UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA LUCIANO DE SANTANA MEDEIROS PRÁTICAS DE LIDERANÇA NA GESTÃO IMOBILIÁRIA NATAL/RN 2014 LUCIANO DE SANTANA MEDEIROS PRÁTICAS DE LIDERANÇA NA GESTÃO IMOBILIÁRIA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração, na área de concentração em Gestão Estratégica de Pessoas. Orientadora: Profa. Dra. Nilda Leone. NATAL/RN 2014 Medeiros, Luciano de Santana Práticas de liderança na gestão imobiliária / Luciano de Santana Medeiros. – Natal, 2014. 97 f. Orientador: Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação. Referências: f.83 – 88. 1. Administração – Dissertação. 2. Liderança. 3. Gestor. 4. Imobiliária. I. Título. LUCIANO DE SANTANA MEDEIROS PRÁTICAS DE LIDERANÇA NA GESTÃO IMOBILIÁRIA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração, na área de concentração em Gestão Estratégica de Pessoas. Aprovado em: 06/06/2014. BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone Orientadora – UNP Universidade Potiguar - UNP _____________________________________ Prof. Dr. Walid Abbas El-Aouar Examinador Interno – UNP _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Luciane Albuquerque Sá de Souza Examinadora Externa – IESP/IFPB AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus pela saúde e força para superar todas as dificuldades enfrentadas na conclusão do meu mestrado. Ao proprietário da Execut Negócios Imobiliários, Gilvandro de Almeida Ferreira Guedes, e a todos os seus 55 funcionários pela participação na pesquisa. Aos meus pais Raimundo Medeiros e Maria Bernadete pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Aos irmãos Eduardo e Patrícia, a minha prima Bethânia e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. A todos os professores que compõem o corpo docente da Universidade Potiguar, bem como a direção e administração pela oportunidade de poder galgar mais esse passo de extrema importância para a minha vida profissional e pessoal. A minha orientadora Doutora Nilda Leone, por todo suporte dado a minha pesquisa, correções e incentivos. Aos professores Doutores Wallid Abbas e Luciane Albuquerque pelas suas contribuições durante a defesa. Aos meus amigos de turma e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a minha formação, o meu muito obrigado. RESUMO Essa pesquisa aborda um dos temas mais pesquisados e discutidos na administração: a liderança. Seus conceitos e modelos continuam a evoluir na medida em que as necessidades das organizações mudam. O presente estudo teve como objetivo principal investigar as práticas de liderança adotadas por um gestor imobiliário, de acordo com o modelo das cinco práticas de liderança exemplar proposto por Kouzes e Posner (2013). Através de um estudo de caso, investigaramse as práticas de liderança do gestor/proprietário da imobiliária Execut, localizada na cidade de João Pessoa atuante no mercado Paraíbano há 25 anos. Este trabalho é classificado como descritivo enquadrando-se nos estudos quantitativos. Foram pesquisados no total 55 empregados e o gestor/proprietário. Os dados foram obtidos por meio de dois questionários, um deles elaborado pelo pesquisador e o outro desenvolvido pelos autores Kouzes e Posner (2013), intitulado Inventário das Práticas de Liderança (LPI), nas versões de autoavaliação e heteroavaliação. Os resultados indicaram que a prática “inspire uma visão comum” foi a melhor avaliada, e a prática “anime os corações” obteve a menor avaliação, tanto na autoavaliação do gestor, quanto na heteroavaliação dos empregados. Os testes de significância e análise de variancia realizados para detectar a existência de variabilidade entre a visão dos empregados com relação as práticas de liderança do gestor, segundo as variáveis sociodemográficas gênero e tempo na organização, não apresentaram diferença significativa. Entretanto, com relação a função dos empregados, foi encontrada uma diferença estatisticamente significante, revelando que os corretores de imóveis avaliaram melhor as práticas de liderança do gestor do que os colaboradores do setor administrativo e de apoio. Palavras-chave: Liderança. Gestor. Imobiliária. ABSTRACT This research addresses one of the most searched topics discussed in administration, the leadership. Their concepts and designs continue to evolve as the needs of organizations change. The present study aimed to identify the leadership practices adopted by a real estate manager, according to the model of the five practices of exemplary leadership of the authors Kouzes and Posner (2013). Through a case study, we investigated the leadership practices adopted by the manager/owner of Execut´s real estate, located in the city of João Pessoa, Paraiba, active in the market for 25 years. This work is classified as descriptive, and as to its nature fits in quantitative studies. The manager/owner and fifty-five employees were surveyed. Data were collected through two questionnaires, one prepared by the researcher and the other developed by the authors Kouzes and Posner (2013) called The Leadership Practices Inventory (LPI), in the versions of self-assessment and peer assessment. The results indicated that the practice "inspire a shared vision" was the best evaluated, and the practice "encourage the heart" was the least evaluated, both in the self-assessment of the manager, as in the peer assessment of employees. Significance tests and analysis of variance performed to detect the existence of variability between the vision of the employees regarding the leadership practices of the manager, according to sociodemographic variables gender and time in the organization, showed no significant difference. However, regarding the role of employees, a statistically significant difference was found, revealing that realtors rated best leadership practices of the manager than the administrative and support sector. Keywords : Leadership. Manager. Real Estate Business. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Avaliação das práticas de liderança pelos funcionários ....................... 65 Gráfico 02 – Avaliação das práticas de liderança heteroavaliação e autoavaliação . 66 Gráfico 03 – Gênero dos funcionários da Imobiliária Execut .................................... 71 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Atualização das nomenclaturas das 05 práticas de liderança exemplar ............................................................................................. 35 Quadro 02 – Resultados da pesquisa de Silva (2013).............................................. 36 Quadro 03 – Resultados da pesquisa de Mattos (2011) ........................................... 37 Quadro 04 – Resultados da pesquisa de Costa (2011) ............................................ 38 Quadro 05 – Resultados da pesquisa de Amorim et al. (2009) ................................ 39 Quadro 06 – Resultados da pesquisa de Vianna et al. (2007) .................................. 40 Quadro 07 – Resultados da pesquisa de Barros (2005) .......................................... 41 Quadro 08 – Práticas mais utilizadas e menos utilizadas conforme as últimas pesquisas ............................................................................................ 41 Quadro 09 – Questões do instrumento de autoavaliação e heteroavaliação ............ 48 Quadro 10 – Objetivos específicos, instrumento(s) da pesquisa e estatística .......... 50 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Gênero dos empregados da Execut ..................................................... 45 Tabela 02 – Funções exercidas pelos empregados da Execut ................................. 45 Tabela 03 – Tempo de trabalho dos empregados na Execut ................................... 45 Tabela 04 – Perfil do Gestor .................................................................................... 45 Tabela 05 – Coeficientes de fidedignidade de Cronbach dos domínios e questões (N=56) .................................................................................................. 54 Tabela 06 – Coeficientes de fidedignidade de Cronbach dos domínios e questões (N=55) .................................................................................................. 54 Tabela 07 – Respostas do gestor em relação a sua autoavaliação das práticas de liderança ............................................................................................... 56 Tabela 08 – Média total da autoavaliação do gestor ................................................ 59 Tabela 09 – Respostas dos empregados em relação à avaliação das práticas de liderança do gestor ............................................................................... 61 Tabela 10 – Média total da heteroavaliação ............................................................. 64 Tabela 11 – Média total da autoavaliação e heteroavaliação do gestor ................... 66 Tabela 12 – Medidas descritivas de posição e de variabilidade - domínios de Práticas de Liderança ........................................................................... 67 Tabela 13 – Classificação das 30 questões dos 10 mais frequentes para os 10 menos frequentes de acordo com a média MGE comparado com autoavaliação ...................................................................................... 68 Tabela 14 – Avaliação média das práticas de liderança pelos Empregados (MGE) e o gestor ................................................................................................ 69 Tabela 15 – Pontuação média das Práticas de Liderança segundo o Gênero dos Empregados ......................................................................................... 71 Tabela 16 – Função exercida pelos funcionários pesquisados da Execut segundo o gênero (n = 55) .................................................................................... 72 Tabela 17 – Função exercida pelos funcionários pesquisados da Execut segundo o Tempo de função (n = 55) ................................................................... 72 Tabela 18 – Pontuação média das práticas de liderança segundo a função dos empregados ......................................................................................... 73 Tabela 19 – Distribuição do tempo de serviço dos funcionários segundo gênero .................................................................................................. 74 Tabela 20 – Pontuação média das Práticas de Liderança segundo o tempo de função dos Empregados ....................................................................... 74 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ..................................................................... 15 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA............................................................................. 16 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 18 1.3.1 Geral ............................................................................................................... 18 1.3.2 Específicos .................................................................................................... 18 1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 18 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 19 2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 20 2.1 EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DE LIDERANÇA ................................................... 20 2.1.1 Abordagem da Teoria dos Traços de liderança .......................................... 21 2.1.2 Teorias Comportamentais ............................................................................ 24 2.1.3 Teorias Contingenciais (Situacionais) ......................................................... 25 2.2 TEORIAS DE LIDERANÇA CONTEMPORÂNEAS ............................................ 26 2.2.1 Teoria da Atribuição de Liderança ............................................................... 27 2.2.2 Teoria da Liderança Carismática ................................................................. 27 2.2.3 Liderança Transacional Versus Transformacional ..................................... 28 2.2.4 Liderança Visionária ..................................................................................... 30 2.2.5 Modelo de Gestão Voltado para Aprendizagem .......................................... 31 2.3 MODELO DE LIDERANÇA ADOTADO NO ESTUDO ........................................ 32 2.3.1 Modele o Estilo .............................................................................................. 32 2.3.2 Inspire uma Visão Comum ........................................................................... 34 2.3.3 Questione o Processo .................................................................................. 36 2.3.4 Capacite Outros para Ação .......................................................................... 37 2.3.5 Anime os Corações ....................................................................................... 38 2.3.6 Estudos Recentes Sobre o Tema ................................................................. 39 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 47 3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................... 47 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA .................................................................................. 48 3.3 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ....................................................................... 48 3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................... 50 3.4.1 Instrumentos de pesquisa ............................................................................ 51 3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS .................................................................................. 53 3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................ 53 3.7 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA ............................................. 54 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 57 4.1 CONSISTÊNCIA INTERNA OU MEDIDA DE FIDEDIGNIDADE DOS DADOS .. 57 4.2 PRÁTICAS DE LIDERANÇA ADOTADAS PELO GESTOR ............................... 59 4.3 VISÃO DOS EMPREGADOS EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR.................................................................................................................. 64 4.4 COMPARAÇÃO DAS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR COM A VISÃO DOS EMPREGADOS ............................................................................................... 69 4.5 VERIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE VARIABILIDADE ENTRE A VISÃO DOS EMPREGADOS EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR CONSIDERANDO-SE AS VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS............................ 74 4.5.1 Variabilidade das práticas de liderança versus gênero ............................. 74 4.5.2 Variabilidade das práticas de liderança versus função .............................. 76 4.5.3 Variabilidade das práticas de liderança versus tempo de função ............. 77 5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 80 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 83 APÊNDICE .............................................................................................................. 89 ANEXO A ................................................................................................................. 90 ANEXO B ................................................................................................................. 93 ANEXO C ................................................................................................................. 96 13 1. INTRODUÇÃO A liderança tem sido estudada há mais de um século, mesmo assim, constituise um dos temas mais explorados na atualidade pela área da administração. A sua complexidade tem travado uma infinidade de debates e a criação de diversas teorias a querer explicá-la. Contudo seus conceitos continuam a evoluir à medida que o ambiente organizacional se transforma e surgem novas necessidades. Segundo Caravantes et al. (2005), liderança e administração são semelhantes em alguns aspectos e diferentes em outros. Estando a primeira mais relacionada ao poder pessoal, e a segunda ao desempenho eficaz das funções administrativas. A habilidade desenvolvida por um indivíduo de influenciar outros não implica que ele consiga exercer as funções de planejar, organizar e controlar (ROBBINS, 2004). Por outro lado, todo administrador deveria ser um bom líder, para saber lidar com as pessoas da forma mais adequada. A capacidade de liderança define a diferença entre os administradores excelentes e os medianos (BATEMAN; SNELL, 2009). Devido a sua importância para os resultados positivos da gestão empresarial, muitas organizações têm investido fortemente na transformação de gestores em líderes. Essa habilidade tem sido apontada como uma das mais importantes para o exercício da função gerencial. Para Robbins (2000, p. 371), a liderança consiste num “processo de influência pelo qual os indivíduos, com suas ações, facilitam o movimento de um grupo de pessoas rumo a metas comuns ou compartilhadas”. De forma parecida, Daft (2007, p. 373) a define como “a habilidade de influenciar pessoas no sentido da realização de metas organizacionais”. As organizações agregam os esforços de várias pessoas, que trabalham juntas em diversos níveis, em prol da realização dos seus objetivos, sendo o gestor aquele que possui o poder organizacional formal de dirigir e controlar os recursos. Nesse contexto, a liderança vem sendo apontada como um processo-chave para as empresas, visto que ela ajuda a influenciar as pessoas no alcance das metas traçadas. No setor imobiliário, a prática da liderança tem sido fundamental para a permanência e sustentabilidade dos negócios. As imobiliárias são empresas, credenciadas pelo CRECI – Conselho Regional dos Corretores de Imóveis, para atuar no mercado imobiliário. No Brasil, empresas desse segmento vêm apresentando, nos últimos anos um forte crescimento, apoiado na estabilização 14 econômica do país e, na parceria do governo federal com o setor privado, através do programa de facilitação ao crédito imobiliário Minha Casa Minha Vida. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa, em 2013, o governo aplicou R$ 100 bilhões no crédito imobiliário, sendo 35% a mais que o disponibilizado no ano anterior (SINDUSCOMJP, 2014). Segundo Fernandes (2011), o boom imobiliário atingiu várias partes do Brasil, trazendo com ele um furacão de mudanças, e aqueles que souberam aproveitar as oportunidades estão ganhando muito dinheiro. Grandes condomínios residenciais, comerciais, casas, apartamentos, hotéis e apart-hotéis são oferecidos para o público, e não faltam compradores. A corretagem de imóveis tornou-se uma carreira promissora e um passaporte para altos ganhos. Tendo atraído o interesse de diversos profissionais, que no passado não a via com bons olhos, as vantagens da área da construção civil e o cenário econômico atual têm feito desses trabalhadores verdadeiros campeões de vendas. Contudo, para o aproveitamento dessas oportunidades exige-se preparação constante, visão de negócio e excelência no atendimento, na medida em que o cliente está cada vez mais exigente e criterioso na escolha da assessoria desses profissionais. A conjuntura atual do mercado imobiliário é caracterizada por constantes mudanças que precisam ser acompanhadas pelos profissionais da área. Segundo Fernandes (2011, p. 11), “estão acontecendo grandes fusões de empresas de vendas, de construtoras e de incorporadoras em todo Brasil, o que deixa o mercado cada vez mais profissional e exige mais dos corretores de imóveis”. Apesar de aparentemente simples, a profissão é muito complexa. Vender não parece ser tão complicado, porém vender constantemente para garantir a sustentabilidade do negócio, é mais complicado do que se imagina. A concorrência é acirrada, composta por muitos profissionais especializados no ramo, inclusive com formação em cursos de graduação e pós-graduação em ciências imobiliárias. A evolução do setor imobiliário e da construção civil coloca em cheque as habilidades desses profissionais, que precisam investir no aperfeiçoamento contínuo para serem bem sucedidos. Na Paraíba, o setor de serviços representa o maior peso no Produto Interno Bruto de sua economia e vem crescendo acima das médias dos outros estados do nordeste, sendo as empresas imobiliárias responsáveis por grande parte desse resultado. Segundo dados do IBGE (2014), enquanto os estados nordestinos 15 desaceleraram o crescimento, a Paraíba cresceu 10%, sendo este o maior índice da Região Nordeste em 2014. As imobiliárias e as empresas de call centers, foram responsáveis por 37% deste total, demostrando que o segmento imobiliário da região está em plena expansão e representa uma importante fonte de arrecadação para o estado. A forte concorrência inerente ao segmento, e a necessidade de atualizar as práticas gerenciais para acompanhar as mudanças do mercado, levam à reflexão de como as práticas dessas empresas impactam no desenvolvimento da liderança. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA As primeiras pesquisas sobre liderança se preocuparam em identificar as características pessoais compartilhadas pelos grandes líderes, a exemplo da inteligência, energia e aparência. Entre 1904 a 1948 foram realizados mais de 100 estudos sobre essa ótica, que ficaram conhecidos como a abordagem dos traços de liderança (BATEMAN; SNELL, 2009). No final, os estudiosos concluíram que não existia nenhum conjunto particular de características que demostrassem ser previsores eficazes da liderança. Posteriormente, as pesquisas se voltaram para os estudos dos comportamentos de liderança, na tentativa de identificar o que os líderes fazem. Diferente da abordagem dos traços, as características pessoais tinham pouca importância, e o que realmente interessava era o comportamento que os líderes de sucesso demostravam. Numerosas categorias de comportamentos de líderes foram encontradas, contudo, elas se depararam com os mesmos problemas que se confrontaram os primeiros estudiosos da liderança: não era possível identificar de forma consistente as relações existentes entre o desempenho bem sucedido e os padrões de comportamentos da liderança eficaz, na medida em que os resultados variavam de acordo com diferentes níveis de circunstância. O fracasso em obter resultados consistentes, levou os pesquisadores a tentar compreender a relação entre a situação e o estilo eficaz de liderança. Os vários modelos de liderança que explicam essa relação ficaram conhecidos como as abordagens da contingência. Os que tiveram maior reconhecimento foram: o modelo de liderança desenvolvido por Fiedler (1967) e seus associados; a teoria do caminho meta, a teoria situacional de Hersey e Blanchard (1969), e o modelo líder- 16 participação. Entretanto, essas abordagens não conseguiram identificar o melhor estilo aplicável de liderança a situações específicas. Em seguida, os conceitos de liderança evoluíram da abordagem transacional para os comportamentos de liderança carismática e transformacional, sendo estas, perspectivas contemporâneas para o tema. Segundo Robbins (2004), essas abordagens veem a liderança como uma pessoa comum a vê, assumindo uma visão mais prática da liderança do que as concebidas anteriormente. O modelo de liderança exemplar, participante dessa investigação, dos autores Kouzes e Posner (2013), enquadra-se nos estudos da liderança transformacional. Segundo Bateman e Snell (2009, p. 407), os líderes transformacionais são aqueles que “transformam uma visão em realidade e que motivam as pessoas a transcender seus interesses pessoais pelo bem da comunidade”. Os líderes transformacionais são parecidos com os carismáticos, mas são distinguidos pela sua capacidade de modelar a organização através da sua visão e potencial de inovação. Eles geram o entusiasmo, nos seus liderados, através do carisma, da atenção individualizada e do seu intelecto. Quatro habilidades, no mínimo, contribuem para esta liderança. Em primeiro lugar os líderes precisam ter uma visão; em segundo comunicar essa visão; em terceiro construir a confiança; e por fim, ter um auto conceito positivo (BATEMAN; SNELL, 2009). Entre aqueles que representam o maior número de estudos e que melhor contribuem para o entendimento da liderança transformacional, temos Bennis e Nanus (1985), Kouzes e Posner (1987), House, Spangler e Woycke (1991), Kotter e Heskett (1992), Conger e Kannungo (1988, 1998), Podsakoff et al, (1990), Sashkin (1984) e Sashkine Sashkin (2003). 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA A liderança está por trás das grandes realizações da humanidade, quando em determinado momento alguém conseguiu influenciar outros a acreditarem na sua própria capacidade de realizar mais do que aparentemente era possível. Seja no setor político, científico, econômico, tecnológico ou cultural, está claro que a liderança importa, e as pessoas estão sempre procurando meios de aprendê-la. Entretanto, esse conhecimento pode ser passado de forma errada devido a grande quantidade de informações equivocadas e mitos abundantes que são reproduzidos a 17 seu respeito. Exemplo desses equívocos é a de que líderes nascem feitos, ou que a liderança é só para os executivos de topo. O desenvolvimento da liderança tornou-se um negócio rentável em todo o mundo, devido a sua importância para o sucesso das organizações e o bem-estar geral dos empregados, sendo esta evidenciada como uma das melhores fontes de vantagem competitiva que uma organização pode ter em relação aos seus concorrentes. Ela também está vinculada a uma ampla variedade de resultados importantes que podem ser obtidos através dela, como exemplos, os ganhos financeiros, o trabalho em equipe e a satisfação dos funcionários. Para um gestor desenvolver uma carreira de sucesso no setor imobiliário, ele precisa assumir a liderança de suas ações. A venda de imóveis é um trabalho que exige diversas competências, entre elas, disciplina, estudo e método de trabalho. O gerenciamento efetivo começa de dentro: só os que conhecem a si mesmo serão capazes de gerenciar os outros. Da mesma forma acontece com a liderança, que para o gestor exercê-la é necessário um conhecimento profundo de si mesmo e do alcance das suas atitudes, pois elas têm impacto direto sobre sua equipe, passando a ser o reflexo de sua liderança. A efetividade pessoal forma a base para uma grande gestão, que está relacionada ao conhecimento de competências pessoais, modelos de aprendizagem e autogerenciamento. Os melhores gerentes são aqueles que estão sempre buscando o autoconhecimento para saber em que áreas precisam melhorar, e conhecer as suas diferenças em relação aos outros. Considerando que a liderança é importante para a melhoria do papel gerencial, levantou-se o seguinte questionamento: Que práticas de liderança exemplar são adotadas por um gestor do setor imobiliário? 18 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Geral Investigar as práticas de liderança adotadas por um gestor do setor imobiliário, de acordo com o modelo das cinco práticas de liderança exemplar. 1.3.2 Específicos a) identificar a visão do gestor quanto às práticas de liderança por ele adotadas; b) identificar a visão dos empregados quanto às práticas de liderança adotadas pelo gestor; c) comparar a autoavaliação das práticas de liderança do gestor com a visão dos empregados; d) verificar a existência de variabilidade entre a visão dos empregados em relação às práticas de liderança do gestor e às variáveis sociodemográficas dos empregados. 1.4 JUSTIFICATIVA A única forma das organizações sobreviverem numa economia de mercado é através da competência. As empresas alcançam o sucesso ou fracasso de acordo com as habilidades de quem as conduz. Os gerentes eficazes, além de saberem administrar, precisam também ser líderes, sendo esta uma competência mais intangível. Segundo Lindenberg Filho (2010), compete aos gerentes de vendas apoiar e estimular suas equipes a trabalharem mais e melhor, assumindo novas posições, como a de líder. Segundo Caravantes et al. (2005), muitos observadores concordam que a liderança eficaz é um processo difícil de entender e praticar. Dessa forma, essa pesquisa contribui para tornar mais tangível as práticas de liderança do gestor pesquisado. O tema foi escolhido em virtude do interesse do pesquisador a respeito da temática da liderança, e levando-a para o contexto da gestão imobiliária, visto que este campo de pesquisa configura-se familiar, já que o mesmo acumula experiência profissional neste segmento, publicações e prêmios. 19 O estudo é relevante no sentido que, conhecer as boas práticas de liderança, leva a uma melhor compreensão de aspectos importantes dos comportamentos humano, de grupo e organizacional, possibilitando ao gestor desenvolver seu próprio modelo de liderança. Além disso, o presente estudo justifica-se pelo fato da liderança ser uma das habilidades mais importantes para o gerenciamento, trazendo contribuições diretas para o bom desempenho e permanência das empresas no mercado. O domínio da liderança pelos gestores imobiliários promove: uma maior coerência, ética e otimismo em todos os seus atos, ajudando na construção de uma imagem positiva ligada a atitudes dignas e confiáveis. Por fim, esta pesquisa é relevante para a academia, uma vez que poderá servir de apoio para outras pesquisas sobre o tema, bem como enfatizar a relevância de novas investigações. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Os elementos textuais dessa pesquisa foram estruturados da seguinte forma: inicialmente foi escrita a introdução, composta pela contextualização do tema, problemática, objetivo geral, objetivos específicos e justificativa. A seguir o referencial teórico abordando os conceitos de liderança, a evolução de suas teorias e o modelo de liderança exemplar dos autores Kouzes e Posner. Logo após, a metodologia da pesquisa, contendo a sua tipologia, universo e amostra, os procedimentos e instrumentos de coleta de dados, as variáveis analíticas, o tratamento dos dados e a caracterização do campo de pesquisa. Em seguida, a análise dos resultados; e por fim, as considerações finais. 20 2. REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo apresenta uma análise conceitual das teorias da liderança, através das abordagens desenvolvidas por diversos autores, que se dedicaram a estudá-la. Além disso, o mesmo tem como premissa revisar os escritos daqueles escritores que viajaram através dos caminhos das teorias da liderança cujas obras serão analisadas e também como ponto de partida para capacitar o pesquisador em termos de avaliação de seus próprios esforços de pesquisa, comparando-os com os relacionados esforços feitos por outros. 2.1 EVOLUÇÕES DAS TEORIAS DE LIDERANÇA De acordo com Bryman (2004), as quatro principais abordagens de liderança, estudadas ao longo do tempo foram: os estudos de liderança baseados no traço pessoal que permaneceu até a década de 1940; a abordagem comportamental que se manteve até os anos de 1960; e a abordagem contingencial que permaneceu entre os anos de 1960 e o início de 1980. Entre 1940 e 1950, os teóricos procuraram desenvolver uma relação entre os líderes e seus traços característicos de personalidade como carisma, entusiasmo, coragem, entre outros. Conforme descreve Robbins (2004), mais de 80 traços característicos de um líder foram identificados nesse período, porém quase nenhum coincidia com os de outro líder. Posteriormente, foram criadas outras teorias além da teoria dos traços, no sentido de buscar o entendimento do fenômeno da liderança, entre elas a comportamental, os estilos de liderança, a liderança situacional, a da meta e do caminho, dentre outras que ainda virão. Segundo Kotler (1997), o trabalho mais importante que o líder deve se dedicar é o de produzir a mudança. A sua ação deve estar baseada sobre três dimensões fundamentais que são: estabelecer a direção estratégica da empresa; comunicar metas às pessoas; e motivá-las para que os objetivos sejam alcançados. Ele considera que “as capacidades de liderança são inatas, embora todas as pessoas devam ser encorajadas a serem líderes” (KOTLER, 1997, p.147). De acordo com Bennis (1996), o ambiente atual exige uma liderança capaz de se moldar rapidamente, exigindo seguidores mais ativos e responsáveis perante as atividades diárias. Ele defende três principais características dos líderes: a visão sistêmica, que significa saber aonde se quer chegar e o que se quer, em nível 21 profissional e pessoal; paixão pelo que se faz, sendo fonte de inspiração para seus colaboradores; e integridade, que é um aspecto importante para o engajamento e o comprometimento dos colaboradores. Bennis (1996, p.147) destaca que “o processo de tornar-se um líder é muito parecido como de tornar-se um ser humano integrado”. Dessa forma, é importante ter ousadia no intuito de enfrentar a gestão das organizações, em meio às adversidades do ambiente. O líder que vê seus colaboradores como pessoas, e não apenas como instrumento de produção educa e permite o desenvolvimento dos seus seguidores. Para os autores Kouzes e Posner (1997), a liderança pode ser definida como “a arte de mobilizar os outros para que estes queiram lutar por aspirações compartilhadas”. Um líder exemplar deve estimular a formação de novos líderes, para juntos articularem a mudança, à semelhança do que Drucker (1996) ressaltava: o segredo da liderança é saber em que momento deve-se agir como chefe ou como parceiro. O trabalho de um líder deve ser o de desenvolver outros líderes, pois toda empresa necessita desse pressuposto, ainda que muitos deixem essa tarefa à deriva. Na atualidade, as empresas precisam de líderes que desafiem a situação original, criem visões de futuro e tragam a capacidade de motivar a equipe de trabalho a almejar a realização dessa visão. Para isso é necessário ter pessoas preparadas a fim de elaborar planos detalhados, criar e gerenciar estruturas organizacionais eficientes e operações diárias. A liderança, segundo Amorim e Amorim (2008), pode ser compreendida como um processo que se instala a partir do relacionamento entre as pessoas, seu conhecimento, interesses e motivações. Liderar é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que o líder entende que precisa ser feito, e com sucesso. Mas para liderar é preciso empenho e dedicação, em relação às pessoas e à organização. Nos dias atuais entende-se que os líderes não nascem prontos, e que traços de personalidade influenciam nesse processo, contudo o comportamento pode ser aprendido, a partir das experiências de vida pessoal e profissional. 2.1.1 Abordagem da Teoria dos Traços de liderança As teorias, que se propôs a estudar as características individuais, que transformavam certas pessoas em grandes líderes, diferenciando-as de seus seguidores, ficaram conhecidas como a teoria dos traços (STOGDILL, 1974). A 22 abordagem dos traços foi uma das primeiras teorias de liderança, compreendendo o período entre 1904 e 1948. Segundo Gonçalves (2008), baseia-se no pressuposto de que o indivíduo já nasce líder. O enfoque dos traços predominou até a década de quarenta, tendo como suporte para o seu sucesso as pesquisas desenvolvidas pelos testes psicológicos muito usados entre 1920 e 1950 (BERGAMINI, 1994). Embora não seja uma teoria bem articulada com hipóteses bem desenvolvida, essa abordagem introduziu as primeiras pesquisas sobre o tema. A teoria dos traços, às vezes conhecida como a teoria clássica da liderança, formou a base para os estudos de campo de liderança no cenário institucional. Embora muito criticada na atualidade, essa teoria vê a liderança como resultado de uma combinação de traços de personalidade. Seu foco principal esta na descoberta das qualidades inatas ou características que distinguiam os líderes de seus seguidores. Isso levou à crença de que os líderes tinham certas qualidades que foram codificadas em seus genes, antes do nascimento, de modo que somente aqueles, que nasceram com essas características, poderiam assumir posições de liderança dentro de suas comunidades. (BEAM, 1975; BRYMAN, 2004; LIMONGIFRANÇA, ARELLANO, 2002; TOLFO, 2004). Os primeiros pesquisadores da teoria do traço estudaram os atributos de personalidade que eles acreditavam estarem relacionados à liderança eficaz, além disso, viam-na como um traço de personalidade unidimensional que podia ser, confiavelmente, medido. A maior parte das pesquisas dessa abordagem estava centrada na investigação sistemática das diferenças entre líderes e seguidores. Bennis e Nanus (1988) identificam essa abordagem como a “teoria do grande homem”, pelo fato de estarem focada na figura do líder nato e não, formado. Os pesquisadores da época procuraram investigar a física e atributos psicológicos, tais como alto nível de energia, a aparência, agressividade, autoconfiança, capacidade de persuasão e domínio como medida para os conjuntos de traços que todos os líderes de sucesso deveriam possuir. Segundo Vergara (2006), a literatura cita quatro tipos de traços que fora estudado: 1) físicos – que compreendem os aspectos da aparência, estatura, energia e força física; 2) intelectuais – que compreendem os aspectos da inteligência, entusiasmo, adaptabilidade e autoconfiança; 3) sociais – que compreendem os aspectos relacionados a cooperação, habilidades interpessoais e administrativas; 4) relacionados com a tarefa – que compreendem os aspectos 23 relacionados ao impulso da realização, persistência e iniciativa. Já Bryman (2004) relata três grandes tipos de traços, que contemplam os citados anteriormente: fatores físicos, habilidades e aspectos da personalidade. Muitos estudos foram realizados numa tentativa de desenvolver medidas válidas e confiáveis das características de liderança. Os investigadores descobriram, no entanto, que apenas alguns traços pareciam distinguir entre líderes e seguidores. Líderes tendiam a ser ligeiramente maiores, em traços, como altura, inteligência, extroversão, domínio, e autoconfiança, em comparação com os não líderes. Ao criarem listas com os atributos, que os pesquisadores acreditavam estarem relacionados com as características dos líderes de sucesso, alguns investigadores misturaram diferentes atributos, entre eles: aspectos de comportamentos e habilidades, temperamento e capacidade intelectual. Com o passar do tempo os pesquisadores da teoria do traço, que procuravam uma correlação entre os atributos individuais dos líderes e seu êxito, não foram consistentes ao revelar os traços que garantiriam tal sucesso. Alguns ainda descobriram que os indivíduos possuidores dessas características eram menos propensos a se tornarem líderes. Além do mais, os pesquisadores encontraram poucas relações entre esses traços e a liderança eficaz, pois havia muitas variáveis de liderança com baixa confiabilidade e nenhuma justificativa para a seleção específica dessas variáveis serem incluídas no estudo. Por esse motivo algumas criticas a essa abordagem, apontam para o fato desse julgamento ser subjetivo, assim como de levantar características como traços, que poderiam ser descritas como comportamento (FREITAS, 2006). Outra crítica foi que os atributos tipicamente associados, com os líderes de sucesso, são, muitas vezes, vistos como traços “masculinos”. A desilusão com os resultados da teoria dos traços conduziu os estudos sobre liderança a investigar os “estilos de liderança”. A teoria dos traços, que predominou até a década de quarenta, perdeu a relevância pelo fato das características de personalidade serem estudadas dentro de uma perspectiva universalista (BILHIM, 2004). Na medida em que se evidenciava a dificuldade em isolar traços ou características de liderança, os pesquisadores passaram à tentativa de identificar os comportamentos que pudessem determinar o seu sucesso. Com o surgimento da escola das relações humanas entre 1920 e 1930, as pesquisas começaram a se deslocar para as relações interpessoais, que se 24 processavam no trabalho. As necessidades dos indivíduos passaram a ser consideradas bem como as possibilidades de autodesenvolvimento e crescimento (ROBBINS, 2002). O líder, nesse momento, passa a exercer o papel de guia no sentido de buscar a cooperação dos seus liderados com o fim de alcançar objetivos estabelecidos. 