INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA MARCOS VINÍCIUS MARTINS SILVA CONTENÇÃO ORTODÔNTICA Ipatinga – MG 2012 MARCOS VINÍCIUS MARTINS SILVA CONTENÇÃO ORTODÔNTICA Monografia Especialização apresentada em ao programa Ortodontia do de ICS- FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof.: Dr. Marcionílio João Barroso Ipatinga – MG 2012 MARCOS VINÍCIUS MARTINS SILVA CONTENÇÃO ORTODÔNTICA Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Aprovada em _____de _____________ de 2012. __________________________________________ Prof. Dr. Marcionílio João Barroso Orientador ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA __________________________________________ Prof. Examinador ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA __________________________________________ Prof. Examinador ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO IPATINGA Agradeço ao Senhor Jesus Cristo; À minha esposa; Aos meus pais; Ao meu orientador Dr.Marcionílio João Barroso. “Ainda que eu ande por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois junto a mim estás, teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. (Bíblia Sagrada, Salmo 23) RESUMO Contenção ortodôntica é um dispositivo capaz de manter os dentes tratados ortodonticamente em suas corretas posições. Atualmente, são usados vários tipos de contenções pelos ortodontistas, sendo que os mais difundidos no meio acadêmico são a placa removível do tipo Hawley e a barra lingual de canino a canino inferior. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre os diferentes tipos de contenções, suas indicações, vantagens, desvantagens e discutir sobre a estabilidade pós-tratamento. Palavras–chave: 1. Contenção Ortodôntica – 2. Recidiva – 3. Contenção 3x3. ABSTRACT Orthodontic containment is a device capable to orthodontic keep treat teeth in its correct position. Currently, some types of retainers for the specialists are used, being that the most spread out in the half academic they are plaque removable of the type the Hawley and the lingual bar of tooth the inferior tooth. The objective of this work is to discourse on the different types of devices contensores, its indications, advantages, disadvantages and to argue concerning the stability post-cure. Key Words: 1. Orthodontic Retainer – 2. Recidivate – 3. Retainer 3x3. LISTA DE ABREVIATURAS F.T.F - Fio Trançado Flexível (Twist flex) I.P - Índice de Placa NIC - Nível de inserção clínica P.E.T - Polietileno treftalato PMG - Posição da margem gengival PS - Profundidade de Sondagem SS - Sangramento à Sondagem LISTA DE FIGURAS Figura 1: Contenção Fixa 3x3 inferior ou Barra Lingual .............................................. 12 Figura 2: Placa de Hawley........................................................................................... 14 Figura 3: Contenção-Fixa em tela de aço ..................................................................... 14 Figura 4: Evolução da placa de Hawley ....................................................................... 16 Figura 5:Placas feitas em P.E.T ................................................................................... 17 Figura 6: Contenção 3x3 de aço inoxidável banhado a ouro ........................................ 18 Figura 7: Contenção Fixa com livre acesso do fio dental ............................................. 21 Figura 8: Alívio das papilas com cera e confecção da contenção ................................. 21 Figura 9: Placa de Hawley associada a um “Bite block’’ ............................................. 22 Figura 10: Contenção de fibra de vidro impregnada por resina .................................... 23 Figura 11: Osamu........................................................................................................ 25 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 2. RETROSPECTIVA DA LITERATURA ............................................................. 12 3. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 28 4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 31 11 1. INTRODUÇÃO Contenção ortodôntica é um dispositivo que possui a principal função de garantir a estabilidade das posições dentárias após o término da mecânica. Um dos maiores desafios para os ortodontistas é impedir a recidiva, isto é, o reaparecimento da maloclusão no indivíduo já tratado. Segundo Caputo et al. (2002), em nenhum tratamento poderá ser garantida a estabilidade,uma vez que múltiplos fatores atuam de forma contrária como o crescimento mandibular,as fibras periodontais e os hábitos para funcionais como bruxismo e interposição de língua. Com a proposta de impedir a recidiva, é um protocolo a instalação de contenções ortodônticas. Estes aparatos possuem diferentes formatos, tempos diferentes de uso e principalmente indicações variadas tanto em relação ao quadro clínico do indivíduo quanto à opinião do especialista na escolha do melhor aparelho para cada caso. Segundo Zachrisson (1998), sem uma contenção prolongada dos adolescentes, vários graus de apinhamento anterior podem ser esperados como parte do processo de maturação normal. Os aparelhos de contenção mais utilizados pelos ortodontistas são a placa de Hawley e a contenção fixa inferior 3x3. Estes dois tipos de aparelho possuem muitas variações no que condiz à forma, confecção e aceitabilidade pelo indivíduo. Além destes, há várias outras contenções em uso atualmente. Segundo Feres (1999), deve ser eliminada a ilusão de que os dentes, uma vez alinhados, permanecerão assim para o resto da vida. Causas em potencial de recidiva devem ser discutidas coerentemente a fim de evidenciar a necessidade daquele tipo de contenção, para que o papel do indivíduo na manutenção do resultado final se torne fundamental. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre os diferentes tipos de contenção, suas indicações, vantagens, desvantagens e discutir sobre a estabilidade pós-tratamento. 12 2. RETROSPECTIVA DA LITERATURA Zachrisson (1977) apresentou uma pesquisa sobre o uso de contenção fixa 3x3 de canino a canino inferior. Quarenta e três crianças nas idades de 14 a 17 anos receberam contenções fixas 3x3 (Figura 1) coladas diretamente com resina composta e os fios usados foram de Elgyloy 0.8mm e 0.9 mm. Na técnica de colagem foi feito ataque ácido, aplicação do adesivo e resina direta sobre o fio. A aceitação desta contenção pelos indivíduos foi excelente, principalmente pelo fato da mesma ser quase imperceptível, ao contrário da contenção cimentada. Além disso, nenhum indivíduo apresentou lesão cariosa no local, sendo constatada apenas uma maior facilidade na formação de cálculo. Foi mostrado que este tipo de contenção apresenta várias vantagens como a estética; o fato de ser colocada antes ou depois da remoção do aparelho; a facilidade da técnica; não favorece o aparecimento de lesões cariosas e apresenta baixo índice de falhas. Figura 1: Contenção Fixa 3x3 inferior ou Barra Lingual Fonte: Zachrisson (1977) Telles et al. (1989) afirmaram que contenção significa manter os dentes em posição funcional e estética ideais após o tratamento ortodôntico.O objetivo principal do tratamento é a estabilidade, pois sem ela a função ou estética ideais ficam comprometidas. Dentes submetidos a forças ortodônticas tendem a retornar as suas posições originais, por influência das fibras periodontais que envolvem os dentes. É fundamental conter os dentes, até que o tecido fibroso tenha se reorganizado e as camadas de novo osso tenham sido calcificadas. As fibras principais do ligamento periodontal se reorganizam após um período de oito a nove semanas e as estruturas supra-alveolares podem permanecer estiradas durante um período mais longo. Se o 13 dente for contido por um período de dois a três meses, há menor tendência à reorganização das fibras principais, enquanto a tendência a contrair ainda existe no grupo de fibras supra-alveolares. Daí a necessidade de conter por período de tempo maior. Um dos tipos mais frequentes de recidiva é a tendência de um dente anteriormente girado retornar a sua posição original. A super correção tem sido frequentemente executada, não registrando evidência de haver sucesso na prevenção do retorno à posição inicial. Preconiza-se a gengivotomia após a correção das rotações, aumentando a estabilidade dessas correções. A tendência dos dentes girados em recidivar após o tratamento é parcialmente devido as fibras supra-alveolares. Há menor recidiva de dentes girados ortodonticamente após a liberação das fibras gengivais livres. O procedimento foi executado dois meses antes da remoção do aparelho, de modo a liberar a tensão e permitir que as fibras se reorientassem. O método (fibrotomia supracrista-alveolar circunferencial) consiste numa incisão feita em 45 graus ao longo eixo do dente, nas superfícies bucal e lingual de cada dente, 01 milímetro acima do fundo do sulco gengival. Existe uma pequena porcentagem de casos em que os aparelhos de contenção são indicados: 1) tratamento de sobremordida; 2) tratamento durante dentição mista; 3) maloclusão com espaço entre os dentes; 4)casos com ausência congênita de incisivos laterais,que são substituídos pelos caninos permanentes; 5) dentes com rotação acentuada; 6) casos com hábitos e desvios musculares. Existem três indicações principais para o uso das contenções fixas: 1) manutenção da posição dos incisivos inferiores, durante o crescimento tardio e após a correção de rotações; 2) manutenção do fechamento de diastema; 3) manutenção de espaço para pôntico. Os resultados do tratamento ortodôntico são instáveis, portanto a contenção é necessária por três razões: 1) os tecidos gengivais e periodontais são afetados pelo movimento ortodôntico e requerem tempo para sua reorganização, quando os aparelhos são removidos; 2) as mudanças produzidas pelo crescimento podem alterar os resultados do tratamento ortodôntico; 3) os dentes podem estar em uma posição instável, após o tratamento, de modo que a pressão do tecido mole produza uma tendência à recidiva. A contenção superior mais utilizada atualmente continua sendo a removível tipo Hawley (Figura 2) e suas variações. A contenção inferior mais indicada pela maioria dos autores é a barra lingual de canino a canino (Figura 1) confeccionado em fio rígido ou o trançado espesso. O diagnóstico e plano de tratamento corretos e bons resultados ortodônticos obedecendo aos princípios de função, estética e estabilidade são requisitos básicos para o sucesso da contenção. 