VITRINE UNIVERSITÁRIA A N O 2 / 6º Congresso LusoMoçambicano de Engenharia em Maputo, 29 de Agosto à 2 de Setembro de 2011 “O homem ama naturalmente a verdade e o bem, e deles só se aperta quando as paixões o arrastam e extraviam.” Anónimo M A R Ç O / A B R I L D E 2 0 1 1 EDITORIAL BREVÍSSIMOS A Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal do Instituto Politécnico de Setúbal (ESTSetúbal/IPS) organiza, de 22 a 24 de Março, a 2ª edição da "Semana do ESTudante" _______________ N 1 Caros colegas… Para os que estavam connosco ano passado, o jornal voltou e traz muitas e boas novidades. Para os caloiros, primeiro sejam bem vindos, segundo esperamos que portem-se bem e esqueçam as regalias da secundária porque aqui se estuda a sério (terão a prova disso). Para os que não sabem, a Vitrine é um jornal de parede (como vêem), com periodicidade mensal. Feito por estudantes para servir estudantes, dentre vários, um dos objectivos é distrair o estudante, elucidando-o sobre diversos assuntos culturais e pegógicos para contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Para esta edição, trazemos uma entrevista a não perder, vamos saber um pouco mais da vida e obra do nosso professor, Nataniel Ngomane e, um leque de conteúdos que acreditamos ser do vosso agrado sem fugir da nossa linha de focalização. Para todos que queiram escrever para nós temos as portas abertas, aliás, escancaradas. Tragam de tudo, tudo mesmo, desde que sejam conteúdos que condizem com a nossa linha editorial. A última coisa que queriamos dizer-vos caros e idolatrados colegas, é sobre o colectivo estudARTE, este colectivo é constituído por estudantes-artistas, alguns fazem este jornal, e que tem como objectivo principal promover e divulgar a arte feita pelos estudantes para estudantes. Nao importa a expressão artistica. Se o colega pretende ser membro, tem o email do jornal para fazê-lo. Boas aulas! Participe nas actividades do estudArte email: [email protected] Opinião estudantil PÁGINA 2 As Propinas engordaram Decidiu-se, quem somos nós para…, se assim foi o que se consumou nada podemos fazer, apenas lamentar. Porque de certo é algo que nos preocupa. Esta é a última notícia do ano que nos foi dada pela nossa maior e menor universidade maçambicana, falamos concretamente da UEM, que decidiu dar-nos o seu deradeiro delúrio de propinas super altas, ou melhor, da grande inflação de propinas que dantes custava um preço simbólico e acessível de 105MT, e que qualquer moçambicano que estivesse na penúria conseguia pagar com o pouco que tivesse no bolso. E agora! Estamos todos de “boca aberta” sem nada para dizer, contudo, só temos de seguir a onda; ainda que seja forte, pois a regra é pagar para ser doutor ou se não..., perde o apanágio de ser doutor. Eu digo, sinceramente caro leitor, o aumento das propinas para o assustador 420MT, naquilo que é a nossa triste realidade de pobreza constitui um grande paradoxo, uma vez que sabemos, no nosso país, o grosso da população vive na base de um pequeno negócio ou trabalha, porém, mesmo assim o salário não compensa. Portanto, face a esta situação de aumento exagerado de propinas, imaginemos o caso de um pai ou mãe ou um estudante trabalhador que recebe o salário mínimo que, actualmente corresponde a 2500MT OU 2700MT. Contudo, para aqueles que recebem 1000 adiante de certo modo estão a sustentar os seus estudos e dos seus filhos. Entretanto, é desastroso, posto que o dinheiro que a pessoa recebe não é suficiente, como se não bastasse a pessoa é obrigada a acrescentar mais valores. Quer dizer, as tais propinas ultrapassam o própio salário mínimo. Enfim, sem mais delongas, rogamos a nossa honrosa UEM para que nos salve porque já estamos afogados, assim, irremonos livrar da corda ao sair, todavia com um fim jubílo ainda com... Celestino Víctor Sabias que… A doença mais antiga do mundo é a lepra, ela agride principalmente os nervos e a pele, podendo, em estágios mais graves, resultar em deformações. A