ANAIS LIDERANÇA NA ORGANIZAÇÃO: Recurso-chave para o sucesso de empresas varejistas KARINA AZEVEDO ( [email protected] , [email protected] ) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL JOSÉ CARLOS DE SOUZA LIMA ( [email protected] , [email protected] ) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL RESUMO: O sucesso da organização não está somente em seus produtos e serviços, mas também em seus funcionários que interagem com o público e ajudam a organização a adaptar-se às mudanças no seu mercado de atuação. Neste cenário, o líder tem importância fundamental propiciando um ambiente em que funcionários atuem de maneira eficaz e criativa, reunindo talento, conhecimento, experiência, habilidades, valores e metas de forma a atingir produtividade e lucro. Este artigo estuda o papel do líder em empresas varejistas, levando-se em conta a importância dos estilos de liderança na obtenção da produtividade a partir da motivação das equipes. PALAVRAS CHAVE Liderança, motivação, habilidades, competências, comércio varejista. INTRODUÇÃO Atualmente, sabe-se que o comércio varejista no Brasil tem passado por inúmeras mudanças que são ocasionadas principalmente pela reestruturação e consolidação de novas cadeias varejistas que entram para atuar nesse setor, bem como, pela incorporação e associação que vem se estabelecendo entre empresas varejistas. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo vem surpreendendo e expandindo sua atuação, fato comprovado pelo índice de vendas que teve um aumento de 1,1% em março de 2007 em comparação ao mês de fevereiro do mesmo ano, dados cujos efeitos sazonais já foram descontados, como mostra a figura 1. 1/12 ANAIS Fonte: IBGE, citado no Jornal Destak, de 19 de fevereiro de 2008, p. 08. Figura 1: Desenvolvimento do Varejo Dentro desse contexto há índices de que, tanto nos processos internos como nos processos externos, o papel desempenhado pelos líderes (geralmente pessoal lotado em cargos de gerência e supervisão) tem sido importante para amenizar nas organizações varejistas os impactos e repercussões decorrentes da globalização e competição acirrada, muitas vezes presente nesse segmento. O presente artigo discute o papel do líder nas empresas varejistas levando em consideração tanto a importância do estilo de liderança adotado, como a obtenção de produtividade a partir da motivação de sua equipe. PROBLEMA DE PESQUISA As questões de pesquisa que orientam este estudo são: 1. Qual é a importância da liderança e a adequação do estilo adotado pelo líder dentro de organizações varejistas? 2. Como a liderança pode influenciar no resultado final dessas organizações? OBJETIVO O objetivo deste artigo é analisar os principais estilos de liderança e apontar sua influência na obtenção de resultados em uma empresa varejista. A idéia é apresentar as iniciativas já consolidadas pela empresa em relação às práticas da liderança e verificar como essa liderança influencia o desempenho da empresa de forma a obter sucesso junto ao segmento de atuação. METODOLOGIA Para fins de atendimento ao propósito do presente trabalho, pelo menos, três procedimentos metodológicos foram adotados: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e estudo de caso. A pesquisa bibliográfica consistiu numa análise criteriosa em artigos, textos e livros que tratam sobre estilos de liderança, o papel do líder e empresas varejistas. A pesquisa de campo envolveu tanto entrevistas junto a pessoas que atuam em empresas do ramo de varejo, auxiliando a escolha das empresas a serem estudadas. Lüdke e André (2003) enfatizam que os estudos de caso permitem a descoberta e interpretação em contexto devido a obtenção de relatos por intermédio de indivíduos e fatos. 