OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
“Os meios de comunicação de massa têm uma grande influência na percepção de
riscos, seja em uma nova epidemia, seja em um ataque terrorista ou em um
desastre natural.....
...A Internet, a televisão, o rádio, os jornais e as revistas são os recursos de maior
acesso à informação diária sobre riscos para a saúde. Na cobertura de notícias de
saúde, os meios de comunicação desempenham duas funções importantes:
explicam e relatam a informação científica e as políticas do governo para o
público, ao mesmo tempo em que refletem as preocupações do público em geral”.
OMS, Relatório Mundial de Saúde – 2007
1. Introdução
Há duas características que distinguem os meios de comunicação de outros grupos de
interesse e que limitam sua participação em uma situação de risco. Por um lado, a
missão, isto é, o principal propósito dos meios de comunicação, é proporcionar ao
público informação atual, muitas vezes combinada com notícias e entretenimento. Esta
missão é a prioridade que está acima de qualquer aspecto de risco. A outra
característica distintiva dos meios de comunicação é a posição e a representação.
Aqueles grupos de interesse que não se relacionam com os meios de comunicação e
que fazem parte de um processo de decisão relativo a um determinado risco, muitas
vezes oferecem pontos de vista de profissionais tais como pessoal de saúde,
proprietários de residências, etc. Nas discussões de grupo, essas pessoas refletem os
valores e juízos daqueles que representam.
Quando o repórter de um jornal escreve uma matéria sobre um derramamento químico
ou um vazamento radioativo, está fazendo comunicação de risco. Quando um jornalista
de uma revista escreve um artigo sobre a chuva ácida, também está escrevendo sobre
riscos.
Sabe-se que muitas pessoas formam sua opinião sobre os riscos associados ao meio
ambiente, à saúde e à segurança a partir do que lêem nos jornais, escutam na rádio e
vêem na televisão. Ao comunicar informação relacionada a riscos, os administradores,
técnicos, profissionais da saúde e especialistas em comunicação muitas vezes têm de
lidar com os meios de comunicação de massa como fornecedores, intérpretes e
guardiões da informação.
Os riscos não são cobertos pelos meios de comunicação de acordo com sua
probabilidade de ocorrência. Os acidentes de aviação, por exemplo, têm uma maior
cobertura que os ataques de coração que fazem mais vítimas por ano. O resultado é um
juízo errado da freqüência de determinados eventos letais. Por conseguinte, aqueles
que comunicam riscos em uma situação de crise podem muito facilmente conseguir a
atenção dos meios de comunicação, enquanto que aqueles que trabalham em
comunicação voltada para o consenso ou para o cuidado têm mais dificuldade em
alcançar seus públicos-alvo através dos meios de comunicação.
1
Como existe uma ampla variedade de fontes que oferecem informação sobre riscos, o
fundamental é que o jornalista ou comunicador esteja consciente da veracidade, do
rigor e do compromisso de cada uma delas; condições básicas que qualquer fonte deve
cumprir. É importante que o jornalista ou comunicador não se transforme em um portavoz da fonte, mas sim que contraste a informação de modo a ter um cenário completo e
equilibrado da situação de risco a tratar.
2. Relação com os meios de comunicação
Na medida em que haja uma boa relação de trabalho entre as organizações dos meios
de comunicação e as pessoas que comunicam o risco, aumenta a possibilidade de que
a cobertura seja equilibrada e precisa. Ao mesmo tempo, se os meios de comunicação
publicam ou veiculam algo a respeito de que os comunicadores não estão de acordo
[com relação a um determinado risco], é mais provável que suas preocupações sejam
ouvidas se forem reconhecidos como profissionais de credibilidade e dispostos a
compartilhar informação.
