“MARIA”, VERBETE DE AFONSO MURAD (Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte, MG)
NO DICIONÁRIO DO CONCÍLIO VATICANO II (São Paulo : Paulus/Paulinas, 2015)
José Raimundo Gomes da Cruz
Antigo Curador de Ausentes e Incapazes de São Paulo
Procurador de Justiça de São Paulo aposentado
Antes do verbete, com seus tópicos enumerados, a epígrafe: “A visão acerca de Maria
(M.) no VATICANO II”, cf. tal verbete, – “concentra-se no Capítulo VIII da LUMEN
GENTIUM” – cf. tal verbete. – “O texto de LG 52-59 é considerado como o documento
doutrinal mais significativo e orgânico sobre a Mãe de Jesus emanado pelo IGREJA
CATÓLICA” – cf, este verbete – “nos últimos séculos. Ele provoca uma reviravolta na
mariologia, abrindo caminhos para a renovação da prática PASTORAL” – cf. este verbete –
“e a reflexão teológica, no espírito do Concílio.”
O tópico I do verbete Maria traz o título: “Antecedentes e história do Capítulo 8 da
Lumen Gentium”.
O tópico n. II do verbete Maria se intitula: “Síntese do capítulo VIII da Lumen
Gentium.
No tópico III – “Contribuição do Concílio para uma visão atual sobre Maria”. Destacase que o capítulo 8 da Lumen Gentium mostra a Mãe de Jesus, não de maneira isolada, mas
sim em interdependência com Cristo e a Igreja. Aponta-se a multiplicidade e o caráter
complementar das formas de relação de Maria com a comunidade dos seguidores do Cristo.
Maria é, ao mesmo tempo, “membro, mãe e protótipo da Igreja”.
Trecho obrigatório de Murad: “A reflexão sobre M. articula-se principalmente com
textos bíblicos e patrísticos. Não há referências explícitas aos tradicionais tratados de devoção
a M. dos últimos cinco séculos, marcados em grande parte pelo maximalismo mariano.
Ignoram-se também as mensagens de videntes e de aparições. – Põem-se as bases teológicas
para superar a ambiguidade de títulos marianos como ‘medianeira’ e ‘corredentora’.
Reafirma-se o dado bíblico da única mediação de Cristo, elemento fundamental para o
ECUMENISMO” – cf. tal verbete. – “M. e os Santos cooperam na missão salvífica de Jesus.
Tal cooperação não os coloca no mesmo nível do Cristo. – O Concílio alerta sobre os
equívocos dos extremos do minimalismo (subtrair a presença de M. do cotidiano dos
católicos) e do maximalismo (devocionismo que se afasta da centralidade de Jesus). Nem toda
forma de devoção mariana é saudável. Critica o afeto estéril e transitório e a vã credulidade.
Valoriza inspirar-se no perfil bíblico-espiritual de Maria.”
O Dicionário, na observação de Murad, busca o reflexo do Vaticano II no “continente
latino-americano”, onde “a reflexão e a prática pastoral continuam o movimento iniciado pelo
Concílio. No âmbito acadêmico, teólogos (as) redescobrem o rosto bíblico de M. a partir dos
Evangelhos de Lucas e de João: perfeita discípula de Jesus, peregrina da fé, sinal da opção
preferencial pelos pobres, mulher, mãe da comunidade, solidária aos crucificados.
Reinterpretam-se os dogmas marianos em chave existencial e espiritual, à luz das correntes
teológicas atuais. Na pastoral, incentiva-se a percorrer o caminho de Maria, a partir de Jesus.
Resgatam-se valores da religiosidade popular. Proclama-se que M. glorificada é a mulher de
Nazaré, peregrina na fé. Mulher forte, profetiza dos pobres no Magnificat e mãe carinhosa dos
fieis.”
Além dos verbetes citados por Murad, ao longo do seu verbete, este se encerra com os
termos correlatos: discipulado, dogma, Jesus Cristo e Lumen Gentium.
Toda a bibliografia é pós-conciliar, refletindo-se nas importantes quatro páginas do
verbete examinado do Dicionário do Concílio Vaticano II.
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