2/12 ANAIS Através dos meios de investigação citados foram realizados estudos de casos em três empresas privadas ligadas ao varejo com a finalidade de atingir o objetivo do trabalho. Nestas organizações foram aplicados questionários e realizadas entrevistas, a fim de facilitar o entendimento de como a liderança é arquitetada por essas empresas. Os dados foram levantados a partir de entrevistas e aplicação de questionários junto a gerentes-líderes e funcionários de diferentes níveis hierárquicos das empresas escolhidas como estudo de caso, obtendo-se as informações necessárias para a estruturação das análises. DEFINIÇÕES DE LIDERANÇA A liderança é concebida por vários autores como uma temática de extrema relevância. Chiavenato (2004, p. 448) a define como “uma influência interpessoal em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos”. De forma sintética, Soto (2002) apresenta as principais definições consolidadas ao longo dos anos: “Algumas entendem que liderança é que A provoque B a fazer o que A deseja. Outros entendem que a liderança genuína ocorre quando B convence A a fazer algo que A deseja, porque é bom para B. Outros insistem que liderança é A estabelecer condições tais para que B possa se responsabilizar em fazer algo que ele e A acreditem que tenham de executar. Outros, ainda, opinam que só o fato de influenciar outra pessoa é, por si só, uma ação de liderança, prescindindo que A consiga ou não mudar a conduta de B, o que seria, em todo caso, uma amostra do grau de eficácia de liderança exercida e não a realidade da liderança em si mesma.” (SOTO, 2002, p. 211) Hunter (2006, p. 18) oferece sua contribuição e define liderança como “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter”. Para o autor “liderar significa conquistar as pessoas, envolvê-las de forma que coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência a serviço de um objetivo”. Nos livros “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, e “O Príncipe”, de Maquiavel, percebe-se que desde os primórdios da civilização houve a necessidade das pessoas serem conduzidas por um líder para que os objetivos propostos fossem atingidos. Robbins (2003, p. 371) salienta que convém distinguir líder de liderança, e explica que “líder é o indivíduo, e a liderança é a função ou atividade que o indivíduo executa”. O autor alerta que a eficácia da liderança é reflexo das características e estilo do líder, o qual pode ser orientado para as tarefas, para as pessoas e/ou para o desenvolvimento, e cujas ações repercutem nos processos organizacionais. Gil (2001, p. 221) afirma que “o processo de liderança é bastante complexo”. Por isso, o autor acredita que a análise das variáveis, abrangidas pelos traços pessoais, o comportamento e as condições que determinam a eficácia, torna-se fundamental para a compreensão dos estilos de liderança e como estes contribuem para o sucesso de uma organização. Todavia, para ser completo atualmente, o líder precisa saber responder a cinco perguntas: 1) Quais são os produtos e serviços que entrego e para quem? 2) Como estabeleço relações de identidade com meus clientes? 3) Quais resultados dou? 4) Sou um exemplo e uma referência na gestão de pessoas (não apenas na minha equipe)? 3/12 ANAIS 5) Qual o meu ponto de equilíbrio, sou dono da minha agenda? (DINIZ, 2007, p. 40) Devido a liderança ser exercida em vários segmentos e de diversas maneiras, o líder torna-se responsável pela harmonia entre metas e exigências da organização, bem como pelas necessidades dos indivíduos que nela trabalham. Assim, atribui-se ao líder um papel estrutural significativo. As características pessoais do líder, o ambiente e a situação que o envolve, interferem no estilo de liderança a ser adotado. O quadro resume as principais teorias relacionadas a evolução do líder corporativo. 1950-1970 1970-1980 1980-1900 ANOS 2000 Líder nato Líder comportamental Líder situacional Líder completo Nessa época, acreditavase que alguns profissionais nasciam com o dom de liderar. Suas características são: ambição, integridade, autoconfiança e profundo conhecimento técnico. Embora há ainda quem acredite nisso, os especialistas dizem que esse conceito é um mito. Aqui surgem os líderes voltados para resultados e os para pessoas. Essa teoria deu origem ao Managerial Grid (Grade Gerencial) que classifica as pessoas em eixos (produção x pessoas). Daí nasceram rótulos como 9/9 (nota máxima em resultado e em gestão de equipes). Já o 1/1 era fracasso total. Detectou-se falhas no modelo anterior. Um líder 9/9 acabou levando uma empresa à ruína, enquanto o 1/1 levantou um negócio de forma brilhante. O que fez a diferença? A situação. O líder situacional surge porque traz resultados num cenário específico, desenvolvendo pessoas. Atualmente, o conceito de liderança exige nova postura profissional. O líder traz resultados, constrói relação com clientes e mercado, fala a língua do acionista, é exemplo na gestão de pessoas (subordinados, chefes, pares e colegas de outras áreas). E é líder de