Independentemente do nível de participação dos meios de comunicação, a forma como
um risco é descrito pode ser um desafio. Muitos cientistas que participam do processo
de avaliação de riscos se sentem incômodos diante da possibilidade de estabelecer
uma relação com os repórteres. Isso se deve ao fato de que não podem controlar como
será divulgada a informação que eles proporcionam e temem que os conceitos sejam
citados erroneamente, além do receio de que o comunicador possa acrescentar
informação que ele não forneceu e que, muitas vezes, resulta em falsas acusações ou
desvio da atenção do problema real. Ao fazer uma pesquisa sobre determinado risco, o
jornalista pode se aproximar de um de seus principais interlocutores, que é o cientista,
mas não pode trabalhar com a terminologia difícil do especialista. A comunicação,
então, se converte em um ponto de conflito, e não de encontro. Um jornalista enfrenta a
premência e os fatos, enquanto que o cientista está obrigado a ter paciência e se
concentra nos processos; isso cria diferentes ritmos de pesquisa, o que, inúmeras
vezes, causa frustração ao jornalista. Daí a necessidade de um jornalismo especializado
em matéria ambiental que veicule informação atualizada, rigorosa, científica,
contrastada e contextualizada sobre o meio ambiente. Isso não é tarefa livre de
dificuldades, dado o grande volume de dados, a multiplicidade de fontes e a
complexidade dos processos, que freqüentemente são suscetíveis de diferentes
interpretações. Além disso, às vezes o repórter transcreve informação de segunda mão,
não-confrontada com a fonte original. A todos estes problemas se somam os
decorrentes da pluralidade de atores, interesses e valores que entram em jogo.
A maioria do pessoal dos meios de comunicação tem pouca formação prévia em
ciência, medicina, toxicologia, epidemiologia, engenharia, estatística, economia, direito
e todas as disciplinas relacionadas ao risco, exceto os repórteres especializados de
publicações de grande circulação. Por conseqüência, quando os comunicadores
enfrentam aspectos complexos, nos quais até os especialistas estão em desacordo, é
difícil que façam uma análise objetiva e fundamentada da situação; assim, concentramse no aspecto humano, no drama e na política. Também ocorrem distorções quando os
jornalistas procuram explicar tecnicismos com palavras mais simples. Daí a necessidade
de aproximação entre os meios de comunicação e os pesquisadores, técnicos e
tomadores de decisões, de modo que fortaleçam seu juízo e entendimento sobre os
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problemas de saúde ambiental. Isso facilitará uma cobertura mais ampla e um tratamento
mais objetivo e claro dos assuntos.
Para uma interação efetiva com os jornalistas, a primeira coisa que se deve fazer é
entender as diferenças entre os especialistas em risco e os profissionais dos meios de
comunicação; não é que os dois grupos sejam mutuamente excludentes, mas sim que é
possível encontrar pontos de convergência que promovam uma relação de trabalho
benéfica.
Na comunicação voltada para o cuidado, as organizações dos meios de comunicação
podem selecionar um papel ativo para elucidar e reduzir um determinado risco. Neste
papel, as organizações dos meios de comunicação muitas vezes explicam as
conseqüências negativas do risco para a comunidade e sugerem maneiras pelas quais
as pessoas, os grupos e comunidades inteiras podem agir para se reduzirem os riscos.
Neste caso, os profissionais, técnicos e formuladores de políticas podem trabalhar
diretamente com os meios de comunicação e outros representantes da comunidade
para caracterizar os riscos e encontrar as alternativas.
Quando uma crise apresenta um perigo iminente, é provável que os repórteres
comecem por transmitir a informação existente, uma vez que o público deve ser
prontamente alertado para se proteger. Posteriormente, as organizações dos meios de
comunicação podem realizar uma pesquisa mais pormenorizada que procure cobrir
aqueles aspectos deixados de lado e que levaram à crise. Esse exercício pode significar
trabalhar com organizações que fazem a pesquisa oficial, grupos de cidadãos,
responsáveis por políticas e outros atores que descrevam um panorama mais completo
do risco, suas causas e possíveis soluções.
3. Principais recomendações para maior eficiência
Lundgren e McMakin sugerem as seguintes recomendações, que também aplicam à
comunicação voltada para o cuidado, o consenso e a crise:
Desenvolver relações com os representantes dos meios de comunicação locais e
regionais: Os jornalistas precisam ter histórias e idéias interessantes para contar à
comunidade. Os comunicadores podem fornecer esse tipo de informação que facilite o
trabalho dos jornalistas. Ao demonstrar que funciona como uma fonte de informação, é
possível construir uma relação de longo prazo. Essa boa reputação de fidedignidade
permitirá que seja procurado como fonte no futuro.