14 Figura 2: Placa de Hawley Fonte: Telles et al. (1989) Gandolfo et al. (1993) mostraram uma nova forma de contenção fixa colada que consiste numa ‘tela’ (Figura 3) aderida a face lingual dos dentes. Esta tela de aço inoxidável com 0,27mm de espessura é recortada no tamanho necessário de acordo com a contenção a ser realizada, e posicionada na face lingual dos dentes para conferência. Em seguida é feita a colagem da seguinte forma: limpeza dos dentes envolvidos com pedra-pomes e taça de borracha; isolamento relativo; ataque ácido nas superfícies envolvidas; lavar e secar bem; adiciona-se resina líquida ao dente e na tela simultaneamente e coloca-se resina em forma de pasta no dente e pressiona-se a tela de encontro ao dente e a resina pastosa; a seguir mantêm-se a tela em posição com uma espátula e fotopolimeriza por 20 segundos. Este tipo de contenção é indicada para manutenção de fechamento de diastemas múltiplos, das correções em casos de rotações severas, de fechamento do espaço em casos que foi indicado extrações de incisivos,dentre outras funções. Cinquenta desses dispositivos foram acompanhados pelos autores por 24 meses com um reduzido percentual de falhas e efeitos colaterais. Com sete indivíduos houve secção da tela em determinado ponto, sendo colada uma tela adicional somente no local fraturado e polimerizado em seguida. Figura 3: Contenção-Fixa em tela de aço Fonte: Gandolfo et al. (1993) 15 Lima et al. (1994) apresentaram vários esclarecimentos sobre contenção ortodôntica através de uma revisão. Este dispositivo apresenta a função de manter a nova oclusão conseguida com o tratamento ortodôntico. Uma estável e correta intercuspidação dentária; relação mésio distal correta ou classe I de Angle; correção de rotações; paralelismo radicular, em especial em locais de extração; forma adequada e boa relação dos arcos dentários; correto trespasse vertical e horizontal; remoção dos fatores causais e boa saúde geral e posição normal dos tecidos moles são algumas prioridades para o sucesso do período de contenção. Os aparelhos de contenção mais comumente citados foram a barra lingual de canino a canino (Figura 1), placas removíveis e banda esporão. Bengtson et al. (1996) mostraram uma nova forma de contenção ortodôntica (Fig.4).Para prevenir a recidiva, isto é, manter o formato do arco corrigido, são usadas os aparatos fixos ou removíveis de contenção. O indivíduo deverá usar estes aparelhos até que os tecidos de suporte envolvidos na movimentação tivessem sido modificados para exercerem sua nova condição. Após o movimento dental, precisa-se de um período de tempo para restruturação dos tecidos, com o objetivo de acomodar as novas posições dentais. O proposto aparelho é construído a partir de uma moldagem superior e inferior, vazamento com gesso pedra e da fase laboratorial. Um arco com fio 0.7 mm é adaptado sobre um modelo superior, passando e contornando a face vestibular de todos os dentes; na altura dos caninos, são feitas alças de ajuste. O arco inicia-se na porção palatina, contornado a crista marginal distal do primeiro ou segundo molar permanente e terminando no lado oposto da mesma forma, com dobras de retenção no acrílico. Na região de molares e pelo lado palatino, é adaptado um arco transpalatino com alça de ajuste mediana e um arco reforço, que acompanha toda a extensão da arcada. Os três arcos são fixados em uma faixa de resina acrílica bem adaptada nas faces cérvicopalatinas de todos os dentes superiores. Este aparelho é a evolução do aparelho de Hawley (Figura 2), pois além das características deste ele apresenta diminuição da área ocupada pela resina no palato, expondo a região da papila incisiva, elemento anatômico essencial no movimento de anteriorização de língua durante a deglutição e articulação de palavras. Esta nova contenção possui ainda um arco transpalatino para execução de pequenos ajustes na placa através da ativação da alça e serve como reforço da porção distal do aparelho. 16 Figura 4: Evolução da placa de Hawley Fonte: Bengtson et al. (1996) Artun et al. (1997) apresentaram um estudo para testar a tendência das contenções fixas inferiores em causar acúmulo de placa e cálculo ao longo do fio e se esses aparelhos causariam danos aos dentes, se falhariam e se permitiriam alterações no alinhamento dos incisivos inferiores; durante 3 anos de uso. Os quatro grupos de teste foram divididos entre os que receberam contenções de fio simples aderida apenas aos caninos; grupo com contenção de fio espiral unida apenas pelos caninos;grupo com contenção feita de fio espiral flexível aderida por todos os seis dentes anteriores e o grupo que recebeu contenção removível. No momento da remoção do aparelho e três anos após foram medidos os níveis de acúmulo de placa, de inflamação gengival e os níveis de inserção por sondagem. Irregularidades nas posições dos incisivos foram medidas com modelos de gesso feitos neste período. Os níveis de inflamação gengival e placa gengival diminuíram consideravelmente três anos após a remoção dos aparelhos; não houve formação de lesões cariosas ao longo do fio e nas contenções que se soltaram, os indivíduos apresentaram grande irregularidade nas posições dos incisivos. Silveira (1998) mostrou a construção de placas de contenção removíveis feitas a partir de P.E.T (Figura 5). Na literatura são encontrados vários tipos de contenção, sendo que o mais utilizado no arco superior é a placa de Hawley (Figura 2) e suas variações e para o arco inferior o mais utilizado é o trançado de fio espesso. A placa de Hawley possui acrílico cobrindo todo o palato do individuo, o que em alguns casos, faz com que este tenha náuseas, alterações de dicção e salivação, tendo dificuldade para se acostumar com o volume de material no palato. Sendo assim, o usuário desta placa tende a não usá-la ou o faz de forma esporádica, comprometendo assim a eficiência desta contenção. A placa feita de P.E.T, possui a função de arco de contenção e estrutural, pois além de