si mesmo. Fonte: Dados extraídos de Diniz (2007, p. 42) Quadro 1- Evolução do líder corporativo LIDERANÇA E CULTURA ORGANIZACIONAL No ambiente organizacional há um espaço de interação e de ponderação sobre as práticas que podem gerar transformações, onde no vértice se concentra a cultura. A cultura constitui um núcleo de formação que dissemina valores, alavanca idéias e constrói a ética corporativa. De acordo com Marchiori (2006a, p. 26), a cultura é a personalidade da empresa e devido a isso, “ao vivenciá-la, a organização lhe dá a vida, permite trocas e críticas que a tornam pulsante e dinâmica e, portanto, real e passível de acompanhar de forma pró-ativa as mudanças do mundo e do mercado”. Entre a maioria das definições sobre cultura organizacional, a ênfase volta-se para as pessoas como agentes formadores da cultura. Alguns autores qualificam a cultura como uma especialidade organizacional singular. Outros a relacionam com a experiência compartilhada pelos membros, enfatizando o conhecimento coletivo e as tradições, bem como manifestações oriundas da integração. Na concepção de Eldridge e Crombie (apud Marchiori, 2006a): 4/12 ANAIS “(...) a cultura de uma organização refere-se à configuração singular de normas, valores, crenças, modos de se comportar e outros elementos que caracterizam a maneira na qual os grupos e indivíduos combinam para realizar as coisas. A distinção de uma determinada organização está intimamente ligada com sua história e com os efeitos de caracterização de decisões e líderes do passado. Ela é manifestada de modo folclórico, e mais ainda, na ideologia que difere os membros, assim como nas escolhas estratégicas feitas pela organização como um todo”.(ELDRIDGE E CROMBIE, apud MARCHIORI, 2006a, p. 78): Portanto, é preciso preocupar-se também com as manifestações dinâmicas da cultura, identificá-las e registrá-las, já que, esta abrange as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver. “Quem somos enquanto organização?” Para Almeida (apud Marchiori et al, 2006b)) a resposta a essa questão encontra-se na definição clara e explícita da identidade organizacional, entendida como a coleção de atributos vistos como específicos daquela organização por seus membros, não sendo necessariamente comum a todos, mas, sim, mantida por grupos específicos, que definem papéis, símbolos, políticas, regras e procedimentos, tanto formais quanto informais”. (ALMEIDA, apud MARCHIORI et al, 2006b, p. 34) Outra importante questão a ser respondida é “Como somos vistos?”. Para tanto, os conceitos de imagem e reputação organizacional, os quais são construídos externamente, exercem forte influência nas percepções internas. Esses conceitos não devem ser considerados sinônimos, visto que, estudos atuais identificaram duas características distintivas: “reputação é construída ao longo dos anos e tem como base as ações e comportamentos da organização”. A imagem corporativa é entendida como “uma percepção, da organização como um todo, sustentada por diferentes segmentos de públicos” (Almeida apud Marchiori et al, 2006b, p. 37). Porter (1992, p. 21) afirma que “a cultura pode reforçar vigorosamente a vantagem competitiva que uma estratégia genérica busca alcançar, caso ela seja apropriada. Não existe uma cultura boa ou ruim. A cultura é um meio para alcançar uma vantagem competitiva, e não um fim em si mesmo”. Segundo Lacombe (2005): “as organizações podem ensinar sua cultura por meio de documentos escritos, nos quais ela estará explicitada, ou por meio de reuniões, seminários e palestras para os empregados. No entanto, a forma mais forte de se ensinar a cultura é por meio das ações e decisões administrativas, isto é, por meio de seleção cuidadosa dos candidatos; orientação sobre a maneira de fazer as coisas, por meio de normas e de treinamentos; pela abertura de ‘canais’ para promoção e divulgação dos valores e princípios da organização; pela implantação de um sistema bem definido de aferição de resultados e premiação de desempenhos; pela exigência de cumprimento dos valores mais importantes da organização; pela ênfase e reforço de aspectos do folclore da organização; e pelo reconhecimento do mérito dos profissionais que se destacaram e que se deseja que sirvam de exemplo aos demais”. (LACOMBE, 2005, p. 233). Para Kanter (apud Chowdhury et al, 2003, p. 255) “as melhores empresas, em suma, canalizam o