lepra consome, resseca, agride e penetra na pele, deforma nervos, músculos e ossos. Os primeiros registros dessa doença datam de 1350 a.C.. Apesar de ser muito antiga, o tratamento eficaz da doença só foi descoberto no começo dos anos 80. Noticiando PÁGINA 3 3 anos de amizade celebrados com Bossa Nova Bairro do Aeroporto B, é o novo endereço da Escola Nacional de Artes Visuais, que entrará em funcionamento em Março de 2011. A cerimónia de inauguração de agradeceu a população do Bairro do aeroporto pela sensibilidade e apoio a construção da escola, os residentes deste Bairro tem consciência da sua conclusão e entrega da escola foi realizada no passado dia 11 de Novembro de 2010. O Projecto da escola Rural de Amizade Chino-moçambicana que culminou na construção da escola, é resultado das excelentes relações entre Moçambique e China e do entendimento entre o Ministério da Cultura com a população do aeroporto que muito apoiou a construção da escola. O Ministro da Cultura, responsabilidade no desenvolvimento das artes, e espero que protejam a escola de possíveis vandalizações, afirmou Armando Artur. Segundo Jorge Dias, docente da Escola, as actuais instalações da escola não suportavam todos os cursos, daí a necessidade de se fazer uma escola maior. E como estamos no fim do ano lectivo, as aulas, a escola entrará em funcionamento em Março de 2011, afirmou Jorge, e acrescentou que no acto da transferência, alguns cursos e a direcção da escola vão se manter nas actuais instalações. Portanto, a transferência será gradual. Os estudantes da Escola de Artes Visuais, sentemse muito contentes, com o fim das obras. Júnior, um e s tud ant e da escola no curso de gráfica afirmou estar muito feliz com a transferência da escola, pois deste modo terão m e l h o r e s condições de trabalho, o que influenciará no s e u aproveitamento pedagógico. Igualmente, Ester Arnaldo do curso de artes visuais, disse que a transferência era há muito tempo esperada, e está muito ansiosa por ter aulas na nova escola. A escola Nacional de Artes Visuais passa a contar com maior número de salas de aulas, uma biblioteca, uma sala de reuniões, dois gabinetes, e num futuro muito próximo com um campo de jogos. PÁGINA 4 Marília Pessane Alicia Keys abraça luta contra SIDA Segundo o site da comunidade Vogue Portugal, Lady Gaga, Justin Timberlake e Kim Kardashian são algumas das estrelas que vão acabar com as suas contas no Facebook e Twitte r, a pedido de Alicia Keys. "Digital Life Sacrifice" é a campanha levada a c a b o p e l a cantora Alicia Keys em prol da instituição de caridade Keep a Child Alive, da qual ela é embaixadora. Dezenas de cel ebridades vão acabar com as suas contas em redes soci ais no Di a Mundial Contra a Sida e prometem só voltar a fazer log in quando se tiver somado um milhão de dólares. O dinheiro será para ajudar famílias afectadas pelo vírus da SIDA, em África e n a Í n d i a . Os donativos podem ser feitos de diversas formas, como uma simples SMS. Jennifer Hudson, Ryan Seacrest, Elijah Wood, Serena Williams, Janelle Monae e o marido de Alicia, Swizz Beatz, também aderiram à campanha.Cada famoso fez um vídeo de despedida e vai aparecer num anúncio dentro de um caixão, simulando a sua morte on-line. Alicia Keys justificou os moldes poucos ortodoxos da campanha: “É importante chocar as pessoas ao p o n t o d e acordarem. Esta abordagem é uma forma directa e emocional, e um pouco sarcástica, de fazer com que as pessoas prestem finalmente atenção.” O que é bom recomenda-se… PÁGINA 5 A crónica da rua vida dos vivos, do outro lado, sob o 513.2 (Romance) Algumas vezes deserto inóspito, outras um mar revolto, a rua 513.2 oscila de um extremo ao outro sem encontrar serenidade todavia, se fosse tirada uma média a esses dois estados ela não passaria de uma rua normalíssima. Na rua 513.2, o inspector Monteiro, o doutor Pestana e a Dona Aurora, o mecânico Marquez, a prostituta Arminda e alguns outros, emergem do passado para interferirem