial das Paróquias do Bom Jesus de Exu e de N. Sra. do Bom Conselho de Granito; como Administrador Paroquial de S. José de Bodocó e de Santa Terezinha do Menino Jesus de Moreilândia; tudo em 01.09.1998); 25.Equipe de Vigários Administradores - Pe. Domingos Malan Viana Torres (coordenador); 26. Diac. Edmilson Pereira de Souza (colaborador do Pe. Domingos Pedro da Silva em Bodocó, Exu, Granito e Moreilândia em 31.01.2000). 27. Pe. Miguel Manoel de Souza e o Diácono Fernando Leite de Araújo (nomeada em 10.01.2001); 28. Pe. Francisco Moniz Baretto (Nomeado Administrador Paroquial em 28.01.2001); 29. Pe. Domingos Pedro da Silva (Coordenador), Pe. Francisco Xavier Queiroz, Diácono Pedro Amorim Jordão (Nomeados Administrdores Paroquiais de Nossa Senhora da Conceição (Serrita), Bom Conselho (Granito), Santa Terezinha ( Moreilândia) na data de 19.02.2003); . 30. Pe. Julio Maria Vieira (Coordenador e representante jurídico) e Pe. Pedro Amorim Jordão (nomeados para cuidarem pastoralmente da Paróquia de S. José (Bodocó), N. Sra. do Bom Conselho (Granito), em 19.03.2005); 31. Pe. Edjan Santos de Almeida (Nomeado Vigário Paroquial das paróquias do Bom Jesus dos Aflitos, de Exu, Nossa Senhora do Bom Conselho, de Granito; e Santa Terezinha do Menino Jesus ,de Moreilândia em 16.07.2007); 32. Pe. José Gilson da Costa (coordenador), Pe. Vicente de Paulo Gomes Ferreira e o Diácono Izidório Batista de Alencar (Nomeados Administradores Paroquiais do Bom Jesus dos Aflitos, de Exu; Mãe do Bom Conselho, de Granito; de Santa Terezinha do Menino Jesus, de Moreilândia em 30.03.2008) 29 33. Pe. José Gilson da Costa (coordenador), e o Pe. Izidório Batista de Alencar (Nomeados Administradores Paroquiais da Mãe do Bom Conselho, de Granito; de São José, de Bodocó em 01.02.2009) BIBLIOGRAFIA 1. OBRAS CONSULTADAS ALENCAR, Maria Geralda de. Caminhada com a vida. Araripe, 1987 AQUINO, Raul. Ouricuri: tempo do Comendador Francisco Pedro.Recife: FIAM;CEHM, 1998. p. 84. (Tempo Municipal , 9); Album histórico do Seminário do Crato (Rio de Janeiro -1925)101. CAVALCANTE. Francisco José P. Pe. Joaquim de Alencar Peixoto. Petrolina: Creative Designer, 2001 CEMITERADA. FARIA, Sheila de Castro. In VAINFAS, Ronaldo (organizador). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva ,2002. p. 128s. 752p COSTA, F. A. Pereira, Ano de 1844, in Anais Pernambucanos, Vol.X FERRAZ, Álvaro. Floresta: Memórias duma cidade sertaneja no seu cinqüentenário. Recife: Secretaria da Educação e Cultura, 1957. (Coleção “Cadernos de Pernambuco”, 8). [143p.] GALVÃO, Sebastião V. Exu-PE. In Enciclopédia dos municípios brasileiros. Recife: I.B.G.E, 1958.v. 18, p. 108. [323 p.] JÚNIOR, José Peixoto. Padre Peixoto: Intelectual, Político, Sacerdote. Brasília: Editora Ser. 2007. [259p] LISBOA, Josetônio dos Santos Fernandes. Caico: Uma viagem pela memória seridoense. http//:www. cerescaico.ufrn.br/historiadecaico/sobrado1.htm. Acessado em 20.06.2010. MARIZ, Celso. Ibiapina um apóstolo do Nordeste. 2.ed. João Pessoa: Editora Universitária, 1980. NOGUEIRA, Valdir. São José do Belmonte. Recife: Centro de Estudo de História Municipal. Fotocópia de algumas folhas do livro. (Biblioteca Pernambucana de História Municipal, 28). 30 SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700-2004). Fortaleza: Premius Editora.. PADRE JOSÉ MODESTO PEREIRA DE BRITO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700- 2004).Fortaleza: Premius Editora. v.2. PADRE MANOEL ANTÔNIO MARTINS DE JESUS. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700- 2004).Fortaleza: Premius Editora. v.3. PADRE JOAQUIM DE ALENCAR PEIXOTO. In SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na evangelização do Ceará (1700-2004). Fortaleza: Premius Editora. v. 2. PEIXOTO, Alencar, Deus e o homem – Discurso proferido aos dois de Fevereiro de 1925 por ocasião da benção da primeira pedra da Cathedral de Petrolina (Recife 1930). SOBREIRA, Azarias, O patriarca de Juazeiro. Juazeiro do Norte: Vozes, 1969. 2. DOCUMENTOS ECLESIÁSTICOS CURIA DIOCESANA DE PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de batismos de Ouricuri (1850-1854). _____________________________________ . Arquivo diocesano. Livro de batismos de Ouricuri (18591863). _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de óbitos de Exu (1855). _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de óbitos da freguesia do Exu (1864-1901). _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos. _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Párvulos. _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de Lançamentos Pastoraes e Provisões (1886) da paróquia de Cabrobó. _____________________________________. Livro da criação das paróquias de Petrolina. _____________________________________. Arquivo diocesano. Livro de Justificações de Exu. _____________________________________. Livro de Tombo I. _____________________________________. Livro de Tombo II. _____________________________________. Livro de Tombo de Ouricuri. 1924-1966 31 de _____________________________________. Livro de Provisões (1924-1932) v.1. _____________________________________. Livro de Provisões ( 1937 – 1948), v.2 _____________________________________. Patrimônio da Igreja do Granito . _____________________________________. Arquivo diocesano. Tombo de Leopoldina. _____________________________________. Tombo de visitas pastorais da Freguesia de Petrolina.. _____________________________________. Tombo da freguesia de N. Sra. Rainha dos Anjos de Petrolina – 1925/1951.p.55s. _____________________________________. Registro de Contas, dia 31.12.1927 (Diário) _____________________________________. Pe. Sizenando Parente de Sá Barreto. Dados do Clero. CURIA DIOCESANA DE PESQUEIRA. Arquivo do museu diocesano. Tribuna Religiosa de 12.04. 1918. PARÓQUIA DE CABROBÓ. Batismos de escravos de Cabrobó. PARÓQUIA DE CABROBÓ. Livro de Lançamentos de Pastoraes e Provisões (1886) da paróquia de Cabrobó. 3. DOCUMENTOS DIGITAIS GOVERNO DE PERNAMBUCO. NOTÍCIAS. Missa do vaqueiro une Fé e TradiçãoemSerrita.http://200.238.107.167/web/portalpe/exibirartigo?companyId=communis.com.br& articleId=17195. Acessado em 28.06.2010. ANTÔNIO. Pe. José Maria Prada CSsR. tp://uneserinterativa.blogspot.com/2010/04/rememorandoredentoristas-peprada-cssr.html. Acessado em 25.06.2010. 32