poder do intelecto para a busca de novas idéias significativas” e, nessa dialética, 5/12 ANAIS “os líderes devem criar uma cultura que permita a discussão de possibilidades embrionárias e parcialmente formadas”. Almeida (apud Marchiori, 2006b, p. 43) informa que “compete aos gestores organizacionais compreender e alinhar os atributos de identidade organizacional; consolidar um posicionamento distintivo; dar maior visibilidade aos projetos, ações, metas, missão; definir e sustentar uma história corporativa coerente, consistente e transparente, entre outras funções”. “Dificilmente, missão, visão e objetivos seriam alcançados sem que houvesse liderança, uma vez que as empresas, como qualquer coletividade, são movidas por movimentos contrários de cooperação e de conflito; logo, é preciso magnificar a cooperação e direcionar os conflitos para seus aspectos contributivos de mudança e de criatividade. Este é o papel da liderança. É um papel integrador, muito necessário numa época até de organizações virtuais. Ele possibilita que pessoas se mantenham unidas, mesmo sem estarem fisicamente próximas .” (VERGARA, 2000, p. 74). Contudo, Schein (apud Marchiori, 2006a, p. 94) esclarece que “cultura e liderança são termos conceitualmente relacionados já que, às vezes, é a função do líder que acaba por reconhecer e desenvolver algo quando um determinado aspecto da cultura não está funcionando suficientemente bem”. RESULTADOS DA PESQUISA Com os dados levantados a partir de técnicas como a entrevista e a aplicação de questionários junto a gerentes-líderes e funcionários de diferentes níveis hierárquicos das empresas escolhidas como estudo de caso, obteve-se as informações necessárias para a estruturação das análises. Os Estudos de Caso 1 e 2 foram realizados em lojas de rede de supermercados localizados na região metropolitana do estado de São Paulo. Estas lojas possuem em média cerca de 250 a 300 funcionários em cada unidade. O Estudo de Caso 3 analisa uma rede que atua na comercialização de roupas infantis, femininas e masculinas, no território paulista, que possui cerca de 150 funcionários trabalhando em cada uma de suas lojas. CASO 1 – REDE DE SUPERMERCADOS (ORGANIZAÇÃO “A”) A rede de supermercados “A” referencia o líder como o protagonista da história organizacional, concedendo a ele o papel de coordenar a equipe, alinhar os comportamentos às metas da empresa, inclusive motivar as pessoas para que os resultados sejam alcançados. Considera o líder uma fonte resumida de informações que procura administrar da melhor forma possível pessoas, tarefas, funções e tudo o que for de sua responsabilidade em prol de objetivos coletivos, sendo o exemplo que espelha as atitudes dos subordinados e das pessoas que convivem com ele e são receptivas à sua influência. Levando-se em consideração que as pessoas passam mais tempo no trabalho do que em suas próprias casas, a organização “A” tem por princípio propagar um clima familiar, no qual, apesar dos conflitos que algumas vezes são inevitáveis, o líder procura estabelecer o elo de harmonia. Assim, entre o conjunto de características pessoais requeridas para o exercício da liderança, algumas são apontadas com maior vigor: justiça, sinceridade, atenção, dedicação, confiança, paciência, responsabilidade, honestidade, respeito e carisma. Partindo dessas qualificações, enquadram o estilo do líder como democrático–autocrático, por uma questão de empate conceitual permite afirmar que esta avaliação é fruto da teoria contingencial. 6/12 ANAIS Durante o desenvolvimento de suas atividades na empresa varejista, porventura, o líder pode se deparar com alguns obstáculos, tais como, a elaboração de uma gestão de pessoas que respeite as diferenças e trabalhe a combinação de características individuais como forma de sincronizar os talentos, carência e obsolescência de habilidades técnicas, falta de integração com a equipe, pouco incentivo por parte da organização, desmotivação dos colaboradores, problemas de comunicação, entre outros. No entanto, sempre que necessário, o líder deve fazer uma auto-avaliação e formular estratégias que convertam ameaças em oportunidades. Mesmo diante das turbulências rotineiras, a organização “A” prioriza o planejamento e utiliza a análise SWOT (análise dos pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças) como subsídio para a concepção de estratégias mais