na olhar do Filimone Tembe, o secretário do partido, esses mesmos vivos fazem o que podem para que as suas vidas avancem. Vendem enquanto não há o que vender, como o louco Valgy, ou o incansável Smith, apelam aos conselhos de retratos pendurados na parede, como o empresário P edrosa, pescam peixes forjados, como Teles Nhantumbo, lêem cadernos que escondem história de outros tempos enquanto reparam automóveis quase inexistentes, como Zeca Ferrazi combatem no mato, como o comandante Santiago, ou distribuem pelos vizinhos aquilo que lhes cheiram as mãos, como Jossefane Mbeve que fundo serve à risca as directivas do presidente Samora Machel e tenta fazer do socialismo uma realidade. Até que um dia chegam novos fantasmas para ocuparem o lugar dos antigos, e as coisas começam a mudar. CO EL HO , João Paulo Borges (2009), A crónica da rua 513.2, 2ª Edição, Maputo, Editorial Ndjira Por Erasmo Mapilele Leia mais obras e enriqueça o seu intelecto! PÁGINA 6 Cronicando O MAIOR INSTRUMENTO DE MANIPULAÇÃO POLÍTICOSOCIAL DO MUNDO Abordar a manipulação política das sociedades realizada pelos diversos actores da cena política através da imagem (defino-a, neste contexto, como a faceta positiva e ideal dos factos – vídeos, ideias, etc. – políticosociais promovida por alguns actores políticos com fins políticos – aquisição, manutenção e uso do poder) requer alguns esclarecimentos preliminares. E fazê-lo tomando em consideração os conceitos de poder (sede, forma e ideologias), constituição formal e constituição informal, requer acrescidas cautelas. Contudo, tudo tem que ver com a imagem. Ora, na Ciência Política o aparelho do poder é considerado o seu objeto de estudo central, embora subsistam acesos debates relativamente ao tipo de poder (o supremo, ou os poderes menores institucio nais, comunitários, grupais territoriais ou institucionais) que estuda. Adicionalmente, no âmbito da mesma Ciência esse utilizados astutamente para mesmo poder deve ser a satisfação de fins a n a l i s a d o políticos. O poder da Este artigo é dedicado ao estimulo imagem é tão grande que da independência de pensamento, tem sido utilizado pelas a inteligência analítica e crítica sociedades para o alcance dos estudantes universitários de vários objetivos: moçambicanos que f r e q u e n t e m e n t e a g e m - s e , conquista votos, aquisição consciente ou inconscientemente e manutenção do poder, influenciados pela conjuntura vendadebens, e mais. Um sócio-culturalcircundante, como exemplo pouco utilizado, meras caixas de ressonância de mas que traduz, nalguma in form aç ões qu e rec eb em medida, a utilização da passivamente nas universidades, imagem para o alcance de nos média, livros, etc. fins políticos é a forma do poder (ex: a Constituição – tridimensionalmente (sede causa formal dos estados do poder, forma do poder e modernos). Muitos estados ideologias). africanos, ocidentais, Portanto, feito o o r i e n t a i s , etc., devido esclarecimento frequentemente proclamam importa salientar que o e m s u a s artigo se debruça sobre a Constituiçõesformais a questão da forma do poder d efesa d o s d ireito s para clarificar um assunto humanos, a recriminação f r e q u e n t e m e n t e da descriminação racial e i n c o m p r e e n d i d o p o r étnica, só para citar muitos e s t u d a n t e s , exemplos mais simples, i n v e s t i g a d o r e s , m a s mas praticam o contrário principalmente pelo povo – (constituição real). o maior instrumento de Mas perceba-se que muitos manipulação político social motivos estão por detrás do mundo: a imagem.Neste desta atitude. Sendo que processo de manipulação, a para a maioria dos estados televisão, os jornais e até obras científicas são osobjectivosde eliminação PÁGINA 7 Cronicando Orlando do Rosário Sebastião da pobreza absoluta e do racismo, a promoção do acesso igualitário (independentemente da etnia ou raça a que a pessoa pertence) ao poder, aos direitos humanos, etc., seja praticamente impossível por