conter o alinhamento do arco dentário confere resistência ao aparelho. Este aparato acompanha o arco dentário por vestibular com um arco plástico 17 de P.E.T retangular com 1,4 mm por 2,3 mm contornando os dentes anteriores em suas faces vestibulares até caninos.Um arco de aço com 0,7 mm,é adaptado a anatomia da face lingual dos anteriores perpendicularmente ao longo eixo;contorna o colo dos caninos ou primeiros pré-molares por lingual com uma alça,ou se insere diretamente em proximal de caninos e primeiros pré-molares, se retendo no corpo de acrílico entre vestibular de canino e o arco de P.E.T. Emergem do corpo de acrílico no sentido vestíbulo-lingual, 2 grampos de retenção em gota ou grampos tipo bola, préfabricados,envolvendo o primeiro molar permanente de cada hemiarco no aparato superior, e no inferior grampos circunferenciais em pré –molares para dar retenção ao aparelho. Figura 5: Placas feitas em P.E.T Fonte: Silveira (1998) Zachrisson (1998) estudou a estabilidade a longo prazo de casos ortodônticos bem como os resultados relatados por outros ortodontistas. Um dos assuntos abordados pelo autor é o uso da contenção seja fixa ou removível. Ele afirmou ser prudente a prescrição de vários anos de contenção fixa e algumas vezes contenção permanente para muitos indivíduos, além de manter a contenção inferior até que todo crescimento seja finalizado. Sem uma contenção prolongada dos adolescentes tratados ortodonticamente e dos indivíduos adultos jovens, vários graus de apinhamento anterior podem ser esperados como parte do processo de maturação normal. A contenção fixa prolongada deve ser constantemente monitorada, em face disso a contenção permanente deve ser restrita a poucos indivíduos. A contenção permanente é indicada para expansão (particularmente da mandíbula), diastemas generalizados, diastemas medianos marcantes, rotações severas em adultos, indivíduos periodontais com perda das forças de estabilização do ligamento periodontal. O método preferido pelo autor para 18 contenção prolongada é uma barra 3x3 inferior rígida colada somente nos caninos (Figura 6), combinada a uma placa removível superior. A contenção 3x3 é constituída de um fio de aço inoxidável 032´´ ou 030´´ banhado a ouro e colado com resina, fazendo dela um dispositivo seguro e higiênico e com grande índice de sucesso. Outro dispositivo preferido pelo autor é a contenção FTF (fio trançado flexível) de aço inoxidável .0215´´ multi trançado (Penta-one). Figura 6: Contenção 3x3 de aço inoxidável banhado a ouro Fonte: Zachrisson (1998) Feres (1999) mostrou que a fase de contenção é necessária geralmente após a movimentação ortodôntica para manutenção dos dentes na relação funcional e estética ideal e combate à tendência inerente dos dentes de retornarem às posições originais. Somente se as forças oriundas dos tecidos periodontais e gengivais, tecidos moles bucofaciais, oclusão e crescimento e desenvolvimento facial pós-tratamento estiverem em equilíbrio, pode-se alcançar a estabilidade. Os incisivos laterais, caninos e segundos pré-molares inferiores possuem a tendência de movimentarem em direção às suas posições originais com mais frequência que outros dentes. A forma do arco inferior existente é o melhor guia para o equilíbrio do tecido mole, e o plano de tratamento deve ser direcionado para a construção do arco superior sobre o inferior. Há 5 fatores importantes no planejamento da fase de contenção: (1) padrão original de crescimento e da má-oclusão do indivíduo, (2) tipo de tratamento realizado, (3) necessidade de procedimentos auxiliares para aumentar a estabilidade, (4) tipo de contenção e (5) duração da contenção. A ilusão de que os dentes, uma vez alinhados, permanecerão assim para o resto da vida, deve ser eliminada. Causas em potencial de recidiva devem ser explicadas coerentemente a fim de que a necessidade de contenção fique evidente, e que o papel do individuo na manutenção do resultado final se torne fundamental. A sobrecorreção da relação oclusal como um procedimento de acabamento tem sido 19 recomendada no controle da recidiva da classe II. Se o elástico de classe II vestibularizou os incisivos inferiores em mais de 2 mm, é preciso contenção permanente.A tendência do crescimento diferencial da mandíbula de produzir recidiva sagital pode ser superada pela incorporação de ancoragem extrabucal numa contenção maxilar ou pela utilização de um aparelho funcional como contenção.O uso de tal aparelho é exigido somente à noite por pelo menos 12 a 24 meses quando o problema esquelético inicial for severo, mas o uso deve prosseguir até o crescimento se reduzir para os níveis do adulto. Arnone (1999) descreveu o processo passo a passo para colagem de contenção 3x3 inferior com dique de borracha. Com este dispositivo de isolamento absoluto é possível ter controle da umidade, trabalhando num campo seco, o que favorece a diminuição de falhas no resultado. Num estudo aleatório deste mesmo autor, ficou evidente que após certo tempo 50% das contenções instaladas sem isolamento sofreram descolagem parcial ou total, sendo que após a colagem com uso de dique de borracha houve alta taxa de sucesso. O uso desta nova técnica traz algumas desvantagens como o aumento do tempo de cadeira e do custo, mas vantagens como aumento significativo da durabilidade da contenção. A instalação da contenção sob isolamento com dique de borracha aumenta a chance de sucesso, trazendo previsibilidade e durabilidade ao tratamento, não sendo um procedimento