2.1.2 Teorias Comportamentais As teorias comportamentais foram desenvolvidas entre 1940 e início de 1960 como uma resposta às falhas da teoria dos traços em conseguir determinar a base para a liderança (SCHERMERHORN; HUNT; OSBORN, 1999). Os pesquisadores comportamentais tinham a premissa de que os líderes são feitos, e não nascidos. Essas teorias apresentaram a ideia de que a liderança pode ser definida em certos comportamentos que podem ser aprendidos e desenvolvidos (BANDURA, 1982; SKINNER, 1967). A Escola de Relações Humanas surgiu como um grande impulso para essa nova abordagem, que deixou as características inatas de personalidade de lado, com o fim de centrar nos comportamentos necessários ao exercício da liderança, passando a estudar a influência de líderes autocráticos, democráticos ou do tipo laissez-faire sobre os participantes dos grupos e o resultado do trabalho (HERSEY, BLANCHARD; 1986; TOLFO, 2004). A proposta, em pauta, seria identificar quais fatores poderiam produzir um líder eficaz e como treinar indivíduos. Na década de 60, duas correntes principais desenvolvidas nas universidades de Ohio e de Michigan estudaram e tentaram estruturar essa teoria. Em Ohio os pesquisadores Tannenbaum e Schmidt (1973), desenvolveram uma abordagem que enfatizou a liderança centrada na tarefa (autocrática) e centrada nas pessoas (democrática). De acordo com os estudos de McGregor, é possível relacionar a liderança centrada nas tarefas com a Teoria X, e a centrada nas pessoas como a Teoria Y. Da Universidade de Michigan, Likert desenvolve um trabalho parecido com o de Ohio, identificando dois direcionamentos do líder: orientado para as pessoas e o outro orientado para a produção (BERGAMINI,1994). O primeiro, voltado às pessoas, valoriza as relações interpessoais, e o segundo, direcionado ao trabalho, trata os empregados como engrenagens, que permitem o incremento da produção. 25 Ambas as universidades tinham propostas muito parecidas e, apesar delas terem chegado a conclusões semelhantes, acabaram por não obter aplicabilidade prática que as embasassem, pois a análise ficou praticamente baseada na figura do indivíduo, dando pouca importância à situação em que ele estava inserido em seu ambiente. 2.1.3 Teorias Contingenciais (Situacionais) As teorias contingenciais, também conhecidas como situacionais surgiram na década de 1960 para estudar as variáveis que envolviam o processo de liderança, sem desprezar os diferentes tipos de comportamento dos líderes (BERGAMINI, 1994). Os principais autores que contribuíram para essas teorias foram os trabalhos de Fred Fiedler, Robert House, Paul Hersey e Kenneth Blanchard, Steven Kerr e Jhon Jermier (SCHERMERHORN; HUNT; OSBORN, 1999). A principal contribuição das teorias contingenciais para os estudos sobre a liderança está no reconhecimento que esta é contingencial e que cabe ao líder adaptar suas características as demandas grupais ou situacionais. O objetivo dos pesquisadores dessas teorias era determinar qual maneira o comportamento do líder poderia influenciar no seu relacionamento com os liderados. (BERGAMINI, 1994). Essa abordagem procurou incluir a liderança no contexto ambiental e situacional em que ela ocorre, levando em conta os objetivos, a situação, a tarefa, os líderes e liderados. Tentou prever como os fatores situacionais influenciam no estilo de liderança ao determinar aquele que seria mais eficaz. Dessa forma, os teóricos definiram o estilo de liderança como contingência da situação. As quatro teorias contingenciais de liderança em destaque foram: o modelo de contingência de Fiedler, modelo de decisão de Vroom-Yetton, a teoria caminho-meta de House e a teoria situacional de liderança de Hersey-Blanchard. O modelo de contingência desenvolvido por Fiedler (1967) se fundamentou naquilo que ele nomeou de contingência situacional, que resulta da interação das características específicas da situação com o estilo de liderança. Essa teoria destaca dois tipos de líder, aquele o qual tem como preocupação principal a execução da tarefa e aquele o qual tem a tendência de completar as tarefas, desenvolvendo boas relações interpessoais com o grupo, pois segundo o autor não existe um líder ideal e ambos podem ser eficazes se sua liderança for adequada à situação. 26 O modelo de decisão desenvolvido por Vroom e Yetton (1973) apoiou-se na ideia de que o mesmo líder pode contar com diferentes abordagens à tomada de decisão em grupo, dependendo da situação. Para isso os autores desenvolveram um modelo normativo de decisão com variáveis situacionais onde os líderes decidiam qual a abordagem mais adequada a cada situação (VROOM, STERNBERG, 2002). Fornecendo uma estrutura útil para a tomada de decisão do melhor estilo de liderança. A teoria do caminho-meta foi desenvolvida por House (1971) baseada na teoria das expectativas de Victor Vroom. Ela defende a ideia de que as metas devem ser compatíveis com os objetivos organizacionais e que o líder deve ser flexível para orientar e ajudar os liderados a alcançarem as metas. O modelo afirma ainda que existem quatro comportamentos de liderança que são contínuos e que dependendo da situação os líderes podem adotar qualquer um deles: o diretivo, apoiador, participativo e o orientado para conquista. Esses comportamentos são contingentes aos fatores do ambiente e as características dos seguidores. Os autores Hersey e Blanchard (1969) desenvolveram a teoria situacional de liderança. Segundo esse modelo teórico, baseado nos liderados, o comportamento torna-se uma função não só das características dos líderes, mas também dos seguidores. Dessa forma o comportamento do líder é determinado pelo grau de maturidade dos subordinados. Quanto maior a maturidade destes, menos controle o líder exerce sobre eles, ajustando o seu comportamento de acordo com a capacidade e motivação dos liderados. De acordo com Bryman (2004), as teorias contingenciais caíram no desengano, no início da década de 80, devido aos seus resultados inconsistentes, dando espaço para novos estudos sobre a liderança. Até aqui foram discutidas as abordagens clássicas mais importantes dos estudos da liderança. Agora serão apresentadas as teorias de liderança contemporâneas, que estão revolucionando o entendimento geral desse importante aspecto da administração. 2.2 TEORIAS DE LIDERANÇA CONTEMPORÂNEAS As quatro abordagens mais recentes sobre liderança são: a teoria da atribuição de liderança, a teoria da liderança carismática, a liderança transacional versus transformacional e a liderança visionária, que serão descritas a seguir. 27 2.2.1 Teoria da atribuição de liderança Segundo Robbins (1999, p.321), “A Teoria de Atribuição foi proposta para formular explicações para os modos diferentes pelos quais julgamos as pessoas, dependendo do significado que atribuímos a um determinado comportamento”. Ela foi a fase posterior às da identificação das características do líder e seus efeitos. É utilizada como ajuda para explicar a percepção de liderança e parte do pressuposto que quando acontece algo, deve ser atribuído a algum fator, tentando fazer uma ligação entre causa e feito. Ela defende que a liderança é meramente uma questão de atribuição do papel do líder. O modelo de atribuição da liderança afirma que as pessoas percebem os líderes eficazes como coerentes e firmes em suas decisões e atribuem a eles características como inteligência, personalidade afável, grande habilidade verbal, agressividade, compreensão e perseverança. Essa teoria mostrou o quanto a percepção ou imagem mental que se faz de um bom líder, influencia no seu julgamento, podendo ser diferente do que o líder seria. 2.2.2 Teoria da liderança carismática A teoria da liderança carismática está focada nas habilidades pessoais do líder, que pode ter um efeito profundo sobre os seus seguidores e está relacionada ao “carisma”, uma palavra grega que significa inspiração divina (ROBBINS, 2002; SCHERMERHORN, HUNT, OSBORN, 1999). Os líderes carismáticos têm como características comuns, entre outras, a confiança nos seguidores e similaridade de crenças. (LIMONGI-FRANÇA, ARELLANO, 2002). Segundo Stefano (2008) pelo fato dos seus liderados gostarem e admirarem seus líderes, esse tipo de liderança desperta neles uma maior motivação e satisfação para o desempenho das tarefas, e seus seguidores geralmente, lhes atribuem feitos e capacidades heroicas. Os estudos a respeito da liderança carismática tentam diferenciar as características desse líder através da comparação com os demais. Os líderes carismáticos apresentam comportamentos não comuns: são agentes de mudança; fortes em suas convicções; modelam comportamentos e desenvolvem uma visão na qual estão dispostos a correr riscos por ela; possuem forte necessidade de poder; 28 são sensíveis às limitações ambientais e necessidades dos seus liderados, inclusive o de apresentar uma forte habilidade de articulação. Além desses componentes, Cavalcanti (2005) ressalta os três passos que representam o caminho o qual o líder carismático precisa percorrer para a criação do seu carisma. O primeiro deles é se envolver em uma aura de carisma, comunicando-se através das palavras e o corpo, tornando-se otimista e entusiasmado; o segundo passo é fixar metas atrativas aos liderados; e o terceiro, é mostrar confiança no desempenho da equipe e extrair deles todo o seu potencial. Acerca do desenvolvimento da liderança carismática Robbins (2006, p.282) complementa: Ela começa com o líder articulando uma visão atraente. Essa visão oferece um sentido de continuidade para os liderados ao vincular o presente a um futuro melhor para a organização. O líder, então, comunica suas expectativas de alto desempenho e expressa a confiança de que seus liderados vão conseguir alcançá-las. Isso desperta a autoestima e a autoconfiança dos liderados. Em seguida, o líder comunica, através de palavras e ações, um novo sistema de valores, oferecendo um exemplo de comportamento a ser seguido pelos liderados. Finalmente, o líder carismático se submete ao auto sacrifício e se engaja em comportamentos não convencionais para demonstrar coragem e convicção em relação a sua visão. Os líderes carismáticos são normalmente bons comunicadores e apresentam grande capacidade de persuadir o grupo. Por outro lado, a dificuldade de desenvolverem sucessores e o risco de serem endeusados fazendo com que os seus erros não sejam percebidos pelos outros, são seus principais pontos fracos. O carisma pode ser usado tanto para propósitos positivos, que beneficiam o grupo, quanto para propósitos negativos, que levam a manipulação. Os líderes carismáticos incluem Madre Thereza, Adolf Hitler, Osama Bin Laden, Martin Luther King Jr, o expresidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. 2.2.3 Liderança Transacional Versus Transformacional No final dos anos 70, os termos lideranças transacional e transformacional surgiram dos trabalhos de Burns (1978), na tentativa de diferenciar o comportamento dos líderes políticos. A diferença entre os dois conceitos seria que, na liderança transacional, os líderes enfatizavam o trabalho padronizado e as tarefas orientadas, com recompensas ou punições a fim de influenciar no desempenho dos 29 subordinados. Esse tipo de liderança depende muito do poder do líder, já em contraste, os líderes transformacionais seriam aqueles que identificam as potencialidades dos seus seguidores. (JOGULU; WOOD, 2006). A liderança transacional compreende a mesma numa perspectiva de troca entre o líder e o liderado (seja política, econômica, psicológica). Nesse processo, tanto o líder quanto os liderados permanecem inalterados. Já na liderança transformacional, os dois lados são alterados. Os principais tipos de liderança transacional, identificados pelo seu criador, são os estilos laissez-faire, gestão por exceção e recompensa contingente. Alguns estudos recentes excluem o estilo laissez-faire por achar que nesse modelo não existe a liderança (BARBUTO, 2005). Os autores Schermerhorn, Hunt e Osborn, (1999) citam em, sua obra, que a liderança transformacional está fundamentada em quatro dimensões: carisma, inspiração, estímulo intelectual e consideração individualizada. De acordo com Robbins (2006), os líderes transformacionais inspiram seus liderados a transcenderem seus próprios interesses, em prol do bem da organização. Além do mais têm a capacidade de impactar e mudar a forma extraordinária dos seus comandados. Esse poder se justifica pelo fato dos líderes se preocuparem e prestarem atenção às necessidades de desenvolvimento individual de cada um deles, mudando assim a sua forma de perceber o ambiente. Os seus seguidores são estimulados constantemente a inovar a forma de solucionar os problemas. Na visão de Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 524): Os elementos-chave da liderança transformacional parecem estar desenvolvendo uma ampla compreensão do ambiente da organização, entendendo o lugar da organização nesse ambiente, dando a necessária importância à apropriada gestão estratégica, desenvolvendo os recursos humanos e antecipando em vez de reagir à necessidade de mudança e desenvolvimento. Segundo Avolio e Bass (1995), as evidências, de maneira geral, indicam que a liderança transformacional está mais fortemente correlacionada com índices mais baixos de rotatividade, maior produtividade e maior satisfação dos funcionários. Do ponto de vista de Druker (1996), a liderança transformacional está entre as propostas recentes mais sintonizadas com o novo contexto de descontinuidade e mudança no qual as organizações contemporâneas estão passando. 30 2.2.4 Liderança Visionária A liderança visionária foi estudada, pela primeira vez em 1990, através das publicações de Nanus (1992), posteriormente outros autores vieram a estuda-la. Todos eles foram unânimes em afirmar que o líder visionário contribui para o sucesso da organização, indo além da liderança carismática. Segundo Fritz (1996), os líderes visionários se envolvem com as pessoas de forma motivada com o fim de conquistar os objetivos, trabalhando com ousadia, intuição e imaginação. Fala da sua visão e destaca que, só quando a visão é compartilhada por todos, a organização evolui, mostrando a situação real e a ideal, colaborando para o trabalho, em equipe, no sentido de diminuir a distância entre elas. Na perspectiva de Albrecht (1998), visão é uma imagem compartilhada do que queremos que a empresa seja ou se torne. Robbins (2000, p. 400) conceitua a liderança visionária como “a habilidade para criar e articular uma visão do futuro, realista, digna de crédito e atraente, que cresce a partir do presente e o aperfeiçoa”. Dessa forma a liderança visionária pode ser entendida como a capacidade de criar e articular uma visão de futuro que tenha como ponto de partida a situação presente e a busca de sua melhoria, sendo atrativa, realista e acreditável para a organização. De acordo com o mesmo autor, a liderança visionária necessita ser apoiada por planos detalhados, onde a visão e a boa administração devem andar lado a lado. Contribuindo com o tema, Bass (1985) contextualiza que, sob a liderança dos visionários o controle organizacional será efetivado através da socialização, compartilhamento de visões, conformidade das normas, valores e opiniões em comum, pois de certa forma se assemelha ao componente inspirador da liderança transformacional. A fim de garantir a sua sobrevivência em longo prazo as organizações precisam da liderança visionária, com líderes dispostos a arriscar e criar valor, uma vez que sem eles, elas correm o risco de fracassar em curto prazo. Segundo Nanus (1992) o trabalho do líder visionário é composto de quatro tarefas: estabelecer uma visão; ser agente de mudanças; negociar e defender essa visão; treinar e inspirar a equipe e seguir a visão. O autor organizou as seguintes sugestões com a finalidade de as empresas estimularem o desenvolvimento dos líderes visionários que são: descentralizar a organização; estimular, nos funcionários, a criação de visões e estratégias, e depois compensá-los por isso; reconhecer todas as conquistas por menor que seja; contratar líderes, em potencial; 31 proporcionar oportunidades de desenvolvimento; estimular o aprendizado; acompanhar e reconhecer o desenvolvimento dos futuros líderes, designando um mentor para cada um deles. 2.2.5 Modelo de gestão voltado para aprendizagem A aprendizagem tem sido considerada como estratégia de competitividade ou como um meio para que as organizações desenvolvam competências e alcancem melhores resultados. O processo de aprendizagem nas organizações deve estar relacionado a qualquer oportunidade de criação, aplicação ou disseminação de conhecimentos, cujo foco deve ser o aprendiz, da forma mais personalizada possível. A aprendizagem organizacional é elo construtivo entre organizações e pessoas, contribui para a melhoria do desempenho e da produtividade, bem como para as melhores condições de trabalho. Esse mecanismo econômico-social possibilita a transformação da matéria-prima capital humano em capital intelectual da organização. Segundo Stewart (1998, p. 78), “o capital humano cresce de duas formas: quando a organização utiliza mais o que as pessoas sabem e quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização”. Segundo Argyris e Schön (1978), a aprendizagem organizacional é o processo pelo qual uma organização exercita a sua competência e inteligência coletiva para responder ao seu ambiente interno e externo. Uma questão importante relativa à aprendizagem nas organizações é como se dá a passagem do aprendizado individual para o organizacional. Na visão de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80), o processo acontece através da “espiral do conhecimento onde o conhecimento tácito é mobilizado e ampliado na organização através de quatro formas de conversão: socialização, externalização, combinação, internalização”. Considera-se que o principal desafio das organizações, no que se refere à aprendizagem, é o de criar condições no auxílio à transferência do conhecimento individual para o organizacional. Daí a importância da existência de um modelo de gestão de pessoas que considere o aprendizado (captura e desenvolvimento de competências), em todos os seus mecanismos institucionais, tais como: seleção e recrutamento, avaliação de desempenho, sistema de sucessão gerencial, alocação de pessoas e remuneração. 32 Para Pedler at al. (1991) a organização que aprende é aquela que facilita o aprendizado de todos os seus membros, transformando-se continuamente. Para Senge (1999) nas organizações que aprendem, as pessoas expandem continuamente o seu potencial de criar resultados os quais elas realmente desejam, em que maneiras novas e expansivas de pensar são encorajadas, a aspiração coletiva é livre, e as pessoas estão constantemente aprendendo a aprender coletivamente. Para Senge (1999), a essência da organização que aprende está num ciclo intenso de aprendizado no qual consiste num processo contínuo de desenvolvimento de capacidades e habilidades individuais, permitindo aos membros da organização criarem novas percepções e sensibilidades a respeito da realidade que vivem, possibilitando, assim, o desenvolvimento de novas crenças e competências. E ele sugere a prática das “cinco disciplinas” básicas do aprendizado como forma de ativar esse processo: domínio pessoal, visão compartilhada, modelos mentais, aprendizado em equipe e pensamento sistêmico. 2.3 MODELO DE LIDERANÇA ADOTADO NO ESTUDO O Modelo das 05 práticas de liderança exemplar foi desenvolvido pelos autores Kouzes e Posner (2013), como resultado de pesquisas intensivas que fizeram sobre o tema desde 1982. Os autores descobriram que quando os líderes estão no seu pico profissional, eles seguem as cinco práticas de liderança exemplar, que são: modele o estilo, inspire uma visão comum, questione o processo, capacite os outros para ação e anime os corações. As práticas e seus compromissos serão descritos a seguir. 