consistentes. Com o objetivo de promover internamente a contratação de futuros líderes, consolidando a carreira profissional de seus funcionários, a organização “A” cultiva a prática do “líder formador”, sendo este incumbido de reconhecer e treinar sucessores a cargos de liderança. Este programa é denominado de PROSIN (Programa de Seleção Interna) e consiste no “líder formador de líder”. Devido a complexidade que envolve o ambiente organizacional e, com a finalidade de aprimorar os líderes “prematuros”, a empresa fornece periodicamente workshops, palestras e treinamentos regionais das habilidades básicas de liderança. A integração entre as lideranças das diferentes áreas da rede de supermercados contribui para que a empresa consiga engajar estas pessoas nos vários departamentos da organização. Apesar dos pontos positivos alcançados pelo programa de recrutamento interno, a falta de pessoas com as características requeridas pela empresa torna-se um empecilho no processo de contratação de novas lideranças. Para motivar os líderes foi implantado pela rede de supermercados “A” o programa “varejo na alma”, que visa estimular, através de participação nos lucros e premiação por crescimento nas vendas, a geração de diferencias e lucratividade. Contudo, constatou-se que, por intermédio de suas lideranças, a organização “A” tem alcançado bons resultados, principalmente porque os líderes estão comprometidos com a empresa e participam do negócio ativamente. CASO 2 – REDE DE SUPERMERCADOS (ORGANIZAÇÃO “B”) Na rede de supermercados “B” constatou-se alguns pontos similares ao estudo de caso 1 (na rede de supermercados “A”), porém, com um modo peculiar de trabalho em alguns aspectos que serão comentados no decorrer desse texto. A liderança também é concebida por essa organização como uma peça-chave, de importância estimável, pois, conforme exposto pelos entrevistados, o líder é encarregado de conduzir, estabelecer diretrizes, orientar, acompanhar, coordenar as atividades e esforços, persuadir o funcionário a fazer o que é necessário para alcançar os objetivos organizacionais sem que este se sinta coagido, entre outras atribuições. Como forma de transpor as barreiras delineadas pela estrutura hierárquica, o líder mantém contato freqüente com os subordinados. Para tanto, utiliza-se da comunicação como uma aliada nesse processo, até mesmo, é receptivo a críticas e sugestões. Partindo-se desta premissa, o estilo democrático prevalece entre as lideranças da organização “B”. Nesse sentido, algumas características pessoais são destacadas para que a liderança seja realizada em sua plenitude, entre elas: assiduidade, comprometimento, honestidade, ser comunicativo, próativo, participativo, atencioso, dedicado, sincero, paciente, e ao mesmo tempo cobrar os resultados, tomar decisões, saber se impor, transmitir segurança e confiança, ter iniciativa. 7/12 ANAIS Porventura, alguns obstáculos podem surgir no percurso, entretanto, o líder é considerado o responsável por elaborar estratégias coerentes com o foco organizacional, inclusive, este deve preocupar-se em manter a sinergia na equipe. Em relação à triagem para a contratação de novos líderes, esta é feita internamente, ou seja, são recrutados para participar do processo seletivo os funcionários que apresentam maior assiduidade, comprometimento, interesse em aprender, entre outras características adicionais que a vaga necessite. Nesse processo o líder atua como catalisador de talentos. Em seguida é feita a comparação com o perfil da vaga e assim o candidato que melhor atender aos requisitos é promovido. Tendo como princípio a especialização contínua do líder, periodicamente o departamento de recursos humanos fornece treinamentos com temáticas relacionadas à gestão de pessoas e categorias. Todavia, os líderes têm assegurado a rentabilidade do negócio por intermédio da motivação de sua equipe, barganha com fornecedores, atendimento de qualidade aos clientes, além disso, primam pelo aperfeiçoamento contínuo afim de garantir o crescimento organizacional. CASO 3 – ORGANIZAÇÃO “C” O estudo de caso desenvolvido na organização “C” proporciona maior clareza sobre o assunto ao vislumbrar aspectos já abordados nas demais empresas pesquisadas, e ao mesmo tempo, retratar características singulares pertencentes a esta organização, conforme relatado no decorrer desse texto.Para demonstrar a