constrangimentos de vária ordem, a utilização de uma imagem que não corresponde à realidade factual visa vários fins ( b e m o u ma l intencionados): facilitar relacionamentos internacionais (ex.: na actualidade a imagemde país democrático é mais viável que a imagem de um país ditador); contribuir para a obediência interna (legitimidade do poder), etc. Em vista disso, essa imagem é manipulada tomando em consideração os juízos populares de legitimidade do poder. Portanto, o sucesso e o insucesso político estão altamente dependentes da habilidade com que os actores p o l í t ic o s e n v o l v id o s manipulam a imagem. E essa imagem não se restringe ao campo da dimensão formal do poder, mas aplica-se igualmente a manipulação televisiva de factos e até mesmo de in fo r maçõ e s escr i tas (livros, etc.). Por exemplo, na actual crise Líbia esta questão da manipulação televisiva transparece de a l g u m a f o r ma e s t e problema. Analisando as várias notícias que passam pelos telejornais (da RTP, Stv, TVM, Tim, etc) verifica-se que o presidente líbio, Moammar Kadhafi, tem utilizado a televisão para mostrar que tem vencido os combates contra os paramilitares, e do mesmo modo estes últimos também têm usado a televisão para afirmar o contrário. Diante deste complexo jogo político de manipulação,não importa por agora perceber quem realmente diz a verdade, importa somente registar alguns aspectos importantes:utilizando-se da televisãoKadhafi c o n s e g u i u mo b i l i z a r celebrações populares nas ruas de Tripoli de vitória da guerra contra os paramilitares. Para alguns analistas internacionais a referida vitória é duvidosa, mas foi celebrada. Outro grande problema da imagem tem haver com os livros, por exemplo. O facto de a sociedade moçambicana, e outras mais sociedades assumirem os livros como somente possuindo i n f o r m a ç õ e s inquestionáveis tem implicações na produção de professores e alunos que somente repetem tudo o que leem e aprendem, mas o mais grave não é isso (pois, de alguma forma, a repetição de informação é fundamental no ensino). O pior é que este efeito caixa de ressonância acaba produzindo pensadores fracos e por vezes incapazes de acçãoanalítica crítica, criativa e i n d e p e n d e n t e . Adicionalmente, esta possibilidade mostra uma brecha para a manipulação política. Página 8 Encontro com Nataniel Ngomane 1. Quem é Nataniel Ngomane? - Nataniel Ngomane sou eu. Tal é o nome que cresci sabendo que me fora atribuído por um tio-avô, que sonhara com o meu avô materno, então já falecido, Nataniel, dizendo-lhe que me deveria atribuir o seu próprio nome. O meu tio-avô narrou o sonho ao meu avô paterno, que o aconselhou a falar com a minha mãe, entretanto nos últimos dias de gestação, no sentido de se cumprir o desejo manifestado naqu ele s onh o. E a ssi m aconteceu. Tenho sido tratado por esse nome, Nataniel, antes mesmo de vir ao mundo, ao qual se juntou o nome de família, Ngom a n e. Nat an i el Ngomane sou eu. 2. De onde e quando começa essa paixão pela literatura? - É uma paixão imensa, que deve ter começado quando a minha avó materna se divertia imenso comigo, contando -me as estórias do coelho e outros animais. Lembro -me que seguia atentamente essas narrações, tanto que, mais tarde, no período das férias escolares, ansiava por esses momentos. Quando voltasse às aulas, divertia-me com os meus primos e irmãos, reproduzindo e ampliando aquelas estórias. Não raras vezes, inventava as minhas, quando se me acabava o repertório d' avó (risos). Talvez porque já despontasse essa paixão, na escola primária devorava as fábulas de La Fontaine, juntando às minhas já conhecidas estórias do coelho, àquelas outras do macaco, do lagarto, do sapo, do burro, etc. Com colegas, cedo descobri o carro do Conselho Municipal - uma biblioteca itinerante - que emprestava livros. Semanalmente, e infalivelmente, requisitava e lia livros diversos. Desde banda desenhada, Os cinco, Os sete, Asterix, TimTim... por