2.3.1 Modele o Estilo A primeira prática da liderança exemplar é modele o estilo. Os compromissos dessa prática são “[...] Esclareça os valores, encontrando a própria voz e expressando os valores comuns. [...] Dê o exemplo, alinhando as ações com os valores comuns” (KOUZES, POSNER, 2013, p.23). O líder deve ser o modelo de comportamento que espera dos outros. Ele deve descobrir os seus valores e crenças pessoais, encontrando na sua própria voz, e não na dos outros, as palavras 33 para expressar a sua filosofia de liderança, pois se o que disser não for seu, corre o risco de perder, no futuro, a sua integridade ao não conseguir compatibilizar as suas palavras com as ações. Ao iniciar a jornada da liderança é necessário que, primeiramente, o líder conheça os seus valores e princípios norteadores, identifique suas crenças e ideais que o impulsionam a agir, para depois comunicá-los a sua equipe. Os líderes exemplares alinham suas ações com os valores comuns, embora seja importante esclarecer os próprios valores, compreender os valores dos seus liderados e promover o alinhamento de valores comuns conduz a relacionamentos de trabalho mais produtivos. No entendimento de Kouzes e Posner (2013, p. 49) “os liderados se engajarão muito mais em um lugar onde acredita que podem ser fiéis às suas crenças”. Os líderes devem estar habilitados a promover o consenso sobre uma causa comum, sincronizando os valores dos indivíduos, dos grupos e da organização. Para que isso aconteça, eles devem saber ouvir, apreciar e construir o consenso, criando uma linguagem comum, em que todos compreendam e concordem com os mesmos valores que devem ser interpretados da mesma forma por todos. Por isso é importante que os liderados sejam engajados nesse processo, participando das discussões sobre como os valores de uma organização podem influenciar nas suas crenças e comportamentos individuais. Os líderes devem tornar os seus valores tangíveis através do exemplo, sendo pessoalmente comprometido com os valores da organização e suas aspirações, colocando em prática o que defende. Provavelmente ninguém acreditará em um líder até vê-lo fazendo aquilo que está pedindo aos outros, de maneira que as pessoas só o seguirão, de fato, se puderem acreditar em sua autenticidade. Dessa forma, os líderes devem “praticar o que pregam, agir conforme o discurso, confirmar as palavras com atos, apostar no que afirmam, cumprir promessas e fazer o que diz” (KOUZES, POSNER, 2013, p. 63). Ressalta-se que parte importante do trabalho de um líder é observar se as ações dos seus liderados refletem o que a empresa defende e se empenhar, ao máximo, no intuito de representar os valores da organização. Os valores de um líder devem ser pautados nas agendas de reuniões a fim de que possam transparecer a sua importância. Sobre isso, Kouzes e Posner (2013, p.65) afirmam que, “a maneira como se usa o tempo é o indicador isolado mais nítido do que se considera 34 importante. Os liderados usam esse critério de avaliação para julgar se os líderes estão à altura dos padrões que exaltam”. Para mostrar aos outros o que se esperam deles, os líderes devem encarar os incidentes críticos como desafios que, inevitavelmente, irão passar. Esses momentos trazem, em si, oportunidades únicas para se transmitirem lições importantes que podem ser aprendidas pelo grupo, mostrando a conexão entre valores e ações. “Há momentos críticos em que os líderes devem lançar os valores sobre a mesa, deixando-os totalmente expostos, a fim de garantir que todos compreendam os princípios que orientam a maneira como trabalham juntos”. (KOUZES, POSNER, 2013, p.76). Às vezes, determinadas decisões se justificam por estar, em jogo, valores importantes para a organização. As histórias são outras ferramentas importantes para transmitir lições de valores comuns que influenciam o trabalho em equipe, reforçando o que é importante e o que funciona. 2.3.2 Inspire uma visão comum A segunda prática da liderança exemplar é inspire uma visão comum. Os compromissos dessa prática são “[...] veja o futuro, imaginando possibilidades vibrantes e dignificantes. [...] arregimente outros para uma visão comum, evocando as aspirações compartilhadas” (KOUZES, POSNER, p.23). Sobre essa prática os autores apontam que primeiramente os líderes devem olhar o futuro imaginando possibilidades empolgantes e honestas. Em seguida, devem arregimentar outras pessoas para uma visão comum, evocando as aspirações compartilhadas. (KOUZES, POSNER, 2013). As visões “são imagens mentais – impressões e representações. Elas se tornam reais à medida que os líderes as expressam em termos concretos para seus liderados” (KOUZES, POSNER, 2013, p.124). Os líderes devem prospectar o futuro de forma a estarem sempre atentos aos novos acontecimentos e se anteciparem a eles. Não existe uma regra rígida que delimite até que ponto os líderes devem prospectar o futuro, mas, no geral, varia conforme o nível hierárquico. Kouzes e Posner (2013, p. 96) afirmam que “à medida que avançam na hierarquia organizacional, assumindo responsabilidades por projetos e resultados de prazos mais longos, os indivíduos tendem a atribuir maior valor à prospecção do futuro remoto”. Desenvolver a visão prospectiva revela-se assim um importante 35 atributo de liderança. Os líderes que se concentram no futuro conseguem mobilizar e motivar seguidores com mais rapidez do que outros, alcançando melhores resultados individuais e organizacionais. Além disso, “os líderes exemplares têm paixão por algo além da fama e da fortuna” (KOUZES, POSNER, p.99). Para ver o futuro, eles precisam manter contato com os seus sentimentos mais profundos, desenvolvendo um senso de significado e propósito que precisa vir de dentro. Descobrir no que realmente acredita desperta a força interior, facilitando e transpondo barreiras, além de enxergar as possibilidades futuras. Todas as empresas que surgiram no mundo foram criadas através da crença na possibilidade: o que podemos imaginar, hoje, pode se realizar amanhã. Os líderes são sonhadores, idealistas e pensam constantemente em possibilidades. Kouzes e Posner (2013, p.93) destacam que para se imaginar possibilidades empolgantes “é necessário refletir sobre o passado, atentar para o presente, explorar o futuro e sentir paixão”. A compreensão do passado permite que se veja mais longe no futuro. Ao se identificar padrões e crenças formadas ao longo do tempo, pode-se entender a importância dada a certas questões hoje, e porque melhorá-las é tão prioritário para o alcance do futuro almejado. “Viajar ao passado antes de explorar o futuro torna a expedição muito mais significativa” (KOUZES, POSNER, 2013, p.95). Contudo, para ver o futuro é preciso também enxergar o presente, ver o que já está acontecendo, prestar atenção aos pequenos detalhes e reconhecer padrões que apontem para o futuro. Para arregimentar as pessoas para uma visão comum os líderes devem se comprometer em enxergar o futuro positivo tanto para si quanto para os outros, pois esse comportamento inspira as pessoas a quererem tornar suas visões realidade. “As visões comuns atraem mais pessoas, sustentam níveis de motivação mais altos e resistem melhor aos desafios e dificuldades, em comparação com as visões individuais” (KOUZES, POSNER, p.91). Por outro lado, eles não devem impor aos outros sua própria visão de futuro. Para tanto, é importante descobrir denominadores comuns entre os responsáveis pela implantação da visão na empresa e os liderados, fazendo-os se sentirem parte do processo. Os autores ainda destacam que é de responsabilidade do líder imaginar possibilidades e encontrar um propósito comum. Falando ainda sobre a visão Kouzes e Posner (2013, p. 131) são enfáticos “Para serem sustentáveis ao longo do tempo, as visões devem ser arrebatadoras e memoráveis. Os líderes devem insuflar vida nas visões [...] para que outros tenham 36 a sensação de como seria viver naquele futuro ideal”. Os ideais são valores de ordem mais elevados, representam prioridades econômicas, políticas, sociais, tecnológicas. Ao se orientarem por ideais as pessoas constroem senso de significado e propósito. A felicidade, justiça, paz mundial, liberdade e respeito são exemplos de propósitos derradeiros da vida humana. Ao compartilhar a visão de futuro com os liderados, os líderes precisam enfatizar o seu efeito nas pessoas, e na comunidade em geral. 2.3.3 Questione o processo A terceira prática da liderança exemplar é questione o processo. Os compromissos dessa prática são “[...] Busque oportunidades, tomando a iniciativa e olhando para fora à procura de soluções e de melhorias inovadoras. [...] experimente e arrisque engendrando constantemente pequenas vitórias e aprendendo com a experiência” (KOUZES, POSNER, 2013, p.23). Na busca de oportunidades o líder deve olhar para fora, e investigar o ambiente procurando ideias inovadoras. Portanto, é necessário tomar a iniciativa e se preparar rumo ao enfrentamento de novos desafios, que impõem mudanças. Independente do seu lugar na hierarquia, o líder deve trabalhar a inovação e a melhoria dos processos em grupo. Kouzes e Posner (2013, p.138) enfatizam que “a mudança exige que líderes procurem ativamente novas maneiras de fazer melhor as coisas - crescer, inovar e se aprimorar”. Os líderes exemplares vivem a vida com determinação e propósitos; encontram dentro de si a motivação para enfrentar as incertezas e inspirar os demais. São fortes e cultivam a resistência psicológica, aprendendo com seus erros e acertos, falando abertamente sobre eles com a finalidade de valorizar a importância do aprendizado e da resiliência. Além disto, celebram as pequenas vitórias, reforçando a confiança de seus subordinados e promovendo o engajamento pessoal e grupal. 37 2.3.4 Capacite outros para ação A quarta prática da liderança exemplar é capacite os outros para a ação. Os compromissos dessa prática são “[...] Estimule a colaboração, promovendo a confiança e facilitando os relacionamentos. [...] Fortaleça os outros, aumentando a autodeterminação e desenvolvendo competências” (KOUZES, POSNER, 2013, p.23). Para a colaboração existir é necessário criar um clima de confiança entre líderes e liderados, pois só aquele que confia consegue exercer a liderança. Quanto mais as pessoas confiarem no líder e na organização, e vice-versa, melhores serão os resultados para ambos. A confiança influencia positivamente vários aspectos, entre eles a lucratividade, a inovação, a comunicação e a satisfação dos empregados, nos quais se inspiram a dar o melhor de si. Os líderes devem ter autoconfiança, além de serem os primeiros a se arriscarem, mostrando sua vulnerabilidade ao eliminar o controle, se quiserem alcançar altos níveis de desempenho. Os liderados só confiarão no líder se ele for capaz de demonstrar primeiro que também acredita neles. Os líderes exemplares sabem que para criar um “clima de colaboração, terão de [...] desenvolver o espírito de equipe em torno de um propósito comum e de respeito mútuo” (KOUZES; POSNER, 2013, p.191). Para promoverem relacionamentos confiáveis, os líderes devem se preocupar, verdadeiramente, com os outros, mostrando respeito aos diferentes pontos de vista, sendo solidário às suas dificuldades, sonhos e frustações. Outro componente vital da liderança é a competência, pois as pessoas só acreditarão no líder se puderem acreditar que ele sabe aquilo o qual está fazendo. Uma das formas de demostrar a competência é compartilhar com os outros seus conhecimentos e ideias, que servem de estímulo para que outros ajam da mesma maneira, facilitando a colaboração e os relacionamentos. É fundamental que os líderes estimulem as pessoas a acreditarem em si mesmas, pois só assim poderão fortalecer os outros. “Os líderes exemplares constroem um ambiente que desenvolve a capacidade de execução e a autoconfiança dos liderados [...] em última análise os líderes convertem seguidores em líderes” (KOUZES; POSNER, 2013, p.215). As pessoas precisam ter confiança e se sentirem capazes de poder mobilizar os apoios e recursos necessários ao 38 alcance dos objetivos organizacionais, caso contrário, pouco se empenharão nessa tarefa. Essa capacidade está relacionada ao sentimento de autoconfiança que pode ser reforçado pela responsabilidade pessoal e pela possibilidade de escolha e liberdade de ação, quando são capazes de agir de maneira não rotineira. Os líderes desenvolvem competências, pois sem o conhecimento, informações e qualificações necessárias, as pessoas, podem sentir-se incapazes e oprimidas. Por isso, investem no aprendizado contínuo e orientam as pessoas a aplicarem seus conhecimentos. 2.3.5 Anime os corações A quinta e última prática da liderança exemplar é anime os corações. Os compromissos dessa prática são “[...] Reconheça as contribuições, demostrando apreço pela excelência individual. [...] Comemore os valores e as vitórias, criando o espírito de comunidade” (KOUZES, POSNER, 2013, p.23). Os líderes exemplares se orgulham das conquistas da sua equipe, eles reconhecem suas contribuições e animam as pessoas a seguirem em frente. Nesse sentido, Kouzes e Posner (2013, p. 243) orientam que, “compete ao líder garantir que os liderados percebam que o trabalho deles importa e que eles fazem diferença [...] demostrando apreço pela excelência individual”. Os líderes são crentes convictos, e essa crença nas pessoas é fundamental para trazer à tona o melhor dos liderados. É preciso acreditar que os liderados já são vencedores e convencê-los disso. No entanto, acreditar no potencial das pessoas é apenas uma parte do processo, pois é preciso também orientar o que fazer, comunicando os resultados esperados e os direcionamentos a serem seguidos. Demonstrar apreço, através de elogios e orientações pessoais, são poderosas formas de reconhecimento que levam as pessoas a se desafiarem constantemente em busca do seu melhor. Os autores Kouzes e Posner (2013, p. 268), acreditam que, “o desempenho melhora quando líderes homenageiam em público os que superam expectativas e os que são exemplos para os outros”. As comemorações, dentro da empresa, é uma das melhores formas de criar fortes conexões sociais, uma vez que elas unem as pessoas e contribuem para um ambiente mais feliz e próspero. Os líderes exemplares utilizam as celebrações como forma de construir um senso de unidade que ajuda a reforçar o apoio social necessário ao trabalho. À medida que fortalecem 39 as redes de apoio social, os líderes ajudam a elevar o bem-estar e a motivação da equipe, que por sua vez deixam as pessoas mais resistentes às doenças e ao estresse. O Modelo das 05 práticas de liderança exemplar de Kouzes e Posner (2013) têm sido extensivamente utilizado e testado em diversos contextos institucionais. Ele goza de grande respeito na esfera acadêmica internacional, tendo sido utilizado na fundamentação de diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado em diversas partes do mundo. 2.3.6 Estudos Recentes Sobre o Tema Observa-se no Brasil e em Portugal, uma difusão de trabalhos científicos que adotam o modelo das cinco práticas de liderança exemplar, com o propósito de identificar as práticas de liderança de diferentes sujeitos e campos de pesquisa. Quadro 01 – Atualização das nomenclaturas das 05 práticas de liderança exemplar. Kouzes e Posner Kouzes e Posner Kouzes e Posner Kouzes e Posner (1977) (2003) (2009) (2013) Desafiar o Trace o caminho; Mostrar o caminho; Modele o estilo; Inspirar uma visão Inspire uma visão Inspirar uma visão Inspire uma visão compartilhada; compartilhada; conjunta comum; Apontar o caminho; Desafie o processo; Desafiar o processo; Questione o processo; Permitir que os outros Capacite os outros a Permitir que os outros Capacite os outros ajam; agir; ajam; para a ação; Encorajar o coração. Encoraje o coração. Encorajar a vontade. Anime os corações. estabelecido; Fonte: Kouzes e Posner (2013, 2009, 2003, 1977). A seguir, será apresentada uma compilação dos estudos mais recentes sobre o tema. Para uma melhor comparação e compreensão dos resultados, as nomenclaturas das 05 práticas de liderança exemplar, utilizadas originalmente pelos pesquisadores que serão apresentados, foram atualizadas conforme a obra mais recente dos autores Kouzes e Posner, publicada no Brasil no ano de 2013, como pode ser observado no Quadro 01. Esse fato, não acarretou nenhum prejuízo para o entendimento dos estudos, já que as práticas se mantiveram com a mesma essência ao longo dos anos. 40 Quadro 02 – Resultados da pesquisa de Silva (2013). Objetivo: identificar comportamentos e práticas de liderança da gestora sob sua própria ótica. Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacitar os outros para ação; Modele o estilo; Animar os corações. Inspire uma visão comum; Questione o processo. Objetivo: Identificar comportamentos e práticas de liderança da gestora sob a ótica dos empregados. Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacitar os outros para ação; Modele o estilo; Animar os corações; Questione o processo. Inspire uma visão comum. Fonte: Silva (2013). No Brasil, a autora Silva (2013), foi identificada como a mais recente pesquisadora a publicar um estudo sobre o tema através de sua dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado em Administração da Universidade Potiguar. Sua pesquisa teve como objetivo avaliar os comportamentos e práticas de liderança adotadas pela gestora de uma instituição de ensino, no Rio Grande do Norte. A metodologia utilizada foi um estudo de caso, quantitativo, de cunho descritivo, censitário, tendo como universo, 125 colaboradores da instituição educacional e uma gestora. Primeiramente, identificaram-se os comportamentos e práticas de liderança da gestora sob sua própria ótica e depois sob a ótica dos empregados, utilizando-se o inventário das práticas de liderança dos autores Kouzes e Posner (2003). Posteriormente, compararam-se os resultados dessas duas amostras, com perfil sociodemográfico dos participantes. A autoavaliação da gestora indicou que suas melhores práticas de liderança são “capacitar os outros para ação” e “animar os corações”, sendo estas as mesmas identificadas pelos empregados em relação à gestora. O estudo apontou também, uma diferença significativa das respostas encontradas em relação ao gênero dos respondentes, tendo o grupo de funcionários femininos pontuado melhor a gestora do que o masculino. A pesquisa concluiu que a gestora em questão, possui um perfil 41 de liderança alinhado com o modelo estudado. O resumo dos resultados podem ser observados no Quadro 02. Quadro 03 – Resultados da pesquisa de Mattos (2011). Objetivo: Investigar as práticas de liderança mais adotada pelos diretores das escolas públicas do distrito de Coimbra – Portugal. Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacite os outros para a ação; Inspire uma visão comum; Anime os corações; Questione o processo. Modele o estilo. Fonte: Mattos (2011). Estudo semelhante foi realizado por Mattos (2011), através de sua dissertação apresentada ao Mestrado em Administração e Gestão Educacional, da Universidade Aberta, em Portugal. A autora utilizou o modelo de Kouzes e Posner (2009) para investigar as práticas de liderança mais adotada pelos diretores das escolas públicas do distrito de Coimbra – Portugal. A pesquisa, de caráter quantitativo, abrangeu 35 diretores da região. Seus resultados, que podem ser observados no Quadro 03, apontaram que a prática “capacitar os outros para a ação” foi a mais utilizada pelos diretores, e “questione o processo” a de menor utilização. Para todas as variáveis investigadas (gênero, tipo de estabelecimento, experiência no cargoZ e idade), a prática de liderança que obteve a maior média foi “capacitar os outros para a ação”, com exceção na categoria dos entrevistados com idade maior de 45 anos, que teve a prática “modele o estilo” melhor avaliada. Outro resultado indicou que o gênero masculino se pontuou melhor que o feminino, embora as diferenças não tenham sido estatisticamente significativas. Os diretores com mais tempo de função, tiveram resultados mais elevados do que os seus pares com menos tempo, com exceção na prática “anime os corações”, onde ambos apresentaram as mesmas médias. Os diretores mais novos, entre 36 a 45 anos, se pontuaram melhor do que os seus pares mais velhos, acima dos 45 anos. 42 Quadro 04 – Resultados da pesquisa de Costa (2011). Objetivo: Identificar práticas e comportamentos de liderança exemplar percepcionados pelos empregados (docentes e não docentes) no Presidente do Conselho Executivo Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacite os outros para a ação; Questione o processo; Inspire uma visão comum; Anime os corações. Modele o estilo. Objetivo: Que práticas e comportamentos de liderança deveriam ser privilegiados por um líder eficaz, na opinião dos docentes e não docentes. Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Anime os corações; Modele o estilo; Capacite os outros para a ação; Inspire uma visão comum. Questione o processo. Fonte: Costa (2011). No mesmo ano em Portugal, Costa (2011) concluiu um estudo semelhante sobre liderança, como resultado de sua dissertação apresentada ao Mestrado de Ciências da Educação na área de Administração Educacional da Universidade da Madeira. O estudo propôs uma reflexão acerca das práticas e comportamentos de liderança de um Presidente do Conselho Executivo de uma Escola Básica com 2º e 3º Ciclos da Região Autônoma da Madeira. Definiram-se dois grupos para a avaliação, um composto pelos docentes da escola e o outro formado pelos empregados não docentes. Como estratégia da pesquisa foi utilizado um estudo de caso de natureza quantitativa e qualitativa. A coleta dos dados foi realizada através da aplicação do Inventário das Práticas de Liderança de Kouzes e Posner (2009), análise documental e de conteúdo. Os resultados, que podem ser observados no Quadro 04, apontaram que a prática de liderança observada pelos empregados da escola (docentes e não docentes), com maior frequência, no Presidente do Conselho Executivo foi “capacite os outros para a ação”. Outro objetivo da pesquisa foi identificar que práticas e comportamentos de liderança deveriam ser privilegiados por um líder eficaz. Os docentes apontaram 43 que, para uma liderança eficaz, o líder deve dar maior relevância à prática “capacite os outros para a ação” sendo a mesma identificada no presidente. Por outro lado, os não docentes privilegiaram a prática “anime os corações”. Em síntese, os empregados da empresa (docentes e não docentes) consideraram que o Presidente do Conselho Executivo adota práticas de liderança exemplar, no entanto, com frequência inferior as que deveriam ser observadas num líder eficaz. O estudo relatou ainda haver percepções significativamente diferentes quanto à percepção dos dois grupos em relação às práticas de liderança do Presidente. Os docentes avaliaram com melhores médias o presidente nas práticas: “modele o estilo”, “inspire uma visão comum”, “questione o processo” e “capacite os outros para a ação”. Quadro 05 – Resultados da pesquisa de Amorim et al. (2009). Objetivo: Identificar às práticas de liderança dos gestores e colaboradores do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacite os outros para a ação; Questione o processo; Modele o estilo; Inspire uma visão comum. Anime os corações. Fonte: Amorim et al. (2009). Fora do contexto educacional no Brasil, Amorim et al. (2009) publicou no XXXIII ENANPAD – Encontro da ANPAD, um artigo sobre a liderança no setor judiciário, tendo utilizado o Inventário das Práticas de Liderança de Kouzes e Posner (1997) para tentar identificar diferenças entre os gêneros dos gestores e colaboradores em relação às práticas de liderança no Tribunal de Justiça de Pernambuco. O estudo foi motivado pelas constantes conversas informais tidas por alguns juízes, advogados e partes que trabalhavam nos Fóruns, os quais alegavam que as mulheres administravam melhor as secretarias judiciais do que os homens. Participaram do estudo de caso, 60 gestores, dentre eles 6 juízes, e 132 servidores. Os resultados, demonstrados no Quadro 05, indicaram que a característica de liderança que predominou nos gestores, juízes e colaboradores entrevistados foi “capacitar os outros para ação”. Acompanhando essa prática, a segunda mais utilizada foi “modelar o estilo”. 44 Um fato que chamou atenção na pesquisa foi que as gestoras e servidoras mulheres atribuíram notas menores em todas as práticas analisadas, com pontuações mais próximas que as dadas pelos gestores homens, nas duas práticas mais utilizadas: “capacitar os outros para ação” e “modelar o estilo”. Quanto ao gênero dos gestores e as práticas de liderança mais utilizadas, não foram identificadas diferenças significativas. Quadro 06 – Resultados da pesquisa de Vianna et al. (2007). Objetivo: identificar o estilo de liderança predominante de um gerente em uma unidade de informática de uma instituição de ensino superior (IES). Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Capacite os outros para a ação; Inspire uma visão comum; Questione o processo; Anime os corações. Modele o estilo. Fonte: Vianna et al. (2007). Outro estudo realizado no Brasil, por Vianna et al (2007), usou o modelo de Kouzes e Posner (2003) para identificar o estilo de liderança predominante de um gerente em uma unidade de informática de uma instituição de ensino superior (IES), a partir da visão de seus subordinados. Foram analisadas as opiniões dos liderados sobre o comportamento do líder e comparado os resultados com o modelo proposto pelos autores Kouzes e Posner. A pesquisa foi conduzida por meio de um estudo de caso, tendo seus dados obtidos através de entrevistas individuais realizadas com seis profissionais da área de tecnologia da informação, com o intuito de fazê-los refletir sobre o seu relacionamento com o gerente da unidade. Os resultados, que podem ser observados no Quadro 06, apontaram para um papel gerencial que se aproxima do modelo apregoado pelos autores citados. Em suas narrativas, os entrevistados apontaram que o comportamento do líder da unidade se assemelha aos encontrados nas práticas “capacite os outros para ação”, “modele o estilo” e “questione o processo”. Sua atuação deixou a desejar nas práticas “inspire uma visão compartilhada” e “anime os corações”. O estudo concluiu que o estilo de liderança adotado na unidade está muito próximo daquele que se esperaria de um líder da área da tecnologia da informação. 45 Quadro 07 – Resultados da pesquisa de Barros (2005). Objetivo: pesquisar as dimensões da liderança exercida numa central de atendimento de uma empresa de Telecomunicações Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas Anime os corações; Inspire uma visão comum; Capacite os outros para a ação; Modele o estilo. Questione o processo. Fonte: Barros (2005). O estudo mais antigo identificado nesta pesquisa foi o de Barros (2005), que utilizou o modelo estudado em sua dissertação, apresentada ao Mestrado Profissional de Sistemas de Gestão, na Universidade Federal Fluminense. Sua investigação teve como objetivo geral pesquisar as dimensões da liderança exercida numa Central de Atendimento de uma empresa de Telecomunicações e os efeitos destas práticas nas atividades destes profissionais. A metodologia utilizada na pesquisa foi o estudo de caso, pesquisa de campo, quantitativo, descritivo. A empresa pesquisada foi a Vésper S/A, atuante no setor de telecomunicações, na cidade de Macaé, interior do Rio de Janeiro. O instrumento para coleta dos dados foi o inventário das práticas de liderança, aplicado a todos os profissionais de cargos gerenciais e de supervisão da empresa. Os resultados da pesquisa, que podem ser observados no Quadro 07, indicaram que as práticas de liderança mais utilizada pelos pesquisados foram: anime os corações, capacite os outros para ação e questione o processo. Quadro 08 – Práticas mais utilizadas e menos utilizadas conforme as últimas pesquisas. Práticas de Liderança Exemplar Resultado Resultado Práticas mais utilizadas Práticas menos utilizadas 1º Capacite os outros para a ação; 1º Inspire uma visão comum; 2º Anime os corações; 2º Questione o processo; 3º Modele o estilo; 3º Modele o estilo; 4º Questione o processo; 4º Anime os corações; 5º Inspire uma visão comum. 5º Capacite os outros para a ação. Fonte: Amorim et al. (2009), Barros (2005), Costa (2011), Mattos (2011), Silva (2013), Vianna et al (2007). 46 Conforme a análise dos estudos pode-se observar que, a maioria deles foi utilizada dentro da área da educação (COSTA, 2011; MATTOS, 2011; SILVA, 2013; VIANNA et al, 2007), talvez pelo fato dos autores Kouzes e Posner terem iniciadas suas pesquisas nessa área, tornando-se reconhecidos no meio. Um dado que chama bastante ação, é que em todos os estudos a prática “capacite os outros para a ação” foi à mais utilizada entre os líderes pesquisados e a menos utilizada foi “inspire uma visão comum”. O Quadro 08 traz um resumo de todas as práticas mais e menos utilizadas conforme as últimas pesquisas apresentadas. A liderança, na atualidade, ainda continua despertando o interesse dos pesquisadores em diferentes áreas, como pode ser observado nas últimas pesquisas publicadas no meio acadêmico sobre o tema voltado para as áreas da administração, psicologia, educação e enfermagem (BANDEIRA, 2012; COSTA, 2011; GARCIA, 2011; SANTOS, 2012; SANTOS, 2010; SILVA, 2013). 47 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Nesse capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos propostos para esse estudo, estruturados em sete seções que expõem o tipo de pesquisa, universo e amostra, procedimentos de coleta de dados, instrumento de coleta de dados, variáveis analíticas, tratamento dos dados e caracterização do campo de pesquisa. 3.1 TIPO DE PESQUISA Seguindo a tipologia proposta por Vergara (2006), quanto aos fins, o presente estudo é classificado como descritivo e quanto aos meios de investigação, estudo de caso e de campo. A pesquisa descritiva tem como característica básica descobrir e observar fenômenos, estabelecendo correlações entre variáveis, para depois descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (GIL, 2007, RUDIO, 2002, VERGARA, 2006). Neste estudo foi observado o fenômeno da liderança no contexto da gestão imobiliária, os resultados da análise e interpretação dos dados serão descritos no próximo capítulo. O Estudo de caso é um tipo de pesquisa muito utilizado pelas ciências sociais, em especial na área da administração. Segundo Gil (2008, p.54), consiste “no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos”. Quanto a sua natureza de pesquisa, “permite o estudo de fenômenos em profundidade dentro de seu contexto; é especialmente adequado ao estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos” (ROESCH, 1999, p.197). Para Vergara (2004, p. 49), o estudo de caso é “o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país. Tem carácter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo”. Seguindo essa mesma linha de raciocínio Cervo, Bervian e Da Silva (2007, p.62) complementa que se refere “a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. Observa-se que os teóricos apontam o estudo de caso como uma técnica capaz de realizar uma pesquisa com certo grau de profundidade, ao analisar o caso. 48 Uma das vantagens da utilização deste método é a possibilidade de se estudar as pessoas em seu ambiente natural, diferente de outras metodologias, como a do experimento, que é conduzido em ambiente artificial e controlado. Outra vantagem apontada por Gil (2008) é a possibilidade de se utilizar mais de uma técnica para a obtenção dos dados, o que não acontece em outras modalidades de pesquisas. Por outro lado, existem objeções a sua aplicação, entre elas a falta de rigor metodológico, pelo fato de não serem definidos procedimentos metodológicos rígidos. Há dificuldade de se fazer generalizações devido à análise de um ou poucos casos, e o fato do estudo de caso demandar muito tempo para ser realizado, contudo, nas últimas décadas tem-se observado a realização de estudos de caso em tempos cada vez mais curtos (GIL, 2008). Esta pesquisa, quanto a sua natureza, enquadra-se nos estudos quantitativos. O enfoque da pesquisa quantitativa é mediar às relações de causa-efeito ao avaliar algum sistema ou projeto (ROESCH, 1999). Segundo Richardson (1999), esse tipo de abordagem caracteriza-se pelo uso da quantificação na coleta de informação e no tratamento dos dados, utilizando-se de técnicas estatísticas, para evitar distorções de análise e interpretação dos resultados, sendo muito usada nas pesquisas do tipo descritivas. 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA Essa pesquisa de característica censitária foi realizada na empresa Execut Negócios Imobiliários, em sua sede na Praia de Tambaú, cidade de João Pessoa, Paraíba – Brasil. Tendo como universo 55 funcionários e 01 gestor, foram distribuídos 56 questionários, onde todos retornaram válidos, perfazendo um total de 100%. 3.3 PERFIL DOS ENTREVISTADOS A partir dos dados coletados no questionário A (Apêndice), foi possível traçar o perfil dos pesquisados. Os dados foram agrupados em tabelas para melhor visualização. 49 Tabela 01 – Gênero dos empregados da Execut. Gênero Total Feminino 37 Masculino 18 Total 55 Fonte: Dados da pesquisa (2013). % 67% 33% 100% De acordo com a tabela 01, que remete ao gênero dos empregados, observase que a maioria, ou seja, 67% (37/55) são do gênero feminino e o restante, 33% (18/55) são do gênero masculino. Tabela 02 – Funções exercidas pelos empregados da Execut. Função Total Corretor de imóveis 28 Administrativo e apoio 27 Total 55 Fonte: Dados da pesquisa (2013). % 50,9 49,1 100% A tabela 02 mostra as funções exercidas pelos empregados, 50,9% (28/55) são corretores de imóveis e 49,1% (27/55) são do setor administrativo e de apoio. Dentro do setor administrativo e de apoio foram agrupados os ocupantes dos seguintes cargos: gerente administrativo, gerente de negócios, assistente administrativo, supervisor, avaliador, vistoriador, recepcionista, motorista, segurança, copeiro e serviço geral. Tabela 03 – Tempo de trabalho dos empregados na Execut. Tempo de trabalho Total 01 a 05 anos 35 06 a 10 anos 11 11 anos ou mais 9 Total 55 Fonte: Dados da pesquisa (2013). % 63,6 20,0 16,4 100 No tocante a variável tempo de trabalho, observa-se na Tabela 03 que 63,3% (35/55) trabalha entre 01 a 05 anos na empresa, 20,0% (11/55) entre 06 a 10 anos e 16,4% (9/55) 11 anos ou mais. Tabela 04 – Perfil do Gestor. Função Gênero Gestor / proprietário Masculino Fonte: Dados da pesquisa (2013). Tempo de Trabalho na Empresa 25 anos 50 Conforme demostrado na tabela 04, o gestor e proprietário da Execut é do gênero masculino e exerce essa função há 25 anos, desde a fundação da empresa no ano de 1989. 3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Uma das características da pesquisa descritiva é trabalhar com dados ou fatos coletados da própria realidade, para isso são utilizados instrumentos como questionário, entrevista, observação e o formulário, que ajudam na consecução dos objetivos da pesquisa (CERVO, BERVIAN, SILVA, 2007). Os instrumentos de pesquisa servem como guias importantes para direcionar o processo de coleta, análise e interpretação dos dados, de forma lógica e sistemática. A técnica de pesquisa utilizada foi a documentação direta, os dados foram obtidos por meio de questionários. Na coleta de dados, para alcançar os objetivos desta pesquisa e o universo a ser pesquisado foi escolhido um instrumento validado elaborado pelos autores Kouzes e Posner (2013), chamado Inventário das Práticas de Liderança (LPI). Esse instrumento é composto de dois questionários estruturados, cada um contendo 30 questões, sendo um de autoavaliação e o outro de heteroavaliação. Os questionários foram aplicados na sede da imobiliária Execut localizada na cidade de João Pessoa no período de 01 a 20 de Dezembro de 2013, sendo o de autoavaliação aplicado ao gestor e o de heteroavaliação aos empregados da empresa. De acordo com Gil (2008) o questionário é uma técnica de investigação, que tem como objetivo o conhecimento de opiniões e crenças das pessoas, e deve ser construído de forma que possa traduzir os objetivos da pesquisa. Entre as vantagens de se utilizar o questionário, está a possibilidade de se atingir grande número de pessoas, garantir o anonimato das respostas e a conveniência do investigado poder respondê-lo de acordo com a sua disponibilidade de tempo. Por outro lado, apresenta algumas limitações, tais como: não poder ser aplicado com pessoas que não sabem ler nem escrever, não oferecer a garantia de ser devolvido preenchido de forma correta, e os resultados serem bastantes críticos, resultante de diferentes interpretações dos sujeitos da pesquisa. Os questionários elaborados para essa pesquisa foram entregues de forma individual, dentro de envelopes que continham uma fita adesiva dupla face em sua 51 extremidade, com instruções para que depois de respondido fossem lacrados, garantindo o anonimato dos respondentes. Ao todo foram aplicados 56 questionários, tendo todos retornado respondidos e válidos. 3.4.1 Instrumentos de Pesquisa O instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa foi o questionário, sendo um deles elaborado pelo pesquisador, para coletar o perfil sociodemográfico dos empregados da empresa, e o outro desenvolvido pelos autores Kouzes e Posner (2013) intitulado Inventário das Práticas de Liderança (LPI). Optou-se por esse instrumento pela sua estrutura simples que compreende características importantes para o processo de liderança. É resultado de 30 anos de pesquisa dos autores, depois de uma análise das respostas de quase 2 milhões de pessoas em todo o mundo, revalidado internacionalmente, tendo passado pelo teste do tempo. Mede a frequência de 30 comportamentos de liderança específicos, divididos em 05 práticas de liderança exemplar, que são: modelar o estilo, inspirar uma visão comum, questionar o processo, capacitar os outros para a ação e animar os corações. Para cada uma das 30 perguntas do questionário, os investigados poderiam avaliar as práticas de liderança através de uma escala de Likert que varia de 1 (nunca) a 5 (frequentemente). Segundo os autores Kouzes e Posner (2013), aqueles que mais frequente demostram os comportamentos descritos no enunciado do LPI são considerados mais eficazes no trabalho, bem sucedidos, criadores de equipes de alto desempenho, fomentadores de lealdade e compromisso, responsáveis pelo aumento do nível de motivação no trabalho e redução do absenteísmo, e possuidores de grande credibilidade. No quadro 09, podem ser observadas as trinta questões participantes do questionário das 05 práticas de liderança exemplar. O enunciado do questionário de autoavaliação no geral começa com o pronome “Eu” e o de heteroavaliação com “Ele”, sendo esta a única diferença entre ambos. 52 Quadro 09 – Questões do instrumento de autoavaliação e heteroavaliação. Prática 1 – Modele o estilo Q01. Ele é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. Q06. Ele gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. Q11. Ele cumpre as promessas e os compromissos que assume na Instituição. Q16. Ele procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. Q21. Ele constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. Q26. Ele fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. Prática 2 – Inspire uma visão comum Q02. Ele olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. Q07. Ele descreve uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. Q12. Ele compartilha conosco a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. Q17. Ele nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. Q22. Ele fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. Q27. Ele fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. Prática 3 – Questione o processo Q03. Ele procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. Q08. Ele desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. Q13. Ele se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. Q18. Quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: "O que podemos aprender com essa experiência?". Q23. Ele assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. Q28. Ele toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. Prática 4 – Capacite os outros para a ação Q04. Ele incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. Q09. Ele ouve afetivamente os diversos pontos de vista. Q14. Ele trata as pessoas com dignidade e respeito. Q19.Ele apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. Q24. Ele nos dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. Q29. Ele nos dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança. Prática 05 – Anime os corações Q05. Ele elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito. Q10. Ele encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. Q15. Ele apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas nossas contribuições. Q20. Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. Q25. Ele procura maneiras de celebrarmos sucessos alcançados. Q30. Ele assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. Fonte: Kouzes e Posner (2003). 53 3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS Este estudo contemplou as seguintes variáveis analíticas: a) Variáveis sociodemográficas (ou independentes): gênero, função exercida, tempo de trabalho; b) Variáveis das práticas de liderança (dependentes): modelar o estilo, inspirar uma visão comum, questionar o processo, capacitar outros para ação, e animar os corações. 3.6 TRATAMENTO DOS DADOS De acordo com Vergara (2004), o tratamento dos dados refere-se aquela seção que explica ao leitor como os dados da pesquisa serão tratados, justificando a sua adequação aos objetivos traçados. Os dados desse trabalho foram coletados através dos questionários incorporados (Apêndice A, Anexos A e B), e tiveram um tratamento quantitativo, através de uma análise estatística descritiva e inferencial. Foram utilizados os testes t para comparação das médias de pontuação, segundo o gênero dos empregados e ANOVA paramétrica para comparação das médias de pontuação, segundo o tempo de função dos empregados. A seguir, o quadro 10 mostra a relação entre os objetivos específicos, instrumentos utilizados e a análise estatística. 