Saber quando aproximar-se dos meios de comunicação ou quando eles podem se
aproximar: Quando existe, potencialmente, um risco imediato de saúde pública ou
ambiental, é necessário entrar em contato com os representantes dos meios de
comunicação rapidamente, de modo que o público-alvo possa ser informado sobre
como evitar ou reduzir o risco. No plano de comunicação de riscos, deve-se prever a
forma de contatar imediatamente os meios de comunicação, inclusive o apoio de um
porta-voz capacitado. Deve-se ter certeza de que a informação que for emitida é de
credibilidade e defensável, uma vez que, de outro modo, a confiança pode ser
comprometida.
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Preparar as mensagens e os materiais com muito cuidado: O planejamento é
fundamental para qualquer interação bem sucedida com os meios de comunicação.
Quando se prepara uma entrevista com algum jornalista, deve-se prever o tipo de
perguntas que serão feitas e como serão respondidas. Para uma entrevista na rádio,
televisão ou jornal, deve-se ter duas ou três mensagens importantes que se deseja
transmitir ao público.
Saber quando marcar limites: Muitas vezes os repórteres fazem perguntas que vão
além da experiência do entrevistado. Caso não se saiba a resposta, convém
simplesmente dizer “não sei” e pode-se recomendar algum profissional especializado
no tema que possa responder a pergunta. Não se deve especular sobre uma resposta,
uma vez que isso pode confundir o repórter e o público ouvinte, o que põe em jogo a
credibilidade, principalmente se forem mencionados números. Quando for entrevistado,
não se sinta na obrigação de responder todas as perguntas, nunca diga algo que não
quer que saia na reportagem. Tampouco em uma situação de crise diga “sem
comentários”, uma vez que isso pode ser interpretado como se a pessoa estivesse
assumindo culpa pela organização; é melhor dizer quando poderá dar uma resposta
precisa.
Perguntas a serem consideradas antes de uma entrevista
Qual é o nome do repórter, da organização e o número de
telefone?
Quais matérias o repórter cobriu anteriormente?
Quem geralmente lê, vê e/ou escuta a publicação ou o
programa?
Onde e quando aparecerá a matéria?
Qual é a data limite para a matéria?
Onde será realizada a entrevista?
Quanto tempo durará a entrevista?
Aspectos
Qual a extensão da matéria?
logísticos
O repórter verificará a precisão das informações específicas
atribuídas à pessoa a ser entrevistada?
Qual é o tema da história?
Que tipo de temas o repórter quer abordar na entrevista?
Que tipo de perguntas fará?
O repórter fez alguma pesquisa sobre antecedentes?
Perguntas
O repórter deseja receber material sobre antecedentes antes da
temáticas
entrevista?
Quem mais foi entrevistado? O que disse/disseram?
Quem mais será entrevistado?
Lundgren e McMakin, 2004.
Perguntas
básicas
Esteja consciente dos limites de sua posição no assunto específico ao representar a
organização para a qual trabalha.
Formular a mensagem em termos que o público do repórter possa entender: Quando se
fornece informação impressa ou visual a um jornalista, é preciso ter presente que, se
estiver falando para um público geral, muitos conhecerão menos que você sobre
questões de risco e pode-se orientar o jornalista quanto à interpretação da informação.
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Convém evitar jargão e, de preferência, usar palavras simples, que permitem relacionar
as coisas, bem como preparar informação a ser fornecida aos meios de comunicação.
Contextualize o risco: Ao fornecer informação impressa, visual ou oral, indique como os
novos achados fortalecem ou contradizem estudos anteriores; este tipo de informação
ajuda a população a avaliar o risco e poder diferenciar entre o risco real e sua
percepção. Um dos pontos importantes é distinguir entre o risco individual e o social.
Sugere-se pedir ao jornalista que também entreviste outros profissionais que possam ter
um ponto de vista diferente do seu, o que é particularmente útil em entrevistas coletivas
com a imprensa.
Respeitar os prazos do repórter: Retorne a chamada de um repórter tão logo lhe seja
possível. Forneça informação adicional, oral ou impressa, fotografias ou revisões de
material. Só se tem uma oportunidade de fornecer informação.