tão complexo como a maioria dos dentistas pensa que seja. Bicalho et al. (2001) mostraram um modelo de contenção fixa com livre acesso do fio dental (Figura 7). Para ser bem sucedido, um tratamento precisa alcançar a estabilidade, sendo necessária para isso a manutenção dos dentes em suas posições ideais por um período de tempo, no qual forças originárias dos tecidos periodontais e gengivais, tecidos moles bucofaciais, oclusão, crescimento e desenvolvimento facial pós-tratamento entrarão em equilíbrio. A contenção pós-tratamento deve ficar por um período mínimo de 8 meses ,de forma que possa haver uma reorganização das fibras do ligamento periodontal, evitando assim a recidiva. Mas não são todos os casos tratados que possuem a tendência a recidiva e há casos que apresentam pouca estabilidade como os fechamentos de diastema e a correção de giroversões severas. Como ainda não podemos prever os casos que irão apresentar recidiva, nem o tempo de contenção considerado suficiente para uma manutenção do resultado a longo prazo. A contenção por tempo indefinido é necessária se quisermos manter os resultados finais alcançados 20 com o tratamento ortodôntico ativo. As contenções fixas precisam ser sistematicamente monitorados, não apenas pelo deslocamento,mas também por problemas higiênicos que podem induzir o acúmulo de placa bacteriana,com consequente formação de tártaro e doença periodontal. A contenção deve ser flexível para permitir o movimento fisiológico dos dentes em contenção. Os períodos de observação destes estudos variaram consideravelmente. A observação mais curta foi de quatro meses e a mais longa, de 103 meses. Nenhum destes estudos encontrou qualquer evidencia de aumento na doença periodontal ou na descalcificação do esmalte em relação à contenção lingual colada. Isto mostra que a contenção fixa é um método eficaz e inofensivo de manutenção dos resultados obtidos. A confecção da contenção fixa com livre acesso do fio dental é feita da seguinte forma: primeiramente é feita uma moldagem dos dentes inferiores e sobre o modelo é feito o contorno com o auxílio de uma lapiseira, para destacar a coroa dos dentes. Em seguida, utilizando os alicates 139 e o de Nance no primeiro degrau, confeccionamos os ´´v´´s na mesma altura (Figura 8). Iniciamos sempre pela lingual do dente 33, com fio redondo 0.6 mm/0.024. Estando prontos os cincos ´´v´´s, é preciso fazer o ajuste passivo na lingual das coroas e aplicar o micro etcher na porção do fio que irá receber a resina para a colagem. Com a contenção fixada sobre o modelo, confecciona-se o posicionador feito de Optosil-Xantopren, o qual tem como finalidade manter a contenção aderida a face lingual dos dentes,para que sejam feitas a s duas primeiras colagens na face lingual dos caninos inferiores. Na confecção da contenção superior existe uma diferença em relação à inferior, em decorrência da largura do freio palatino entre os incisivos centrais. Para compensar esta alteração, o ´´v´´ localizado entre os incisivos centrais também deve ser de tamanho maior, sendo este mais largo que os demais. Na contenção superior é muito importante verificar a oclusão do paciente, para podermos identificar o ponto de contato dos incisivos inferiores na lingual dos superiores. Nos casos em que observamos agenesia dos dois incisivos laterais superiores, indicamos a contenção 1x1, depois do fechamento do diastema até a colocação das coroas definitivas sobre os implantes. A maior recidiva de rotações na arcada superior ocorre nos incisivos laterais. Dessa forma, em rotações severas, recomenda-se utilizar a contenção superior 2x2, além de ser usada nos procedimentos de contenção do fechamento de grandes diastemas e para indivíduos adultos com grandes perdas ósseas. Este tipo de contenção possui várias vantagens e dentre elas citamos a estética; a capacidade de uma melhor higienização; não necessita da colaboração do indivíduo uma vez que é fixa; maior flexibilidade da contenção, não 21 interferindo nos movimentos fisiológicos dos dentes e a possibilidade de aceitar as mais diferentes combinações dentárias, tanto superiores como inferiores. Figura 7: Contenção Fixa com livre acesso do fio dental Fonte: Bicalho et al. (2001) Figura 8: Alívio das papilas com cera e confecção da contenção Fonte: Bicalho et al. (2001) Caputo et al. (2002) mostraram os fatores que interferem na estabilidade do resultado obtido com a Ortodontia. A estabilidade consiste na obtenção de um sistema mastigatório em equilíbrio. Nenhum tratamento pode garantir este resultado uma vez que múltiplos fatores atuam de forma contrária, sendo que devemos considerar o padrão de crescimento de cada individuo e os problemas neuromusculares. Os fatores responsáveis pela instabilidade da oclusão são: o crescimento mandibular, as fibras periodontais e hábitos parafuncionais como bruxismo, interposição de língua. Para diminuir as probabilidades de recidiva deve-se: realizar consultas de avaliação periódica, não alterar em demasia a forma da arcada e preservar a distância inter-canina inferior. Os tecidos periodontais têm uma importante contribuição para o equilíbrio das posições dentárias. Sua reorganização demanda de três a quatro meses, no mínimo, sendo que muitas vezes não irá se completar no período de contenção. Os aparelhos funcionais são usados em casos de indivíduos tratados na adolescência que apresentam 22 uma maloclusão com um componente esqueletal. A contenção fixa é usada para estabilizar incisivos