54 Quadro 10 – Objetivos específicos, instrumento(s) da pesquisa e estatística. Objetivos específicos Instrumento(s) Estatística Identificar as práticas de liderança do Autoavaliação Estatística descritiva (Anexo A) (medidas resumo) Identificar a visão dos empregados em Heteroavaliação Estatística descritiva relação às práticas de liderança do (Anexo B) (medidas resumo) Autoavaliação Estatística descritiva (Anexo A) (medidas resumo) gestor; gestor; Comparar às práticas de liderança do gestor com a visão dos empregados; Heteroavaliação (Anexo B) Verificar a existência de variabilidade Heteroavaliação Estatística descritiva entre a visão dos empregados em (Anexo B) (medidas resumo) e relação as práticas de liderança do Questionário A Estatística inferencial gestor e às variáveis. sociodemográficas dos empregados. (teste t e ANOVA paramétrica) Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2014). 3.7 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA Na atualidade, o mercado imobiliário vive uma grande expectativa de crescimento, apoiado no desenvolvimento da economia e mudanças de rumo nas questões sócio-políticas do país. O governo tem adotado uma filosofia liberal e desenvolvimentista, que tem propiciado uma melhor distribuição de renda aos vários setores da população brasileira. Esse desenvolvimento tem acarretado numa melhoria do poder aquisitivo da população e, por conseguinte, o aumento da procura pela casa própria, pois a moradia é considerada uma das maiores necessidades humanas. O ramo imobiliário acompanha a expansão da indústria da construção civil, que atualmente vem recebendo o aporte de grandes somas de capital estrangeiro. Dessa forma, torna-se urgente a qualificação dos corretores de imóveis no conhecimento de novas técnicas para habilitá-lo a vencer a concorrência que está se instalando no país através de imobiliárias internacionais que descobriram o mercado brasileiro. O corretor de imóveis é o profissional autorizado por lei para atuar na 55 intermediação da compra e venda de imóveis, ganhando uma comissão pela prestação do serviço. Para Travassos (2008, p.19), “o corretor de imóveis representa um dos maiores promotores do bem-estar social, pois é ele quem faz o elo da produção com o consumidor”. A profissão, no Brasil, foi regulamentada no ano de 1978, sendo considerada, no presente, uma atividade bastante rentável. Para conseguir o registro profissional é necessário ter o curso técnico em transações imobiliárias ou o diploma superior da faculdade em gestão de negócios imobiliários. É importante reforçar que, uma vez apto a exercer a atividade, o corretor deve escolher entre os vários campos de atuação, aquele que mais se aproxima com o seu perfil profissional, podendo se especializar em várias áreas como: compra e venda de imóveis novos e usados; venda de lotes; administração de imóveis para locação; assessoria e planejamento de lançamentos de prédios e loteamentos. Trabalhando sozinho, ou em grupo, ligado a uma imobiliária, em sistema de parceria, sem perder o seu status de autônomo. Além do mais, o corretor de imóveis passa por uma transformação substancial na forma de trabalhar. A modernização dos meios de comunicação tem tornado os consumidores mais esclarecidos e exigentes com os prestadores de serviços. O profissional que, no passado, era considerado um mostrador de imóveis e tirador de proposta, hoje se transformou num consultor de negócios imobiliários, exigindo dele mais qualificação e o domínio de outras áreas de conhecimento como a matemática financeira, política, direito e informática, pois a sociedade está dinâmica e quem não se qualifica, se perde no tempo (RESENDE, 2001). A empresa participante desse estudo é uma imobiliária, localizada na cidade de João Pessoa, atuante no mercado Paraibano há 25 anos. Fundada em 27 de Setembro de 1989 sob a denominação social de Execut – Consultoria e Negócios Imobiliários LTDA, está entre as mais conceituadas e renomadas da região. Ela é dirigida pelo seu diretor fundador, Gilvandro de Almeida Ferreira Guedes (formado em Direito e Procurador do Estado da Paraíba), cujas práticas de liderança é objeto dessa investigação. Especializada no planejamento, projeção e comercialização de loteamentos urbanos e rurais, condomínios fechados, incorporações e empreendimentos de porte. Opera em diversos segmentos do setor imobiliário, atendendo a empresas nacionais e internacionais, investidores, empreendedores e proprietários de bens móveis. Outro serviço ofertado é o de locação e administração de imóveis residenciais, comerciais e industriais. 56 Tem como missão superar as expectativas dos clientes, oferecendo serviços e atendimento de qualidade superior aos apresentados pelas empresas congêneres. Para isso, conta com profissionais de ponta, capacitados a executar trabalhos de alta qualidade técnica, entre eles: consultores técnicos em transações imobiliárias; consultores de marketing; arquitetos; administradores e advogados - todos com ampla experiência de mercado. A empresa se preocupa com a qualidade dos serviços prestados, investindo na qualificação e formação ética dos seus profissionais. Como resultado dessa prática, conquistou o certificado internacional ISO 9001 relacionado à gestão da qualidade, sendo a primeira imobiliária do estado da Paraíba a realizar esse feito. Além de colecionar, ao longo dos anos, diversos prêmios que consagram o seu desempenho, entre eles: o Top of Mind, Top of Business, Top of Class, Colibri – CRECI, Troféus Cobrás – Imobiliária do ano, entre outros. Preocupada com a sociedade e consciente do seu papel na comunidade, desenvolve uma política de responsabilidade sócio cultural, através do apoio a diversos projetos sociais, com foco na valorização dos artistas da terra, saúde e, futuro de crianças e jovens. 57 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Este capítulo é destinado à apresentação e análise dos resultados da pesquisa. Após a medição da consistência interna ou fidedignidade dos dados, referente ao instrumento utilizado para a investigação das cinco Práticas de Liderança exemplar, serão apresentados e discutidos: a autoavaliação do gestor; a heteroavaliação dos empregados; e a comparação de ambos. Finalizando, com a verificação da existência de variabilidade, segundo o perfil sociodemográfico dos empregados. 4.1 CONSISTÊNCIA INTERNA OU MEDIDA DE FIDEDIGNIDADE DOS DADOS Foi realizado um teste para medir a consistência interna ou fidedignidade dos dados utilizando-se o coeficiente Alfa de Cronbach (), para o instrumento de investigação das 5 Práticas de Liderança Exemplar (constando de 30 questões, escala de Likert de 5 pontos) ou domínios: Domínio 1- Modele, Domínio 2- Inspire, Domínio 3- Questione, Domínio 4- Capacite e Domínio 5- Anime. Segundo Hair et al. (2006), o coeficiente Alfa de Cronbach é a medida mais utilizada para identificar a confiabilidade dos dados. Ele varia de 0 a 1, sendo os valores de 0,60 a 0,70 considerados o limite inferior de aceitabilidade. Assim, temos a classificação do coeficiente Alpha de Cronbach (): Valores de 0,80 a 1,0 (satisfatório a excelente), de 0,70 a 0,80 (bom) e de 0,60 a 0,70 (aceitável). Valores abaixo de 0,60 são considerados insatisfatório ou insuficiente. 58 Tabela 05* - Coeficientes de fidedignidade de Cronbach dos domínios e questões (N=56). Indicadores Alfa de Cronbach Número de Número de Questionário – Práticas de Domínio1: Liderança MODELE Domínio2: INSPIRE Domínio3: QUESTIONE Domínio4: CAPACITE Domínio5: ANIME () casos itens 0,959 0,830 0,857 0,810 0,813 0,878 56 56 56 56 56 56 30 6 6 6 6 6 Fonte: Elaborado pelo pesquisador Nota: (*) Inclui a autoavaliação do Gestor (Gilvandro Guedes) e Heteroavaliação (Empregados). Tabela 06** – Coeficientes de fidedignidade de Cronbach dos domínios e questões. .(N=55). Indicadores Alfa de Cronbach Número de Número de () casos Questionário – Práticas de 0,959 55 Domínio1: 0,831 55 Liderança MODELE Domínio2: INSPIRE 0,856 55 Domínio3: QUESTIONE 0,812 55 Domínio4: CAPACITE 0,813 55 Domínio5: ANIME 0,882 55 Fonte: Elaborado pelo pesquisador Nota: (**) Inclui somente a avaliação dos funcionários (Heteroavaliação). itens 30 6 6 6 6 6 Os valores obtidos do coeficiente Alfa de Cronbach para as cinco práticas de liderança ou domínios do questionário sobre às “Práticas de Liderança”, nas Tabelas 05 e 06, indicam uma consistência interna ‘satisfatória a excelente’. A validade de um instrumento de medição é fundamental para avaliar a efetividade dos dados trabalhados, refletindo a veracidade dos resultados, afastando-se de erros aleatórios. 59 4.2 PRÁTICAS DE LIDERANÇA ADOTADAS PELO GESTOR Com o intuito de identificar as práticas de liderança do gestor, foi aplicado ao mesmo o questionário de autoavaliação, participante do Inventário das Práticas de Liderança, possibilitando medir a frequência com que aplica as 05 práticas da liderança exemplar. A fim de capturar suas respostas, foi utilizada uma escala de Likert de 05 Pontos. Diante das 30 afirmativas, que compõe o instrumento, foram dadas as seguintes opções de escolha: 1-nunca, 2-ocasionalmente, 3-algumas vezes, 4-muitas vezes, 5-frequentemente. As suas respostas podem ser observadas na Tabela 07. A prática, “inspire uma visão comum”, foi a melhor avaliada pelo gestor com frequência média de (4,8). O pesquisado aparece alinhado em 05 questões (02, 07, 12, 22, 27) das 06 que compõe esta prática, ao afirmar que frequentemente: “olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que vai afetar a instituição”, “descreve uma imagem desafiadora do que as pessoas devem ser capazes de atingir”, “compartilha com as pessoas acerca da visão do quanto melhor a Instituição pode ser no futuro”, “fica contente e positivo sobre as possibilidades do futuro” e “fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que as pessoas estão fazendo”. Entretanto, não frequentemente, mas muitas vezes, “mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum” (questão 17). O termo “visão” tem sido um tópico recorrente ao se falar sobre liderança. De acordo com Bateman e Snell (2009), até pouco tempo atrás, não se ouvia falar, com frequência, sobre visão no meio da administração. Contudo, hoje sabe-se que para realizar uma grande liderança, ter uma visão de futuro e saber comunicá-la é um componente vital rumo ao sucesso dos negócios. Segundo Robbins (2004, p.240) a liderança visionária consiste na “habilidade de criar e articular uma visão realista, crível e atraente do futuro para uma organização ou unidade organizacional, que parte do presente e melhora-o”. As visões devem ser desafiadoras e capazes de inspirar, traduzindo o melhor para a organização e seus membros. Nesse ponto, o gestor avaliado apresentou uma forte característica típica do líder de transformação. 60 Tabela 07 – Respostas do gestor em relação a sua autoavaliação das práticas de liderança. Prática 1 – Modele o estilo Q01. Eu sou um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. Q06. Eu gasto tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. Q11. Eu cumpro as promessas e os compromissos que assume na Instituição. Q16. Eu procuro maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. Q21. Eu construo consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. Q26. Eu falo acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. Média Prática 2 – Inspire uma visão comum Q02. Eu olho para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. Q07. Eu descrevo uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. Q12. Eu compartilho com as pessoas sobre a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. Q17. Eu nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. Q22. Eu fico contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. Q27. Eu falo com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. Média Prática 3 – Questione o processo Q03. Eu procuro diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. Q08. Eu desafio as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. Q13. Eu me mantenho atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. Q18. Quando as coisas não acontecem como se espera, eu pergunto: "O que podemos aprender com essa experiência?". Q23. Eu asseguro que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. Q28. Eu tomo iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. Média Prática 4 – Capacite os outros para a ação Q04. Eu incentivo relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. Q09. Eu ouço afetivamente os diversos pontos de vista. Q14. Eu trato as pessoas com dignidade e respeito. Q19. Eu apoio as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. Q24. Eu dou liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. Q29. Eu dou oportunidades para que as pessoas tenham responsabilidades de liderança. Média Prática 5 – Anime os corações Q05. Eu elogio as pessoas pelo trabalho bem-feito. Q10. Eu encorajo as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. Q15. Eu apoio as pessoas na Instituição e exprimo apreciação pelas suas contribuições. Q20. Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. Q25. Eu procuro maneiras de celebrarmos sucessos alcançados. Q30. Eu asseguro que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. Média Frequência 4 5 5 4 4 5 4,5 Frequência 5 5 5 4 5 5 4,8 Frequência 3 5 5 5 4 5 4,5 Frequência 5 4 5 5 5 4 4,6 Frequência 2 5 5 4 5 3 4,0 Fonte: Pesquisa direta (2013). O resultado dessa avaliação diverge da tendência observada nos últimos estudos realizados, no Brasil e em Portugal, que teve a prática “inspire uma visão comum”, computada entre as menos utilizadas (SILVA, 2013; MATTOS, 2011; AMORIM et al, 2011, VIANNA et al, 2007). 61 A prática “capacite os outros para ação” obteve a segunda melhor pontuação da autoavaliação do gestor, com frequência média de (4,6). Conforme os resultados apontam, o gestor frequentemente “incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição”, “trata as pessoas com dignidade e respeito”, “apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição” e “dá liberdade e poder de escolha em relação a como as pessoas realizam seu trabalho”. Tudo isso, alinhando suas respostas com a prática estudada em 04 questões (04, 14, 19, 24). De modo menos frequente, mas muitas vezes, o gestor “ouve afetivamente os diversos pontos de vista” e, “da oportunidade para que as pessoas tenham responsabilidades de liderança” (questões 09 e 29). Em todos os estudos já citados, que utilizaram o modelo de investigação aqui proposto, a prática “capacite os outros para ação” aparece como a melhor pontuada, conforme exposto no referencial teórico. Isso demostra que os líderes perceberam que não se consegue fazer nada sozinho. Para que as mudanças sejam efetivas é importante criar um clima de confiança a fim de facilitar os relacionamentos. Segundo Kouzes e Posner (2013), a confiança tem sido apontada como a questão central dos relacionamentos humanos e um indicador importante para a satisfação dos empregados. A prática “modele o estilo” aparece como a terceira mais utilizada pelo gestor, empatado com a prática, “questione o processo”, com média geral (4,5). Entre as 6 afirmativas que traduzem os compromissos dessa prática, observa-se que o gestor encontra-se alinhado em três delas (questões 06, 11, 26) ao afirmar que frequentemente as pratica. De acordo com suas respostas, ele frequentemente “gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição”, “cumpre as promessas e os compromissos que assume” e “fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações”. Por outro lado, as questões (01, 16, 21) apontam que, menos frequentemente, contudo muitas vezes, “é um exemplo pessoal daquilo que espera dos outros”, “procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas” e “constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição”. Esse resultado se assemelha ao encontrado nas pesquisas de Mattos (2011), Costa (2011), Amorin et al (2009) e Viana et al (2007). Nos estudos citados, a 62 prática “modele o estilo” não foi a mais bem pontuada, contudo aparece entre as mais utilizadas. A prática “questione o processo”, também obteve uma frequência média de (4,5), ficando em terceiro lugar. Observando as respostas das questões (08, 13, 18, 28), conclui-se que o comportamento do gestor está em conformidade com a prática investigada, ao afirmar que frequentemente: “desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos”, “mantem-se atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição”, “toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos” e, “quando as coisas não acontecem como se espera, se pergunta: o que podemos aprender com essa experiência?”. Por outro lado, a questão (23) aponta que não é sempre, mas muitas vezes, que ele “assegura que as pessoas estabeleçam objetivos e façam planos específicos para os projetos que iniciaram”. E que apenas, algumas vezes, (questão 03), “procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as competências e habilidades dos funcionários e colaboradores da instituição”, sendo esta última a menor frequência de comportamento identificada na prática. Segundo Kouzes e Posner (2013), a prática “questione o processo”, está relacionada com a capacidade desenvolvida pelos líderes de buscar novas oportunidades e soluções inovadoras no que tange aos problemas atuais. Essas características relacionadas à capacidade de promover mudanças e à inovação formam as bases da liderança transformacional (DAFT, 2005). A globalização, o comércio eletrônico, as novas tecnologias, o aumento da diversidade e dos novos interesses e expectativas dos funcionários, vêm contribuindo para a mudança do que se pensa e pratica os líderes, representando os maiores desafios enfrentados por eles na atualidade (DAFT, 2005). Talvez por isso, seja tão difícil, para muitos, realizar essa prática, com a frequência, que o mercado exige. Estudos recentes sobre a liderança exemplar contribuem para essa visão ao apontar a prática investigada entre a menos utilizada pelos líderes pesquisados (SILVA, 2013; MATTOS, 2011; COSTA, 2011; AMORIM et al; VIANNA et al, 2007). A prática, “anime os corações”, foi a que obteve a menor avaliação do gestor, dentre todas as 05 práticas investigadas, obtendo a frequência média (4,0). As questões (10, 15, 25) descrevem as 03 práticas de liderança com as quais o gestor está, em acordo com esse estudo, ao revelar que frequentemente: “encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição”, “apoia as 63 pessoas da empresa e exprime apreciação pelas suas contribuições” e, “procura maneiras destas celebrarem sucessos alcançados”. Ao passo que na questão (20) ,afirma que, muitas vezes, “reconhece publicamente as pessoas as quais demonstram compromisso com os valores da empresa”. E que somente algumas vezes “assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições” (questão 30) e, ocasionalmente “elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito que executam” (questão 05). Animar os corações está relacionado com a habilidade do líder de celebrar os valores, seguir em frente, inspirar ousadia e esperança nos liderados. Reconhecer com veemência as contribuições individuais para a visão comum, e agradecê-las publicamente com um elogio público ou um sorriso. Enfim, os líderes transmitem aos outros a sua importância para a organização (KOUZES; POSNER, 2013). Esse conjunto de características, assemelha-se às qualidades do líder carismático. Segundo Daft (2005, p. 389), “o carisma tem sido conhecido como um fogo que ascende a energia e o compromisso do seguidor, produzindo resultados acima e além da obrigação”. Esses líderes têm a habilidade de inspirar e motivar as pessoas para que elas deem o melhor de si, vencendo todos os obstáculos em direção a realização da tarefa. Eles falam, diretamente, com o coração das pessoas, fazendoas acreditar em um futuro mais brilhante. As médias totais da autoavaliação do gestor podem ser observadas na tabela 08 a seguir. Tabela 08 - Média total da autoavaliação do gestor. Práticas de liderança Médias da autoavaliação 1º Inspire uma visão comum 4,8 2º Capacite os outros para ação 4,6 3º Modele o estilo 4,5 3º Questione o processo 4,5 4º Anime os corações 4,0 Média Total: 4.4 Fonte: Pesquisa direta (2013). Os resultados dessa pesquisa apontam que o gestor apareceu alinhado em 63,3% (19) das 30 afirmativas que compõem o questionário de autoavaliação das práticas de liderança exemplar dos autores Kouzes e Posner (2013) ao declarar que, frequentemente, realiza-as. A prática “inspire uma visão comum” foi a que teve o 64 maior número de conformidade (5), em seguida a práticas “questione o processo” e “capacite os outros para a ação” (cada uma com 04) e, por último, “modele o caminho” e “anime os corações” (cada uma com 03). 