: CONVERGÊNCIAS
Sofia Esteves
Psicóloga Clínica
Os Meios de Comunicação Social
e a Criança
A comunicação pode definir-se como uma
troca de ideias, sentimentos e/ou experiências entre os indivíduos. Esta implica a figura
do emissor (aquele que emite a mensagem)
e do receptor (o que recebe a mensagem do
emissor), o que faz com que esta comunicação seja bilateral.
Comunicar é diferente de informar. A acto de
informar implica a emissão de uma mensagem,
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Cadernos de Educação de Infância nº77 . Mar/06
onde não existirá informação de retorno por
parte do receptor, servindo só para pôr o indivíduo ao corrente de uma determinada situação. Isto pode levar a interpretações incorrectas da mensagem que se pretende transmitir.
É importante pensar nesta questão, quando
falamos nos meios de comunicação social e
quando reflectimos sobre a influência que estes
podem ter sobre as nossas crianças ou jovens.
A atractibilidade que os meios de comunicação social exercem sobre as nossas crianças é
claramente evidente. Basta observarmos uma
criança em frente à televisão. Chega a ser assustador verificar que esta se encontra, muitas
vezes, num estado que se pode considerar “hipnótico”, onde as cores, o som e o movimento
tomam conta dos sentidos da criança.
As mensagens transmitidas por este meio
são de tal formas poderosas que se tornam
inquestionáveis, levando a um deturpamento
do sentido crítico.
A nossa mente é constantemente bombardeada com informações claras, rápidas e de fácil
absorção, semelhante à “fast-food”.
Cabe aos pais, educadores e técnicos avaliar
que tipo de influência os meios de comunicação exercem, pois não devemos, nem podemos, esquecer que é através das informações
que o meio fornece que a criança vai coligindo o seu sistema de valores.
Cada série infantil e juvenil, que as crianças
consomem diariamente, apelam muitas vezes à violência, à competição que não olha a
meios para atingir os fins e ao individualismo,
só para citar alguns exemplos.
E não só! Basta dar uma vista de olhos pelos
anúncios, que interpelam cada série, que se
pode verificar constantemente a sobrevalorização do valor do consumismo, onde tudo se
compra e tudo se vende.
É necessário, por isso, analisar o conteúdo
das mensagens que são transmitidas, e a que
tipo de interpretações poderão ser sujeitas,
pois uma determinada mensagem pode ser
interpretada de diferentes formas, dependendo do indivíduo e do sistema de valores que
o acompanha.
Há que reter que informar, ao contrário de
comunicar, não permite uma “troca”. Nesta
situação, o julgamento do que se está a ouvir,
ler e/ou ver, não é estimulado.
É da responsabilidade dos educadores estimular
o sentido crítico da criança e acompanhá-la na
“viagem” pelos meios de comunicação social,
para que esta se proceda sem percalços, auxiliando na escolha do caminho mais adequado
sempre que se encontre uma encruzilhada.
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Os meios de comunicação social e a criança