inferiores, estabilizar região onde havia diastemas e manter espaços pônticos. É importante conscientizar o indivíduo acerca do uso da contenção como um período integrante do tratamento, para consolidar as metas alcançadas. Lima et al. (2003) apresentaram uma contenção na forma de uma placa de Hawley associada a um ‘Bite block’(Figura 9) que deverá ser usada por indivíduos com padrões esqueléticos de mordida aberta e crescimento remanescente. Estudos mostram que as recidivas após tratamento ortodôntico ocorrem com frequência, sendo assim, a contenção pós-tratamento é usada para consolidação do resultado obtido, permitindo uma reorganização dos tecidos periodontal e gengival, uma adaptação neuromuscular, além de minimizar mudanças provindas de um crescimento após o tratamento. Um erro comum entre os ortodontistas é negligenciar a existência de uma eventual maturação esquelética do indivíduo. Esses especialistas tem mais atenção no que diz respeito a intercuspidação final,além de acreditarem que nada pode ser feito no pós-tratamento para modificar o padrão de crescimento do indivíduo,que neste caso,vertical.Este aparelho de contenção para mordida aberta esquelética é constituído de um bite block unido a duas barras transpalatinas baixas para receber pressão da língua ,favorecendo a intrusão dos dentes posteriores. Além disso, este dispositivo possui um arco vestibular de Hawley e deverá ser usada continuamente e ajustada até o final de crescimento do indivíduo. Figura 9: Placa de Hawley associada a um “Bite block’’ Fonte: Lima et al. (2003) Guerreiro et al. (2003) revisaram os conceitos sobre contenção e os fatores que podem levar à recidiva ortodôntica. A contenção é um dispositivo fixo ou removível, o qual deve ser incluído no diagnóstico e planejamento, sendo ajustado ao arco dentário 23 imediatamente após a remoção da aparatologia ativa. A recidiva pós-tratamento ortodôntico possui vários fatores responsáveis como as forças oriundas dos tecidos gengival e periodontal; as forças oriundas dos tecidos moles bucofaciais; o segmento ântero-inferior;a largura do arco;fatores oclusais e o crescimento e desenvolvimento facial pós-tratamento. Os aparelhos removíveis devem ser usados no mínimo por 6 meses, fixos por tempo prolongado e funcionais usados à noite.Os procedimentos auxiliares da contenção são: fibrotomia; gengivoplastia cirúrgica, frenectomia e o desgaste interproximal. Vale ainda ressaltar que ainda não existem meios disponíveis para se prever a recidiva ou fornecer dados objetivos quanto à duração do período de contenção. A recidiva ortodôntica é multifatorial e para minimizá-la devemos lançar mão de um correto diagnóstico, de procedimentos auxiliares e da confecção de uma contenção individual para cada individuo. Geserick et al. (2004) mostraram um tipo de contenção feita à partir de feixes de fibra de vidro impregnadas por resina (Figura 10), que é unida aos dentes através da conhecida técnica de condicionamento ácido e posterior aplicação de adesivo e resina. Dentre os materiais comuns para confecção de contenção fixa o fio de aço ortodôntico apresenta as mais altas taxas de falhas. As contenções com fibra reforçadas com compósitos, uma vez sensibilizadas com luz ultravioleta, tornam evidente a existência ou não de rachaduras ou trincas na interface dente resina e apresenta como vantagens a resistência; o fato de dispensar polimento e acabamento, reduzindo o tempo de cadeira e principalmente a formação de placa bacteriana devido a essa lisura de superfície. Figura 10: Contenção de fibra de vidro impregnada por resina Fonte: Geserick et al. (2004) Silva Filho et al. (2004) mostraram como é a confecção, colagem e remoção da contenção fixa 3X3 inferior. A recidiva mais temida pelos ortodontistas é o 24 apinhamento na região de incisivos inferiores, o que requer ao final da mecanoterapia o uso de aparelhos de contenção. Muitos são estes dispositivos, sendo que os mais difundidos são a placa de Hawley (Figura 2) para o arco superior e a 3X3 fixa colada por lingual ao arco inferior. A contenção lingual fixa possui variações como sua extensão até o primeiro ou segundo pré-molar, sendo chamada de 4X4 ou 5X5. Outra variação tem sido a utilização de Ribbond em substituição aos fios de aço. A 3X3 é bem aceita pelo indivíduo e eficiente, mas dificulta bastante os procedimentos de higiene. Este tipo de contenção pode ser confeccionada com fio trançado como, por exemplo, wildcat, Penta-one, Morelli,Triflex, Twist Flex e pode ser colada somente na lingual dos caninos ou em todos os dentes. Os passos para instalação da 3x3 inferior são: após confeccionado o fio no modelo de gesso,faz-se o condicionamento ácido do esmalte durante 30 segundos com a contenção imobilizada na arcada com auxílio de um fio dental;remoção do ácido;aplicação e polimerização do adesivo;aplicação da resina composta,sendo que a barra deve ficar centralizada na coroa clínica lingual e longe pelo menos cerca de 2 mm das papilas gengivais para permitir a passagem livre do fio dental;polimerização da resina. Após vencer o prazo estipulado para o uso da contenção, o ortodontista remove este aparelho com auxílio de uma broca e cureta periodontal. Caricati et al. (2005) mostraram o método de confecção da contenção Osamu (Figura 11). Todas as más oclusões corrigidas costumam ser acompanhadas pela instabilidade, contrariando os objetivos dos ortodontistas. Logo se faz necessário o uso da contenção ortodôntica que visa garantir a permanência dos bons