4.3 VISÃO DOS EMPREGADOS EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR A seguir serão apresentadas as médias obtidas da avaliação dos empregados em relação às práticas de liderança do gestor, a partir da aplicação do questionário de Heteroavaliação aos mesmos, conforme demonstrado na Tabela 09. A prática, “inspire uma visão comum”, foi a melhor avaliada pelos empregados, com frequência média de (4,2). Esse feito assemelha-se ao encontrado na autoavaliação do gestor, que também lhe atribuiu as maiores médias. Segundos os resultados dessa prática, o gestor, muitas vezes, “olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição”, “compartilha com a equipe sua visão acerca do quanto melhor a Instituição pode ser no futuro”, “mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum”, “fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro”, “fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estão fazendo” (questões 02, 12, 17, 22, 27). No entanto, algumas vezes, “descreve uma imagem desafiadora do que deveriam ser capazes de atingir” (questão 17). Os líderes devem olhar para o futuro e imaginar possibilidades vibrantes, da mesma forma que um engenheiro ou arquiteto, antes de iniciar um projeto, desenha uma planta. Os líderes devem desenvolver uma visão dos resultados a serem alcançados, antes de partirem para a ação. Pois só dessa forma poderão inspirar outros para uma visão comum (KOUZES; POSNER, 2013). Na perspectiva de Glenn Rowe (2002), os líderes visionários são proativos e conseguem provocar agitação no ambiente. Esforçam-se com a finalidade de aprimorar suas decisões com abordagens inovadoras frente aos problemas antigos. Exercem influência, indicando a direção que a empresa deve tomar, moldando idéias, em vez de se oporem a elas. 65 Tabela 09 – Respostas dos empregados em relação à avaliação das práticas de liderança do gestor. Prática 1 – Modele o estilo Q01. Ele é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. Q06. Ele gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. Q11. Ele cumpre as promessas e os compromissos que assume na Instituição. Q16. Ele procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. Q21. Ele constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. Q26. Ele fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. Média Prática 2 – Inspire uma visão comum Q02. Ele olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. Q07. Ele descreve uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. Q12. Ele compartilha conosco a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. Q17. Ele nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. Q22. Ele fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. Q27. Ele fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. Média Prática 3 – Questione o processo Q03. Ele procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. Q08. Ele desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. Q13. Ele se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. Q18. Quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: "O que podemos aprender com essa experiência?". Q23. Ele assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. Q28. Ele toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. Média Prática 4 – Capacite os outros para a ação Q04. Ele incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. Q09. Ele ouve afetivamente os diversos pontos de vista. Q14. Ele trata as pessoas com dignidade e respeito. Q19.Ele apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. Q24. Ele nos dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. Q29. Ele nos dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança. Média Prática 5 – Anime os corações Q05. Ele elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito. Q10. Ele encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. Q15. Ele apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas nossas contribuições. Q20. Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. Q25. Ele procura maneiras de celebrarmos sucessos alcançados. Q30. Ele assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. Média Frequência 4,3 4,1 4,4 3,8 4,1 4,1 4,1 Frequência 4,1 3,9 4,2 4,0 4,6 4,3 4,2 Frequência 3,8 4,0 4,4 3,7 4,2 4,3 4,0 Frequência 4,1 4,0 5,0 3,5 4,0 3,8 4,0 Frequência 3,6 4,0 4,1 3,6 4,2 3,6 3,8 Fonte: Pesquisa direta (2013). A prática “modele o estilo”, foi avaliada com a frequência média (4,1), ficando em segundo lugar entre as melhores médias. Os resultados dessa prática apontaram que o gestor, muitas vezes, “é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas”, “gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição”, “cumpre 66 as promessas e os compromissos que assume na Instituição”, “constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição” e “fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações” (questões 01, 06, 11, 21, 26). Por outro lado, apenas algumas vezes “procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas”, sendo esta última afirmativa a que recebeu menor avaliação dessa prática (questão 16). A prática, “modele o estilo”, reflete sobre o primeiro passo que o líder deve dar no esforço de se tornar exemplar. Num exercício de introspecção, ele deve econtrar, em si, a prórpria voz, descobrindo os seus valores e crenças pessoais que guiam suas decisões (KOUZES; POSNER, 2013). A relação entre os “valores”, “crenças” e “liderança” é feita desde o surgimento dos primeiros estudos sobre o tema, presente nas abordagens dos traços. Essa relação ainda vem sendo discutida nas abordagens contemporâneas, não mais como uma característica inata, mas possível de ser mudada e adquirida. Como pode ser observado nos últimos estudos publicados sobre o tema no meio acadêmico (BANDEIRA, 2012; COSTA, 2011; GARCIA, 2011; SANTOS, 2012; SANTOS, 2010; SILVA, 2013). A prática “questione o processo”, foi avaliada com a frequência média (4,0), a mesma encontrada na prática “capacite os outros para a ação”, ficando em terceiro lugar entre as melhores médias. Segundo os resultados dessa avaliação o gestor, muitas vezes, “desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos”, “se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição”, “assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos”, “toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos” (questões 08, 13, 23, 28). Entretanto, algumas vezes, “procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as competências e habilidades da equipe”, e “quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: o que podemos aprender com essa experiência?" (questões 03 e 18). Segundo observações de Kouzes e Posner (2013, p. 146), relacionadas aos resultados obtidos da aplicação do inventário das práticas de liderança, “os líderes menos desafiadores recebem dos constituintes avaliações quase 40% inferiores às atribuídas aos líderes tidos em conta de desafiadores, em relação a si mesmos e às equipes”. Suas pesquisas apontam que as equipes de trabalho que se consideram 67 desafiadas e cujo líderes, segundo relataram, também se desafiam, expressam sentimentos de orgulho, de motivação e de espírito de equipe mais fortes que os demais. A prática, “capacite os outros para a ação”, foi avaliada com a frequência média (4,0), a mesma encontrada na prática, “questione o processo”, ficando em terceiro lugar entre as melhores médias. Segundo os resultados dessa avaliação, o gestor, muitas vezes, “incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição”, “ouve afetivamente os diversos pontos de vista”, e “dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizam seu trabalho” (questões 04, 09, 24). Algumas vezes, “apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição” e “dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança” (questões 19 e 29). E, frequentemente “trata as pessoas com dignidade e respeito” (questão 14), essa última afirmativa foi a única, dentre todas as práticas investigadas, em que os empregados e gestor compartilharam da mesma visão atribuindo média 5 para esse comportamento. Com a mudança do cenário organizacional e com o passar dos anos, as relações se estreitaram e o trabalho em equipe se fortaleceu, entretanto os líderes não estão preparados para essa transformação. Portanto, o desafio da maioria dos gerentes é aprender a se tornar um líder eficaz, deixando de ser o “chefe” para se tornar o “treinador” (ROBBINS, 2004; CARAVANTES, 2005; DAFT, 2007; BATEMAN, 2009; KOUZES; POSNER, 2013). Segundo Robbins (2000), existem três habilidades gerais de treinador que os líderes podem estabelecer para ajudar os funcionários a melhorar seu desempenho. A primeira habilidade está relacionada a analisar maneiras de melhorar a performance e expandir as qualificações dos funcionários. A segunda habilidade é fomentar um ambiente que encoraje a melhor atuação possível. A terceira habilidade é influenciar e apoiar os funcionários na mudança do comportamento. A prática, “anime os corações”, foi a que obteve a menor frequência dentre todas as práticas investigadas (3,8). Segundo os resultados dessa avaliação, o gestor, muitas vezes, “encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição”, “apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas suas contribuições” e “procura maneiras de celebrarem sucessos alcançados” (questões 10, 15, 25). Todavia, algumas vezes “elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito”, “reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com 68 os valores da empresa” e “assegura que as pessoas na Instituição sejam, criativamente, reconhecidas pelas suas contribuições” (questões 05, 20 e 30). O novo local de trabalho já reconhece que o comportamento do gerente com seus funcionários, impacta profundamente na motivação e desempenho destes. Segundo Daft (2007, p. 419), “os bons gerentes canalizam a motivação dos funcionários para a realização de metas, extraindo do conjunto singular de talentos, habilidades, interesses, atitudes e necessidades de cada indivíduo”. Tabela 10 - Média total da heteroavaliação. Práticas de liderança Médias da heteroavaliação 1º Inspire uma visão comum; 4,2 2º Modele o estilo; 4,1 3º Questione o processo; 4,0 3º Capacite os outros para ação; 4,0 4º Anime os corações; 3,8 Média Total: 4,0 Fonte: Pesquisa direta (2013). Como podem ser observadas na Tabela 10, as práticas de liderança do gestor melhor avaliadas pelos empregados foram, em primeiro lugar, “inspire uma visão comum”, (média 4,2), em segundo lugar, “modele o estilo”, (média 4,1), em terceiro lugar, “questione o processo” e “capacite os outros para ação” (ambos com média 4,0), e por último, “anime os corações”, (média 3,8). De acordo com o resultado da heteroavaliação, a única afirmativa que obteve a mesma pontuação da autoavaliação do gestor foi a relacionada ao “tratamento digno e respeitoso” (questão 14), constante da prática “capacite os outros para ação” onde ambos pontuaram com a nota máxima 5, indicando a escala “frequentemente”. 69 Gráfico 1 - Avaliação das práticas de liderança pelos funcionários. Fonte: Pesquisa direta (2013). O Gráfico 1, fornece a avaliação dos empregados da empresa segundo as suas funções “Corretor” e “Administrativo” em relação às Práticas de Liderança exercidas pelo Gestor. Em todas as cinco práticas os “corretores” através da heteroavaliação avaliaram mais positivamente o Gestor quanto às práticas de liderança: Modele (4,4 x 3,8); Inspire (4,5 x 3,9); Questione (4,3 x 3,8); Capacite (4,3 x 3,8) e Anime (4,3 x 3,4) 4.4 COMPARAÇÃO DAS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR COM A VISÃO DOS EMPREGADOS O Gráfico 2, a seguir, mostra a comparação das médias encontradas, resultante da autoavaliação e da heteroavaliação, de acordo com as cinco práticas de liderança analisadas. 70 Gráfico 2 - Avaliação das práticas de liderança heteroavaliação e autoavaliação. 5 4,8 4,5 4,5 4,2 4,1 4 Média de Avaliação 4,6 4,5 4,0 4,0 QUESTIONE CAPACITE 4,0 3,8 3,5 3 2,5 2 1,5 1 MODELE INSPIRE Autoavaliação ANIME Heteroavaliação Fonte: Pesquisa direta (2013). Como pode ser observado na Tabela 11 a seguir, a autoavaliação dada pelo gestor forneceu para cada uma das cinco Práticas de Liderança, uma média de pontuação acima da heteroavaliação feita pelos 55 empregados: modele (4,5 x 4,1), inspire (4,8 x 4,2), questione (4,5 x 4,1), capacite (4,7 x 4,1) e anime (4,0 x 3,8). Demostrando uma divergência entre os dois, quanto a frequência dos comportamentos de liderança adotado pelo gestor. Tabela 11 - Média total da autoavaliação e heteroavaliação do gestor. Práticas de liderança Autoavaliação Heteroavaliação 1. Modele o estilo 4,5 4,1 2. Inspire uma visão comum 4,8 4,2 3. Questione o processo 4,5 4,0 4. Capacite os outros para ação 4,6 4,0 5. Anime os corações 4,0 3,8 Média Total: 4.4 4,0 Fonte: Pesquisa direta (2013). 71 A tabela 12 mostra as médias encontradas de cada uma das práticas de liderança segundo a autoavaliação e a heteroavaliação, junto com a mediana, desvio padrão, mínimo e máximo. Tabela 12 - Medidas descritivas de posição e de variabilidade - domínios de Práticas de Liderança. Domínios (Práticas de Liderança) N Média Mediana D. P. Min Max Prat_1 MODELE (Autoavaliação) 1 4,5 4,5 0,55 4 5 Prat_1 MODELE (Heteroavaliação) 55 4,1 4,3 0,72 1,3 5 Prat_2 INSPIRE (Autoavaliação) 1 4,8 5,0 0,41 4 5 Prat_2 INSPIRE (Heteroavaliação) 55 4,2 4,3 0,68 1,8 5 Prat_3 QUESTIONE (Autoavaliação) 1 4,5 5,0 0,84 3 5 Prat_3 QUESTIONE (Heteroavaliação) 55 4,0 4,2 0,76 1,8 5 avaliação) Prat_4 CAPACITE (Autoavaliação) 1 4,0 5,0 0,52 4 5 Prat_4 CAPACITE (Heteroavaliação) 55 4,0 4,2 0,79 2,0 5 Prat_5 ANIME (Autoavaliação) 1 4,0 4,5 1,27 2 5 Prat_5 ANIME (Heteroavaliação) 55 3,8 4,0 0,98 1,3 5 Fonte: Pesquisa direta (2013). Nota: D. P.: Desvio Padrão, Min: Mínimo e Max: Máximo. Na tabela 13, a seguir, é feita a exibição da classificação, de mais frequente para menos frequente, de todos os 30 comportamentos de liderança, com base na média das respostas do Gestor. A média (MGE) corresponde às avaliações médias pelos empregados, que é mostrada separadamente. As linhas horizontais separam os 10 comportamentos mais frequentes e os 10 menos frequentes dos 10 do meio. Um sinal de mais (+) próximo a MGE indica que a resposta é mais de 0,5 pontos mais alta que a autoavaliação do gestor; um sinal de menos (-) indica que a resposta dos empregados é mais de 0,5 pontos mais baixa que a autoavaliação do gestor. Já que 0,5 é a diferença média entre a pontuação dos empregados e o gestor, qualquer diferença maior do que isso merece atenção. 72 Tabela 13 - Classificação das 30 questões dos 10 mais frequentes para os 10 menos frequentes de acordo com a média MGE comparado com autoavaliação. MAIS FREQUENTE PRÁTICA GESTOR Q14. Ele trata as pessoas com dignidade e respeito. Q22. Ele fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. Q11. Ele cumpre as promessas e os compromissos que assume na Instituição. Q13. Ele se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. Q28. Ele toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. Q01. Ele é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. Q27. Ele fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. Q23. Ele assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. Q25. Ele procura maneiras de celebrarmos sucessos alcançados. Q12. Ele compartilha conosco a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. FREQUÊNCIA MÉDIA Capacite Inspire 5 5 MGE +/5,0 4,6 Modele 5 4,4 - Questione 5 4,4 - Questione Modele 5 4 4,3 4,3 Inspire 5 4,3 - Questione Anime 4 5 4,2 4,2 - Inspire PRÁTICA 5 GESTOR 4,2 MGE +/- Capacite 5 4,1 - Modele 5 4,1 - Anime 5 4,1 - Modele Modele 4 5 4,1 4,1 - Inspire 5 4,1 - Inspire 4 4,0 Questione 5 4,0 - Capacite Capacite PRÁTICA 5 4 GESTOR 4,0 4,0 MGE +/- Anime 5 4,0 - Inspire 5 3,9 - Capacite 4 3,8 Modele 4 3,8 Questione 3 3,8 + Questione 5 3,7 - Anime Anime 3 3,6 + Anime 4 2 3,6 3,6 + Capacite 5 3,5 - Q04. Ele incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. Q06. Ele gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. Q15. Ele apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas nossas contribuições. Q21. Ele constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. Q26. Ele fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. Q02. Ele olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. Q17. Ele nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. Q08. Ele desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. Q24. Ele nos dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. Q09. Ele ouve afetivamente os diversos pontos de vista. MENOS FREQUENTE Q10. Ele encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. Q07. Ele descreve uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. Q29. Ele nos dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança. Q16. Ele procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. Q03. Ele procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. Q18. Quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: "O que podemos aprender com essa experiência?". Q30. Ele assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. Q20. Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. Q05. Ele elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito. Q19.Ele apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. Fonte: Pesquisa direta (2013). Nota: MGE = Avaliação média das práticas de liderança pelos funcionários (média geral). 73 Tabela 14 - Avaliação média das práticas de liderança pelos Empregados (MGE) e o gestor. PRÁTICA 1 - MODELE GESTOR Q01. Ele é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. Q06. Ele gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. Q11. Ele cumpre as promessas e os compromissos que assume na Instituição. Q16. Ele procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. Q21. Ele constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. Q26. Ele fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. PRÁTICA 2 - INSPIRE 4 MGE +/4,3 5 5 4,1 4,4 - 4 3,8 4 5 GESTOR 5 4,1 4,1 MGE +/4,1 - 5 3,9 - 5 4,2 - 4 5 4,0 4,6 5 GESTOR 4,3 MGE +/- 3 5 5 3,8 + 4,0 4,4 - 5 3,7 - 4 5 GESTOR 4,2 4,3 MGE +/- 5 4 5 5 4,1 4,0 5,0 3,5 - 5 4 GESTOR 2 4,0 3,8 MGE +/3,6 + 5 5 4,0 4,1 - 4 5 3,6 4,2 - 3 3,6 + Q02. Ele olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. Q07. Ele descreve uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. Q12. Ele compartilha conosco a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. Q17. Ele nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. Q22. Ele fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. Q27. Ele fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. PRÁTICA 3 - QUESTIONE Q03. Ele procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. Q08. Ele desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. Q13. Ele se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. Q18. Quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: "O que podemos aprender com essa experiência?". Q23. Ele assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. Q28. Ele toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. PRÁTICA 4 - CAPACITE Q04. Ele incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. Q09. Ele ouve afetivamente os diversos pontos de vista. Q14. Ele trata as pessoas com dignidade e respeito. Q19.Ele apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. Q24. Ele nos dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. Q29. Ele nos dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança. PRÁTICA 5 - ANIME Q05. Ele elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito. Q10. Ele encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. Q15. Ele apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas nossas contribuições. Q20. Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. Q25. Ele procura maneiras de celebrarmos sucessos alcançados. Q30. Ele assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. MGE: Avaliação média das práticas de liderança pelos funcionários (média geral) Fonte: Pesquisa direta (2013). 