importância funcional concedida ao líder, este é comparado com uma bússola, pois assume a missão de indicar o “norte” e conduzir os momentos da empresa, entre eles, organizar o sistema operacional, acompanhar os processos, definir estratégias, coordenar os esforços da equipe, mensurar os resultados. Em detrimento da assiduidade estabelecida pelo líder, este é respeitado e reconhecido por estabelecer o elo de entendimento entre as partes, dialogando, ouvindo, estando sempre presente, acompanhando continuamente o desenvolvimento das atividades dos colaboradores. Levando-se em consideração as contingências que envolvem o ambiente organizacional, enquadram o estilo de liderança predominante na organização “C” como democrático-liberal, visto que, de acordo com a situação há uma variação na postura do líder. No entanto, determinadas características são apreciadas para que a liderança seja exercida: honestidade, respeito, justiça, paciência, gentileza, responsabilidade, atenção, dedicação e sinceridade.Algumas adversidades podem emergir e tumultuar o exercício da liderança no segmento varejista, tais como, problemas com comunicação, carência de habilidades técnicas, falta de recursos, inconstância nas decisões, pressão por resultados, entretanto, o líder deve estar apto para contornar esses obstáculos bem como outros que possam surgir. Mediante a partilha de conhecimentos no local de trabalho e os treinamentos oferecidos periodicamente pela área de recursos humanos com usufruto de palestras e dinâmicas grupais para enfocar temas como liderança, gestão de pessoas e atendimento padronizado, a organização “C” tem alcançado resultados satisfatórios em seu dia-a-dia. A lucratividade é uma atribuição contínua dos líderes da organização “C”, principalmente porque estes devem procurar cumprir as metas dentro do período estipulado. Contudo, o comprometimento e a participação ativa desses líderes inspiram a equipe para atingir o alvo. Partindo-se desta premissa, a organização “C” adota o recrutamento interno para seleção de novas lideranças e tem por princípio a valorização do líder por meio do desenvolvimento de sua carreira, fazendo parceria com renomadas instituições para o aprimoramento deste. 8/12 ANAIS O quadro 2 expõe um paralelo entre as semelhanças e diferenças das empresas estudadas no que se refere à concepção da liderança adotada. DADOS CITADOS ORGANIZAÇÃO “A” Estilo de liderança Autoritário Democrático predominante As principais características requeridas dos líderes Atencioso Dedicado Sincero ORGANIZAÇÃO “B” Democrático Atencioso Dedicado Sincero Paciente Gentil Responsável O principal obstáculo Falta de integração do Falta de incentivo por para o exercício da líder com a equipe. parte da organização. liderança A rede de supermercados “A” optou por desenvolver um programa, o qual é Como as redes coordenado pelo setor desenvolvem a gestão de Recursos Humanos, de contratação dos mas envolve diversas líderes áreas através de uma comissão que envolve as lideranças de diferentes áreas. A rede de supermercados “B” optou por não desenvolver um programa, mas administra as contratações por meio do setor de Recursos Humanos, envolvendo os gerentes das filiais no processo de recrutamento e seleção de líderes. Mostrar que na rede de supermercados “A” as oportunidades de A principal proposta crescimento são amplas, visando solucionar as pois a rede é grande e há dificuldades na gestão lugar para todos os que dos funcionários visam ter uma carreira com reais chances de crescer na organização. Criar uma política para aprimoramento contínuo dos líderes, e assim aumentar o números de profissionais qualificados no quadro de funcionários da organização. Fonte: Elaborado pela autora com base nas empresas pesquisadas Quadro 2 - Comparativo entre as organizações estudadas 9/12 ORGANIZAÇÃO “C” Democrático Liberal Paciente Gentil Responsável Falta de comunicação. A organização “C” optou por deixar sob a responsabilidade do departamento de Recursos Humanos o processo de formular estratégias para recrutar e selecionar líderes internamente, envolvendo nesse processo os gerentes das unidades de negócios. Instituir uma comissão para trabalhar na contratação e qualificação constantes dos líderes. ANAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS As transformações desencadeadas no atual cenário competitivo, ambiente este em