resultados obtidos. Os dispositivos de contenção ortodôntica mais usados atualmente são a placa de Hawley superior (Figura 2) e a contenção fixa inferior 3x3 (Figura 1). Mas recentemente a literatura apresentou uma contenção intra-arcos feita de material termoplástico chamado Osamu. Este aparelho é feito da seguinte forma: demarca-se no modelo de gesso o limite da gengiva inserida e 1/3 da superfície oclusal e incisal; uma placa de silicone de 2 mm é posicionada no modelo e aquecida em uma plastificadora,sendo que o excesso de material é eliminado. A placa rígida é aquecida e posicionada na plastificadora. Nesse momento espalha-se cola de uso geral sobre a camada de silicone para que esta seja unida a placa rígida. Remove-se o excesso de material com disco de aço e o polimento final é realizado com broca para acabamento. Osamu é de simples confecção, possui baixo custo operacional e bem aceito pelos indivíduos. 25 Figura 11: Osamu Fonte: Caricati et al. (2005) Loriato et al. (2007) abordaram os diferentes passos da instalação da contenção fixa inferior (Figura 1), auxiliando a reduzir as falhas deste aparelho. Ao final de uma intervenção ortodôntica, existem algumas maneiras de se manter o resultado obtido, através de aparelhos removíveis ou fixos de contenção. Dentre as áreas de atuação desses aparelhos de contenção, aquela que desperta a maior atenção dos ortodontistas é a ântero-inferior. Na verdade, isto ocorre devido ao altíssimo potencial de recidiva do apinhamento ântero-inferior associado à sua etiologia multifatorial. As vantagens da contenção inferior fixa são: (1) permite uma contenção mais diferenciada; (2) é invisível no sorriso; (3) apresenta baixo risco de cárie; (4) necessita de pouca cooperação por parte do individuo; (5) permite uso simples e prolongado, podendo ser permanente. Há várias técnicas de fixação da contenção, dentre elas podemos citar: fixação com fio dental; fixação com cera utilidade; fixação com amarrilho de aço; fixação com corrente elástica; fixação com elásticos de borracha; fixação com jig de alginato. O sucesso do tratamento ortodôntico também dependerá de um período de contenção bem conduzido. Dessa forma, a utilização de técnicas que facilitem a fixação e colagem da contenção fixa ântero-inferior permitirá o resultado desejado desta fase do tratamento, com redução das falhas e descolagens das contenções. Após a análise das diversas sugestões descritas anteriormente, o ortodontista deve analisar as vantagens e desvantagens de cada uma delas, para decidir qual é a que melhor se adapta à sua clínica ortodôntica. Shirasu et al. (2007) compararam a contenção modificada(Figura 7) com a convencional (Figura 1) no que diz respeito aos aspectos periodontais. Para se evitar a recidiva, isto é, a tendência dos dentes retornarem as suas posições do início do tratamento ortodôntico, os especialistas lançam mão da contenção. Este dispositivo 26 pode ser mantido nas arcadas dentárias provisoriamente ou até mesmo por tempo indeterminado. As contenções inferiores preferidas pelos ortodontistas são as fixas, pois dispensam a cooperação do individuo em utilizá-las. Entretanto, este aparato fixo dificulta a higienização do indivíduo, acarretando o acúmulo de placa bacteriana e cálculo. Com a intenção de facilitar a limpeza dos dentes, foi criada a contenção fixa modificada que possui dobras que permitem a livre passagem do fio dental, o que a contenção convencional não torna possível. Neste estudo 15 voluntários foram selecionados e submetidos a anamnese e exame clínico bucal e houve 2 fases:na primeira, todos os voluntários utilizaram a contenção convencional 3x3 plana e na segunda utilizaram a contenção modificada. Após o término de cada fase foram feitas avaliações clínicas. De acordo com a avaliação periodontal realizada, a contenção convencional apresentou melhores resultados clínicos que a contenção modificada, uma vez que os indivíduos usuários desta ultima apresentaram maior presença de cálculo e placa bacteriana ao longo do fio. Levin et al. (2008) mostraram a relação do tratamento ortodôntico e contenção fixa com a saúde gengival. O uso de contenção fixa pode sim afetar a saúde gengival, o que é mostrado numa pesquisa com 92 indivíduos, sendo avaliados nestes o índice gengival, de placa, recessão gengival, profundidade de sondagem e hemorragia na sondagem. A recessão gengival vestibular e lingual foram maiores nos indivíduos que passaram por tratamento ortodôntico; 20% deles apresentaram sangramento a sondagem e aumento no índice de placa bacteriana, mas apesar disso o tamanho da diferença possui baixa importância do ponto de vista clínico. César Neto et al. (2010) avaliaram clinicamente a condição periodontal de indivíduos portadores de contenção ortodôntica ântero-inferior fixa comparando com um grupo que nunca fez uso desse aparato ortodôntico. Quarenta voluntários foram selecionados para o estudo, divididos em dois grupos. Vinte indivíduos que fizeram uso de contenção ortodôntica fixa por mais de 2 anos; e grupo controle: 20 indivíduos que nunca utilizaram qualquer tipo de contenção fixa. Os dentes ântero-inferiores envolvidos pela contenção no grupo teste, e de canino-a-canino no grupo controle, foram examinados segundo os seguintes parâmetros clínicos: Índice de placa (IP), sangramento à sondagem (SS), posição da margem gengival (PMG), nível de inserção clínica (NIC) e profundidade de sondagem (PS). Diferenças significantes não foram observadas entre os grupos para recessão gengival e sangramento à sondagem (P>0,05). 