74 Quando a coluna +/- aparece em branco em uma dada linha, isso indica um grau razoável de concordância entre a pontuação do GESTOR e a média geral dos empregados (MGE). A escala da resposta varia entre 1-Nunca até 5- Frequentemente. Observa-se que em apenas 03 questões a heteroavaliação dos empregados foi mais alta que a autoavaliação do gestor, em 10, a heteroavaliação e a autoavaliação foram próximas e, em 17, a heteroavaliação foi menor que a autoavaliação. Observa-se na Tabela 14, uma concordância quanto às Práticas de Liderança entre o Gestor (autoavaliação) e os Empregados (heteroavaliação), em exatamente 33% (10/30) das questões. Uma maior avaliação dada pelo Gestor (autoavaliação) ocorreu para 57% (17/30) das questões e, apenas, 10% (3/30) das questões foram mais pontuadas pelos empregados (heteroavaliação). 4.5 VERIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE VARIABILIDADE ENTRE A VISÃO DOS EMPREGADOS EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS DE LIDERANÇA DO GESTOR CONSIDERANDO-SE AS VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS 4.5.1 Variabilidade das práticas de liderança versus gênero Em relação ao gênero dos pesquisados, há um predomínio do sexo feminino representando 67% (37/55) do total de pesquisados, contra 33% (18/55) do gênero masculino (Gráfico 03). A partir da aplicação do Teste Binomial, observou-se uma diferença, estatisticamente, significativa entre os sexos dos pesquisados, resultando significância p-valor=0,014 < 0,05 (nível de significância adotado), sendo as mulheres maioria na empresa. Esse resultado diverge do padrão de referência do setor, que segundo Fernandes (2011), por muitos anos priorizou a contratação de corretores homens de meia idade. Por outro lado, grandes empresas vêm democratizando o segmento investindo na diversificação da sua força de trabalho, contratando homens, mulheres, jovens, velhos, altos, baixos, bonitos, feios, o que importa são as competências para a venda. Na visão de Fernandes (2011, p. 12) “as mulheres, talvez por terem mais paciência e delicadeza com os clientes, têm levado vantagem em relação aos homens”, e com muita frequência vêm encabeçando as listas de campeões de vendas nas imobiliárias. 75 Gráfico 03 - Gênero dos funcionários da Imobiliária Execut. Fonte: Pesquisa direta (2013). Conforme os resultados da Tabela 15, o teste t aplicado para comparação das médias de pontuação, segundo o gênero dos funcionários, não apresentou diferença significativa em cada uma das pontuações médias das cinco Práticas de Liderança, ou seja, p-valor > =0,05 (nível de significância do teste). Tabela 15 - Pontuação média das Práticas de Liderança segundo o Gênero dos empregados. Práticas de Feminino Masculino Significância(a) Liderança (n=37) (n=18) p-valor 4,0 4,3 0,210 ns 2- INSPIRE+ 4,1 4,4 0,109 ns 3- QUESTIONE+ 4,0 4,3 0,103 ns 4 – CAPACITE+ 3,9 4,3 0,080 ns 5- ANIME+ 3,7 4,2 0,075 ns 1- MODELE + Fonte: Pesquisa direta (2013) Nota: (a) Teste t para comparação de duas amostras independentes, p-valor > 0,05 (ns: não significativo). (+) Teste de Levene para igualdade de variâncias, p-valor > 0,05 (não significativo, igualdade aceita). 76 4.5.2 Variabilidade das práticas de liderança versus função Conforme a Tabela 16 a seguir, a função exercida pelos pesquisados é praticamente dividida igualmente entre as duas funções, sendo 50,9% (28/55) de Corretores de Imóveis e 49,1% (27/55) na Administração. Em relação ao gênero, há um maior percentual de mulheres exercendo a função de corretor de imóveis, 67,9% (19/37) e, havendo um maior percentual de mulheres exercendo função administrativa, 66,7 % (18/37). Tabela 16 - Função exercida pelos funcionários pesquisados da Execut segundo o gênero (n = 55). Gênero Função na EXECUT Total Feminino Masculino n % n % n % Corretor de Imóveis 28 50,9 19 67,9 9 32,1 Administração 27 49,1 18 66,7 9 33,3 Total 55 100 37 67,3 18 32,7 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Entretanto, o teste de Qui-quadrado aplicado (Tabela de contingência 2 x 2) usado para verificar a associação da função exercida, segundo o gênero dos pesquisados, não apresentou resultados significativos, fornecendo estatística 2 = 0,009 com graus de liberdade (g.l.) = 1 e significância p-valor = 0,925 > =0,05 (nível de significância do teste). Tabela 17 - Função exercida pelos funcionários pesquisados da Execut segundo o Tempo de função (n = 55). Função que exerce Função na EXECUT Total Corretor de Imóveis n % 01 a 05 anos 35 63,6 17 60,7 18 66,7 06 a 10 anos 11 20,0 7 25,0 4 14,8 9 16,4 4 14,3 5 18,5 55 100 28 100 27 100 11 anos ou mais Total Fonte: Pesquisa direta (2013). n % Administração n % 77 De acordo com a Tabela 17, o tempo de função exercida pelos pesquisados predomina de 01 a 05 anos, representando 63,6% (35) dos funcionários, seguido de 06 a 10 anos representado por 20,0% (11/55) e totalizando 83,6% (46/55) com tempo máximo de exercício na função de até 10 anos. O teste de Qui-quadrado aplicado (Tabela de contingência 5 x 2) para verificar a associação do Tempo de função versus a função exercida dos pesquisados não apresentou resultados significativos, fornecendo estatística 2 = 0,949 com gruas de liberdade (g.l.) = 4 e significância p-valor = 0,625 > =0,05 (nível de significância do teste). Tabela 18 - Pontuação média das práticas de liderança segundo a função dos empregados. Práticas de Corretor Administrativo Significância(a) Liderança (n=37) (n=18) p-valor 4,4 3,8 0,002* 4,5 3,9 0,001* 4,3 3,8 0,006* 4 – CAPACITEb 4,3 3,8 0,006* 5- ANIMEb 4,3 3,4 0,000* 1- MODELEb 2- INSPIRE b 3- QUESTIONE b Fonte: Pesquisa direta (2013). Nota: (a) Teste t para comparação de duas amostras independentes, p-valor < 0,05 (result. significativo). (b) Teste de Levene para igualdade de variâncias, p-valor < 0,05 (signific., igualdade de variâncias, rejeitada). Conforme os resultados da Tabela 18, o teste t aplicado para comparação das médias de pontuação, segundo a função dos empregados, apresentou diferença estatisticamente significante entre as pontuações médias para todas as cinco Práticas de Liderança, ou seja p-valor < =0,05 (nível de significância do teste). 4.5.3 Variabilidade das práticas de liderança versus tempo de função A Tabela 19 mostra a distribuição do tempo de serviço dos funcionários segundo gênero. Observa-se que, independentemente do gênero, o tempo de função dos funcionários pesquisados predomina de 01 a 05 anos perfazendo 63,6% (35/55) do total de profissionais, seguido de 20,0% (11/55) dos funcionários com um tempo de 06 a 10 anos, totalizando 83,6% (46/55) de todos os funcionários. Sendo 78 que, existe um maior percentual de mulheres nos dois períodos de tempo 67,6% e 21,6%, respectivamente, contra 55,6% e 16,7% dos homens. Tabela 19 - Distribuição do tempo de serviço dos funcionários segundo gênero. Gênero dos funcionários Tempo na Organização Total Feminino n % 01 a 05 anos 35 63,6 25 67,6 10 55,6 06 a 10 anos 11 20,0 8 21,6 3 16,7 11 a 15 anos 5 9,1 2 5,4 3 16,7 16 a 20 anos 2 3,6 1 2,7 1 5,6 Mais de 20 anos 2 3,6 1 2,7 1 5,6 55 100 37 100 18 100 Total n Masculino % n % Fonte: Dados da pesquisa (2013). Entretanto, o teste de Qui-quadrado (Tabela de contingência 5 x 2) aplicado para verificar a associação do tempo de serviço segundo o gênero dos pesquisados não apresentou resultados significativos, fornecendo estatística 2 = 2,654 com graus de liberdade (g.l.) = 4 e significância p-valor = 0,617 > =0,05 (nível de significância do teste). Tabela 20 - Pontuação média das Práticas de Liderança segundo o tempo de função dos Empregados. Práticas de 01 a 05 anos 06 a 10 anos 11 anos ou + Significância(a) Liderança (n=35) (n=11) (n=9) p-valor 4,2 4,2 3,9 0,600 ns 4,3 4,0 4,0 0,277 ns 4,1 3,9 3,9 0,583 ns 4 - CAPACITEb 4,1 4,0 3,9 0,775 ns 5- ANIMEb 3,9 3,7 3,8 0,880 ns 1- MODELEb 2- INSPIRE 3- QUESTIONE b Fonte: Pesquisa direta (2013). Nota: (a)Teste paramético – Análise de Variância (ANOVA), comparação de três ou mais amostras independentes, resultados: p-valor > 0,05 (ns: não significativo). (b) Teste de Levene para igualdade de variâncias, p-valor > 0,05 (não signif., igualdade aceita). 79 Conforme os resultados da tabela 20, a análise de variância (ANOVA) de uma classificação aplicada para comparação das médias de pontuação segundo o tempo de função dos empregados, não apresentou diferença significativa em cada uma das pontuações médias das cinco Práticas de Liderança, ou seja, p-valor > =0,05 (nível de significância do teste). 80 5. CONCLUSÕES O objetivo geral dessa pesquisa foi investigar as práticas de liderança de um gestor imobiliário. A empresa participante deste estudo foi à imobiliária Execut, localizada na cidade de João Pessoa, atuante no mercado Paraibano há 25 anos. A empresa é dirigida pelo seu diretor fundador Gilvandro de Almeida Ferreira Guedes, tendo suas práticas de liderança sido investigadas, bem como a percepção dos seus empregados sobre estas. O modelo proposto nessa investigação, dos autores Kouzes e Posner (2013), definem as regras para as cinco práticas de liderança exemplar: (1) os líderes modelam o estilo que devem ser seguidos pela sua equipe, esclarecendo os valores comuns, sendo o exemplo a ser seguido; (2) inspiram uma visão comum, imaginando um futuro brilhante, envolvendo as pessoas para compartilharem da mesma visão; (3) questionam o processo em busca de soluções e idéias inovadoras, aprendendo com a experiência; (4) capacitam os outros para a ação fortalecendo as pessoas, os relacionamentos e as competências; (5) animam os corações comemorando as vitórias e reconhecendo as contribuições individuais. Foram pesquisados 01 gestor e 55 empregados. O perfil sociodemográfico dos empregados é assim apresentado: quanto ao gênero, observou-se que a maioria, ou seja, 67% são do gênero feminino e o restante, 33% são do gênero masculino. Sendo que 50,9% exercem a função de corretores de imóveis e 49,1% são do setor administrativo e de apoio. No tocante ao tempo de trabalho, 63,3% trabalha entre 01 a 05 anos na empresa, 20,0% entre 06 a 10 anos e 16,4% 11 anos ou mais. De acordo com a análise realizada em relação as práticas de liderança do gestor, identificou-se através da autoavaliação que ele aparece alinhado em 63,3% das cinco práticas de liderança exemplar dos autores Kouzes e Posner (2013) ao declarar que frequentemente as pratica. Sendo a prática “inspire uma visão comum” a que teve o maior número de conformidade, em seguida as práticas “questione o processo” e “capacite os outros para a ação” e por último “modele o caminho” e “anime os corações”. A análise da heteroavaliação, proveniente da percepção dos empregados, referente as práticas de liderança do gestor, indicou a prática “inspire uma visão comum” como a melhor avaliada, em seguida “modele o estilo”, “questione o processo”, “capacite os outros para ação” empatadas e, por último, “anime os 81 corações”. Esses resultados são semelhantes aos encontrados na autoavaliação. Contudo, no geral, as médias da autoavaliação foram um pouco maior que as da heteroavaliação, sendo esta uma tendência para esse tipo de investigação segundo os estudos de Kouzes e Posner (2013). Observou-se também, uma concordância quanto às práticas de liderança entre o gestor (autoavaliação) e os empregados (heteroavaliação), em exatamente 33% das questões. Uma maior avaliação dada pelo Gestor (autoavaliação) ocorreu para 57% das questões e, apenas, 10% das questões foram mais pontuadas pelos empregados (heteroavaliação). Os testes de significância e análise de variancia realizados para detectar a existência de variabilidade entre a visão dos empregados em relação as práticas de liderança do gestor, segundo as variáveis sóciodemográficas gênero e tempo na organização, não apresentaram diferença significativa. Entretanto, em relação a função dos empregados, foi encontrada uma diferença estatisticamente significante entre as pontuações médias para todas as cinco práticas de liderança, revelando que os corretores de imóveis avaliaram melhor o gestor que os do setor administrativo e de apoio. Este estudo contribui para a ampliação do entendimento da temática da liderança, que apesar de muito falada, tem sido pouco compreendida, e alguns mitos ao seu respeito têm surgido. Por isso, a importância de se esclarecer os seus conceitos. O aprendizado da liderança por parte de um gestor provoca uma transformação profunda em seus valores e crenças pessoais, beneficiando a sua interação com os outros e consigo mesmo. Ela estimula comportamentos mais justos e humanos, ao considerar os impactos de suas decisões, tanto para a empresa quanto para os membros de sua equipe. Além disso, aproxima as pessoas, aumentando a motivação e o comprometimento delas, facilitando o trabalho em equipe. A prática de liderança melhor avaliada nesse estudo, tanto na autoavaliação do gestor quanto na heteroavaliação dos empregados foi, “inspire uma visão comum”. Esse resultado sugere que o gestor pesquisado tem pensado no amanhã e deixado claro a sua visão para o futuro da empresa. Para futuras pesquisas, sugere-se investigar as variáveis que influenciaram nas diferentes percepções sobre a liderança do gestor apresentada pelos dois grupos de empregados, na medida que os corretores de imóveis avaliaram melhor o 82 gestor do que os do setor administrativo e de apoio. Essas variáveis podem estar presentes no vínculo de trabalho que esses profissionais têm com a empresa, tendo em vista que os corretores são parceiros autônomos e os do setor administrativo e de apoio contratados formalmente. 83 REFERÊNCIAS ALBRECHT, K. Revolução nos serviços: como empresas podem revolucionar a maneira de tratar, seus clientes. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. AMORIM, T. N. G. F.; AMORIM, A. N. Entre Magos e Magias: como Gestores e Líderes se Efetivam na Organização. In: XII Encontro da ANPAD, p. 1-16, set. 2008. AMORIM, T. et al. É Possível Liderar no Judiciário? Um Estudo Buscando Caracterizar a Liderança e o Gênero no Tribunal de Justiça de Pernambuco. 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TEMPO NA ORGANIZAÇÃO ( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) Mais de 20 anos 3. FUNÇÃO ( ) CORRETOR DE IMÓVEIS ( ) SETOR ADMINISTRATIVO E/OU DE APOIO 90 ANEXO A Questionário B: Inventário das Práticas de Liderança Heteroavaliação Logo a seguir você encontrará 30 (trinta) afirmativas descrevendo várias práticas de liderança. Por favor, leia cada uma cuidadosamente. Então, veja a escala de pontuação abaixo e decida qual a frequência do comportamento do avaliado (Gilvandro Guedes) para cada questão e marque um (X) na alternativa correspondente. A escala a ser utilizada é a seguinte: 1 – Nunca 2 – Ocasionalmente 3 – Algumas vezes 4 – Muitas Vezes 5 – Frequentemente Responda como ele tipicamente se comporta no dia a dia, nos projetos e com as pessoas. Para cada afirmativa, escolha um número correspondente dentro da escala apresentada. AFIRMATIVAS 1 – Ele é um exemplo pessoal daquilo que espera das outras pessoas. 2 – Ele olha para o futuro e comunica acerca do que acredita que afetará a Instituição. 3 – Ele procura diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as minhas competências e habilidades. 4 – Ele incentiva relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. 5 – Ele elogia as pessoas pelo trabalho bem-feito. 6 – Ele gasta tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. 7 – Ele descreve uma imagem desafiadora do que nós deveríamos ser capazes de atingir. 8 – Ele desafia as pessoas a tentarem abordagens inovadoras 1 2 3 4 5 91 em seus trabalhos. 9 – Ele ouve afetivamente os diversos pontos de vista. 10 – Ele encoraja as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. 11 – Ele cumpre as promessas e os compromissos que assume na Instituição. 12 – Ele compartilha conosco a visão acerca do quanto melhor a nossa Instituição pode ser no futuro. 13 – Ele se mantém atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. 14 – Ele trata as pessoas com dignidade e respeito. 15 – Ele apoia as pessoas na Instituição e exprime apreciação pelas nossas contribuições. 16 – Ele procura maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência de suas ações na produtividade das outras pessoas. 17 – Ele nos mostra como seus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. 18 – Quando as coisas não acontecem como se espera, ele pergunta: “O que podemos aprender com essa experiência?”. 19 – Ele apoia as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria na Instituição. 20 – Ele reconhece publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. 21 – Ele constrói consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. 22 – Ele fica contente e é positivo sobre as possibilidades do futuro. 23 – Ele assegura que estabeleçamos objetivos e façamos planos específicos para os projetos que iniciamos. 24 – Ele nos dá liberdade e poder de escolha em relação a como realizamos nosso trabalho. 25 – Ele procura maneiras de celebrarmos sucessos 92 alcançados. 26 – Ele fala acerca dos valores e princípios que guiam as suas ações. 27 – Ele fala com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que estamos fazendo. 28 – Ele toma iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. 29 – Ele nos dá oportunidades para que tenhamos responsabilidades de liderança. 30 – Ele assegura que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. 93 ANEXO B Questionário C: Inventário das Práticas de Liderança Autoavaliação Logo abaixo você encontrará 30 (trinta) afirmativas descrevendo várias práticas de liderança. Por favor, leia cada uma cuidadosamente. Então, veja a escala de pontuação e decida com que frequência você apresenta cada um dos comportamentos. A escala a ser utilizada é a seguinte: 1 – Nunca 2 – Ocasionalmente 3 – Algumas vezes 4 – Muitas Vezes 5 – Frequentemente Responda como você tipicamente se comporta no dia a dia, nos projetos e com as pessoas. Para cada afirmativa, escolha um número correspondente dentro da escala apresentada e marque um (X) à direita da afirmativa. AFIRMATIVAS 1 – Eu sou um exemplo pessoal daquilo que espero das outras pessoas. 2 – Eu olho para o futuro e comunico acerca do que acredito que vai afetar a Instituição. 3 – Eu procuro diferentes maneiras para desenvolver e desafiar as competências e habilidades dos funcionários e colaboradores da instituição. 4 – Eu incentivo relações de cooperação em vez de competição entre as pessoas da Instituição. 5 – Eu elogio as pessoas pelo trabalho bem-feito que executam. 6 – Eu gasto tempo e energia para assegurar que as pessoas estejam alinhadas aos princípios e padrões estabelecidos pela Instituição. 7 – Eu descrevo uma imagem desafiadora do que as pessoas devem ser capazes de atingir. 1 2 3 4 5 94 8 – Eu desafio as pessoas a tentarem abordagens inovadoras em seus trabalhos. 9 – Eu ouço afetivamente os diversos pontos de vista. 10 – Eu encorajo as pessoas enquanto trabalham em atividades e programas da Instituição. 11 – Eu cumpro as promessas e os compromissos que assumo na Instituição. 12 – Eu compartilho com as pessoas a visão acerca do quanto melhor a Instituição pode ser no futuro. 13 – Eu me mantenho atualizado em eventos e atividades que possam afetar a Instituição. 14 – Eu trato as pessoas com dignidade e respeito. 15 – Eu apoio as pessoas na Instituição e exprimo apreciação pelas suas contribuições. 16 – Eu procuro maneiras de obter feedback (retorno) acerca da influência das minhas ações na produtividade das outras pessoas. 17 – Eu mostro como meus interesses podem ser realizados através de uma visão comum. 18 – Quando as coisas não acontecem como se espera, eu pergunto: “O que podemos aprender com essa experiência?”. 19 – Eu apoio as decisões que os gestores tomam por iniciativa própria. 20 – Eu reconheço publicamente as pessoas que demonstram compromisso com os valores da Execut. 21 – Eu construo consenso em volta do conjunto de valores que foram estabelecidos para a Instituição. 22 – Eu fico contente e sou positivo sobre as possibilidades do futuro. 23 – Eu asseguro que as pessoas estabeleçam objetivos e façam planos específicos para os projetos que iniciaram. 24 – Eu dou liberdade e poder de escolha em relação a como as pessoas realizam seu trabalho. 95 25 – Eu procuro maneiras das pessoas celebrarem sucessos alcançados. 26 – Eu falo acerca dos valores e princípios que guiam as minhas ações. 27 – Eu falo com convicção acerca dos importantes propósitos e do significado daquilo que as pessoas estão fazendo. 28 – Eu tomo iniciativa para vencer obstáculos sempre quando os resultados são incertos. 29 – Eu dou oportunidades para que as pessoas tenham responsabilidades de liderança. 30 – Eu asseguro que as pessoas na Instituição sejam criativamente reconhecidas pelas suas contribuições. 96 ANEXO C Autorização da Execut para a pesquisa