que as organizações varejistas estão inseridas, influenciam decisivamente na forma de se trabalhar a liderança. Sob esta perspectiva, é possível observar que a prática da liderança no varejo está alicerçada em cinco pilares: cultura, resultados, clientes, processos e pessoas. Cultura e liderança: A liderança tem valores que são expressos através do exemplo. A palavra motiva, mas é o exemplo que modela os comportamentos e conquista o comprometimento. Por isso, as atitudes do líder devem ser coerentes com seu discurso. Liderança e resultados: O aperfeiçoamento contínuo é o alvo de curto, médio e longo prazo, afinal, construir resultados é um trabalho diário. A rentabilidade é conseqüência de um negócio bem estruturado. Para isso é preciso equilibrar entradas e saídas de recursos afim de gerar saldo positivo. Liderança de mercado e cliente: Ter prazer em servir é um dos requisitos para fidelizar o cliente. A qualidade dos produtos e preços baixos também obtém elevada pontuação por parte de consumidores cada vez mais exigentes e seletivos. Contudo, é através de relacionamentos, edificados por intermédio de atendimento personalizado, é que são estabelecidos vínculos duradouros entre empresa e clientes. No entanto, a organização deve estar atenta às reais necessidades e expectativas de seu público-alvo, delimitar a atuação e procurar diferenciais que agreguem valor. Liderança de processos: Procurar atuar de forma integrada: padronizar atividades repetitivas e que permitem economizar tempo, levando em consideração que padrão é identidade; e, ao mesmo tempo, reservar espaço também para a inovação, desencadeando a evolução. O cliente é atraído por novidades que lhe despertem o desejo, a curiosidade e a vontade de adquirir o produto/serviço comercializado. Liderança de pessoas: É preciso ter as pessoas certas no barco, remando na mesma direção. O líder deve formar uma equipe competente e integrada que compartilhe do mesmo norte e exale doses gigantescas de felicidades. É função do líder construir um ambiente satisfatório, inspirar seu pessoal, desafiar e reconhecer. Lidar com essas polaridades representa a tônica de quem toca a organização em meio à complexidade e incertezas contemporâneas causadas pelas mudanças micro e macroambientais. 10/12 ANAIS REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Ed. Compacta. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHOWDHURY, S. et al. Administração no século XXI: O estilo de gerenciar hoje e no futuro. São Paulo: Pearson Education, 2003. DINIZ, D. Seja um líder completo. Você S/A. São Paulo, editora Abril, 109 ed., p. 40-46, jul. 2007. GIL, A. C. Gestão de Pessoas: Enfoque nos Papéis Profissionais. São Paulo: Atlas, 2001. HUNTER, J. C. Como se tornar um líder servidor: Os princípios da liderança de O monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. LACOMBE, F. J. M. Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: Epu, 2003. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2006. MARCHIORI, M. Cultura e comunicação organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. São Paulo: Editora Difusão, 2006a. MARCHIORI, M. (Org.) et al. Faces da cultura e da comunicação organizacional. São Paulo: Editora Difusão, 2006b. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992. ROBBINS, S. P. Administração: Mudanças e Perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2003. SANTOS, F. Varejo brasileiro tem melhor ano desde 2001. Jornal Destak, São Paulo, 19 fev. 2008. Seu Valor, 385 ed., p. 08. SOTO, E. Comportamento Organizacional: O impacto das emoções. São Paulo: Thomson, 2002. TZU, S. A Arte da Guerra. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008. VERGARA, S. C. Gestão de Pessoas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. 11/12 ANAIS Conteúdo da primeira página do arquivo: Template (obrigatório - Todas as páginas do artigo deverão conter o template) Resumo (máximo 100 palavras), texto justificado, fonte Times New Roman, corpo 12, espaçamento simples (entre caracteres, palavras e linhas). Palavras-chave (no máximo 10) Início do texto, justificado, fonte Times New Roman, corpo 12, espaçamento simples (entre caracteres, palavras e linhas). Este modelo já possui a formatação solicitada pelo congresso. Utilize-o para escrever o seu artigo. Atenção: não ultrapasse o número máximo de páginas permitidas - 16 páginas 12/12