Manter padrões éticos na divulgação: Ao falar com os representantes dos meios de
comunicação, expresse formalmente qualquer interesse ou ainda outros conflitos de
interesse, o que é particularmente importante em se tratando de tecnologias
patenteadas. No caso de pesquisas patrocinadas, convém indicar a agência doadora
dos recursos financeiros.
Agir quando material impreciso ou errôneo for publicado ou divulgado: Os repórteres
quase nunca pedem à fonte que revise a matéria antes de ser divulgada ou publicada,
razão pela qual sempre convém pedir aos jornalistas que enviem uma minuta ou versão
preliminar da matéria a ser divulgada; o entrevistado tem esse direito. A maioria dos
repórteres agradece se lhes forem indicadas imprecisões com relação à informação; no
entanto, tal indicação não significa que haverá, imediata ou necessariamente, uma
correção.
Os meios de comunicação também tendem, com freqüência, a imitar-se uns aos outros e a
ser propensos a modismos, a adquirir interesses repentinos, motivados por
acontecimentos específicos, principalmente temas da atualidade, e logo, com a mesma
rapidez, se cansam deles.
A cobertura do risco também é afetada pelas limitações próprias do jornalismo, como o
tamanho da organização, a restrição do espaço ou do tempo no ar, a disposição para a
cobertura de notícias importantes, os prazos para a entrega das matérias e o difícil
acesso a fontes externas.
Para uma matéria menor, os repórteres poderão precisar de apenas uma fonte. Se uma
fonte competente tem algo mais a dizer, o repórter pode gerar uma matéria de
seguimento ou acompanhamento no dia seguinte. Os diferentes tipos de fontes
confiáveis proporcionam aos repórteres diferentes tipos de conteúdo.
Os prazos de fechamento tão apertados impedem um tratamento profundo do tema
porque os repórteres não têm tempo suficiente para pesquisar. A maioria das matérias
sobre notícias de impacto é escrita em poucas horas, não dias, ainda que os jornalistas
que cobrem informação sobre tecnologia ou ciência complexa possam levar até uma
semana em determinados casos. Muitas vezes, os repórteres não especializados, em
particular os de publicações ou emissoras pequenas, não sabem aonde recorrer para
encontrar fontes autorizadas e, às vezes, consultam as fontes menos apropriadas.
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As campanhas de saúde pública representam uma situação em que se faz
comunicação voltada para o cuidado e na qual os meios de comunicação
desempenham um papel muito importante. Os aspectos relacionados ao risco muitas
vezes assumem um papel central. As campanhas são concebidas para provocar
mudanças de longo prazo em termos de conhecimento, atitudes, condutas e, às vezes,
políticas públicas. É possível, por exemplo, conceber campanhas para o uso de
preservativo, para melhorar hábitos alimentares, combater o tabagismo e outros vícios,
etc.
A avaliação deste tipo de campanha, seja em termos de mudança de atitude individual
ou de conduta, muitas vezes é difícil, pois muitos fatores intervêm além da cobertura
dos meios de comunicação e podem contribuir para a mudança em nível pessoal.
Alguns elementos de avaliação podem provir de pesquisas de opinião e da observação
de indivíduos da população-alvo; exame de arquivos institucionais de conduta
individual; entrevistas com aqueles que convivem com os indivíduos; pesquisa de
mudanças institucionais nos sistemas legais, empresariais, industriais ou educacionais.
Outras recomendações para lidar com os representantes dos meios de comunicação
são:
1. Que a divulgação seja compreensível e equilibrada, que sejam incluídas
opiniões contrastadas sobre os problemas, suas causas e conseqüências, e que
se use uma linguagem acessível à maior parte da população, sem que isso
implique perda de rigor científico.
2. Que os problemas ambientais sejam analisados nos contextos econômicos,
políticos, sociais e culturais e seus impactos na saúde humana.
3. Que se ofereça ao público a maior quantidade e qualidade de dados disponíveis
sobre cada assunto ambiental de relevância social, de modo que cada cidadão
esteja em condições de formar seu próprio juízo, a partir do qual possa opinar e
agir.
4. Que as fontes de informação sejam cuidadosamente selecionadas, inclusive
profissionais e cientistas com os quais se tem construído uma relação de
confiança e benefício mútuo.