27 Já para o nível de inserção clínica e profundidade de sondagem observaram-se diferenças significantes (P<0,05) em relação às faces proximais. Além disso, um maior acúmulo de placa (IP) foi detectado nas faces livres (P<0,05). A contenção ortodôntica ântero-inferior fixa influenciou negativamente a condição periodontal em relação aos índices IP, NIC e PS. Rody Junior et al. (2011) estudaram o impacto causado à saúde periodontal pelas contenções ortodônticas,através da análise de biomarcadores no fluido gengival. O objetivo deste estudo foi detectar a presença destes biomarcadores, que são um sinal da presença de inflamação e remodelação periodontal,em indivíduos usando diferentes tipos de contenção. A pesquisa foi feita com 31 adultos divididos em três grupos. Grupo 1 de indivíduos com contenções fixas;grupo 2 com contenções removíveis inferiores e grupo 3 de indivíduos que não usam contenção.Os resultados mostraram que os indivíduos do grupo 1 possuíam mais placa visível nos incisivos dos que os demais grupos e os indivíduos do grupo 2 apresentaram fatores de inflamação localizados em sua maioria na região de pré-molares. Diferentes tipos de contenção produzem diferentes potenciais e localizações de danos ao periodonto, fato esse que possui um grande achado clínico. 28 3. DISCUSSÃO A maioria dos autores como Zachrisson (1998) e Telles et al. (1989) recomendam como contenção superior a removível tipo Hawley (Figura 2) e suas variações.A contenção inferior mais indicada é a barra lingual de canino à canino (Figura 1). Artun et al. (1997), Shirasu et al. (2007), Levin et al. (2008), Neto et al. (2010), Wellington et al. (2011) estudaram a influência das contenções fixas inferiores na saúde periodontal.Estes autores concordam que este tipo de aparelho influencia negativamente a saúde do periodonto, promovendo acúmulo de placa e servindo,desse modo,para ressaltar a importância do monitoramento clínico por parte dos ortodontistas. Guerreiro et al. (2003) e Caputo et al. (2002) concordam que o crescimento mandibular pós-tratamento,as fibras periodontais,fatores oclusais e a largura do arco são as principais causas da recidiva. Zachrisson (1998) considera prudente a prescrição de vários anos de contenção fixa e algumas vezes contenção permanente para muitos indivíduos, além de manter a contenção inferior até que todo crescimento seja finalizado. Segundo Guerreiro et al. (2003) os aparelhos removíveis devem ser usados no mínimo por 6 meses, fixos por tempo prolongado e funcionais usados à noite. Já Bicalho et al. (2001) afirma que a contenção pós-tratamento deve ficar por um período mínimo de 8 meses ,de forma que possa haver uma reorganização das fibras do ligamento periodontal, evitando assim a recidiva. Bicalho et al. (2001) apresentaram um modelo de contenção fixa com livre acesso do fio dental,ressaltando como pontos positivos a facilidade de higienização e a estética.Entretanto,Shirasu et al. (2007) compararam este tipo de contenção com a convencional (Fig.1) e para o espanto dos pesquisadores,foi descoberto que os usuários da contenção aparentemente higiênica apresentaram maior presença de cálculo e placa bacteriana ao longo do fio. Em relação ao método de colagem da contenção 3x3 inferior, Arnone (1999) recomendou que fosse feita com dique de borracha. Dessa forma é possível ter controle 29 da umidade, trabalhando num campo seco, diminuindo as falhas. Ao contrário de Zachrisson (1977) que em nenhum momento menciona a necessidade do uso do dique. Este último autor considera assim uma técnica de colagem relativamente fácil. Um dos tipos mais frequentes de recidiva é a tendência de um dente anteriormente girado, retornar a sua posição original. Para evitar que isso ocorra, autores como Guerreiro et al. (2003) e Telles et al. (1989) preconizaram a gengivotomia após a correção das rotações . Quanto ao tipo de fio usado para confecção da contenção fixa inferior, há divergências entre alguns autores. Zachrisson (1977) relatou em seus estudos o uso do Elgyloy 0.8 mm e 0.9 mm. Este mesmo pesquisador em 1998 ressalta que os fios de aço inoxidável 032´´ ou 030´´ banhado a ouro (Figura 6) e o fio trançado flexível 0215´´ multi trançado (Penta-one) são seus materiais prediletos. Já Telles et al. (1989) preferiram o fio rígido 0.036’’ ou trançado espesso 0.032’’. 30 4. CONCLUSÃO - Este trabalho evidencia a importância da escolha do tipo certo de contenção para cada caso clinico que se apresenta ao Ortodontista. Isso ocorre devido à imensa quantidade de contenções diferentes, as quais poderão atender às distintas necessidades de cada individuo. A maioria dos autores tem preferência pela contenção inferior fixa e pela removível superior do tipo Hawley, principalmente devido à estética e pela comprovação clínica de vários anos de utilização pelos dentistas. - As contenções fixas inferiores contribuem significativamente para o acúmulo de placa bacteriana, comprometendo a saúde periodontal. - Os aparelhos removíveis devem ser usados por no mínimo 6 meses. As contenções fixas devem ser usadas por tempo indeterminado e de preferência permanentemente. - A contenção fixa inferior, popularmente conhecida como higiênica, gera na verdade uma grande retenção de placa bacteriana. - A maioria dos autores recomendaram como contenção superior o aparelho removível tipo Hawley e suas variações. 31 REFERÊNCIAS ARNONE, R. 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