aí fora. Depois descobri aquilo que hoje é a Biblioteca Nacional de Moçambique, na baixa da cidade, que passei a frequentar com muita assiduidade. E descobri, junto com a minha malta, as livrarias, onde, rgularmente, surupiávamos livros infanto-juvenis, já que os nossos pais não tinham dinheiro para os comprarmos. Com os meus primos, devorei quase todas as colecções do far-west! Já no Ensino Secundário, ou no liceu não me lembro bem... -, mas em torno dos anos 74, 75, 76... descobri Nós matamos o cão tinhoso, que virou uma grande paixão. Depois Craveirinha, particularmente o de Cela 1. Nessa altura até ensaiei a escrita de poemas. Bom, foi por aí, até chegar a Cuba, em 77, onde creio que amadureceu a minha relação com a Literatura: Nicolás Guillén, Alejo Carpentier, Cabrera Infante, César Vellejo, Honoré de Balzac, Victor Hugo, Shakespeare, Alex La Guma... e por aí fora. 3. O que seria se não fosse professor de literatura? - Costumo dizer que se não fosse professor de literatura seria um músico. Um bom músico! Ou um pintor, ou um cineasta. 4. O que fazia ou fez antes de se tornar docente? - Muita coisa ! (risos). Obviamente, fui aluno! (risos). Mas, essencial e fundamentalmente, fui militar durante dezasseis (16) anos. Formei-me numa Escola Militar cubana, como cadete, de onde saí como Oficial Subalterno. Participei na guerra de 78, operando em Tete, Manica, S o f a la e Inhambane. Foi uma grande escola! Também fui jornalista, durante cerca de dez anos - alguns dos quais sobrepostos ao meu tempo militar. Colaborei com a revista Tempo, com a Rádio Moçambique - na qual cheguei a produzir e apresentar alguns programas. Depois decidi voltar aos bancos da escola. O recomeço foi na Manyanga, décima e décima primeira. Logo a seguir submeti-me ao exame de admissão da UEM, aprovando na primeira chamada. ¨mantenho o astral sempre em cima…¨ Fiz o curso de Linguística no tempo regulamentar, quatro (4) anos, tendo sido convidado a fazer parte dos quadro da UEM como, docente. Em 2004 terminei o meu doutoramento em Estudos Comparados de Literatura, e aqui estou. - Balela! É através das letras que se constroem as ciências. A captação de todos os conceitos das chamadas "ciências" - como se as outras áreas de conhecimento não fossem ciências... -, passa pelo crivo das letras. Passa pelo processamento mental dos objectos através do 5. Acredito que já parou para maior instrumento de conversão olhar para a literatura (poesia e prosa) feita pela geração actual. O que acha desta nova forma de expressão? - Nunca parei. Não tenho tempo para parar! (risos). Mas acho que essa geração está a cumprir o seu papel histórico, dando os seus contributos de acordo com a sua visão do mundo e das coisas. Há muito lixo! Mas também há coisas boas e, algumas delas, muito boas. Também não podemos ter tudo bom e muito bom, porque aí haveria de se romper o equilíbrio dialéctico. (risos...) do conhecimento humano: a 6. Do seu ponto de vista, qual é o língua e suas linguagens. Aparte actual estágio da literatura em isso, isso é uma discussão estéril, Moçambique? Está de boa que não leva a porto algum. Mais importante do que isso, é fazer saúde? Recomenda-se? - Está de boa saúde, sim! coisas, inventar, construir. Seja Recomenda-se a todos!! Leia-se, nas letras, nas humanidades ou por exemplo, O olho de Hertzog nas exactas - sendo todas elas (2010), de João Paulo Borges ciências. Coelho, o maior romance moçambicano publicado até hoje. 8. E quem é Nataniel Ngomane Leia-se isso e saber-se-á a quantas fora da academia? anda a Literatura Moçambicana. - Um filho, pai, irmão, marido, tio, amigo, vizinho, conhecido... 