Como parte do trabalho de comunicação de riscos focada em um evento de crise e sua
relação com os meios de comunicação, sugere-se:
1. Avaliar as necessidades dos meios de comunicação, suas limitações e as
capacidades internas de relações com os meios de comunicação.
2. Desenvolver metas, planos e estratégias.
3. Capacitar os comunicadores.
4. Elaborar as mensagens.
5. Identificar o apoio estabelecido para a comunicação e as atividades dos meios
de comunicação.
6. Divulgar as mensagens.
7. Avaliar as mensagens e seus resultados.
Como apoio aos pontos acima, considera-se necessário sensibilizar os responsáveis
dos meios de comunicação, diretores e chefes de redação sobre a importância do
trabalho dos jornalistas especializados. Além de contribuir para a formação profissional
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especializada de jornalistas na área, é preciso fortalecer aqueles que se encontram no
exercício profissional mediante cursos, oficinas e seminários.
Audiência com os meios de comunicação
Para ter uma audiência com os meios de comunicação, é preciso estabelecer uma
lógica associada de ações que pode ser resumida em três etapas.
ANTES
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-
-
Fomente uma relação de cooperação, em vez de antagonismo, com os meios de
comunicação.
Desenvolva um plano de comunicações para lidar com os meios de comunicação e
estabeleça limites claros de autoridade. Lembre-se que uma comunicação de riscos
efetiva requer preparação.
Identifique as necessidades e os interesses dos meios de comunicação.
Prepare uma lista de contatos com os meios de comunicação.
Estabeleça relações com os meios de comunicação antes de precisar deles.
Conheça os repórteres locais e familiarize-se com seus antecedentes, suas atitudes,
áreas de competência e a orientação do veículo de comunicação em que trabalham
(p. ex., sensacionalismo, direita, esquerda).
Defina uma sala para a entrevista com os veículos de comunicação em caso de
emergência.
Organize uma sessão aberta para os repórteres e editores, bem como uma visita ao
local de risco.
Prepare um pacote de informações para os meios de comunicação.
Redija materiais sobre antecedentes e inclua tabelas e quadros elaborados com
clareza.
Preveja perguntas difíceis e esteja preparado para elas.
Desenvolva um vídeo de suas apresentações.
Avalie o formato mais efetivo para fazer suas apresentações.
Responda aos telefonemas de acompanhamento e informação.
Convide os repórteres a entrarem em contato cada vez que necessitem de
informação, não somente quando houver problemas.
Convide os meios de comunicação a comparecem a simulações de emergência.
Mantenha os registros das interações com os meios de comunicação.
Estabeleça procedimentos para responder às publicações ou programas com
informação correta.
Certifique-se de que todos os funcionários entendem a política de sua instituição
para dar informação a repórteres. Conheça perfeitamente o que se está autorizado a
discutir.
DURANTE
-
Lembre-se que o público é o receptor final dos veículos de comunicação.
Esteja consciente de que o público e os meios de comunicação desconfiarão de
você em uma situação de emergência.
Forneça aos meios de comunicação uma lista de empresas independentes que
possam servir de fontes de informação em uma situação de emergência.
Conheça o nível de conhecimento científico e técnico dos repórteres participantes;
ajude-os a entender os problemas técnicos.
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-
-
Ofereça-se para fornecer mais informações.
Use os diversos veículos de comunicação para oferecer informações: canais
alternativos (tais como rádio e imprensa) para apoiar e reforçar seus pontos.
Familiarize-se com os horários de fechamento dos meios de comunicação.
Suponha que toda informação ficará arquivada; não responda a perguntas de forma
improvisada.
Enfatize somente três ou quatro pontos durante sua interação. Mantenha sua
apresentação simples.
Corrija a informação incorreta, porém nunca repita palavras pouco lisonjeadoras.
Fale somente sobre aquilo que conhece, evite a especulação.
Seja criterioso e selecione as perguntas que vai responder, parafraseie qualquer
pergunta se necessário ou reformule-a quando a pergunta incluir uma premissa com
a qual não esteja de acordo.
Fale de forma consistente e clara; use orações curtas e simples, que perdurem na
memória.
Explique o contexto. Não suponha que os fatos falem por si mesmos.
Use analogias, exemplos e relatos de caso de forma cuidadosa; use gráficos,
quadros e números.
Seja profissional e cordial. Não procure lisonjear os repórteres com elogios.
Não fale somente do ponto de vista da instituição. Esteja preparado para perguntas
personalizadas, tais como “o senhor moraria aqui?” ou “o senhor se sentiria seguro
bebendo essa água?”.
Certifique-se de que seu porta-voz entende e apóia as políticas da instituição.
Não subestime a seriedade de uma emergência ou de um problema.
Não assuma uma atitude antagônica nem confronte ou perca a paciência
Não menospreze os diferentes pontos de vista.
Não ataque os meios de comunicação porque se verá na defensiva.
Não faça piadas com os assuntos que preocupam a comunidade.
Não minta.
Responda as acusações contornando a situação e mostrando preocupação pelo
bem-estar da população.
Reconheça e elogie os esforços merecedores por parte do pessoal que atua em
resposta a emergências. Evite cuidadosamente aumentar os medos.
Enfatize aquilo que se está fazendo para corrigir os problemas.
Dê uma razão caso não possa falar de algum assunto. Não o descarte sem o
comentar.
Estabeleça uma sessão de perguntas e respostas ao final da apresentação.
Sinta-se à vontade para terminar de forma política uma entrevista hostil se os
esforços para evitar hostilidade falharam.
Grave ou filme as entrevistas coletivas com a imprensa para verificar e analisar a
experiência.
Ao comunicar-se pelos veículos de comunicação durante uma emergência, devem ser
consideradas as seguintes sugestões:
1.
2.
3.
4.
Informe os meios de comunicação prontamente após um incidente;
Preencha as lacunas de informação;
Se apropriado, declare que a informação é de caráter preliminar;
Declare que os meios de comunicação serão atualizados assim que mais
informações estiverem disponíveis;
5. Indique o que é objetivo e sabido: evite especular com o desconhecido;
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6. Mantenha reuniões de informação regulares (por exemplo, a cada duas horas) ainda
que nada tenha mudado;
7. Diga quando espera contar com novas informações;
8. Proporcione linhas telefônicas de assistência em urgências e serviços de informação
telefônica dedicados a todos os interessados diretos importantes;
9. Proporcione um centro de comunicação para os veículos de divulgação, disponível
24 horas por dia;
10. Planeje a freqüência com que a informação será atualizada, onde, quem o fará e
como; e
11. Use entrevistas coletivas com a imprensa, reuniões de informação e entrevistas
individuais.
DEPOIS
-
-
Avalie seus esforços de comunicação para determinar se foram efetivos ao
transmitir informação e abordar preocupações.
Corrija rapidamente os principais erros dos meios de comunicação de modo a não
se repetirem. Não se preocupe com erros menores.
Se foi escrito um artigo ou uma nota de forma imprecisa, procure determinar o que
foi que não funcionou e guarde a experiência daquilo que funcionou.
Não tenha medo de enfrentar os problemas relacionados à cobertura dos meios de
comunicação, porém não fale com o supervisor do repórter sem antes ter discutido o
assunto com este último.
Não hesite em oferecer elogios a uma boa cobertura dos meios de comunicação.
Por tudo o que se observou acima, considera-se que, embora o jornalista especializado
em riscos ambientais possa ter posições de denúncia, deve-se apoiá-lo para que
fomente atitudes positivas e estimule consensos entre o público, o governo e as
empresas. Dessa forma, estaremos promovendo um jornalismo informativo e orientado
para a divulgação, um jornalismo bem documentado e comprometido, porém não
sectário. É urgente oferecer ao cidadão material para sua conscientização, mas,
sobretudo, para suas ações no dia-a-dia.
Dos eventos de saúde ambiental participam não só aqueles jornalistas que cobrem o
tema saúde, mas também os de meio ambiente; cada um deles tem um tratamento
especial para essas noticias. A fim de superar as dificuldades inerentes a estes temas,
os próprios jornalistas latino-americanos tem envidado esforços de coordenação/
articulação e intercâmbio que têm levado à criação de redes e organizações locais,
regionais e internacionais.