7. Nas conversas informais (risos). Um cidadão como temos ouvido sempre que as qualquer um, com a sua vida ciências são mais importantes privada, suas amizades e círculos que as letras. O que tem a dizer diversos. Mas, sobretudo, um tipo porreiro; um tipo fish! (risos) sobre isso? Página 9 9. Acho que já deve ter ouvido dizer que tem uma aparência de invejar; qual o segredo para tanta juventude, aos 50anos? - (risos) Nunca ouvi isso! (risos) Gostaria de ouvir isso... (risos) gostaria!... (risos). Mas se acha que me mantenho jovem, pesem os 50, deve ser porque mantenho o astral sempre em cima. Muita actividade... freneticamente! Corro 60 minutos três vezes por semana, fiz ciclismo - 60 km três vezes por semana - durante oito (8) anos. Alimento-me da forma o mais diversificada possível, na base de verduras e legumes... e peixes. Ah, peixes! Mas sobretudo verduras e legumes: espinafre, brócolis, couve, feijão - muito feijão (risos) - feijão verde, milho, repolho, acelga, alface, cenouras... e fruta! Banana todos os dias! Normalmente, três ao dia (de manhã, a tarde, a noite) -, laranja, maçã, ananaz... enfim! Pão, só pão integral. E massas, muitas massas... (risos). 10. Em jeito de fecho... uma palavra amiga para todos aqueles que o admiram a si, às artes, à cultura. - Amo-os a todos. Amo e respeito aos que me admiram. Não sei o que vêem em mim, enfim... mas amo-os muito! Amo as artes, enquanto sínteses de múltiplas formas de ver o mundo. Amo a cultura, essa forma elevada de diálogo entre nós, pessoas, e o mundo que nos cerca. Amo-os a todos. (X) Por Mariamo Salimo Página 10 Punhado de Palavras É tão Simples Deixar o tempo falar Mandar a saudade calar Olhar a volta e ver toda gente a criticar-nos... Abraça-me forte e faz-me sorrir Fica mais fácil ficarmos mais ágeis Para enfrentar o mundo. Quando oiço aquela voz Que manda te deixar Eu imagino, o que farei Sem ti no mundo, Então abraça-me, torne as coisas simples, Esqueça quem não se lembra da felicidade. É tão simples quando nós Esquecemos essa voz, Nos abraçamos, nos livramos do mundo, É tão simples quando a sós desamarramos os nós. Vitória Maria Para publicar os seus textos neste jornal, envie-os para o email abaixo [email protected] O mapa de Mondlane Ainda me lembro Do papel rasgado em forma de segredo Que para mim deixaste sem medo… Na verdade seria um mapa! Sendo ele da mudança Roubado, recuperado e mal aproveitado nesta praça…! O teu plano de levar os indivíduos às Escolas Aprendendo sempre coisas novas… Da sua vontade de luta no tempo colonial A sua mentalidade mestre, era genial! De levar o homem actual e fazê-lo histórico… Torná-lo mais racional, social e mais económico… Do teu exemplo poucos saboreiam… Das tuas atitudes poucos beberam… Os que o fazem são os que me rodeiam Que acreditam num País melhor e o ajudam… Oh! Mondlane, onde os mentores de hoje no seu tempo estavam! Será que naquela altura não vigoravam ou escondidos se encontravam! Delson Jonas Muchanga Página 11 Punhado de Palavras Mãe, minha diva Foi você Quem deu a luz E eu nasci. Obrigado por trazer-me ao mundo. Não cresci ao teu lado Porque assim quis o destino. Sinto saudades do teu carinho Que a muito não o tenho. Obrigado, Por deixar-me em bom amparo, Sendo bem-educado E muito amado Mãe, Meu anjo. Tu és a luz Que na escuridão reluz E por bons caminhos me conduz. Vida dura Desço as ondas do mar Num vagar que parece imitar O estático, Desço o vento da vida Numa velocidade contagiante E de facto, Desço as ondas com cuidado Para não cuidar-me do vento abandonado Desço o mar todo clareiado Que na vida o escuro é dobrado. Engano Faringe Espera Amo-te demasiado Embora não viva Meu amor por ti me cativa, És uma dádiva. Mãe, minha diva Do teu primogénito Faz tempo que por ti espero. Espero, esperando Numa longa espera Sem nunca cessar esta espera Ou cansar-se de esperar. A vida é uma longa espera Todavia ensinaste-me a esperar Que me valha a minha espera Pois esperar-te-ei Sem me desesperar Para não perder a esperança. Peter Pedro Pierre Pedro Lígia Ubisse Pagina 12 Fotologia Sem comentário Nas aventuras do “Tangará” Ficha Técnica Editor: Elcídio Bila Apoio: Sector de Artes Redaçcão : José dos Remédios Grafismo: António Caetano, Repórteres: Erasmo Mapilele, Carmen Horácio, Mariamo Salimo, Pedro Lígia, Celestino Víctor.