Existe uma alternativa interessante de trabalho conjunto entre os meios de
comunicação e as instâncias governamentais responsáveis pela elaboração de um
plano de comunicação de riscos. É recomendável identificar os jornalistas que cobrem
tanto os temas de saúde quanto os de meio ambiente para obter sua participação desde
o início do plano e manter uma relação permanente que permita torná-los partícipes da
tomada de decisões sobre saúde ambiental. Isso permitirá que o jornalista faça parte do
grupo de trabalho e que se transforme em um legítimo colaborador.
Deve-se apoiar o desenvolvimento de um jornalismo especializado não só em questões
ambientais, mas também em riscos para a saúde humana. Trata-se de um jornalismo
em que se estabelecem cumplicidades com o cidadão, um jornalismo de apelo
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constante às atitudes e aos comportamentos das pessoas, um jornalismo que convida
para a ação e para a modificação das condutas que afetam a exposição a um perigo e
que, em grande medida, determinam o risco.
A maior disponibilidade de informação sobre o meio ambiente pelos meios de
comunicação e, por conseguinte, a adequada comunicação dessa informação ao público,
é indispensável para combater os problemas ambientais. Cada reportagem deve ser um
convite à ação organizada da população. As pessoas, a comunidade deve participar da
solução dos problemas ambientais e riscos para a saúde. A consciência da população
organizada é a única via para se conseguir um meio ambiente saudável.
4. Conclusões
O sucesso da comunicação de risco não se mede pela maneira como o público aceita as
soluções formuladas pelos órgãos de decisão, mas é obtido quando um público bem
informado escolhe as melhores soluções com conhecimento de causa. Uma das funções
mais transcendentais dos meios de comunicação consiste em ampliar o público envolvido
no debate de uma questão em particular. Isso freqüentemente conduz à reformulação do
alcance do problema e, muitas vezes, provoca novas questões e mais polêmica. No
entanto, e ao mesmo tempo, também provoca uma nova reflexão a partir das novas
dimensões que surgem do debate público mais amplo; o que, em geral, produz, por
conseqüência, políticas melhores e mais duradouras.
Como parte do trabalho realizado pelos jornalistas, é importante que reforcem a
consciência de que a solução dos problemas ambientais – sobretudo em se tratando de
situações de crise e emergências como as que são abordadas neste curso – depende
da participação das pessoas e das comunidades afetadas. Assim, os meios de
comunicação, quando atuam corretamente, promovem a consciência e o exercício do
direito cidadão de estar corretamente informado e participar das decisões sobre as
condições de nossa vida na Terra e seu efeito sobre a saúde das populações.
Um papel fundamental do comunicador de risco é ser um elemento integrador e, como
tal, envolver-se ativamente com os diferentes atores da sociedade, atuando como
vínculo harmonioso entre os tomadores de decisões, os meios de comunicação, as
agências que participam do atendimento em emergências e as comunidades ou
públicos afetados. Dessa forma, é possível ter uma resposta organizada e planejada e
gerenciar os riscos de acordo com as necessidades de informação em função da
percepção apresentada pelo público e outros setores que também participam de um
plano de comunicação de riscos (fonte, meios de comunicação, etc.).
5. Referencias bibliográficas
-
www.fplc.edu/RISK/vol5/summer/sandman.htm
www.saladeprensa.org/art340.htm
Periodismo ambiental: Cómo informar sobre el medio ambiente. Aula de Ecología
Urbana de Vitoria-Gasteiz.
Bacheta, V.L. Un periodismo ambiental, un convidado de piedra.
www.uruguay.com/laonda/LaOnda/1-100/18
www.uacj.mx/Publicaciones/sf/vol2num6y7/periodismo.htm
10
-
www.union.org.mx/guia/derechosyobligaciones/periodismo.htm
www.atinachile.cl/content/view/31962/Mapa_Mundial_Internet_07.html
Lundgren y McMakin, 2004. A Handbook for Communicating Environmental, Safety,
and Health Risks. Batelle Press, Columbus, Ohio.
Effective Media Communication during Public Health Emergencies. WHO Handbook
and Field Guide. 2005.
www.who.int/csr/resources/publications/who%20media%20handbook.pdf
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